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11/04/23, 14:38 Expressões contemporâneas da questão social

Expressões contemporâneas da questão


social
Prof. Leonardo Gonçalves de Alvarenga

Descrição

A questão social e suas principais expressões contemporâneas, como a globalização e seus impactos na
América Latina. A desigualdade social no contexto da Quarta Revolução Industrial. A Indústria 4.0 e sua
influência na dinâmica do trabalho.

Propósito

A questão social é de grande importância para o entendimento da realidade envolvendo capital e trabalho.
Este conteúdo é imprescindível para quem está cursando Serviço Social. Sua intervenção se dará
efetivamente mediante compreensão da questão social e suas expressões contemporâneas, como a
globalização e a Quarta Revolução Industrial.

Objetivos
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Módulo 1

Globalização e América Latina


Reconhecer a globalização e seus impactos na América Latina.

Módulo 2

Globalização e desigualdade social


Analisar a globalização e os desafios para a desigualdade social.

Módulo 3

A Quarta Revolução Industrial


Identificar o que é a Quarta Revolução Industrial: a Indústria 4.0 e sua influência na dinâmica do trabalho.

Introdução
O surgimento da questão social está ligado à contradição entre capital e trabalho. Trata-se da
consequência de um domínio do modo capitalista de produção. Entretanto, esse processo de
produção e contradição tem experimentado muitas mudanças que atingem grande parte da
população mundial. Por volta de 1830 foi cunhada a expressão “questão social”, que muitos
pesquisadores têm associado à pobreza das massas populares e às desigualdades sociais geradas
pelo capitalismo. Contudo, ao invés de definir a questão social por meio das suas expressões, a
teoria social de Marx e Engels (2000) nos fornece um instrumental teórico-metodológico capaz de
dar precisão conceitual à expressão “questão social”, definindo-a como a exploração do trabalho
assalariado pelo capital e a luta política do movimento operário contra essa exploração e suas
múltiplas expressões.

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A globalização faz parte desse cenário de novas expressões e transformações da questão social.
São poucas as pessoas que fazem parte dessa rotina e que têm consciência dos efeitos da
globalização sobre o seu cotidiano. A globalização, também chamada de mundialização, é um
fenômeno de caráter econômico que tem relação com a universalização do capital e tem a ver com
um novo ciclo de expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório
mundial. A globalização traz impactos profundos nas políticas, economias e nas culturas do mundo
todo. Por conseguinte, na vida do trabalhador.

Dos avanços atrelados à globalização está a Internet, importante meio de comunicação que está se
tornando cada vez mais popular e que contribui para a “desterritorialização de coisas, gentes e
ideias”. Esse quadro tecnológico fez surgir o que especialistas chamam de Indústria 4.0 ou Quarta
Revolução Industrial. Esta engloba um sistema amplo de tecnologias de última geração, como
Inteligência Artificial, robótica, Internet das Coisas, computação em nuvem etc. Todas essas coisas
estão mudando as formas de produção e modelos de negócios na América Latina e no mundo.

1 - Globalização e América Latina


Ao fim deste módulo, você será capaz de reconhecer a globalização e seus
impactos na América Latina.

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Conceito de globalização
A globalização (SANTOS, 2011) é um fenômeno de diferentes aspectos e com divisões econômicas, sociais,
políticas, culturais, religiosas e jurídicas conectadas por uma estrutura complexa.

Haveria uma eliminação das fronteiras tradicionais no âmbito


nacional, particularizando a diversidade local e étnica.

Essa definição é muito importante para entendermos o significado do fenômeno da globalização e seus
impactos na América Latina.

O continente latino-americano não está isolado de outros países e regiões. Além disso, pode ser
considerado um dos mais atingidos pela globalização. Nosso modo de vida, tipos de trabalho, gostos e até
mesmo performance religiosa (liturgias, cultos) recebem algum tipo de influência de países dominantes
como os Estados Unidos e países europeus. Marcas de celulares/smartphones, eletrodomésticos, roupas
etc. são alguns dos exemplos de um novo padrão de qualidade imposto como sinônimo de status nas
principais cidades de nosso continente.

Starbucks, empresa multinacional norte-americana com a maior cadeia de cafeterias do mundo, uma das marcas que mais simboliza o
alcance da globalização na atualidade.

A globalização é um fenômeno de diferentes aspectos porque atinge várias áreas da nossa vida, não só a
econômica, como veremos a seguir. A estrutura que conecta cada uma das áreas afetadas pela
globalização é complexa, porém, acessível àqueles que se conectam à Internet por computador,
smartphones ou outro dispositivo. Ficamos sabendo da alta da bolsa no Japão em segundos. As tendências
na moda, os avanços tecnológicos chegam em instantes pela televisão ou pela tela de algum outro aparelho
(notebook, smartphone, tablet etc.). As fronteiras tradicionais que exigem passaporte, que fazem revista,
ainda que estejam presentes, não são suficientes para impedir que as informações de outras
nacionalidades e comunidades cheguem a todas as partes. Sendo assim, podemos elencar três aspectos
ou áreas em que a globalização impactou fortemente a América Latina:
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language
Economia
language
Cultura
language
Informação

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As características da globalização
O professor Leonardo Alvarenga apresenta as principais características da globalização, destacando
aspectos econômicos e culturais.

Globalização e impactos econômicos


Um exemplo clássico da globalização - seja para sua efetivação, seja para que algumas nações tenham
condições de posicionarem-se frente a ela - são os chamados blocos econômicos. No caso da América
Latina (IBGE, 2018) temos aqueles blocos formados especificamente por países desse recorte continental
(do México ao Chile) e aqueles blocos formados por países de mais de um recorte continental. Temos, por
exemplo, a Nafta, da qual participa o México (juntamente com Estados Unidos e Canadá) e, no primeiro
caso, a Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru). O mapa a seguir ajuda nessa compreensão:

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Blocos Econômicos 2018.

O Mercosul é o único bloco econômico do qual nosso país é membro. O Mercosul reúne atualmente quatro
países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela foi incorporada, mas, recentemente, encontra-se
suspensa. A Bolívia está em processo de adesão. Questões ideológicas são geralmente suprimidas em
função dos interesses comerciais. Com um processo aberto e dinâmico, o Mercosul desde seu
estabelecimento teve como objetivo principal a criação de um espaço comum com geração de
oportunidades comerciais e de investimentos por meio de uma integração competitiva das economias
nacionais e internacionais.

A república argentina, a república federativa do brasil, a república do paraguai e


a república oriental do uruguai, considerando que, de acordo com o
estabelecido no protocolo de ushuaia sobre compromisso democrático no
mercosul, subscrito em 24 de julho de 1998, têm como condição essencial para
o desenvolvimento do processo de integração a plena vigência das instituições
democráticas; que toda ruptura da ordem democrática constitui obstáculo
inaceitável para a continuidade do processo de integração; decidem: suspender
a república bolivariana da venezuela de todos os direitos e obrigações
inerentes à sua condição de estado parte do mercosul, em conformidade com
o disposto no segundo parágrafo do artigo 5º do protocolo de ushuaia.

(MERCOSUL, 2017)

Em um contexto de políticas desenvolvimentistas e populistas, principalmente a partir dos anos 1950, a


divisão internacional do trabalho vai tomando forma e ocupando espaços por meio da presença de
empresas multinacionais que passaram a operar em setores-chave da estrutura produtiva de países como
Brasil, Argentina e México.

Esse cenário foi propício às elites econômicas desses países, que não mediram esforços em aceitar a
condição de sócias minoritárias na condução de um capitalismo subalterno. Essa associação com o capital
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estrangeiro e com a burguesia industrial desestabilizou qualquer projeto de uma hegemonia na condução do
desenvolvimento nacional.

A dívida externa dos países latino-americanos com os países dominantes do primeiro mundo e fundos
monetários criou maior dependência daqueles em relação a estes. As consequências foram drásticas e
imediatas: desemprego, aumento da miséria, privatização das empresas e serviços públicos, cortes nos
gastos sociais como educação, saúde, moradia e previdência.

Comentário
Nem todos percebem, mas as dívidas externas dos países latino-americanos travam a possibilidade de
desenvolvimento local. Os países pagam mais juros e ficam cada vez mais distantes de solucionar seus
reais problemas. Com isso, as economias centralizadas dos países ricos determinam os rumos da
economia dos países subdesenvolvidos.

No gráfico a seguir, é possível visualizar o aumento da dívida externa da América Latina, de 1980 a 2000.
Por conseguinte, o valor pago em relação à dívida é muito inferior, não alcançando sequer a metade do total.

Dívida externa da América Latina.

Esse aumento da dívida externa pode ser considerado um impacto de grande envergadura da globalização
sobre os países latino-americanos. Foi a partir de empréstimos realizados junto às instituições financeiras
internacionais, como o FMI, que esses países se tornaram subalternos e endividados. Uma das questões
que dificulta o pagamento dessas dívidas é que os países que tomam emprestado produzem mais matérias-
primas ou produto primário para fabricação dos produtos industrializados, produzidos principalmente no
continente europeu e que possuem valor alto, tornando a troca comercial bastante desigual. Por isso, o
crescimento econômico acaba sendo pequeno e os recursos para sanar a dívida não são suficientes.

Uma das saídas para a prorrogação do prazo para pagamento das dívidas foi por meio da busca pelo
desenvolvimento econômico do país, com a construção de hidrelétricas, portos, rodovias, fortalecimento e
criação de novas empresas ligadas às indústrias de base, no ramo das metalúrgicas, siderúrgicas,
petroquímicas e mineração. Os países que mais investem e por conseguinte acabam contraindo maiores
dívidas são Brasil, Argentina e México.

maiores dívidas
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A dívida externa não é uma característica apenas das economias liberais, ou dos países emergentes. Você
poderá conferir isso em nosso Explore +.

Globalização e impactos culturais


Os países da América Latina foram colonizados por portugueses e espanhóis, portanto, europeus. Mas
antes já havia a presença dos índios. Com a exploração das terras e riquezas vieram os africanos
escravizados pelos europeus. Com isso, vários costumes, culturas e tradições se misturaram neste grande
continente. O Brasil, por exemplo, tem a fama de ser um país miscigenado.

Com o avanço da globalização, novas culturas e costumes passaram a


fazer parte do dia a dia dos latino-americanos.

O processo de aculturação é um fenômeno inquestionável, em que valores e símbolos culturais que faziam
parte de uma região ou nação agora estão presentes em quase todos os lugares. As novas tecnologias de
informação abriram as portas e derrubaram fronteiras.

São músicas, filmes e festas que são consumidos no Brasil e em outros países que já fazem parte da rotina.
Os shoppings como lugar de encontro e consumo de bens de várias regiões do mundo não podem faltar nas
principais cidades e capitais.

Um exemplo de comemoração é o Halloween, festa típica da América do Norte, que hoje faz parte do
calendário de vários países latino-americanos. Não todos, obviamente. Países como Venezuela e Bolívia
têm uma postura de maior resistência ao que vem dos EUA.

A língua é uma das principais características identitárias de qualquer país. Devido à globalização, esse
elemento da cultura já tem sofrido impactos com o que especialistas chamam de estrangeirismos. Você já
ouviu falar nesse termo? O inglês é uma língua universal. Com isso, estabelecimentos, nomes de pessoas,
produtos alimentícios e outros serviços são cada vez mais denominados com a língua inglesa. Mesmo

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quem não possui curso do idioma, usa com frequência no cotidiano. Nesse sentido, observe os dois
diálogos abaixo.

Pizzaria Delivery

- Boa noite. É da Pizzaria?


- Sim, Aqui é da delivery.
- Qual o valor da entrega?
- Nós não fazemos entregas!
- Ué!? Mas aí não é delivery?
- Sim. “Delivery” é o nome de nossa pizzaria. Mas não fazemos entregas!

Hamburgueria

- Boa noite. É da hamburgueria?


- Sim.
- Vocês fazem entrega?
- Não, só delivery!

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Embora de caráter jocoso, os diálogos mostram como as pessoas já se habituaram tanto com “delivery”,
que a palavra comum para descrever o serviço prestado - entrega - já ficou obsoleta, Ou, ao contrário,
mesmo sendo uma palavra comum, sequer se tem noção do seu sentido. Esse é um impacto claramente
visível do estrangeirismo.

Globalização e os impactos na informação


Os impactos da globalização na informação se devem ao desenvolvimento das tecnologias de informação.
Por meio do acesso à Internet é possível receber e enviar informações de forma instantânea para todo o
mundo. Contudo, o acesso à informação não tem sido para todos. Se a Internet é um dos principais meios
de acesso à informação, os dados são preocupantes:

Pelo menos 77 milhões de moradores rurais de 24 países da américa latina e


do caribe não têm acesso a uma conectividade com os padrões de qualidade
mínimos necessários, segundo o conceito compartilhado neste estudo de
conectividade significativa. na população urbana, 71% dispõe de serviços de
conectividade significativa enquanto, em populações rurais, a percentagem
baixa para 36,8%, um hiato de 34 pontos percentuais. cabe indicar que não é
importante apenas ter conectividade, mas que a mesma tenha qualidade
suficiente para poder prestar serviços de educação, de medicina ou qualquer
outro serviço público.

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(IICA, 2020, p. 12)

Nesse cenário, destacam-se “Brasil e Costa Rica que se posicionam na região com percentuais mais altos
de conectividade significativa rural, de 43,2% a 46,9%” (IICA, 2020, p. 21). Fora isso, a diferença do acesso à
Internet entre a população urbana e rural "aprofunda a desigualdade, em matéria de vínculo com o
conhecimento, do exercício da cidadania plena e das possibilidades de inserção econômica" (IICA, 2020, p.
33), afirma a pesquisa.

Por falta de informações, quem vive nas zonas rurais pode se tornar presa fácil para políticos desonestos
que, com isso, aumentam seus mandatos.

O acesso à informação é um direito humano fundamental.

A globalização trouxe mais informações, mas essa informação não chega a todos, o que acaba causando
maior desigualdade social. Um paradoxo preocupante:

“A informação é o oxigênio da democracia. Se as pessoas não sabem o que está acontecendo em sua
sociedade, se as ações daqueles que as governam forem ocultadas, então eles não podem tomar uma parte
significativa nos assuntos da sociedade.” (PERLINGEIRO; DÍAZ; LIANI, 2019, p. 147).

Neste módulo, você verificou o que é o fenômeno da globalização e seu impacto na América Latina, no
âmbito da economia, da cultura e da informação. A globalização não afeta apenas a economia, mas tem um
alcance muito maior, especialmente no cotidiano, no dia a dia, nas tarefas de casa, no trabalho, na escola
etc. E quanto mais imperceptível, mais acontecerá.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

A globalização é um fenômeno decorrente da expansão do capitalismo e processos de industrialização.


Sendo assim, seu alcance pode ser múltiplo e impactar diferentes esferas da sociedade. Nesse sentido,
a globalização pode incidir sobre

A o cotidiano, a língua, a economia, a informação e a cultura como um todo.

B fatores econômicos, somente, dos quais a sociedade se estrutura.

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C aspectos culturais, apenas, pois estes englobam toda a sociedade.

D a economia, que é o principal alvo.

E a industrialização, apenas.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A globalização atinge diferentes aspectos, como economia, sociedade, política, cultura, religião e
justiça. Não há uma preeminência de um único aspecto sobre o qual a globalização é responsável.

Questão 2

No contexto da globalização, uma das principais estratégias adotadas pelas nações, seja com o
objetivo de integrar-se economicamente, buscando posição econômica internacional, seja para facilitar
a circulação de mercadoria, são os chamados blocos econômicos.

Sobre eles, podemos afirmar:

I - Um dos blocos econômicos compostos apenas por países da América Latina é o Mercosul, do qual a
Venezuela é membro, atualmente.
II - O Brasil participa de um único bloco econômico: o Mercosul. Também são membros Argentina,
Paraguai e Uruguai.
III - A Nafta é um exemplo de mercado econômico intercontinental, embora nenhum país da América
Latina faça parte.

A Todas estão corretas.

B Somente a I está correta.

C Somente a III está correta.

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D Somente a II está correta.

E Somente I e II estão corretas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O Brasil participa do Mercosul. O chamado Mercado Comum do Sul é um bloco econômico formado por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e é responsável pela grande comercialização de mercadorias entre
os países-membros; atualmente, Venezuela não compõe o bloco. Quanto à Nafta, embora
verdadeiramente intercontinental, possui como membro o México, país da América Latina.

2 - Globalização e desigualdade social


Ao fim deste módulo, você será capaz de analisar a globalização e os
desafios para a desigualdade social.

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A questão sociocultural
No primeiro módulo, vimos que a globalização é um fenômeno que afeta diferentes âmbitos da vida de
homens e mulheres contemporâneos. Esse fenômeno que surgiu com efeito nas últimas décadas do século
XX, como definiu Boaventura de Souza Santos (2011), precisa ser entendido em um contexto em que
aspectos multidimensionais estão envolvidos e cujas mudanças podem trazer implicações nas relações,
conexões e sociedade.

Se a globalização remete à promoção de uma aproximação das comunidades de diferentes regiões do


mundo, como acontece por meio de viagens, de comércio, migração, influências econômicas, culturais e a
expansão do saber tecnológico e científico, por outro lado tem sido questionado o efeito dessas
transformações e a maneira como esse fenômeno de escala mundial tem contribuído para o
desenvolvimento humano, principalmente com relação à distribuição de riquezas e qualidade de vida. Se de
um lado alguns países desfrutam dos benefícios de uma rede global, outros têm experimentado muitos
malefícios.

Comentário
Você que usufrui dos benefícios da globalização talvez não tenha pensado o quanto esse termo global é
insuficiente para explicar um fenômeno que ainda não é para todos.

Muitos estudiosos compartilham da ideia de que a globalização tem sido responsável pela expansão da
desigualdade social. Expansão, porque a desigualdade social não é de agora, do final do século XX até os
dias de hoje. É possível afirmar que a globalização potencializou a desigualdade social nos países
subdesenvolvidos, como exemplo, os que fazem parte da América Latina. Ouvimos muito falar de
oportunidades para jovens que desejam estudar e se preparar para o mercado de trabalho. Mas o acesso a
uma educação de qualidade não é equânime. Aqueles que conseguem com muita luta se formar encontram
dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.

Em 2017 (IBGE, 2018), o Brasil contava com a pior taxa de desemprego de todas da América Latina: de 10%
a 15%.

A pandemia da covid-19 impactou profundamente esse cenário com perdas de empregos, falência de
empresas e consequente queda na renda da população. Temos um número gigantesco de jovens formados
no Ensino Superior, mas sem emprego ou em algum trabalho informal, sem relação com sua área.

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Esse breve panorama é útil para compreendermos que a desigualdade social como efeito do fenômeno da
globalização pode ser vista de diferentes modos e lugares. A fim de oferecer uma abordagem didática,
dividiremos, como no módulo anterior, quatro áreas em que se pode verificar o impacto da globalização para
a desigualdade social:

language
Econômica
language
Política

language
Social

language
Cultural
Dentre várias possibilidades de definição acerca da desigualdade social, Santos (2010, p. 3) a compreende
como uma “condição de acesso desproporcional aos recursos, materiais ou simbólicos, fruto das divisões
sociais”. Ou seja: na forma de privações e de desenvolvimento de capacidades. Essa questão social é de
extrema importância e, por vezes, pode estar velada aos olhos de grande parte da população. A
globalização social e cultural (CAMPOS; CANAVEZES, 2007) gira em torno de duas óticas:
ora tendência de uniformização da cultura em termos mundiais;

ora provocando a diversidade cultural.

Também gira, paralelamente, em torno do grande desenvolvimento tecnológico, principalmente no que se


refere ao campo de comunicação e informática, que possibilita troca de informações quase em tempo real,
independentemente da distância entre um território e outro. Considerando que os EUA detêm o monopólio

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da produção eletrônica, é de se esperar que suas criações se tornem um padrão a ser consumido. Mas não
por todos. As taxas de importação tornam os produtos mais caros e, por conseguinte, acessíveis a poucos.

Em uma cultura globalizada, determinadas práticas sociais e culturais tendem a ser impulsionadas pelas
grandes empresas. Existe nesse contexto uma ocidentalização da cultura. Práticas sociais e culturais
transnacionais estão relacionadas diretamente com as trocas desiguais de identidades e culturas.

Logo, o que se designa por globalização (SANTOS, 2011), deveria ser designado por ocidentalização ou
americanização, uma vez que os valores e culturas que se globalizam são ocidentais.

Observamos que a globalização trouxe efeitos negativos, como a desigualdade social. Se por um lado houve
acesso a diferentes bens de consumo, essa porta não se abriu a poucos. Um número grande e ainda
encoberto da população sofre as consequências da desigualdade social na economia, na cultura e na
política. Afinal, segundo Foucault (2010, p. 30), “quem tem mais saber, tem mais poder”.

A desigualdade social
Alguma vez você já ouviu falar no Consenso de Washington? Se não ouviu, muito menos saberá o que isso
tem a ver com a realidade da desigualdade social na América Latina. O Consenso de Washington está
associado ao sistema econômico capitalista e ao consenso neoliberal.

O neoliberalismo é uma doutrina que defende a absoluta liberdade de mercado e


uma restrição à intervenção estatal sobre a economia.

Devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis, como saúde e educação, mas ainda assim em um grau
mínimo. O conceito de neoliberalismo não é consenso entre especialistas, pois depende do recorte teórico
(ou ideologia) que fundamenta sua análise de mundo: há quem ache ruim porque nem todos têm as
mesmas oportunidades e há quem veja um estímulo à competição e ao melhor preparo.

O Consenso de Washington, ocorrido na capital dos Estados Unidos, em 1989, é fruto de algumas reuniões
que envolveram o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Banco Interamericano de

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Desenvolvimento (BID). O objetivo dessas reuniões era traçar políticas econômicas, consideradas
reformistas, para a América Latina. Mas quais foram os assuntos e recomendações tratados? Podemos
destacar (SANTOS apud ALMEIDA, 2015, pp. 157-158) nove pontos:

Reforma tributária

Redução das despesas públicas

Monitoramento do déficit fiscal

Gerenciamento das taxas de juros

Gerenciamento das taxas de câmbio

Quebra de barreiras que impediam entrada de capital externo

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Políticas voltadas para a abertura comercial e liberação de


importações

Preservação de direito à propriedade, até mesmo as industriais e


intelectuais

Privatização de empresas públicas, desregulamentação do


sistema econômico, na qual houve também a inserção de leis
trabalhistas

A ideologia do neoliberalismo articulada no Consenso de Washington se disseminou em vários países, ainda


que tenha sofrido adaptações de acordo com as características de cada região. Entretanto, são as
liberdades em relação às atividades que tangem o meio econômico que predominam a despeito das
regionalidades e especificidades de cada país. Em um cenário de globalização, o projeto neoliberal impõe
aos países periféricos uma economia de mercado global sem restrições. Com isso, a competição ilimitada e
a minimização do Estado na área econômica e social fazem parte da realidade desses países, gerando
desigualdades sociais sem precedentes.

Sem políticas definidas por cada país, o mercado financeiro tem autonomia e poder para gerir negócios e
como consequência impactar a vida em sociedade gerando pobreza e riqueza ao mesmo tempo. Grandes
empresas e companhias dominam o mercado de bens e serviços, explorando mão de obra e, por vezes,
diminuindo o custo dos seus produtos. Controlada por um número pequeno de países, as corporações
transnacionais do Japão, Estados Unidos e União Europeia concentravam um poder econômico imbatível
até a chegada da China. Além disso, é incrível o potencial econômico das grandes empresas, chegando a
superar as economias de alguns países.

Reflexão
Se a Apple, empresa multinacional norte-americana de eletrônicos, fosse um país, teria um tamanho similar
ao da economia turca, holandesa ou suíça. E nesse sentido, você pode fazer um exercício mental: quantas

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pessoas que você conhece estão em uma universidade? Quantos têm casa própria? Quantos têm condições
de pagar por um serviço de Internet? Quantos possuem um aparelho da Apple, como iPhone, MacBook?

A globalização econômica está diretamente ligada à desigualdade social na medida em que o crescimento
desenfreado e massivo da tecnologia e dos canais de informação restringem seu alcance a determinados
grupos sociais, favorecendo o acúmulo de riqueza para os mais ricos e dificultando, assim, a emancipação
social dos mais pobres.

A questão política
video_library
Queda do Muro de Berlim
O professor Leonardo Alvarenga apresenta características da reestruturação mundial após o fim da Guerra
Fria, no contexto da globalização: vitória do capitalismo ou derrota do socialismo.

A questão política é de grande importância para entendermos a relação entre globalização e desigualdade
social. Por que? É relevante ressaltar que a supremacia da globalização resultou de decisões dos Estados
Nacionais. Logo, uma deliberação política. O sistema interno dos Estados se direciona ao desenho político
do atual sistema mundial, ou então, os Estados ficam fragilizados. Podemos perceber três contextos
importantes presentes no mundo globalizado:

O primeiro é composto por estados preeminentes, por si só ou por meio das


entidades financeiras que dominam, que reduziram a liberdade política e a
soberania dos estados marginalizados ou semimarginalizados. o segundo, está
ligado à intensificação de alianças políticas entre os estados, como, por
exemplo, a formação de blocos econômicos como a união europeia, nafta e o
mercosul. o terceiro, aponta a existência de privação do poder de realizar
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certas determinações econômicas, sociais e políticas, antes tradicionalmente


feitas pelo estado-nação.

(SANTOS, 2011, p. 160)

Todos esses cenários podem ser vistos em países da América Latina, a exemplo do Brasil. O Estado se
reestrutura quando suas organizações públicas são privatizadas por interesses econômicos. Setores
importantes como educação, habitação, saúde, transporte etc. se enfraquecem à medida que o Estado e a
sociedade não pensam nas questões que importam a todos.

O Estado alinhado à sociedade e seus interesses tem mais chances de oferecer respostas às necessidades
do cotidiano, que também possuem raízes históricas, como a escravidão.

Exemplo
Barros (2021) cita uma pesquisa recente que demonstra como a disparidade de acesso ao computador e à
Internet afetou o aprendizado de milhares de jovens enquanto as escolas estiveram fechadas. Os
estudantes negros foram os que mais sentiram os impactos negativos da pandemia de covid-19. Em maio
de 2020, 79% dos estudantes brancos já tinham a estrutura em casa para manter o aprendizado, contra 70%
dos alunos negros. A proporção é mais agravada no recorte de classe social: 84% para estudantes brancos
com renda de mais de dois salários mínimos e apenas 68% para os negros em famílias que recebem até
dois salários mínimos.

Com a política econômica no controle sobre os Estados as desigualdades se acentuam ainda mais, uma vez
que a educação oferecida tem interesses majoritários em atender às demandas existentes no mercado de
trabalho, sem, contudo, enfrentar e combater os problemas estruturais presentes na sociedade. Em uma
análise do capitalismo e da sociedade por determinada vertente ideológica é possível perceber que a classe
dominante controla a sociedade sem precisar exercer a tirania explícita. O que se quer dizer com isso? As
ideias dominantes em uma dada época passam a um patamar superior e exercem controle e domínio sobre
as relações cotidianas da sociedade, sem que, a maioria das pessoas, tenha percepção disso.

Um fato histórico marcante, que virou símbolo, foi a queda do Muro de Berlim. O acontecimento que acabou
com a Guerra Fria operou uma transformação de um mundo “bipolar” em um território sob domínio dos EUA.
O capitalismo e neoliberalismo ganharam força no mundo inteiro, sob o comando das modernas e
poderosas empresas multinacionais, cujas sedes estavam localizadas nos países proeminentes do primeiro
mundo.

Baseados nos avanços tecnológicos que viabilizam um volume cambial de informações de forma
instantânea e manipulação de capitais, desencadearam a vulnerabilidade de todos os mercados, traço que
se agravou nos países do denominado “terceiro mundo”; ou “emergentes”, como ficaram conhecidos esses
países após o fim da Guerra Fria.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

“Falar de características dominantes da globalização pode transmitir a ideia de que a globalização é


não só um processo linear, mas também um processo consensual. Trata-se obviamente de uma ideia
falsa...” (SANTOS, Boaventura de Sousa, A globalização e as Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 2011,
p. 27).

A frase acima pode nos levar a perceber algumas características políticas da globalização. Sobre isso,
podemos afirmar:

I - Para melhor entender a relação entre globalização e desigualdade social, é necessário compreender
as características políticas da globalização.
II - Alianças políticas e formação de blocos econômicos são características da globalização.
III - A queda do Muro de Berlim é um exemplo de como um fato ocorrido em um país pode trazer
equilíbrio econômico para a sociedade global.

Das afirmativas acima:

A Somente a I é verdadeira.

B Somente a II é verdadeira.

C Somente a III é verdadeira.

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D Somente I e II são verdadeiras.

E Somente II e III são verdadeiras.

Parabéns! A alternativa D está correta.

As afirmativas I e II trazem o paradoxo da globalização: se por um lado as alianças políticas e


econômicas podem trazer benefícios, por outro a desigualdade social não foi eliminada. Em grande
parte, foi enfatizada. Mas a afirmativa III, embora aponte para um elemento concreto - aquele
acontecimento impactou profundamente o mundo, pois mostrou a ineficiência do modelo adotado na
Alemanha Oriental -, não pode ser considerado como que trazendo “equilíbrio global”. Como vimos, os
países de terceiro mundo ou emergentes, em grande parte, sofrem ainda consequências da
desigualdade.

Questão 2

A pandemia da covid19 impactou profundamente o mundo. Em 31 de dezembro de 2019, a


Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de
Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Em um mundo globalizado, diferentes
populações foram afetadas. Principalmente a população de baixa renda, que sofreu com

A acesso a transportes de aplicativos e Internet.

B perdas de empregos, falência de empresas e consequente queda na renda.

C habitação em bairros de classe média e alimentação saudável.

D cancelamentos de viagem para o exterior.

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E desocupação de terras habitadas.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Com a pandemia de covid19, pequenas empresas tiveram que fechar suas portas e demitir
funcionários. Com isso, a renda familiar decresceu e atingiu níveis de pobreza ainda maiores, exigindo
do Estado maior atenção e intervenção.

3 - A Quarta Revolução Industrial


Ao fim deste módulo, você será capaz de identificar o que é a Quarta
Revolução Industrial: a Indústria 4.0 e sua influência na dinâmica do
trabalho.

A Quarta Revolução Industrial e a Indústria

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4.0
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Características da Quarta Revolução
Industrial
O professor Leonardo Alvarenga apresenta a relação entre Quarta Revolução industrial, globalização e
questão social, a partir das principais características da primeira.

O processo de globalização e o desenvolvimento da tecnologia permitiram um novo processo de revolução


industrial denominado Quarta Revolução Industrial. Esse conceito foi criado no contexto do Fórum
Econômico Mundial, em uma obra homônima:

A quarta revolução industrial cria um mundo onde os sistemas


físicos e virtuais de fabricação cooperam de forma global e flexível.
isso permite a total personalização de produtos e a criação de novos
modelos operacionais.
(SCHWAB, 2016, p. 19)

Com a Quarta Revolução, a indústria e a sociedade têm se transformado de um modo diferente de qualquer
coisa que o gênero humano já experimentou antes. Essa transformação se dá por três motivos, com os
quais os especialistas estão de acordo: sua velocidade, seu alcance e seu impacto sem precedentes.

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Essa figura representa muito bem a diferença entre os quatro processos de industrialização. Tudo começou
com mecanismos simples movidos a vapor, depois houve o surgimento da eletricidade e do motor a
combustão e a indústria passou para o processo de linha de montagem e produção em escala. Em seguida,
uma nova revolução aconteceu com a automação de processos por meio da robótica, equipamentos
eletrônicos, computadores e Internet. Atualmente, estamos nesse processo da Quarta Revolução Industrial
caracterizado pela inclusão dos sistemas cibernéticos, Inteligência Artificial e sistemas interligados em
rede.

O termo “Indústria 4.0” foi utilizado pela primeira vez em 2011, em um projeto estratégico para aumentar a
produtividade da indústria alemã fazendo uso de inovações de alta tecnologia. Em 2012, o grupo
responsável pelo projeto apresentou um relatório ao governo alemão, traçando estratégias para a
implementação da Indústria 4.0. A Alemanha liderou as pesquisas desse tema devido ao know-how em
pesquisa, produção de tecnologia voltada para a produção industrial e na liderança no desenvolvimento de
aplicações de sistemas base para os sistemas ciberfísicos. Entendendo sistema ciberfísico como um
sistema que integra o mundo real e virtual e que integra todos os atores do processo, iniciando pela cadeia
de suprimento até o consumidor final.

A Indústria 4.0 se apoia em nove pilares que são na realidade tecnologias. São eles:

factory
Big Data
É um conjunto de tecnologias de armazenamento e processamento de grande volume de informações.

factory
Cibersegurança
É um conjunto de infraestruturas de hardware e software voltado para a proteção de informação.

factory
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Manufatura aditiva
Consiste na fabricação de peças a partir de um desenho digital por meio de uma impressora 3D.

factory
Computação nas nuvens
Refere-se à possibilidade de se ter acesso a serviços de tecnologia da informação por meio de uma
conexão à Internet, gerando diminuição de custos.

factory
Robótica autônoma
Está relacionada aos dispositivos que agem em grande parte, ou parcialmente, de forma autônoma e que
interagem fisicamente com as pessoas.

factory
Integração dos sistemas
É a união de diferentes sistemas de computação para atuar como um todo coordenado, possibilitando a
troca de informações entre eles.

factory
Internet das Coisas
É a interconexão entre objetos que passam a se comunicar e interagir, podendo ser remotamente
monitorados e/ou controlados, resultando em ganhos de eficiência.

factory
Realidade aumentada

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Fornecerá dados precisos e em tempo real que poderão ser utilizados na elaboração de projetos e na
capacitação em treinamento e supervisão de equipes de trabalho.

factory
Simulação
É a utilização de computadores e um conjunto de técnicas para gerar modelos digitais que descrevem ou
exibem a interação complexa entre várias variáveis dentro de um sistema, imitando processos do mundo
real.

Toda mudança, de qualquer natureza, implica em vantagens e desvantagens, desafios e oportunidades. As


vantagens advindas da Quarta Revolução Industrial são evidentes: melhoria e aumento da produtividade;
eficiência e qualidade nos processos; segurança no local de trabalho; utilização de ferramentas que
permitem tomar decisões baseadas em dados; competitividade por meio de produtos que satisfaçam às
necessidades dos consumidores; e outras.

Em relação às desvantagens e aos desafios a serem superados, os especialistas apontam: necessidade de


adaptação frente à enorme velocidade das mudanças; crescentes riscos cibernéticos que obrigam a
aumentar a cibersegurança; alta dependência tecnológica, o que dificulta, muitas vezes, a captação de
pessoal qualificado; e outras.

Indústria 4.0 e mercado de trabalho


Parece não haver dúvidas de que a Indústria 4.0 trará, inevitavelmente, impactos e influências desse novo
modelo industrial nas diferentes áreas da sociedade. Países que adotarem tecnologias de ponta podem
incrementar pontos percentuais em seus PIBs (Produto Interno Bruto) nas próximas décadas, gerando uma
nova onda de empregos e uma nova ordem econômica. A despeito de que a automação desemprega, o
mundo pós-industrial nunca contratou tanto. O perfil do empregado é que mudou ao longo do tempo.

A Quarta Revolução Industrial tem o potencial de elevar o PIB e melhorar a qualidade de vida de populações
inteiras, porém esse processo de revolução só beneficiará quem for capaz de inovar e de se adaptar
rapidamente. Em entrevista à BBC, Elizabeth Garbee, pesquisadora da Escola para o Futuro da Inovação na
Sociedade, da Universidade Estatal do Arizona (ASU), revelou que:

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No jogo do desenvolvimento tecnológico, sempre há perdedores. Uma das


formas de desigualdade que mais me preocupa é a dos valores. Há um risco
real de que a elite tecnocrática veja todas as mudanças que vêm como uma
justificativa de seus valores.

(PERASSO, 2016)

As tecnologias que permeiam a Indústria 4.0 influenciam as economias globais, alterando sobremaneira a
forma de produzir e consumir bens e serviços. Com os equipamentos cada vez mais inteligentes por meio
da Inteligência Artificial, haverá a interferência de técnicos de manutenção somente quando a máquina
solicitar, do contrário o próprio sistema poderá resolver problemas que surgirem. Outra mudança na
dinâmica do trabalho tem relação com a qualificação dos profissionais que precisarão ser multidisciplinares
e ter alguma formação em programação, robótica colaborativa e análise de dados, assim como desenvolver
competências socioemocionais com métodos para estimular a criatividade, o empreendedorismo, a
liderança e a comunicação.

Assim, os profissionais da Indústria 4.0 (MILLANI apud CARDOSO, 2016, p. 34) necessitarão possuir as
seguintes características:

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Boa formação

Os profissionais precisarão ter uma boa formação, inclusive multidisciplinar.

Conhecimento variado

Manter-se aprendendo constantemente, incluindo o conhecimento em novas tecnologias.

Senso de urgência

Reconhecer e saber atuar em situações urgentes de forma imediata.

Bom relacionamento

O avanço tecnológico não eliminará a necessidade de interação entre os profissionais, que


devem pautar suas relações com respeito e ética profissional.

Essas características são voláteis e, à medida que novas tecnologias surgirem, outras exigências se
estabelecerão. Consequentemente, haverá também mudanças significativas em relação à oferta de
empregos, especialmente com o surgimento da robótica e informatização do processo de produção.

A Indústria 4.0 veio para estabelecer um novo padrão e dinâmica no mundo do trabalho. Esse padrão será
marcado pela digitalização dos modos de produção e a inclusão de novas tecnologias. Com isso haverá
aumento de produção e criação de novos negócios. Entretanto, o acesso à informação e qualificação para

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esses novos setores deverão estar sempre sob vigilância, para que, com uma nova configuração no mundo
do trabalho, não haja maiores níveis de desemprego e desigualdade social.

Indústria 4.0 e ética


A Indústria 4.0, assim como as revoluções industriais anteriores, deixaram desafios éticos. O famoso filme
Tempos modernos, de Chaplin, apresenta a conhecida crítica ao novo modelo e dinâmica de trabalho, no
início do século XX. Mas é no discurso, também famoso, de O grande ditador, que ele apresenta uma frase
emblemática: “Não sois máquinas, homens é o que sois!”. O que importava, afinal, o homem ou máquina?
Vale a pena sacrificar a vida humana em nome da evolução das máquinas ou das novas tecnologias?

Tempos modernos, 1936.

O grande ditador, 1940.

Uma reportagem foi publicada pelo Fórum Econômico Mundial em 2017 e trouxe para reflexão os dilemas
morais da Quarta Revolução Industrial. Algumas questões aparecem logo de início: para o professor Klaus
Schwab, essa fase será construída em torno de "sistemas ciberfísicos", em que os limites entre o físico, o
digital e o biológico são atenuados:

Ao abraçarmos a era da máquina, seremos confrontados com novos desafios


éticos, exigindo novas leis. Em alguns casos, todo o código moral pode precisar de
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reelaboração. É a natureza dos avanços tecnológicos. Acreditamos que a


humanidade estará, em breve, prestes a repensar a moral – uma ética 2.0. (IHU,
2017)

A reportagem do Fórum Econômico Mundial conclui dizendo que será necessário um fórum internacional
estruturado para elaboração de uma lista de tecnologias que precisarão de governança. Além disso,
também será preciso avaliar cada tecnologia e um plano para seu código de conduta. Não permanece o
risco de cada vez mais termos uma elite altamente tecnológica, que domine uma classe de pessoas
possuidoras apenas de uma subtecnologia?

A dinâmica no trabalho, impactada pela Indústria 4.0, será refém da Inteligência Artificial, que por sua vez
nos ajudará a tomar decisões. Mas o que garantirá a boa projeção dos algoritmos e os preconceitos
embutidos nesses sistemas, que serão usados para determinar, por exemplo, promoções no trabalho? O
mesmo Fórum Mundial parece apresentar alguma esperança, pela voz do Secretário Geral da ONU:

E por isso eu acredito que existe agora uma nova oportunidade... Para
responder aos desafios que nós iremos enfrentar em relação ao futuro e
nomeadamente os impactos que já foram discutidos tantas vezes neste Fórum
Econômico Mundial, a chamada Quarta Revolução Industrial, e os desafios que
a comunidade internacional enfrenta em áreas como Engenharia Genética ou
Inteligência Artificial e os problemas do espaço cibernético, nos quais, de
acordo com a minha profunda convicção, apenas com um diálogo muito forte e
uma parceria entre governos, organizações internacionais e o setor privado,
seria possível transformá-los em instrumentos que nos permitam um
crescimento fantástico no bem-estar das pessoas e a evitar os riscos que
seriam um pesadelo para a humanidade.

(GUTERRES, 2017)

Neste módulo, você aprendeu sobre o conceito de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução, seu surgimento e
pilares. Mas também refletiu sobre suas vantagens e desvantagens, assim como as implicações para a
dinâmica do trabalho, finalizando com os desafios éticos que os avanços da Indústria 4.0 pode trazer para
os que dela usufruem e os que não podem por motivos já apresentados.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

(Prefeitura de Aquiraz/CE, 2017 - Concurso para Guarda Municipal). Uma revolução industrial é
caracterizada por mudanças abruptas e radicais, motivadas pela incorporação de tecnologias, tendo
desdobramentos nos âmbitos econômico, social e político. Segundo teóricos, o mundo passa por uma
transição de época e estaria no início da Quarta Revolução Industrial ou da chamada Indústria 4.0. O
desenvolvimento e a incorporação de inovações tecnológicas vão mudar radicalmente o mundo como o
conhecemos e moldar a indústria dos próximos anos. Nesse sentido, podemos afirmar que a Indústria
4.0 é caracterizada por

A produção em escala, linha de montagem, eletricidade e combustão.

B automação, robótica, computadores e Internet.

C mecanização, tear e força a vapor.

D Internet das Coisas, redes, Inteligência Artificial e sistemas cibernéticos.

E Internet das Coisas, automação e Internet.

Parabéns! A alternativa D está correta.

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As características marcantes da Indústria 4.0 são: Internet das Coisas, redes, Inteligência Artificial e
sistemas cibernéticos. Essa transformação se dá por três motivos, com os quais os especialistas estão
de acordo: sua velocidade, seu alcance e seu impacto sem precedentes.

Questão 2

Utilizado pela primeira vez em 2011, o termo Indústria 4.0 fez parte de um projeto estratégico da
indústria alemã com que finalidade?

A Superação dos danos da Segunda Guerra Mundial e do nazismo.

B Elevação da produção com auxílio das inovações tecnológicas.

C Desenvolvimento automobilístico.

D Concorrência com outras nações industrializadas.

E Demonstração de superioridade tecnológica.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O termo Indústria 4.0 foi utilizado pela primeira vez em 2011 em um projeto estratégico para aumentar
a produtividade da indústria alemã fazendo uso de inovações de alta tecnologia. Em 2012, o grupo
responsável pelo projeto apresentou um relatório ao governo alemão traçando estratégias para a
implementação da Indústria 4.0. A Alemanha liderou as pesquisas desse tema devido ao know-how em
pesquisa, produção de tecnologia voltada para a produção industrial e na liderança no desenvolvimento
de aplicações de sistemas base para os sistemas ciberfísicos.

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Considerações finais
Após nos situarmos um pouco no universo de grandes transformações, provenientes deste fenômeno
chamado Quarta Revolução Industrial, pudemos ver com mais detalhes as expressões contemporâneas da
questão social em três aspectos: a globalização e seus impactos na América Latina; globalização e os
desafios para a desigualdade social; a Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 e sua influência na
dinâmica do trabalho.

Os dois primeiros módulos trataram da globalização. No primeiro momento refletimos sobre o que significa
esse fenômeno e sua relação com o capitalismo moderno: vimos como a globalização é entendida como
expressão contemporânea da questão social. Entendida, assim, como consequência de um modo
capitalista de produção, a questão social tem experimentado mudanças que atingem grande parte da
população, em especial da América Latina. Uma das consequências desse fenômeno é a desigualdade
social, com impactos econômicos, culturais e políticos sem precedentes. A globalização atinge várias
esferas da sociedade e está presente no cotidiano.

No último módulo, pudemos perceber como as grandes mudanças no modo de produção, velocidade e
dinamismo fazem parte dessa nova realidade. Diferentemente das revoluções industriais anteriores, a
Indústria 4.0 faz da máquina e dos avanços tecnológicos seu meio e seu fim. Sua influência na dinâmica do
trabalho é visível e massificante. Quem não se atualiza em curto tempo corre o risco de ficar de fora,
desempregado. Por fim, a Indústria 4.0, como outras, traz desafios éticos que precisam de atenção. Afinal, a
vida humana está em jogo.

headset
Podcast
Agora, o professor Leonardo Alvarenga encerra abordando os principais pontos deste conteúdo.

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Referências
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culturais. Pesquisa & Debate, Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política, v. 26,
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CARDOSO, M. de O. Indústria 4.0: a Quarta Revolução Industrial. 2016. Monografia (Curso de Especialização
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Paraná. Curitiba, 2016.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2010.

GUTERRES, A. Discurso: sessão especial sobre “Cooperação para Paz: Combatendo as Causas das Crises
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IHU. Os dilemas morais da Quarta Revolução Industrial. Revista Humanitas Unisinos. Versão On-line.
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Cultura. Goiânia: IFITEG, v. 8, n.3, p. 597-612, 1998.

MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Tradução de Luiz Cláudio Castro e Costa. São Paulo: Martins
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Publicado em: 22 out. 2016. Consultado na Internet em: 4 fev. 2022.

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SANTOS, B. de S. (Org.). A Globalização e as Ciências Sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03283/index.html# 37/38
11/04/23, 14:38 Expressões contemporâneas da questão social

SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.

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Você sabe o que realmente significa neoliberalismo? O artigo de Juan Ramón Rallo, professor de
Economia na Universidade Rei Juan Carlos (Madri), pode ser considerado um contraponto ao
apresentar esse conceito, o que torna seu texto relevante, se queremos aprofundar o conteúdo
estudado.

Dilemas de nosso tempo: globalização, multiculturalismo e conhecimento. Nessa entrevista,


Boaventura Santos analisa o fenômeno da globalização e as relações entre o local e global.

Milton Santos: por uma nova globalização. Esse filme apresenta o geógrafo Milton Santos e suas
principais ideias – aqui, especialmente sobre o fenômeno da globalização – que tanto marcaram a
intelectualidade brasileira na segunda metade do séc. XX.

Indústria 4.0. O documentário, disponível na plataforma YouTube, examina os efeitos da Quarta


Revolução Industrial, principalmente com a transformação digital que ganhou impulso mesmo com os
impactos da crise da covid-19. O documentário é patrocinado pela Deloitte por meio da Lei de Incentivo
à Cultura e produzido de forma independente pela Produtora Brasileira.

O último natal da Romênia comunista. O artigo da Economista Carmen Elena Dorobat, professora da
Academia Bucareste de Estudos Econômicos, mostra como a dívida externa daquele país foi também
fator relevante na Revolução de 1989.

Vale a pena conferir o Atlas Geográfico Escolar, do IBGE. Nele você terá informações importantes
acerca do conteúdo estudado, inclusive sobre os blocos econômicos citados em nosso conteúdo.

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