Você está na página 1de 4

Governo do Estado do Rio de Janeiro – Secretaria de Estado de Educação

Diretoria Regional Metropolitana III


Colégio Estadual Professor José Accioli
............................................................................................................................................................

FHFS- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

3ª Série do Ensino Normal – Prof. Cláudia Regina

A Influência da Igreja Católica no Brasil

A Igreja Católica está presente na história brasileira desde a chegada dos portugueses,
contribuindo para a formação cultural, artística, social e administrativa do país.

Você já se perguntou por que a maioria das cidades brasileiras foi construída em volta de uma
igreja? Ou por que grande parte dos feriados é dedicada a santos? Para tentar responder a estas
questões, é necessário entender a influência religiosa católica no Brasil. Ainda no começo do
século XXI, dentre as religiões professadas pela população brasileira, o Catolicismo continua a ter
o maior número de seguidores entre os habitantes do país. Tal predominância é decorrente da
presença da Igreja Católica em toda a formação histórica brasileira.

A chegada de membros do clero católico ao território brasileiro foi simultânea ao processo de


conquista das terras do Brasil, já que o reino português tinha estreitas relações com a Igreja
Católica Apostólica Romana. A missa celebrada na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500,
foi imortalizada por Victor Meirelles no quadro Primeira Missa no Brasil. A presença da Igreja
Católica começou a se intensificar a partir de 1549 com a chegada dos jesuítas da Companhia de
Jesus, que formaram vilas e cidades, cujo caso mais célebre é a cidade de São Paulo.

Vários outros grupos de clérigos católicos vieram também à colônia portuguesa com a missão
principal de evangelizar os indígenas, como as ordens dos franciscanos e dos carmelitas, levando
a eles a doutrina cristã. Esse processo se interligou às próprias necessidades dos interesses
mercantis e políticos europeus no Brasil, como base ideológica da conquista e colonização das
novas terras. As consequências foram o aculturamento das populações indígenas e os esforços
no sentido de disciplinar, de acordo com os preceitos cristãos europeus, a população que aqui
habitava, principalmente através de ações educacionais.

Nas artes, a mais notória contribuição da Igreja Católica na história do Brasil foram as produções
artísticas barrocas, que tiveram como principal expoente o artista plástico Aleijadinho. Essas
obras podem ser encontradas nas cidades de Salvador, Diamantina, Ouro Preto, Recife e Olinda.

1
Por outro lado, o contato do catolicismo com as religiões africanas produziu sincretismos
religiosos, uma mescla das religiões que originou o candomblé, por exemplo.
As relações entre Igreja Católica e Estado foram estreitas no Brasil tanto na colônia quanto no
Império, pois, além de garantir a disciplina social dentro de certos limites, a igreja também
executava tarefas administrativas que hoje são atribuições do Estado, como o registro de
nascimentos, mortes e casamentos. Contribuiu ainda a Igreja com a manutenção de hospitais,
principalmente as Santas Casas. Em contrapartida, o Estado nomeava bispos e párocos, além de
conceder licenças à construção de novas igrejas.

O cenário mudou com a nomeação do Marquês de Pombal, que afastou a influência da Igreja
Católica da administração do Estado. Após sua morte, os laços voltaram a se estreitar,
perpassando por todo o período imperial brasileiro no século XIX. Com a proclamação da
República em 1889, houve a separação formal entre Estado e Igreja Católica, mas sua presença
continuou ainda viva, como comprova a existência de várias festas e feriados nacionais, como as
festas juninas e o feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país.

Contrariamente às diretrizes da direção da igreja, vários grupos religiosos atuaram politicamente,


lutando pelas melhorias das condições de vida da população explorada do país. Existiram vários
exemplos ao longo da história brasileira, entre eles, podemos citar a Revolta de Canudos no fim
do século XIX, ou mesmo no último quarto do século XX, quando os grupos ligados à Teologia da
Libertação conseguiram formar alguns movimentos sociais, como o MST, através da ação nos
Conselhos Eclesiais de Base (CEB’s).

Por Tales Pinto Graduado em História

A Educação no Período Colonial

Educar ou Catequizar?

Desde a chegada dos jesuítas ao Brasil, no período colonial, muitas mudanças ocorreram na
educação - alguns problemas porém, ainda assombram os brasileiros

Por Rodrigo Azevedo, especial para a Gazeta do Povo

Uma educação focada exclusivamente na catequização. Foi assim que nasceu o embrião do
ensino no Brasil, em 1549, quando os primeiros jesuítas desembarcaram na Bahia. A educação
pensada pela Igreja Católica - que mantinha uma relação estreita com o governo português -
tinha como objetivo converter a alma do índio brasileiro à fé cristã. Havia uma divisão clara de
ensino: as aulas lecionadas para os índios ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos
próprios indígenas, nas chamadas missões; já os filhos dos colonos recebiam o conhecimento
nos colégios, locais mais estruturados por conta do investimento mais pesado.

“Os índios são papel em branco”, escreveu, certa vez, o líder jesuíta no Brasil, o padre Manuel de
Nóbrega, em carta enviada à corte portuguesa. A educação dos índios, em especial da tribo
curumim, era uma tarefa encampada pelo padre José de Anchieta, homem considerado um dos
mais atuantes pedagogos da Companhia de Jesus. Para educar os indígenas, Anchieta lançava
mão de recursos ainda atuais em algumas escolas brasileiras, como o teatro, a música e a
poesia. Por causa de sua obra preservada, especialmente as cartas em que documentava as
rotinas escolares, Anchieta pode ser apontado como um dos nomes de maior destaque da história
da educação brasileira.
2
Em outra ponta da educação, com um atendimento diferenciado, estavam os filhos de
portugueses. Os descendentes de europeus também frequentavam as aulas dos jesuítas, mas
recebiam um ensinamento mais aprofundado, inclusive de outras matérias. O conhecimento
repassado aos alunos não se restringia à propagação do ensino religioso, e envolvia mais
conteúdo voltado às letras. A diferenciação do ensino para este público privilegiado era um pedido
que vinha de cima, feito pela própria elite colonial que morava no Brasil.

De acordo com os registros históricos, a hierarquia familiar dos portugueses funcionava da


seguinte maneira: o primogênito teria direito sobre todas as propriedades da família; o segundo
filho era enviado aos colégios e, possivelmente, completaria seus estudos superiores na Europa;
já o terceiro seria entregue à Igreja para seguir a vida religiosa. A educação letrada no Brasil
colonial era direcionada somente aos homens. As mulheres não tinham acesso aos colégios e
eram educadas somente para a vida doméstica e religiosa.

Ainda que houvesse uma segregação clara entre os ensinamentos repassados aos índios e aos
filhos dos colonos, a educação jesuítica seguia (ou tentava seguir) um documento curricular: o
Ratio Studiorum. Elaborado em 1599, a diretriz curricular era a base do conteúdo pensada pela
Igreja. No Ratio, constava o ensino da gramática média, da gramática superior, das humanidades,
da retórica, da filosofia e da teologia.

A partir do ensino das letras, começava a se formar no país uma organização da sociedade
hierarquizada pelo acesso à alfabetização. Isto é: teria mais chances de prosperar na colônia
aquele que aprendesse a ler e escrever. Nos locais de ensino da Companhia de Jesus, os
comportamentos exemplares eram bastante cobrados pelos padres. Os alunos que
desrespeitassem os princípios morais cristãos eram punidos com castigos.

Ao todo, até ser expulsa do Brasil, a Companhia de Jesus criou 25 residências, 36 missões e 17
colégios e seminários. “Talvez a Companhia tenha sido a mais importante, mas tivemos outras
ordens religiosas operando no ensino brasileiro”, lembra Rosa Fátima de Souza, professora da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara.

Em 1750, ano da assinatura do Tratado de Madrid entre Portugal e Espanha, a até então
confortável situação da Companhia de Jesus no Brasil começou a se deteriorar. Nove anos
depois, ocorreu a expulsão desta ordem religiosa das terras brasileiras. A educação jesuítica
guarda poucas semelhanças com o que vemos hoje em dia nas escolas. O legado deixado pelos
soldados de Cristo, porém, ainda é muito debatido na academia. Afinal, eles foram os predadores
ou construtores da cultura?

3
4

Você também pode gostar