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O ENSINO JESUÍTICO NO PERÍODO

COLONIAL BRASILEIRO

algumas discussões
Ana Beatriz Gonçalves Vieira, Ana Luiza Bonfim, Bruna
Pereira Vacholz e Fabíola Zanaga de Lima
QUATRO ASPECTOS

Objetivos do Projeto Português para o Brasil


O Projeto Educacional Jesuítico
Estrutura social brasileira
Modelo de homem colonial
"
O fenômeno educacional não é um fenômeno
independente e autônomo da realidade social de
determinado momento histórico

"
PROJETO PORTUGUÊS
Companhia de Jesus
D. João III
Converter os indígenas à fé católica por intermédio da catequese e do
ensino de ler e escrever português
Interesse mútuo entre a coroa e o papado:
Expandir o mundo
Defender novas fronteiras
Somar forças
Integrar interesses leigos e cristões
Organizar o trabalho no Novo Mundo pela força da unidade lei-rei-fé
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO

Princípios jesuíticos:
Busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a
vontade dos homens
A obediência absoluta e sem limites aos superiores
A disciplina severa e rígida
A hierarquia baseada na estrutura militar
A valorização da aptidão pessoal de seus membros
1856 mil membros e 1606 13 mil (?)
Propósitos anteriores: confissão, pregação e catequização
CONTEXTO HISTÓRICO

Campanha de Jesus: Principal instrumento contra a reforma protestante


Duas estratégias:
Educação dos homens e dos indígenas
Ação missionárias em regiões colonizadas
Soldados que combatem a heresia
Educar grupos sociais menos favorecidos
Antes o ensino jesuítico não era para todos
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO: ORIGEM

Companhia de Jesus: Ordem religiosa da igreja católica fundada na


Europa em 1540.
Formada por padres designados Jesuítas.
Missão: Catequizar e evangelizar pessoas.
Projeto ampliado para novas terras conforme orientação dos
portugueses, o objetivo era pregar a palavra de Deus entre os índios.
Também era um projeto de transformação social, tinham como igual
função propor e implementar alterações profundas na cultura indígena,
destinava-se à transformação do indígena em “homem civilizado”.
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO: TRANSFORMAÇÃO

A transformação do índio em "homem civilizado" seguia os padrões


culturais e sociais dos países europeus do século XVI.
Necessidade em incorporar o índio ao mundo burguês, à “nova relação
social” e ao “novo modo de produção”.
A atuação educacional jesuítica pode ser dividida em duas fases: 1. a de
adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do
índio aos costumes dos brancos; 2. desenvolvimento e extensão do
sistema educacional implantado no primeiro período.
Além da catequização, os jesuítas tentaram desenvolver no indígena a
preocupação burguesa com o trabalho, com o produtivo.
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO: EDUCAÇÃO

O primeiro grupo de jesuítas chegou à Colônia brasileira em 1549, eram


chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega.
O padre Manuel da Nóbrega e seus companheiros da Companhia de
Jesus fundaram na Bahia, em agosto de 1549, a primeira “escola de ler e
escrever” brasileira.
O analfabetismo dominava não somente as massas populares e a
pequena burguesia, mas se estendia até a alta nobreza e família real.
Saber ler e escrever era privilégio de poucos, na maioria confinados à
classe sacerdotal e a alta administração pública.
Mesmo na grande maioria dos países europeus da época não havia um
sistema escolar modelo.
Manuel da Nóbrega 1517-1560

CHEGADA AO BRASIL PLANO DE ESTUDOS

1ª fase: considerada como do ensinamento


• Padre Manoel da Nobrega desembarca dos estudos elementares, era constituída pelo
no Brasil (1549) e nomeia seus ajudantes aprendizado de português, do ensinamento
para funções essenciais. da doutrina cristã e da alfabetização.
• Com estas funções definidas, é redigido
o primeiro status ou catálogo da missão 2ª fase: o aluno teria a opção de escolher
brasileira. entre o ensino profissionalizante e o ensino
• Se fez necessário um método que médio, segundo suas aptidões e dotes
resolvesse a questão: como iriam os intelectuais revelados durante o ensino
padres jesuítas pregar a fé católica se elementar.
não conseguiam se comunicar com os
indígenas? O prêmio para quem se destacasse nos
estudos da gramática latina era uma viagem
de estudos aos grandes colégios de Coimbra
ou da Espanha.
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO

Manuel da Nóbrega adotou a estratégia de construir aldeias de


catequização aos arredores de cidades ou vilas portuguesas.
Essas aldeias eram habitadas pelos padres jesuítas e pelos indígenas a serem
convertidos e destinavam-se a atingir três objetivos:
Objetivo doutrinário – que visava ensinar a
religião e a prática cristã aos indígenas.
Objetivo econômico – visava a instituir o hábito
do trabalho como princípio fundamental na
formação da sociedade brasileira.
Objetivo político – visava a utilizar os indígenas
convertidos contra os ataques dos indígenas
selvagens e, também, dos inimigos externos.
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO

1551 Segundo grupo de padres Jesuítas chega ao Brasil


acompanhados de 20 meninos órfãos de Lisboa.
Esses meninos já haviam sido orientados e
treinados para desempenharem suas funções,
auxiliar os jesuítas em sua obra de evangelização.
Logo que desembarcaram, foram distribuídos e
enviados para os colégios jesuítas existentes nas
terras brasileiras
Escola da Bahia é transformada em Colégio dos
Meninos de Jesus.
O PROJETO EDUCACIONAL JESUÍTICO

1552-1553
Diversas escolas e colégios criados, Em 13 de julho de 1553 chega à Bahia o
expandindo o campo de educação jesuíta. terceiro grupo de padre jesuítas, composto de
O Regimento de Tomé de Sousa proibia o seis padres sob o comando de Luiz de Grã.
povoamento do interior do país, demandando Em 1553 o padre Manuel da Nóbrega retirou-
que somente o litoral fosse ocupado, porém se para as capitanias do Sul e nomeou
Padre Manoel da Nobrega desobedeceu a Vicente Rijo como superior interino do
esta ordem. Colégio da Bahia.
Vicente Rijo ficou responsável por catequizar
e ensinar a ler e escrever os meninos
Cria-se, então, a aldeia indígenas, tornando-se, desse modo, o
de Piratininga, onde primeiro professor a ministrar aulas na
surgiu o Colégio de São primeira escola brasileira, o Colégio da Bahia.
Paulo (que deu origem Os colégios da Bahia e de São Vicente foram
a grande metrópole de os mais prósperos da Companhia de Jesus.
São Paulo).
A TROCA DE PODER

O apoio e a proteção na metrópole para que o padre Manuel da Nóbrega


desempenhasse suas atividades na Colônia brasileira eram proporcionados pelo padre
Mestre Simão Rodrigues.
Em 1552, o padre Mestre Simão Rodrigues, após desentendimentos com Inácio de
Loyola (fundador da Companhia de Jesus), foi substituído no cargo de Provincial de
Portugal pelo padre Diogo Mirão.
Este fato implicou no abandono de alguns padres da Companhia de Jesus e a cessação
do apoio do Provincial de Portugal à política dos recolhimentos do padre Manuel da
Nóbrega no Brasil.
Por ser defensor de outros métodos de catequese e modos de organização e gestão
dos colégios, Mirão logo reformulou as políticas vigentes e impôs sobre a Companhia
de Jesus uma regulamentação mais severa. Proibiam que houvesse internatos para
alunos leigos que não pretendessem ingressar na Companhia, o que determinou que os
meninos indígenas internos fossem mandados embora.
O MÉTODO EDUCACIONAL JESUÍTICO

O RATIO STUDIORUM

Método de ensino jesuítico.


Estabelecia o currículo, a orientação e a
administração do sistema.
Direcionava todas as atividades educacionais
dos jesuítas, em qualquer localidade.
Publicado em 1599.
Visava a formação do homem cristão de acordo com a fé e cultura cristã.
Coletânea de regras a serem seguidas pelos padres jesuítas.
Apresentava a metodologia de ensino a ser utilizada.
INFLUÊNCIAS E OBJETIVOS

Teorias filosóficas de Aristóteles e São Tomás de Aquino


devido ao Renascimento.
Apresentava a centralização e o autoritarismo da
metodologia
Orientação universalista
Formação humanista e literária
Utilização da Música
Os estudos universitários visam à formação profissional do homem,
enquanto os cursos secundários tinham a finalidade de formar o
humanista, o homem para viver em sociedade.
ORGANIZAÇÃO

Curso Secundário: Curso Superior:


5 anos a 6 anos; Filosofia
Formação literária e humanista Teologia
Ensino literário e clássico Também denominados
Também denominados curso cursos de Artes
de humanidades 3 anos.
Foi o mais difundido na Direcionados a formação do
Colônia, considerado o filósofo.
alicerce da estrutura
educacional jesuítica.
O RATIO STUDIORUM NO BRASIL

Base adaptada para as necessidades da colônia:


Aprendizado de português
Ensino da doutrina cristã
Escola de ler e escrever.
Canto Orfeônico (pode-se fazer um paralelo com
um coral)
Música instrumental
Aprendizado profissional agrícola
Gramática e viagem de estudos à Europa
ATUAÇÃO JESUÍTICA NA COLÔNIA

Duas fases
Adaptação e construção da catequese e conversão
Desenvolvimento do sistema educacional
Formaram também a burguesia urbana: nacionalismo
EXPULSÃO DOS JESUÍTAS

Homem burguês, homem comerciante


Duas categorias
Política: Empecilho ao estado moderno, grande poder
econômico
Educacional: Princípios liberais e movimento iluminista.
Homem burguês x homem cristão
"
A vinda dos padres jesuítas marca o início da
história da Educação no Brasil e inaugura a primeira
e mais longa fase dessa história, e marca sobretudo
pelas consequências que dela resultaram para
nossa cultura e civilização.

"
Obrigada!

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