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Modelo Escolar Brasileiro dos
Séculos XVI e XVIII
Sumário
Modelo Escolar Brasileiro dos Séculos XVI e XVIII
Para Início de Conversa... ................................................................................ 3
Objetivos .......................................................................................................... 3
Desenvolvimento do material
Patricia Wanzeller 1. Modelo Escolar no Período Colonial ....................................................... 4
1.1. A Educação Religiosa no Brasil Colonial ...................................... 5
2. Influências do Pensamento Liberal
1ª Edição
na Educação ................................................................................................... 9
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Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 2.1. A Educação Liberal: Primeiras Tentativas de um Plano para a
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, Educação no Brasil Império ................................................................ 10
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya. Referências ....................................................................................................... 13
Para Início de Conversa... Objetivos
Neste capítulo, veremos como a educação no Brasil Colônia foi marcada ▪ Apresentar as deficiências do modelo de educação no Brasil no
pela presença dos Jesuítas e como funcionava seu método de ensino. Período Colonial.
▪ Analisar as consequências do pensamento liberal na educação
Abordaremos, também, a Reforma Pombalina, que expulsou os Jesuítas
brasileira.
da colônia, mas não conseguiu implementar um sistema de educação
bom o bastante para, pelo menos, suprir a ausência dos inacianos.
‘‘ Ressurreição,
Quando o provincial da Província do Santo Antônio do Brasil, frei Manuel da
solicitou, em 1739, da Coroa portuguesa o aumento do número
máximo de franciscanos, limitado naquele momento a 236 religiosos, ele
justificou o seu pedido, entre outros, com “a atuação (dos franciscanos)
’’
equiparados aos do Rio, as origens do ensino médico no Brasil. ‘
2. Influências do Pensamento Liberal Constituiu a ideia de que o aprendizado depende, primordialmente, das
‘‘ [...] de orientação liberal, mas não democrática, [...] assegurava direitos civis (de
cidadania) aos brasileiros brancos, mas não aos índios e escravos, e de direitos
políticos (de voto) aos brasileiros brancos que tinham, no mínimo, renda de 100
mil réis anuais: quem é “coisa” não tem direitos, quem é “povo” ou “plebe” tem
direitos civis e políticos diferenciados, proporcionais à renda. Considerando a
questão do ângulo do princípio liberal proclamada de igualdade, essa repartição
mostrava-se enormemente restritiva, pois, na época, três quartos da população
compunham-se de escravos, e grande parte do restante era de brancos livres e
pobres. Assim, é uma lei liberal moderada que constitui como povo brasileiro a
Figura 7: Aclamação de D. João. Fonte: Wikimedia.
’’
política liberal constitucionalista. Hilsdorf (2012, p.44) gerais de geometria prática, a gramática nacional, os princípios da moral cristã e
de doutrina da religião católica e apostólica romana”; e que se desse preferência,
No que se refere à educação, a Constituição destacava, no inciso 32 no ensino de leitura, a temas sobre a Constituição do Império e História do Brasil.
de seu último artigo, o 179, do último título, o art.VIII, que “a instrução
primária é gratuita para todos os cidadãos”, e o 33, que dispunha “sobre
(FÁVERO, 2005, p.58)
’’
os colégios e universidades, aonde serão ensinados os elementos das Em um relatório do Ministro Lino Coutinho, fica evidenciada a
Ciências, Belas Letras e Artes [...]” (BRASIL, 1824). precariedade do ensino no Brasil. Apesar da determinação da Lei de
1827, a situação real é muito grave, pois o governo não dispunha de
‘‘ diretamente
Os direitos e garantias, especificamente os direitos à educação, atendiam
às reivindicações dos liberais de Portugal, onde D. Pedro empenhava-
dinheiro para construir ou reformar escolas, investir na formação e pagar
os professores ou comprar o material didático.
se em manter o direito à sucessão de D. João VI. A gratuidade universal à educação
primária, genericamente proclamada e candidamente outorgada na Constituição, O sistema de educação permaneceu inalterado até a promulgação do
não derivou de interesses articulados e reclamos sociais organizados, inserindo- Ato Adicional à Constituição de 1834. Esse documento passou para os
se no texto como um reconhecimento formal de um direito subjetivo dos poderes locais das províncias a organização de seu currículo, desde
cidadãos, que é uma obrigação efetiva do Estado. (FÁVERO, 2005, p.53)
’’ que atento às determinações do governo imperial, a incumbência de
Pelo menos a Constituição de 1824 pode estabelecer que a educação criar estabelecimentos próprios, bem como regulamentar os cursos
seria gratuita e acessível a todos os cidadãos (homens brancos livres). de primeiras letras, cursos de formação de professores e providenciar
No dia 15 de outubro de 1827, deputados e senadores aprovaram uma condições de sua execução.
lei que indicava a criação de escolas de primeiras letras em todas as Ao governo central ficaria a responsabilidade pela criação e manutenção
cidades e vilas do território. A Lei de 1827 determinava que: de cursos superiores e das aulas primárias e secundárias no Rio de Janeiro,
capital do Império. O que se viu foi uma tentativa de descentralização
‘‘[...] os presidentes de província definiam os ordenados dos professores; os
professores que não tivessem formação para ensinar deveriam providenciar da educação, delegando às províncias a responsabilidade pelos cursos
a necessária preparação em curto prazo e às próprias custas; determinava os primários e secundários.
HILSDORF, M. L. S. História da educação brasileira: leituras. São Paulo: SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período
Cengage Learning, 2012. colonial brasileiro: algumas discussões. Educar, Curitiba, n. 31, p. 169-
189, 2008.