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Colonização da América Espanhola

Motivação dos conquistadores: busca por metais preciosos. O objetivo principal era
obter a maior quantidade possível de metais preciosos em razão da escassez crônica de moeda
pela qual passava a Europa.

Elementos gerais:

 Pacto/exclusivo colonial: conjunto de regras e acordos que tinha por objetivo


atender o lucro da metrópole
o Negociação exclusiva com a metrópole
o Matéria-prima, produtos (de alto custo na Europa) e metais preciosos à
baixo custo.
o A metrópole oferecia produtos manufaturados (vestimentas, vinhos,
etc.). A produção de manufaturas era proibida nas colônias.
o Mão-de-obra escravizada ou compulsória.
 Principal atividade econômica do império Espanhol era a mineração andina e
mexicana (estruturou a economia colonial). As outras atividades passaram a
ser organizadas em torno da mineração enquanto parte de uma rede de
abastecimento.
 Extraía-se metal via imposto e intercâmbio comercial. O quinto real
determinava a principal fonte de receita do Estado espanhol (20% de taxa
sobre mineração)
 Supremacia econômica dos emissários locais da economia metropolitana (fisco
e comerciantes vinculados com a península). Demais setores à margem da
circulação monetária.
 Cabildos como corporação municipal durante o período colonial que se
encarregava da administração geral das cidades coloniais. Os membros
possuíam amplos poderes administrativos e jurídicos, constituindo-se numa
grande representação da oligarquia dos criollos. A instituição vai perdendo seu
poder a partir do século XVIII.

Organização colonial também envolveu homens e terras, tanto em relação às


atividades mineradoras quanto atividades agrícolas.

 Exploração agrícola forma uma espécie de segunda zona dependente da


mercantil e mineira. Sua função era proporcionar força de trabalho, alimentos,
tecidos, bestas de carga, a preço baixo para as cidades e as minas.
 A terra e o trabalho indígena se apoiaram num modo de vida senhorial.
Substituição parcial da comunidade agrária indígena pela HACIENDA, unidade
de exportação dirigida por espanhóis (orientada aos consumidores externos a
ela). Seu triunfo foi limitado; sobretudo, se deu nas regiões que possuem
contato mais direto com a colônia. Destaque para situação relativamente
privilegiada do México por suas relações econômicas com a metrópole
(diferenças entre México e o resto do império)
 Conquistadores e herdeiros se orientam, primeiramente, como encomendeiros
que se encarregam de receber tributos; posteriormente, enquanto donos de
terra. Ainda que possuíssem amplo domínio sobre a sociedade colonial, os
senhores de terra não eram predominantes na economia hispano-americana
globalmente falando. Havia limitações ao poder e riqueza dos senhores
territoriais em função da dupla pressão exercida pelos emissários locais e a
coroa.
 A organização existente das populações nativas foi bem utilizada pela
metrópole.
 Exploração de mão-obra-indígena:
o MITA: trabalho compulsório por um tempo determinado no qual havia
rodizio para retirar nativos de sua região de origem para trabalhar nas
minas em troca de um valor irrisório
o ENCOMIENDA: tipo de exploração de mão-de-obra no qual a coroa
distribuía aos encomendeiros (espanhóis na colônia) mão-de-obra de
indígena. Estas possuíam direito de explorar a encomenda e em troca
ofereciam a educação cristã (catequese).
 Reformas Bourbônicas (século XVIII): representou uma reação da coroa
espanhola, já sob dinastia dos bourbons no cenário pós guerra de sucessão
espanhola (1701-1714). O reconhecimento dos temos do tratado de Utrecht
levou Felipe a assumir o trono como Felipe V, abdicando dos seus direitos ao
trono da França. No geral, o século XVIII representa um longo período de
declínio das coroas portuguesa e espanhola devido a múltiplos fatores. Entre
eles se destaca o crescente poderio de França, Inglaterra e dos Países Baixos
cujo aperfeiçoamento de suas esquadras levou à práticas de contrabando e
pirataria nas regiões coloniais ibéricas; a formação de companhias de comércio
pelas mesmas, conseguindo assim que espanhóis e portugueses cedessem
setores de comércio colonial, como o transporte de mercadorias e distribuição
dos produtos na Europa; o investimento no desenvolvimento de manufaturas,
levando ao desenvolvimento de centros de negócios; até mesmo a conquista
de posses coloniais espanholas e portuguesas por meio de acordos
diplomáticos e tratados ao fim de conflitos. A necessidade de importação de
produtos manufaturados que não se conseguia produzir levava a que os metais
preciosos e os impostos retirados das colônias acabassem indo parar na mão
das potências emergentes. Todas essas questões somadas às distâncias
geográficas, que dificultavam uma administração eficiente, e as próprias
práticas de contrabando e corrupção levaram a enormes prejuízos. Sem falar
ao avanço do contrabando de obras acerca dos ideais iluministas.
É diante desse cenário que, sobretudo a partir do reinado de Carlos III (1759-
1788) que a coroa busca modernizar a Espanha, empregando práticas do
absolutismo ilustrado influenciado pelo modelo francês com o propósito final
poder controlar melhor os súditos no novo mundo. A guerra dos Sete Anos
(1756-1763) confirmou efetivamente a vulnerabilidade do império espanhol,
tornando mais imperativo reorganizá-lo a partir de reformas que se ocuparam,
sobretudo, da economia e da administração pública. As medidas empreendidas
pelas Reforma Bourbônicas visavam aumentar o controle da coroa, tanto sobre
o território espanhol quanto sobre suas colônias, reduzindo o poder das elites
locais e, ao mesmo tempo, aumentando a receita da metrópole. Como
consequência do processo centralizador, os jesuítas foram expulsos em 1767
da Espanha e tiveram suas terras confiscadas, fator este que pôs a coroa e a
igreja católica em conflito. Novas divisões administrativas foram criadas, dando
origem ao Vice-Reino do Prata, as capitanias gerais de cuba, chile e Venezuela.
A concentração dos altos cargos da administração metropolitana nas mãos de
espanhóis (chamados pelos americanos de chapetones) e a crescente
fiscalização das atividades políticas e econômicas na colônia geraram a
insatisfação dos criollos, americanos descendentes de espanhóis, senhores das
terras, da mão de obra, do comércio e do contrabando americano.
É possível dizer que as reformas bourbônicas preparam o terreno para os
processos de independência a partir da pressão fiscal gerada, a qual suscitou
resistências como a rebelião Tupac Amaru de 1780 no Vice-Reino do Peru. As
próprias reformas militares, postas em prática devido as crescentes pressões
exercidas pelos franceses e ingleses no mar do caribe também de teve efeitos
imprevistos. O aumento da força e do poderio do exercito gerou grande
descontentamento em grandes segmentos da população crioula devido ao
longo tempo de prestação militar e custo cobrado pela coroa de manutenção
das tropas. Por outro lado, a reorganização e modernização do exército teve
por consequência a sua americanização a qual representou um perigo para os
próprios espanhóis. Foi justamente dessas forças que emergiram oficiais que
lideraram as guerras de independência.

Divisões regionais:

 Vice-Reino de Nova Espanha (1535): a região mais importante aonde a prata


encontrava naturalmente o caminho da metrópole. Possuía status privilegiado
dentro do império espanhol, sendo a região mais populosa e rica (ainda que tal
riqueza ficasse restrita a poucas mãos). Sua capital era a maior cidade do novo
mundo e seu crescimento era pautado pela exploração da prata no norte. De
quebra, nas províncias do interior se desenvolve a pecuária que encontra na
zona mineira sua principal zona de consumo. A região mais ao norte se
caracteriza por ser menos indígena que as centrais e meriodionais. Lá os
mineiros controlavam mais a sociedade local que os “hacendados”. A classe
mais alta se dividia entre os senhores da prata – predominantemente criollos e
grandes comerciantes do México central. Outra atividade também importante
era a pecuária, a qual atendia as necessidades do mercado interno.
o Antilhas Espanholas/Capitania geral de Cuba (1777): se orientaram em
torno da agricultura tropical e do tabaco, apesar de inicialmente a
pecuária ter sido a principal atividade. A expansão da atividade
açucareira na região se dá relativamente a parte do sistema comercial
espanhol e supõe um mercado consumidor mais amplo que o
metropolitano.
o Capitania Geral da Guatemala: Apenas 20% da população composta de
brancos, sendo o resto de negros e mestiços. Maior predomínio
indígena no norte do território que se tornaria a Guatemala, terra de
grandes haciendas e comunidades indígenas orientadas ao
autoconsumo. Em El Salvador, há uma população mais densa de
nativos e mestiços. São os comerciantes que dominam a região e
controlam a produção e exportação do principal produto, o anil. Ao
Sul, em Honduras e Nicarágua, temos a pecuária extensiva e pouco
próspera com forte presença de mestiços e mulatos. Na Costa Rica, a
região mais meridional e despovoada da capitania, colonos Gallegos se
instalavam no século XVIII e desenvolveram uma agricultura dominada
pelo autoconsumo.

 Vice-Reino de Nova Granada (1717): seu produto principal de exportação era


o ouro, explorado desde o século XVI e cuja extração cresce rapidamente a
ponto de superar a do Brasil durante o século XVIII. Em linhas bem tradicionais,
sua grande contribuição para a economia ultramarina se deu por intermédio
de suas minas. No entanto, é possível destacar que era uma região bem
complexa heterogênea e pouco coesa, possuindo alguns núcleos importantes
como Cartagena; centro do poder militar espanhol na margem do Caribe; a
capital, Bogotá, cidade que surgiu em meio ao planalto pecuário; Papayan;
Medelin. Sua heterogeneidade se traduz na sua população, que na costa era
branca e mestiça; o interior, predominantemente mestiço; as regiões mineiras,
a qual era possível também observar a existência de uma população negra
escravizada significativa.
o Capitania Geral da Venezuela (1773): região voltada ao comércio
ultramarino com uma estrutura interna mais bem integrada. Os mais
importantes dos gêneros de exportação eram o cacau, o anil, o café e o
algodão. A agricultura costeira e dos vales andinos se encontravam na
mão de proprietários com mão-de-obra predominantemente
escravizada. A economia da região era dominada pelos senhores do
cacau, los mantuanos de Caracas. As regiões da planície vinculam sua
economia a círculos mais limitados – gado e mula para as Antilhas além
de animais para a Corte. A Venezuela se diferencia do resto da América
Espanhola consumidora de legumes e cereais enquanto voraz
consumidora de carne. No entanto, a pecuária não oferecia as mesmas
possibilidades de enriquecimento que a agricultura tropical.
o Quito: caracterizado pela oposição entre a costa e a serra. A primeira
consagrou uma agricultura tropical exportadora para ultramar
(produção de cacau em Guayaquil) com forte de presença de mão-de-
obra negra escravizada. No entanto, a maior parte da população se
encontra na serra aonde predomina uma população indígena. Mal
integrada a uma economia ultramarina, possui rincões que produzem
algodão e produtos artesanais que encontravam seu caminho pelo Rio
da Prata. A capital, predominantemente branca, é aonde se encontram
senhores de terra com forte presença de trabalho servil compulsório.

 Vice-Reino do Peru (1543): mineração foi a base da economia e do comércio


ultra-marino do Peru. A serra do norte era predominantemente mestiça e
melhor incorporada a circuitos comerciais mais amplos. As mulas, os têxteis
domésticos e frutas eram enviadas a Quito e ao Peru meridional. A costa era
uma franja de desertos interrompidos por breves oásis de irrigação aonde
predominou um agricultura orientada ao mercado hispano-americano
( ultramarino de toda maneira). Aguardente, vinho, algodão, açúcar e arroz era
distribuídos pelo pacífico sulamericano. A serra meridional era o grande centro
de população indígena peruana, com sua capital Cuzco que foi dos Inca. Nesta
região, centros agrícolas destinados a atender a zona mineira se
desenvolveram junto a agricultura de subsistência em suas margens. Outra
atividade importante foi a pecuária, da onde se obtinham lã variadas – base da
existência de muitas comunidades indígenas. Se nas serras predominavam a
população nativa, na costa havia uma agricultura de fazendas e pessoas
escravizadas A agricultura serrana, entanto, vivia oprimida por uma dupla carga
de uma classe senhorial espanhola e outra indígena, agravada ainda por cima
pelo aparato eclesiástico. As classes altas locais eram subordinadas as da
capital, Lima, que dominavam agricultura costeira local. O comércio de Lima
era o grande marco do vice-reino do Peru.
o Capitania geral ou Reino do Chile (1778): não dispunha de muitos
produtos facilmente exportáveis. O trigo encontra seu mercado
tradicional em Lima, porém uma expansão da pecuária era freada pela
ausência de possíveis consumidores. A capital, Santiago, cresce
rapidamente, sendo formada por brancos e mestiços. O avanço
demográfico se dá em função da expansão das áreas ocupadas via
conquista da muito resistente fronteira indígena. Na região, o campo
era dominado pela grande propriedade. A classe dos grandes
proprietários de terra se renova a partir do século XVIII, abrindo-se a
imigrantes peninsulares que chegam como burocratas e comerciantes.
A grande resistência dos araucanos fez com que a oposição entre
americanos e peninsulares fosse dominante na região. A integração da
população indígena à sociedade colonial espanhola foi impedida,
gerando como consequência a formação de um setor mestiço que,
após três séculos de domínio, tivesse um aporte cultural basicamente
espanhol cuja distinção da população branca era pequena. A
população negra e mulata era escassa.
 Vice-reino do Prata (1776): região heterogênea que demonstra grande
complexidade devido ao fato de que suas terras foram reunidas por decisão
política. Sua demografia é caracterizada por elevada porcentagem de mestiços
e indígenas no Alto Peru com uma minoria branca e uma população negra
pouco numerosa; pela predominância de mestiços nas regiões de Tucumán e
Cuyo, uma população indígena menos importante e com núcleos importantes
de população negra; nas missões, uma população indígena em rápido declínio;
no Paraguai, e ao norte de Corrientes, uma população mais mestiça. Fruto das
transformações da estrutura imperial da segunda metade do século XVIII*,
provavelmente foi a região mais afetada por elas. A coroa decide dar suporte a
um processo orientação ao atlântico pela qual passava as economias de
Tucumán, Cuyo, Alto Peru e Chile muito em função da intenção de barrar o
avanço português na região. Foi decisivo para o rápido crescimento de Buenos
Aires, centro de importação de escravos para todo o sul do império espanhol
desde 1714. O crescimento da cidade reflete as reformas borbônicas* e uma
classe mercantil subitamente ampliada graças a imigração desde a península. A
prosperidade do setor mercantil se deveu em grande parte ao domínio dos
circuitos terminavam no Alto Peru (região da Bolívia). Igualmente vinculada ao
norte estava a economia do interior rioplatense (distritos comerciais,
pecuaristas, artesanais) cuja marca principal era o envio de mulas, lã, peles,
produtos artesanais ao norte mineiro. Junto aos distritos agrícolas subandinos,
aonde se cultivava trigo, possuíam um mercado alternativo no litoral e na rica
capital. Acerca do conjunto do litoral rio platense, seu crescimento se dá pela
segunda metade do século XVIII. A pecuária extensiva, o fato de população
indígena local não constituir uma ameaça constante, a reserva de mão-de-obra
criada pelas missões guaranis, – sobretudo após a expulsão dos jesuítas – e o
contrabando de gado para o Brasil são motores da expansão tardia da região.
o Terras das missões (Paraguai): após a expulsão dos jesuítas passou
entrar cada vez mais em contato com as terras de colonos espanhóis. A
estrutura comunitária indígena foi fortemente impactada com o
decréscimo da população vertiginoso da população em território
missioneiro. Essa região se caracterizou por produzir algodão e erva
mate, porém a produção missioneira diminui e a zona rival do
Paraguai, dominada por colonos de origem peninsular triunfa com a
captura dos mercados de erva mate e produção de tabaco dirigida pela
coroa contra as importações brasileiras. A expansão da pecuária
também acaba por alcançar a região, incluindo o litoral, dominado
pelos comerciantes de Buenos Aires.
o Alto Peru (Bolívia): durante bom tempo concentrou o núcleo
demográfico e econômico do vice-reinado rio platense segue sendo o
Alto Peru e suas minas (Potosí e Oruro). A estrutura mais complexa a
ser forma na região se deveu em grande à mineração, a qual consumia
grande parte da mão de obra indígena. Em torno das minas, se
expande a agricultura alto peruana e uma atividade têxtil artesanal,
seja ela doméstica ou pautada pela utilização de trabalho obrigatório
da população indígena. Cidades comerciais surgem ao lado das
mineiras, das quais a mais importante foi La Paz – centro de uma
região densamente povoada por indígenas. Foi uma região
relativamente rica a ponto de criar uma cidade de puro consumo e ser
sede de uma Audiência (órgão de justiça) e de uma universidade. A
dificuldade de obter mercúrio da metrópole leva esta região à
decadência.

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