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História da Educação e

da Pedagogia
O Estado Novo e as Novas Diretrizes Educacionais:
A Ideologia do Estado e a Educação como
Instrumento do Estado
Sumário
O Estado Novo e as Novas Diretrizes Educacionais: A
Ideologia do Estado e a Educação como Instrumento
do Estado
Desenvolvimento do material
Patricia Wanzeller Para início de conversa... ................................................................................. 3
Objetivos ..................................................................................................... 3
1. A Educação e a Ideologia do Estado ....................................................... 4
1ª Edição
Copyright © 2021, Afya.
2. Novas Tendências na Formação
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, de Professores ............................................................................................... 6
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico,
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
2.1 A Reforma de Francisco Campos ....................................................... 8
autorização, por escrito, da Afya. 2.2 A Reforma de Gustavo Capanema (1934-1945) ........................... 16
3. O Estado Novo (1937-45) ......................................................................... 20
3.1 As Leis Orgânicas de Ensino ................................................................... 24
Referências .......................................................................................................... 27
Para início de conversa... Objetivos
Neste capítulo, vamos aprender que, a partir da Revolução de 1930, a ▪ Contextualizar a influência do Estado Novo nas diretrizes
centralização política e econômica voltou a ser vigente no Brasil. A figura educacionais.
de Getúlio Vargas surgiu com a intenção de ser responsável por grandes ▪ Analisar as novas tendências de formação de professores e as
mudanças no país e, com esse fim, criou o Ministério da Educação e consequências na Educação Básica.
Saúde Pública e implantou a Reforma Francisco Campos, que organizou
os ensinos secundário e superior no Brasil.

Veremos que a Universidade do Brasil foi criada por lei oriunda do Poder
Legislativo, em 5 de julho de 1937, ainda antes do Estado Novo, dando
continuidade à antiga Universidade do Rio de Janeiro, criada na década
de 1920 como uma reunião das escolas superiores existentes na cidade.

Afinal, as décadas de 1920 e 1930 foram importantes momentos de


consolidação do campo educacional no Brasil, quando a questão da
profissionalização docente assumiu grande destaque, graças aos projetos
conduzidos por educadores ligados ao movimento da Escola Nova. Nesse
sentido, foram privilegiadas as reformas empreendidas por Fernando de
Azevedo e Anísio Teixeira.

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1. A Educação e a Ideologia do Estado Sem poder vender, os Estados Unidos também deixaram de comprar,
o que afetou gravemente a economia dos países que dependiam de
Em 1929, uma grave crise econômica abalou o mundo capitalista. exportações para os Estados – foi o caso do Brasil, que deixou de vender
A principal causa dessa crise foi a superprodução da indústria norte- milhões de sacas de café para o mercado norte-americano: o preço do
americana, que cresceu mais do que as necessidades do seu mercado café despencou; muitos fazendeiros foram à falência, apesar de milhares
interno e mais do que o poder de compra do mercado internacional. de sacas terem sido queimadas, na tentativa de segurar os preços;
e a estrutura de poder que sustentava a República Velha, baseada na
O marco da crise foi a queda das ações das grandes empresas na Bolsa oligarquia cafeeira, começou a ser desmontada.
de Valores de Nova York; muitas empresas e bancos faliram, e milhões
de trabalhadores norte-americanos ficaram desempregados. Nesse ambiente de lutas, pressões, contestações e queixas, teve início
a campanha eleitoral para a Presidência da República. O problema
da sucessão do presidente gerou a crise da República Velha, porque
Washington Luís quebrou o compromisso do “café-com-leite” e provocou
o rompimento das relações entre Minas e São Paulo. Minas Gerais,
descontente, procurou apoio no Rio Grande do Sul e na Paraíba; esses
três Estados formaram um grupo político de oposição chamado Aliança
Liberal, que tinha como candidatos o oligarca gaúcho Getúlio Vargas,
para Presidente, e o oligarca paraibano João Pessoa, para vice-presidente.

Eram propostas da aliança liberal a instituição do voto secreto, a criação


de leis trabalhistas e o incentivo à produção industrial. Esse programa
era apoiado pelas classes médias e por militares ligados ao Tenentismo.

O candidato da Aliança Liberal foi derrotado, mas os líderes gaúchos,


Figura 1: Fazenda de café no interior. Fonte: Wikimedia Commons. mineiros e paraibanos não aceitaram o resultado, alegando fraude. Como

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o clima de revolta aumentava em todo o país, as elites progressistas
começaram a agir para tomar conta da situação. Em 3 de outubro de
1930, estourou a luta armada no Rio Grande do Sul, espalhando-se
por Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco. Os militares do Rio de Janeiro
reconheceram a revolta e depuseram o presidente Washington Luís.
Assumiu o poder, então, Getúlio Vargas, chefe político da Revolução de
1930. Terminava, assim, a República Velha.

Em 24 de outubro de 1930, era deposto, na cidade do Rio de Janeiro,


o presidente Washington Luís Pereira de Sousa. Getúlio Vargas perdeu
as eleições, mas deu um golpe de Estado (tomada de poder pela força)
conhecido como “A Revolução de 30”. Imediatamente, as funções do poder
Executivo foram assumidas por uma Junta Governativa Militar (General
Figura 2: Getúlio Vargas. Fonte: Wikimedia Commons.
Augusto Tasso Fragoso, presidente da junta; Almirante José Isaías
de Noronha; General João de Deus Mena Barreto) até 3 de novembro, Durante a campanha presidencial, Vargas prometeu cuidar dos
quando Vargas, que era presidente do Rio Grande do Sul, assumiu o trabalhadores e atentar para os problemas da educação nacional. Assim,
poder. em 14 de novembro de 1930, foi criado, pelo Decreto n° 19.402, o
Ao assumir o governo, Getúlio Vargas procurou desmontar a estrutura Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.
política anterior e centralizar o poder em torno de si: suspendeu a Decreto nº 19.402, de 14 de novembro de 1930.
Constituição de 1891; fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Art. 1º Fica criada uma Secretaria de Estado com a denominação de Ministério dos
Legislativas e as Câmaras Municipais; nomeou interventores para Negócios da Educação e Saúde Pública, sem aumento de despesa.
governar os estados, e criou dois ministérios – Educação e Saúde Pública Art. 2º Este Ministério terá a seu cargo o estudo e despacho de todos os assuntos
e Trabalho, Indústria e Comércio. relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar.

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Art. 5º Ficarão pertencendo ao novo Ministério os estabelecimentos, instituições escolas que permitissem basear a formação dos novos professores na
e repartições públicas que se proponham à realização de estudos, serviços ou experimentação pedagógica concebida em bases científicas.
trabalhos especificados no art. 2º, como são, entre outros, o Departamento do
Ensino, o Instituto Benjamim Constant, a Escola Nacional de Belas Artes, o Instituto Em abril de 1935, pelo decreto municipal n° 5.513, foi criada a
Nacional de Música, o Instituto Nacional de Surdos Mudos, a Escola de Aprendizes Universidade do Distrito Federal (UDF), composta de cinco escolas:
Artífices, a Escola Normal do Artes e Ofícios Venceslau Braz, a Superintendência
Ciências, Educação, Economia e Direito, Filosofia e Instituto de Artes.
dos Estabelecimentos do Ensino Comercial, o Departamento de Saúde Pública, o
O principal objetivo era promover a pesquisa científica, literária e
Instituto Osvaldo Cruz, o Museu Nacional e a Assistência Hospitalar. (BRASIL, 1930a)
artística e “propagar as aquisições da ciência e das artes, pelo ensino
O primeiro Ministro da Educação da Era Vargas foi Francisco Luís da Silva regular de suas escolas e pelos cursos de extensão popular” (UDF,
Campos, político mineiro que atuou na fundação da Universidade de 2021, s.p). Dentre esses institutos e escolas, o único preexistente era o
Minas Gerais. Logo após a promulgação do decreto criando o Ministério, Instituto de Educação, cujo prédio abrigava a reitoria da UDF, na Rua
seguiram-se outros: Mariz e Barros, nº 227.

▪ Decreto n° 19.404, de 3 de outubro de 1930, que permitia a promoção No seu primeiro ano de funcionamento, a UDF inaugurou os primeiros
escolar por frequência; cursos de formação de professores e de especialização em diversas
▪ Decreto n° 19.444, de 1 de dezembro de 1930, que ampliava a disciplinas. Para seu corpo docente foi articulada a vinda de uma
estruturação do Ministério da Educação. missão francesa composta de professores de diferentes áreas, como
Eugène Albertini, Henry Hauser, Jacques Perrot, entre outros. Sobre isso,
transcrevem-se, em seguida, alguns trechos do Decreto nº 5.513, de 4 de
2. Novas Tendências na Formação abril de 1935:

de Professores Art. 4º O Instituto de Educação, que tem por fim prover a formação
do magistério e concorrer, como centro de documentação e pesquisa,
Em 1932, Anísio Teixeira encabeçou as reformas educacionais no Rio de para a formação de uma cultura pedagógica nacional, fica diretamente
Janeiro, inspiradas em um movimento renovador que visava à criação de incorporado à universidade pela sua atual Escola de Professores,

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que passa a denominar-se Escola de Educação mantidos os objetivos De início, foram instituídos os cursos de preparação do professor
estabelecidos pelo Decreto nº 3.810. de 19 de março de 1932. primário e, principalmente, secundário. Nesse momento, verifica-se
que esse profissional merecia um cuidado especialíssimo: almejavam
Art. 9º As instituições complementares da universidade serão:
formá-lo com sólida cultura geral, firmeza e profundidade na disciplina
a Biblioteca Central de Educação;
a Escola-Rádio; de conteúdo específico e, sobretudo, concedendo grande destaque à
a Escola Secundária do Instituto de Educação; formação pedagógica.
a Escola Elementar do Instituto de Educação;
o Jardim de Infância do Instituto de Educação;
Além disso, aulas de línguas estrangeiras vivas – inglês e francês – eram
uma escola secundária técnica; obrigatórias a todo universitário que tivesse apresentado, no vestibular,
uma escola elementar experimental; insuficiência em seu domínio, qualquer que fosse o curso seguido na
uma escola maternal experimental; (VICENZI, 1986) UDF. Atribuía-se, por conseguinte, ao professor primário e secundário
um papel muito superior ao que normalmente lhe era conferido, pois
Sobre a Escola de Educação:
pretendia-se reformar a sociedade elevando significativamente a
Art. 20º O ensino na Escola de Educação fica distribuído pelas seguintes seções, educação de todos.
mantidos os objetivos estabelecidos pelo Decreto nº 5.513 de 4 de abril de 1935 e
as destas instruções: A instauração do Estado Novo, em novembro de 1937, criou condições
Biologia educacional e higiene; para a eliminação da UDF e a incorporação de seus quadros à Faculdade
História e filosofia da educação, educação comparada e administração escolar; Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, criada em 1939. O
Psicologia educacional e sociologia educacional; curso de formação de professores, denominado Escola de Professores,
Matérias de ensino elementar (primário e intermediário); foi, posteriormente, incorporado à Universidade do Brasil, enquanto o
Desenho, artes industriais e domésticas; Instituto de Educação continuou oferecendo o curso de formação de
Música; professores primários em dois anos.
Educação física, recreação e jogos;
A aprovação do decreto-lei 8.530, de 2 de janeiro de 1946, conhecido
Prática de ensino elementar;
como Lei Orgânica do Ensino Normal, reflete, na prática, um programa
Organização e prática do ensino secundário e normal. (VICENZI, 1986)

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ideal para a formação de novos professores de concepção Anísio Teixeira. estabelecendo que o sistema universitário deveria ser preferencial ao
O programa, a ser implantado nas escolas normais, compreenderia três conjunto de escolas superiores isoladas.
modalidades de cursos: cursos de fundamentos profissionais, cursos
específicos de conteúdo profissional e cursos de integração profissional.
Era chamado de Normal ou Curso de Formação de Professores Primários
CAPÍTULO I
(CFPP). Delineava-se, assim, a tendência a estruturar a formação dos
DAS FINALIDADES DO ENSINO NORMAL
professores primários em nível secundário, com três anos de duração.
Art. 1º O ensino normal, ramo de ensino do segundo grau, tem as seguintes
finalidades:
1. Prover a formação do pessoal docente necessário às escolas primárias.
2.1 A Reforma de Francisco Campos
2. Habilitar administradores escolares destinados às mesmas escolas. Ao assumir o Ministério da Educação e Saúde, Francisco Campos
3. Desenvolver e propagar os conhecimentos e técnicas relativas à educação da espelhava uma grande expectativa na renovação do sistema educacional
infância. brasileiro, expresso, principalmente, pela ABE (Associação Brasileira de
CAPÍTULO II Educação), desde 1924. Além disso, o ministro precisava coadunar as
DOS CICLOS DO ENSINO NORMAL E DE SEUS CURSOS intenções de dois grupos: o Católico e o Movimento Escola Nova.
Art. 2º O ensino normal será ministrado em dois ciclos. O primeiro dará o curso de
regentes de ensino primário, em quatro anos, e o segundo, o curso de formação de
professores primários, em três anos.
Art. 3º Compreenderá, ainda, o ensino normal cursos de especialização para
Eram participantes do Movimento Escola Nova: Anísio Teixeira, Fernando
professores primários, e cursos de habilitação para administradores escolares do
grau primário. (BRASIL, 1946) de Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meireles, Armanda Álvaro Alberto
entre outros.

A novidade já havia sido anunciada em 1931, quando Francisco Campos O grupo católico defendia que a educação deveria partir, principalmente,
estava à frente do Ministério da Educação e assinou um decreto da iniciativa privada, com separação de sexos, sendo a responsabilidade

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totalmente da família, e que deveria haver ensino religioso. Já os dos estatutos das universidades e dos regulamentos institutos singulares de
Renovadores, o Movimento Escola Nova, pretendia que a escola ensino superior.

fosse pública, gratuita, laica e obrigatória, com um Plano Nacional de Art. 5º Constituem atribuições fundamentais do Conselho: I-retirar: a) colaborar
com o Ministro na orientação e direção superior de ensino; b) promover e estimular
Educação que proporcionasse unidade à educação no país. Assim, um
iniciativas em benefício da cultura nacional, e animar atividades privadas, que
dos primeiros atos foi a criação do Conselho Nacional de Educação, pelo
se proponham a colaborar com o Estado em quaisquer domínios da educação; c)
Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931. sugerir providências tendentes a ampliar os recursos financeiros, concedidos pela
União, pelos Estados ou pelos municípios à organização e ao desenvolvimento
Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931
do ensino, em todos os seus ramos; d) estudar e emitir parecer sobre assumptos
Art. 1º Fica instituído o Conselho Nacional de Educação, que será o órgão consultivo
de ordem administrativa e didática, referentes a qualquer instituto de ensino, que
do ministro da Educação e Saúde Pública nos assuntos relativos ao ensino.
devem ser resolvidos pelo Ministro; e) facilitar, na esfera de sua ação, a extensão
Art. 2º O Conselho Nacional de Educação destina-se a colaborar com o Ministro nos universitária e promover o maior contacto entre os institutos técnicos-científicos e o
altos propósitos de elevar o nível da cultura brasileira e de fundamentar, no valor ambiente social; f) firmar as diretrizes gerais do ensino primário, secundário, técnico
intelectual do indivíduo e na educação profissional apurada, a grandeza da Nação. e superior, atendendo, acima de tudo, os interesses da civilização e da cultura do
§ 1º Os membros do Conselho Nacional de Educação serão escolhidos de acordo país. (BRASIL, 1931a)
com os seguintes itens: I - Um representante de cada universidade federal ou
equiparada; II - Um representante de cada um dos institutos federais de ensino do De certa forma, Francisco Campos caminhou para fundir as principais
direito, da medicina e de engenharia, não incorporados a universidades; III - Um ideias dos grupos. Entre 1931 e 1932, foram editados dois decretos que
representante do ensino superior estadual equiparado e um do particular também reorganizaram o Ensino Secundário no país, sendo o primeiro o Decreto
equiparado; IV - Um representante do ensino secundário federal; um do ensino nº 19.890, de 18 de abril de 1931:
secundário estadual equiparado e um do particular também equiparado; V - Três
membros escolhidos livremente entre personalidades de alto saber e reconhecida Decreto nº 19.890, de 18 de abril de 1931
capacidade em assumptos de educação e de ensino. Art. 1.º O ensino secundário, oficialmente reconhecido, será ministrado no Colégio
§ 2º Será membro nato do conselho o diretor do Departamento Nacional do Ensino. Pedro II e em estabelecimentos sob regime de inspeção oficial.
Art. 4º O Conselho Nacional de Educação não terá atribuições de ordem administrativa, Art. 2º. O ensino secundário compreenderá dois cursos seriados: fundamental e
mas opinará em última instância sobre assuntos técnicos e didáticos e emitirá complementar.
parecer sobre as questões administrativas correlatas atendidos os dispositivos

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Art. 3º. Constituirão o curso fundamental as matérias abaixo indicadas, distribuídas Art. 12. O ensino do curso complementar poderá ser ministrado nos estabelecimentos
em cinco annos, de acôrdo com a seguinte seriação: 1º série: Portuguez - Francez - de ensino secundário oficiais ou oficialmente fiscalizados.
Historia da civilização - Geographia - Mathematica - Sciencias physucas e naturaes § 1º Enquanto não houver número suficiente de licenciados pela Faculdade de
- Desenho - Música (canto orpheonico). 2º série: Portuguez - Francez - Inglez - História Educação, Sciencias e Lettras, com exercício no magistério em estabelecimentos de
da civilização - Geographia - Mathematica - Sciencias physicas e matuares - Desenho ensino secundário oficialmente fiscalizados, serão mantidos, anexos aos institutos
- Música (canto orpheonico). 3º serie: Portuguez - Francez - Inglez - História da superiores oficiais ou equiparados, os cursos complementares respectivos.
civilização - Geographia - Mathematica - Phyica - Chimica - Historia natural - Desenho § 2º Os programas de ensino destes cursos, organizados e expedidos nos termos do
- Música (canto orpheonico). 4º série: Portuguez - Francez - Latim - Allemão art. 10, serão idênticos aos do Colégio Pedro II. (BRASIL, 1931d)
(facultativo) - História da civilização - Geographia - Mathematica - Physica - Chimica
- História natural - Desenho. 5º série: Portuguez - Latim - Allemão (facultativo) Como observamos, o curso secundário teria sete anos, divididos em cinco
- História da civilização - Geographia - Mathematica - Physica - Chimica - Historia anos para o ensino fundamental e dois anos para o curso complementar.
natural - Desenho. O curso fundamental era comum a todos os estudantes, promovendo
Art. 4º. O curso complementar, obrigatório para os candidatos à matrícula em a chamada formação geral; já o curso complementar direcionava o
determinados institutos de ensino superior, será feito em dous annos de estudo estudante para a sua formação universitária posterior (artigos 5° ao 8°).
intensivo, com exercícios e trabalhos práticos individuais, e compreenderá as
seguintes matérias: práticos individuais, e compreenderá as seguintes matérias: O Decreto nº 19.890 também trouxe alguns elementos que irão se tornar
Allemão ou Inglez, Latim, Litteratura, Geographia, Geophysyca e Cosmographia, perenes no sistema educacional brasileiro, como a frequência nas aulas
História da Civilização, Mathetatica, Physuca, Chimica, história natural, Biologia ser fundamental para a aprovação do aluno: “Art. 33. Será obrigatório a
geral, Hygiene, Phychologia e Logica, Sociologia, Noções de Economia e Estatística, frequência das aulas, não podendo prestar exame, no fim do ano, o aluno
História da Philosophia e Desenho. cuja frequência não atingir a três quartos da totalidade das aulas da
Art. 10. Os programas do ensino secundário, bem como as instrucções sobre os respectiva série” (BRASIL, 1931d).
methodos de ensino, serão expedidos pelo Ministério da Educação e Saúde Pública
e revistos, de tres em tres annos, por uma comissão designada pelo ministro e à qual
serão submetidas as propostas elaboradas pela Congregação do Colégio Pedro II.
Art. 11. Os programas serão organizados de acordo com a duração do ano lectivo, de
Já os artigos 35 ao 43 estabeleceram o sistema de avaliação com arguição
modo a ser ministrado nesse período o ensino de toda a matéria nele contida.
oral, trabalhos práticos mensais, provas escritas e provas finais ao

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término do ano letivo. Assim, o estudante precisaria frequentar as aulas Os sete anos de duração, aliados ao conteúdo enciclopédico, alijavam
para realizar todas as avaliações, que aconteciam de modo progressivo e as camadas mais pobres do Ensino Secundário e, consequentemente,
regular (BRASIL, 1931d). também do Ensino Superior.

Segundo Maria Thétis Nunes (1999), houve um crescimento de 134% na


Para fiscalizar o cumprimento das frequências e das normas, o decreto procura pelo Ensino Secundário na década de 1930; em contrapartida,
também organizou o serviço de inspeção aos estabelecimentos do o número de desistentes e de formados caiu consideravelmente, não
Ensino Secundário e tinha como principais obrigações: atingindo a mobilidade social que era desejada por grupos como a ABE.

‘‘ [...] residir da sede do distrito em que estivesse em exercício (Art.66), inteirar-se,


por meio de visitas frequentes, da marcha dos trabalhos de sua secção (Art.56)
O ministro Campos também foi responsável pelo início dos chamados
cursos profissionalizantes, com a criação do Ensino Comercial a partir
e remeter mensalmente ao Departamento Nacional de Ensino um relatório da edição do Decreto n° 20.158, de 30 de junho de 1931. O currículo
minuciosos e de caráter confidencial (Art.55). (BRASIL, 1931d)
’’ do ensino comercial era composto por um curso introdutório de cinco
Em 1932, foi publicado o Decreto n° 21.214, de 4 de abril de 1932, anos, com disciplinas como português, matemática, história, geografia e
que consolidou a organização do Ensino Secundário no país e trouxe algumas noções de física, química, inglês e francês. Os dois anos seguintes
algumas novidades: seriam para a formação em cursos técnicos comerciais em secretariado,
guarda-livros, administrador-vendedor, atuário e perito-contador.
▪ os artigos 13 e 14 tratam sobre os salários dos professores;
Decreto nº 20.158, de 30 de junho de 1931
▪ o artigo 20 trata da necessidade de um exame de admissão para o
Art. 1º Os estabelecimentos de ensino técnico comercial, reconhecidos oficialmente
Ensino Secundário;
pelo Governo Federal, deverão observar as prescrições deste decreto.
▪ os artigos 27, 31 e 33 tratam das matrículas do ano letivo e do horário
Art. 2º O ensino comercial constará de um curso propedêutico e dos seguintes
escolar, respectivamente. cursos técnicos: de secretário, guarda-livros, administrador-vendedor, atuário
e de perito-contador e, ainda, de um curso superior de administração e finanças
Apesar de realmente renovar e estruturar o sistema de ensino no país,
e de um curso elementar de auxiliar do comércio, compreendendo as seguintes
a reforma de Francisco Campos pode ser considerada elitista e seletiva.
disciplinas: a) Curso propedêutico:1) Português: 2) Francês; 3) Inglês; 4) Matemática;

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5) Geografia; 6) Corografia do Brasil; 7) História da Civilização; 8) História do Brasil; ensino no país, com o currículo homogêneo e com diretrizes definidas. O
9) Noções de Física, Química e História Natural; 10) Caligrafia. b) Cursos técnicos: 1) ministro Campos também definiu o ensino universitário em uma série de
Datilografia; 2) Mecanografia; 3) Estenografia; 4) Desenho; 5) Francês comercial; 6)
decretos que organizavam as universidades existentes à época.
Inglês Comercial; 7) Correspondência portuguesa, francesa e inglesa; 8) Geografia
econômica; 9) Matemática comercial; 10) Matemática financeira; 11) Cálculo O primeiro deles é o Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931, que
atuarial; 12) Estatística; 13) Economia Política e Finanças; 14) Seminário econômico;
institui o Estatuto das Universidades Brasileiras, dispõe sobre a
15) Direito Constitucional e civil; 16) Direito comercial; 17) Prática do processo civil
organização do Ensino Superior no Brasil e adota o regime universitário.
e comercial; 18) Legislação fiscal; 19) Legislação de Seguros; 20) Contabilidade
(noções preliminares); 21) Contabilidade mercantil; 22) Contabilidade industrial e Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931
agrícola; 23) Contabilidade bancária; 24) Merceologia e tecnologia merceológica;
Art. 1º O ensino universitário tem como finalidade: elevar o nível da cultura geral,
25)Técnica comercial e processos de propaganda; 26) História do comercio, indústria
estimular a investigação científica em quaisquer domínios dos conhecimentos
e agricultura; 27) Organização de escritórios. c) Curso Superior de administração
humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo técnico e
e finanças: 1) Matemática financeira; 2) Geografia econômica; 3) Economia
científico superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade,
Política; 4) Finanças e Economia bancária; 5) História econômica da América e
pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de
fontes da riqueza nacional; 6) Direito constitucional e civil 7) Direito internacional
todas as atividades universitárias, para a grandeza da Nação e para o aperfeiçoamento
comercial; 8) Direito administrativo; 9) Direito industrial e operário; 10) Direito
da Humanidade.
público internacional; 11) Política comercial e regime aduaneiro comparado; 12)
Legislação consular 13) Ciência da Administração; 14) Contabilidade de transportes; Art. 2º A organização das universidades brasileiras atenderá primordialmente,
15) Contabilidade pública; 16) Psicologia, lógica e ética; 17) Sociologia. d) Curso ao critério dos reclamos e necessidades do país e, assim, será orientada pelos
de auxiliar do Comércio: 1) Caligrafia; 2) Datilografia; 3) Português; 4) Inglês; 5) fatores nacionais de ordem psíquica, social e econômica e por quaisquer outras
Aritmética; 6) Contabilidade (noções preliminares); 7) Contabilidade mercantil. [...]” circunstâncias que possam interferir na realização dos altos desígnios universitários.
(BRASIL, 1931f) Art. 3º O regime universitário no Brasil obedecerá aos preceitos gerais instituídos no
presente decreto, podendo, entretanto, admitir variantes regionais no que respeita à
As reformas empreendidas por Francisco de Campos no setor secundário administração e aos modelos didáticos. (BRASIL, 1931b)
do ensino brasileiro não são vistas como completamente favoráveis. Na mesma data, também foi editado um decreto que tratava exclusivamente da
Muitos autores apontam seu caráter elitista, mas não podemos negar a Universidade do Rio de Janeiro, com a organização de seus cursos e a criação de
modernização que teve em curso a partir de então e a uniformidade do outros tantos:

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Decreto nº 19.852, de 11 de abril de 1931 Art. 5º Constituirão inicialmente o Conselho Universitário: a) o Diretor e um
Art. 1º Ficam congregados em unidade universitária, constituindo a Universidade do representante, eleito pela respectiva Congregação, da Faculdade de Direito,
Rio de Janeiro, os institutos de ensino superior abaixo enumerados, acrescidos da Faculdade de Medicina, Escola Politécnica, Escola de Minas e Escola Nacional de
Faculdade de Educação, Ciências e Letras, criada pelo presente decreto: a) Faculdade Belas Artes; b) o diretor do Instituto Nacional de Música.
de Direito; b) Faculdade de Medicina; c) Escola Politécnica; d) Escola de Minas; e) § 1º Uma vez organizada a Faculdade de Educação, Ciências e Letras, o respectivo
Faculdade de Educação, Ciências e Letras; f) Faculdade de Farmácia; g) Faculdade diretor e um representante, eleito pela Congregação, serão incluídos no Conselho
de Odontologia; h) Escola Nacional de Belas Artes; i) Instituto Nacional de Música. Universitário.
§ 1º A antiga Faculdade de Direito do Rio de Janeiro continuará incorporada à § 2º Uma vez organizadas em faculdades autônomas as atuais Escolas de Farmácia e
Universidade do Rio de Janeiro, conservando a sua personalidade jurídica e as atuais de Odontologia os seus respectivos diretores farão parte do Conselho Universitário.
condições de organização financeira. [...]
§ 2º Oportunamente serão organizadas e incorporadas pelo Governo à mesma Art. 7º O Conselho Universitário desempenhará, de acordo com o Estatuto das
Universidade a Escola de Higiene e Saúde Pública e a Faculdade de Ciências Políticas Universidades Brasileiras, funções de natureza administrativa, didática e disciplinar.
e Econômicas. § 1º Na esfera administrativa, o Conselho Universitário velará pelo perfeito
§ 3º Os institutos, de que trata o parágrafo anterior, destinados a preparar técnicos funcionamento da Universidade e pela boa e regular gestão das suas finanças,
que se propõem ao exercício de funções sanitárias ou ao desempenho de atividades respeitados os preceitos da contabilidade pública que lhe forem aplicáveis.
administrativas, públicas e privadas, obedecerão a regulamentos a serem expedidos § 2º Na esfera didática o Conselho promoverá o aperfeiçoamento da organização
pelo ministro da Educação e Saúde Pública. universitária, em tudo quanto possa concorrer para a maior eficiência do ensino. [...]
Art. 2º Além dos institutos referidos no artigo anterior, concorrerão para ampliar Art. 9º Cada um dos Institutos da Universidade terá a sua administração assim
o ensino da Universidade do Rio de Janeiro, embora conservando organização constituída: a) Diretor; b) Conselho técnico-administrativo; c) Congregação.
técnico-administrativa independente, o Instituto Oswaldo Cruz, o Museu Nacional, (BRASIL, 1931c)
o Observatório Astronômico, o Serviço Geológico e Mineralógico, o Instituto Médico
Legal, o Instituto de Química, o Instituto Geral de Meteorologia, o Instituto Biológico No ano seguinte, 1932, um grupo de 26 intelectuais lançou o manifesto
de Defesa Agrícola, o Jardim Botânico, a Assistência a Psicopatas e quaisquer outras “A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo”. O grupo
instituições de caráter técnico ou científico da Capital da República. defendia ampliar a educação, democratizando-a, fazendo com que
Art. 3º A administração da Universidade ficará a cargo: a) do Reitor; b) do Conselho a educação nova servisse aos interesses do indivíduo, e não das
Universitário. [...] classes burguesas.

História da Educação e da Pedagogia 13


O documento defendia, ainda: educação como uma função Art. 1º Fica admitida nas repartições públicas e nos estabelecimentos de ensino a
essencialmente pública; a escola sendo única e comum, sem privilégios ortografia aprovada pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia de Ciências
de Lisboa.
econômicos de uma minoria; todos os professores terem formação
Art. 2º No Diário Oficial e nas demais publicações oficiais será adotada a referida
universitária; e o ensino ser laico, gratuito e obrigatório.
ortografia. (BRASIL, 1931e)
O manifesto foi fruto da IV Conferência Nacional da Educação, em
De conformidade com o que votou em 1907, e examinando as
1931, na qual os Reformadores e a Igreja Católica foram chamados para
modificações e ampliações que, em 1911, constituíram a ortografia
elaborarem um projeto educacional para o país. Como não houve um
oficial portuguesa, a Academia Brasileira de Letras resolveu aceitar o
acordo, os reformadores lançaram o documento preconizando um ensino acordo que se segue, dentro das novas alterações constantes das bases
público, misto, com professores formados por universidades, e laico. juntas e dele fazendo parte integrante, em 30 de abril de 1931.
Além das mudanças efetivadas no Ensino Secundário e universitário A Academia das Ciências de Lisboa, pelo seu representante, Sua
no Brasil, a Reforma de Francisco Campos também contou com a nova Excelência o Senhor Embaixador Duarte Leite, e a Academia Brasileira
regra ortográfica. Em abril de 1931, a Academia Brasileira de Letras e a de Letras, pelo seu presidente Fernando Magalhães, firmam o acordo
Academia das Ciências de Lisboa chegaram a um acordo sobre um único ortográfico nos seguintes termos:
sistema ortográfico, para os dois países, Portugal e Brasil. A nova regra
1º - A Academia. Brasileira aceita a ortografia oficialmente adotada em Portugal com
foi publicada no Decreto n° 20.108, de 15 de junho de 1931:
as modificações por ela propostas e constantes das bases juntas, que deste acordo
Decreto nº 20.108, de 15 de junho de 1931 fazem parte integrante;

Dispõe sobre o uso da ortografia simplificada do idioma nacional nas repartições 2º - A Academia das Ciências de Lisboa aceita as modificações propostas pela
públicas e nos estabelecimentos de ensino. O Chefe do Governo Provisório Academia Brasileira de Letras e constantes das referidas bases;
da República dos Estados Unidos do Brasil, considerando a vantagem de dar 3º - As duas Academias examinarão em comum as dúvidas que de futuro se suscitarem
uniformidade à escrita do idioma nacional, o que somente poderá ser alcançado por quanto à ortografia da língua portuguesa;
um sistema de simplificação ortográfica que respeite a história, a etimologia e as 4º - As duas Academias obrigam-se a empregar esforços junto aos respectivos
tendências da língua: Governos, a fim de, em harmonia com os termos do presente acordo, ser decretada
Resolve: nos dois países a ortografia nacional. [...] (BRASIL, 1931e)

História da Educação e da Pedagogia 14


Houve alguma resistência na adoção da nova regra que precisou ser pode uma nação moderna adquirir a consciência de si mesma, de seus recursos,
confirmada pelo Decreto n° 23.028, de agosto de 1933, sendo reforçada de seus destinos; considerando que a formação das classes dirigentes, mormente
em países de populações heterogêneas e costumes diversos, está condicionada à
na Constituição de 1937.
organização de um aparelho cultural e universitário, que ofereça oportunidade a
Em 1932, teve início, em São Paulo, a Revolução Constitucionalista. todos e processe a seleção dos mais capazes; considerando que, em face do grau de
cultura já atingido pelo Estado de São Paulo, com Escolas, Faculdades, Institutos de
Expressão da insatisfação dos paulistas com a Revolução de 1930,
formação profissional e de investigação científica, é necessário e oportuno elevar a
o movimento serviu, antes de mais nada, para convencer o Governo
um nível universitário a preparação do homem, do profissional e do cidadão.
Provisório de Getúlio Vargas da necessidade de pôr fim ao caráter
Decreta: Da Universidade de São Paulo
arbitrário do regime. Isto só aconteceria quando a Constituição de 1890,
Artigo 1º - Fica criada, com sede nesta Capital, a Universidade de São Paulo.
tornada sem efeito, fosse substituída por outra.
Artigo 2º - São fins da Universidade: a) promover, pela pesquisa, o progresso da
O conflito armado foi deflagrado em 9 de julho de 1932 e durou 87 ciência; b) transmitir pelo ensino, conhecimentos que enriqueçam ou desenvolveram
dias, terminando em 2 de outubro do mesmo ano. Como forma de o espírito, ou sejam úteis à vida; c) formar especialistas em todos os ramos da cultura,
aproximação com os paulistas, o interventor determinado por Vargas e técnicos e profissionais em todas as profissões de base científica ou artística; d)
realizar a obra social de vulgarização das ciências, das letras e das artes, por meio
criou a Universidade de São Paulo. Em 25 de janeiro de 1934, ano
de cursos sintéticos, conferências, palestras, difusão pelo rádio, filmes científicos e
que comemorava os 380 anos da fundação da cidade, Armando Sales, congêneres.
interventor, publicou o Decreto n° 6.283, criando a USP, tendo por base a
Artigo 3º - A Universidade de São Paulo se constitui dos seguintes institutos oficiais:
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. a) Faculdade De Direito; b) Faculdade De Medicina; c) Faculdade De Farmácia E
Odontologia; d) Escola Politécnica; e) Instituto De Educação; f) Faculdade De
Decreto nº 6.283, de 25 de janeiro de 1934
Filosofia, Ciências E Letras; g) Instituto De Ciências Econômicas E Comerciais; h)
O DOUTOR ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA, Interventor Federal no Estado de São Escola de Medicina Veterinária; i) Escola Superior de Agricultura; j) Escola de Belas
Paulo, usando das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto nº 19.398, de Artes.
11 de novembro de 1930, e considerando que a organização e o desenvolvimento
Parágrafo único - as instituições enumeradas neste artigo são autônomas dentro das
da cultura filosófica, científica, literária e artística, constituem as bases em que se
normas do presente decreto e podem expedir certificados, diplomas e conferir grau
assentam a liberdade e a grandeza de um povo; considerando que, somente por seus
nas diversas atividades profissionais.
institutos de investigação científica, de altos estudos, de cultura livre, desinteressado,

História da Educação e da Pedagogia 15


Artigo 4º - Além das Escolas, Faculdades e Institutos, referidos no art. anterior, Mesmo mantendo características elitistas e conservadoras, a Reforma de
concorrem para ampliar o ensino e ação da Universidade: a) o Instituto Biológico; b) Campos ofertou ao sistema educacional um ambiente muito diferente
o Instituto de Higiene; c) o Instituto Butantã; d) o Instituto Agronômico de Campinas;
do que era até então, com a organização do Ensino Secundário agrupada
e) o Instituto Astronômico e Geográfico; f) o Museu de Arqueologia, História e
Etnografia, que é o Museu Paulista; g) o Serviço Florestal; h) e quaisquer outras
em cinco e dois anos, um currículo comum a todo o país, a exigência de
instituições de caráter técnico e científico do Estado. [...] (BRASIL, 1934b) uma frequência mínima para aprovação e uma habilitação para o Ensino
Superior.
Antes da Constituição de 1934, outras instituições foram criadas ou
passaram a ser coordenadas pelo Ministério da Educação. Além da Na segunda etapa, a Reforma de Campos criou a inspeção federal
criação da USP, outras universidades, faculdades e institutos passaram e permitiu aos estabelecimentos de Ensino Secundário a mesma
para a administração federal, como a Escola Politécnica da Bahia, equivalência que o Colégio Pedro II. Além disso, organizou a cátedra com
a Universidade de Minas Gerais, a Faculdade de Direito do Ceará e a salários e registro junto ao ministério, ou seja, as ações do ministério de
Faculdade de Direito do Recife. Campos pavimentaram um caminho sobre o qual seguir na educação
brasileira.

O ministro Francisco Campos saiu do governo em 1932, indo concorrer


a uma vaga à Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em seu lugar
foi nomeado Washington Pires, que ocupou o cargo entre 1932 e
1934, quando saiu e assumiu o Ministério o político mineiro Gustavo
Capanema.

2.2 A Reforma de Gustavo Capanema (1934-1945)


Gustavo Capanema era interventor interino em Minas Gerais quando
foi convidado para o cargo de Ministro de Estado. Assumiu a pasta da
Figura 3: Prédio da Faculdade de Medicina da USP. Fonte: Wikimedia Commons. Educação e Saúde em 25 de julho de 1934, nove dias após a Constituição

História da Educação e da Pedagogia 16


de 1934. A marca de Capanema foi a centralização, em nível federal, das educação, demonstrando as influências recebidas ainda no comando de
iniciativas no campo da educação e saúde públicas no Brasil. No campo Campos no Ministério:
educacional, tomou parte do acirrado debate então travado entre o
CONSTITUIÇÃO DE 1934
grupo “renovador” – que defendia um ensino laico e universalizante, sob
Art 148. Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o
a responsabilidade do Estado – e o grupo “católico” – que advogava um
desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral, proteger
ensino livre da interferência estatal. os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do país, bem como prestar
assistência ao trabalhador intelectual.
Em julho de 1934, foi promulgada (aprovada por uma Assembleia
Constituinte) a nova Constituição, que tinha como características: a Art 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e pelos
poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros
manutenção do regime federalista, presidencialista e dos três poderes
domiciliados no país, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral
(Executivo, Legislativo e Judiciário); instituição do voto feminino e direto; e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da
eleições presidenciais diretas e secretas a cada quatro anos; criação do solidariedade humana.
salário mínimo e confirmação da legislação trabalhista (jornada de oito Art 150. Compete à União: a) fixar o plano nacional de educação, compreensivo
horas, férias anuais remuneradas, descanso semanas); ensino primário do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e
obrigatório e gratuito; estatização das minas e do subsolo. A mesma fiscalizar a sua execução, em todo o território do país; b) determinar as condições de
Assembleia que promulgou a Constituição de 1934 elegeu Getúlio reconhecimento oficial dos estabelecimentos de ensino secundário e complementar
Vargas como Presidente da República, com mandato de quatro anos. deste e dos institutos de ensino superior, exercendo sobre eles a necessária
fiscalização; c) organizar e manter, nos Territórios, sistemas educativos apropriados
A gestão de Francisco Campos deixou frutos para Capanema, pois aos mesmos; d) manter no Distrito Federal ensino secundário e complementar
muitos projetos foram implementados e outros amadurecidos. O Ensino deste, superior e universitário; e) exercer ação supletiva, onde se faça necessária,
Secundário passou por uma reforma, bem como o ensino universitário, por deficiência de iniciativa ou de recursos e estimular a obra educativa em todo o
país, por meio de estudos, inquéritos, demonstrações e subvenções.
com a criação da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do
Parágrafo único. O plano nacional de educação constante de lei federal, nos termos
Rio de Janeiro.
dos arts. 5º, n. XIV, e 39, n. 8, letras a e e, só se poderá renovar em prazos determinados,
O ministro Capanema também recebeu uma constituição que tratava da e obedecerá às seguintes normas: a) ensino primário integral gratuito e de frequencia

História da Educação e da Pedagogia 17


obrigatória extensivo aos adultos; b) tendência à gratuidade do ensino educativo profissional, oficialmente considerados idôneos, serão isentos de qualquer tributo.
ulterior ao primário, a fim de o tornar mais acessível; c) liberdade de ensino em Art 155. É garantida a liberdade de cátedra.
todos os graus e ramos, observadas as prescrições da legislação federal e da
Art 156. A União e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por cento, e os
estadual; d) ensino, nos estabelecimentos particulares, ministrado no idioma pátrio,
Estados e o Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda resultante dos
salvo o de línguas estrangeiras; e) limitação da matrícula à capacidade didática do
impostos na manutenção e no desenvolvimento dos sistemas educativos.
estabelecimento e seleção por meio de provas de inteligência e aproveitamento,
Parágrafo único. Para a realização do ensino nas zonas rurais, a União reservará, no
ou por processos objetivos apropriados à finalidade do curso; f) reconhecimento
mínimo, vinte por cento das quotas destinadas à educação no respectivo orçamento
dos estabelecimentos particulares de ensino somente quando assegurar. a seus
anual.
professores a estabilidade, enquanto bem servirem, e uma remuneração condigna.
Art 157. A União, os Estados e o Distrito Federal reservarão uma parte dos seus
Art 151. Compete aos Estados e ao Distrito Federal organizar e manter sistemas
patrimônios territoriais para a formação dos respectivos fundos de educação.
educativos nos territórios respectivos, respeitadas as diretrizes estabelecidas pela
União. § 1º As sobras das dotações orçamentárias acrescidas das doações, percentagens
sobre o produto de vendas de terras públicas, taxas especiais e outros recursos
Art 152. Compete precipuamente ao Conselho Nacional de Educação, organizado na
financeiros, constituirão, na União, nos Estados e nos Municípios, esses fundos
forma da lei, elaborar o plano nacional de educação para ser aprovado pelo Poder
especiais, que serão aplicados exclusivamente em obras educativas, determinadas
Legislativo e sugerir ao Governo as medidas que julgar necessárias para a melhor
em lei.
solução dos problemas educativos bem como a distribuição adequada dos fundos
especiais. § 2º Parte dos mesmos fundos se aplicará em auxílios a alunos necessitados,
mediante fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de estudo, assistência
Parágrafo único. Os Estados e o Distrito Federal, na forma das leis respectivas e para
alimentar, dentária e médica, e para vilegiaturas.
o exercício da sua competência na matéria, estabelecerão Conselhos de Educação
com funções similares às do Conselho Nacional de Educação e departamentos Art 158. É vedada a dispensa do concurso de títulos e provas no provimento dos
autônomos de administração do ensino. cargos do magistério oficial, bem como, em qualquer curso, a de provas escolares de
habilitação, determinadas em lei ou regulamento.
Art 153. O ensino religioso será de frequência facultativa e ministrado de acordo
com os princípios da confissão religiosa do aluno, manifestada pelos pais ou § 1º Podem, todavia, ser contratados, por certo tempo, professores de nomeada,
responsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, nacionais ou estrangeiros.
secundárias, profissionais e normais. § 2º Aos professores nomeados por concurso para os institutos oficiais cabem as
Art 154. Os estabelecimentos particulares de educação, gratuita primária ou garantias de vitaliciedade e de inamovibilidade nos cargos, sem prejuízo do disposto

História da Educação e da Pedagogia 18


no Título VII. Em casos de extinção da cadeira, será o professor aproveitado na Na década de 1930, a sociedade civil passou a ter uma maior participação
regência de outra, em que se mostre habilitado. (BRASIL, 1934a) política e formou dois grandes grupos políticos: os integralistas e os
Os artigos 149 e 150 apresentam, vividamente, os anseios da Escola aliancistas. Os integralistas eram os partidários da Ação Integralista
Nova dos Reformadores, assim como também é garantido o ensino Brasileira (AIB), que, liderados por Plínio Salgado, tinham por lema
religioso adequado à religião do aluno. A Constituição de 1934 “Deus, Pátria e Família” e desejavam um Estado integral (ou totalitário),
consolidou os decretos promulgados durante o ministério de Francisco ou seja, um Estado que tivesse controle total da sociedade, fosse no
Campos, porém, a situação política do país promoveu uma reviravolta plano cultural, político ou econômico.
nos rumos do ensino. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) era liderada por Luís Carlos
Prestes e desejava a formação de um governo popular, a reforma agrária
(distribuição de terras e incentivo ao pequeno agricultor), a suspensão
da dívida externa e a nacionalização das empresas estrangeiras que
operavam no Brasil. Como a ANL tinha crescido muito e tinha um
programa de caráter oposicionista (contrário ao governo), Getúlio Vargas
mandou fechá-la, em 13 de julho de 1935.

O fechamento da ANL levou ao levante dos aliancistas nos quartéis


de Recife, Natal e Rio de Janeiro, em novembro de 1935, episódio que
ficou conhecido como a “Intentona Comunista”, no entanto, o movimento
fracassou. O governo decretou Estado de sítio (suspensão das garantias
constitucionais) e aumentou a repressão aos comunistas.

Com o fim do mandato de Vargas e a proximidade da eleição


presidencial, surgiram três candidatos: Armando Salles de Oliveira, pela
Figura 4: Manifesto dos pioneiros da Educação Nova. Fonte: Wikimedia Commons.
oligarquia paulista; José Américo de Almeida, “candidato do governo”; e

História da Educação e da Pedagogia 19


Plínio Salgado, líder dos integralistas. No entanto, Getúlio não pretendia janeiro de 1937. Também foram criados o Instituto Nacional do Livro, o
deixar o governo e, com o auxílio dos militares (liderados por Eurico Conselho Nacional de Serviço Social e o Conselho Nacional de Cultura.
Gaspar Dutra e Eduardo Gomes), desfechou o golpe de Estado de 10 de
No texto constitucional de 1937, não aparecia nenhuma previsão
novembro de 1937, que iniciou o Estado Novo.
de dotação orçamentária para o sistema de ensino primário, básico.
O pretexto para o golpe foi o Plano Cohen, segundo o qual os comunistas O ensino particular ganhou destaque, desprendendo o governo de
estavam se preparando para tomar o poder e eliminar as principais responsabilidades na manutenção das escolas:
lideranças do país. Na verdade, o Plano Cohen era falso e havia sido
CONSTITUIÇÃO DE 1937
redigido a mando de Vargas para justificar a opinião pública sobre a sua
Art. 15. Compete privativamente à União:
permanência no governo e a implementação do Estado Novo.
IX - fixar as bases e determinar os quadros da educação nacional, traçando as
diretrizes a que deve obedecer a formação física, intelectual e moral da infância e

3. O Estado Novo (1937-45)


da juventude;
XXIV - diretrizes de educação nacional;

Com o Estado Novo, Vargas fechou o Congresso Nacional, acabou com Art. 125. A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos
os partidos políticos e outorgou a Constituição de 1937, a qual dava pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira principal
ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da
plenos poderes ao Executivo. A Carta Constitucional, imposta em 1937,
educação particular.
foi instrumento de notável retrocesso em matéria educacional. Além
Art. 129. A infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à educação
disso, parte das conquistas alcançadas com a Constituição de 1934 foi
em instituições particulares, é dever da Nação, dos Estados e dos Municípios
descaracterizada pela Constituição do “Estado Novo”. assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em todos os seus grãos,
a possibilidade de receber uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e
Com o fechamento do Congresso, o Ministério da Educação teve muito
tendências vocacionais.
mais liberdade de ação, com o presidente legislando por meio de
O ensino pré-vocacional profissional destinado às classes menos favorecidas é, em
decretos-leis. Com isso, foi criado, por exemplo, o Serviço do Patrimônio
matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse
Histórico Artístico e Nacional (SPHAN), pelo Decreto n° 378, de 13 de dever, fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos

História da Educação e da Pedagogia 20


Estados, dos Municípios e dos indivíduos ou associações particulares e profissionais. Fica claro, no Artigo 129, que o Estado brasileiro se preocupou com o
É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos criar, na esfera da sua estabelecimento de um ensino técnico-profissionalizante destinado ao
especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de seus operários ou de mercado de trabalho, em consonância com o projeto de industrialização
seus associados. A lei regulará o cumprimento desse dever e os poderes que caberão em curso (BRASIL, 1937). Para sua direção, foi indicado o professor Anísio
ao Estado, sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades e subsídios a lhes
Teixeira.
serem concedidos pelo poder público.
Art. 130. O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o O Decreto n° 378, de 13 de janeiro de 1937, criou e manteve alguns
dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião órgãos fundamentais para a educação e a cultura do país, como a
da matrícula, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem Universidade do Brasil – criada pela junção da Universidade do Rio
alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar.
de Janeiro e a Universidade Politécnica –, manteve o Museu Histórico
Art. 133. O ensino religioso poderá ser contemplado como matéria do curso ordinário
Nacional e instituiu o Museu de Belas Artes.
das escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá, porém, constituir objeto
de obrigação dos mestres ou professores, nem de frequência compulsória por parte Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937
dos alunos. [...] ( BRASIL,1937a, n.p)
Art. 1º O Ministério da Educação e Saúde Pública passa a denominar-se Ministério
da Educação e Saúde.
O Estado Novo não estava disposto a direcionar os recursos dos impostos
Art. 2º Compete ao Ministério da Educação e Saúde exercer, na esfera federal, a
para democratizar a educação para a população; esse papel caberia aos
administração das atividades relativas: a) à educação escolar e à educação
mais ricos: prover a educação dos mais pobres, em uma espécie de ação
extraescolar; b) à saúde pública e à assistência médico-social. [...]
caritativa. Assim, a carta 1937 isenta o Estado da responsabilidade de
Art. 8º Os órgãos de administração especial são os seguintes: a) Departamento
prover à população o ensino público e gratuito. Nacional de Educação; b) Departamento Nacional de Saúde.
Os ricos proveriam seus estudos por meio do sistema público ou privado, e Parágrafo único. Para colaborar, nas atividades do Departamento Nacional de
os pobres teriam como destino as escolas profissionais. O Estado assume Educação e do Departamento Nacional de Saúde, funcionará a Diretoria de
Estatística, subordinada diretamente ao Ministro.
como dever a sustentação do ensino pré-vocacional e profissional;
Art. 9º Ao Departamento Nacional de Educação caberá a administração das atividades
cristaliza a divisão entre pobres e ricos e extingue a igualdade formal
relativas à educação escolar e à educação extraescolar, que sejam da atribuição do
entre cidadãos, o que seria a lógica do Estado liberal-democrático.

História da Educação e da Pedagogia 21


Ministério. Art. 35. Além da Universidade do Brasil, manterá a União, como serviços públicos
Art. 10. O Departamento Nacional de Educação compor-se-á do gabinete do diretor federais, os seguintes estabelecimentos de ensino superior: Faculdade de Direito do
geral, de um serviço de expediente e das oito seguintes divisões, cada uma a cargo de Recife, Faculdade de Direito do Ceará, Faculdade de Medicina da Bahia, Faculdade
um diretor de comprovada competência: a) Divisão de Ensino Primário; b) Divisão de de Medicina de Porto Alegre e Escola Polytechnica da Bahia.
Ensino Industrial; c) Divisão de Ensino Comercial; d) Divisão de Ensino Doméstico; e) Art. 36. O Colégio Pedro II é mantido como estabelecimento padrão do ensino
Divisão de Ensino Secundário; f) Divisão de Ensino Superior; g) Divisão de Educação secundário, fundamental e complementar.
Extraescolar; h) Divisão de Educação Física. Art. 37. A Escola Normal de Artes e Officios Wencesláo Braz e as escolas de aprendizes
Art. 11. Pela Divisão de Ensino Primário, Divisão de Ensino Industrial, Divisão de artífices, mantidas pela União, serão transformadas em liceus, destinados ao ensino
Ensino Comercial, Divisão de Ensino Doméstico, Divisão de Ensino Secundário e profissional, de todos os ramos e graus.
Divisão de Ensino Superior correrá respectivamente, a administração das atividades Parágrafo único. Novos lyceus serão instituídos, para propagação do ensino
relativas ao ensino primário, ao ensino industrial, ao ensino comercial, ao ensino profissional, dos vários ramos e graus, por todo o território do País.
doméstico, ao ensino secundário e ao ensino superior.
Art. 38. São mantidos o Instituto Benjamim Constant e o Instituto Nacional de Surdos
Parágrafo único. A administração das atividades relativas ao ensino normal e ao Mudos, destinados ao ensino comum e especializado, respectivamente, para cegos
ensino emendativo, nas suas diferentes modalidades, correrá pelas divisões que a e para surdos-mudos, e ainda como centros de pesquisa pedagógicas, funcionando,
elas corresponderem. neste último caso, como órgãos colaboradores do Instituto Nacional de Pedagogia.
Art. 12. Pela Divisão de Educação Extraescolar e Divisão de Educação Física correrá, Art. 39. Fica criado o Instituto Nacional de Pedagogia, destinado a realizar pesquisas
respectivamente, a administração das atividades relativas à educação extraescolar sobre os problemas do ensino, nos seus diferentes aspectos.
e à educação física. [...]
Parágrafo único. Fica instituída, como parte integrante do Instituto Nacional
Art. 33. Os serviços relativos à educação, órgãos destinados a executar atividades de de Pedagogia, a Comissão de Literatura Infantil, que terá por objetivo estudar o
educação escolar ou de educação extra escolar, são os constantes da presente lei e problema da literatura destinada às crianças e aos adolescentes.
os que posteriormente venham a ser instituídos.
Art. 40. Fica criado o Instituto Nacional de Cinema Educativo, destinado a promover
Parágrafo único. Tais serviços serão regulados por leis especiais, ficando, porém, e orientar a utilização da cinematografia, especialmente como processo auxiliar
desde já, estabelecidas as disposições dos artigos que se seguem. 2) Instituições de do ensino, e ainda como meio de educação popular em geral. 3) Instituições de
educação escolar. educação extraescolar.
Art. 34. A Universidade do Rio de Janeiro e a Universidade Técnica Federal se reunirão Art. 41. Fica mantido o Instituto Oswaldo Cruz, como instituição de carácter científico,
para formar a Universidade do Brasil.

História da Educação e da Pedagogia 22


destinada à realização de pesquisas no domínio da patologia experimental e de De forma complementar à criação do Instituto Nacional de Estudos e
outros ramos da biologia. Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o governo criou, em 1938,
Art. 42. O Observatório Nacional fica constituído de cinco órgãos, a saber: a) dois com o Decreto n° 868, de 18 de novembro, a Comissão Nacional de
observatórios, sendo um deles o que se acha instalado no Distrito Federal, e o outro Ensino Primário, que tinha como principais atribuições organizar um
a ser instalado em montanha; b) três estações magnéticas, sendo uma delas a que plano de campanha nacional contra o analfabetismo e que promovesse
se acha instalada na cidade de Vassouras (Estado do Rio de Janeiro) e as outras duas uma ação conjunta das três esferas dos poderes executivos. Dentro
a serem instaladas, uma no norte e outra no sul do País.
dessa iniciativa, cabia aos dois órgãos formular uma proposta única para
Art. 43. Fica mantida a Biblioteca Nacional, com as atribuições que ora lhe competem. o currículo do ensino primário.
§ 1º Fica criada, na Biblioteca Nacional, para leitura de cegos, uma seção Braille, que
será dirigida por um cego de comprovada competência.
§ 2º Na Bibliotheca Nacional, será mantido o curso de biblioteconomia ali existente.
Art. 44. Fica criado o Instituto Cayrú, que terá por finalidade organizar e publicar a
Enciclopédia Brasileira.
Art. 45. A Casa de Ruy Barbosa se mantém com o objetivo de cultivar a memória de
Ruy Barbosa, velando pela sua biblioteca e todos os objetos que lhe pertenceram, e
promovendo a publicação de seu arquivo e de suas obras completas.
Art. 46. Fica criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com a
finalidade de promover, em todo o País e de modo permanente, o tombamento, a
conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio histórico e artístico
nacional. [...]
§ 3º O Museu Histórico Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e outros museus
nacionais de coisas históricas ou artísticas, que forem criados, cooperarão nas
atividades do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pela forma que
for estabelecida em regulamento. (BRASIL, 1937b) Figura 5: Criação do INEP, em 1938. Fonte: INEP (2021).

História da Educação e da Pedagogia 23


3.1 As Leis Orgânicas de Ensino
e “artesanal” têm, além de seu sentido amplo, sentido restrito para designar três das
modalidades de cursos e de escolas de ensino industrial. [...] (BRASIL, 1942b)

Tais diretrizes voltadas para a profissionalização, atendendo a uma II. Criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai),
demanda do mercado em expansão, tornam-se mais nítidas e organizadas Decreto n° 4.048, de 22 de janeiro de 1942
com as chamadas Leis Orgânicas de Ensino, na gestão Capanema,
Decreto-Lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942
aprovadas a partir de 1942. O ginásio, equivalente ao segundo ciclo do
Ensino Fundamental de hoje, passou a ter quatro anos, e o colegial – o Art. 1º Fica criado o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários.

atual Ensino Médio – três. Foi criado o curso supletivo de dois anos para Art. 2º Compete ao Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários organizar e
administrar, em todo o país, escolas de aprendizagem para industriários.
a população adulta, e a rede pública foi organizada em escolas com uma
ou mais classes, além da escola supletiva. Parágrafo único. Deverão as escolas de aprendizagem, que se organizarem, ministrar
ensino de continuação e do aperfeiçoamento e especialização, para trabalhadores
As Leis Orgânicas de Ensino promulgadas por Gustavo Capanema foram industriais não sujeitos à aprendizagem.
quatro. São elas: Art. 3º O Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários será organizado e
dirigido pela Confederação Nacional da Indústria.
I. Lei Orgânica do Ensino Industrial, criada a partir do Decreto n° 4.073, Art. 4º Serão os estabelecimentos industriais das modalidades de indústrias
de 30 de janeiro de 1942 enquadradas na Confederação Nacional da Indústria obrigados ao pagamento de
uma contribuição mensal para montagem e custeio das escolas de aprendizagem.
Decreto-Lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942
(BRASIL, 1942a)
Art. 1º Esta lei estabelece as bases de organização e de regime do ensino industrial,
que é o ramo de ensino, de grau secundário, destinado à preparação profissional dos III. Reforma da Legislação para o Ensino Secundário, com o Decreto-Lei
trabalhadores da indústria e das atividades artesanais, e ainda dos trabalhadores n° 4.244, de 9 de abril de 1942
dos transportes, das comunicações e da pesca.
Art. 2º Na terminologia da presente lei: a) o substantivo “indústria” e o adjetivo Decreto-Lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942
“industrial” têm sentido amplo, referindo-se a todas as atividades relativas aos Art. 1º O ensino secundário tem as seguintes finalidades: 1. Formar, em prosseguimento
trabalhadores mencionados no artigo anterior; b) os adjetivos “técnico”, “industrial” da obra educativa do ensino primário, a personalidade integral dos adolescentes; 2.

História da Educação e da Pedagogia 24


Acentuar a elevar, na formação espiritual dos adolescentes, a consciência patriótica Art. 8º Não poderá funcionar no país estabelecimento de ensino secundário que se
e a consciência humanística; 3. Dar preparação intelectual geral que possa servir de reja por legislação estrangeira. (BRASIL, 1942c)
base a estudos mais elevados de formação especial.
Art. 2º O ensino secundário será ministrado em dois ciclos. O primeiro compreenderá IV. Elaboração da lei orgânica para o ensino comercial, a partir do
um só curso: o curso ginasial. O segundo compreenderá dois cursos paralelos: o Decreto n° 6.141, de 28 de dezembro de 1943
curso clássico e o curso científico.
Decreto-Lei nº 6.141, de 28 de dezembro de 1943
Art. 3º O curso ginasial, que terá a duração de quatro anos, destinar-se-á a dar aos Art. 1º Esta lei estabelece as bases de organização e de regime do ensino comercial,
adolescentes os elementos fundamentais do ensino secundário. que é o ramo de ensino de segundo grau, destinado às seguintes finalidades: 1.
Art. 4º O curso clássico e o curso científico, cada qual com a duração de três anos, Formar profissionais aptos ao exercício de atividades específicas no comércio e
terão por objetivo consolidar a educação ministrada no curso ginasial e bem bem assim de funções auxiliares de caráter administrativo nos negócios públicos e
assim desenvolvê-la e aprofundá-la. No curso clássico, concorrerá para a formação privados; 2. Dar a candidatos ao exercício das mais simples ou correntes atividades
intelectual, além de um maior conhecimento de filosofia, um acentuado estudo das no comércio e na administração uma sumária preparação profissional; 3. Aperfeiçoar
letras antigas; no curso científico, essa formação será marcada por um estudo maior os conhecimentos e capacidades técnicas de profissionais diplomados na forma
de ciências. desta lei.
Art. 2º O ensino comercial será ministrado em dois ciclos. Dentro de cada ciclo, o
Art. 5º Haverá dois tipos de estabelecimentos de ensino secundário, o ginásio e o
ensino comercial desdobrar-se-á em cursos.
colégio.
Art. 3º Os cursos de ensino comercial serão das seguintes categorias: a) cursos de
§ 1º Ginásio será o estabelecimento de ensino secundário destinado a ministrar o
formação; b) cursos de continuação; c) cursos de aperfeiçoamento. (BRASIL, 1943)
curso de primeiro ciclo.
§ 2º Colégio será o estabelecimento de ensino secundário destinado a dar, além Sobre essas vertentes educacionais é que irão se inserir as reformas de
do curso próprio do ginásio, os dois cursos de segundo ciclo. Não poderá o colégio Vargas para a educação, que, além de atender aos anseios dos setores
eximir-se de ministrar qualquer dos cursos mencionados neste parágrafo. conservadores, também se aproximarão da elite industrial, conforme
Art. 6º Os estabelecimentos de ensino secundário não poderão adotar outra demonstra a lei orgânica nº 4.048, com a criação do Senai. Boris Fausto
denominação que não a de ginásio ou de colégio. atenta para tais características do governo de Getúlio:
Art. 7º Ginásio e colégio são denominações vedadas a estabelecimentos de ensino
não destinados a dar o ensino secundário. É significativo observar que o crescente interesse do governo Vargas
em promover a industrialização do país, a partir de 1937, refletiu no

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campo educacional. Embora o ministro Capanema tenha promovido uma podemos concluir que as reformas Francisco Campos e Gustavo
reforma do ensino secundário, sua maior preocupação se concentrou Capanema eram totalmente condizentes com o clima de centralização
em organizar um ensino industrial. Um decreto-lei em janeiro de 1942, política, em que foi necessário apresentar normas rígidas, com currículos
instituiu a Lei Orgânica do Ensino Industrial com o objetivo de preparar e programas impostos a todos os sistemas e estabelecimentos de ensino.
mão de obra fabril qualificada. Pouco antes surgira o Serviço Nacional Afinal, a reforma do Ensino Secundário também não apresentou grandes
de Aprendizagem Industrial (SENAI), destinado ao ensino profissional do novidades, pois continuava preparando as classes abastadas para a
menor operário. Subordinado ao Ministério da Educação, o SENAI ficou universidade.
sob a direção da Confederação Nacional da Indústria. (FAUSTO, 1994a,
Destacamos, neste estudo, os aspectos mais relevantes da história da
p.367)
educação no Brasil, principalmente quanto ao final do regime militar,
A separação do curso ginasial em Clássico e Científico demonstra a buscando, assim, estabelecer uma ligação entre cada período histórico e
preparação para carreiras distintas: a legislação educacional em vigor.

o curso clássico encaminhava para as faculdades Direito, Filosofia,


Ciências e Letras;

já o científico destinava para Medicina, Farmácia, Engenharia e


Odontologia.

Dessa maneira, buscava-se atender às mudanças estruturais que


ocorriam na sociedade com a instauração de um modelo nacional-
desenvolvimentista.

Neste capítulo, vimos que, na Era Vargas, a direção tomada para a


sistematização do ensino levava a um fim já conhecido: a formação
da elite dominante e a massa de trabalhadores manuais. Sendo assim,

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