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1. Brasil Colônia..................................................................................................4
2. Tratado de Tordesilhas.....................................................................................6
Figura 1 - Tela do pintor Vitor Meirelles retratando a primeira missa celebrada no Brasil, no
século XVI
A história do Brasil colonial pode ser dividida em três períodos: o primeiro inicia
desde a chegada de Pedro Álvares Cabral à instalação do governo geral, no século XVI;
o segundo é um longo lapso de tempo que abrange desde a instalação do governo geral
até as últimas décadas do século XVIII, e por fim, o terceiro vai dessa época à
Independência, em 1822.
1
Fausto, Boris (1994). A História do Brasil. Editora da Universidade de São Paulo. Ed. 10. Pg 82-87.
Nos primeiros 40 anos depois da descoberta do território, a principal atividade
econômica foi a extração do pau-brasil, obtida principalmente mediante troca com os
índios. O que não significou que a convivência entres os diferentes povos e culturas não
tenha sido de todo pacífico, visto que, ao longo da história não faltaram relatos de
rebeliões indígenas contra os portugueses. Uma das principais causas de revoltas eram
as tentativas de escravização do índio, que chocou-se diante de uma série de
inconvenientes, tendo em vista os fins da colonização. Os índios tinham uma cultura
incompatível com o trabalho intensivo e regular e mais ainda compulsório, como
pretendido pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos, mas possuíam um diferente
estilo de trabalho que se restringia a fazer apenas o necessário para a sua sobrevivência,
o que naquela época não era difícil, pois a abundância de recursos, peixes, plantas, frutas
e verduras eram vastas2. Muito de sua energia e imaginação era empregada nos rituais,
nas celebrações e nas guerras. As noções de trabalho contínuo ou do que hoje
chamaríamos de produtividade eram totalmente estranhas aos olhos deles. O que apenas
resultou na escolha econômica e sábia de utilização dos escravos africanos, que naquele
período se tornou uma opção mais fácil aos exploradores.
2
Fausto, Boris (1994). A História do Brasil. Editora da Universidade de São Paulo. Ed. 10. Pg 84.
Uma das tentativas de sujeição indígena foi feita pelas ordens religiosas,
principalmente pelos jesuítas, por motivos que tinham muito a ver com suas concepções
missionárias. Ela consistiu no esforço em transformar os índios, através do ensino, em
"bons cristãos", reunindo-os em pequenos povoados ou aldeias. As ordens religiosas
tiveram o mérito de tentar proteger os índios da escravidão imposta pelos colonos,
nascendo daí inúmeros atritos entre colonos e padres. Os índios resistiram às várias
formas de sujeição, pela guerra, pela fuga, pela recusa ao trabalho compulsório. Em
termos comparativos, as populações indígenas tinham melhores condições de resistir do
que os escravos africanos. Enquanto estes se viam diante de um território desconhecido
onde eram implantados à força, os índios se encontravam em sua casa.
2. Tratado de Tordesilhas
Temendo uma abrupta ascenção dos espanhóis neste contexto, Portugal ameaçou
entrar em confronto caso suas conquistas fossem desrespeitadas. A Coroa Espanhola, com
o intuito de evitar a desencadeação de uma guerra, solicita ao papa Alexandre VI para
arbitrar a questão. Em 4 de maio de 1493, a Bula Inter Coetera, surge para estabelecer um
acordo que passou a determinar as regiões de exploração de cada uma das nações ibéricas.
De acordo com o documento, uma linha imaginária, de cerca de 680 quilômetros, a partir
da Ilha dos Açores, dividiu o mundo em dois, determinando que todas as terras a oeste
desta linha seriam de dominância espanhola e a Este de domínio português.
Pensou-se que desta maneira, a disputa estaria resolvida, no entanto, o rei D. João
II exigiu a revisão do acordo diplomático. O historiador brasileiro Boris Fausto, acredita
que a exigência do rei português possui relação com o conhecimento de Portugal na
existência de terras na parte sul do novo continente. No dia 7 de julho de 1494, o papa
mais uma vez interviu no caso, e formulou um tratado com ambas as partes. Segundo o
novo acordo, todas as terras descobertas até o limite de 2500 quilômetros a oeste de Cabo
Verde seriam de domínio português, enquanto que os espanhóis ficariam com as demais.
O nova decisão papal ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas, e dividiu o Brasil
em duas partes, deixando os estados a nordeste até parte do litoral sul sob domínio de
Portugal.
O Colégio dos Jesuítas de São Salvador, que irei abordar a seguir, situa-se no
estado da Bahia, a nordeste do país, e foi uma das grandes construções jesuíticas do país,
sendo a primeira escola de ensino superior do Brasil.
3. Colégio dos Jesuítas de São Salvador
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É dedicada à Nossa Senhora da Ajuda, nome de uma das naus da frota de Tomé de Sousa, o primeiro
Governador-geral do Brasil.
Figura 6 - Único retrato do padre Manuel da Nobrega.
Fonte:https://www.reddit.com/r/brasil/comments/7b6nar/%C3%BAnico_retrato_de_manuel_d
a_n%C3%B3brega_jesu%C3%ADta/
Nóbrega passa a tratar com o governador o envio de livros para o novo colégio. O
sustento dos padres, inicialmente, passa a ser por esmolas ou benemerências dos homens
do governo. Segundo o autor Serafim Leite, no seu livro sobre a Companhia, “(...)não
decorrido um ano de sua fundação, e já se dava, pelo almoxarifado régio, o subsídio
mensal de 1 cruzado (400 réis) a cada um dos seus primeiros da Companhia (...)”. Em
março do ano seguinte, a pedido do padre Manuel Nóbrega, chegam à costa, a segunda
expedição com quatro padres: Afonso Brás, Francisco Pires, Manuel de Paiva e Salvador
Rodrigues, acompanhado de sete meninos órfãos de Lisboa.
Três anos depois é construído o Colégio dos Jesuítas de São Salvador da Bahia.
Sua fundação é muito importante para a missão jesuítica, pois através do colégio e de
outras intituições de ensino a evangelização indígena se daria de forma mais rápida e
sólida, pois os padres contavam com o auxilio de livros advindos da capital portuguesa.
As primeiras construções jesuíticas, como todas feitas logo na chegada à costa
nordestina do novo continente, eram iniciadas com os recursos que os padres
disponibilizavam na época, Lucio Costa, em seu trabalho acerca da arquitetura da
Companhia, relata que “(...)onde houvesse bom barro e pedra e cal fossem dificeis de
obter, recorria-se à taipa de pilão 4 (...)”. As estruturas dos primeiros complexos eram
formadas por sucessivas camadas de barro apiloado, o que distinguia muito das
construções de alvenaria, pois seu aspecto não ficava harmonico e simétrico. Ao contrário
do que se tem categoricamente afirmado, es edificações em alvenaria de pedra, tanto
religiosas como civís, já eram bastante comuns na segunda metade do primeiro século da
missão, o que diferenciava algumas seria a importância de sua localização ou a quantidade
de ajuda para a construção os edifícios recebiam, alega o historiador Boris Fausto.
A igreja de pedra e cal, que fora mandada construir por Mem de Sá, em Salvador, para
o “mosteiro de Jesus”, com capela-mor forrada “de painéis para se poder pintar de figuras com
oleo avendo bom pintor que o saiba fazer”, já estava concluída havia cinco anos quando alí
chegou, em 1577, o irmão arquiteto Francisco Dias, com a incubencia de projetar e dirigir a
construção do novo colégio, o mesmo descrito por Cardim, nove anos depois, “todo de pedra e
cal de ostra, que é tão boa como a de pedra de Portugal. Os cubículos são grandes, os portais
de pedra, as portas d’angelim forradas de cedro”.(Costa, Lucio; Arquitetura dos Jesuítas no
Brasil; pg.16.)
4
é uma técnica construtiva que consiste em comprimir a terra em formas de madeira, denominada de taipais,
onde o barro é compacto horizontalmente disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros
de altura até atingir a densidade ideal, criando assim uma estrutura resistente e durável.
falta, quase sempre, nestes pátios, em suma nos colégios no Brasil, a atmosfera tranquila
e de recolhimento, peculiar aos claustros dos conventos das demais ordens religiosas.
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Costa, L. (2010). A arquitetura dos jesuítas no Brasil. São Paulo: ARS (São Paulo) vol.8, pg.129-130.
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Não confundir com mísulas, que são ornatos que ressaem de uma superfície, geralmente vertical, e que
serve para sustentar um arco de abóbada, uma cornija, figura, etc.
4. As influências artísticas e educacionais jesuíticas
Figura 11 - Pormenor do retábulo que teria pertencido à capela -mor da igreja construída por
Mem de Sá.
Iniciou, na metade do século XVI, o “Colégio dos Meninos de Jesus”, com a vinda
de órfãos de Lisboa, que acabaram por se juntar com meninos índios. Estes meninos
recebiam o curso regular de ensino, dentre as atividades estavam: ler, escrever, gramática
e os primeiros elementos do Latim. Alguns chegavam ao sacerdócio. A compra de
materiais e de terrenos adjacentes foi facilitada por recomendação de D. Sebastião, e as
obras do complexo não pararam, em detrimento do seu rápido e efusivo crescimento.
Costa, L. (2010). A arquitetura dos jesuítas no Brasil. São Paulo: ARS (São Paulo)
vol.8.
Leite, S. (1965). Suma História da Companhia de Jesus no Brasil 1549 - 1760. Lisboa:
Tipografia Minerva.
Martins, F. (2014). Jesuítas de Portugal 1542- 1759 – Arte| Culto| Vida Quotidiana.
Porto: Edição do Autor.