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Unidade III

Unidade III
7 PROJETO NEOLIBERAL

O neoliberalismo demarca suas origens e as orientações políticas estabelecidas a partir da consolidação


desse projeto, que tem como marco o Acordo de Bretton Woods, em 1944.

O desprestígio das fórmulas keynesianas leva à articulação de novas propostas para o controle dos
países em desenvolvimento. “A premissa subjacente era que o protecionismo comercial (proporcionado
pelo estado de bem‑estar social) havia sido o grande culpado das tragédias ocorridas nos convulsionados
trinta anos que se seguiram à eclosão da Primeira Guerra Mundial” (BORÓN, 1995, p. 92).

O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, criados a partir do referido acordo, têm
função disciplinadora dentro da economia capitalista internacional, cujo papel consiste em dar suporte
ideológico ao neoliberalismo e disciplinar a economia nos países periféricos (ibidem).

É, entretanto, na década de 1970 que o mundo começa a sentir concretamente os efeitos do projeto
neoliberal. A reestruturação produtiva de acumulação flexível, já estudada no item anterior, constitui a
grave crise estrutural do capital e de seu sistema de produção, que ocorreu no final da referida década,
trazendo profundas transformações nas últimas décadas para a sociedade contemporânea. Como
consequência, tivemos mutações econômicas complexas, bem como sociais, políticas e ideológicas,
sobretudo, no mundo do trabalho.

Antunes (2005) afirma que o impacto da doutrina neoliberal na classe trabalhadora se deu a partir
da experiência dos trabalhadores ingleses. O sindicalismo inglês, ao longo de sua história, sempre
esteve “[...] associado à ideia de força e estabilidade. Seu nível de sindicalização era amplo e extensivo”
(ibidem, p. 63). Mas a chegada ao poder do conservadorismo de Margareth Thatcher altera a trajetória
de participação do movimento dos trabalhadores e do partido dos trabalhadores.

E “a conversão do sindicalismo em inimigo central do neoliberalismo trouxe consequências diretas


no relacionamento entre Estado e classe trabalhadora” (ANTUNES, 1995, p. 67). Com o thatcherismo, há
uma redução da ação sindical e a criação de condições para a introdução de novas técnicas produtivas.

Antunes (2005, p. 89), ao analisar os efeitos da reestruturação produtiva do capital na classe


trabalhadora, afirma que se pode:

[...] destacar a ausência de regulamentação da força de trabalho, a


amplissíssima flexibilização do mercado de trabalho e a consequente
precarização dos trabalhadores, particularmente no que concerne aos
direitos sociais.
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Talvez você esteja se perguntando: por que estamos nos referindo à classe trabalhadora inglesa?
Acontece que os fatos ocorridos na Inglaterra ilustram muito bem o que ocorreu com o coletivo de
trabalhadores da economia capitalista em todo o mundo.

A mudança na forma de produção e na gestão do trabalho aliada aos postulados da doutrina


neoliberal, pautados na ideia de que a história, que havia acabado e o capitalismo que era o modo de
produção cabal, abalaram as conquistas da classe trabalhadora.

O desemprego estrutural ocasionado pelo fechamento de postos de trabalho em função da revolução


tecnológica, da microeletrônica e da robótica e a necessidade de qualificação para ocupação dos novos
postos de trabalho que surgem trazem para a classe trabalhadora um desalento em lutar por direitos já
conquistados, pois o que está posto é a luta pela sobrevivência.

Faleiros (1999), ao analisar a crise contemporânea em nível mundial, destaca que o processo de
acumulação atual rompe com as barreiras dos Estados nacionais com base na circulação financeira, nas
megafusões, na formação dos monopólios e no crescente aumento da desigualdade. Adverte que essa
crise se manifesta de forma diferenciada na Europa, nos EUA e nos países periféricos.

Faleiros (ibidem, pp. 156‑157) acrescenta que:

Nos Estados Unidos há mais oferta de emprego e menos proteção social,


enquanto na Europa há muito desemprego e mais proteção social. Nos
países periféricos, com pouca oferta de emprego e com mínima proteção
social, a crise se condensa num processo perverso de fabricação de
miséria, tanto pela redução do Estado como pela recessão econômica
impostas para o pagamento de juros da dívida e obtenção de superávits
nas exportações. Na correlação de forças atual há um claro predomínio da
hegemonia norte‑americana no mundo e uma legitimação de sua política
de desproteção social [...] que se estrutura não só econômica, mas também
política e militarmente, desenvolvendo sua hegemonia em nível mundial
através de uma rede de empresas, do comércio, do controle de organismos
internacionais, de meios de comunicação e da tecnologia, para citar os
pontos mais visíveis dessa hegemonia, com capacidade de articular e até de
impor regras que favorecem a economia do dólar. [...] O contraponto do euro
não modificou essa dominação e essa concentração de capital.

Um aspecto que vale relembrar é que, no Brasil e demais países latino‑americanos, o Estado de
bem‑estar social não chegou a vigorar. Sobre a consequência disso, Faleiros (ibidem, p. 157) afirma que

[...] é na solidariedade familiar, nas redes primárias ou no trabalho informal


que os sujeitos se apoiam para garantir o mínimo da sobrevivência, baseado
no trabalho precário, instável, sujo, usando muitas vezes como matéria‑prima
as migalhas e os dejetos da sociedade do consumo, como o lixo das ruas e
dos entulhos.
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O autor conclui sua análise fazendo as seguintes considerações: “o capitalismo se recicla em nível
mundial exigindo a quebra das unidades inadequadas para o novo processo de acumulação em nível
planetário”. Quanto ao Brasil, Faleiros (ibidem, p. 157) argumenta ainda que:

Os países periféricos se obrigam ao receituário do FMI, privatizando o


patrimônio estatal nacional, realizando um ajuste fiscal que impõe redução
de salário do Funcionalismo e de verbas dos programas governamentais,
com forte incidência nos programas sociais.

E, sobre o ajuste fiscal, esclarece que:

[...] fiscal passa a ser o único horizonte da política oficial para poder atender
ao pagamento dos juros da dívida, que causam, na maior parte, o déficit
fiscal, numa sangria das condições sociais do povo, que é quem paga
impostos, paga mais pelos serviços privatizados, perde empregos e fica sem
os serviços públicos (ibidem, p. 157).

No que se refere à busca de alternativas para dar respostas à crise mundial contemporânea, Silva
(2006) destaca que, a partir da década de 1980, com o Consenso de Washington, as agências financeiras
internacionais BM, FMI, BID e OMC propõem programas de ajuste estrutural, com vistas a superar os
desequilíbrios macroeconômicos, financeiros e produtivos emergidos no cenário internacional.

Tais programas são implementados de forma diferenciada, conforme contextos distintos das
diferentes nações, tendo fortes impactos e graves consequências na década de 1990, em especial nos
países periféricos. No caso da América Latina, a implementação desse programa de ajuste ocorre de
forma diferenciada, de acordo com o estágio de desenvolvimento capitalista de cada país, sua trajetória
histórica sociopolítico‑econômica, bem como sua inserção no cenário internacional.

Nessa perspectiva, segundo Silva (2006), a orientação dos organismos internacionais está voltada
para as reformas, sobretudo, a reforma do Estado, isto é, a contrarreforma do Estado, expresso por
meio do Estado mínimo, descompromissado quanto às suas responsabilidades, especialmente no âmbito
social. Evidencia‑se, portanto, a transferência de grande parte das responsabilidades estatais para o
mercado e para a sociedade civil, que tem sido substituída pelo terceiro setor.

E todas essas “mutações intensas econômicas, sociais, políticas e ideológicas, com fortes
repercussões no ideário, na subjetividade e nos valores constitutivos da ‘classe que vive do trabalho’”
(ANTUNES, 2005, p. 35) passaram a ser decisivas na constituição das bases de organização do trabalho,
como veremos a seguir.

7.1 As bases de organização do trabalho

A crise do mundo do trabalho envolve uma discussão ampla e complexa que engloba um conjunto
de questões. Antunes (ibidem, p. 35) destaca alguns elementos afirmando que fazem parte desse rol:

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A crise do movimento operário, além da crise estrutural do capital, bem como


das respostas dadas pelo neoliberalismo e pela reestruturação produtiva
do capital, o desmoronamento do Leste Europeu no pós‑89, assim como
suas consequências nos partidos e sindicatos, e também a crise do projeto
socialdemocrata e suas repercussões no interior da classe trabalhadora.

De acordo com Silva (2007, p. 110), a chamada reestruturação produtiva do capital – da qual o
toyotismo ou modelo japonês, a flexibilização e a desregulamentação são expressões –, afetou
fortemente o movimento operário a partir do cooptação dos trabalhadores para assumir o projeto do
capital, chamado por Antunes (1995, p. 133) de “envolvimento manipulatório levado ao limite”.

Antunes (2005, pp. 190‑191) afirma que foram as seguintes consequências para o mundo do trabalho:

• diminuição do operariado manual, fabril, concentrado, típico do fordismo e da fase de expansão


daquilo que se chamou de regulação socialdemocrata;

• aumento acentuado das inúmeras formas de subproletarização ou precarização do trabalho,


decorrentes da expansão do trabalho parcial, temporário, subcontratado, terceirizado, e que
tem intensificado em escala mundial, tanto nos países do Terceiro Mundo, como também nos
países centrais;

• aumento expressivo do trabalho feminino no interior da classe trabalhadora, em escala


mundial. [...] principalmente no universo do trabalho precarizado, subcontratado, terceirizado,
part‑time, com salários geralmente mais baixos;

• enorme expansão dos assalariados médios, especialmente no “setor de serviços”, que


inicialmente aumentou em ampla escala, mas vem presenciando também níveis de desemprego
tecnológico;

• exclusão dos trabalhadores jovens e dos trabalhadores “velhos” (em torno de 45 anos) do
mercado de trabalho dos países centrais;

• intensificação e superexploração do trabalho, com a utilização do trabalho dos imigrantes


e expansão dos níveis de trabalho infantil, sob condições criminosas, em tantas partes do
mundo, como Ásia, América Latina etc.;

• há, em níveis explosivos, um processo de desemprego estrutural que, junto com o trabalho
precarizado, atinge cerca de 1 bilhão de trabalhadores, o que corresponde a aproximadamente
um terço da força humana mundial que trabalha;

• há uma expansão do que Marx chamou de trabalho social combinado no processo de criação
de valores de troca [...], no qual trabalhadores de diversas partes do mundo participam do
processo produtivo [...] (grifos do autor).

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A acumulação flexível conforma um padrão produtivo que é organizacional e tecnologicamente


avançado, pelo resultado da introdução de técnicas de gestão da força produtiva próprias da fase
informacional, introdução ampliada dos computadores do processo produtivo e de serviços, com a
utilização da terceirização (ANTUNES, 2005).

Exemplo de aplicação

Os efeitos do projeto neoliberal e as mudanças nas bases de organização do trabalho começam a se


configurar de forma mais intensa na realidade brasileira nas décadas de 1980 e 1990. Como a sociedade
brasileira viveu esse processo? Faça uma pesquisa em jornais e revistas dessa época ou consulte uma
biblioteca ou alguma pessoa conhecida que tenha vivenciado essas mudanças (quem sabe você mesmo
as tenha vivenciado). Consulte também artigos científicos que analisam esse período e busque verificar,
principalmente, os efeitos desse processo na classe trabalhadora brasileira. Faça essa pesquisa e registre
suas descobertas.

Cabe ainda destacar que o contingente de desempregados manifesta‑se em determinados estágios ou


estruturas. Esse processo agravou‑se ainda mais na pós‑reestruturação produtiva, em que o desemprego
constituiu‑se a manifestação visível das alterações na conjuntura internacional do trabalho. O item a
seguir aborda esse contexto.

7.2 A classe trabalhadora no contexto pós‑reestruturação produtiva

Com o intuito de enriquecer nossa discussão sobre a referida temática, Silva (2007) ressalta que
também é fundamental saber quem são os trabalhadores do início do século XXI, ou como sugere
Antunes (2005), “a classe‑que‑vive‑do‑trabalho”.

Silva (2007) esclarece que não são os mesmos proletários de Marx do século XIX; essa classe
ampliou‑se consideravelmente. Antunes (2005, p. 209) destaca que houve “uma diminuição da classe
operária industrial tradicional”, mas, ao mesmo tempo, “efetivou‑se uma significativa subproletarização
do trabalho, decorrência das formas diversas de trabalho parcial, precário, terceirizado, subcontratado,
vinculado à economia informal, ao setor de serviços etc.”, desencadeando uma “significativa
heterogeneização, complexificação e fragmentação do trabalho”. Em suma, houve uma “diminuição do
operariado industrial tradicional e aumento da classe‑que‑vive‑do‑trabalho” (ibidem, p. 211).

Compreender a “classe‑que‑vive‑do‑trabalho” ou a classe trabalhadora atual em uma visão ampla,


segundo Antunes (ibidem, p. 200), “implica entender esse conjunto de seres sociais que vivem da venda
da sua força de trabalho, que são assalariados e são desprovidos dos meios de produção”. Assim a
“classe‑que‑vive‑do‑trabalho” atual, para o autor, refere‑se a todos aqueles que vendem sua força de
trabalho, incluindo o proletariado rural (chamados boias frias) e o precarizado. Antunes (ibidem, p. 200;
235) conclui que “a versão ‘moderna’ do proletariado do século XIX” é composta por:

1. todos aqueles/as que vendem sua força de trabalho;

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2. os assalariados do setor de serviços e também o proletariado rural;

3. o subproletariado, proletariado precarizado, sem direitos, e também trabalhadores desempregados,


que compreendem o exército industrial de reserva e são postos em disponibilidade crescente pelo
capital, nesta fase de desemprego estrutural.

Antunes (ibidem) ressalta que estão excluídos dessa classe trabalhadora atual os altos funcionários,
com altíssimos salários e que detêm o controle central de gestão do capital, os quais constituem parte
fundamental da classe dominante.

Segundo Antunes (ibidem, p. 201), eles “são parte fundamental do sistema social do capital”, e
acrescenta citando Mészáros que “os gestores do capital, ao certo, não são assalariados e evidentemente
estão excluídos da classe trabalhadora”.

Nesse atual contexto complexo e adverso, ressaltamos ainda, segundo Silva (2007), que a centralidade
da categoria trabalho tem sido questionada, sobretudo, em função da grave crise da sociedade do
trabalho, evidenciada principalmente pelo desemprego estrutural, pela precarização das condições de
trabalho, pela flexibilização e pela desregulamentação das leis trabalhistas e pela crescente degradação
da relação metabólica entre homem e natureza.

Em meio a essa grande polêmica, a autora afirma que, de um lado, defendendo a perda dessa
centralidade, encontram‑se alguns autores tais como Habermas, Krisis, Gorz e Claus Offe e, de outro
lado, defendendo a centralidade, Lukács e Antunes.

Nessa perspectiva, Antunes (2005, p. 204) afirma que “o que se vê não é o fim do trabalho, e sim
a retomada de níveis explosivos de exploração do trabalho, de intensificação do tempo e do ritmo de
trabalho”. Ressalta que “a jornada pode até reduzir‑se, enquanto o ritmo se intensifica”. Discordando
da tese do fim do trabalho e do fim da revolução do trabalho, conclui que “a emancipação dos nossos
dias é centralmente uma revolução no trabalho, do trabalho e pelo trabalho”. Entretanto admite ser
“um empreendimento societal mais difícil, uma vez que não é fácil resgatar o sentido de pertencimento
de classe, que o capital e suas formas de dominação (inclusive a decisiva esfera da cultura) procuram
mascarar e nublar” (ibidem, p. 205). Assim, ainda conforme Antunes (ibidem, p. 192), o desafio maior da
classe‑que‑vive‑do‑trabalho atual é:

[...] soldar os laços de pertencimento de classe existentes entre os diversos


segmentos que compreendem o mundo do trabalho, procurando articular
desde aqueles segmentos que exercem um papel central no processo de
criação de valores de troca até aqueles segmentos que estão mais à
margem do processo produtivo, mas que, pelas condições precárias em
que se encontram, constituem‑se em contingentes sociais potencialmente
rebeldes [em face d]o capital e suas formas de (des)socialização. Condição
imprescindível para se opor, hoje, ao brutal desemprego estrutural que atinge
o mundo em escala global e que se constitui no exemplo mais evidente do
caráter destrutivo e nefasto do capitalismo contemporâneo.
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O autor destaca ainda as múltiplas lutas emancipatórias, considera a “questão da emancipação


humana e da luta central contra o capital”, sendo fundamental nesse processo “a emancipação do gênero
humano em relação às formas de opressão ao capital”, bem como outras formas de opressão: “de classe,
dadas pelo sistema do capital, e a opressão de gênero que tem uma existência que é pré‑capitalista”.
Assim conclui que “a emancipação em face do capital e da emancipação do gênero são momentos
constitutivos do processo de emancipação do gênero humano diante de todas as formas de opressão e
dominação” (ibidem, pp. 202‑203).

Referindo‑se ao atual sistema de produção, em época de reestruturação produtiva de acumulação


flexível, Antunes (ibidem, p. 53) esclarece que se trata:

[...] de um processo de organização do trabalho cuja finalidade essencial,


real, é a intensificação das condições de exploração da força de trabalho,
reduzindo muito ou eliminando tanto o trabalho improdutivo, que não cria
valor, quanto suas formas assemelhadas, especialmente nas atividades de
manutenção, acompanhamento, e inspeção de qualidade.

Para o autor, essas funções foram incorporadas ao trabalhador produtivo. Quanto ao ideário e à prática
cotidiana da “fábrica moderna”, Antunes (ibidem, p. 53) destaca: a “reengenharia, lean production, team
work, eliminação de postos de trabalho, aumento da produtividade, qualidade total”. Essas mutações
no processo produtivo tiveram repercussões imediatas no mundo do trabalho, tais como: a enorme
desregulamentação dos direitos trabalhistas, o aumento da fragmentação da classe trabalhadora, a
precarização e a terceirização da força humana trabalhadora, a destruição do sindicalismo de classe que
é convertido em um sindicalismo dócil ou um “sindicalismo de empresa” (ibidem).

Referindo‑se ao processo de reorganização das formas de dominação societal, Antunes (ibidem, p. 48)
ressalta, além do processo produtivo, a busca de um projeto de recuperação da hegemonia em diversas
esferas, a exemplo do plano ideológico, que “por meio do culto de um subjetivismo e de um ideário
fragmentador faz apologia ao individualismo exacerbado contra as formas de solidariedade e de atuação
coletiva e social”. E complementa, ainda, citando Ellen Wood, que essas transformações econômicas,
pressupondo mudanças na produção, nos mercados e na esfera culturais, geralmente associadas ao
“pós‑modernismo”, na verdade, estariam “conformando um momento de maturação e universalização do
capitalismo, muito mais do que um trânsito da “modernidade” para a “pós‑modernidade” (ibidem, p. 48).

O autor adverte que isso tem gerado mais dissenso que consenso no plano teórico, sendo que alguns
até demonstram um “novo otimismo”. Antunes (ibidem, p. 50) conclui que “essas mutações em curso são
expressão da reorganização do capital com vistas à retomada do seu patamar de acumulação e ao seu
projeto global de dominação”.

Silva (2007, p. 118) ressalta que “o sistema capitalista não é obra de Deus e sim dos seres humanos”.
E, baseada nisso, afirma que:

O sistema de metabolismo social do capital não é consequência de nenhuma


determinação ontológica inalterável, ao contrário, é o resultado de um processo
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historicamente constituído, [em que] prevalece a divisão social hierárquica


que subsume o trabalho ao capital, sendo, portanto, possível sua alteração.

Dessa forma, a autora aponta para a possibilidade de emancipação social em face do capital, que
deve ser construída coletivamente, sendo imprescindível resgatar o sentido de pertencimento de classe.
O capital, em suas várias estratégias de dominação, faz tudo com o intuito de mascarar e inviabilizar tal
pertencimento, sobretudo na égide da barbárie neoliberal e de reestruturação produtiva de acumulação
flexível. O trabalhador não se reconhece mais como trabalhador e sim como um “colaborador”, portanto,
não se sente mais pertencente à classe trabalhadora. Silva (2007, p. 118) afirma que “essa é a tragédia
atual que perverte e desmobiliza a classe trabalhadora, sendo uma das estratégias do projeto neoliberal
em curso, no sentido de cooptação dos trabalhadores para assumirem o projeto do capital”, chamado
por Antunes (1995) de “envolvimento manipulatório levado ao limite”.

Por fim, vislumbrando uma perspectiva emancipatória, Silva (2007) resgata Marx em O manifesto
comunista, que postula: “no lugar da sociedade burguesa antiga, com suas classes e antagonismos
de classes, teremos uma associação na qual o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o
desenvolvimento livre de todos”. E complementa: “Proletários de todos os países, uni‑vos” (MARX apud
SILVA, 2007, p. 118).

Saiba mais

Para aprofundar a discussão sobre o debate da categoria trabalho no


âmbito do Serviço Social, sugerimos que você leia o capítulo 2 do livro
de Marilda Iamamoto O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e
formação profissional (constante da bibliografia deste livro‑texto). A partir
dos estudos abordados neste capítulo, podemos concluir que a hegemonia
do projeto neoliberal traz novas exigências às bases de organização do
trabalho que refletem sobre as mudanças que ocorreram a partir do fim da
década de 1970.

7.3 Hegemonia do projeto neoliberal: Estado‑sociedade

Para você caracterizar as relações entre Estado e sociedade a partir da hegemonia do projeto
neoliberal e diferenciar as lógicas do Estado e da sociedade civil, é imprescindível que tenha tido um bom
entendimento do conteúdo abordado sobre a hegemonia do projeto neoliberal e a base de organização
do trabalho.

A partir da década de 1980, com o Consenso de Washington, as agências financeiras internacionais


BM, FMI, BID e OMC propõem as diretrizes de ajustes estruturais, com o intuito de superar os desequilíbrios
macroeconômicos, financeiros e produtivos emergidos no cenário internacional (SILVA, 2006). Essa
diretriz está centrada, principalmente, na “reforma” do Estado, que denominamos contrarreforma em
razão desses ajustes terem provocado um retrocesso nas conquistas da sociedade civil.

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De acordo com Behring (2003, p. 23), reforma é um termo que ganhou visibilidade “[...] no debate do
movimento operário socialista, melhor dizendo, de suas estratégias revolucionárias, tendo sempre em
perspectiva a equidade.

Portanto o reformismo, entre outros é um patrimônio de esquerda”. Vamos então compreender a


contrarreforma do Estado.

7.4 A (contra)reforma do Estado

No contexto da supremacia da ideologia neoliberal, ao Estado é atribuída grande parte da crise


estrutural do capital da década de 1970, o qual passa a ser o grande vilão da história, visto como
ineficaz, ineficiente, responsável pela hegemonia do projeto neoliberal: as relações Estado‑sociedade
pelo déficit público evidenciam então a distorção e o mascaramento da real situação. Nesse contexto,
Silva (2006, p. 3) esclarece que o Estado‑sociedade:

[...] fortalece a cultura histórica da dicotomia entre público e privado,


quando se atribui ao público o caráter da ineficiência, aliada à corrupção
constante e inadmissível, e ao privado, o oposto, o polo das virtudes, a esfera
da eficiência e da qualidade, depositando‑lhe, então, todas as esperanças de
dias melhores. Percebe‑se, portanto, que no bojo dessas reformas impostas
pelos referidos organismos internacionais, os atores principais são: o Estado,
o mercado e a sociedade civil, sendo a reforma do Estado orientada para o
mercado.

Para justificar a necessidade de uma “reforma” do Estado brasileiro, analisemos, em linhas gerais, o
plano diretor da reforma do Estado, junto ao Ministério da Administração e da Reforma do Estado –
MARE –, elaborado por uma equipe liderada por Bresser Pereira e inspirado no Consenso de Washington.

O plano diretor foi aprovado em setembro de 1995 pela Câmara da Reforma do Estado, órgão
interministerial criado para esse fim e que, segundo Behring (2003, p. 177), orienta “[...] entre outros
processos legislações, a Emenda Constitucional n. 19 de 19/6/1998, que trata da ‘reforma’ da administração
pública”. Nesse documento, o então presidente Fernando Henrique Cardoso reforça a ideia de que a crise
brasileira da última década foi uma crise do Estado, que, ao desviar‑se de suas funções básicas, evidencia
a deterioração dos serviços públicos, somado ao agravamento da crise fiscal e a inflação.

O Estado brasileiro, segundo Fernando Henrique Cardoso, estaria “rígido, lento, ineficiente e sem
memória administrativa”, justificando, portanto, a necessidade da reforma gerencial, voltada ao controle
dos resultados e pautada na descentralização, “visando à qualidade e à produtividade do serviço público”
(BEHRING, 2003, p. 177).

Na análise de Bresser Pereira e Grau (1999), o Brasil e a América Latina foram atingidos por
uma grave crise fiscal na década de 1980, acirrada pela crise da dívida externa e pelas práticas de
populismo econômico, o que, segundo eles, justificaria a necessidade de forma imperiosa de uma
disciplina fiscal, a privatização e a liberalização comercial. Bresser Pereira e Grau (ibidem) apresentam
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a proposta autointitulada social‑liberal, buscam diferenciá‑la da neoliberal, entretanto assumem como


necessária a crítica neoliberal do Estado, afirmando que as causas da crise estariam localizadas no
Estado desenvolvimentista, no Estado comunista e no welfare state. Bresser Pereira e Grau (ibidem, p.
21) afirmam que:

É um Estado social‑liberal porque está comprometido com a defesa e a


implementação dos direitos sociais definidos no século XIX, mas é também
liberal porque acredita no mercado, porque se integra no processo de
globalização em curso, com o qual a competição internacional ganhou uma
amplitude e uma intensidade historicamente novas, porque é resultado de
reformas orientadas para o mercado.

Em suma, sob o pretenso peso excessivo da máquina estatal, nessa “reforma” do Estado brasileiro, a
ordem é delimitá‑lo, reduzi‑lo ao mínimo possível, deixando‑o “mais barato, mais eficiente, na realização
de suas tarefas, para aliviar o seu custo sobre as empresas nacionais que concorrem internacionalmente”
(ibidem, p. 14).

Com a privatização do Estado, suas atribuições e suas responsabilidades no âmbito social são
transferidas ao mercado, ao qual é atribuída a expectativa da garantia da eficácia e da eficiência não
obtidas com a esfera pública. Nessa perspectiva, justificam Bresser Pereira e Grau (1999, p. 26) que
“o mercado é o melhor dos mecanismos de controle, já que por meio da concorrência obtêm‑se, em
princípio, os melhores resultados com os menores custos”.

Behring (2003, p. 171) refuta essa tese e apresenta uma crítica veemente e bem formulada e mostra
como a reforma defendida por Bresser Pereira e Grau (1999) configurava‑se na verdade como uma
“contrarreforma conservadora e regressiva, diferente do que postulam os que a projetaram entre as
paredes dos gabinetes tecnocráticos e inspirados nas orientações das agências multilaterais”.

Behring (2003, p. 212‑213) acrescenta que:

[...] há uma forte tendência de desresponsabilização pela política social – em


nome da qual se faria a “reforma” – acompanhada do desprezo pelo padrão
constitucional de seguridade social. Isso ocorre vis a vis a um crescimento da
demanda, associado ao aumento do desemprego e da pobreza, aprofundadas
pela macroeconomia do Plano Real. O trinômio do neoliberalismo para as
políticas sócias – privatização, focalização e descentralização – tendeu a se
expandir por meio do “Programa de Publicização”.

Outro aspecto importante apontado por Behring (ibidem) foi a forma tecnocrática e antidemocrática
de condução expressa na dificuldade de convivência entre o debate e a crítica, evidente nas arenas onde
estavam presentes sujeitos coletivos e organizados. A autora ressalta ainda que “o recurso reiterado
às medidas provisórias criou um ambiente onde a democracia foi quase retórica”. E complementa
afirmando categoricamente: “tratou‑se de uma verdadeira contrarreforma, dada sua natureza destrutiva
e regressiva” (ibidem, p. 212).
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Nessa perspectiva, segundo Silva (2006), percebe‑se que, na busca da redução do gasto público, o
alvo preferido tem sido as políticas sociais públicas, tidas como causa principal do déficit público. Assim
há um expressivo consenso de que, a partir da (contra)reforma do Estado, as principais diretrizes para as
políticas sociais passam a ser as seguintes:

1. privatização: transferência das atribuições da esfera pública para o mercado;

2. focalização: redução dos gastos públicos, direcionados apenas aos setores de extrema pobreza;

3. descentralização: busca combater a burocratização e ineficiência do gasto social, através da


transferência das decisões da esfera federal para estados e municípios (ibidem, p. 4).

Na prática, entretanto, segundo a autora, evidencia‑se o fortalecimento do caráter compensatório


das políticas sociais públicas, em uma perspectiva focalista, de cunho reducionista e minimista,
extirpando o seu caráter universal (evidenciado no Estado do bem‑estar social), sendo orientado apenas
aos segmentos mais vulneráveis, de extrema pobreza da população.

No Brasil, essa situação é ainda mais perversa, sobretudo, em virtude de não termos tido de fato
um Estado de bem‑estar social e também pelas características peculiares brasileiras no aspecto político,
social, econômico e cultural. Segundo Silva (ibidem), a história brasileira, desde o Período Colonial aos
regimes ditatoriais, populistas e democráticos elitistas, sempre foi marcada pelo autoritarismo e pela
relação de total subserviência da grande maioria da população. Para Florestan Fernandes (1975), isso é
fruto do congelamento do processo de descolonização que excluiu grande parte do país, permanecendo
as classes dominantes com mentalidade senhoril e colonial.

Nesse prisma, segundo Silva (2006), é igualmente importante ressaltar que o Brasil vive uma crise
discursiva, resultante de uma “confluência perversa” entre o projeto neoliberal a partir do Consenso de
Washington, e o projeto democratizante e participativo que emerge na década de 1980, com a crise do
regime ditatorial, expressa pela disputa político‑cultural entre esses dois projetos e pelos deslocamentos
de significados sobre as noções de sociedade civil, participação e cidadania (DAGNINO, 2004). A
perversidade estaria “no fato de que, apontando para direções opostas e até antagônicas, ambos os
projetos requerem uma sociedade civil ativa e propositiva”, culminando na inflexão político‑cultural e
na despolitização da sociedade brasileira (ibidem, p. 140).

Em relação à descentralização proposta no processo democratizante em curso, Silva (2007, p. 30)


expõe que se percebe que:

[...] a sociedade civil que deveria controlar e fiscalizar as ações


governamentais, por meio da participação, tem sido substituída pelo
“terceiro setor”, que é constituído predominantemente pelas ONGs –
Organização Não Governamental, OSCIP – Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público – e organizações filantrópicas sem fins lucrativos,
as quais, em sua grande maioria, na verdade representam apenas seus
próprios interesses.
156
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Silva (ibidem, p. 20) esclarece ainda que “o termo ONG não existe juridicamente no ordenamento
brasileiro, entretanto, a legislação brasileira preconiza as OSCIP, que se caracterizam por sua finalidade
pública, mas não governamental”.

Saiba mais

O amplo conhecimento do Estado é fundamental para que o assistente


social desenvolva sua ação profissional. Para saber mais sobre a reforma
do Estado, visite o sítio do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão: <http://www.planejamento.gov.br/gestao/conteudo/publicacoes/
cadernso_mare/cadernos_mare.htm>. Consulte também os Cadernos
MARE da Reforma do Estado.

8 O TERCEIRO SETOR

Inicialmente, é fundamental situarmos o entendimento de Carlos Montaño (2005, p. 267‑268) sobre


o projeto neoliberal em curso que, segundo o autor, está alicerçado em três estratégias – o chamado
tripé neoliberal:

a) a reestruturação produtiva (gerando precarização das condições


de trabalho e aumento do desemprego), b) a (contra)reforma
do Estado (particularmente na desresponsabilização estatal e
do capital nas respostas à “questão social”), c) a transformação
ideológica da sociedade civil (como arena de lutas) em
“terceiro setor” (como espaço que assume harmonicamente
as autorrespostas isoladas à “questão social” abandonadas/
precarizadas pelo Estado).

De acordo com Montaño (2005), o termo terceiro setor é carente de rigor teórico e desarticulador
do social, pressupondo a existência de um primeiro, um segundo e um terceiro setor, o que divide a
realidade social em três esferas autônomas: o Estado, o mercado e a sociedade civil, tese defendida
pelos teóricos do terceiro setor. Entretanto, em uma perspectiva crítica e de totalidade, adverte que esse
conceito é puramente ideológico e inadequado ao real. O autor critica de forma veemente a divisão em
três setores, pois “consiste num artifício positivista, institucionalista ou estruturalista” e refuta essa tese
ressaltando que, para explorar essa categoria, é fundamental fazer uma análise do real como totalidade
histórica, considerando que,

[...] a partir das mudanças da realidade contemporânea, promovidas pelo


embate desigual entre o projeto neoliberal e as lutas dos trabalhadores,
verdadeiras transformações estão se processando nas respostas da sociedade
à chamada ‘questão social’ e suas refrações (ibidem, p. 182).

157
Unidade III

O crescimento do terceiro setor não é um fenômeno isolado e tampouco uma forma de compensação
do afastamento estatal das respostas às sequelas da questão social. Ao contrário, Montaño (ibidem, pp.
197‑198) afirma que:

[...] ele é um fenômeno integrado, complementar, parte do mesmo projeto


neoliberal que, por um lado, reduz o papel do Estado na intervenção social,
redirecionando sua modalidade de ação [...], por outro lado, cria uma
demanda lucrativa para os serviços privados e que, finalmente, estimula a
ação voluntária e filantrópica de um “terceiro setor” dócil e supostamente
substitutivo da ação estatal. São três formas de intervenção social que fazem
parte do mesmo projeto neoliberal: o desmonte do padrão de respostas
sociais típicas do Welfare State e da Constituição Federal brasileira de 1988.

Segundo Montaño (ibidem), a partir do tripé constitucional da seguridade social – previdência,


saúde e assistência social –, evidencia‑se a divisão das atribuições. O setor empresarial se predispõe a
atender às demandas nas áreas da previdência social e da saúde, enquanto o terceiro setor orienta‑se
principalmente para a assistência social.

Dessa forma, Montaño (ibidem, p. 198) afirma que:

Esse triplo processo de precária intervenção estatal, de re‑filantropização


da “questão social” no âmbito do “terceiro setor” para os despossuídos
(sem cidadania), acompanhada de uma re‑mercantilização, possibilitam
três modalidades de serviços com qualidades distintas: o privado/mercantil,
de boa qualidade, o estatal/”gratuito”, precário e o filantrópico/voluntário,
geralmente também de qualidade duvidosa, constituindo‑se também
três categorias de cidadãos: os “integrados”/consumidores de serviços
mercantilizados, os “excluídos”/usuários de serviços estatais precários,
focalizados e descentralizados e os “excluídos”/ assistidos pela caridade e
filantropia do “terceiro setor”.

Essa tríplice modalidade de resposta à “questão social” – estatal, filantrópica e mercantil – necessita
de um processo que cumpra uma função ideológica e de viabilidade econômica. Montaño (ibidem)
adverte que as organizações do terceiro setor geralmente não têm condições de autofinanciamento e
dependem da transferência dos recursos públicos para seu funcionamento.

Essa transferência “é chamada, ideologicamente, de ‘parceria’ entre o Estado e a sociedade civil,


haja vista que o Estado está supostamente contribuindo, financeira e legalmente, para propiciar a
participação da sociedade civil” (ibidem, p. 199).

Para Montaño (ibidem, p. 199), essa parceria pauta‑se na real redução relativa de gastos sociais, pois:

[...] é mais barato que as ONGs prestem serviços precários e pontuais/locais, do


que o Estado, pressionado por demandas populares e com as necessidades/
158
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

condições da “lógica democrática”, desenvolva políticas sociais universais


permanentes e de qualidade.

É evidente que o objetivo principal dessa parceria é, sobretudo, ideológico, visa mascarar a realidade,
quanto ao ocultamento do processo de desresponsabilização do Estado diante das expressões da
questão social, a perda do direito a serviços sociais de qualidade e universais, com vistas a fazer parecer
“um processo de transferência desta função e atividades, de uma esfera supostamente ineficiente,
burocrática, não especializada (o Estado), para outra supostamente mais democrática e participativa e
mais eficiente (‘terceiro setor’)” (ibidem, pp. 199‑200).

Nessa perspectiva, adverte Montaño (ibidem, p. 200), que a emergência e o fortalecimento do terceiro
setor no processo de desresponsabilização social do Estado causam alguns deslocamentos:

[...] de lutas sociais para a negociação/parceria; de direitos por serviços sociais


para a atividade voluntária/filantrópica; da solidariedade social/compulsória
para a solidariedade voluntária; do âmbito público para o privado; da ética para
a moral; do universal/estrutural/permanente para o local/focalizado/fortuito.

Quanto à parceria entre o Estado e as ONGs, cuja função, segundo Montaño (ibidem, p. 224), “não
é a de ‘compensar’, mas a de encobrir e a de gerar a aceitação da população a um processo que, como
vimos, tem clara participação na estratégia atual de reestruturação do capital. É uma função ideológica”.
Assim a transferência da ação social para o terceiro setor configura‑se uma estratégia neoliberal. O autor
adverte que a referida desresponsabilização do Estado quanto às expressões da questão social “só é
possível de ser compreendida na sua articulação com a autorresponsabilização dos sujeitos carenciados
e com a desoneração do capital na intervenção social, no contexto do novo projeto neoliberal” (ibidem, p. 235).

Nessa perspectiva, adverte Silva (2007, p. 38), que com o atual retraimento do impacto das lutas das
classes trabalhadoras sob a égide neoliberal e no processo de reestruturação flexível em curso, o capital visa se
desfazer de todas as conquistas trabalhistas, as quais ele nunca quis, todavia teve de aceitar em um contexto
de elevada luta de classes: direitos trabalhistas, políticas e serviços sociais e assistenciais, direitos democráticos.

Nesse sentido, Montaño (2005, p. 225) aponta um triplo caminho para retirar do Estado aquelas
conquistas sem provocar um processo de convulsão social. São eles:

a) para encobrir a desregulamentação dos direitos trabalhistas: a


“terceirização” e a “flexibilização” do contrato de trabalho [...].

b) para ocultar o esvaziamento dos direitos democráticos: a chamada


“globalização” política – mundialização do capital, via expansão de
organizações transnacionais: BID, FMI, OMC, G7, BM, OTAN [...].

c) para legitimar o esvaziamento dos direitos sociais e particularmente


o recorte das políticas sociais: fomenta‑se, a partir das “parcerias”,
o crescimento [...] da atividade do chamado “terceiro setor”, essa
miscelânea de indivíduos, empresas, ONGs.
159
Unidade III

Diante do exposto, Silva (2007) ressalta a dificuldade de se desvelar a real face do terceiro setor e
determinar sua conceituação, abrangendo as organizações não governamentais (conceito impreciso), as
organizações sem fins lucrativos (desconsiderando os altos salários de suas autoridades como lucro), as
fundações empresariais, a chamada empresa cidadã, as instituições filantrópicas e a imensurável atividade
voluntária (conceito impreciso e quase impossível de se determinar). Silva (ibidem, p. 41) assevera que:

Essa flexibilidade de conceitos oculta dados estatísticos relevantes,


demonstrando a abrangência e importância numérica do “terceiro setor”,
bem como sua significação econômica e política, que são imprescindíveis e
bastante oportunas ao projeto neoliberal em curso.

Por outro lado, é igualmente importante ressaltar que, com o Estado mínimo, há uma evidente
redução de campo de trabalho para o assistente social no âmbito estatal. Por outro lado, apesar da
polêmica dificuldade em se desvelar o terceiro setor, tanto no âmbito teórico, jurídico e político, bem
como as ambiguidades decorrentes já enumeradas anteriormente, entendemos que se trata de um
espaço real na atualidade complexa e adversa, configurando‑se uma possibilidade atual de intervenção
profissional para o assistente social, com vistas à efetivação do projeto ético‑político da categoria.
Isso desde que o profissional esteja devidamente habilitado e qualificado no sentido de transcender
a imediaticidade do cotidiano e dar respostas qualificadas que realmente respondam a essas novas
demandas societárias emergentes (NETTO, 1996).

Lembrete

O terceiro setor tem se constituído em um espaço da ação profissional


do Serviço Social, mas não podemos ocupar esse espaço sem uma análise
crítica de como a figura desse setor se institui na vida social pautando as
relações entre Estado e sociedade.

Exemplo de aplicação

Na sua região, existem organizações do terceiro setor? Faça uma pesquisa buscando saber: como
essas organizações se mantêm. A que expressão da questão social atendem? Há assistente social em seus
quadros de funcionários? Após a pesquisa, elabore um texto refletindo sobre como você compreende o
espaço de ação profissional do terceiro setor.

8.1 Concepção histórica do terceiro setor

O estudo da história da humanidade e das nações por ela constituídas, das relações internacionais
e, por extensão, dos interesses políticos e econômicos que emanam a partir do modo de produção
e acumulação capitalista, apontam para o surgimento de estratos sociais marginalizados. Essa
população se concretiza como expressões da questão social que precisa de atendimento e atenção
especial para se incorporar ao processo produtivo e então a sua autossustentação. Essas pessoas,

160
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

famílias, comunidades e mesmo nações inteiras experimentaram marcas históricas que fortaleceram
a importância de sua organização social. Esse fortalecimento se deu no sentido da conquista ou
defesa de seus direitos ou na satisfação de necessidades básicas da condição humana, como o acesso
à água e ao alimento, por exemplo.

Assim o estudo da concepção do terceiro setor aborda a viagem humana pelo tempo, sob as diversas
circunstâncias históricas que, por sua vez, tonificarão ou minimizarão as experiências sociocomunitárias.
Experiências que, embora de caráter público, não são desenvolvidas dentro da lógica e da órbita de
gestão do Estado. Sendo assim, estudaremos o trabalho desenvolvido fora do aparato estatal, mas
mantendo‑se a finalidade do bem‑estar coletivo.

8.1.1 Primórdios da ação pública não estatal

Dentro do desenho de uma sociedade piramidal, cujo modelo de democracia é o representativo


(tendo‑se à base os trabalhadores, depois os detentores do capital, os partidos e o Estado), a humanidade
sempre buscou a superação de suas dificuldades e demandas (necessidades), principalmente por meio
do Estado. Mas não se obtendo a supressão de todas as necessidades, passa‑se a fortalecer novas
alternativas, como o associativismo, por exemplo.

Nesse ínterim de busca de atendimento às necessidades das comunidades, deve‑se destacar o


papel histórico da Igreja, complementar ao do Estado, no desenvolvimento de ações emergenciais ou
sistematizadas de atendimento às necessidades da humanidade.

Na busca de atendimento das demandas, as pessoas passaram a participar de ações caritativas,


sendo que a Igreja se tornara o caminho para esse tipo de atuação.

Vale ressaltar que as damas de caridade passaram a se apoiar na estrutura da Igreja para a promoção
de ações caritativas. O aumento da participação dos cidadãos, principalmente dos trabalhadores e
estudantes em ações planejadas, expressou destacadamente no século XIX e XX, o aumento da atividade
cidadã voluntária. Sobre isso, Fernandes (1994, p. 16) assevera que:

Assistimos a uma formidável expansão das iniciativas civis. O fenômeno


não é novo, com certeza. A tese do “sacerdócio universal”, proclamada pela
reforma protestante do século XVI, abriu as hierarquias sagradas para a
participação dos fiéis. O ingresso dos trabalhadores na vida pública é tema
constante da modernidade e compõe um capítulo obrigatório das histórias
sociais a partir do século XIX. O tema é clássico. Nem por isto, no entanto,
deixa de apresentar novidades. Com muitos indícios e algumas boas razões,
pode‑se dizer com segurança que a atividade cidadã expande‑se atualmente
em números e formas sem precedentes.

Um paralelo histórico interessante de se estabelecer é o de que as sociedades das nações, entre o


século XVI e o início do século XX, eram regidas pela liberdade de expressão, pensamento e de ação
econômica. Dentro do liberalismo (tema que você estudou na disciplina Contexto Histórico das Políticas
161
Unidade III

Sociais) e nesse ínterim, muito embora o interesse central fosse o acúmulo financeiro, o Associativismo
era uma prática possível, principalmente implementada e fortalecida junto aos trabalhos da Igreja, em
suas sociedades de caridade e ajuda social.

Com a ruptura do modelo econômico liberal, a humanidade sente a ausência de um modelo de


Estado mais forte que possa interferir nas relações econômicas e sociais estabelecidas pelos detentores
do Capital, pois o episódio deixa um lastro de milhões de famílias sem renda e sem atendimento público.

A situação, literalmente de guerra, impele as sociedades, sob regência política e econômica dos
Estados Unidos e Inglaterra, a planejarem um novo modelo econômico, adotando‑se o keynesianismo.
Nesse modelo, o chamado Estado‑nação, imbuído de caráter e características nacionalistas, irá investir
em três áreas principais: a) logística e indústria de base (construção de ferrovias, portos, sistemas
viários, pesquisa e produção de petróleo, aço e energia), b) defesa da economia nacional (o Estado
prioriza a compra de produtos nacionais e adota tarifas alfandegárias compensatórias que minimizam a
importação) e c) welfare‑state (políticas sociais universalistas planejadas, financiadas e executadas pelo
Estado e que atenderiam a todos indistintamente).

8.1.2 Redução do Associativismo no ápice do welfare‑state

O fato central, a ser observado nesse modelo, é que a histórica adoção do modelo keynesiano e
implementação de proposituras de políticas sociais universalistas impeliram a sociedade ao atenuamento
de suas experiências e ações de microssolidariedade, reduzindo significativamente as iniciativas
associativistas nas décadas de 1930 a 1960. Tal polarização de ações e atendimento das demandas
públicas pelo Estado, ao mesmo tempo em que propunha universalismo e equidade, levava a sociedade
da maioria das nações do mundo a uma situação de dependência das políticas sociais controladas
pelo governo. Esta situação traduziu‑se por maior fragilidade social e menor empoderamento das
comunidades no que tange à sua participação política e comunitária.

Ao final da década de 1960 e início da década de 1970, a maioria das nações do mundo que optaram
pelo welfare state já não possuíam condições financeiras e de gestão para operacionalizar políticas
sociais universalistas, recuando em seus projetos sociais e propostas previdenciárias. O novo cenário,
com o recuo das ações públicas do Estado, mais uma vez expusera a população à falta ou redução
(quantitativa e qualitativa) do atendimento de suas demandas.

8.1.3 Fortalecimento do terceiro setor

O cenário político e social da década de 1970, resguardadas as proporções, foi o mesmo para
países europeus e asiáticos, norte ou latino‑americanos sendo, de maneira geral, caracterizado pelos
seguintes aspectos: políticas sociais compensatórias e não mais universalistas; políticas públicas,
ações governamentais e mesmo estruturas físicas públicas ineficientes; ausência de atendimento às
demandas da sociedade; Estados centralizadores e muitas vezes militarizados; aumento da pressão
de organismos internacionais de financiamento sobre as nações endividadas; aumento das ações
caritativas e principalmente socioeducativas da Igreja; destacado fortalecimento dos movimentos
sociais, principalmente ligados às causas operárias, estudantis e de movimentos pela posse da terra.
162
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Observa‑se que a redução do papel do Estado aumentou a participação da sociedade civil, inclusive
redesenhando a inserção de suas organizações associativas sem finalidades lucrativas (naquele período
denominadas de ONG – organizações não governamentais), que passaram a assumir novas proposituras
e maior relevância no cenário político, econômico e social.

Observação

Neste livro‑texto está sendo utilizada a abreviatura OTS – Organização


do Terceiro Setor – para se fazer referência, de maneira geral, às instituições
do terceiro setor brasileiro (associações, igrejas, cooperativas, sindicatos) e a
outras denominações utilizadas (ONG, OSC, ISFL).

A história do terceiro setor está correlacionada com os períodos em que regimes políticos e modelos
econômicos aumentaram ou diminuíram o atendimento às demandas sociais. Desta análise, a percepção
de que quanto maior o grau de atendimento às necessidades sociais pelo poder público, menor será o
engajamento das pessoas em OTS, encontra fundamentação histórica.

Por outro lado, após a fragilização das políticas sociais universalistas do chamado welfare state, a sociedade
planetária passou a viver um período de revalorização de suas experiências associativas dentro do terceiro setor.
Assim, para concluir esta aula, é importante relacionar este contexto ao momento em que os movimentos sociais
ganham força, inclusive com sua institucionalização (transformação em associações, fundações ou sindicatos).

8.2 Definição do terceiro setor

Seguindo Fernandes (1994), define-se como sendo primeiro setor o formado pelo Estado, ou seja,
o setor público é o governo, representando o uso de bens públicos para fins públicos. O segundo setor
refere-se ao mercado e é ocupado pelas empresas privadas com fins lucrativos. O terceiro é formado por
organizações privadas, sem fins lucrativos, desempenhando ações de caráter público.

Quadro 1 – Os três setores da sociedade

Origem dos recursos Destinação dos recursos Denominação setor


Recursos públicos (originados em Bem‑estar coletivo (gestão e Estado – 1º setor
impostos, multas e tarifas públicas) atendimento público gratuito)
Negócios particulares que visam
Recursos particulares (fontes privadas) Empresas privadas – 2º setor
ao lucro. Mercado
Recursos particulares (fontes privadas,
assim como repasses públicos para Bem‑estar coletivo (gestão e ONGs, OSCIPs – 3º setor
execução de serviço de atendimento atendimento público gratuito)
gratuito às demandas)

Por analogia e interpretação do quadro, o mercado (1º setor) é composto por empresas, o Estado (2º
setor) pelas instituições públicas da União, Estados e Municípios, enquanto o terceiro setor (3º setor)
é composto pelas OTS (associações, fundações, sindicatos, cooperativas populares e igrejas). Define‑se
então o terceiro setor como um conjunto de grupos sociais primários e organizações que atuam no
163
Unidade III

atendimento de demandas sociais não supridas pelo Estado. Essas OTS, que constituídas sobre interesses
coletivos e altruístas, sempre sem finalidades lucrativas, estruturam seu atendimento sobre um expressivo
esforço voluntário, parcerias comunitárias locais e com os demais setores.

8.3 As Leis e o terceiro setor

São diversas as legislações incidentes sobre as OTS e suas ações, todas sob a égide da Constituição
Federal. A seguir, vamos desenvolver as principais delas.

8.3.1 Criação de uma organização do terceiro setor

Tal qual cada tipo de sociedade empresarial ou cada categoria de empresa (micro, pequena ou
média) possui especificidades jurídicas, também no âmbito do terceiro setor, existe um considerável
número de especificidades que indicam a sua matriz e ordenamento jurídico.

No caso das associações (principal categoria de organização do terceiro setor), a legislação tributária
brasileira concede número de CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – às organizações que
possuam seus atos constitutivos (atas de assembleias gerais de criação, de aprovação de estatuto social,
eleição e posse de diretoria e conselho fiscal) devidamente lavrados em livro A1 de Pessoas Jurídicas,
assentado em Cartório de Notas.

Na situação específica das fundações (considerando que serão criadas a partir da destinação de um
patrimônio a consecução de objetivos altruísticos), caracterizando‑se então a administração pública de
interesses privados, de acordo com os Arts. 24 e 27 do Código Civil e art. 1.199 do Código do Processo
Civil, cabe ao instituidor (doador ou pessoa designada) redigir o estatuto da entidade. Devendo ainda
este, juntamente com a dotação (bem patrimonial doado) e com as atas de criação, ser submetido
ao Ministério Público, cabendo a este órgão total poder de aprovação ou indicação de mudanças
estatutárias ou documentais. Castro (1995, p. 15) afirma que:

[...] na constituição de uma fundação identificamos as seguintes fases: a


formalização do ato constitutivo, mediante escritura pública ou testamento,
consubstanciando os atos de instituir e de dotação e ainda o Estatuto; a
aprovação do ato constitutivo pelo Ministério Público ou, se for o caso, pelo
juiz; o registro do testamento ou da escritura pública.

As cooperativas, por sua vez, devem ter seus atos constitutivos (atas de criação, aprovação de
estatuto social, eleição e posse de diretoria), após registro no Livro A1 de Pessoas Jurídicas (junto ao
Cartório de Notas), devidamente aprovados e registrados na Junta Comercial do Estado, seguindo‑se o
expediente estabelecido por esta casa.

A Lei 9.790/99 – Lei do Terceiro Setor Brasileiro

A partir do Decreto nº 3.100, de 30 de junho de 1999, o Presidente da República regulamentou a


Lei 9.790, chamada de nova Lei do Terceiro Setor por alguns, mas, na verdade, a primeira legislação
164
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

específica sobre o terceiro setor no Brasil. A legislação abriu a possibilidade da obtenção do título de
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – pelas OTS, sistematizando juridicamente
o estabelecimento de convênio destas com o poder público, dentro do modelo de Termo de Parceria.

Camargo e outros (2001, p. 155) destacam, além da modernidade dessa legislação, que ela representa
o primeiro reconhecimento público, por parte do Estado, de um setor público não estatal e acrescenta que:

[...] cabe destacar que a nova lei abre às entidades do terceiro setor um
caminho institucional mais moderno, condizente com as necessidades
atuais da sociedade, já que rompe com velhas amarras regulamentadoras.
Pela primeira vez, o Estado reconhece publicamente a existência de uma
esfera que é pública, não pela sua origem, mas pela sua finalidade: é pública,
embora não seja estatal.

8.4 Principais tipos de organizações do terceiro setor no Brasil

O Brasil possui um imenso número de OTS, juridicamente constituídas, sendo que em 2001 eram
mais de 220 mil instituições, segundo levantamento da Revista Veja (2001, p. 12), que juntas expressam
um grande percentual do atendimento das demandas de nossa sociedade.

A miscelânea de projetos e ações é afunilada em alguns tipos de organizações, com destaque


quantitativo para as fundações e especialmente associações sem finalidades lucrativas, como você
poderá estudar agora.

8.4.1 A face do terceiro setor no Brasil

No Brasil, o terceiro setor ainda se confunde com apenas uma das nomenclaturas de suas organizações:
organizações não governamentais, mais conhecidas pela sua forma abreviada ONG. De acordo com a
Revista Veja (2001), o terceiro setor cresce em número e em qualidade de trabalhos, somando mais de
220 mil OTS, de diversas estruturas funcionais e caracterizações jurídicas.

Camargo e outros (2001), em relação às organizações que compõem o terceiro setor, destacam
os seus principais tipos de entidades, de acordo as características jurídicas e estatutárias: associação,
fundação, sindicato, cooperativa e Igreja. Vamos agora aprofundar nossos estudos em cada uma dessas
classificações jurídicas.

8.4.2 As igrejas

Historicamente, desde o Brasil Colonial, a Igreja mantém um papel paralelo e complementar ao do


Estado no atendimento das demandas das comunidades, o que torna a gênese do terceiro setor no Brasil
bastante semelhante ao europeu: pautado sobre a colaboração e o voluntarismo promovido pela Igreja.

Com o desenvolvimento gradativo das políticas públicas (da proclamação da república à era Vargas)
a Igreja manteve seus trabalhos filantrópicos e humanitários.
165
Unidade III

Camargo e outros (2001, p. 52) destacam que, com a implementação do Código Civil Brasileiro de
1916, as atividades sociais da Igreja passaram a se legitimar com a criação de associações. Os autores
nos expõem que,

[...] no ano de 1916, tem início a legitimação dessa função complementar


nas políticas públicas sociais, e não apenas da Igreja como também das
demais organizações sociais sem fins lucrativos, com o Código Civil brasileiro
(Lei n. 3.107).

Fortemente questionada por sua presença como instituição do terceiro setor, sua classificação é
muito simples: não se constitui em Estado (por não ter seus recursos em fontes públicas) e também
não é mercado, por não objetivar o lucro, mas o bem‑estar das pessoas que buscam valores como
solidariedade, amor ao próximo e ética.

8.4.3 Os sindicatos

Os sindicatos são instituições de direito privado que exercem atividades de interesse público com uma
autonomia que varia de acordo com a estrutura política nacional, atuando sempre em representação
(constitucionalmente livre dos trabalhadores ou outras categorias). Camargo e outros (2001, p. 42)
afirmam que,

[...] conceitualmente, o sindicato é uma associação de caráter profissional,


que congrega empregados e empregadores, trabalhadores autônomos e
profissionais liberais que exercem uma mesma atividade ou outra similar,
com o intuito de defender, estudar e coordenar seus interesses individuais
e profissionais.

Ao se organizarem, os sindicatos de uma mesma categoria constituem as federações que representam


os trabalhadores dos sindicatos a elas filiados, nos âmbitos: nacional e dos Estados.

Por definição, os sindicatos e as federações de trabalhadores são instituições sem finalidades


lucrativas, que atuam sob autorização e fiscalização direta do Ministério do Trabalho.

8.4.4 As cooperativas

Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer
aspirações econômicas, sociais e culturais comuns, por meio da criação de uma sociedade democrática
e coletiva. A liberdade de associação, para fazer das fragilidades isoladas possibilidades grupais
de superação de desafios, faz da cooperativa (destacadamente de base popular ou produtiva) uma
instituição genuinamente inserida no terceiro setor.

Cançado e outros (2007, p. 59) destacam a importância da cooperativa para a superação de


dificuldades sociais e traz uma definição de cooperativa da ACI (Aliança Cooperativa Internacional): Os
autores asseveram que:
166
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

[...] uma cooperativa é uma associação de pessoas que se unem


voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas,
sociais e culturais comuns, através de uma empresa de propriedade comum
e democraticamente gerida.

O gestor do terceiro setor deve atentar para o fato de que grandes cooperativas comerciais ou com
grande participação financeira de seus quotistas não se constituem (por sua gênese) como terceiro
setor, mas mercado (origem privada do investimento e voltada a obtenção do lucro). Assim, devem
integrar o terceiro setor as cooperativas de base colaborativa entre pequenos produtores ou de base
popular (como a Cooperativa dos Pequenos Produtores de Mel de Pequizeiro e a Cooperativa Cultural
do Capim Dourado).

8.4.5 As fundações

As fundações são instituições sem finalidades lucrativas, constituídas a partir de um patrimônio, que
associado à ideia do instituidor é especificamente utilizado na consecução de um objetivo altruísta, ou,
conforme Castro (1995, p. 20),“a fundação é uma pessoa jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio, atividade altruística e fim não lucrativo”.

No Brasil, a fundação tem sua criação condicionada à autorização do Ministério Público, a quem
cabe a sua contínua fiscalização. A maioria das organizações brasileiras, criadas por empresas com
o intuito de desenvolverem suas ações sociais são fundações, como é o caso da Fundação Bradesco,
Roberto Marinho, O Boticário, Odebresch e Fundação Banco do Brasil.

8.4.6 As associações

Associação é uma congregação de pessoas que possuem conhecimentos e serviços voltados a um


mesmo ideal e movidos por um mesmo objetivo, seja a associação econômica ou não, com capital ou
sem, mas jamais com o intuito lucrativo.

As associações que possuem finalidades que vão além dos interesses diretos dos associados (caso de
associação de moradores) podem ser chamadas de altruístas (associações comunitárias, beneficentes,
ambientais, etc.). No Brasil, convencionou‑se chamar de ONG (organização não governamental) a esse
tipo de associação, especialmente na década de 1970 e no início dos anos da década de 1980.

8.4.7 Qualificações das OTS: Título de Utilidade Pública e Certificado de Filantropia

As associações, os seus gestores e também os profissionais envolvidos em sua dinâmica de


funcionamento podem iniciar suas atividades práticas sem que sejam obrigados a buscar qualificações
para a entidade. Neste sentido, apenas a caracterização jurídica da organização, expressada por seu
número de CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, já é suficiente para a emissão de talonário
de recibos, de notas fiscais (de prestação de serviços), busca de alvará de funcionamento, entre outras
atividades administrativas.

167
Unidade III

Por outro lado, a crescente busca de transparência e legitimidade social tem impelido as organizações
a buscarem títulos complementares a sua caracterização jurídica e que expressem (documentalmente)
sua representatividade e idoneidade.

8.4.8 O Título de Utilidade Pública

Com o intuito de credenciar as entidades que atuavam no atendimento às demandas sociais, em


1935, o Presidente Getúlio Vargas instituiu a Lei nº 91 (18/8/1935), determinando as regras para que
associações e fundações passassem a utilizar o termo Título de Utilidade Pública.

Naqueles termos, somente pessoas jurídicas, com finalidades altruísticas e com seus cargos diretivos
não remunerados, poderiam solicitar tal titulação. A Lei 91 deixava claro em seu artigo 3º que as
instituições qualificadas com o Título de Utilidade Pública Federal não receberiam, por efeito desta
titulação, nenhum tipo de auxílio do Estado. Consta do Art. 3º que:

nenhum favor do Estado decorrerá do Título de Utilidade Pública, salvo


a garantia do uso exclusivo pela sociedade, associação ou fundação, de
emblemas, flâmulas, bandeiras, devidamente registrados no Ministério da
Justiça e da menção do título concedido.

O Decreto 50.517, de 1961, destacou ainda que para efetivar o pedido, a instituição deverá
comprovar idoneidade e três anos de funcionamento, devendo encaminhar o expediente ao Ministério
da Justiça. Outra obrigação estabelecida às organizações com Título de Utilidade Pública é o de publicar
semestralmente a demonstração da receita obtida e da despesa realizada no período.

A Lei 6.639, de 8 de maio de 1979, estendeu a proibição de remuneração (anteriormente restrita aos
integrantes da diretoria) também aos membros dos Conselhos Fiscal, Deliberativo e Consultivo.

As associações e fundações que desejarem a obtenção do Título de Utilidade Pública devem


encaminhar solicitação formal ao Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do
Ministério da Justiça. O expediente de solicitação deve estar acompanhado da seguinte documentação:
ficha de cadastramento da entidade e requerimento; cópia autenticada do Estatuto Social (observando
a existência de cláusula indicativa de inexistência de remuneração de seus dirigentes); documento
comprobatório de que a instituição existe há, no mínimo, três anos (inclusive provando que neste
período não houve remuneração de seus dirigentes); cartão do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas
Jurídicas; atestado de autoridade local (Prefeito, Juiz de Direito ou Delegado de Polícia), sobre o
legítimo funcionamento da instituição nos três anos anteriores; cópia autenticada da Ata de Eleição
e Posse do atual quadro de diretoria e conselhos; qualificação completa do atual quadro de diretoria e
conselhos, com respectivos atestados de idoneidade moral, a ser assinado por autoridade; declaração
da instituição requerente, se obrigando a publicar, anualmente, o demonstrativo de receitas e
despesas realizadas no período anterior (quando esta receber recursos do Governo Federal); relatório
das atividades desenvolvidas nos três anos anteriores, acompanhados dos demonstrativos contábeis
daqueles exercícios.

168
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Observação

As fundações devem apresentar ainda: cópia autenticada da escritura


pública de instituição da Fundação, cópia autenticada da aprovação do
Estatuto Social (pela Curadoria de Fundações – Ministério Público) e cópia
autenticada da aprovação dos demonstrativos financeiros dos últimos
três anos (pela Curadoria de Fundações – Ministério Público). No caso da
requerente ser uma APAE, então esta deverá enviar também uma cópia
autenticada do Certificado de Registro, fornecido pela Federação Nacional
das APAEs.

Saiba mais

Para saber mais sobre a obtenção do Título de Utilidade Pública, bem como
ter acesso aos diversos modelos de documentos requeridos, acesse: <http://
www.mj.gov.br>.

As instituições são obrigadas a apresentar (anualmente), ao Ministério da Justiça, até o dia 30 de


abril, relatório de atividades do ano anterior, juntamente com os demonstrativos contábeis, sob pena
de cassação do título. No âmbito dos municípios e Estados, são concedidos os Títulos de Utilidade
Pública Municipal e Estadual, obedecendo a suas legislações específicas.

8.4.9 Qualificações de OTS: Título de OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

As OSCIPs gozam de alguns benefícios que as diferenciam de outras OTS, facilitando o desenvolvimento
de parcerias com o poder público e com outras organizações privadas, com ou sem finalidades lucrativas.

As OSCIPs podem estabelecer relações de cooperação com o poder público (municipal, estadual ou
federal) por meio do Termo de Parceria (criado pela Lei 9.790/99 e regulamentado pelo Decreto n. 3.100,
de 30 de junho de 1999), que é uma versão simplificada dos convênios.

Por outro lado, exige‑se que sejam publicados em Diário Oficial os seguintes documentos: Extrato
de Termo de Parceria (pelo poder público), Regulamento de Execução Financeira – procedimento para as
compras (pela OSCIP) e Extrato da Execução Física e Financeira – relatório final (pela OSCIP). Também se
exige o cumprimento da Lei das Licitações (Lei 8.666, de 21/6/1993).

As OSCIPs são isentas do Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas, mas não lhes é concedida
isenção de alíquota patronal do INSS, como no caso das OTS qualificadas como filantrópicas (Entidade
Beneficente de Assistência Social).

169
Unidade III

A Lei 9.790/99 instituiu a possibilidade de intervenção do Ministério Público nos bens patrimoniais
e financeiros dos dirigentes de OSCIPs que incorram em crimes de apropriação indevida ou falta de
prestação de contas de recursos oriundos do poder público.

8.4.10 Procedimentos para a qualificação

Para a qualificação como OSCIP, a OTS deverá encaminhar requerimento por escrito ao Ministério
da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos documentos: Ata de Criação, Eleição e Posse da
Primeira Diretoria e Conselho Fiscal; Estatuto Social, devidamente registrado; Ata de eleição e posse da
atual Diretoria e Conselho Fiscal; inscrição no CNPJ; balanço patrimonial e demonstração do resultado
do exercício; declaração de isenção do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas; qualificação da atual
Diretoria e Conselho Fiscal.

De acordo com a lei, o Ministério da Justiça decidirá sobre a qualificação da OTS, no prazo de trinta
dias (contados do recebimento do requerimento), sendo que nos próximos 15 dias haverá a publicação
em Diário Oficial do processo de deferimento ou indeferimento da referida qualificação.

Pode‑se concluir que a qualificação de OSCIP é muito importante e garante maior credibilidade às
associações, fator que se traduz em maior facilidade de gestão, mas também em maiores responsabilidades.

8.5 Certificado de Entidade Beneficente da Assistência Social (CEBAS)

A Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social), no seu Capítulo III,
detalha a organização das ações de assistência social no Brasil, deixando claro que o terceiro setor faz
parte da rede de atendimento social brasileira. O Art. 6.º afirma que:

[...] as ações na área de assistência social são organizadas em sistema


descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações
de assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e
recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos
diversos setores da sociedade.

Para que as OTS possam atuar de maneira legítima no âmbito da assistência social, se faz necessária
sua prévia inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social (de acordo com o Art. 9º da Lei 8.742, de
1993), sendo que esta inscrição é condição básica para o encaminhamento de solicitação de certificado
de fins filantrópicos junto ao Conselho Nacional de Assistência Social.

O Decreto 2.536, de 6 de abril de 1998, destaca que são consideradas entidades beneficentes de
assistência social as pessoas jurídicas de direito privado, sem finalidades lucrativas, que atuem com o
objetivo de:

I. proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice;

II. amparar crianças e adolescentes carentes;


170
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

III. promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas


portadoras de deficiências;

IV. promover, gratuitamente, assistência educacional ou de saúde;

V. promover a integração ao mercado de trabalho.

O CNAS expede o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Certificado de


Fins Filantrópicos), com validade de três anos, às organizações que demonstrarem, em expediente
de requerimento: estar legalmente constituída funcionando há no mínimo três anos; estar
previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho Estadual de
Assistência Social; estar previamente registrada no CNAS; aplicar seus recursos exclusivamente
em atividades no território nacional; dar a correta aplicação de seus recursos (aos fins previstos);
aplicar anualmente, em atendimentos gratuitos, no mínimo 20% de sua receita bruta; não
distribuir resultados financeiros nem remunerar seus dirigentes; seja declarada de utilidade
pública federal.

A entidade deverá apresentar juntamente com a documentação descrita: balanço patrimonial,


demonstração de resultado do exercício, demonstração de mutação do patrimônio, demonstração das
origens e aplicações de recursos e notas explicativas.

É importante destacar, ao final desta aula, que embora burocratizadas pela necessidade de se
documentar muito bem o processo de solicitação (junto aos órgãos competentes), as qualificações são
mecanismos públicos amparados por ampla legislação, e referendados pela Constituição Federal. Esses
procedimentos trazem maior transparência e legitimidade às organizações do terceiro setor que atuam
no atendimento às demandas da sociedade.

8.6 Gestão de organizações do terceiro setor

A história da sociedade, ao final do período do liberalismo econômico e nos desenhos


keynesianos que se seguiram, apontam para uma convergência de métodos de gestão, tanto para
empresas quanto para instituições sem finalidades lucrativas, pois da mesma forma precisam
administrar recursos com o máximo de economia e eficiência, para que sejam suficientes ao
alcance das metas estabelecidas.

A competitividade entre as empresas sempre as impeliu a buscar elevados níveis de eficiência de


gestão. Da mesma forma, o Estado tem trilhado caminhos para a maximização de níveis de eficácia,
eficiência e efetividade e isso se expressa pela Lei de Responsabilidade Fiscal. No terceiro setor, um
composto de diferentes motivos leva as suas organizações a buscar qualidade na sua administração,
entre eles: o idealismo, a competitividade na busca de parcerias, a manutenção do quadro de usuários
de seus projetos e a responsabilidade civil atribuída aos dirigentes.

171
Unidade III

8.6.1 Funções administrativas

As funções administrativas descritas por Henry Fayol (1841‑1925) permanecem sendo seguidas pela
moderna administração, sendo composta pelo planejamento, organização, execução e controle.

Ao planejamento cabe o estabelecimento de objetivos, atividades e recursos necessários à execução


das ações. Como principais técnicas, são utilizados o Plano de Trabalho, o Cronograma e o Gráfico de
Gant.

A organização é o estabelecimento de procedimentos para a execução de ações que levem às metas


e objetivos estabelecidos no planejamento.

A execução é a realização das atividades (na prática), devendo ser dividida em outras ações como
direção, participação, comunicação e coordenação.

O controle é o mecanismo que propicia a comparação entre o que está sendo executado e produzido
com o que havia sido planejado anteriormente.

8.6.2 Instrumentos de gestão no terceiro setor

Para que a gestão das organizações do terceiro setor seja efetivada com sucesso, faz se necessária a
observância de alguns elementos comumente estudados no âmbito da administração, mas que devem
instrumentalizar também outras áreas do conhecimento.

O perfil da administração

O gestor ou administrador de uma organização do terceiro setor deverá zelar sempre pela conduta
profissional de suas tarefas, o que equivale a dizer que deverá reduzir ao máximo o improviso, pautando‑se
na função planejamento, já descrita. O gestor deve sempre priorizar a atuação ética e de acordo com as
legislações brasileiras, em especial a tributária, a previdenciária, a trabalhista e as específicas do terceiro
setor. Também deverá potencializar a atuação dos associados para que a organização se fortaleça pela
vontade de todos e não de pequenos grupos ou da diretoria, lembrando‑se de que à diretoria cabe a
execução das decisões e vontade da assembleia geral de associados. Nesse sentido, Costa (1992, p. 18)
destaca que:

[...] o gerente é o centralizador das atividades e do relacionamento da


entidade com os associados e vice‑versa e funciona como o ponto de
equilíbrio entre a diretoria e os funcionários. Como se pode ver, faz o papel
da ostra na luta entre o mar e o rochedo.

Entre as características do gestor de organizações do terceiro setor, deve‑se destacar: ter ética e
postura profissional; saber o que está fazendo e atualizar‑se sempre; evitar negociações ou fechamento
de parcerias sozinho; prestar contas de suas ações e utilizações de recursos (independentemente do
cargo que ocupa); agir sempre na legalidade.
172
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Livros‑ata

Os livros de registro de deliberações dos grupos constituídos devem estar rigorosamente cuidados,
isto é, as reuniões de diretoria, de conselho fiscal e de assembleias gerais devem ser registradas em
livro‑ata específico (com paginação numerada e contínua) ou em folhas avulsas com texto digitado
e impresso. É importantíssimo salientar que as decisões registradas em atas somente passam a ter
validade efetiva após a lavratura da mesma no Livro A1 de Pessoas Jurídicas, no Cartório de Notas da
cidade sede da OTS.

Toda ata deve iniciar‑se com a descrição do motivo (pauta que constou da convocatória), local, data
e horário (inclusive se foi realizada em segunda chamada, por falta de quórum no horário marcado). As
atas devem ser redigidas de maneira clara e objetiva, sem omissões de falas importantes, mesmo que
estas não sejam interessantes à atual gestão. Também não deve ser omitida, em hipótese alguma, a
relação nominal dos presentes. Recomenda‑se que a ata de criação, aprovação do estatuto, bem como
de eleição e posse da diretoria e conselhos seja assinada por todos os presentes, tendo posteriormente
suas assinaturas reconhecidas em cartório. As demais atas podem ser assinadas apenas pelo Presidente
e Secretário (ou cargos similares).

É necessário o atendimento a algumas especificidades, como a contratação de assessoria de um


advogado para que este acompanhe todo o procedimento de criação de uma OTS e de um contador para
o acompanhamento administrativo.

Certidões Negativas de Débito – CND

Várias obrigações legais precisam ser observadas, a princípio, as OTS são obrigadas ao recolhimento
de FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o que gera a necessidade de encaminhamento de
documentos mensais à Caixa Econômica Federal (hoje, por meio do Programa de Conectividade Social),
assim como da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais.

A correta gestão desse sistema permitirá a emissão (pela internet – em qualquer local do mundo) do
CRF – Certidão de Regularidade do FGTS.

Saiba mais

Para mais detalhes e consultas, acesse: <http://www.caixa.gov.br>.

Junto ao INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social, havendo pagamento das contribuições
previdenciárias devidas e atualização documental (por exemplo, entrega de cópia de ata de posse da
nova diretoria, quando o mandato anterior vencer), poderá ser expedido (também pela internet) a
CND – Certidão Negativa de Débitos.

173
Unidade III

Saiba mais

Para mais detalhes e consultas, acesse: <http://www.inss.gov.br>.

Lembrete

O Ministério da Fazenda, por meio da Receita Federal, é quem expedirá


a Certidão Conjunta de Inexistência de Débitos da União, condicionada
à correta condução documental junto àquele ministério, bem como à
Declaração Anual de Imposto de Renda.

Saiba mais

Para mais detalhes e consultas a respeito da expedição da Certidão


Conjunta de Inexistência de Débitos da União, acesse: <http://www.receita.
fazenda.gov.br>.

Nos âmbitos estadual e municipal, as Certidões Negativas de Débito seguem procedimentos de cada
estado e município. É sempre bom salientar que a participação das organizações em quaisquer editais
públicos (e mesmo com recursos provenientes do terceiro setor) é condicionada a apresentação das
certidões negativas.

Por fim, dentro das considerações contábeis destacam‑se os seguintes lembretes: utilize sempre
cópias de cheques; reduza o movimento de caixa, priorizando o pagamento com cheques; adote
recibo numerado (impressos em gráfica) para mensalidades de associados; nas compras que forem
realizadas, prefira notas fiscais completas (com campo para CNPJ) e observe se o fornecedor está
completando todos os campos em sua frente. Observe também se ele está utilizando carbono de
dupla face (é melhor para efeitos de comprovação de despesas junto ao poder público); leia o manual
de prestação de contas do órgão que está financiando ação ou projeto na organização do terceiro
setor (antes de realizar despesas).

8.6.3 Gestão social

Após os estudos técnicos realizados sobre a administração de organizações do terceiro setor, vale
ressaltar que o perfil profissional do gestor deve ser o mais versátil possível, para que tenha condições de
realizar pequenas decisões cotidianas, conduzir pessoas e tomar grandes decisões, neste sentido, aplica‑se
a definição de gestor social, trazido por Fischer (2002, p. 30), que é “um mediador multiqualificado,
situando‑se em um contínuo que vai da capacidade de dar respostas eficazes eficientes às situações
cotidianas a de enfrentar problemas de alta complexidade”. Assim denota‑se que frente à rede de
174
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

relações interinstitucionais, atualmente estabelecida nos microterritórios, a postura do gestor das OTS
deve estar voltada a aspectos multirreferenciais que vão além dos limites formativos do Serviço Social.

A gestão social se estabelece nesse campo como uma opção importante para o desenvolvimento
das ações gerenciais nas organizações do terceiro setor, pois abarca os instrumentais da administração,
mantendo em um primeiro plano a necessária adoção da ética e de princípios de relações humanas.
Assim são priorizados conceitos como a condição humana dos usuários, o entendimento e valorização
dos esforços sociocomunitários e a relevância da inserção de empresas no codesenvolvimento de
programas e projetos de atendimento às demandas da sociedade.

Note que a gestão no terceiro setor ainda é um campo profissional em grande expansão, pois os
desenhos jurídicos são recentes e as demandas extrapolam os limites de atendimento, além da resistência
estabelecida por parte dos profissionais de diversas áreas, especialmente da administração e do Serviço
Social, a adentrarem este setor do trabalho.

8.7 Desafios do terceiro setor: legitimidade

Como toda organização possui uma história, uma situação atual (status) e muitas possibilidades, o
seu diagnóstico, pautado em uma leitura contextualizada da realidade, destaca formatação de pontos
fortes e pontos fracos, ameaças e oportunidades.

Nesse sentido, considerando a caracterização social das OTS (pautada na livre iniciativa e na liberdade
associativa) e em sua caracterização jurídica, alguns desafios são mais relevantes, como o desafio da
legalidade e legitimidade, desafio da eficiência, desafio da sustentabilidade e desafio da cooperação.

A princípio, na criação e na manutenção de uma OTS, as primeiras preocupações se reportam à


necessidade de manter‑se legitimada junto à sociedade, ao mesmo tempo em que se cumpram todas
as exigências da lei. Nesse sentido, é pertinente que a aula anterior seja desdobrada em conteúdos mais
específicos que possam subsidiar o gestor para que suas ações cotidianas estejam respaldadas.

8.7.1 Legalidade

Desde o momento da convocatória de interessados em participar de uma reunião livre para a discussão
em prol da criação de uma OTS, já se iniciam alguns procedimentos de legalização da instituição. Mas a
legalização inicial de uma associação, fundação ou cooperativa (ou outra forma jurídica de instituição
sem finalidades lucrativas) representa apenas a ponta do iceberg dos trabalhos cotidianos para manter
a organização legalizada.

Um bom começo é desenvolver mecanismos de comunicação prévia aos associados sobre as


assembleias gerais (de, no mínimo, 15 dias), pois as decisões tomadas por essa instância sem a comunicação
dos associados podem ser contestadas. Usualmente, as organizações utilizam‑se de publicação de
editais nos jornais de circulação ou diários oficiais, mas quando está instalada em pequenas localidades
se tornam funcionais mecanismos como o carro de som e os avisos fixados em supermercados, escolas,
agência dos correios e prefeitura.
175
Unidade III

Em nenhum dos dois casos deve ser suprimida a fixação de edital de convocação no quadro de avisos
da sede da organização.

As assembleias devem pautar‑se pela rigorosa obediência às disposições estatutárias, em especial


do capítulo que trata dos poderes e da organização dessas reuniões. Obedecer ao horário estabelecido
no edital de convocação (e, na segunda chamada, quando for o caso) e deixar que os associados
manifestem‑se e apontem suas opiniões faz da assembleia geral um espaço legítimo.

É importante destacar que a assembleia geral é a instância mais poderosa da organização e, embora
a maioria dos gestores contradiga, a diretoria executiva e o conselho fiscal são instâncias inferiores no
organograma. Assim, as decisões de assembleia geral são as mais fortes, inclusive cabendo a ela o poder
de estabelecer alterações estatutárias, aprovar contas e condutas administrativas, incluir ou excluir
associados, eleger e destituir diretores e conselheiros.

As parcerias e convênios devem ser documentados e quando forem vultosos (proporcionalmente à


organização do terceiro setor) devem, preferencialmente, ser aprovadas pela Assembleia Geral.

As prestações de contas de convênios costumam ser complexas e cheias de detalhes.

Nesse sentido, torna‑se importante a leitura preliminar do manual de prestações de contas da


instituição financiadora (ou parceira).

Por fim, o respeito às determinações legais definidas pelas instituições qualificadoras (Ministério da
Justiça, no caso das OSCIPs; Conselho Nacional de Assistência Social, no caso das Entidades Beneficentes
de Assistência Social) deve ser alvo de bastante atenção.

8.7.2 Legitimidade

A partir da definição de que as OTS são agrupamentos livres e voluntários de pessoas em torno de
um ideal ou objetivo comum, como a associação de moradores, de pais ou organização ambientalista,
destaca‑se a necessidade de que esta seja sempre transparente a seus associados (e por extensão à
sociedade civil). Neste sentido, deverá manter sua participação continuada, para isso deverá prover‑se
de sistemas lícitos de prestação de contas, assembleias, eleições, de atuação do Conselho Fiscal e de
publicação de resultados.

Para elevar o grau de legitimidade e fortalecer a participação nas organizações do terceiro setor,
a Lei 9.790/99 (Lei do Terceiro Setor) proíbe no âmbito das OSCIPs a sua utilização com finalidades
político‑partidárias ou de cunho religioso.

Em muitos casos, o que se observa é que devido ao alto grau de confiança entre os associados,
mecanismos burocráticos ou formalidades são suprimidos elevando‑se o risco de ação dentro do prisma
da ilegalidade.

A convocatória para assembleias gerais, a cópia de cheques, a publicação de resultados de eleição e


posse de diretoria são exemplos de formalidades que devem ser adotadas.
176
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Pode‑se concluir, nesta aula, que a gestão de OTS é um desafio, principalmente pela falta de
conhecimento e de tempo dos seus gestores. De fato, o processo é burocrático e exige atenção e
consultas bibliográficas. Este acaba sendo um fator decisivo para que muitas organizações se encontrem
em situação de ilegalidade. Por outro lado, ainda é comum, principalmente em cidades interioranas,
a composição de atas de assembleias que não existiram e de reuniões sem convocatória ou anúncio
preliminar de pauta, aumentando a ilegitimidade de boa parte das OTS.

8.7.3 Eficiência

O desafio da eficiência já perpassou nossos estudos anteriores, pois ser eficiente na administração
é conseguir vencer os processos de gerenciamento, incluindo os procedimentos burocráticos. Porém,
dentro do terceiro setor, a eficiência na gestão passa também pela superação de dificuldades ainda
maiores, como o planejamento de ações, a articulação com outras organizações (inclusive de outros
setores), a economia de recursos, a gestão das pessoas envolvidas e o desenvolvimento do capital
reputacional da organização.

Eficácia, eficiência e efetividade

Para iniciar esta temática, é necessário que se reconheça a diferença entre eficácia, eficiência e
efetividade. Essa é a condição para que o estudo sobre este desafio possa acontecer sem maiores
dificuldades. Cientistas da área de gestão e de administração afirmam que as organizações devem ser
avaliadas de acordo com o seu grau de eficácia e eficiência, destacando as melhores metodologias de
gestão. Chiavenato (2001, p. 196) ensina que:

[...] cada organização deve ser considerada do ponto de vista de eficácia


e de eficiência, simultaneamente. Eficácia é uma medida do alcance de
resultados, enquanto eficiência é uma medida da utilização dos recursos
nesse processo. Em termos econômicos, a eficácia de uma empresa refere‑se
a sua capacidade de satisfazer uma necessidade da sociedade por meio do
suprimento de seus produtos (bens), enquanto a eficiência é uma relação
técnica entre entradas e saídas.

No âmbito do Serviço Social, a leitura e o entendimento acerca da eficácia tornam‑se prática na


mensuração do alcance das metas e objetivos, sempre dentro de uma abordagem mais quantitativa, por
exemplo, a relação percentual de concluintes de um curso.

Lembrete

A eficiência, por sua vez, remete a uma análise de aproveitamento


dos recursos investidos, desde os recursos concretos e materiais (material
pedagógico, energia, horas‑aula) até o tempo da atenção dos usuários, que
foi ocupado pelo curso, de modo a responder às seguintes perguntas: quais
foram os ganhos? O que realmente aprendeu?
177
Unidade III

Observação

A efetividade já se constitui em um desdobramento da eficiência sobre


o tempo posterior ao investimento. Tomemos por exemplo a observação
de que a relação jovem‑escola melhorou após sua participação em um
programa social, a renda familiar foi acrescida após a participação do pai
de família desempregado em um programa de geração de renda.

Assim, dentro do prisma e do entendimento desse desafio, o termo eficiência acaba representando
o conjunto eficácia, eficiência e efetividade.

O desdobramento desses conceitos revela que a gestão no terceiro setor (assim como em organizações
dos dois outros setores), para simplesmente cumprir as metas estabelecidas pela OTS, tem a necessidade
de economizar recursos, gerir pessoas e escalonar investimentos, para que as ações simplesmente sejam
concluídas com êxito. Mas o que parece simples pode ser extremamente complexo aos olhos da maioria
dos gestores de OTS que não passaram pela formação acadêmica e que não conhecem, por exemplo, um
cronograma ou uma planilha orçamentária.

A eficiência remete ao domínio de conceitos de diversas áreas da formação humana, às vezes do


Serviço Social, outras da pedagogia, psicologia ou mesmo dentro da especificidade da biologia. Afinal
a eficiência de um projeto socioambiental desenvolvido em uma reserva quilombola na Mata Atlântica
brasileira, tendo como objeto a implementação de viveiros de palmito‑juçara, perpassará pela análise
qualitativa das relações sociocomunitárias estabelecidas, pela metodologia das capacitações e pelo bom
desempenho do viveiro, como instrumento de multiplicação vegetal.

Como se pode notar, a condução de um processo eficiente remete à multidisciplinaridade e ao


diálogo interprofissional, desvelando‑se em um conjunto de conhecimentos intangíveis à liderança e
aos membros da maioria das OTS.

Assim o domínio de ferramentas de gestão administrativa, que possam aliar‑se às fundamentações


teóricas das diversas áreas da formação humana, acaba constituindo‑se em um dos mais difíceis desafios
a serem superados.

O novo cenário que está posto, onde as OTS se organizam em redes para a promoção de suas
atividades‑fim, traz destaque especial à necessidade de que estas organizações estabeleçam seus
planos de negócio. Como o terceiro setor não possui fontes seguras de recursos precisam pautar seus
projetos em desenvolvimento de parcerias e captações de recursos, em que se exigem parâmetros de
sustentabilidade ao projeto.

A sustentabilidade, que se torna fator preponderante nos projetos e ações por garantir o surgimento
dos agentes financiadores, traz consigo a necessidade do estabelecimento de mecanismos de avaliação
do processo, para que garanta a efetividade, sobre a qual a primeira se fundamenta.

178
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Assim, a busca da eficiência requer o entendimento que o projeto social (socioambiental, cultural
etc.) acaba sendo esmerado para a máxima qualidade, ou seja, tende a ser extremamente competitivo.

Também é verdade que as instituições financiadoras, entre elas o poder público, buscam parcerias
com as melhores instituições, que estejam legalizadas, legitimadas na sociedade e sejam eficientes ou,
se preferir, competitivas.

É importante considerar, ao final desta aula, que a gestão de OTS tem elevado o desafio da eficiência
à medida que os usuários dos projetos e ações desenvolvidas passam a conhecer e a cobrar seus direitos,
muitas vezes movidos por outras OTS, que atuam especificamente no campo da promoção dos direitos
humanos e da justiça.

8.7.4 Sustentabilidade

Para se superar o desafio da sustentabilidade, quer seja pelo quadro de pessoal ou pelo acesso aos
recursos financeiros necessários, é preciso que sejam observados alguns elementos básicos.

Valorizar o pequeno

É imprescindível que todas as pessoas que atuam na OTS estejam motivadas para agirem como
corresponsáveis pela captação de recursos, pois a qualquer tempo serão deparadas com a doação de um
quilo de açúcar, de dez reais ou mesmo pela visita surpresa de um grande financiador. Neste sentido, a
motivação dos gestores, trabalhadores e voluntários em participar dos trabalhos e o desenvolvimento
da visão holística em cada um deles é muito importante, para que saibam como funciona a organização,
da importância dos colaboradores externos, entre outros aspectos. Sobre isso, Cruz e Estraviz (2000, p.
17) afirmam que:

[...] quantas vezes apareceu em sua organização alguém interessado em ajudar


e não houve novo contato? É comum encontrarmos pessoas que dizem:
“Gostaria muito de ajudar, como posso fazer?”. Sua instituição precisa estar
preparada para receber ofertas de doações e sobretudo para estimular que
elas ocorram. Aproveite este momento em que a pessoa se dispôs a ajudar,
dizendo: “Sua contribuição é muito importante para nós. Temos certeza que
você poderia nos ajudar de diversas formas. Por enquanto, sugiro que você
contribua com R$ 10,00 por mês e assim passará a receber nosso informativo
contando as novidades. Você pode pagar através de cartão de crédito, conta
de telefone ou débito automático em conta. Assine aqui, por favor”.

Nesse sentido, a OTS deve sempre estar preparada para acolher pequenas doações (como o quilo
de açúcar) ou a pequena colaboração prática (como estagiário ou voluntário), criando‑se o sentido de
cooperação entre os diversos níveis da organização e comunidade.

Muitas vezes, uma senhora aposentada, que aparentemente pouco pode ajudar em uma creche,
pode desencadear uma rede de contatos e preencher um salão comunitário para várias rodadas de um
179
Unidade III

sorteio, rifa ou bingo beneficente. Mas muito além disso, importante papel social é desenvolvido pelas
OTS ao propiciar o empreendedorismo e a filantropia entre as pessoas.

Negociar com os Grandes

Muitas vezes os gestores das organizações do terceiro setor, quando buscam o estabelecimento de
parcerias, visando à sua sustentabilidade, assumem características de subalternidade perante o poder
público, o mercado e mesmo outras organizações do terceiro setor. Contemporaneamente, dada a
grande contribuição do terceiro setor e de suas organizações para com a sociedade, aliada à seriedade e
à transparência de gestão (da maioria das OTS), criaram um novo panorama de cooperação.

Em muitos casos, a empresa tem um imenso retorno reputacional ao investir em projetos


desenvolvidos por organizações do terceiro setor, assim como o Estado passou a concebê‑las como
grandes parceiras no atendimento das demandas sociais em localidades onde o poder público ainda tem
precárias condições de atendimento.

Resumo

Nesta unidade, você, aluno, estudou que a constituição de OTS surge como
alternativa à precariedade ou falta de atendimento às demandas sociais pelo
poder público. Também foi estudado que a Igreja, historicamente, foi o berço
das associações a partir de seus trabalhos de assistência e ajuda humanitária.

Vimos a Constituição Federal que trata da liberdade de Associativismo


no Brasil, você viu a especificidade de aspectos legais, ligados à criação de
uma OTS, que devem ser obrigatoriamente observados.

Você, ainda, conheceu alguns aspectos ligados à sistematização do


funcionamento do Conselho Fiscal nas OTS e à proibição de parentes na
composição de diretoria.

Na área trabalhista, você entendeu que o gestor e o profissional do


terceiro setor devem atentar para as rotinas do departamento de pessoal e
que a absorção do serviço voluntário merece cautela cotidiana para não se
gerarem obrigações trabalhistas.

Estudamos a Igreja como instituição integrante do terceiro setor, assim


como os sindicatos e as federações de trabalhadores. Já no tópico em
que foi abordada a gestão de cooperativas, estudou a definição segundo
a Aliança Cooperativa Internacional, do mesmo modo que conheceu a
definição de fundação.

180
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Devido à expressão quantitativa, você estudou mais profundamente


a associação, inclusive o passo a passo para a correta criação de uma
associação, já prevendo a possibilidade de suas qualificações concedidas
pelo poder público: o Título de Utilidade Pública e o Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social. Foram estudados aspectos práticos
de gestão e procedimentos de requerimento para que a organização do
terceiro setor obtenha tais qualificações.

Estudamos os benefícios da qualificação como OSCIP – Organização


da Sociedade Civil de Interesse Público –, principalmente o diferencial
das OTS assim qualificadas, para o estabelecimento de Termos de
Parcerias. Por outro lado, você observou que existem maiores exigências
quanto à transparência na gestão dessas OTS, como também maior
rigidez na punição de seus dirigentes, caso existam indícios de fraude
contra o patrimônio público.

Você conheceu os procedimentos para a qualificação de uma OTS como


OSCIP, além de estudar as funções básicas da administração, você adentrou
o universo de gestão de uma organização do terceiro setor. O estudo sobre
a elaboração e o registro de atas se faz fundamental à gestão nesse setor,
bem como a manutenção de credibilidade por meio das certidões negativas
(FGTS, INSS, União, Estado e município), afinal qualquer pessoa interessada
no perfil de uma determinada organização tem acesso a tais CND, sem
necessidade de senha, bastando a digitação do CNPJ. Por fim, o perfil do
gestor de organizações do terceiro setor, em consonância com a definição
de gestor social, impele cada vez mais a administração a assumir a gestão
social como sentido de atuação.

Outro tópico importante foi a gestão de organizações do terceiro


setor relacionados especificamente ao desafio da legitimidade e da
legalidade, podendo entender a importância dos procedimentos
administrativos neste contexto. Você pôde observar que a gestão no
dia a dia não é tão simples e que, conjugada ao pouco tempo voluntário
das pessoas (trabalhadoras) e à sua falta de informação, pode culminar
no agigantamento de uma lista de OTS que esbarram no desafio da
legalidade e da legitimidade. Por fim, você pôde iniciar uma leitura
e reflexão acerca da responsabilidade do assistente social de difundir
boas práticas de gestão, bem como auxiliar no entendimento das leis
brasileiras.

Por fim, você estudou a diferenciação prática de eficácia, eficiência


e efetividade e notou o quanto a superação do desafio da eficiência
perpassa pelo conhecimento de instrumentais de gestão como o
cronograma e as planilhas orçamentárias. Em uma visão prática, você
181
Unidade III

notou como o trabalho interprofissional pôde ampliar os níveis de


eficiência das ações desenvolvidas no âmbito do terceiro setor.

Exercícios
Questão 1. Examine a notícia a seguir, publicada em setembro de 2013:

Inflação atinge diretamente os índices de desemprego no Brasil

Professor Kiko Santos contou a relação entre o preço e a economia. Desempregos


conjuntural e tecnológico foram abordados.

A variação dos índices de inflação afeta diretamente a economia de um país, refletindo em


indicadores como o de desemprego. Em feiras e supermercados, é comum notar uma mudança
no preço de alguns produtos num curto espaço de tempo. O assunto foi tema da reportagem de
geografia do Projeto Educação, nesta quarta-feira (4).

Toda semana, o dentista João Vieira realiza compras na feira de Casa Amarela, na Zona Norte
do Recife. Em sua lista de compras, não faltam frutas e verduras, que, segundo ele, estão cada
vez mais caras. “Eu pago mais e levo menos. Tenho nem mais precisado de carregador, levo na
mão mesmo”, contou. O preço de alguns produtos, como o tomate e a batata, varia quase todos
os dias.

Caso os produtos estejam mais caros, pode ser um sinal de inflação. “A inflação é um aumento
generalizado do nível de preço. Não é apenas o aumento de um produto ou outro, localizado.
Mas, sim, quando os preços em geral começam a aumentar. O dinheiro vale menos porque ele
pode comprar menos produtos. Então, se você tinha 100 reais e comprava determinada cesta de
produtos, você, com os mesmos 100, vai comprar uma feira com quantidade menor de produtos”,
destacou o economista José Alexandre.

A inflação é um assunto de grande interesse para a geografia, porque está diretamente ligada
ao desemprego. “A inflação leva ao aumento do preço. Com esse aumento, o consumo diminui.
Com o consumo diminuído, a necessidade de mão de obra, tanto na área produtiva como de
comércio, diminui. Tudo isso gera o desemprego. Com a redução do consumo, o comércio vende
menos, a indústria produz menos, e a quantidade de mão de obra, tanto braçal quanto intelectual,
diminui”, salientou o professor Kiko Santos.

Existem dois tipos de desemprego. Um deles é o conjuntural. “Esses empregos são gerados
por momentos oscilantes da economia. Eles dependem da conjuntura econômica, que pode ser
local ou mundial. Eles são flutuantes, com momentos maiores e menores. Por exemplo, a Europa
passa por uma recessão, e o desemprego da Espanha está muito elevado. Se a economia voltar a
crescer, a geração volta a crescer também”, disse o professor.

182
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Há ainda o desemprego estrutural ou tecnológico, que é o relacionado ao uso de novas


tecnologias, tanto na agricultura quanto no comércio e na indústria. “A tecnologia substitui mão
de obra braçal. Além de reduzir essa necessidade de mão de obra, exige ainda uma qualificação
profissional. Claro que eles variam em regiões mais desenvolvidas e menos desenvolvidas, de
acordo com o grau de tecnologia usado na área de produção”, destacou Kiko.

Com o aumento do desemprego, surge o chamado trabalho informal, muito


comum nas grandes cidades do Brasil. “Isso ainda é presente no dia a dia da economia
brasileira. Mesmo sendo irregular, ainda atende ao anseio da remuneração como forma
de sobrevivência de grande parte dos trabalhadores, que ficam isentos de algumas
garantias trabalhistas. Mas a necessidade leva a aceitarem essa forma de relação de
trabalho”, finalizou o professor.
(G1, 2013)

A notícia menciona diversos fenômenos sociais gerados a partir da emersão da doutrina neoliberal e
das mudanças operacionalizadas no processo de trabalho. Entre eles podemos citar:

I - O desemprego estrutural, sobretudo em decorrência da mudança no padrão do processo produtivo.

II - A diminuição da desigualdade social, potencializada pela ampliação do serviço terceirizado e pelo


aumento do trabalho na prestação de serviços.

III - A ampliação do trabalho informal ou terceirizado, que resulta na perda dos direitos trabalhistas.

IV - O fortalecimento do desenvolvimento capitalista, caminhando em direção a um novo processo


de acumulação.

V - A elevação dos níveis de emprego formais e, consequentemente, a manutenção dos direitos


sociais trabalhistas.

Assinale a alternativa correta:

A) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

B) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.

C) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas.

D) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

E) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.

Resposta correta: alternativa D.

183
Unidade III

Análise das afirmativas

I - Afirmativa correta.

Justificativa: as mudanças no processo produtivo incluem a inserção de novas tecnologias com


o objetivo de maximizar o lucro das empresas capitalistas. No entanto, essa inovação tecnológica,
respaldada pela internet e pela robótica, conduz os trabalhadores ao desemprego, na medida em que
há uma tendência à substituição do trabalho vivo pelo trabalho das novas tecnologias, ou pelo trabalho
morto. Assim, há uma ampliação dos níveis de desemprego estrutural.

II - Afirmativa incorreta.

Justificativa: infelizmente as mudanças no processo produtivo não resultaram na melhoria dos níveis
de desigualdade social e de pobreza; ao contrário, a partir dos processos de reestruturação produtiva
assistimos à ampliação das desigualdades sociais, com a substancial elevação da pobreza e das outras
expressões da questão social geradas pela sociedade capitalista.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: a partir das mudanças no processo produtivo ocorreu a ampliação do trabalho


terceirizado e informal. Essas modalidades de trabalho se caracterizam pela perda dos direitos sociais
e trabalhistas conquistados pela classe trabalhadora. Há casos em que os trabalhadores não possuem
sequer o registro em carteira de trabalho. Com isso, a classe trabalhadora, além de receber baixos salários,
é penalizada também com a perda da garantia dos direitos trabalhistas.

IV – Afirmativa correta.

Justificativa: apesar de observamos uma precarização da vida da classe trabalhadora como um todo,
sobretudo a partir das mudanças no processo produtivo, observamos também que o sistema capitalista
torna-se mais sustentável e forte com o passar do tempo. Mesmo vivenciando determinadas crises
cíclicas, o capitalismo torna-se cada vez mais hegemônico como formato de produção.

V – Afirmativa incorreta.

Justificativa: as mudanças no processo produtivo colaboraram para a ampliação dos níveis de


desemprego. Houve, ainda, a ampliação do subemprego e do trabalho terceirizado, o que ocasionou a
perda dos direitos trabalhistas.

Questão 2. Leia o poema a seguir, de Sebastião Antonio Baracho:

A JORNADA!

Perdido na noite impura


Sem itinerário definido,
Vagueia a rota criatura
Paria da vida... Desiludo!
184
TEORIAS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Têm calçadas por passarela,


Latões de lixo como baliza.
Portais/camarotes, sequela!
Pôr aplausos, apenas a brisa!

A cada esquina vencida


Arqueiam os seus ombros,
Os pés vacilam na subida
Ao fugir dos escombros.

Para ante o néon.... Absorto!


Igual uma mariposa vencida.
Nas casas, o máximo conforto,
Nele... Um arremedo de vida!

Encosta-se na parede quente,


Nádegas no piso úmido/gelado:
Sauna funesta e inclemente
A dizimar o âmago do coitado.

Somos de deus o retrato


Com reflexo... Positivo!
O homem, em voragem,
Faz do mísero... Negativo!

Sofre a carne do abandonado


Dilacerada na escada da vida,
Chegando ao patamar arrasado
Pêlos percalços da vã subida!

Porém, esgotada a natureza


Da vil matéria lhe doada,
O espírito reluz com realeza
Liberto da casca da jornada.

O afortunado da matéria
Terá dívida... Acumulada,
Por dizimar a miséria
Sobre irmão de jornada!

O poema representa:

A) A chamada nova questão social, gerada a partir do capitalismo apenas na idade do monopólio.

B) As expressões da questão social, potencializadas pelo capitalismo na idade do monopólio.

185
Unidade III

C) O problema de um morador de rua, que, como sabemos, decorre das opções que cada ser humano
faz durante a sua vida.

D) Um fenômeno tipicamente comum nos grandes centros urbanos, que provém apenas da ausência
de planejamento de gestores municipais.

E) O resultado da dependência química, que acomete grande percentual da população brasileira.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: não existe uma “nova questão social”, e sim novas expressões desse fenômeno, que
foram potencializadas a partir do desenvolvimento capitalista na idade do monopólio. A questão social
tornou-se evidente a partir do século XIX e, quanto mais o capitalismo “avança”, mais outras expressões
dessa questão vão sendo geradas.

B) Alternativa correta.

Justificativa: a situação narrada no poema representa apenas uma de muitas expressões geradas
pela sociedade capitalista na contemporaneidade. Como sabemos, a desigualdade social surgiu
desde que o homem adquiriu a propriedade privada, durante a Antiguidade. Porém, cada vez mais,
ao passo que o capitalismo avança, novas expressões dos problemas sociais vão sendo geradas,
sobretudo na fase monopolista.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o poema representa um caso de vulnerabilidade social, em razão da qual a pessoa


retratada permanece na rua. Esse caso é um exemplo das múltiplas formas de expressão da questão
social, gerada pela sociedade capitalista. Não se trata de uma opção individual, e sim de um dos
resultados da sociedade capitalista em sua fase madura e consolidada.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: os problemas sociais são gerados pela sociedade capitalista e independem de intervenção
de gestores municipais. Mesmo que haja essa intervenção, ela não resolverá tais problemas.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: as expressões da questão social são geradas pela sociedade capitalista e são
potencializadas na idade do monopólio. A dependência química é apenas mais uma expressão dos
problemas sociais.
186
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

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197
198
199
200
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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