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SUMÁRIO

UNIDADE 1: INTRODUÇÃO A HISTORIA DO ENSINO RELIGIOSO ....................... 3


Esclarecendo alguns Conceitos ......................................................................... 10
Religião .............................................................................................................. 11
Religiosidade...................................................................................................... 12
Catequese .......................................................................................................... 12
Ensino Religioso ................................................................................................ 13
Ensino Religioso x Catequese ........................................................................... 13
UNIDADE 2: O ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR PRESSUPOSTOS TEÓRICOS .. 15
UNIDADE 3: O ENSINO RELIGIOSO QUE É DESEJADO NA ESCOLA ................ 19
Natureza e objetivos .......................................................................................... 19
Conteúdos .......................................................................................................... 21
Métodos ............................................................................................................. 27
Linguagem ......................................................................................................... 30
Interdisciplinaridade ........................................................................................... 32
Planejamento ..................................................................................................... 33
Procedimentos e Recursos ................................................................................ 34
AVALIAÇÃO ....................................................................................................... 36
UNIDADE 4: O PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO ......................................... 40
Responsabilidades do Professor de Ensino Religioso ....................................... 40
Admissão e Formação do Professor de Ensino Religioso.................................. 42
O dever do professor de Ensino Religioso e o caráter facultativo da disciplina . 45
O professor de Ensino Religioso e a Ética ......................................................... 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

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Ensino Religioso e Experiência Humana

“Ao colocar o pleno desenvolvimento do educando e o seu preparo para o


exercício da cidadania, entre outros, como objetivos da educação, a LDB afirma que
isso se dá mediante o desenvolvimento da capacidade de compreensão do
ambiente natural e social; da formação de atitudes e valores que fortalecem os
vínculos familiares, os laços de solidariedade humana que constituem as bases da
vida em sociedade (cf. art. 32).
É nesta perspectiva que se insere o Ensino Religioso, proporcionando ao
educando o conhecimento das experiências religiosas da humanidade,
sistematizadas pelas diferentes tradições religiosas, no decorrer da sua historia;
possibilitando ao estudante articular e organizar tais conhecimentos e construir um
saber que, certamente, o orientará na busca de respostas aos seus
questionamentos a cerca do sentido da vida e aos desafios existenciais presentes
no seu cotidiano.
Deste modo, poderá decidir de modo autônomo e responsável, frente as
diferentes circunstâncias da vida, pois todos nós seres humanos nos defrontamos
com os mesmos problemas de vida e morte e partilhamos de um destino comum.”

Luzia M. de Oliveira Sena


Membro da Coordenação do FONAPER
(Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso)

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UNIDADE 1: INTRODUÇÃO A HISTORIA DO ENSINO


RELIGIOSO
Os passos iniciais do Ensino Religioso no Brasil coincidem com os da História
do Brasil, cujos primeiros fatos são registrados com a chegada dos colonizadores.
A evangelização e catequização das populações que estavam em nosso país,
os indígenas, e daqueles trazidos como escravos foi de alguma maneira uma
espécie de ensino religioso, de educação e formação religiosa de acordo com os
princípios da moral e da doutrina católica.
Foram as “Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia”, propostas e
aceitas no sínodo diocesano de 12 de junho de 1707, o primeiro documento legal
que dispõe sobre a educação religiosa de forma clara. Tais constituições previam
que a formação religiosa dos escravos era obrigação dos senhores proprietários.
Aos párocos ficava a incumbência de ensinar a doutrina cristã aos escravos e aos
meninos, estes aprendiam a ler e escrever através de livros religiosos. Então,
juntamente com a alfabetização ocorria a doutrinação das crianças de acordo com
os princípios da religião católica, os padres eram os catequizadores e professores.
A inclusão do Ensino Religioso nas escolas é muitas vezes questionada
devido o modo como foi introduzido e permaneceu na conjuntura escolar por mais
de 400 anos. Como o Estado e a Igreja andavam juntos desde o início da
colonização até ao final do regime Imperial e mesmo depois a Igreja se manteve
subjugada ao Estado como instrumento de apoio político o Ensino Religioso é
entendido como “ensino da religião”, pois o Governo e a Igreja tinham como objetivo
expandir o Cristianismo nas terras conquistadas.
O ensino era tipicamente iluminista: baseado na razão visava o saber; não
educava uma fé atenta a uma revelação divina. Mesmo assim, este ensino era visto
como catequese infantil, naquele momento tirado da família e da paróquia e levado
para a escola.
Predominava o ensino dirigido pelas ordens e congregações religiosas com
destaque para o trabalho dos jesuítas.
A situação muda quando acontece a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de
Pombal, em 1759, e quando o mesmo introduz no país reformas de espírito
anticlerial, dentro da tendência da modernidade européia.
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O quadro a seguir nos permite uma visão clara da síntese histórica do


Ensino Religioso no Brasil:
Período Legislação Vigente Situação do Ensino Religioso Destaque
Histórico
Colonial Ordenações do Reino Cristianização ou evangelização ER: em
1500 a dos gentios, justificativa do função do
1700: poder estabelecido pelo regime projeto
1º período de padroado; no 2º período colonizador
1700 a colonial vem a submissão à fé
1800: cristã.”A doutrina cristã é uma
2º período das partes principais que entra
na obrigação dos professores
de primeiras letras”
Constituições do Arcebispado
da Bahia de 1707.
Imperial: Constituição Política do Efetivado sob o regime regalista, ER:
1823 a 1890 Império no Brasil – ou em que o Imperador jura manter submetido ao
“Constituição do oficialmente a Religião Católica, regime
Imperador”, 1823. “Art. na forma do art.105 da regalista
5º - A religião catholica Constituição. “Juro manter a
apostólica romana religião catholica, apostólica,
continuará a ser a romana, a religião do Império”.
religião do Império.
Todas as outras serão
permitidas com seu culto
doméstico ou particular,
em casas para isso
destinadas, sem forma
alguma exterior de
Templo”.
Republicano Constituição da Passa por um processo de ER: Vítima do
República dos Estados redefinição, uma vez que se positivismo e
Unidos do Brasil torna alvo do mais polêmico da corrente
debate de todas as épocas, em laicista
virtude da interpretação do art.

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72 da Lei Maior, à moda


Francesa. Na França o ER fora
proibido, na implantação do
Regime Republicano, segundo
os princípios da separação
Estado/Igreja.
Republicano Constituição dos Estados Admitido pelo decreto de 30 de ER:admitido
2º período Unidos do Brasil – 1934. abril de 1931 e assegurado na por Getúlio
1934 a 1937 ”Art. 153: O ensino escola oficial, pela carta Magna em 1931.
religioso será de de 1934, em caráter facultativo, Assegurado a
freqüência facultativa e após várias emendas a favor e seguir pela
ministrado de acordo contra a sua inclusão no Carga Magna
com os princípios da currículo escolar. Duas de 1934
confissão religiosa do correntes atuaram na
aluno, manifestada pelos Constituinte de 33: a liderada
pais ou responsáveis, e pela Igreja e a dos
constituirá matéria dos escolanovistas. A 1ª contra o ER
horários nas escolas na escola pública. A 2ª a favor,
primárias, secundarias, por considerá-lo como um direito
profissionaes e do cidadão e dever do Estado.
normaes.”
Estado Constituição dos Estados Simplesmente permitido, em ER: Apenas
Novo Unidos do Brasil – 1937 virtude da Lei Maior, a dar-lhe permitido.
1937 a 1945 “Art.133: O ensino um cunho de neutralidade. O
religioso poderá ser dispositivo da nova Carta é
contemplado como regulamentado pelas chamadas
matéria do curso Leis Orgânicas, a partir de 1942,
ordinário das escolas quando é decretada a reforma
primárias, normais e Capanema, inspirada no modelo
secundárias. Não de educação de ideologia nazi-
poderá, porém, constituir facista.
objeto de obrigação dos
mestres ou professores,
nem de freqüência
compulsória por parte do

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aluno.

Republica- Constituição dos Estados Contemplado como dever do ER:


no Unidos do Brasil – 1946. Estado para com o direito ao ER Assegurado
Terceiro “Art. 168 – (...) V-O e a liberdade religiosa do fora do
Período: ensino religioso constitui cidadão. Na prática, a Lei de sistema
1946 a 1964 disciplinas dos horários Diretrizes e Bases da Educação, ( sem ônus)
oficiais, é de matrícula de nº. 4024/61, o exclui do
facultativa e será sistema escolar, ao introduzir a
ministrado de acordo expressão “sem ônus para os
com a confissão religiosa cofres públicos”, discriminando,
do aluno, manifestada desta forma, o professor da
por ele, se for capaz, ou disciplina.
pelo seu representante
legal ou responsável”.
Republicano Constituição da Obrigatório para a escola, Assegurado,
Quarto República Federativa do concedendo ao aluno o direito incluído no
Período: Brasil – 1967 e Emenda de opção no ato da matrícula. A sistema,
1964 a 1984 Constitucional nº. 1 – nova LDBN de nº. 5692/71, ao porém
1969 “Art. 168: O ensino regulamentar tal dispositivo facultativo.
religioso de matrícula prefere repetir, simplesmente, o
facultativa constituirá texto constitucional, o que
disciplina dos horários permite o tratamento ao
normais das escolas Professor de ER, com exceção
oficiais de grau primário de um dos Estados da
e médio. Federação.
Republicano Constituição da Assegurado o direito do Assegurado
Quinto República Federativa do cidadão, como no período pela Lei Maior
período: Brasil – 1988. anterior. Assim como em outras
1985 até o “Art. 210, parágrafo 1º: O épocas, atuam,
atual ensino religioso, de simultaneamente, duas
momento matrícula facultativa, correntes antagônicas em seus
constituirá disciplina dos princípios educacionais. Uma a
horários normais das favor e outra contra a
escolas públicas de permanência da referida

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ensino fundamental.” disciplina no currículo escolar,


com ônus para os cofres
públicos.
Republicano Nova Lei de Diretrizes e Nova LDBN: Art. 33 – O ensino Regulamenta-
Momento Bases da Educação religioso, de matrícula do de forma
Atual: Nacional, sancionada em facultativa, constitui disciplina ambígua em
1996... 20 de dezembro de dos horários normais das relação à Lei
1996, cf. publicação no escolas públicas de ensino Maior.
Diário Oficial da fundamental, sendo oferecido
República Federativa do sem ônus para os cofres
Brasil, em 23/12/1996, públicos, de acordo com as
sob o nº. 9.394/96. preferências manifestadas pelos
alunos ou por seus
responsáveis, em caráter: I –
Confessional, de acordo com a
opção religiosa do aluno ou seu
responsável, ministrado por
professores ou orientadores
religiosos preparados e
credenciados pelas respectivas
igrejas ou entidades religiosas,
ou
II – interconfessional, resultante
do acordo entre as diversas
entidades religiosas, que se
responsabilizarão pela
elaboração do respectivo
programa.
1997 .... Lei nº 9475, de 22 de O Ensino Religioso de matrícula ER: avanços
julho de 1997 “Dá nova facultativa, é parte integrante da voltados para
redação ao art. 33 da Lei formação básica do cidadão e a melhoria da
9394, de 20 de constitui disciplina dos horários qualidade das
dezembro de 1996, que normais das escolas públicas de disciplinas
estabelece as diretrizes ensino fundamental, assegurado nas escolas e
e bases da Educação o respeito à diversidade cultural da sua

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Nacional. (...) Art. 33 – O religiosa do Brasil, vedadas efetivação


Ensino Religioso de quaisquer formas de como
matrícula facultativa, é proselitismo. elemento
parte integrante da Os sistemas de ensino normal do
formação básica do regulamentarão os sistema
cidadão e constitui procedimentos para a definição escolar.
disciplina dos horários dos conteúdos de ensino
normais das escolas religioso e estabelecerão as
públicas de ensino normas para a habilitação e
fundamental, assegurado admissão dos professores e
o respeito à diversidade ainda ouvirão entidade civil,
cultural religiosa do constituída pelas diferentes
Brasil, vedadas denominações religiosas, para a
quaisquer formas de definição dos conteúdos do
proselitismo. ensino religioso.”
Parágrafo 1º - Os
sistemas de ensino
regulamentarão os
procedimentos para a
definição dos conteúdos
de ensino religioso e
estabelecerão as normas
para a habilitação e
admissão dos
professores.
Parágrafo 2º - Os
sistemas ouvirão
entidade civil, constituída
pelas diferentes
denominações religiosas,
para a definição dos
conteúdos do ensino
religioso.”
(Quadro extraído do Programa de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série – da
Secretaria do Estado de Minas Gerais, publicado em 1997)

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Como visto, foi no final do século XIX que teve origem a busca de um espaço
assegurado e assumido para o Ensino Religioso nas escolas, em decorrência da
separação entre Estado e Igreja, como um dos primeiros atos do regime
republicano.
O regime de padroado foi extinto e a intervenção da autoridade federal e dos
estados em matéria religiosa foi proibida através do decreto 119 “A” de 1890. Igreja
e Estado são reconhecidos como instituições distintas.
Porém, foi o Parágrafo 6º, do art. 72 da Constituição da República de 1891:
“Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos” que trouxe mais
polêmica. Este dispositivo foi inspirado na Constituição dos Estados Unidos da
América, na tentativa de garantir ao cidadão o direito à liberdade religiosa.
A polêmica surge na interpretação da matéria constitucional, pois no Brasil a
expressão “será leigo” é interpretada por alguns segundo o pensamento francês
sobre a liberdade religiosa, sendo entendido então como irreligioso, ateu, laicista,
sem a presença de elementos oriundos das crenças dos cidadãos que freqüentam
as escolas mantidas pelos Estados da Federação. Assim a regulamentação do
dispositivo constitucional caminhou.
Mas ao mesmo tempo, os interessados pela garantia do Ensino Religioso na
Escola concebem-no como elemento eclesial no sistema escolar e assim as
discussões transcorrem ao longo do tempo.
Durante os anos 20 e 30 do século XX aconteceram conquistas pelos
defensores do direito ao Ensino Religioso na escola: os atos do Governo do Estado
permitiram a referida disciplina nas escolas, mesmo sem o amparo da Lei Maior. A
Lei Maior matinha a neutralidade como principio da liberdade religiosa, de acordo
com os juristas da época.
Foi nos anos 60 que a reorganização do Ensino Religioso teve maior ênfase,
vários decretos e portarias entraram em vigor e no estado de Minas Gerais vários
programas foram publicados. Porém, ao analisar tais programas, percebe-se que o
Ensino Religioso é concebido ainda como elemento eclesial na escola. É o
imaginário educacional da Igreja que vigora, a prática ecumênica não é vista e nem
os conteúdos diferentes dos adotados na Catequese são incluídos e assim ainda

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nos anos 70 e 80 são comuns as expressões “Catequese Escolar”, “Religião na


escola” , “Aula de Religião” e outras parecidas.
O período atual é marcado por alguns avanços voltados para a melhoria da
qualidade do Ensino Religioso nas escolas, porém a própria questão da identidade e
dos objetivos do Ensino Religioso está longe de ser resolvida, muita reflexão e
muitos debates ainda terão de serem feitos.
Atualmente, a Lei nº. 9394, sancionada em dezembro de 1996, que fixa
diretrizes e bases da Educação Nacional e posteriormente a Lei nº 9475/97, dá
prosseguimento aos esforços de fazer com que a disciplina de Ensino Religioso
tenha a atenção que lhe é devida.
Na nova LDB 9.394/96, o Ensino Religioso nas escolas é parte integrante da
formação básica da pessoa e, portanto, integrante do currículo, sendo reconhecido
como área de conhecimento. A característica plurirreligiosa e a realidade escolar
desafiam educadores e educadoras a uma contínua reflexão sobre sua práxis.
Diante da multiplicidade religiosa presente na escola, busca-se cada vez mais uma
cooperação inter-religiosa.
O modelo de ensino religioso, macro-ecumênico e inter-religioso, consagrado
pela Lei Federal 9.475 de 1997, além de vedar o proselitismo e a doutrinação
religiosa, afirma o respeito à diversidade cultural e religiosa da atual sociedade
brasileira, o ensino religioso assume um novo modelo baseado no pluralismo e no
diálogo inter-religioso que reflete essa tendência de aproximação entre as religiões.
Carneiro (2004:7), afirma: “[...] a partir de 1997, o ensino religioso é
ressignificado, passando a ser entendido como parte integrante da construção de
um novo cidadão e não apenas formar ou confirmar um fiel.”

Esclarecendo alguns Conceitos


Um dos objetivos principais do Ensino Religioso é o desenvolvimento da
religiosidade do cidadão que freqüenta a escola e sua meta é a busca do sentido
primeiro e último da vida. Por isso é importante que se tenha bem definido o que é
religião, religiosidade, religioso, catequese e ensino religioso.

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Religião
Religião vem do verbo latino religare (re-ligare). Religar tanto pode ser um
novo liame entre um sujeito e um objeto, um sujeito e outro sujeito, como também
entre um objeto e outro objeto e também a ligação do homem com a divindade.
Há algumas discordâncias entre autores ao tentar definir o que é religião.
Entre as definições mais aceitas estão as seguintes:
- em sentido objetivo, religião é o conjunto de crenças, leis e ritos que visam
um poder que o homem considera supremo, do qual se julga dependente, com o
qual pode entrar em relação pessoal e do qual pode obter favores.
- em sentido subjetivo, religião é o conhecimento pelo homem de sua
dependência de um ser supremo pessoal, pela aceitação de varias crenças e
observância de varias leis e ritos atinentes a este ser.
Vejamos então, alguns conceitos básicos que servem para o melhor
entendimento de termos usados quando se fala em religião:
- Crença: Convicção íntima e pessoal a respeito de algo que se tem por certo
e verdadeiro. Fé religiosa.
- Culturas: O complexo dos padrões do comportamento das crenças das
instituições e de outros valores transmitidos coletivamente, típico de uma sociedade;
civilização.
- Dogma: Do Latim Eclesiástico dogma – ponto fundamental e indiscutível de
uma doutrina religiosa e, por extensão, de qualquer doutrina ou sistema.
- Doutrina: Do Latim doctrina, de docere, conjunto de princípios que servem
de base a um sistema religioso, político ou filosófico.
- Fenômeno Religioso: Algo que se mostra, revela ou manifesta-se na
experiência humana; é o resultado do processo de busca que o homem
realiza na procura do transcendente.
- Laico/leigo: Do Latim laicus, aquele que é estranho ou alheio a um assunto.
Leigo aquele que não tem ordens sacras.
- Moral: Do latim mos = costume, prática. Como atitude é a disposição da
pessoa em relação com o bem que se deve praticar. Como ciência, é a parte da
teologia que estuda o comportamento humano enquanto ajustado ou não à retidão.

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- Profano: Do Latim profãnus = estranho à religião, secular; que não tem


finalidade religiosa, mundano.
- Proselitismo: Zelo ou afã por ganhar prosélitos, isto é, para converter outros
para sua própria religião. Atualmente está carregado de sentido pejorativo, por
atentar contra a liberdade alheia.
- Sagrado: Do Latim sacrãtus – sagrar = dedicar a Deus, aos deuses, ou ao
serviço divino; relativo ou inerente a Deus, a uma divindade, à religião, ao culto ou
aos ritos. "Sacro" e "Profano" representam conceitos de relação.

Religiosidade
Religiosidade é a atitude dinâmica de abertura do homem ao sentido
fundamental de sua existência, seja qual for o modo como é percebida neste
sentido, a religiosidade está à raiz da vida humana na sua totalidade, é a relação
com a entidade divina. Como a religiosidade é exteriorizada forma-se a religião, mas
é justamente por ser subjetiva e existencial é que surge a diversidade de religiões.
A religiosidade também poderia ser chamada fé; mas em sentido amplo. A fé
se expressa em atitudes e símbolos humanos, mas aqueles que conseguem como
as diversas respostas de fé se relacionam com a busca de um sentido de vida,
comum a todos, estará em condições de viver melhor sua opção de fé.
Para quem tem fé, o caminho tem rumo definido; o que ele busca e realiza
tem nome certo. Assim, para o cristão, no centro de toda a sua caminhada está
Jesus, o Cristo, presente na comunidade, para os não cristãos seus líderes são seus
guias. Nesse caso, a religiosidade não é substituída pela fé: é por ela iluminada,
explicitada. O grupo social que vive essa atitude constitui uma comunidade de fé.

Catequese
Catequese é a educação permanente e sistemática da fé. Quem ministra
supõe que a pessoa com a qual está trabalhando já fez a sua adesão de fé, que já
se ligou a um grupo religioso.

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Ensino Religioso
O Ensino Religioso tem a pretensão de auxiliar na formação integral da
pessoa, abrindo espaço para discutir e aprofundar a relação com o transcendente,
as bases humanas do ato de crer e dos valores religiosos, tendo sempre em vista os
objetivos e as características próprias da escola.

Ensino Religioso x Catequese


Documentos da Igreja falam de uma distinção clara entre Ensino Religioso e
Catequese. Se Ensino religioso não é Catequese, o que é então?
A educação da fé dá-se numa comunidade atuante, comporta também um
importante componente doutrinário; mas este é inseparável do conjunto da
experiência da fé. Este ponto é importantíssimo, pois se tem entregado a catequese
para a escola oficial, porque se perdeu a noção de catequese; ou então, porque não
se consegue organizar uma boa catequese onde ela devia existir. Conforme Catão
(1995):

"Dentre os inúmeros instrumentos de que dispõe a sociedade para alcançar


tão elevado objetivo está a religião, pois somente quando se coloca a
questão da transcendência, a que se denomina Deus, encontra a
comunidade humana e cada uma das pessoas individualmente, respostas às
perguntas fundamentais que todos se colocam diante da vida."

A família, escola e comunidade religiosa devem dividir por igual a


responsabilidade da formação religiosa intencional do educando, porém,
lamentavelmente, enquanto a nossa sociedade, cada vez mais complexa, tende a
sempre maior diversificação de funções e distribuição de competências, insiste-se
em sobrecarregar a escola, transferindo para ela responsabilidades que outros
setores não conseguem ou não querem assumir.
Primeiro foi a família que se alienou quanto à formação religiosa dos filhos,
deixando-a aos cuidados da paróquia e da escola. Agora, muitas paróquias também
esmorecem, acumulando nos ombros do professor, além da que lhe é própria, as
responsabilidades de pai, mãe e catequista.
Não é o caso de caracterizar aqui o que compete à família e à comunidade de
fé, em termos de educação religiosa, mas sim fazer a configuração de um Ensino
Religioso verdadeiramente escolar.
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O Ensino Religioso na escola não pode estar a serviço dessa ou daquela


religião, ou de grupos religiosos autônomos, mas há de considerar o substrato
religioso presente na formação do povo brasileiro, desde a sua origem até os dias
atuais.
As crianças e jovens têm perguntas existenciais que ultrapassam a realidade
perceptível e é o Ensino Religioso que deve ajudar na compreensão de elementos
presentes no íntimo de cada ser, na busca de respostas sobre as razões de seu
existir e de optar pela vivência de valores fundamentais como seres imanentes, na
busca do transcendente.

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UNIDADE 2: O ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR


PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A Constituição Federal, art. 210, parágrafo 1º e a Constituição do Estado de
Minas Gerais, art. 200, parágrafo único, determinam: “O Ensino Religioso, de
matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas
de ensino fundamental”. Assim, a todos os cidadãos, é garantido o direito de acesso
à educação religiosa, sendo que é na escola que tal prática se efetiva de maneira
plena. Mas, o que se encontra de fato na maioria das escolas?
São em cursos e encontros nacionais (em geral promovidos pela Conferencia
Nacional dos Bispos do Brasil) que são discutidos muitos aspectos polêmicos do
ensino religioso, dentre eles: sua identidade, a questão do pluralismo, os possíveis
programas, objetivos, formação dos professores e outros. Mas nem todos que
podem decidir sobre o ensino religioso participam destes momentos de discussão,
então o ensino religioso continua acontecendo de forma diversificada:
- Nos colégios católicos predomina um ensino religioso fortemente marcado
pelo estilo da congregação mantenedora da escola, cuidando da preparação dos
sacramentos, tarefa esta que seria da comunidade paroquial;
- Nas escolas oficiais, estaduais e municipais, são os acordos e
regulamentações fixadas pelas Secretarias de Educação que são seguidas. Sendo
que há estados em que o ensino religioso é interconfessional cristão, não
acontecendo separação por credos ao ministrar as aulas e em outros o ensino
religioso é confessional, ou seja, cada professor deve atender apenas aos alunos de
sua confissão religiosa (é necessário o credenciamento junto à Secretaria de
Educação das instituições religiosas que desejam fazer parte desse trabalho).
No Ensino Religioso interconfessional o diálogo ecumênico é facilitado e a
discriminação entre os adeptos de diversas Igrejas Cristãs é evitado, porém não é
fácil para o professor, poucos estão preparados para lidar com as diferenças entre
as várias maneiras de viver a fé cristã.
O Ensino Religioso confessional é mais prático para o professor e para a
família, pois é mais fácil de ser programado e entendido pelos interessados, porém,
a separação dos alunos, a diversidade de professores para a mesma tarefa e, pela
multiplicidade, a falta de coesão com o projeto escolar dificulta o trabalho da escola
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As reflexões recentes daqueles que muito têm se empenhado para a


definição da identidade e dos objetivos do Ensino Religioso, apontam para a
superação da discussão sobre confessionalidade, já que a palavra “confessional” se
refere à opção de fé, e o ensino religioso seria educação da religiosidade, podendo
então ser considerado pré-confessional ou transconfessional.
Porém, a religiosidade não existe no vazio, ela se manifesta de forma visível
nas várias religiões e suas variantes e, de modo especial, a característica religiosa
do povo brasileiro se expressa pelas mais variadas formas culturais, onde figuram a
presença do sagrado e a concepção de determinados valores fundamentais como a
verdade, o bem, a justiça, a liberdade, a solidariedade, o respeito e outros.
Existem pelo menos três possibilidades de se ministrar o Ensino Religioso em
Escolas:
1. O ensino religioso confessional – Onde cada representação oficial religiosa
tem sua expressão litúrgica e doutrinária, marginalizando outras expressões
minoritárias.
2. O ensino religioso ecumênico – Onde a ênfase está nas posturas éticas,
buscando princípios doutrinários e litúrgicos afins, ficando o grupo religioso de maior
expressão com uma maior influência sobre as demais.
3. O ensino religioso fenomenológico – Onde é feita uma abordagem
antropológica, observando-se a diversas manifestações religiosas de forma cultural,
seja através do estudo das Religiões Comparadas ou buscando as histórias das
Religiões.
O Ensino Religioso é assegurado nos currículos escolares como elemento
integrante do sistema educacional, a fim de promover o desenvolvimento da função
religiosa do ser humano, para que a descoberta e redescoberta das razões íntimas e
transcendentais do seu ser aconteçam. Mas, não basta garantir em lei a educação
da religiosidade como função nata do ser humano, é preciso proporcionar os meios
necessários e eficazes para sua efetivação na escola segundo as aspirações e
necessidades dos educandos, suas famílias e a comunidade, segundo suas
características próprias.

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17

Numa escola de qualidade, que permite o acesso de todos, há de se


considerar os educandos com suas diferenças religiosas e até aqueles que dizem
não ter crença nenhuma.

A escola deve ser aquela que:


- forneça ao educando os princípios básicos para que o mesmo valorize sua
crença e respeite a dos outros;
- instiga o educando a prosseguir além do aqui - agora, a pensar sobre as
razões do seu existir e de optar pela vivência de valores fundamentais para a
convivência harmônica entre os seres;
- incentiva o educando a participar da construção de uma sociedade mais
justa e igualitária;
- mostre razões concretas ao educando para a inserção do mesmo em grupos
religiosos ou não.
Para que a escola consiga desenvolver seu trabalho de formação integral de
seus educandos ela não pode perder de vista os seguintes questionamentos:
- Que tipo de sociedade temos hoje?
- Que tipo de ser humano queremos formar?
- Que modelo de sociedade propomos?
- Que proposta temos?
- Que os meios e desafios que encontramos para a formação de uma nova
sociedade?
Considerando toda essa necessidade de formação plena e realização da
pessoa humana, Anísia de Paulo Figueiredo, em seu livro “Ensino Religioso:
perspectivas pedagógicas” nos diz:

“O Ensino Religioso, como componente do sistema de ensino, é elemento


Integrante do conjunto das disciplinas que estão a serviço do
desenvolvimento harmônico de todas as dimensões do ser humano. È
elemento qualitativo no desempenho do papel de favorecer o desabrochar
da dimensão religiosa do educando, a partir da compreensão da natureza
de tal ensino, relacionada com a globalidade da vida.”

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Portanto, tendo em vista toda esta complexidade, o ensino religioso trata


basicamente da busca de sentido para a vida, para as relações humanas, para as
perguntas que fazemos para nós mesmos.
É sobre a base cristã que se alicerça a religiosidade e a cultura do povo
brasileiro, por isso se justifica a busca da identidade do Ensino Religioso numa
perspectiva cristã, porém este mesmo Ensino Religioso, nas escolas públicas, é
aberto ao diálogo inter-religioso, em seu sentido amplo, onde são respeitados os
valores comuns a todas as denominações religiosas, credos, concepções religiosas,
favorecendo a construção de uma sociedade mais humana e humanizadora.

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UNIDADE 3: O ENSINO RELIGIOSO QUE É DESEJADO NA


ESCOLA
Natureza e objetivos
“É impossível chegar a autênticas opções de vida, quando se pretende
ignorar a religião, que tem tanto a dizer; ou então quando se quer restringi-la
a um ensino vago e neutro e, por conseguinte, inútil, por ser destituído de
relação a modelos concretos e coerentes com a tradição e a cultura de um
povo.”
(João Paulo II – Porto Alegre/Brasil – Julho/1980)

O Ensino religioso como “ensino” está ligado a todo um projeto pedagógico


escolar que é amplo e complexo, como “religioso” é submetido a uma área
determinada de atuação, portanto merece tratamento metodológico adequado, pois
faz parte de um processo educacional como um todo. É preciso deixar muito claro
que o Ensino Religioso não pretende ser nenhuma experiência de fé, mas que
precisa se manter para a sua própria razão de ser, sob o fundamento do
conhecimento. Assim nos diz Catão (1995):

"Dentre os inúmeros instrumentos de que dispõe a sociedade para alcançar


tão elevado objetivo está a religião, pois somente quando se coloca a
questão da transcendência, a que se denomina Deus, encontra a
comunidade humana e cada uma das pessoas individualmente, respostas
às perguntas fundamentais que todos se colocam diante da vida.”

Em seu livro A Bíblia na escola, o Padre Wolfang Gruen nos descreve alguns
objetivos importantes previstos para o Ensino Religioso:
• Sensibilizar o aluno para a relevância da proposta religiosa.
• Remover preconceitos e resistências relativos à religião.
• Ajudar o aluno a questionar, deixar-se questionar, respeitar o
questionamento dos outros, antes mesmo do professor supor ou
ensinar respostas.
• Aprofundar a crença e as expressões religiosas de seu grupo e
respeitar as dos outros.
• Criticar os fatos absolutos que nossa sociedade impinge.
• Vivenciar práticas transformadoras, principalmente no que diz respeito
à justiça.

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Objetivos são sempre formulados em consonância com o projeto pedagógico


de cada instituição, nenhum professor chega com uma bagagem de objetivos
prontos, fechados, pensados de forma individual.
Pensando neste sentido mais amplo o objetivo do Ensino Religioso escolar é
proporcionar ao aluno experiências, informações e reflexões que o ajudem a cultivar
uma atitude dinâmica de abertura ao sentido mais profundo de sua existência em
comunidade, e a encaminhar, assim, a organização responsável do seu projeto de
vida.
Referindo-se aos objetivos gerais do ensino religioso para o ensino
fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, na página
30, traz o seguinte:

“O ensino religioso, valorizando o pluralismo e a diversidade cultural


presente na sociedade brasileira, facilita a compreensão das formas que
exprimem o Transcendente na superação da finitude humana e que
determinam subjacentemente, o processo histórico da humanidade.”

O aguçamento da atitude de admiração, do senso do sagrado, respeito, e


outras atitudes próprias de quem se predispõe a encontrar sentido no que é próprio
da experiência humana, dentro ou fora de um grupo religioso, como também sua
predisposição para a busca das perfeições do ser pessoal e relacional, na condição
humana de seres imanentes e, ao mesmo tempo, transcendentes são objetivos
importantes do Ensino Religioso na escola.
Também figuram entre os objetivos do Ensino Religioso a proposta de
oferecer aos alunos informações que possibilitem identificar: a razão de ser das
religiões; suas formas de organização e expressões; o que distingue as Grandes
Religiões dos Movimentos, Grupos religiosos e/ou filosóficos diversos; o que
caracteriza as Igrejas como Instituições; a razão de ser do pluralismo religioso
emergente no Brasil e no mundo; a relação entre ciência, religiosidade, fé, política e
cultura.
Enfim, o que dispõe a Resolução CFE 8/71, de 01.12.1971, no artigo 3º,
Parágrafo 1 º, resume bem o que seria o objetivo maior do Ensino Religioso:

"O ensino das matérias fixadas e o das que lhes sejam acrescentadas, sem
prejuízo de sua destinação própria, deve sempre convergir para o
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desenvolvimento, no aluno, das capacidades de observação, reflexão,


criação, discriminação de valores, julgamento, comunicação, convívio,
cooperação, decisão e ação encaradas como objetivo geral do processo
educativo".

Conteúdos
Os conteúdos do Ensino Religioso devem considerar as exigências de um
projeto pedagógico global. Todos os conteúdos são propícios ao Ensino Religioso,
desde que respondam aos questionamentos existenciais dos educandos, segundo
as suas necessidades e interesses, orientados por um quadro referencial de valores
fundamentais.
Não tendo conteúdos prefixados por autoridade, o que dá uma liberdade
maior de organizar o ensino de modo participativo e de acordo com as necessidades
do grupo, não se pode esquecer que os conteúdos são a operacionalização dos
objetivos, ou seja, serve como conteúdo aquilo que ajuda a realizar o que está
proposto como objetivo.
No princípio, quando se pensou em organizar o Ensino Religioso nas escolas,
em muitos lugares, o caminho seguido foi o acompanhamento do calendário
religioso católico, mas logo os problemas surgiram: os alunos se cansavam de ouvir
as mesmas coisas que se repetiam ano após ano; temas importantes que não
faziam parte do calendário ficavam faltando; os temas não tinham ligação entre si; a
questão religiosa ficava resumida apenas na celebração de eventos católicos; o
comodismo das datas estabelecidas levava a um trabalho pouco criativo e sem
perspectivas.
Ficou clara então a falta de um trabalho articulado e eficiente, com seqüência,
organicidade e avanços. Então começou a haver um redirecionamento e questões
importantes começaram a serem discutidas ao pensar em conteúdos a serem
tratados dentro do Ensino Religioso.
A Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, em 1997, publicou um
Programa de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª série, que traz
sugestões de conteúdos que são agrupados em:
• Conteúdos geradores e iluminadores do processo educativo: aqueles
que são trabalhados em função do ser humano, religioso, concebido
como sujeito de seu desenvolvimento e da busca da realização como

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pessoa e que favoreçam a humanização do ambiente escolar,


possibilitando uma educação para a vivência dos valores comuns a
todos os cidadãos que freqüentam a escola, independente de credo
religioso ou concepção filosófica.
• Conteúdos que desafiem educandos e educadores a buscarem as
razões de ser e estar no mundo favorecendo a reflexão em trono de
questionamentos existenciais; sendo parte de um projeto onde todas
as disciplinas se confrontem em ordem à preparação cultural e
profissional do aluno; contribuindo para um processo educativo em que
educandos e educadores busquem não apenas o ter e o saber, mas,
antes de tudo, “o ser”; predispondo educandos e educadores ao
exercício da cidadania; sendo marcos orientadores para o
reconhecimento e a vivência dos valores religiosos, culturais, sociais e
democráticos; exercitando o educando à vivência da liberdade
religiosa, cultivando a sua crença e respeitando a do outro; visando a
busca do transcendente.
• Conteúdos agrupados a partir do levantamento anual dos assuntos de
interesse dos educandos e dos pilares de sustentação do objeto da
disciplina, dando origem aos seguintes eixos: eixos de natureza
antropológica, eixos científicos, eixos teológicos, eixos culturais e
sócio-políticos.

O Programa citado ainda traz como pilares de sustentação do objeto e dos


Conteúdos do Ensino Religioso o senso do simbólico, a matriz cultural e a formação
ético-moral, pilares estes que podem desempenhar importante papel no
desenvolvimento da sensibilidade religiosa do ser humano.
Há ainda dois tipos de dados que devem ser considerados no ensino
religioso:
- os fatos religiosos objetivos que correspondem aos conhecimentos sobre a
maneira como as religiões respondem aos problemas da vida, fatos estes
encontrados em textos bíblicos, documentos das Igrejas, livros de História, ritos,
formas de religiosidades e outros;

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- os valores a serem vividos tendo como objetivo uma vivência humana em


busca de uma sociedade mais justa e fraterna. Para o trabalho com valores é
indispensável que o aluno construa seu próprio aprendizado, o professor é aquele
que provoca a reflexão, cria situações estimulantes, mas é o aluno que deve
reinterpretar, redescobrir, apropriar-se do que está sendo discutido e reinventar seu
próprio caminho.
Pensando em objetivos e conteúdos não se pode perder de vista que existem
princípios que regem a própria natureza no ensino religioso, sendo a compreensão
da vida como dom gratuito, com dimensões a serem desenvolvidas em ordem à
plena realização da pessoa humana, como também o favorecimento da percepção
dos sinais e mecanismos geradores ou preservadores de vida que precisam ser
valorizados.
Segundo a LDBN 9394/96, o ensino religioso nas escolas não é definido, se é
ou não cristão, e por isso mesmo precisamos abranger o maior número possível de
expressões religiosas em nossa sociedade, para garantir o direito de livre expressão
de culto. Se forem ignoradas tais manifestações culturais, o proselitismo e
intolerância religiosa se instalarão o que contraria o espírito da própria lei. Portanto,
torna-se crime reduzir o ensino religioso às próprias convicções religiosas, à
historicidade cultural ou familiar.
O pedagogo Sérgio Junqueira, presidiu o FONAPER (Fórum Permanente do
Ensino Religioso), que reúne educadores, educandos, organismos e entidades
interessadas e/ou envolvidas na disciplina, além da sociedade em geral. Desde
Fórum, saiu a proposta ao Ministério da Educação, da criação de um Parâmetro
Curricular Nacional (PCN) para o Ensino Religioso, da mesma forma que o ensino
em áreas como matemática, saúde, ética, geografia, língua portuguesa, entre outras
disciplinas têm seus PCNs que são válidos para todo ensino praticado no Brasil, em
escolas públicas ou privadas.
O PCN do ensino religioso proposto pelo Fórum foi elaborado a partir de cinco
pilares:
• Culturas e Tradições Religiosas: estudo do fenômeno religioso à luz da razão
humana, tratando de questões como: função e valores da tradição religiosa, relação
entre tradição religiosa e ética, teodicéia, tradição religiosa natural e revelada,

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existência e destino do ser humano nas diferentes culturas. Os conteúdos são


estabelecidos a partir da Filosofia da tradição religiosa: a idéia do Transcendente, na
visão tradicional e atual;
História e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas organizações
humanas no decorrer dos tempos;
Sociologia e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas;
Psicologia e tradição religiosa: as determinações da tradição religiosa na construção
mental do inconsciente pessoal e coletivo.
• Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais: é o trabalho com textos que
transmitem uma mensagem do Transcendente, onde pela revelação, cada forma de
afirmar o Transcendente faz conhecer aos seres humanos seus mistérios e sua
vontade, dando origem às tradições. E estão ligados ao ensino, à pregação, à
exortação e aos estudos eruditos. Conteúdos estabelecidos a partir de: Revelação: o
discurso religioso fundamentado na experiência mística do emissor que a transmite
como verdade do Transcendente para o povo;
História das narrativas sagradas: o conhecimento dos acontecimentos religiosos que
originaram os mitos e segredos e a formação dos textos;
Contexto cultural: a descrição do contexto sociopolítico-religioso determinante na
redação final dos textos sagrados;
Exegese: a análise e hermenêutica atualizada dos textos sagrados.
• Teologias: trabalha o conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados pela
religião e repassados para os fiéis sobre o Transcendente, de um modo organizado
ou sistematizado.
Os Conteúdos são estabelecidos a partir de: Divindades: a descrição das
representações do Transcendente nas tradições religiosas; Verdades de fé: o
conjunto de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida do fiel em cada tradição
religiosa;
Vida além morte: as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: a
ressurreição, a reencarnação, a ancestralidade e o nada.
• Ritos: trabalha com a série de práticas celebrativas das tradições religiosas
formando um conjunto de: a) Rituais que podem ser agrupados em três categorias
principais: os propiciatórios que se constituem principalmente de orações, sacrifícios

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e purificações; os divinatórios que visam conhecer os desígnios do Transcendente


em relação aos acontecimentos futuros; os de mistérios que compreendem as várias
cerimônias relacionadas com certas práticas limitadas a um número restrito de fiéis,
embora também haja uma forma externa acessível a todo o povo;
b) símbolos que são sinais indicativos que atingem a fantasia do ser, levando-o à
compreensão de alguma coisa;
c) espiritualidades que alimentam a vida dos adeptos através de ensinamentos,
técnicas e tradições, a partir de experiências religiosas e que permitem ao crente
uma relação imediata com o Transcendente. Os Conteúdos são estabelecidos a
partir de:
Rituais: a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos diferentes
grupos religiosos; Símbolos: a identificação dos símbolos mais importantes de cada
tradição religiosa, comparando seu(s) significado(s);
Espiritualidades: o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições
religiosas no relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros
e o mundo.
• Ethos: é o trabalho visando a forma interior da moral humana em que se
realiza o próprio sentido do ser. É formado na percepção interior dos valores, de que
nasce o dever como expressão da consciência e como resposta do próprio "eu"
pessoal. Conteúdos estabelecidos a partir de:
Alteridade: as orientações para o relacionamento com o outro, permeado por
valores; Valores: o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa
apresentado para os fiéis no contexto da respectiva cultura;
Limites: a fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições
religiosas.
Baseando-se no pressuposto de que o Ensino Religioso é um conhecimento
humano e, enquanto tal, deve estar disponível à sociabilização, os conteúdos do
Ensino Religioso, não servem ao proselitismo e nem à doutrinação, mas
proporcionam o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno
religioso. Com esses pressupostos, o tratamento didático dos conteúdos realiza-se
em nível de análise e conhecimento, na pluralidade cultural da sala de aula,
salvaguardando-se assim a liberdade da expressão religiosa do educando.

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Dentro dessa vertente, o ensino religioso deveria conter cinco componentes


curriculares: dominar linguagens, compreender os fenômenos, enfrentar situações,
construir argumentações e elaborar propostas.
O evolucionismo também estaria incluído nesse programa como parte da
história.
O documento chamado “Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Religioso” foi escrito em 1997 por uma equipe do FONAPER - entidade civil
especialmente criada para acompanhar o processo de tramitação legal do Ensino
Religioso e que elaborou o documento do PCNER – e significou muito mais que um
referencial curricular na medida em que determinou a própria constituição da
identidade da disciplina escolar. Tornou-se o modelo para a disciplina “Ensino
Religioso” na escola pública e tem como objetivo refletir sobre a religiosidade e
despertar a dimensão religiosa do ser humano. Assim nos diz Junqueira:

“O documento dos Parâmetros foi utilizado ainda para orientar a redação do


novo texto do art.33 da LDB, pois, apesar do texto original preconizar duas
modalidades para esta disciplina como confessional e interconfessional, o
FONAPER, após tantos anos de estudos, compreendera que estas
modalidades não eram mais compatíveis com a realidade brasileira, por isso
buscou todo um esforço para alterá-lo” (JUNQUEIRA, 2002, p.72).

Os Parâmetros Curriculares do Ensino Religioso trata-se de um livro com 63


páginas que contém:
• Apresentação: Declaração dos propósitos do documento e indicação das
partes do texto;
• Elementos históricos do Ensino Religioso: Visão panorâmica do tema nos
cinco séculos de colonização do Brasil. Define a concepção de área de
ensino e explicita os objetivos da disciplina;
• Critérios para a organização e seleção de conteúdos e seus pressupostos
didáticos. Além disso, fornece orientação didática sugerindo formas de
avaliação;
• O Ensino Religioso nos ciclos: Elege os conteúdos sugeridos para os quatro
ciclos do Ensino Fundamental.

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É importante ressaltar que enquanto os “Parâmetros Curriculares Nacionais”


dos diversos níveis e áreas foram elaborados por comissões instituídas pelo
Ministério da Educação, os PCNER foram elaborados por um grupo do FONAPER,
editados pela editora Ave-Maria em São Paulo, mas aceitos pelas autoridades
educacionais brasileiras sem restrições.
No Ensino Religioso em especial, bem como em todo projeto político-
pedagógico da escola, somos desafiados a estabelecer uma relação entre os
objetivos curriculares e os princípios éticos, solidários e dialógicos.
A ética, a pluralidade cultural e a cidadania passam a ser, pois, pressupostos
curriculares fundamentais. Isto também está bem explícito na Lei 9475/97, que se
refere especificamente ao Ensino Religioso.
Assim sendo, os conteúdos do Ensino Religioso não serão pensados apenas,
nem prioritariamente, em termos de conhecimento. Há toda uma prática a ser vivida,
uma esfera afetiva, indispensável para a convivência humana, há uma educação
para a responsabilidade social e política, para a ação transformadora.

Métodos
Métodos e conteúdos têm relações estreitas, mas não são a mesma coisa.
Estamos sempre perseguindo objetivos, mas para que estes se realizem é
necessária a organização de uma seqüência de ações para atingi-los, por isso os
métodos são os meios adequados para se atingir um objetivo.
Os métodos de ensino dependem dos objetivos que são formulados tendo em
vista o conhecimento e a transformação da realidade, não se reduzem a quaisquer
medidas, procedimentos e técnicas. As concepções de sociedade, da natureza da
atividade do homem no mundo, da compreensão da prática educativa numa
determinada sociedade definem os métodos a serem utilizados.
Em seu livro Didática, 1994, Libâneo assim comenta sobre os métodos:

“O método de ensino, pois, implica ver o objeto de estudo nas suas


propriedades e nas suas relações com outros objetos e fenômenos e sob
vários ângulos, especialmente na sua implicação coma a prática social, uma
vez que a apropriação de conhecimentos tem a sua razão de ser na sua
ligação com necessidades da vida humana e com a transformação da
realidade social.”

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Os métodos de ensino são, então, as ações do professor pelas quais se


organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho
docente em relação a um conteúdo específico, correspondem à seqüência de
atividades do professor e dos alunos.
A direção pedagógica do professor consiste em planejar, organizar e controlar
as atividades de ensino, atividades estas que estimulem nos alunos qualidades e
atitudes necessárias ao estudo ativo e independente para que os mesmos possam:
desenvolver métodos próprios de compreensão e assimilação de conceitos e
habilidades; expor e defender pontos de vista, conclusões sobre uma afirmativa e a
confrontá-la com outras opiniões; exercitar o pensamento e a criação de propostas
criativas; ter suas as potencialidades cognoscitivas ativadas de modo que saibam
usar os conceitos aprendidos em situações novas e no cotidiano.
Como em qualquer disciplina, no ensino religioso também encontramos
posturas diferentes ao se definir os métodos: o ensino visto como algo reprodutivo,
ou seja, ensinar para que o aluno reproduza direitinho os conceitos ensinados pelo
professor ou o ensino visto como aquele que estimula o aluno a descobrir, a pensar
a fazer perguntas e buscar respostas.
Na proposta do antigo catecismo, o importante era transmitir os
conhecimentos, com respostas que já vinham prontas. Hoje, muitas vezes este
ensino “tradicional” é disfarçado pela utilização de recursos que tornam a aula mais
animada, mas a ação pedagógica continua a mesma, com comandos diretivos onde
o aluno deve seguir somente o que é proposto, sem previsão de buscas pessoais.
Hoje, ao pensar em métodos, deve-se buscar aquele onde o ensino se
encontra numa linha provocativa, partindo de situações-problemas, envolvendo
debates, reflexões, seminários, contribuições pessoais, participação na busca
coletiva de respostas a problema sociais e nos questionamentos existenciais. Nessa
perspectiva, o Ensino Religioso deve ser integrador, agregando pessoas diferentes,
sem distinção de etnia, classe social, idade, sexo e religião. Budistas, evangélicos,
judeus, protestantes, maometanos, católicos, afro-brasileiros, não religiosos etc.
poderão partilhar as aulas oferecidas, os conteúdos apresentados, as atividades
sugeridas e vivenciadas, de modo a enriquecer-se na diferença.
Cabem nas atividades específicas o uso de textos literários e jornalísticos,

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além daqueles religiosos, como a Bíblia, o Corão e outros; filmes; novelas de rádio e
de televisão; programas jornalísticos; dinâmicas de grupo; vídeos; visitas a
comunidades religiosas; palestras complementares dadas por pessoas de diferentes
religiões; entrevistas com pessoas que participam de diferentes religiões ou que não
são religiosas etc.
Vale a pena ressaltar que o ensino religioso deve ser trabalhado com um forte
espírito ecumênico. Mas o qual é a definição correta e clara de ecumenismo?
Terezinha M.L. Cruz, autora do livro Didática do Ensino Religioso (1997, p.24)
assim descreve:

“Ecumenismo é: respeito à identidade religiosa do outro sem abrir mão de


sua própria identidade; busca de colaboração e enriquecimento recíproco
entre membros de grupos religiosos diferentes; diálogo no qual não há
pressão para “derrotar” o outro; ação e oração em comum, sempre que for
possível, visando um mundo mais humano e fraterno; reconhecimento dos
valores presentes na busca de Deus feita pelas diferentes correntes
religiosas. Ecumenismo não é: mistura de todas as religiões; trocar ou
diminuir sua própria crença religiosa para aceitar o outro; deixar de ter
espírito crítico em relação aos valores positivos e negativos das religiões.”

De acordo com as idéias descritas percebemos que ecumenismo não é a


compilação de doutrinas e tradições existentes, mas a criação de uma nova visão de
mundo e de uma idéia de Deus que abrange todas as religiões.
O ensino religioso nas escolas é parte integrante da formação básica da
pessoa e, portanto, integrante do currículo, sendo reconhecido como área de
conhecimento.
Ao tratar do ecumenismo, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da
Igreja Católica no Brasil (DGAE), já aparece essa preocupação quando afirma “o
proselitismo seria a ruína do verdadeiro espírito ecumênico”
Para se pensar em uma nova prática metodológica em Ensino Religioso, não
se pode deixar de pensar o processo educativo de forma abrangente o que implica
na concepção de seus objetivos, conteúdos, procedimentos da relação ensino-
aprendizagem com os determinantes dos processos sócias em todas suas
dimensões considerando o contexto no qual o aluno está inserido.
O processo pedagógico mais adequado a ser usado é o da problematização e
do confrontamento, ou seja, partir sempre da proposta de discussão de fatos da

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vida, da realidade e depois deste momento confrontar a situação proposta com a


experiência religiosa, pois as religiões sempre têm se ocupado com respostas a
questões humanas importantes.
Tendo como necessária a interação entre educando/educador/comunidade, é
preciso encontrar uma metodologia que auxilie no desenvolvimento de reflexão
crítica e na busca de soluções para as situações do cotidiano. Basicamente os três
elementos básicos, que compõem esta metodologia aplicável ao ensino religioso são
Vivência / ação interativa / conhecimento.

Linguagem
Ao se pensar em qual linguagem usar no Ensino Religioso, é necessário levar
em conta qual linguagem corresponde ao nível de compreensão e à vivência
cotidiana de nossos alunos e para isso torna-se importante conhecer quais
conhecimentos os alunos trazem para a escola, que conhecimentos, habilidades e
nível de maturidade, qual é a história religiosa dos alunos.
É justamente a linguagem, enquanto expressão de determinado enfoque que
diferencia o Ensino Religioso escolar da catequese. Esta linguagem pode ter dois
aspectos: o caráter libertador ou opressor
O homem é linguagem, antes mesmo de servir-se dela para comunicação.
Linguagem é expressão, retrato da pessoa com todas as influências que nela
deixou seu contexto histórico, sócio-político-econômico, cultural, religioso, toda sua
experiência de vida.
Linguagem é também instrumento de comunicação daquilo que temos em
mente e desejamos falar aos outros.
Portanto, a linguagem é instrumento de relações sociais: de estagnação e
opressão, ou de transformação, emancipação para o melhor. O Ensino Religioso
então será libertador ou domesticador conforme a linguagem de que se serve. E
nesse contexto não basta corrigir só a linguagem e sim o que tem de mudar primeiro
é a vivência da qual brota a linguagem.
É na convivência em grupo que a dialética da transformação acontece, que a
consciência crítica é cultivada e se com vive com coerência a própria fé. O

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crescimento do grupo na fé, justiça, verdade, coragem, fará com certeza com que a
linguagem seja purificada.
É claro que o professor proclama uma religião e também a maioria os alunos.
Entretanto, na aula de religião falar-se-á a linguagem não desta ou daquela tradição
religiosa, mas de todo homem disponível. Usando não de uma linha neutra, vaga;
mas de modelos concretos, coerentes com as tradições e as culturas do nosso povo.
A forma como se apresenta determinados fatos ou valores não podem
evidenciar uma determinada religiosa. Por exemplo: Na catequese usa-se a
linguagem “nós cristãos cremos que Jesus ressuscitou”, no Ensino Religioso deve-
se usar” os cristãos crêem que Jesus ressuscitou, os espíritas crêem que...); na
catequese usa-se o termo” Nossa Senhora, mãe de Jesus e de todos nós”, no
Ensino Religioso o termo já teria a seguinte expressão “Maria, a mãe de Jesus”.
O Ensino Religioso escolar pode abordar realidades da fé católica, pois elas
permeiam o ambiente brasileiro, seja qual for a religião do cidadão, mas na escola
não se usará a linguagem da fé católica e sim uma linguagem que respeite todas as
religiões e crenças.
A nossa cultura está impregnada de valores cristãos, na história, na literatura,
na arte, na filosofia; a própria vida social está configurada pelo cristianismo, desde o
nascimento, passando pelo casamento até a morte: as festas, os costumes, o
folclore, a linguagem… A Escola tem de promover uma educação integrada na
cultura. Estes valores culturais, ao encontrarem-se adulterados, estão a exigir uma
intervenção crítica fundamentada; e é a religião uma das mais importantes
instâncias críticas da sociedade e com capacidade de regenerá-la de tantos males
que a perturbam.
Tratando da forma como se usa a linguagem é interessante a colocação de
Wolfgang Gruen, em seu livro O ensino religioso na escola (1995, p.152):

“Em outras palavras: o que torna “religiosa” determinada linguagem não é o


assunto que se fala. Podemos falar mal de assuntos maravilhosos, divinos e
falar bem de temas até desumanos, diabólicos. A linguagem é religiosa pelo
modo como trata seu assunto, seja este qual for.”

Nesse processo, a elaboração de uma linguagem simbólica favorece a


descoberta e experiência dessa realidade, portanto, podemos considerar quanto aos

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aspectos essenciais que orientam a ação pedagógica do Ensino Religioso a


pedagogia do limite, a linguagem simbólica, os livros sagrados, e a dimensão dos
valores.

Interdisciplinaridade
Ações pedagógicas contextualizadas e interdisciplinares tornam a forma de
ensinar e a forma de aprender algo prazeroso, investigativo e participativo, trazendo
motivação e alegria ao ambiente escolar. A fragmentação das disciplinas cria uma
barreira ao melhor aprendizado dos alunos que lidando com muitos conteúdos
diferentes e sem integração, torna o desempenho escolar muito baixo. Isso afeta
diretamente a auto-estima dos alunos que acabam abandonando a escola por
acreditarem que não são capacitados. Por outro lado, o professor assumindo a
postura de prático reflexivo consegue adaptar-se a situações novas e de conceber
soluções originais, tornando-se modelo de profissional inovador.
Apesar da força da disciplinaridade, a interdisciplinaridade está ganhando
vigor extraordinário nas últimas décadas. Tem sido freqüente neste século a
reorganização do conhecimento. Se admitirmos a diversidade de experiências na
vida humana, a compreensão de qualquer fenômeno social deve levar em
consideração essas dimensões, uma vez que a realidade é multidimensional.
Porém, interdisciplinaridade só se faz com espírito aberto ao diálogo e à
capacidade de fazer perguntas à vida em todas as situações.
O Ensino Religioso fica difícil de ser trabalhado com uma dimensão
interdisciplinar quando se encontram idéias e atitudes, por parte do professor ou
outros agentes da escola, que demonstram: entender o ensino religioso como um
espaço da igreja dentro da escola; separar o sagrado e o humano, como esferas que
não se tocam; perceber o religioso somente em textos ou obras produzidas em
instituições explicitamente religiosas; apresentar preconceitos contra tudo o que é
moderno no mundo; desinteresse do professor pelas outras áreas de conhecimento;
incapacidade de realizar diálogo entre fé, cultura e ciência; objetivos desvinculados
de um projeto educativo escolar mais amplo.
A interdisciplinaridade e a contextualização devem ser o recurso para
conseguir superar o arbítrio da proposição de áreas, ou agrupamentos de

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conteúdos, adequando-as às características dos alunos e do ambiente


socioeconômico. Assim, a interdisciplinaridade e a contextualização, podem
possibilitar a reorganização das experiências dos agentes da escola, de forma que
revejam suas práticas, discutam sobre o que ensinam e como ensinam e assim
alcancem os verdadeiros objetivos de formação integral do seu alunado.

Planejamento
O trabalho docente do professor de qualquer área do conhecimento não se
restringe à sala de aula, mas está diretamente ligado a exigências sociais e à
experiência de vida dos alunos. A escola, os professores e os alunos são integrantes
das dinâmicas das relações sociais, tudo o que acontece, tudo o que é construído,
tudo o que é falado e proposto está atravessado por influências econômicas,
políticas, culturais e religiosas.
Para que o professor não se perca nesta complexidade que é o dia-a-dia
escolar o professor deve sempre lançar mão de um instrumento precioso que é o
planejamento.
O planejamento escolar é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, que ajuda na integração da atividade escolar com a
problemática do contexto social, que inclui tanto a previsão das atividades didáticas
tendo em vista os objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no
decorrer do processo de ensino.
Sobre o ato de planejar, assim nos diz Libâneo, em seu livro Didática (1994,
p.222):

“A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de


formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente
previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-
pedagógicas e tendo como referência permanente as situações didáticas
concretas isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que
envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que
interagem no processo de ensino.”

Como se pode ver o planejamento é dinâmico, acompanha toda a atividade


didática. Os planos são feitos para registrar por escrito as decisões tomadas e assim
para que o planejamento se desenvolva o plano vai sendo consultado, avaliado e

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reformulado de acordo com as necessidades. Assim nos afirma Gandin, em seu livro
Planejamento como prática educativa (1991, p.57):

“Fazer plano(s) sem um processo de planejamento é tecer uma rede em


que só há os nós e nada que os ligue entre si. Ter um processo de
planejamento sem plano(s) é correr o risco de que a rede se desmanche por
falta de pontos de ligação dos fios."

Planejar envolve determinar objetivos para um curso, uma série, uma


unidade, uma aula. Planejando o trabalho torna-se mais eficiente, não se perde de
vista os objetivos, evita-se repetições e lacunas, aproveita-se melhor os recursos
disponíveis, permite-se uma constante avaliação do que se faz e assim pode-se
entender com mais nitidez o próprio trabalho.
O objetivo mais geral do Ensino Religioso tem a ver com a busca do sentido
da vida, das razões de ser e estar no mundo, sendo assim é na vida que se deve
buscar a provocação para tratar de qualquer assunto. Assim nos diz Wolfgang
Gruen, em seu livro O Ensino Religioso na escola (1995, p.117):

“O Ensino Religioso quer ensinar religiosidade – esta capacidade de ir além


da superfície de coisas, acontecimentos, gestos, ritos, normas e
formulações, para interpretar toda a realidade em profundidade crescente e
atuar na sociedade de modo transformador, libertador.”

Ao planejar, além do professor ter em vista os objetivos que pretende


alcançar, o perfil da turma que o espera, os recursos dos quais ele dispõe, ele ainda
deve levar em conta a distribuição do tempo para cada atividade, a linguagem
adequada a cada turma, a seleção de material e a possibilidade concreta de uso
desse material, a variedade e tarefas, a oportunidade do aluno utilizar também o
corpo no processo de aprendizagem e não somente o intelecto, o cuidado de dosar
os desafios conforme as capacidades dos alunos.
A dinâmica da ação-reflexão-ação dever sempre presente no planejamento
didático do Ensino Religioso.

Procedimentos e Recursos
Para que o processo de ensino e aprendizagem tenha sucesso é preciso que
o método utilizado pelo professor seja ativo.
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“Estudo ativo é o conjunto das tarefas cognoscitivas que concorrem para o


desenvolvimento das atividades mentais dos alunos (...) o estudo ativo não
se reduz ao estudo individual e nem a dispensa da explicação da matéria
pelo professor. O estudo ativo requer planejamento, organização e controle,
de modo que acompanhe todos os momentos ou passos da aula (...)
Mesmo que o professor estabeleça ótimos objetivos, selecione conteúdos
significativos e empregue uma variedade de métodos e técnicas, se não
conseguir suscitar no aluno o desejo de aprender, nada disso funcionará.” (
Libâneo, Didática,1994, p. 108)

Dentre as atividades que concorrem para o estímulo das atividades mentais


dos alunos está a discussão, a observação das coisas e fatos do mundo atual e
passado, o trabalho em grupos, o estudo dirigido individual, os exercícios escritos
em sala de aula, os deveres de casa, o estudo do meio, a pesquisa, a anotação das
idéias principais retiradas de enciclopédias, artigos, fazer esquemas, resumos, etc.
A importância não se encontra no tipo de atividade que é programada, mas no
quanto ela é significativa para o aluno, no tipo de provocação que ela causa como:
- suscitação de questionamentos e hipóteses;
- desafio ao raciocínio, à criatividade, à capacidade de estabelecer relações;
- procuram de interações com colegas, livros, outras informações;
- reação das habilidades de análise, síntese, comparação, generalização e
aplicação no cotidiano da vida real.
Para cada idade, para cada série e ciclo são necessárias atividades diferentes
conforme o interesse do educando, mas algumas são básicas para todos. Dentre
elas estão o trabalho com desenho, música, poesia, trabalhos manuais e artesanais,
jogos, dramatizações, expressões corporais, produções de textos, entrevistas,
análise de imagens e textos, documentários, leitura de livros, da bíblia e outros
religiosos.
Como o Ensino Religioso trata da busca do sentido da vida, tudo o que é
humano e real é material em potencial para ser utilizado, portanto a literatura infantil,
as histórias em quadrinhos, os filmes têm trazido a realidade da vida, os problemas
familiares e sociais, uma visão de mundo, de forma interessante e provocante, que
precisa ser utilizada em sala de aula para ser discutida.
Os ditos populares, as trovas, as frases de pára-choques de caminhão trazem
a sabedoria e o bom humor do povo que podem ser colocados como provocações

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ao pensar sobre os costumes, regionalismos, particularidades e problemas humanos


comuns.
A mídia em suas diversas formas, o que ela traz entrelinhas, principalmente
com suas propagandas, os anúncios publicitários, as revistas, as imagens de
outdoors, são ótimos recursos para se trabalhar os desejos, as carências e os
impulsos humanos, provocando a reflexão sobre o poder da sedução e o perigo da
massificação.
Notícias de jornal, da internet e curiosidades podem servir como recursos
para se trabalhar a linguagem da vida cotidiana.
O que não se pode esquecer é a necessidade de estar procurando relacionar
a linguagem da vida cotidiana à linguagem do universo religioso.

Reconhecer que cada forma particular de vida compõe um conjunto maior,


que é a humanidade e que, nesta, cada especificidade é uma linguagem
própria, por meio da qual as pessoas criaram códigos de expressão e
entendimento. Essa compreensão requer entender que o universo cultural
religioso possui elementos estéticos e éticos, entre outros, que devem ser
apreciados enquanto produção da própria trajetória constitutiva do
indivíduo/grupos sociais é necessário que a escola propicie aos educandos
esse entendimento.
(Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental - Ensino Religioso –
Estado do Paraná/2005)

O que é importante ressaltar que todas as atividades em Ensino religioso


acontecem dentro de uma prática que não promova somente uma reflexão de
valores, mas possa explicitar áreas específicas do conhecimento religioso, se
baseando na capacidade de decifrar a linguagem simbólica e na compreensão das
experiências do transcendente.

AVALIAÇÃO
A avaliação escolar é um componente importante do processo de ensino-
aprendizagem que visa, através da verificação, qualificação e apreciação qualitativa
dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos
propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas
seguintes. Logo, a definição dos planos com seus objetivos, conteúdos e prática
didática são elementos essenciais para dar sentido ao processo avaliativo no ensino
religioso.

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A avaliação é condição para análise do educador e do educando, provocando


reflexões sobre as práticas e processos de aprendizagem, não podendo ser
compreendida como um ato meramente de aprovação e reprovação.
A avaliação é um processo que precisa ser planejado e quando esse
processo é mediado pelo professor, através da interação e da orientação, a
aprendizagem ocorre de forma autônoma e significativa para ambos. O papel que o
professor assume diante do processo da avaliação requer reflexão, o docente
necessita entender que este componente do ensino e da aprendizagem é um dos
fios que costuram o processo educacional e deve ser utilizado também para
retomada de decisões e instrumento contínuo para aperfeiçoamento da prática
pedagógica
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso a prática
avaliativa é classificada, como em outras áreas do conhecimento, em avaliação
inicial, processual, formativa e final.
A avaliação da aprendizagem acontece conforme blocos de conteúdos
trabalhados nos eixos temáticos: Culturas e Tradições Religiosas, Textos e Livros
Sagrados, Teologias, Ritos e Ethos. Dentro do trabalho com cada eixo há uma
caracterização didática com encaminhamentos explicitados como resultado da
avaliação onde cada aluno possa:
• crescer no respeito às diferenças do outro;
• estabelecer o diálogo, promovendo a vivência pacífica, aprofundando
as razões históricas da sua própria tradição religiosa;
• construir seu entendimento sobre o fenômeno religioso;
• entender o sentido da vida a partir das respostas elaboradas pelas
tradições religiosas, desenvolvendo o diálogo com segurança e sem
proselitismo.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso encontramos a
seguinte afirmação:

A avaliação parte sempre da concepção de ensino e aprendizagem. Nessa


proposta a abordagem do conhecimento visualiza o Ensino Religioso como
algo significativo, articulado, contextualizado, em permanente formação e
transformação... conjunto de atuação que tem a função de alimentar,
sustentar, orientar e adequar a intervenção pedagógica, verificando o nível
de aprendizagem atingido pelo aluno.
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O Ensino Religioso na escola representa um momento privilegiado que


permite ao educador tomar conhecimento do crescimento do educando e ao
educando, permite tomar conhecimento do seu crescimento, sendo assim a auto-
avaliação deve fazer parte do processo avaliativo constante tendo em vista que a
dimensão vivencial da Educação Religiosa não é medida, mas, sim, observada para
ser retomada e redimensionada pelo educando e pelo educador.
Considerando a avaliação como elemento integrante do processo educativo,
na disciplina do Ensino Religioso, sugere-se que o professor contemple em suas
proposições avaliativas a observação, o trabalho em grupo, o próprio processo de
construção individual do aluno diante dos objetivos propostos.
Para que seja praticada uma avaliação de forma processual e formativa,
privilegiando os critérios qualitativos e subjetivos do processo de ensino e da
aprendizagem o professor deve utilizar de estratégias diversificadas como o jogo, a
pesquisa, a resolução de problemas, o levantamento de hipóteses, o debate, a
exposição oral em seminários, relatos diversos, trocas de depoimentos e/ou
pesquisas, comparação de percepções diferenciadas para um mesmo dado social,
estratégias estas que ajudam a desenvolver o diálogo entre o conhecimento
cotidiano e o conhecimento científico oferecendo oportunidades ao educando para
que cresça através de numa constante elaboração e reelaboração de
conhecimentos.
A avaliação não pode ser um instrumento de uniformização, que mate a
criatividade, especialmente no caso do Ensino Religioso que diz respeito à vida, à
concepção de homem, de mundo, de sociedade e de Deus.
Therezinha M.L. Cruz, em seu livro Didática do Ensino Religioso (1997, p.96)
assim afirma:

“A relação com Deus é pessoal, não cabe em moldes. Nesse caso o


professor avalia o modo como cada um vê essa relação, sem rotular de
“certo” ou “errado” o que é direito da liberdade, do sentimento e do impulso
criativo dos alunos”.

O Ensino Religioso não constitui objeto de aprovação ou reprovação nem


deveria ter registro de notas ou conceitos na documentação escolar, por seu caráter

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facultativo de matrícula. Porém, muitas escolas fazem uso destes registros e ainda
não adotam o caráter facultativo na matrícula.
Mesmo com essas particularidades, a avaliação não deixa de ser um
elemento integrante do processo educativo na disciplina do Ensino Religioso. Cabe
ao professor implementar práticas avaliativas que permitam acompanhar o processo
de apropriação de conhecimentos pelo aluno e pela classe, cujo parâmetro são os
conteúdos tratados e os seus objetivos.
Uma avaliação significativa no Ensino Religioso exige que o educador saiba
trabalhar com objetivos tendo em vista o perfil de homem educando que deseja
formar; exige que saiba, ainda, identificar elementos que determinem o
aprimoramento do saber e da postura cidadã; e que saiba, também, reconhecer o
educando em sua totalidade afetiva, cognitiva, psicomotora e social.
Referindo-se ao Ensino Religioso, como em qualquer disciplina, a avaliação
há de ter presente os princípios e critérios da avaliação emancipatória, libertadora,
precisa ser pensada em sintonia com as concepções sociofilosóficas,
psicopedagógicas, ético-religiosas, político-epistemológicas que dão suporte à
prática educativa.

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UNIDADE 4: O PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO


Responsabilidades do Professor de Ensino Religioso
Ser professor de qualquer disciplina não é fácil, tendo em vista o mundo
complexo e cheio de inversão de valores e costumes que vivemos nos dias atuais.
Assim como os demais docentes, mas de modo todo especial, o professor de
religião é muito mais que um simples transmissor de conhecimentos e de
habilidades. É um educador que ajuda o aluno a, gradualmente, fazer de sua vida
uma caminhada consciente e profundamente humana e consequentemente também
religiosa e a dificuldade está justamente na falta de sínteses teológicas atualizadas
para que o universo da expressão religiosa seja colocado de forma coerente.
Sobre esta responsabilidade e suas dificuldades, Wolfgang Bruen nos diz:

“O professor de ER é chamado: - a ensinar um caminho de vida


chocantemente diverso do que é seguido por toda parte; - a ministrar um
conteúdo cuja natureza e objetivos ainda não foram suficientemente
demarcados; e isto sem sequer ter um quadro de referência que permita
ajuizar com certa profundidade programas e subsídios; - a optar entre
teologias conflitantes – a ele, que nunca estudou teologia; - a entrosar o ER
com tantos outros conteúdos ministrados na escola ou vivenciados no dia-a-
dia, que o professor de ER terá que ser quase um “especialista em cultura
geral” (O Ensino Religioso na escola – 1995, p.126)

Considerando que o conhecimento religioso para estudo do fenômeno


religioso na escola, situa-se na complexidade da questão religiosa e na pluralidade
brasileira, justifica-se as dificuldades que o professor de Ensino Religioso enfrenta
no seu cotidiano escolar.
Os estudos desenvolvidos pela FONAPER (Fórum Permanente do Ensino
Religioso), ao estabelecer as Diretrizes para Capacitação Docente, nos indicam os
princípios básicos para a atuação de um bom professor de Ensino Religioso:

O profissional de Ensino Religioso que considera a escola como lugar de


saber (conhecimento), lugar de saber fazer (habilidade) e lugar de ser
(ética), necessita apropriar-se da sistematização das experiências que
permeiam a diversidade de cultura e tradição religiosa para:
• "proporcionar o conhecimento dos elementos que compõe o fenômeno
religioso, a partir das experiências religiosas percebidas do contexto do
educando;
• ser capaz de subsidiar o educando na formulação do questionamento
existencial, em profundidade, e na resposta com a devida informação;

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• analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e


manutenção das diferentes culturas e manifestações socioculturais;
• facilitar a compreensão do significado das afirmações e verdade de
fé nas tradições religiosas;
• refletir o sentido da atitude moral como conseqüência do fenômeno
religioso, e expressão da consciência e da resposta pessoal e
comunitária do ser humano;
• possibilitar esclarecimentos sobre o direito à diferença na construção
de estruturas religiosas que têm na liberdade o seu valor inalienável "(cf.
PCNER)
Desenvolvendo, assim, uma prática pedagógica isenta de proselitismo de
modo a assegurar o respeito à diversidade de cultura, religiosa do Brasil,
de acordo com a LDB 9394/96, Artigo 33 e usando de sensibilidade,
discernimento e equilíbrio nas relações com o fenômeno religioso e suas
diferentes manifestações.

A dimensão pedagógica do ensino requer do professor uma compreensão


clara do significado social e político do seu trabalho bem como do caráter político-
ideológico de toda educação.
No caso do professor de Ensino Religioso, essa compreensão torna-se mais
necessária e complexa, pois ele não é uma pessoa neutra: tem que estar bem
enraizado na própria tradição, para ter sensibilidade para com as outras; tem que
lidar com o sentimento religioso que é algo profundo no homem e a interferência que
esse sentimento tem na sua vida e no relacionamento com os outros; tem que ter
suas convicções sabendo respeitar as de todos e cada um de seus alunos; tem que
acreditar na vida, na busca, na esperança, tem que acreditar no que transmite e
também tem que cultivar suficiente religiosidade.
Assim como os demais professores, o professor de Ensino Religioso deve ter
o cuidado de desenvolver diversas habilidades em seus alunos, como nos diz
Libâneo, em seu livro Didática (1994, p.74):

“No seu trabalho cotidiano, como profissional e como cidadão, o professor


precisa permanentemente desenvolver a capacidade de avaliar os fatos, os
acontecimentos, os conteúdos da matéria de um modo mais abrangente,
mais globalizante. Trata-se de um exercício de pensamento constante para
descobrir as relações sociais reais que estão por trás dos fatos, dos textos
do livro didático, dos discursos, das formas de exercício do poder. È preciso
desenvolver o hábito de desconfiar das aparências, desconfiar da
normalidade das coisas, porque os fatos, os acontecimentos, a vida no dia-
a-dia estão carregados de significados sociais que não são “normais”; neles
estão implicados interesses sociais diversos e muitas vezes antagônicos
dos grupos e classes sociais´”.

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Além das dificuldades que são próprias do exercício da docência, o professor


de Ensino Religioso encontra dificuldades conseqüentes da busca de nova
concepção metodológica para tal ensino, dentre elas estão: as dificuldades de
natureza pedagógica, que surgem da pouca ou nenhuma compreensão do seu papel
na escola e de sua identidade como elemento integrante do processo global da
educação, muitas vezes ainda sendo compreendido como catequese ou
evangelização específica da comunidade de fé; as dificuldades presentes no
processo legislativo, causadas pelas tendências que provocam a estagnação da
reflexão própria de uma sociedade democrática pluralista, com características
culturais diversificadas e valores a serem preservados ou situados num processo
evolutivo; as dificuldades de natureza sócio-político-cultural, em virtude da realidade
complexa e diversificada existente no país, em se tratando de elementos que
influenciam o processo educacional.
Cabe ainda ao professor de Ensino Religioso ter o cuidado de não
transformar a sala de aula em uma comunidade de fé, mas em um espaço
privilegiado de reflexão sobre limites e superações. Sobre esta responsabilidade nos
diz Costella (2004, p.97-107):

“Aquilo que para as igrejas é objeto de fé, para a escola é objeto de estudo.
Isto supõe a distinção entre fé/crença e religião, entre o ato subjetivo de crer
e o fato objetivo que o expressa. Essa condição implica a superação da
identificação entre religião e igreja, salientando sua função social e o seu
potencial de humanização das culturas. Por isso, o Ensino Religioso na
escola pública não pode ser concebido, de maneira nenhuma, como uma
espécie de licitação para as Igrejas.”

Admissão e Formação do Professor de Ensino Religioso


Para a admissão do professor de ensino religioso o processo segue os
mesmos critérios que são estabelecidos na Constituição Federal, no Regimento do
Servidor Público e no Plano de Cargo e Carreira do Magistério de cada Unidade da
Federação.
No caso específico do professor de Ensino religioso a admissão é conforme
artigo 33 da LDBEN nº 9.394/96 alterado pela Lei nº 9.475/97 determinando aos
sistemas de ensino o estabelecimento de normas para habilitação e admissão
desses profissionais.

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No Brasil há diferentes formas para o ingresso na carreira do magistério


público, tanto para os professores de ensino religioso como para outras áreas de
conhecimento, sendo processado através de concurso público e ou contratação
temporária quando ocorrem carências de professores nas respectivas áreas de
conhecimento, obedecendo aos critérios mencionados nas leis de cada Estado,
estes regulamentam a admissão dos profissionais da educação através dos
sistemas de ensino.
O ensino religioso nas escolas é parte integrante da formação básica da
pessoa e, portanto, integrante do currículo. A Resolução nº 02/98 da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação que trata das Diretrizes
Curriculares para o Ensino Fundamental, aponta o ensino religioso como área de
conhecimento, consequentemente surge a necessidade de se ter um profissional
habilitado e competente.
Para a admissão do professor de Ensino Religioso é necessária a formação
adequada, no entanto, ainda estão sendo considerados como habilitados para atuar
como docente do Ensino Religioso, em quaisquer fases ou séries do Ensino
Fundamental os portadores dos seguintes diplomas:
• os portadores de licenciatura em ciências da religião;
• os licenciados em pedagogia, com habilitação para o magistério de 1º
a 4º ano do ensino fundamental;
• os portadores de diploma de curso normal superior;
• os docentes licenciados portadores de curso de especialização lato-
sensu em ensino religioso;
• os portadores de diploma de História, Filosofia, Ciências Sociais,
Psicologia;
• os portadores de diplomas em cursos de licenciatura plena para
Formação de professores para o Ensino Religioso
Porém, além da formação acadêmica exigida por lei, o professor de Ensino
Religioso, como todo profissional da educação, precisa adquirir habilidades cada vez
mais elevadas ao nível da criatividade, da aplicação e disseminação da informação,
da transferência e adaptação de conhecimentos a novas situações socialmente
relevantes e/ou exigentes, susceptíveis de ocorrer ao longo da vida.

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Com estas habilidades, aliadas a outras, o professor de Ensino Religioso terá


condições de educar incentivando a autonomia individual e a solidariedade,
prevenindo insucessos e lutando contra as desigualdades, abrindo novos horizontes,
aliando a compreensão das origens e raízes à identidade da inovação científica e
tecnológica, oferecendo aos alunos um referencial ético-religioso para que possam
confrontar com suas vigências, costumes, culturas, modelos sociais e leis existentes,
promovendo a descoberta do referencial epistemológico do Ensino Religioso e não
das doutrinas, tendo em vista sempre as condições essenciais à mudança orientada
para um desenvolvimento humano integral.
Para formação de professores de Ensino Religioso, há cursos em várias
universidades, com opções variadas e em nível de graduação, especialização e
extensão. A formação abrange questões culturais, ciências religiosas, fenômeno
religioso, história da educação no Brasil, metodologia do ensino religioso, sociologia,
textos sagrados, antropologia, estudos interdisciplinares e outros temas afins.
A característica plurirreligiosa e a realidade escolar desafiam educadores a
uma contínua reflexão sobre sua práxis. O Ensino Religioso necessita de
profissionais de formação adequada ao desempenho de sua ação educativa,
considerando que o conhecimento religioso para estudo do fenômeno religioso na
escola, situa-se na complexidade da questão religiosa e na pluralidade brasileira.
Portanto, muito mais do que os outros, o professor de Ensino Religioso deve
sempre estar disposto a uma prática aberta ao diálogo e ao compromisso ético, à
reflexão, à troca de idéias e experiências com os outros professores, com a família e
com os alunos, respeitando e acolhendo o diferente.
De acordo com Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso a
competência do Ensino Religioso exige que o professor seja capaz de:

“-proporcionar o conhecimento dos elementos que compõe o fenômeno


religioso, a partir das experiências religiosas percebidas do contexto do
educando;
- ser capaz de subsidiar o educando na formulação do questionamento
existencial, em profundidade, e na resposta com a devida informação;
- analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e manutenção
das diferentes culturas e manifestações socioculturais;
-facilitar a compreensão do significado das afirmações e verdade de fé nas
tradições religiosas;

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- refletir o sentido da atitude moral como conseqüência do fenômeno


religioso, e expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária
do ser humano;
- possibilitar esclarecimentos sobre o direito à diferença na construção de
estruturas religiosas que têm na liberdade o seu valor inalienável "

A formação continuada é premissa para o desenvolvimento do professor de


Ensino Religioso para que o mesmo desenvolva uma prática pedagógica isenta de
proselitismo, com respeito à diversidade de cultura religiosa do Brasil, usando de
sensibilidade, discernimento e equilíbrio nas relações com o fenômeno religioso e
suas diferentes manifestações. Marcos Cordiolli, Especialista na tradução dos PCNs,
professor do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Positivo (UnicenP), de
Curitiba, afirma que. "O professor em sala de aula dificilmente consegue ter
alteridade suficiente para respeitar as outras religiões e promover uma atuação
dentro das propostas".

O dever do professor de Ensino Religioso e o caráter facultativo da disciplina


O parecer CP/CNE nº 05/97 apresenta a seguinte redação:

A Constituição apenas reconhece a importância do ensino religioso para a


formação básica comum do período da criança e do adolescente que
coincide com o ensino fundamental e permite uma colaboração entre as
partes, desde que estabelecida em vista do interesse público e respeitando
– pela matrícula facultativa – opções religiosas diferenciadas ou mesmo a
dispensa de freqüência de tal ensino na escola. (p. 2)
2

Esse caráter facultativo da oferta do ensino religioso apresentado pela lei


merece uma pequena reflexão.
Ser facultativo é não ser obrigatório na medida em que não é um dever. O
caráter facultativo de qualquer coisa implica o livre-arbítrio da pessoa responsável
por realizar ou deixar de realizar algo que se lhe é proposto.
Então é preciso que a escola apresente em seu projeto pedagógico
atividade(s) pedagógica(s) alternativa(s), para que os alunos e seus pais tenham a
oportunidade de opção entre o ensino religioso e outra atividade pedagógica
igualmente significativa para tantos quantos que não fizerem a escolha pelo primeiro
e dentro disso o professor tenha a competência de lidar com esta situação de
escolha e de direção destas atividades. Ao poderem escolher, a escola estará

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proporcionando um momento importante para a família e os alunos exercerem


conscientemente a dimensão da liberdade como elemento constituinte da cidadania.
A opção de dispensa, de ficar sem fazer nada ou as situações de deixar as
crianças em locais que gerem constrangimento devem ser repensadas e banidas,
pois não trazem benefício nenhum à formação integral do aluno.

O professor de Ensino Religioso e a Ética


O compromisso da escola é com o conhecimento e com os valores éticos que
fazem parte do processo educacional, em especial no Ensino Religioso escolar, esta
dimensão da ética deve ser discutida. CATÃO, p.63, nos diz que "Toda religião
comporta uma ética e toda ética desemboca numa religião, na mesma medida em
que a ética se orienta pelo sentido do transcendente da vida humana".
As crianças e adolescentes, pelos quais a escola, juntamente com a família, é
responsável pela formação integral, têm ao seu redor um mundo permeado por
certas ideologias dominantes. Entre estas ideologias estão o materialismo, o
hedonismo (prazer acima de tudo), o permissivismo (tudo é permitido), o relativismo
(tudo é relativo), o consumismo, o nihilismo (viver a liberdade total).
Essa complexidade de ideologias trouxe um novo modo de pensar, os mitos,
as lendas, as “verdades” decretadas por outrem não são mais válidas ou seguidas
como outrora. Tem-se uma tendência de pensar que o homem não tem mais valores
ou capacidade moral, mas isso não é verdade. O que acontece é que este homem,
agraciado pelas inovações científicas e tecnológicas e pelas mudanças sociais
marcadas pela liberdade, pela democracia e pela produção industrial teve os valores
morais alterados. O que antes era verdade imposta pela religião, pelo Estado, pela
família, hoje é resultado de experiências e gostos pessoais.
São os valores cristãos que permeiam o Ensino Religioso na escola, porém,
os fatores pessoais (incoerências e fraquezas), os estruturais (decorrentes dos
hábitos do sistema escolar) e os culturais (maneira de viver no meio social)
interferem na orientação destes valores.
Existem valores que são falados, comentados, debatidos em sala de aula e
outros que, nas relações humanas do dia-a-dia da escola, são vividos com maior ou
menor grau de intensidade e consciência. Com certeza os valores vividos serão

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mais eficientes, mais convincentes do que os falados, e aí surge o problema: se os


valores vividos forem opostos aos falados ocorrerá um processo formativo paralelo,
que com certeza não é benéfico.
Catão, em seu livro A Pedagogia ética, 1995, nos afirma que:

“... apesar de situado no tempo e no espaço, o ser humano, torna-se


plenamente humano quando voltado para a transcendência que faz com
que toda pedagogia ética se encontre numa pedagogia religiosa.”

Jovens, adolescentes e crianças têm mostrado claramente que o grande


centro de interesse, a grande esperança, encontra-se neles mesmos, na
possibilidade de buscar por conta e risco o sentido da vida. E nessa situação, como
fica o professor de Ensino Religioso? Este deve buscar no seu aluno o ponto de
partida para discutir a relação entre religião e ética, haja vista o vínculo que ainda
guardam com a religiosidade difusa em nosso meio cultural.
Em primeiro lugar, os problemas éticos não podem ser enfrentados a partir de
posições fixadas por uma determinada religião, por uma concepção filosófica
qualquer, por uma visão de mundo racionalista ou positivista, pois estas não se
mostram capazes de responder às interrogações cada vez mais radicais da
juventude.
Em segundo lugar o professor deve desenvolver a habilidade de lidar com
essa atitude radical das crianças e adolescentes, que hoje tendem a rejeitar o que
vem de fora e procurar no próprio modo deles, na sua subjetividade, um caminho
para construir uma pedagogia que trabalhe com os elementos éticos básicos que
são a liberdade, a consciência, a lei, os direitos e deveres, aspirações, justiça,
verdade, fidelidade, amor. Na pedagogia desses procedimentos incluem-se os
princípios éticos, estéticos e políticos para a construção do pensamento crítico,
criativo e sensível, de modo que cada educando construa sua identidade e
autonomia.
Como vimos o professor de Ensino Religioso não deve tentar modelar o
educando e sim fornecer elementos para que ele mesmo encontro o caminho da
convivência, dos valores morais, da religiosidade, na liberdade. Assim afirma-nos Lui
(2006:82):

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[...] o valor da Religião para a construção da cidadania inclui uma


consideração etnocêntrica dos valores morais que o ER poderia transmitir e
solidificar nos alunos. Etnocêntrica porque está calcada sobre valores
cristãos que projetou para a totalidade das religiões.”

O professor de Ensino Religioso deve contribuir na formação de um novo


cidadão e não na criação de um fiel ligado à determinada confissão religiosa. O
ensino religioso nas escolas deve trabalhar valores de fundo religioso apenas como
um dos instrumentos que possibilitem uma sociedade mais sadia e equilibrada.

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
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PASSOS, João Décio. Ensino religioso: construção de uma proposta. São Paulo:
Paulinas, 2007.
WOLFF, Elias. Caminhos do Ecumenismo no Brasil. São Paulo: Paulus, 2005

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
AMARAL, T. C. I. Análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Religioso nas Escolas Públicas Brasileiras. 2003. 117f. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá,
Maringá, 2003.
BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. 5. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2001.
BRASIL. Lei 9.475. 22 jul. 1997. Brasília, DF, 1997.
BRASIL. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
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3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
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Documentação Eclesial. n.641, Leitura Sócio-Pastoral da Igreja no Brasil (1960-
2000). Disponível em: <http://Hwww.cnbb.org.br/estudos/encar641.htmlH>. Acesso
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