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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE ROLIM DE MOURA


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
HISTÓRIA DA AMÉRICA INDEPENDENTE

Acadêmicos: Elton A. da Cunha, João A. A. Freires, Sócrates A.de Oliveira.

FICHAMENTO.
DONGHI, Tulio Halperin, História da América Latina. Tradução de Carlos Nelson
Coutinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. Capitulo I.

A herança colonial.

―Os traços da conquista da América Latina ainda eram bem visíveis no início do século
XIX. Aquele relativo ás vicissitudes dos próprios conquistadores fascinariam os
historiadores daquele século: Lima, Buenos Aires, Assunção apareciam como fruto
duradouro da decisão de certos homens... Além desse versão heroica da historie
événementille, não é impossível descobrir alguns condicionamentos objetivos para essas
fulgurantes, traçadas aparentemente por uma liberdade caprichosa; a duradoura eficácia
desses condicionamentos assegura uma continuidade entre a conquista e a colonização, que
se processou mais lentamente.[..] Seguindo suas pegadas, a coroa de Castela – a pouco
amorável herdeira dos conquistadores – iria buscar exatamente a mesma coisa,
organizando as Índias com esse mesmo objetivo fundamental. Se até 1520 as Antilhas
foram núcleos da colonização espanhola, as terras de conquista – nas duas décadas
subsequentes – passaram a ser zonas continentais do altiplano, onde por dois séculos e
meio haveria de permanecer o coração do império espanhol, do México até o Alto Peru.‖
(p.11).
―´[...] Como é possível que as terras de onde se extraiam metais em volumes suficientes
para revolucionar a economia europeia fossem cronicamente privadas de dinheiro?
Deixando de lado a cota (certamente não negligenciável) apropriada pela Coroa sob formas
de impostos, era necessário orientar para a metrópole – mediante o intercâmbio comercial-
a maior parte desse tesouro metálico. Com essa finalidade, mantinham-se elevados não
apenas os custos de participação da economia metropolitana, mas também aqueles da
organização comercial, tanto entre a Espanha e as Índias quanto entre os portos e os
centros mineradores americanos. [...] São evidentes as vantagens que tal sistema
assegurava a metrópole. Mais discutível, ao que aparece, é que dele pudessem derivar
benefícios para os setores que a conquista fizera dominantes nas colônias.‖ (p.12).
―Úteis antes de mais nada, para as indústrias de mineração, mas também para as atividades
artesanais e agrícolas. Os conquistadores e seus sucessores orientaram-se
predominantemente para a agricultura, sobretudo como encomederos, aos quais eram
confiados grupos de índios, dos quais deviam receber os tributos que, em todos os casos, os
vassalos indígenas deviam á Coroa; posteriormente com frequência cada vez maior a partir
do colapso demográfico do século XVII, passaram a ser proprietários de terras, recebidas
através de doação real. [...] Á medida que se acelera o fenômeno da queda demográfica, a
defesa da mão-de-obra (em particular contra a mineração, insaciável devoradora de
homens) torna-se mais urgente; e, mesmo antes de ter qualificado - com muita justeza –um
dos períodos mais negros da chamada lenda negra, a mita (isto é, o serviço obrigatório nas
minas e nas manufaturas têxteis) provoca uma profunda aversão por parte dos grandes
proprietários fundiários e dos administradores laicos e eclesiásticos das zonas onde eram
recrutados os indígenas que seriam submetidos ao trabalho obrigatório‖ ( p.13).
―A catástrofe demográfica do século XVII provocará transformações ainda mais
importantes no setor agrário: substituição da agricultura pela pecuária, que foi a resposta
dada pelo México (até Tucumán) à diminuição da população trabalhadora; [...] No âmbito
do ordenamento econômico colonial, o empreendimento agrícola constitui, de qualquer
modo, uma espécie de segunda zona, dependente da mercantil e mineradora (na medida
em, que através dessa zona, recebe os últimos ecos de uma economia monetária, em ritmo
lento e com baixa intensidade), mas capaz de desenvolvimentos próprios no âmbito de
uma economia de autoconsumo, que elabora índices de riqueza que lhe são peculiares e
que desconcertam o observador.‖ [...] Um fator de denuncias pelo povos indígenas são as
queixas, ao serem obrigados a comprarem produtos inúteis ao consumo, como por exemplo
produtos de estoque encalhados que não encontravam compradores nas cidades.(pp.14-15)
―O pacto colonial, amadurecido laboriosamente nos séculos XVI e XVII, começa a se
transformar no século XVIII. Mais que a estagnação nas minas – que estava bem longe de
ser total no século do boom da prata mexicana – influi nessa transformação a decisão
tomada pela metrópole de assumir um nova função diante da economia colonial, cuja
expressão jurídica se configura nas reformas do sistema comercial introduzidas em 1778-
1782, com o objetivo de estabelecer a liberdade de comércio entre a Península e as Ìndias.
O que implicava essas reformas? Por um lado, a admissão de que os metais nobres não
eram a única contribuição possível das colônias a metrópole; por outro, a descoberta – no
quadro de um progresso da economia europeia do qual a Espanha participava, de modo
limitado mas real – das possibilidades de utilizar as colônias como mercado de
consumo.‖(p.16).
―A reforma comercial não apenas consolida e promove essas modificações da economia
colonial, as quais, como dissemos, ligam-se com outras que estão se processando na
metrópole. [...] Nesse sentido, a reforma alcança, um êxito muito limitado: o despertar
econômico da Espanha setecentista não tem força suficiente para permitir à mãe-pátria
assumir plenamente a função de fornecedora de produtos industriais ao seu império.‖ Com
esses fatores e reformas ocorre a difusão da pecuária nas províncias do interior.(pp.17-18)
O México não era um país preponderante minerador, possuía diversas regiões onde se
baseava a agricultura e a pecuária, as quais produziam mais lucrativamente que a
mineração, não tendo grande destaque essa produção pois ela estava voltada ao consumo,
também possuía a produção artesanal e têxtil. (p.19).
―Nos finais do século XVIII, o México é o mais importante dos domínios americanos no
plano econômico, mas não é o que se desenvolve rapidamente.‖ A produção de açúcar e
fumo em outras regiões como Cuba, que ganhou expansão econômica já a partir do século
XVII. Proporcionando um crescimento demográfico acelerado. [...] Diante do crescimento
do México e de Cuba, e a América Central – dependente da Capitania Geral da Guatemala
– revela-se mais estática. Do seu milhão e meio de habitantes, mais da metade eram índios,
menos de 20% brancos e o resto vinha formado por negros e mestiços.‖ (pp.20-21).
―[...] Ao lado do comércio legal, há também o contrabando, cujo centro se encontra, desde
o século XVII, na Jamaica, e que adquire importância cada vez maior para Nova Granada;
graças ao comércio clandestino, o vice- reinado não se vê privado de importações
europeias durante os anos de isolamento‖ (p.22).
― [...] Mas essas exportações – cujos lucros tornam possível o luxo de Quito, onde estão
concentrados os senhores dos terrenos montanhosos, com seus inúmeros servidores – não
impedem que a economia da serra seja, em boa parte, uma economia fechada, de
autoconsumo. Esse relativo isolamento se reflete na língua: em Quito, inicia-se a grande
área dos falares pré-colombianos, que se estende até o Alto Peru. Ao contrário do que
ocorre no México, onde o uso das línguas indígenas é importante, mas está em processo de
regressão, aqui o quéchua –é, no Peru o aymara – são as línguas dominantes em uma zona
montanhosa, na qual o espanhol não consegue deitar raízes e se limita a uma minoria
branca, de latifundiários, funcionários reais e eclesiásticos, essa minoria branca, até mesmo
no final do século XVIII, prefere delegar uma parte dos seus poderes a uma classe alta
indígena, ainda mais repugnante que os seus mandatários. [...]Ao sul de Quito, o vice-
reinado do Peru não esta atravessando uma conjuntura favorável. A reorganização imperial
da segunda metade do século XVIII fez do Peru a sua principal vitima.[...] uma série de
decisões de política comercial mais grave foi subtraído a Lima o domínio comercial‖.
(p. 24).
―A serra meridional [...] é o grande centro da população indígena peruana; situa-se aí a
cidade de Cuzco, antiga capital dos incas. [...] existem, nesta região, cidades agrícolas cuja
função é abastecer as zonas de mineração. [...] na faixa costeira se desenvolve uma
agricultura baseada sobre o trabalho dos escravos. [...] A agricultura da serra deve suportar
o duplo agravante de uma classe de senhores espanhóis e uma de indígenas, ainda mais
acentuado pelo aparato político e eclesiástico que também vive da terra. [...]A sua
população no quadro da população global da América espanhola, e modesta: pouco mais
de um milhão de habitantes, dos quais 60% são índios, 24% mestiços e 4% de escravos
negros‖. (p. 25).
―O reino do Chile, no extremo sul do pacífico, é o mais isolado e remoto dos países
espanhóis. No século XVIII, aumenta a sua produção (e, portanto a exportação) de metais
preciosos. [...]A economia chilena, [...] trigo tem o seu mercado tradicional em Lima, [...]
freia [...] expansão na criação de gado. As peles da margem atlântica têm um acesso mais
fácil a Europa [...], a banha de porco tem um mercado limitado no Peru‖. (p. 26).
―A população, constituída por brancos e mestiços, cresce mais rapidamente do que a
economia, que progride lentamente. [...] estrutura social; os campos são dominados pela
grande propriedade; além de cultivarem propriedades individuais, os camponeses
trabalham nas terras do patrão. [...] a classe dos latifundiários se renova, abrindo-se a não
poucos imigrantes da península, chegados ao Chile – como de outras localidades – com
funções burocráticas ou por motivos comerciais. [...] A contribuição indígena à demografia
chilena, [...] é importante e se expressa na formação de um setor mestiço, o qual, porém,
não se distingue facilmente dos brancos [...] prepondera a influencia cultural espanhola‖.
(p. 26).
―Enquanto o Chile quase não é atingido pelas transformações estruturais do império na
segunda metade do século XVIII, o Rio da Prata – juntamente com a Venezuela e as
Antilhas – são as regiões mais atingidas [...] motivos políticos. [...] Trata-se de uma
contribuição decisiva ao desenvolvimento de Buenos Aires, que desde 1714, era o centro
de importações de escravos para todo o sul do império. [...] o desenvolvimento da cidade é
rápido, aumento de sua população e, de uma aldeia com casas de barro, transforma-se
numa cópia ultramarina de uma cidade provinciana da Andaluzia. [...] seu domínio pelas
redes comerciais que chegam até o Alto Peru [...] 80% da prata são constituídas pelo Alto
Peru [...] desenvolveu a pecuária e o artesanato ao longo do itinerário do Alto Peru‖.
(p.27).
―As vantagens dessas terras novas são múltiplas: dois séculos de historia não deram lugar a
uma propriedade muito subdividida para que fosse possível iniciar a extensiva‖. (p. 28).
―No litoral do Rio Prata, os salários são excepcionalmente altos, mas a necessidade de
mão-de-obra é tão exígua que isso não consegue impedir o desenvolvimento da pecuária.
[...] O núcleo demográfico e econômico fundamental do vice-reinado do Rio da Prata ainda
se situa no Alto Peru em suas minas, nas de Potosí. [...] Ao lado das cidades mineiras
surgem as cidades comerciais, a mais importante das quais é La Paz, centro de uma zona
povoada por indígena, onde há numerosos latifundiários e manufaturas [...] entre Potosí e o
Baixo Peru‖. (p. 29).
―[...] no litoral do Rio da Prata, onde o desenvolvimento econômico e mais rápido que o
crescimento populacional, os ociosos filhos-família começa a constituir um problema
político. [...] A sua tendência ao ócio pode ser condenada, mas não dúvida de que é
alimentada pelo próprio sistema, na medida em que faz a classe dos artesãos livres
competirem com o trabalho escravo‖. (p. 32).
―Contra certas criticas muito sistemáticas aos ordenamentos espanhóis, deve-se certamente
recordar que a disparidade demográfica da América espanhola são devidas, em parte, aos
relevos acidentados [...]‖. (p. 33).
―Esse desequilíbrio [...] derivado de ordem social colonial [...] as possibilidades de
prosperidade oferecida pelo campo não compensam a dureza da vida rural‖. (p. 33).
―Malgrado o peso da tradição [...] O enxame de grupos humanos sempre mais numerosos
em torno às limitadas possibilidades oferecidas pelos ―empregos públicos‖ ou por aqueles
ligados ao sistema comercial‖. (p. 34).
―No México em Nova granada, no Rio da Prata, nas demais regiões hispano- americanas
em processo de expansão, a exploração das minas continua a ser a atividade predominante‖
(p. 36).
―[...] limitações geográficas e se difunde com maior dificuldade nas localidades distantes
dos portos de desembarque das mercadorias do ultramar portos que certamente se
multiplicaram no século XVIII‖. (p. 37).
―[...] preocupação fiscal, que não busca se ocultar. Entre a metade e o fim do século XVIII,
os ingressos da Coroa triplicam, [...] o aumento permite a formação de estruturas
administrativas e militares‖. (p. 38).
―[...] designadas direta ou indiretamente pela metrópole (vice-rei, audiências,
governadores, regidores) e por outras de origem local (cabildos, espanhóis e indígenas).
[...] Disso resultam contrastes, sempre renovados, no âmbito de cada corpo de magistrados
e entre as várias magistraturas; cada conflito se traduz numa avalancha de denuncias
acerbas e contraditórias‖. (p.39).
A formação dos novos vice-reinados; de Nova Granada em 1739, e o do Rio da Prata em
1776, constituía maiores poder de decisão às autoridades regionais, portanto cabia aos
Intendentes nomeados à responsabilidade de unificar, administrar e controlar as ações
financeiras e militares; ―ou seja, a unificação de competências administrativas, militares,
que antes eram distribuídas de modo demasiadamente irregular—significa um passo à
frente na criação de um corpo administrativo formado e dirigido pela metrópole e
constituído majoritariamente por espanhóis‖. (p.40).
A não remuneração dos subdelegados (subordinados dos intendentes) gerou muitas fraudes
nas arrecadações de impostos, haja vista que a fiscalização da coroa mostrava inoperante
diante da corrupção da elite local. ―A coroa se empenhava por constituir um corpo de
administradores que agisse verdadeiramente em favor dela e não em favor dos ambientes
locais interessados, [...] Não e de surpreender, assim, que até mesmo os funcionários mais
rigorosamente honestos tenham buscado o apoio não desinteressado de grupos locais
contra outros‖ (p.41).
―Esses organismos representativos de grupo, órgãos de justiça corporativa, dispunham de
fundos próprios, fruto de tributos que recolhiam e, posteriormente, investiam --- com
eficiência indubitavelmente maior que a administração central‖. (p.42).
Dentre as reformas administrativas propostas pela coroa espanhola, a igreja tem importante
papel, tendo em vista que a mesma possuía altas riquezas em terras (no México
principalmente) e escravos. ―Em Córdoba do Rio da Prata, mesmo depois da expulsão dos
jesuítas, a maior parte dos escravos pertencia as ordens religiosas‖. (p.43). Contudo apesar
das levantadas criticas a igreja, o autor destaca que as aldeias e as demais aglomerações
populacionais que eram comandadas pela igreja obtinham um desenvolvimento maior em
comparação as comandadas pelos laicos.
Tendo a igreja a finalidade de difundir a religião e governar, coube aos padres seculares à
missão de ser tanto o pastor das almas como o divulgador das novas técnicas e das novas
ciências (introdução do novo instrumento da salvação terrena; as vacinas em combate as
doenças tropicais). ―Apesar dos seus limites, a igreja conserva a situação inteiramente
particular que lhe foi legada desde os primeiros tempos da conquista: instrumento de
governo e elemento indispensável do poder político colonial, mas sem ser considerada pela
população como algo tão estranho‖. (p.45).
Comparado com o resto da América Latina, o Brasil no século XVIII sofre suas maiores
transformações, sua ate então pujante produção açucareira, sofre primeiramente com as a
invasões holandesas no nordeste brasileiro, e posteriormente com a concorrência do açúcar
produzido nas Antilhas. ―A decadência do açúcar tem consequências imprevistas nas zonas
periféricas. Sobrevive o mais antigo aspecto da exploração econômica do Brasil, a
exportação de madeira, de um pouco de ouro e de pedras preciosas, artigos obtidos
mediante trocas com as populações indígenas. Paralelamente a essas, outras atividades
adquiriam uma crescente importância, entre as quais a pecuária, nas terras situadas junto às
fronteiras imediatas da zona açucareira, além da caça ao homem naquilo que virá ser o
Brasil central‖. (p.46).
A interiorização brasileira e consequente descoberta do ouro floresceu o mercado da
mineração, criando cidades do ouro, como Ouro Preto, que em 1720 se tornaria a capital
das Minas Gerais. ―A indústria mineradora produziu nova riquezas para o Brasil e a
importação de escravos ganhou um ritmo mais intenso. [...] permitiu a presença de uma
multidão de empresários individuais e provocou uma imigração da metrópole que não tem
similar na América espanhola‖. (p.49).
―O cruzamento de europeus e africanos ocorre rapidamente, fazendo com que a presença
africana na vida e na cultura brasileiras seja uma componente típica, que surge nessa época
e continua a existir‖. (p.48).
As politicas pombalinas de expulsão dos jesuítas, somadas com a constituição das
companhias comerciais, ampliaram o campo para novas atividades, da qual pode se
destacar a pecuária realizada no sul. ―No século, XVIII o Rio Grande do Sul transforma-se
em território da pecuária, com características comparáveis aquelas do vizinho Rio da Prata.
Suas peles são buscadas pelos mercados europeus, mas os muares e a carne seca são
absorvidos pelas zonas mineradoras do Brasil central e pelas regiões setentrionais onde se
produz o açúcar‖. (p.49).
―O ouro brasileiro, mais ainda que a prata da América espanhola, encontra na metrópole
apenas um centro de trânsito; e os historiadores brasileiros na pegada de Lúcio de
Azevedo, definem esse ouro como uma das principais causa da revolução inglesa‖. (p.50).
Em 1789 as companhias comerciais criadas por Pombal foram suprimidas pelos
plantadores de cana-de-açúcar que pretendiam acabar com o monopólio das companhias no
comercio ultramar, haja vista que ―A companhia conseguia promover a difusão de
produtos que já tinham um mercado, mas não era capaz de abrir novos mercados para uma
produção já abundante, como era o caso do açúcar‖ (p.50).
―Como se pode notar, o açúcar---mesmo em seu pior período---esteve na cabeça das
exportações; e inclusive, na época da maior rentabilidade das minas, o Brasil português
manteve a característica das exportações unilaterais, própria da América espanhola‖ (p.51).
―A sociedade brasileira e menos influenciada por preconceitos de casta do que a espanhola,
o que não de espantar se lembrarmos que a diferença de origem era protegida por um
instituto estabilizador excepcionalmente eficaz: a escravidão‖ (p.51).
―Na América espanhola, a propriedade da terra e a riqueza nem sempre estão ligadas; no
Brasil ocorre o inverso e, por isso, a classe dominante dispõe de um poder que falta à sua
congênere da América espanhola. Desse modo, a constituição do poder central no Brasil
não ocorre em luta contra efetivos poderes locais; esses sempre encontram maneiras de
dominar as instituições criadas para controla-los. [...] Os conflitos inter-regionais ocorridos
no século XVIII no Brasil, como o de Olinda e Recife e o entre paulistas mineiros,
sofreram uma interferência do governo central, muito mediadora e de certa forma pacifica,
favorecendo a unidade brasileira e conservando assim a longa ordem administrativa
colonial. (p.52).
Embora predominante na América Latina, à companhia jesuíta (companhia de Jesus)
enfrentou a hostilidade dos latifundiários, que viam na politica indígena da companhia
entraves para seus interesses pessoais. (p.54).
Dongui destaca que de certa forma a igreja brasileira era mais rica e tinha um domínio
sobre as classes mais pobre muito maior que a igreja espanhola, ―essa superioridade
aparente deriva indubitavelmente, como já foi notado, da circunstância de que no Brasil a
riqueza estava diretamente ligada à propriedade da terra; e confirma, mais uma vez, que a
igreja brasileira era uma parte das classes dominantes locais, ao contrario da que sucedia
na América espanhola‖. (p.54).

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