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1. Introdução
A crise que despontou na década de 1970 tem sido responsável pelo complexo de
modificações que atingem a sociabilidade humana.
Foi a nova crise do capital a “onda longa depressiva” (Mandel), ou
ainda um ”continuum depressivo” (Mészáros) - que atingiu os países
capitalistas centrais a partir de 1973, que impulsionou nos anos 80 e
90, uma série de transformações sócio históricas que alcançaram as
mais diversas esferas do ser social. Surge o que denominamos um
1 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará – UFC
2 Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, acadêmico do
Curso de Ciências Sociais/Licenciatura da Universidade Estadual do Ceará – UECE
3 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará – UECE
novo complexo de reestruturação produtiva, uma ofensiva do capital
na produção, que busca atingir um novo patamar de acumulação
capitalista, em escala planetária e tende debilitar o mundo do trabalho,
promovendo alterações importantes na forma de ser (e subjetividade)
da classe trabalhadora” (ALVES, 2005 p.16).
É nesse processo que a educação a partir das determinações postas pelo Banco
Mundial vai se inserir. As teorias que constituem os aspectos filosóficos da educação voltada
para a reestruturação produtiva seguem pautadas no pragmatismo e distanciamento do
conhecimento científico. Abordaremos alhures alguns aspectos políticos, econômicos e
filosóficos da Declaração de EPT e do PNE 2011-2020. Agora convêm caracterizar melhor
em que base se erguem as novas determinações da educação no complexo de reestruturação
produtiva:
A década de 1980 presenciou, nos países de capitalismo avançado,
profundas transformações no mundo do trabalho, nas suas formas de
inserção na estrutura produtiva, nas formas de representação sindical e
política. Foram tão intensas as modificações, que se pode mesmo
afirmar que a classe que vive do trabalho sofreu a mais aguda crise
deste século, que atingiu não só a sua materialidade, mas teve
profundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo inter-
relacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser (ANTUNES,
1995, p.8).
5 O acordo de Bretton Woods estabeleceu em julho de 1944, as regras para as relações comerciais e
financeiras entre os países mais industrializados do mundo.
nítida com o nosso Plano Nacional de Educação, que se constitui em um processo similar.
A diretriz III, que visa superar as desigualdades educacionais tem feito parte de um
discurso crescente nos seio das políticas públicas que possuem cariz nas proposições do
Banco Mundial. As estratégias para a suposta superação das desigualdades educacionais estão
situadas em políticas educacionais como o REUNI, Plano de Reestruturação e Expansão das
Universidades Públicas, que expande o número de vagas das universidades sem aumentar a
estrutura necessária, bem como o número de professores e servidores técnico-administrativos.
No REUNI:
As metas são desproporcionais aos recursos destinados ao programa.
(…) A meta de 18:1 na relação professor aluno, também é
preocupante, pois tem como referência as IES privadas que, regra
geral, não desenvolvem ensino, pesquisa e extensão (…)
(RODRIGUES LIMA e LIMA FERREIRA, p.360, 2011).
Diante da análise dessa diretriz, podemos perceber que no discurso introduzido pelo
capital, transfere-se para a educação problemas de ordem material que não estão ao seu
alcance à resolução. A questão ambiental é delegada para a esfera individual, sendo a
educação posta como o elemento que pode significar a mudança nos problemas de ordem
global. Desloca-se o eixo do problema da produção em larga escala visando lucro, para a
solução desvinculada de uma organização coletiva. O conteúdo dessa diretriz se encontra
bastante presente nas determinações do Banco Mundial.
4. Considerações finais
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