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O BOLINHO DE NATAL DA VOVÓ

PAULINA

Notas do autor:

Nome do autor: Meque Mambo


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À luz da lei número 4/2001 de 27 de
Fevereiro
Obra vencedora e parte integrante da
Antologia de Contos de Natal da Gala-Gala
Edições-2022.

Se a primeira impressão é que conta, após


essa introdução só me resta desejar uma
óptima leitura e festas felizes.

Feliz Natal e um abençoado Ano Novo.


O BOLINHO DE NATAL DA VOVÓ
PAULINA

O BOLINHO DE NATAL DA VOVÓ


PAULIN ̶ Nasceu no dia 17 de Novembro de
2022. O desejo de vencer a Antologia de
Contos de Natal me fez escrever, ardia em
mim a vontade de desenhar sonhos em
formas de palavras e para isso, escrevi sobre
a festa Natalícia, não aquela que vemos na
mídia mas aquela que faz parte da nossa
realidade.

Recebam esse E-book como um presente


vindo diretamente do Pai Natal.
Natal sim, natal sim, viajamos para casa da
Vovó Paulina, especialmente porque durante
o ano saímos muito pouco de casa e viajar é
uma oportunidade de conhecer novos lugares,
os nossos Pais são bastante controladores e
não nos deixam brincar, daí que
aproveitamos o natal para se divertir, a festa
começa no dia 22 de Dezembro mas por
causa de contra-tempos viajávamos no dia 23
para poder passar o natal, a viagem
compensava porque em casa da vovó Paulina
tudo é bom excepto os nossos primos que
não gostam de nós e vivem criando confusão,
falando nisso, eles já começaram:

̶ Muana o Cidade ua guma (criança da


Cidade Chegou).
̶ Vão começar? Acabamos de chegar e já
querem lutar.

Esse é o Pedro, de sobrenome Pereira e que


não aceita brincadeiras.

̶ Calma Pedro, você sabe que Vovó não gosta


de confusão, lembre que Papa já organizou
passagem de avião para te mandar voltar se
aprontar qualquer sarilho.

̶ Tá ver! Eles são mesmo mimados, e jamais


serão homens de verdade porque nunca
passaram dos ritos de iniciação.

Os nossos primos se achavam maduros


demais porque eles iam para caça, machamba
e já poderiam ter sua própria casa.
̶ Aye! Vem ver, vem lutar para saber se
realmente não passamos dos ritos de
iniciação, saibas que sou faixa preta em
Karaté e tenho duas medalhas em Judo, você
não é páreo para mim, eu te quebro em um
segundo.

O Pedro era assim, muito nervoso, não


gostava de brincadeiras, ele falava dos
prémios em artes marciais mas na verdade
ele não batia nada e tinha medo de baratas, a
conversa já estava em um alto nível, me
alegrei e ate achei que pudessem lutar pela
primeira vez, mas chegou a musa dos olhos
do Pedro.

̶ Pedro! Dá última vez que vieste para cá te


disse que não deverias arrumar mais
confusão.
̶ Desculpa Noémia, não foi minha intenção,
você sabe que são eles que gostam de
arrumar confusão comigo.

A Noémia era musa dos olhos do Pedro, ele


não aguentava com ela, acredito que só
viajava por causa dela, ele nunca gostou de
lavar roupa, mas fazia questão de ir ao Rio
lavar, porque lá, ele poderia ver de longe sua
musa tomar banho, mas isso é segredo
porque se Vovó souber disso nunca mais
deixara ele voltar para cá, Noémia era bela e
uma das suas maiores qualidades é que já
havia passado pelos ritos de iniciação, por
isso que tratava o Pedro como esposo, mas
quem era ela?
Ela era nossa prima do sexto grau, e para
fugir do remorso de se envolver com uma
familiar ele dizia:

̶ Ouana!

̶ Fala Pedro.

̶ Você acha que é pecado um primo namorar


com sua prima do sexto grau?

̶ Se você estiver falando do seu caso com a


Noémia saiba que é impossível, porque alem
da distância entre nossas casas, somos primos
dela.

̶ Ela não é nossa prima de verdade, distancia


não afecta em nada, também isso de grau
para namorar funciona para Cristãos, a
Noémia é Muçulmana, por ela eu me torno
Bhay porque lá primos podem se casar com
primos. Você não acha? Não preciso da sua
opinião, você só entende de comida mesmo,
falando nisso, Vovó já voltou da Machamba,
podes correr para saia dela.

O Pedro era mesmo assim, não sei por que


perguntava coisas, se no final do dia não
escutava meus conselhos, mas em um ponto
ele tinha razão, eu viajava para comer os
bolinhos da vovó Paulina, o bolinho de
Mafurixe feito com farinha de trigo especial,
ela preparava somente no dia 25 de
Dezembro porque era dia de festa, e ela
gostava muito de festas, principalmente essa
porque representa o nascimento do grande
Menino Jesus Cristo. Não sei como que um
menino pode nascer grande, Avô não fala
muito sobre isso, ela se resumia em dizer:

̶ Meu neto, ore o Pai-nosso porque Deus é


grandioso.

̶ Vovó! Por que celebramos essa festa?

̶ Celebramos essa festa porque é o


nascimento do grande menino Jesus Cristo.

A Vovó parava por aí, não falava mais do


que isso e se alguém ousasse em perguntar,
ela poderia lhe tirar o seu jantar e eu jamais
iria arriscar em perder a oportunidade de
comer o bolo de Mafurixe da vovó, então me
calava e fingia não saber de nada, mas o
Miguel não se aguentava e comigo
cochichava:
̶ Ouana! Você ouviu isso que vovó disse?

̶ Sim Miguel, eu ouvi, mas não podemos


questionar, você sabe que Vovó é cheia de
manias e se lhe questionarmos poderá se
zangar.

̶ Mas isso não faz sentido por que uma


criança não nasce grande, criança é criança.

̶ Miguel! Jesus é Deus, então mesmo sendo


criança nasceu grande.

̶ Vovó!

̶ Diga-me neto.

̶ Ouana disse que Jesus é Deus, e Vovó disse


que Jesus era uma grande criança, como
Jesus pode ser criança e Deus ao mesmo
tempo?
̶ Miguel e Ouana, já vos disse que não devem
andar às perguntas, vocês dois gostam de
perguntar muito nem? Hoje é dia de festa,
mas amanhã vocês terão que lavar todos os
pratos e a vossa única refeição será o jantar,
percebido?

̶ Sim vovó.

̶ Também, já está na hora de fazer o banho.


Atenção a chamada.

Somos tantos na casa da Vovó Paulina que


ela precisa de um caderno de chamadas para
saber se realmente estávamos em casa, os
Reis das faltas eram o Pedro e a Noémia,
nunca percebi o que ambos andavam a fazer
nas matas, mas sempre que estavam juntos se
atrasavam, quebravam as regras da casa
porque Vovó não gostava que menino e
menina brincassem juntos até a madrugada,
acho que o motivo era porque ela sabia que a
Noémia já havia passado dos ritos de
iniciação e que o Pedro amava descobrir as
coisas e que sua maior vontade era saber o
que ela havia aprendido lá.

̶ Noémia e Pedro, eu já vos disse que vocês


não devem andar juntos até tarde, mas vocês
não escutam, se continuarem assim, terei que
vos castigar.

̶ Vovó! Primo com prima não é pecado?

̶ Você quer outro castigo Miguel?

̶ Desculpa Vovó, foi Ouana que me disse.


O Miguel não ouvia, ele sempre perguntava
coisas inapropriadas e quando fazia isso,
colocava meu nome para que não pudesse ser
castigado sozinho.

̶ Ouana, você está zangado com isso?


Amanhã é dia 26, e não se zangue pela
comida, eu guardarei o meu jantar de hoje
para compartilharmos amanhã no almoço.

Apesar dos apesares, o Miguel era um bom


amigo, para mim o único bom primo, se o
Pedro tinha a Noémia, eu tinha o Miguel que
era meu verdadeiro Brother.

Mas o que me levava à casa da Avó era


aquele bolinho de Mafurixe, ela fazia outros
tantos bolos, grandes e belos, também, o
número de netos chegava aos 20, sem contar
com os convidados, então era necessário
fazer muita comida, apesar de ter todos esses
bolos, eu amo o bolo de Mafurixe, ele é feito
dos materiais que a própria terra dá à vovó,
ela não prepara muitos porque é bastante
complicado acertar na fórmula certa, então
prepara só alguns e eles são tão bem feitos
que dá dó comer eles, e adivinhem, só o
Miguel e eu é que comemos aquele bolo, os
outros ficam com inveja e até dizem que a
diabete que temos é de brincadeira, uma vez,
dei o bolo ao Pedro e ele começou a pedir
para ser diabético, porque o bolo é bom
demais.

Diferente de outras casas, na casa da Vovó


Paulina todos se sentem em casa, ela prepara
os alimentos de acordo com as necessidades
de cada um, sem gastar muito, ela nos ensina
a magia do natal, e apesar de não saber muito
bem o que é natal, no momento da ceia ela
sempre diz:

̶ Meus netos, aqui não têm energia e muito


menos televisão, hoje é natal, dia do
nascimento de Jesus Cristo, hoje é dia de
festa, rico só é rico se tiver saúde e família, e
eu sou muito rica porque vos tenho aqui na
minha casinha.

Essas palavras nunca sairão da minha mente,


afinal, o natal não é só sobre luzes e
presentes, o natal é muito mais que isso,
acredito que o Vovó é nossa mãe natal
porque sempre que acordamos encontramos o
nosso maior presente, que é ter a família
compartilhando momentos de alegria com
agente.

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