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SUASA
ORGANIZAÇÃO,
ORGANIZAÇÃO,
ESTRUTURA
ESTRUTURA
E COMPETÊNCIAS
E COMPETÊNCIAS
Editorial
Coordenação Editorial:
Departamento de Suporte e Normas
Autora do conteúdo:
Ana Lúcia dos Santos Stepan
SUASA
ORGANIZAÇÃO,
ESTRUTURA E
COMPETÊNCIAS
Sumário
Módulo I: Contextualização do Suasa....................................................................................5
1. Apresentação...........................................................................................................................5
2. A política agrícola brasileira................................................................................................7
3. A defesa Agropecuária ..........................................................................................................9
4. O Suasa.................................................................................................................................... 13
5.4. Participantes............................................................................................................... 24
Referências Bibliográficas..................................................................................................... 95
SUASA
ORGANIZAÇÃO,
ESTRUTURA E
COMPETÊNCIAS
1. Apresentação
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o órgão da administração pública
federal direta que tem competência para tratar dos temas relacionados à regulação do setor
agropecuário brasileiro por meio da Defesa Agropecuária.
A Defesa Agropecuária, segundo a Lei nº 8.171/1991, é um dos principais pilares da Política Agrícola
nacional, tendo como objetivos assegurar a sanidade das populações vegetais, a saúde dos rebanhos
animais, a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na agropecuária e a identidade e a
segurança higiênico-sanitária e tecnológica dos produtos agropecuários finais destinados aos
consumidores (BRASIL, 1991a). Para garantir o atingimento desses objetivos e organizar as ações de
Defesa Agropecuária desenvolvidas pelo poder público, foi criado o Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária (Suasa).
O Suasa abrange desde o local da produção primária até a colocação do produto final no mercado
interno ou a sua destinação para exportação. As regras e os processos nele estabelecidos contêm
os princípios que devem ser observados pelos vários atores envolvidos nas cadeias produtivas e,
principalmente, pelas autoridades competentes dos entes federativos. Como parte desse Sistema,
foram criados os Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários (Sisbi).
Essas são as ferramentas legais disponibilizadas para que se proceda uma articulação federativa
efetiva entre a União, os estados e os municípios, cabendo ao Mapa, por meio da Secretaria de Defesa
Agropecuária (SDA), atuar como instância central e superior do Suasa e como órgão coordenador
dos Sisbi.
Para Bergue (2019), as pessoas são um elemento de destaque nos processos da administração pú-
blica, pois, sem elas, os resultados não acontecem. Segundo o autor, o serviço público é intensivo em
conhecimento, sendo este produzido e mobilizado pelas pessoas que, por meio de seus trabalhos,
transformam seus conhecimentos em ação e em resultados para a sociedade. Neste contexto, con-
siderando a importância da Defesa Agropecuária brasileira, é fundamental que os agentes públicos
e os operadores do agronegócio compreendam o que é e como funciona o Suasa, quais são as suas
competências e como a implementação de suas ações impacta a vida de produtores rurais, empre-
sários e consumidores.
O presente curso pretende ampliar o conhecimento dos aspectos relativos ao funcionamento e
à organização do Suasa aos servidores e aos empregados públicos da União, dos estados e dos
municípios e seus consórcios públicos, bem como aos demais participantes das cadeias produtivas
do setor agropecuário brasileiro. Dessa forma, esses atores poderão incrementar ainda mais seu
protagonismo de executores das ações da Defesa Agropecuária, as quais possuem uma dimensão
estratégica para o desenvolvimento nacional e o bem-estar da sociedade brasileira.
Objetivo geral
Melhorar a efetividade das ações de Defesa Agropecuária, por meio da qualificação contínua de
seus agentes, bem como desenvolver habilidades e competências relacionadas à organização e ao
funcionamento do Suasa.
Objetivos específicos
• Entender como a Defesa Agropecuária se insere na Política Agrícola brasileira, quais seus
objetivos e suas atividades;
• Esclarecer o que é e como funciona o Suasa, distinguindo seus dois eixos de organização:
as instâncias e os Sisbi;
• Conhecer os objetivos dos Sisbi, as competências dos órgãos e as obrigações dos
participantes das cadeias produtivas;
• Conhecer os requisitos gerais para a adesão aos Sisbi e o que é a equivalência dos
Serviços;
• Entender em que momento são realizadas as auditorias e as avaliações técnicas dos
Serviços no âmbito dos Sisbi;
• Compreender que a adesão ao Sisbi é um instrumento específico de delegação de
competência da Defesa Agropecuária;
• Saber quais são as aéreas e as atividades que podem ser executadas em cada um dos
Sisbi.
Estrutura do curso
O curso será dividido em quatro módulos. No Módulo I, serão estudados os aspectos relativos à
Política Agrícola brasileira, à Defesa Agropecuária, que é um de seus instrumentos, e ao Suasa, que
organiza suas ações. No Módulo II, serão detalhados os vários aspectos relacionados às instâncias do
Suasa. O Módulo III analisará o outro componente do Suasa, ou seja, os Sisbi. O Módulo IV tratará
da adesão aos Sisbis como um instrumento de delegação de competência e mostrará as atividades
que podem ser desenvolvidas em cada um deles. Por fim, finaliza-se com um resumo dos principais
temas tratados aqui.
Expandindo o conhecimento!
Em geral, os dois sistemas são de livre adesão, sendo o acesso aos recursos finan-
ceiros condicionado a diversas contrapartidas. São exemplos de políticas cons-
titucionalizadas a educação básica e a saúde, ao passo que a assistência social,
o meio ambiente e a habitação são do grupo de políticas normatizadas.
Sobre a Política Agrícola, a Constituição Federal de 1988 não a detalhou. O inciso VII do Art. 23
estabelece ser competência comum da União, dos estados e dos municípios fomentar a produção
agropecuária e organizar o abastecimento alimentar (BRASIL, 1988). Já o Art. 187 define que a Política
Agrícola deverá ser planejada e executada na forma da lei, incluindo as atividades agroindustriais e
agropecuárias, entre outras, devendo contar com a participação efetiva dos setores produtivo, de
comercialização, de armazenamento e de transportes (Ibidem).
Dessa forma, foi publicada a Lei n° 8.171/1991, que instituiu a Política Agrícola brasileira. Nela, foram
fixados os fundamentos, definidos os objetivos, as competências institucionais, a previsão dos recur-
sos e as ações e os instrumentos relativos às atividades agropecuárias e agroindustriais, entre outros.
A Lei nº 10.298, de 30 de outubro de 2001, adicionou à Lei Agrícola os seguintes objetivos: promover
a saúde animal e a sanidade vegetal; promover a idoneidade dos insumos e dos serviços empregados
na agricultura; assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados e resíduos
de valor econômico; promover a concorrência leal entre os agentes que atuam nos setores e a
proteção destes em relação a práticas desleais e a riscos de doenças e pragas exóticas no país
(BRASIL, 2001).
Art. 3° São objetivos da política agrícola:
(...)
XIII – promover a saúde animal e a sanidade vegetal;
XIV – promover a idoneidade dos insumos e serviços empregados na agricultura;
XV – assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados e
resíduos de valor econômico;
XVI – promover a concorrência leal entre os agentes que atuam nos setores e a proteção
destes em relação a práticas desleais e a riscos de doenças e pragas exóticas no País;
(...) (BRASIL, 2001).
3. A defesa Agropecuária
Expandindo o conhecimento!
Lowi (1972 apud FREY, 2000) dividiu as políticas públicas em quatro tipos: consti-
tutivas, distributivas, redistributivas e regulatórias. As constitutivas definem as
condições nas quais as demais políticas são estabelecidas, definindo regras, estru-
turas e processos. As distributivas, como o próprio nome diz, distribuem
benefícios para a população; possuem um baixo grau de conflito, por atenderem
muitas pessoas e pelo fato de não gerarem custos diretos perceptíveis para
outros grupos. As redistributivas geram maiores conflitos em razão de reali-
zarem a transferência de rendas, direitos ou outros valores entre as diversas
camadas sociais. As regulatórias normatizam, proíbem ou autorizam, por meio
de leis, decretos, portarias e normativas. Segundo Secchi (2012, p. 17), as políticas
regulatórias “estabelecem padrões de comportamento, serviços ou produtos
para atores públicos e privados”.
Apesar de a Defesa Agropecuária ter sido selecionada como uma das ações da Política Agrícola
brasileira, em razão de vedações impostas, esta só foi estabelecida legalmente em 1998. A Defesa
Agropecuária é um dos instrumentos da Política Agrícola brasileira, definida no inciso V do Art. 4° da
Lei n° 8.171/1991. Foi instituída pela Lei n° 9.712/1998, conhecida como Lei da Defesa Agropecuária,
que acrescentou os Arts. 27-A, 28-A e 29-A ao capítulo VII da Lei Agrícola. O projeto que a originou
explica o significado dessa denominação:
(...) a denominação Defesa Agropecuária consagra diversas responsabilidades fixadas em
leis típicas de governo, no exercício do poder de polícia, para disciplinar, sob o ponto de
vista higiênico, sanitário e tecnológico, várias atividades agrícolas (...) (BRASIL, 1997, p.
25008).
Idoneidade dos insumos e dos serviços Fiscalização dos insumos e dos serviços
utilizados na agropecuária
No âmbito federal, compete ao Mapa tratar dos assuntos relacionados à Defesa Agropecuária e à
segurança dos alimentos, cabendo especificamente à SDA assegurar o alcance de seus objetivos.
Art. 1º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, órgão da administração
federal direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:
(...)
4. O Suasa
Com o objetivo de promover a saúde, o Art. 28-A da Lei n° 8.171/1991 propôs a organização das
ações de Defesa Agropecuária por meio do Suasa, o qual foi instituído pelo Art. 1° do Decreto n°
5.741, de 30 de março de 2006. Esse deve se articular com o SUS no que se refere à saúde pública.
Os trechos citados são transcritos a seguir.
Os objetivos do Suasa estão relacionados aos da Defesa Agropecuária, definidos no Art. 27-A da Lei
n° 8.171, sendo: garantir a proteção da saúde dos animais e a sanidade dos vegetais, a idoneidade dos
insumos e dos serviços utilizados na agropecuária, e a identidade, a qualidade e a segurança higiênico-
sanitária e tecnológica dos produtos agropecuários finais destinados aos consumidores (BRASIL,
1991a). O quadro 2 identifica e relaciona os objetivos da Defesa Agropecuária e do Suasa.
Art. 2º As regras e os processos do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
contêm os princípios a serem observados em matéria de sanidade agropecuária,
especialmente os relacionados com as responsabilidades dos produtores, dos fabricantes
e das autoridades competentes, com requisitos estruturais e operacionais da sanidade
agropecuária.
§ 1º As regras gerais e específicas do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
têm por objetivo garantir a proteção da saúde dos animais e a sanidade
dos vegetais, a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na
agropecuária, e identidade, qualidade e segurança higiênico-sanitária
e tecnológica dos produtos agropecuários finais destinados aos
consumidores (BRASIL, 2006, Anexo, grifos nossos).
A idoneidade dos insumos e dos serviços Garantir a idoneidade dos insumos e dos
utilizados na agropecuária serviços utilizados na agropecuária
Referência legal
Art. 2º (...)
§ 2º O Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária funciona de forma integrada
para garantir a sanidade agropecuária, desde o local da produção primária até a colocação
do produto final no mercado interno ou a sua destinação para a exportação.
(...)
Art. 4º Este Regulamento se aplica a todas as fases da produção, transformação, distribuição
e dos serviços agropecuários, sem prejuízo de requisitos específicos para assegurar a
sanidade agropecuária, a qualidade, a origem e identidade dos produtos e insumos
agropecuários (BRASIL, 2006, Anexo).
Produção
Serviços agropecuários
Transformação
Distribuição
Elaboração própria
Dessa forma, o Suasa deve operar de acordo com os princípios e as definições da sanidade
agropecuária, incluindo o controle de atividades de saúde, sanidade, inspeção, fiscalização, educação,
vigilância de animais, vegetais, insumos e produtos de origem animal e vegetal. Por isso, suas regras
e seus processos contêm os princípios a serem observados em matéria de sanidade agropecuária,
especialmente os relacionados com as responsabilidades dos produtores, dos fabricantes e das
autoridades competentes, com requisitos estruturais e operacionais da sanidade agropecuária.
Art. 1º (...)
§ 2º O Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária opera em conformidade
com os princípios e definições da sanidade agropecuária, incluindo o controle de atividades
Art. 1º (...)
Elaboração própria
Como foi visto, o Art. 27-A da Lei n° 9.712/1998 trata da Defesa Agropecuária como um todo,
estabelecendo seus objetivos e suas atividades e definindo que estas serão organizadas de forma
a garantir o cumprimento das legislações vigentes relacionadas ao tema, além dos compromissos
internacionais firmados pela União.
Já o Art. 28-A da Lei n° 9.712/1998 estabelece que as ações de vigilância e defesa sanitária dos
animais e dos vegetais serão organizadas sob a coordenação do poder público nas várias instâncias
federativas e no âmbito de sua competência. Note-se que não são citadas as outras atividades, ou
seja, inspeção e classificação dos produtos e fiscalização dos insumos utilizados na agropecuária. Isso
porque estas são tratadas no Art. 29-A, quando são criados os Sisbi. Um resumo da estrutura da Lei
n° 9.712/1998, que acrescentou os Arts. 27-A, 28-A e 29-A à Lei Agrícola, é apresentado no quadro 3.
Quadro 3 – Temas e atividades abordados nos Arts. 27-A, 28-A e 29-A da Lei n° 9.712/1998, que
alterou a Lei n° 8.171/1991 (Lei Agrícola) alterou a Lei n° 8.171/1991 (Lei Agrícola)
Lei n° 9.712/1998 Temas abordados Atividades da Defesa Agropecuária
Instâncias
• Vigilância e defesa sanitária animal e vegetal.
Suasa
Sistemas (Sisbi)
• Inspeção e classificação de produtos de origem vegetal e animal;
• Inpeção dos insumos e dos serviços usados nas atividades
agropecuárias.
Elaboração própria
Seguindo a mesma lógica dos Arts. 27-A, 28-A e 29-A da Lei n° 8.171/1991, o Decreto n° 5.741/2006
que os regulamentou inicia com os temas relativos às disposições preliminares, aos princípios e às
obrigações gerais do Sistema; trata das instâncias e dos diferentes aspectos a elas relacionados; abor-
da alguns elementos estratégicos e transversais da Defesa Agropecuária; e finaliza tratando dos Sisbi.
Os capítulos II a IX, de maneira geral, tratam dos temas relativos às instâncias. Há, contudo, dois
artigos inseridos nestes capítulos que incluem expressamente os Sisbi, quais sejam: o Art. 40, que
trata da educação sanitária; e o Art. 62, que aborda as certificações. Também o capítulo IV, que versa
sobre a metodologia e os procedimentos especiais a serem adotados, em que estão incluídos a
análise de risco e o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC), abrange
objetivos relacionados aos Sisbi. Conforme já foi visto, o capítulo V mereceu atenção, pois enfatiza
que o compromisso com o consumidor e com o produtor deve nortear as normas complementares
da Defesa Agropecuária.
O capítulo X dispõe, única e exclusivamente, sobre os Sistemas do Suasa, ou seja, os Sisbi. Pode-se
perceber que, quando o decreto do Suasa trata dos Sisbi, deixa de usar a terminologia instância e
passa a utilizar a denominação dos entes federativos, isto é, estados, Distrito Federal e municípios.
Nesse capítulo, o Mapa não é mais referido como instância central e superior do Suasa, passando a
ser tratado como órgão coordenador. Para facilitar o entendimento da organização do Decreto n°
5.741, o Apêndice apresenta sua estrutura completa, e as principais diferenças entre as instâncias e
os Sisbi são apresentadas no quadro 5.
Nota-se que não é fácil compreender a organização do Suasa a partir da leitura de seu decreto. Para
que se possa entender a causa disso, é necessário analisar o projeto original que deu origem à Lei
nº 9.712/1998. Na redação do Projeto de Lei n° 4.340-C/1997 (BRASIL, 1997), os Sisbi, que atuam
diretamente com alimentos e bebidas, deveriam integrar o SUS e o Suasa. No entanto, devido à falta
de clareza, o texto original foi alterado a fim de definir que os Sisbi integrariam o Suasa.
• Segundo Stepan (2019), a justificação do projeto de lei deixa claro que a intenção do autor
da proposta era que os Sisbi fossem independentes, articulando-se com o SUS na área de
saúde pública, e com o Suasa na área de saúde animal e sanidade vegetal. Entretanto, os
Sisbi fariam parte do Suasa em razão de sua importância na saúde animal e na sanidade
vegetal. Assim, a alteração realizada no texto original proposto acabou refletindo, também,
no regulamento, dificultando o entendimento do funcionamento e da organização do Suasa.
5. As instâncias do Suasa
Visando à promoção da saúde, o Art. 28-A da Lei n° 9.712/1998 organizou as atividades de vigilância
e defesa sanitária vegetal e animal, coordenadas pelo poder público, por meio das instâncias do Suasa.
Para tanto, foram estabelecidas as instâncias local; intermediária; e central e superior. Os atos de
controle realizados por autoridades competentes das três instâncias são considerados atos diretos
do poder público.
As atividades da instância central e superior são exercidas pelo Mapa, incluindo suas unidades
descentralizadas, representadas pelas Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (SFAs) e pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDAs).
Art. 28-A (...)
§ 4º À instância central e superior do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
compete:
Apesar de a área municipal ser considerada unidade geográfica básica para a orga-
nização e o funcionamento dos Serviços de Sanidade Agropecuária oficiais, a
instância local não é o município. Na verdade, ela está vinculada à instância inter-
mediária, sendo representada pela unidade local de atenção à sanidade agropecu-
ária.
Assim, a instância local pode abranger uma ou mais unidades geográficas básicas, municípios, incluindo
microrregião, território, associação de municípios, consórcio de municípios ou outras formas
associativas de municípios.
Art. 23. As atividades da Instância Local serão exercidas pela unidade local de atenção
à sanidade agropecuária, a qual estará vinculada à Instância Intermediária, na forma
definida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como Instância Central
e Superior, e poderá abranger uma ou mais unidades geográficas básicas, Municípios,
incluindo microrregião, território, associação de Municípios, consórcio de Municípios ou
outras formas associativas de Municípios (BRASIL, 2006, Anexo).
A instância local deve dar plena atenção à sanidade, com a participação da comunidade organizada.
Tem como competências as atividades de cadastro de propriedades, profissionais, casas de comércio
de insumos usados na agropecuária e laboratórios de diagnóstico; e inventário de animais, vegetais e
doenças. Atua na vigilância sanitária, no controle do trânsito de animais e plantas, nas campanhas de
controle e erradicação de doenças e pragas, bem como em atividades de educação sanitária.
Art. 28-A (...)
§ 2º A instância local do sistema unificado de atenção à sanidade agropecuária dará, na
sua jurisdição, plena atenção à sanidade, com a participação da comunidade organizada,
tratando especialmente das seguintes atividades:
I – cadastro das propriedades;
II – inventário das populações animais e vegetais;
III – controle de trânsito de animais e plantas;
5.4. Participantes
Além dos Serviços e das instituições oficiais, participam do Suasa produtores e trabalhadores rurais,
associações e técnicos, órgãos de fiscalização das categorias profissionais diretamente vinculadas,
além de entidades gestoras de fundos de defesa agropecuária organizados pelo setor privado.
As instituições gestoras de fundos devem complementar as ações públicas no campo da Defesa
Agropecuária. A figura 3 apresenta os participantes do Suasa.
Art. 28-A.Visando à promoção da saúde, as ações de vigilância e defesa sanitária dos animais
e dos vegetais serão organizadas, sob a coordenação do Poder Público nas várias instâncias
federativas e no âmbito de sua competência, em um Sistema Unificado de Atenção à Sani-
dade Agropecuária, articulado, no que for atinente à saúde pública, com o Sistema Único de
Saúde de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, do qual participarão:
I – serviços e instituições oficiais;
II – produtores e trabalhadores rurais, suas associações e técnicos que lhes prestam
assistência;
III – órgãos de fiscalização das categorias profissionais diretamente vinculadas à sanidade
agropecuária;
IV – entidades gestoras de fundos organizados pelo setor privado para complementar as
ações públicas no campo da defesa agropecuária.
(...)
§ 5° Integrarão o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuá-
ria instituições gestoras de fundos organizados por entidades privadas
para complementar as ações públicas no campo da defesa agropecuária
(BRASIL, 1998, grifos nossos).
Figura 3 – Participantes das ações de vigilância e defesa sanitária animal e vegetal do Suasa
Serviços e instituições
oficiais
Suasa
Técnicos
Elaboração própria.
Raiva dos Herbívoros (PNCRH); Programas Nacionais de Sanidade Avícola e Suídea (PNSA e PNSS)
etc.
Como estratégias de promoção à vigilância e sanidade vegetal, podem ser citadas as seguintes:
Programa de Prevenção, Controle e Erradicação do Cancro Cítrico; Programa de Prevenção
e Controle da Sigatoka Negra da Bananeira; Programa de Supressão e Erradicação da Mosca da
Carambola; Programa Nacional de Controle do Bicudo do Algodoeiro (PNCB); Programa Nacional
de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS) etc.
Mais informações!
Cabe lembrar que as ações de defesa sanitária vegetal e animal são regulamentadas, respectivamente,
pelo Decreto n° 24.114, de 12 de abril de 1934, e Decreto n° 24.548, de 3 de julho de 1934.
Ambos têm força de lei pelo fato de terem sido publicados sob a égide do Decreto nº 19.398, de
11 de novembro de 1930, o qual estabeleceu um regime de exceção, em que o Poder Executivo
poderia exercer atividades do Poder Legislativo, entre as quais a edição de leis. Considerando o
contexto político em que os referidos decretos foram editados, existem poucas menções em relação
à execução de atividades pelos estados.
No entanto, como foi visto, as competências desses entes foram atribuídas pela Lei n° 9.712/1998,
por meio do Art. 28-A, que organizou as atividades de vigilância e defesa sanitária vegetal e animal em
instâncias. É importante notar que, diferentemente do que ocorre com os Sisbi, que serão estudados
mais adiante, para as atividades relacionadas à saúde animal e sanidade vegetal não há delegação
de competência do Mapa aos estados, em razão de estas já terem sido atribuídas por meio da Lei
da Defesa Agropecuária. Neste contexto, os decretos que regulam as atividades de defesa sanitária
vegetal e animal não serão analisados.
Com base na Lei n° 9.712/1998, o Art. 130, do Anexo do Decreto n° 5.741/2006, apresenta os
Sistemas, porém não especifica aqueles relacionados aos insumos agropecuários, a saber: i)
Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Sisbi-POV); ii) Sistema Brasileiro
de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA); e iii) Sistemas Brasileiros de Inspeção de
Insumos Agropecuários. O detalhamento desses Sistemas, aparece na seção III do decreto, que trata
da inspeção e da fiscalização de insumos agropecuários. O Art. 147 evidencia a existência de dois
Sistemas de Inspeção de Insumos, sendo: Sistema Brasileiro de Inspeção e Fiscalização de Insumos
Agrícolas (Sisbi-AGRI) e Sistema Brasileiro de Inspeção e Fiscalização de Insumos Pecuários (Sisbi-
PEC).Tem-se, assim, os quatro Sistemas do Suasa, sendo que dois atuam com os produtos e dois com
os insumos. A relação desses Sistemas constam na figura 4.
Elaboração própria.
Elaboração própria.
Enfim, para cumprir os objetivos dos Sisbi, o Mapa deverá desenvolver o planejamento e o plano de
gestão de programas, ações, auditorias e demais atividades necessárias à inspeção dos produtos de
origem animal e vegetal e dos insumos e serviços usados na agropecuária.
Por outro lado, a inspeção e a fiscalização de insumos agropecuários competem apenas à União, aos
estados e ao Distrito Federal, sendo que os municípios não estão incluídos.
A figura 5 mostra as competências das atividades dos Sisbi para cada ente federativo.
Figura 5 – Competências relacionadas às atividades dos Sisbi de acordo com o ente federativo
Elaboração própria.
Observação: O Distrito Federal está incluído onde constam os estados, e onde constam os municípios
estão incluídos seus consórcios públicos.
Como será visto mais adiante, na inspeção de produtos de origem vegetal, cabe aos municípios
apenas a inspeção de bebidas, quando aderidos ao SISBI-POV. Também é importante notar que, além
das atividades que são executadas por meio da adesão aos Sisbi, estados e municípios possuem
competência suplementar complementar para atuar na área de agrotóxicos e na inspeção de
produtos de origem animal. Isto significa que existem leis federais fixando normas gerais sobre os
temas, cabendo aos entes federativos apenas complementá-las.
Cabe aos Sisbi, em suas áreas de competência, implantar, monitorar e gerenciar os procedimentos de
certificação sanitária e fitossanitária e de identidade e qualidade. Estas certificações têm o objetivo
de garantir a origem, a qualidade e a identidade dos produtos certificados e dar credibilidade ao
processo de rastreabilidade. Para tanto, os controles devem assegurar as condições de identificação
e comprovação do fornecedor do material certificado na origem e no destino dos produtos, que
devem ser identificados por códigos que permitam a sua rastreabilidade em toda a cadeia produtiva.
Além disso, precisam definir e enfatizar as responsabilidades do produtor no que se refere a colocar
no mercado produtos e serviços seguros, além do autocontrole da produção e dos pontos críticos
de controle de cada processo aprovado.
Competências do Mapa
O Mapa é o coordenador dos Sisbi, cabendo a ele, também, estabelecer os requisitos e os demais
procedimentos necessários para a adesão aos Sistemas.
Art. 131. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento coordenará os Sistemas
Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários. (...) § 3º O Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelecerá, no prazo de cento e vinte dias da
publicação deste Regulamento, os requisitos e demais procedimentos necessários para a
adesão aos Sistemas Brasileiro de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários (Pará-
grafo com redação dada pelo Decreto n° 5.830, de 4/7/2006) (BRASIL, 2006, Anexo).
É responsabilidade do Mapa cuidar para que as inspeções e as fiscalizações sejam realizadas sob
regras e critérios predefinidos pelos Sisbi.
Art. 150. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento cuidará que as inspeções
e fiscalizações sejam realizadas mediante regras e critérios de controles predefinidos nos
Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários (BRASIL, 2006,
Anexo).
Por isso, o desenvolvimento continuado do planejamento e do plano de gestão de programas, ações,
auditorias e demais atividades necessárias à inspeção animal, vegetal e de insumos deve ser executado
pelo Mapa, para que os objetivos do Sisbi sejam cumpridos.
Art. 155. Para cumprir os objetivos dos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e In-
sumos Agropecuários, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desenvolverá,
de forma continuada, o planejamento e o plano de gestão dos programas, ações, auditorias
e demais atividades necessárias à inspeção animal, vegetal e de insumos (BRASIL, 2006,
Anexo).
No âmbito de sua atuação, o Mapa poderá celebrar convênios com os entes públicos, a fim de apoiar
e suplementar as ações executadas.
Art. 157. Fica o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na forma da lei e no
âmbito de sua atuação, autorizado a celebrar convênios com entes públicos, para apoiar,
subsidiariamente, as ações no campo da defesa agropecuária (BRASIL, 2006, Anexo).
Também cabe ao Mapa realizar, de forma articulada com os Sisbi, o desenvolvimento da gestão de
planos, programas e ações de educação sanitária em Defesa Agropecuária.
Art. 40. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como Instância Central
e Superior, desenvolverá, de forma continuada, gestão de planos, programas e ações em
educação sanitária em defesa agropecuária, de forma articulada com as demais Instâncias
e com os Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários. § 1º O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como Instância Central e Superior,
instituirá, regulamentará, coordenará e avaliará periodicamente o Programa Nacional de
Educação Sanitária em Defesa Agropecuária (BRASIL, 2006, Anexo, grifos nossos).
Incumbe ao Mapa a elaboração de normas específicas, a serem observadas na produção rural para o
consumo familiar, na venda ou no fornecimento de pequenas quantidades de produtos da produção
primária, diretamente ao consumidor final, pelo agricultor familiar ou equivalente, assim como a
agroindustrialização realizada por eles. Essas normas devem observar o risco mínimo de disseminação
de doenças para saúde animal, de pragas e de agentes microbiológicos e químicos prejudiciais à saúde
pública, bem como os interesses dos consumidores.
Art. 7º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelecerá normas
específicas de defesa agropecuária a serem observadas: (Redação dada pelo Decreto n°
8.471, de 22/6/2015)
I – na produção rural para a preparação, a manipulação ou a armazenagem doméstica de
produtos de origem agropecuária para consumo familiar, que ficará dispensada de registro,
inspeção e fiscalização; (Redação dada pelo Decreto n° 8.471, de 22/6/2015)
II – na venda ou no fornecimento a retalho ou a granel de pequenas quantidades de produtos
da produção primária, direto ao consumidor final, pelo agricultor familiar ou equivalente e
suas organizações ou pelo pequeno produtor rural que os produz; e (Redação dada pelo
Decreto n° 8.471, de 22/6/2015)
III – na agroindustrialização realizada pela agricultura familiar ou equivalente e suas
organizações, inclusive quanto às condições estruturais e de controle de processo.
(Redação dada pelo Decreto n° 8.471, de 22/6/2015)
(...)
§ 2º As normas específicas previstas neste artigo deverão observar o risco mínimo de
disseminação de doenças para saúde animal, de pragas e de agentes microbiológicos e
químicos prejudiciais à saúde pública e os interesses dos consumidores. (Incluído pelo
Decreto n° 8.471, de 22/6/2015) (BRASIL, 2006, Anexo).
Elaboração própria.
As autoridades competentes dos serviços públicos vinculados aos Sisbi devem garantir a impar-
cialidade, a qualidade e a coerência dos controles oficiais. Devem, também, assegurar que as suas
atividades sejam realizadas com transparência, devendo facultar ao público o acesso às informações
relevantes que detenham, em especial, as atividades de controle. Além disso, precisam dispor de
mecanismo para impedir que sejam reveladas informações confidenciais, às quais tenham tido acesso
na execução de controles oficiais e que, pela sua natureza, sejam abrangidas pelo sigilo profissional.
A figura 7 relaciona os princípios dos Sistemas do Suasa.
Figura 7 – Princípios que devem ser assegurados pelas autoridades dos Sisbi
Imparcialidade
Sigilo de Qualidade
informações
confidenciais
Controles oficiais
Transparência
nas demais Coerência
informações
Elaboração própria.
Da mesma forma, o regulamento do Suasa incluiu as ferramentas da análise de risco e da APPCC para
a realização dos controles oficiais destinados a verificar o cumprimento da legislação sanitária e a
qualidade dos produtos e dos insumos agropecuários. Há um capítulo inteiramente dedicado à meto-
dologia e aos procedimentos especiais, em que tais instrumentos são abordados de forma detalhada.
A análise de risco deve ser método básico utilizado na definição dos procedimen-
tos de atenção à sanidade agropecuária, sendo elaborada utilizando as referências
e os conceitos harmonizados internacionalmente e aprovados em acordos firma-
dos pelo Brasil. Para tanto, devem ser considerados, entre outros, as informações
científicas disponíveis, os processos e os métodos de produção e os métodos
para testes, amostragem e inspeção pertinentes. As autoridades do Suasa devem
estabelecer procedimentos para identificação de riscos, de acordo com suas
respectivas competências.
Art. 80. A análise de risco será o método básico utilizado na definição dos proce-
dimentos de atenção à sanidade agropecuária.
§ 1º As análises de risco serão elaboradas utilizando as referências e os conceitos
harmonizados internacionalmente e aprovadas em acordos firmados pelo Brasil.
§ 2º Para alcançar o objetivo geral de elevado nível de proteção à saúde animal e
à sanidade vegetal, a garantia da inocuidade dos produtos de origem animal e
vegetal, as medidas sanitárias e fitossanitárias serão baseadas em análise de risco,
exceto quando não for adequado às circunstâncias ou à natureza da medida.
§ 3º Nas análises de risco, serão levadas em consideração as informações científi-
cas disponíveis, os processos e métodos de produção pertinentes, os métodos
para testes, amostragem e inspeção pertinentes, a prevalência de pragas ou doen-
ças específicas, a existência de áreas e locais livres de pragas ou doenças, as condi-
ções ambientais e ecológicas e os regimes de quarentena.
(...)
Art. 81. As autoridades competentes das três Instâncias do Sistema Unificado de
Atenção à Sanidade Agropecuária deverão estabelecer procedimentos para iden-
tificação de riscos, nas áreas de sua competência (BRASIL, 2006, Anexo).
Conforme já foi mencionado no tópico que trata das obrigações dos participantes das cadeias pro-
dutivas, os produtores têm a obrigação de fornecer as provas da adoção dos requisitos estabelecidos
às autoridades do Suasa, de acordo com a natureza e a dimensão de sua atividade.
Expandindo o conhecimento!
Elaboração própria
Pode-se perceber que os requisitos impostos para a adesão aos Sisbi, pelo decreto do Suasa, indicam
as habilidades necessárias às administrações públicas de estados e municípios para efetivarem a
política e gerarem resultados para a sociedade. Os arranjos institucionais propostos para adesão
estão ligados, principalmente, à capacidade técnico-administrativa, conforme proposto por Pires e
Gomide (2014), determinando a necessidade da existência de organizações com recursos humanos,
financeiros e tecnológicos adequados e disponíveis para a condução das ações. A seguir, alguns
aspectos relacionados aos requisitos para a adesão aos Sisbi serão detalhados.
Elaboração própria
A política pública e as ações dela decorrentes devem ser executadas por agentes que atuam em
nome do Estado no desempenho da função administrativa, a fim de atender de forma concreta aos
interesses coletivos.Assim, a atuação da administração pública é informada pelo princípio da legalidade,
e ao agente público só é permitido regular e legitimamente adotar as condutas determinadas ou
autorizadas pelo ordenamento jurídico. Neste sentido, o Suasa estabelece que os entes federativos
devem assegurar a previsão dos poderes legais para a realização de inspeções e fiscalizações, assim
como das demais medidas previstas em seu regulamento.
Art. 133. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios que aderirem aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e
Insumos Agropecuários assegurarão:
(...)
II – que o pessoal técnico e auxiliar que efetua as inspeções e fiscalizações seja contratado
por concurso público;
III – que o pessoal técnico e auxiliar que efetua as inspeções e fiscalizações não tenha
quaisquer conflitos de interesses;
(...)
VI – previsão dos poderes legais necessários para efetuar as inspeções e fiscalizações, e
adoção das medidas previstas neste Regulamento;
(...)
Art. 137. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios designarão servidores públicos
para integrar as equipes para as funções de autoridades responsáveis pelas inspeções e
fiscalizações previstas neste Regulamento (BRASIL, 2006, Anexo).
Para a execução das atividades de inspeção e fiscalização, é necessário um conhecimento específico,
o qual é produzido e mobilizado pelas pessoas que compõem o Serviço e que, por meio de seu
trabalho, transformam-no em resultados concretos para a sociedade. Assim, é necessário garantir
que todo o pessoal encarregado dos controles oficiais tenha formação profissional exigida para as
atividades de inspeção e fiscalização previstas e receba a capacitação adequada para exercer as suas
funções com competência, independência e isenção.
Nesse contexto, o decreto do Suasa estabelece a criação de mecanismos de inter-relacionamento
entre os Sisbi e as instituições de ensino e pesquisa, para a formação, a capacitação e a educação
continuada dos profissionais integrantes dos Sistemas.
Art. 141. Serão criados mecanismos de inter-relacionamento entre os Sistemas Brasileiros
de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários, instituições de ensino e pesquisa, para
a formação, capacitação e educação continuada dos profissionais integrantes (BRASIL,
2006, Anexo).
Note-se que o Mapa foi além dos mecanismos preconizados pelo decreto do Suasa, na medida em
que, em 2015, criou a Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro), integrante do Sistema
de Escolas de Governo da União (Segu). A Escola de Governo do Mapa oferece programas de
desenvolvimento e aprendizado, visando ao desenvolvimento de competências e à disseminação do
conhecimento para os diversos segmentos integrantes do setor agropecuário, principalmente no
âmbito do Suasa.
§ 1º Para fins deste Regulamento, entende-se como educação sanitária em defesa agrope-
cuária o processo ativo e contínuo de utilização de meios, métodos e técnicas capazes de
educar e desenvolver consciência crítica no público-alvo.
§ 2º As três Instâncias do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária disporão
de estrutura organizada para as ações de educação sanitária em defesa agropecuária.
§ 3º As três Instâncias poderão apoiar atividades de educação sanitária realizadas por ser-
viços, instituições e organizações públicas e privadas (BRASIL, 2006, Anexo).
Considerando sua importância estratégica, a educação sanitária é elencada como um dos requisitos
para a adesão aos Sisbi. Tem como público-alvo os diversos atores presentes nas etapas das cadeias
produtivas dos produtos de origem animal, vegetal e dos insumos utilizados na agropecuária, incluindo
os consumidores.
Art. 133. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios que aderirem aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e
Insumos Agropecuários assegurarão:
(...)
VII – realização de controles e ações de educação sanitária; (BRASIL, 2006, Anexo).
As ações podem ser apoiadas pelos segmentos públicos e privados da cadeia produtiva e da socieda-
de, das instituições de ensino e de pesquisa, desde que estejam em conformidade com as diretrizes
programadas. Atividades podem ser desenvolvidas em propriedades rurais, cooperativas, sindicatos,
feiras e exposições agropecuárias etc. Ações em estabelecimentos de ensino oficial são uma alterna-
tiva, principalmente quando focarem a formação de multiplicadores. Professores podem ser capaci-
tados sobre noções básicas de temas relacionados à Defesa Agropecuária para que, posteriormente,
abordem com alunos de instituições de ensino, principalmente nas comunidades rurais.
Cabe tanto ao Mapa quanto aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios
adotarem as medidas necessárias para garantir que inspeções e fiscalizações dos
Sistemas do Suasa sejam efetuadas de maneira uniforme, harmônica e equivalente
em todos os locais. Para tanto, os Serviços devem adequar seus processos e
procedimentos de acordo com os requisitos e os demais procedimentos estabe-
lecidos pelo Suasa e implantados pelo Mapa. Ao serem reconhecidos como equi-
valentes e aderirem aos Sisbi, os produtos de origem animal inspecionados pelos
Serviços de Inspeção poderão ser comercializados para fora do estado ou dos
municípios onde são produzidos.
Art. 152. Os serviços de inspeção dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que
aderirem aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários
serão reconhecidos como equivalentes, para suas atividades e competências, desde que
sigam as normas e regulamentos federais e que atendam aos requisitos estabelecidos pelo
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária e implantados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conservando suas características administrativas
originais (BRASIL, 2006, Anexo).
Conceito de equivalência
Nesse contexto, é fundamental entender o que é equivalência para fins do Suasa. Assim, considera-se
equivalência de Serviços de Inspeção o estado no qual as medidas de inspeção higiênico-sanitária e
tecnológica aplicadas por diferentes Serviços de Inspeção permitem alcançar os mesmos objetivos
de inspeção, fiscalização, inocuidade e qualidade dos produtos. Este conceito é representado na figura
10.
Seção IV
(...)
Elaboração própria.
Reconhecimento da equivalência
Para serem reconhecidos como equivalentes, os Serviços de Inspeção dos estados, do Distrito
Federal, dos municípios e dos consórcios públicos de municípios devem formalizar a solicitação.Além
da análise e da aprovação da documentação exigida, são realizadas auditorias nos Serviços vinculados
aos municípios e aos seus consórcios públicos. Para os Serviços vinculados aos estados e ao Distrito
Federal, não há a exigência de auditoria para o reconhecimento.
Art. 151. Os serviços públicos de inspeção vinculados aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e aos consórcios de Municípios solicitarão a verificação e o reconhecimento
de sua equivalência para a realização do comércio interestadual, na forma definida pelos
procedimentos de adesão aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos
Agropecuários.
Parágrafo único. Após a análise e a aprovação da documentação exigida, serão realizadas
auditorias nos serviços de inspeção vinculados aos Municípios e aos consórcios de
Municípios para reconhecer a adesão aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos
e Insumos Agropecuários (Incluído pelo Decreto nº 8.445/2015) (BRASIL, 2006, Anexo).
Condições para o reconhecimento da equivalência
Para que haja o reconhecimento da equivalência e a habilitação dos Serviços de Inspeção nos Sisbi,
o requerimento de solicitação deverá estar acompanhado da legislação que institui e regulamenta
o respectivo Serviço. Também é necessário a comprovação de estrutura e equipe compatíveis com
as atividades que são desenvolvidas. Uma peça fundamental que embasa a solicitação é o plano de
trabalho, que deve contemplar o planejamento das atividades, o monitoramento periódico da sua
execução e as medidas adotadas para a melhoria contínua do Serviço. Dessa forma, este deve ser
mantido sempre atualizado. Também deve ser encaminhada a lista completa dos estabelecimentos
já registrados e inspecionados pelo Serviço. A figura 11 apresenta a relação das condições para o
reconhecimento, que são definidas no Art. 153 do decreto do Suasa.
Art. 153. São condições para o reconhecimento da equivalência e habilitação dos serviços
de inspeção de produtos nos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos
Agropecuários:
I – formalização do requerimento, com base nos requisitos e critérios definidos pelo
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária; (Redação dada pelo Decreto n°
8.445)
III – apresentação de plano de trabalho do serviço de inspeção; (Redação dada pelo De-
creto n° 8.445)
Elaboração própria.
O decreto do Suasa estabelece que os estados, o Distrito Federal e os municípios devem garantir
que todos os produtos, independentemente de estarem destinados ao mercado local, regional ou
nacional, sejam inspecionados e fiscalizados com o mesmo rigor. Também as autoridades competen-
tes nos destinos devem verificar o cumprimento da legislação dos produtos, por meio de controles
não discriminatórios.
Os entes podem solicitar informações técnicas específicas aos serviços oficiais que tenham procedi-
do à entrega de mercadorias provenientes de outras jurisdições. Os Serviços das unidades federadas
devem informar ao Mapa, aos estados e municípios quando aprovarem estabelecimentos de acordo
com sua legislação.
Art. 152. (...)
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios garantirão que todos os produtos,
independentemente de estarem destinados ao mercado local, regional ou nacional, sejam
inspecionados e fiscalizados com o mesmo rigor.
§ 2º As autoridades competentes nos destinos devem verificar o cumprimento da legisla-
ção de produtos de origem animal e vegetal, por meio de controles não-discriminatórios.
§ 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem solicitar informações técnicas
específicas aos serviços oficiais que tenham procedido à entrega de mercadorias
provenientes de outros Estados, Distrito Federal ou Municípios.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios que, nos termos da sua legislação,
aprovarem estabelecimentos situados no seu território, devem informar ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e aos demais Estados e Municípios (BRASIL, 2006,
Anexo).
Art. 135. Auditorias e avaliações técnicas serão realizadas para organizar, estruturar e sis-
tematizar adequadamente as ações de inspeção e fiscalização no território nacional e para
buscar o aperfeiçoamento dos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos
Agropecuários, sendo observados os seguintes procedimentos:
I – os serviços públicos de inspeção dos Estados e do Distrito Federal serão avaliados pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e
II – os serviços públicos de inspeção dos Municípios serão avaliados pelos Estados,
observando sua área de atuação geográfica.
§ 1º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá orientar os serviços
públicos de inspeção dos Estados, do Distrito Federal e do Município para o cumprimento
dos dispositivos legais estabelecidos neste Regulamento.
§ 2º Eventuais medidas de correção adotadas serão comunicadas às organizações
representativas da sociedade, da região ou setores afetados (BRASIL, 2006, Anexo).
O regulamento do Suasa estabelece que o Mapa realizará auditorias anuais nos Serviços dos estados
e dos municípios que ainda não aderiram ou que optaram pela não adesão aos Sisbi. Da mesma
forma, os estados farão nos municípios de sua jurisdição. Caso haja solicitação formal, a União poderá
cooperar tecnicamente com os estados, e estes com seus municípios, realizando avaliações técnicas.
Art. 132. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que ainda não tenham aderido ou
decidirem pela não-adesão aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos
Agropecuários terão suas inspeções e fiscalizações de produtos de origem animal e vegetal,
e insumos agropecuários, reconhecidas apenas no âmbito de sua jurisdição.
§ 1º Desde que haja solicitação formal, a União poderá cooperar tecnicamente com os
Estados e com o Distrito Federal, da mesma forma que os Estados poderão cooperar com
os Municípios.
§ 2º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento realizará auditorias anualmente
nos serviços de inspeção dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
§ 3º Os Estados realizarão auditorias anuais nos Municípios em sua jurisdição (BRASIL,
2006, Anexo)
Considerando a obrigação da adoção dos princípios da APPCC, determinada pelo Art. 84 do Decreto
n° 5.741/2006, foi aberta a possibilidade de tratamento especial para pequenos produtores de animais
e vegetais. Esses atores devem ser diferenciados tanto em relação à aplicação dos requisitos quanto
sobre o período em que deverão conservar documentos e registros.
Figura 12 – Situações para a desabilitação dos Serviços reconhecidos como equivalentes nos Sisbi
Desabilitação do Serviço reconhecido
Expandindo o conhecimento!
Delegação de competência
O Decreto-Lei n° 200/1967 instituiu os princípios fundamentais da administração
federal, entre os quais destaca-se a descentralização e a delegação de competên-
cia (BRASIL, 1967). Dessa forma, a execução das atividades da administração fede-
ral deverá ser descentralizada para as unidades federadas, desde que estas este-
jam devidamente aparelhadas e mediante convênio. A norma traz, também, a
determinação de que a execução de programas federais, que tenham caráter
local, deve ser delegada aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos dos servi-
ços correspondentes. Note-se que os órgãos federais responsáveis pelos progra-
mas devem conservar a autoridade normativa, exercendo o controle e a fiscaliza-
ção, indispensáveis sobre a execução local.
Assim, nos Arts. 11 e 12 do Decreto-Lei n° 200/1967 fica estabelecido que a dele-
gação deverá ser utilizada como um instrumento da descentralização, visando
assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade
dos fatos, das pessoas ou dos problemas a atender.Tanto o presidente da Repúbli-
ca quanto os ministros e as autoridades da administração federal podem conce-
der a delegação. O ato de delegação deve indicar a autoridade delegante, a autori-
dade delegada e as atribuições que serão objeto de delegação. O instrumento da
delegação de competência é regulamentado pelo Decreto n° 83.937/1979, que
deixa claro que a delegação de competência não envolve a perda dos poderes do
delegante, podendo este ser novamente avocado sem prejuízo da validade da
delegação (BRASIL, 1979).
Também a Lei nº 9.784/1999, conhecida como Lei do Processo Administrativo
Federal, trata da delegação de competência. Esta estabelece que a competência
de um órgão é irrenunciável, porém, pode ser delegada, com exceção de três
objetos: a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administra-
tivos; e as matérias de competência exclusiva do órgão ou da autoridade. O ato
de delegação deve ser publicado no meio oficial e deve especificar as matérias e
os poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração, os objeti-
vos da delegação e o recurso cabível.
Após analisar a organização do Sisbi, é possível verificar que o Mapa deve atuar
em dois grandes eixos. O primeiro estabelecendo medidas necessárias para
garantir que inspeções e fiscalizações dos produtos de origem animal e vegetal e
dos insumos e serviços utilizados na agropecuária sejam efetuadas de maneira
uniforme, harmônica e equivalente por todos os entes federativos. O outro eixo
é um instrumento específico de delegação de competência de algumas de suas
atividades, implementadas por meio da adesão dos Serviços de estados e municí-
pios ao Sisbi.
Exemplificando o exposto, pode-se utilizar o caso da inspeção de produtos de origem animal. O Art.
4° da Lei n° 1.283/1950 dá competência tanto ao Mapa quanto aos estados e aos municípios para
realizarem essa atividade (BRASIL, 1950). No entanto, há uma limitação da atuação relacionada ao
tipo de comércio realizado pelo estabelecimento inspecionado. Assim, cabe ao Mapa fiscalizar os
estabelecimentos que praticam vendas interestaduais ou internacionais; aos estados e ao Distrito
Federal os que fazem comércio intermunicipal; e aos municípios os que atuam no âmbito local.
É importante lembrar que o regulamento do Suasa estabelece que os Serviços de Inspeção que
não aderirem ao Sisbi terão suas inspeções e fiscalizações de produtos e insumos agropecuários
reconhecidas apenas no âmbito de sua jurisdição.
Art. 132. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que ainda não tenham
aderido ou decidirem pela não-adesão aos Sistemas Brasileiros de Inspeção de
Produtos e Insumos Agropecuários terão suas inspeções e fiscalizações de
produtos de origem animal e vegetal, e insumos agropecuários, reconhecidas
apenas no âmbito de sua jurisdição (BRASIL, 2006, Anexo).
atividades do Mapa, administração federal, para as unidades federadas. Isto ocorre desde que os Ser-
viços sejam considerados equivalentes, na terminologia do Suasa, ou devidamente aparelhados, na
terminologia trazida pela legislação que trata dos princípios fundamentais da administração federal.
Por meio do Sisbi, o Mapa pode delegar algumas de suas competências para os estados, o Distrito Fe-
deral, os municípios e seus consórcios. As definições sobre quais atividades podem ser delegadas e a
quais entes estão nas diversas legislações da Defesa Agropecuária que serão analisadas mais adiante.
Vale lembrar que todos os instrumentos de delegação de competência têm caráter facultativo e
transitório e apoiam-se em razões de oportunidade, na conveniência e na capacidade do delegado de
exercer satisfatoriamente as atribuições que lhe foram conferidas, conforme afirma Meirelles (2011).
Além disso, é necessário que as atividades sejam acompanhadas e auditadas por aquele que delegou.
É neste contexto que o Sisbi utiliza a ferramenta das auditorias de equivalência e de manutenção
da adesão, a fim de verificar se o Serviço delegado está sendo executado conforme os requisitos
estabelecidos.
Como a delegação de competência não envolve a perda dos poderes correspondentes, caso seja
conveniente exercer novamente as atividades, é possível a avocação pelo delegante, sem prejuízo da
validade da delegação estabelecida.
É oportuno lembrar que a adesão aos Sisbi não está, necessariamente, atrelada ao repasse de
recursos por parte da União, uma vez que os entes federativos também têm o dever de assumir suas
responsabilidades na execução das ações de Defesa Agropecuária, conforme definido na Lei Agrícola.
As atividades dos Sisbi provocam um impacto tão significativo, tanto na saúde pública quanto no
desenvolvimento socioeconômico da região, que, muitas vezes, são suficientes para justificar sua
implementação.
Esse é o caso do Sisbi-POA, pois, na medida em que os Serviços aderem ao Sistema, os estabele-
cimentos nele registrados podem comercializar seus produtos em todo o território nacional. Em
razão da ampliação do mercado potencial, ocorre um incremento na produção e na atração de novos
investimentos, que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico local.
A definição sobre quais atividades podem ser delegadas e a quem consta das diversas legislações da
Defesa Agropecuária. Por este motivo, faz-se fundamental analisar cada uma delas em relação a este
aspecto, o que será visto seguir. No entanto, antes de prosseguir, é importante ressaltar que as leis e
os decretos que regem as atividades da Defesa Agropecuária foram publicados em várias épocas. A
grande maioria destas leis é anterior à publicação da própria Lei da Defesa Agropecuária, de 1998, e
do decreto do Suasa, de 2006.
Somado a isso, alguns conceitos e definições na administração pública federal foram alterados du-
rante os anos. Este é o caso da legislação que dispõe sobre as normas relativas às transferências de
recursos da União mediante convênios. Atualmente, o Decreto n° 6.170, de 25 de julho de 2007,
dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e con-
tratos de repasse, entre outros (BRASIL, 2007a).
De forma resumida, pode-se dizer que os convênios são instrumentos que disciplinam a transferên-
cia de recursos financeiros da União, tendo como partícipes um órgão ou uma entidade da admi-
nistração pública federal e um órgão ou uma entidade da administração pública estadual, distrital ou
municipal. Tais instrumentos visam à execução de programa de governo, envolvendo a realização de
projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua
cooperação.
Nesse contexto, quando se analisa as diferentes legislações afetas às atividades da Defesa Agropecuária,
observa-se que algumas não definem o instrumento de delegação, já outras falam em acordos e
convênios. Apenas os decretos que regulamentam a inspeção de produtos de origem animal e da
classificação vegetal citam os Sisbi. Isso ocorre, principalmente, em razão dos instrumentos legais
serem anteriores ao decreto do Suasa. Assim, quando as legislações das diversas áreas da Defesa
Agropecuária tratam da delegação de competência, entende-se que se trata da adesão aos Sisbi.
Em geral, a definição acerca das áreas em que cada Serviço irá atuar nos respecti-
vos Sisbi é proposta no plano de trabalho apresentado na adesão. Quanto ao
Sisbi-POA, apesar de possuir apenas uma área de atuação, ou seja, a inspeção de
produtos de origem animal, sua execução pode ser limitada a alguns tipos de
estabelecimentos. Como exemplo, pode-se dizer que um determinado município
poderá aderir ao Sisbi-POA e executar apenas a inspeção dos estabelecimentos
de abate ou de produção de mel. No âmbito do Sisbi-AGRI, um estado aderido
poderá, por exemplo, executar apenas a fiscalização do comércio de fertilizantes.
Passa-se, agora, a analisar cada um dos Sisbi em relação à legislação que os ampara e às atividades
que podem ser delegadas.
Sisbi-POV
Elaboração própria.
As ações de inspeção de produtos de origem vegetal são suportadas por sete leis e sete decretos,
que constam no quadro 7.
Quadro 7 – Leis e decretos que regem as atividades do Sisbi-POV
Produto Legislação
Vinhos e derivados
O Decreto n° 8.198/2014 define quais são as atividades que podem ser delegadas aos estados e ao
Distrito Federal, por meio da exclusão daquelas que são privativas do Mapa.
1
Inspecionar, fiscalizar e controlar, sob o aspecto
6
Fiscalizar a avaliação físico-química e sensorial de
higiênico-sanitário e tecnológico, os
vinhos e derivados da uva e do vinho para fins de
estabelecimentos de vinhos e derivados da uva
concurso, julgamento ou competição pública
e do vinho, desde a produção até a
(BRASIL, 2014, Art. 3°, inciso XIV).
comercialização (BRASIL, 2014, Art. 3°, inciso
IV);
Vale observar que não há previsão legal para que os municípios atuem na inspeção de vinhos e
derivados.
Bebidas
A Lei n° 8.918/1994, de 14 de julho de 1994, conhecida como Lei de Bebidas, estabelece que também
podem realizar o registro, a padronização, a classificação e, ainda, a inspeção e a fiscalização da
produção e do comércio de bebidas, em relação aos seus aspectos tecnológicos, os órgãos estaduais
competentes, desde sejam credenciados pelo Mapa (BRASIL, 1994).
Já as atividades de inspeção e fiscalização podem ser delegadas, por meio de acordos e convênios,
a órgãos dos demais entes federativos, ou seja, aos municípios e seus consórcios públicos. Já o
Decreto n° 6.871/2009, de 4 de julho de 2009, define que o Mapa estabelecerá os critérios relativos
à descentralização das atividades (BRASIL, 2009).
É importante observar que a inspeção de água para o consumo humano está a cargo das instituições
de vigilância sanitária integrantes do SUS, e não do Suasa.
Assim, por meio da adesão ao Sisbi-POV, os órgãos executores da Defesa Agropecuária dos estados,
do Distrito Federal, dos municípios e seus consórcios públicos poderão executar as atividades de
inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de bebidas.
Art. 8° A fiscalização da classificação de que trata esta Lei poderá ser executada
pelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante delegação de competência do
Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2000).
Apesar disso, o Decreto n° 6.268, de 22 de novembro de 2007, que a regulamentou, também incluiu
os municípios. Considerando que tal decreto vai de encontro à lei em relação à participação dos
municípios, até essa questão seja esclarecida, é certo que a delegação pode ser efetuada aos órgãos
estaduais e distritais competentes.
Da mesma forma que o decreto do Suasa, o Decreto n° 6.268/2007 estabelece que o Mapa
implementará as ações necessárias à operacionalização do Sisbi-POV, no âmbito da classificação de
produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico. Para tanto, o órgão definirá os
critérios e os procedimentos para adesão ao Sistema. Tais critérios são estabelecidos na instrução
normativa que trata da adesão ao Sisbi-POV.
Resumindo, por meio da adesão ao Sisbi-POV, os órgãos executores da Defesa Agropecuária dos
estados e do Distrito Federal poderão realizar as atividades de fiscalização da classificação de
produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico.
A Lei n° 7.889/1989 estabelece que a prévia inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem
animal é da competência da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. São competentes
para realizar essa fiscalização o Mapa, as Secretarias de Agricultura dos estados e do Distrito Federal
e as Secretarias ou os Departamentos de Agricultura dos municípios.
Art. 4º São competentes para realizar a fiscalização de que trata esta Lei: (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.889, de 1989)
a) o Ministério da Agricultura, nos estabelecimentos mencionados nas alíneas a, b,
c, d, e, e f, do Art. 3º, que façam comércio interestadual ou internacional; (Redação
dada pela Lei n° 7.889, de 1989)
b) as Secretarias de Agricultura dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
nos estabelecimentos de que trata a alínea anterior que trata a alínea anterior
que façam comércio intermunicipal; (Redação dada pela Lei n° 7.889, de 1989)
c) as Secretarias ou Departamentos de Agricultura dos Municípios, nos estabele-
cimentos de que trata a alínea a desde artigo que façam apenas comércio munici-
pal; (Redação dada pela Lei n° 7.889, de 1989)
d) os órgãos de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
nos estabelecimentos de que trata a alínea g do mesmo Art. 3º. (Incluído pela Lei
n° 7.889, de 1989) (BRASIL, 1950).
Art. 1º A prévia inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, de
que trata a Lei n° 1.283, de 18 de dezembro de 1950, é da competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do Art. 23, inciso
II, da Constituição (BRASIL, 1989).
Alinhado às Leis, o Decreto n° 9.013/2017 define que as atividades de inspeção industrial e sanitária
de produtos de origem animal, de competência da União, serão executadas pelo Mapa. Assim, esse
órgão é responsável pela fiscalização dos estabelecimentos e das propriedades rurais que façam
comércio interestadual ou internacional. Aqueles que fazem comércio intermunicipal ficam a cargo
das Secretarias de Agricultura dos estados e do Distrito Federal, e os que praticam o comércio
municipal ficam com as Secretarias ou os Departamentos de Agricultura dos municípios. Entretanto,
a fiscalização das casas atacadistas e dos estabelecimentos varejistas são de responsabilidade dos
órgãos de saúde pública dos estados e do Distrito Federal.
Já os produtos de origem animal considerados artesanais possuem um tratamento distinto dos de-
mais, podendo, também, terem a comercialização interestadual, conforme se lê no Art. 10-A, incluído
pela Lei n° 13.680/2018. O artigo foi regulamentado pelo Decreto n° 9.918/2019, de 18 de julho de
2019, que determina que, para estarem aptos a realizar o comércio, os produtos artesanais devem
receber, além do selo do Serviço de Inspeção oficial, a identificação do selo Arte, que será concedido
pelos órgãos de agricultura e pecuária dos estados e do Distrito Federal.
Deve-se perceber que, apesar de ser estabelecido que o selo Arte será fornecido
pelos órgãos estaduais e distrital, não há imposição acerca do tipo de inspeção
oficial. Assim, os estabelecimentos que produzem com o selo Arte podem ser
inspecionados pelos Serviços municipais, estaduais ou distrital.
(...)
Concluindo, por meio da adesão ao Sisbi-POA, os estados, o Distrito Federal e os municípios e seus
consórcios públicos podem realizar a inspeção de produtos de origem animal dos estabelecimentos
que fazem o comércio interestadual.
Mais informações!
Sisbi-PEC
Elaboração própria.
As ações do Sisbi-PEC são amparadas em três leis e um decreto-lei. As leis são regulamentadas por
meio de seis decretos, que constam no quadro 9.
Quadro 9 – Leis e decretos que regem as atividades do Sisbi-PEC
Área Legislação
Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974
Alimentação animal Decreto nº 6.296, de 11 de dezembro de 2007
Decreto nº 7.045, de 22 de dezembro de 2009
Lei nº 6.446, de 05 de outubro de 1977
Material genético
Decreto nº 187, de 9 de agosto de 1991
Decreto-Lei nº 467, de 13 de fevereiro de 1969
Lei nº 12.689, de 19 de julho de 2012
Produtos veterinários Decreto nº 5.053, de 22 de abril de 2014
Decreto nº 8.448, de 6 de maio de 2015
Decreto n° 8.840, de 24 de agosto de 2016
Elaboração própria.
Alimentação animal
Tanto a Lei n° 6.198/1974, conhecida como Lei da Alimentação Animal, quanto o Decreto n°
6.296/2009, que a regulamenta, estabelecem a possibilidade da celebração de convênios com estados
e com o Distrito Federal para a execução dos serviços de inspeção e fiscalização do comércio e do
uso dos produtos.
Assim, por meio da adesão ao Sisbi-PEC, os estados e o Distrito Federal podem realizar as atividades
de inspeção e fiscalização do comércio e uso dos produtos destinados à alimentação animal.
Material genético
A Lei n° 6.446/1977, conhecida como Lei do Material Genético, prevê que o Mapa celebre convênios
com os estados e o Distrito Federal para a execução dos Serviços de Inspeção e Fiscalização dos
estabelecimentos que comercializam sêmen e embriões ou prestam serviço de reprodução animal.
Assim, por meio da adesão ao Sisbi-PEC, os estados e o Distrito Federal podem realizar as atividades
de inspeção e fiscalização dos estabelecimentos que comercializam sêmen e embriões ou prestam
serviço de reprodução animal no âmbito de sua jurisdição.
Produtos veterinários
Deve-se observar que o Decreto-Lei n° 467/1969 não trata da delegação de atividades; no entanto,
o regulamento anexo ao Decreto n° 5.033/2014 permite a delegação de competência do Mapa aos
estados e ao Distrito Federal no que tange à inspeção e à fiscalização do comércio de produtos de
uso veterinário.
Art. 64. A comercialização dos produtos de uso veterinário somente será realiza-
da por empresas registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
mento ou no órgão de defesa agropecuária dos Estados e do Distrito Federal
(Redação dada pelo Decreto n° 8.448, de 2015)
(...)
Art. 98. Os Autos de Infração, de Apreensão e o Termo de Depositário serão
lavrados pelas autoridades sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, nos Estados e no Distrito Federal, ou das Secretarias de Agricul-
tura dos Estados, por delegação de competência.
§ 1º Lavrado o Auto de Infração, a primeira via será protocolizada no Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na Unidade da Federação onde se deu
a infração, para a sua autuação em regular processo administrativo, observados os
ritos e os prazos estabelecidos neste Regulamento, devendo conter:
(...)
§ 3º O processo administrativo de apuração da infração correrá perante o órgão
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do ente federativo onde
for constatada a infração e lavrado o auto de infração. (Redação dada pelo Decre-
to n° 8.840, de 2016) (BRASIL, 2004b, Anexo).
Resumindo, por meio da adesão ao Sisbi-PEC, os estados e o Distrito Federal podem realizar as
atividades de inspeção e fiscalização do comércio de produtos de uso veterinário, bem como o
registro das empresas que comercializam esses produtos.
Sisbi-AGRI
Fertilizantes Sementes e
mudas
Elaboração própria.
As ações do Sisbi-AGRI são amparadas em quatro leis e quatro decretos, que constam no quadro 10.
Quadro 10 – Leis e decretos que regem as atividades do Sisbi-AGRI
Produto Legislação
Deve-se notar que o Mapa, os estados e os municípios também atuam na área de agrotóxicos, seus
componentes e afins, conforme definido na Lei n° 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo
Decreto n° 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Diferentemente das demais legislações, estas estabelecem
competências para atuação do Mapa, do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério do Meio Ambiente
(MMA).
A Lei dos Agrotóxicos, talvez por definir expressamente as competências de cada ente federativo,
não traz previsão para delegação. Entretanto, seu regulamento abre a possibilidade de delegação de
algumas atividades de fiscalização dos órgãos federais para os estaduais, ressalvadas as proibições
legais. No entanto, por razões de conveniência, atualmente, essa prerrogativa não é utilizada pelo
Mapa e, por isso, a área de agrotóxicos não será abordada.
Fertilizantes
A Lei n° 6.894/1980 possibilita ao Mapa delegar a competência da fiscalização do comércio aos
estados e ao Distrito Federal. O regulamento da Lei, por sua vez, estabelece que esses entes podem
fiscalizar e legislar sobre o comércio e o uso dos fertilizantes e afins, de forma concorrente.
Art. 2º A inspeção e a fiscalização previstas nesta Lei serão realizadas pelo Minis-
tério da Agricultura. Parágrafo único. O Ministério da Agricultura poderá delegar
a fiscalização do comércio aos Estados, ao Distrito Federal e aos Territórios
(BRASIL, 1980).
Dessa forma, por meio da adesão ao Sisbi-AGRI, os estados e o Distrito Federal podem realizar
as atividades de inspeção e fiscalização do comércio e uso de fertilizantes, corretivos, inoculantes,
biofertilizantes, remineralizadores e substratos para plantas.
Sementes e mudas
A Lei n° 10.711/2003 dá competência aos estados e ao Distrito Federal para elaborem normas e
procedimentos complementares relativos à produção de sementes e mudas, bem como à execução
da fiscalização do comércio estadual. Já o Decreto n° 5.153/2004 estabelece que, caso os estados e
o Distrito Federal solicitem, o Mapa poderá realizar a fiscalização do comércio estadual de sementes
e de mudas em caráter suplementar.
A Lei n° 10.711/2003 permite que o Mapa descentralize a execução do Serviço de Fiscalização, quando
necessário, por meio de convênio ou acordo. Essa delegação deve ser controlada por intermédio de
auditorias regulares a serem executadas pelo Mapa.
Art. 38. O Mapa poderá descentralizar, por convênio ou acordo com entes públi-
cos, a execução do serviço de fiscalização de que trata esta Lei, na forma de seu
regulamento.
Parágrafo único. A delegação de competência prevista no caput fica sujeita a
auditorias regulares, executadas pelo Mapa conforme estabelecido no regulamen-
to desta Lei (BRASIL, 2003).
Art. 122. A descentralização dos serviços de fiscalização por convênio ou acordo,
quando necessária, dar-se-á mediante proposição da unidade descentralizada do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nas unidades federativas e
aprovação do respectivo Ministro de Estado, após parecer conclusivo emitido,
favoravelmente, pelo órgão técnico central.
Parágrafo único. O ente público credenciado como certificador, na forma deste
Regulamento, fica impedido de exercer a fiscalização prevista no caput.
Art. 123. As ações decorrentes da delegação de competência prevista no Art. 122
ficam sujeitas a auditorias regulares, executadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
§ 1° As auditorias serão exercidas mediante programação do órgão técnico
central, com o objetivo de averiguar a conformidade nos processos e procedi-
mentos previstos neste Regulamento e em normas complementares.
§ 2° A auditoria poderá ser também motivada por denúncia fundamentada e
encaminhada pela Comissão de Sementes e Mudas.
§ 3° Os critérios operacionais para realização de auditorias observarão o dispos-
to neste Regulamento e em normas complementares.
§ 4° O relatório conclusivo da auditoria poderá ensejar, quando for o caso, a
constituição de processo administrativo, objetivando o cancelamento da delega-
ção de competência (BRASIL, 2004c).
Assim, por meio da adesão ao Sisbi-AGRI, os estados e o Distrito Federal podem realizar as atividades
de fiscalização de sementes e mudas em todas as etapas da produção.
Quadro 11 – Atividades que podem ser executadas pelos diferentes entes federativos no âmbito
de cada um dos Sistemas do Suasa
Quem pode
Sistema Área Atividades delegadas/executadas
executar
Classificação
de produtos Fiscalização da classificação vegetal.
vegetais
Estados e muni-
Bebidas Inspeção e fiscalização.
cípios
Observação: O Distrito Federal está incluído onde constam os estados, e onde constam os municípios
estão incluídos seus consórcios públicos.
Resumo Final
A Política Agrícola brasileira tem, entre seus objetivos, a promoção da saúde animal e a sanidade
vegetal, bem como a idoneidade dos insumos e dos serviços empregados na agricultura e a segurança
da qualidade dos produtos de origem agropecuária.
Para atingir tais objetivos, entre as ações e os instrumentos de Política Agrícola, foi relacionada
a Defesa Agropecuária, que tem uma ação regulatória sobre o setor agropecuário. As atividades
desenvolvidas pelo poder público, representado no âmbito da União pela SDA, do Mapa, são: vigilância
e defesa sanitária vegetal e animal; inspeção e classificação de produtos de origem animal e vegetal;
e fiscalização dos insumos e dos serviços usados nas atividades agropecuárias. Tais atividades são
organizadas de forma a garantir o cumprimento dos compromissos internacionais firmados pela
União e as legislações vigentes específicas.
A fim de organizar todas essas ações, foi instituído o Suasa. Seu regulamento estabelece as regras
para seus participantes, define as competências e as normas para a realização dos controles oficiais
empregados pelo poder público para verificar o cumprimento da legislação sanitária agropecuária,
assim como a qualidade dos produtos e dos insumos agropecuários.
O Suasa estrutura as diversas atividades da Defesa Agropecuária de duas formas distintas. A distri-
buição das competências das atividades de vigilância e defesa sanitária vegetal e animal são realizadas
por meio de instâncias. Neste caso, cabe ao Mapa o papel de instância central e superior, e aos esta-
dos o de instância intermediária e local. Já as atividades de inspeção e classificação de produtos de
origem vegetal e animal e dos insumos agropecuários são geridas por meio de Sistemas, conhecidos
como Sisbi, nos quais o Mapa tem o papel de órgão coordenador.
Esses Sistemas têm um duplo propósito: o primeiro é garantir que as inspeções e as fiscalizações
efetuadas pelos diversos entes federativos sejam realizadas de forma uniforme e harmônica. Observe
que a intenção é atingir um dos objetivos da Política Agrícola, que trata da promoção da concorrência
leal entre os agentes que atuam nos setores e a proteção destes em relação a práticas desleais.
O segundo propósito funciona como um instrumento específico de delegação de competência de
algumas atividades do Mapa para estados e municípios, efetivada de forma voluntária por meio da
equivalência dos Serviços e da adesão aos Sisbi. Nesse caso, a intenção é atingir o objetivo da Política
Agrícola de promover a descentralização da execução dos serviços públicos, buscando a comple-
mentariedade de ações entre os entes federativos, cabendo a estes assumir suas responsabilidades
na execução, adequando os instrumentos às suas necessidades e realidades.
As definições sobre quais atividades podem ser delegadas a cada ente federativo estão definidas nas
diversas legislações da Defesa Agropecuária. Assim, com a adesão ao Sisbi-POV, os estados podem
executar ações relacionadas à inspeção e à fiscalização de vinhos e derivados, bebidas e classificação
vegetal. Municípios podem atuar apenas na área de bebidas. A adesão ao Sisbi-POA permite que
estados e municípios realizem a inspeção sanitária dos estabelecimentos que realizam o comércio
interestadual de produtos de origem animal. Já em relação aos insumos agropecuários, a adesão
está prevista apenas para os estados e o Distrito Federal. Quando aderidos ao Sisbi-PEC, os entes
poderão fiscalizar o comércio e o uso dos produtos veterinários, de sêmen e embriões e daqueles
destinados à alimentação animal. Já com a adesão ao Sisbi-AGRI, os Serviços estaduais poderão
fiscalizar o comércio e o uso de fertilizantes e afins, bem como todas as etapas da produção de
sementes e mudas.
A Defesa Agropecuária possui uma dimensão estratégica para o desenvolvimento nacional e o bem-
estar da sociedade brasileira. Assim, ampliando e divulgando o conhecimento sobre sua organização,
sua estrutura e suas competências, os diversos atores envolvidos poderão incrementar ainda mais
seu protagonismo como executores dessa tão importante política pública.
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