Você está na página 1de 4

Plano de aula - 9º ano

Data: 02/03/2023
Conteúdo: Primeira República – 1889-1930
Tema: A República do café, do leite, do couro e da revolta.
Duração: Dois tempos de cinquenta minutos (1:40hs).

Objetivos Gerais
Compreender os mecanismos do poder político que perpetuaram as oligarquias no
comando da República.
Refletir acerca de como as relações políticas, ligadas ao trabalho e à economia, podem
influenciar os rumos políticos de um Estado.
Identificar elementos de revolta ao poder centralizado nos interesses de algumas
oligarquias em detrimento do restante do povo.
Material: Livro didático, quadro branco.

Conteúdo
Primeiros governos da República
República da Espada – O período entre 1889 e 1894 é conhecido por esse nome pelo
fato de que o governo foi tomado pela força e regido pelos militares. Nele houve dois
presidentes: Deodoro da Fonseca, que governou até 1891 e, sucedendo-o, Floriano
Peixoto, que governou até 1894. Ambos os governos foram muito conturbados, tanto no
campo político quanto no econômico.
Governo Deodoro – Principais ações
- Encilhamento: Plano econômico baseado na concessão de crédito. Os bancos
passaram a emitir moeda para financiar quem quisesse abrir novas empresas. O
resultado foi uma grande inflação, gerada pelo aumento da oferta de papel
moeda na economia e a especulação financeira de agentes que abriam empresas
fantasmas para especular seu valor na bolsa de valores.
- Renúncia: Deodoro tentava centralizar o poder, desconsiderando o Congresso.
Ao entrar em conflito com ele, fechou o Congresso e, como reação, houve o
levante do Exército e Marinha. Deodoro renunciou ao cargo em novembro de
1891.
Governo Peixoto – Principais ações
- Repressão à revoltas: Embora assumisse o mandato de forma inconstitucional,
visto que com a renúncia de Deodoro, previam-se novas eleições, foi apoiado
pelo Congresso e se manteve no cargo de presidente. Embora tivesse, também, o
apoio do Exército, houve uma revolta na Marinha, que levou à chamada Revolta
da Armada, de 1893. Além disso, houve também a Revolta Federalista, levada a
cabo pelo Partido Federalista, que disputava o controle político do Rio Grande
do Sul. Com o apoio do Exército e de opositores dos Federalistas, Floriano
Peixoto reprimiu essas revoltas e se consolidou no poder.
Também efetuou medidas populistas, com o intuito de angariar o apoio da
população do Rio de Janeiro, que ainda via com desconfiança o novo governo.
Com a eleição de 1894, deu-se fim à chamada República da Espada, com a
chegada dos civis ao poder, com a eleição de Prudente de Morais.
República do “Café com Leite”, política dos Governadores e Coronelismo
Durante o período que se estendeu entre 1894 até 1930, o poder federal foi dividido
entre as oligarquias de 6 estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, Bahia e Pernambuco. Os dois maiores estados e articuladores do “esquema”
eram São Paulo e Minas.

Esquema de quadro
- Alianças entre Oligarquias de 6 estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Os articuladores eram Minas e São Paulo
pois,
- Minas Gerais – Possuía forte representação política com 37 deputados;
- São Paulo – Possuía forte coesão política em torno do movimento
republicano.

O controle das oligarquias era um arranjo afinado entre os poderes nas três esferas de
atuação: Federal, Estadual e Municipal. Enquanto o presidente era escolhido pelo
acordo entre as oligarquias, o poder estadual e municipal era regido pelos governadores
em conjunto com os chamados “coronéis”, que possuíam influência política e força
repressiva a nível local.
Enquanto os coronéis
garantiam os votos
para as oligarquias por
meio de fraudes e
coerção (voto de
cabresto) e
alinhamento político (área de influência), os governos federal e estadual garantiam
verbas e melhorias para as regiões de influência dos coronéis.
Economia e industrialização
O período da Primeira República foi marcado, também, por um esforço industrializante,
somado à promoção e expansão do café como comodities para o mercado estrangeiro.
Assim, tivemos dois grandes movimentos econômicos incitados pelo governo federal,
comandado pelos cafeicultores:

Funding Loan
» Acordo com os credores internacionais
» Novo empréstimo internacional
» Corte de gastos
» Aumento de impostos
» Retirada de papel-moeda de circulação
» Garantia do controle da inflação

Convênio de Taubaté (1906)


» Política de valorização do café
» Compra e estocagem do excedente de produção para estabilizar os preços no
mercado internacional
» Incentivo ao consumo de café no exterior e tentativa de controle da expansão da
lavoura cafeeira

Com o alto valor do café no mercado internacional, havia recursos financeiros


acumulados nas mãos das oligarquias. Nesse momento, houve um grande aporte para a
criação de indústrias e, também, a chegada de empresas estrangeiras interessadas em
explorar o mercado que se abria no Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro despontaram
nesse movimento de industrialização. A chegada de ondas de imigrantes também
contribuiu nesse sentido. Com ondas de pessoas com mão de obra mais qualificada e,
alguns, com recursos, logo surgiram indústrias chefiadas, principalmente, por italianos.
Além das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, outros estados da República tiveram
um impulso industrializante. Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná,
Bahia e Santa Catarina, fizeram investimentos no sentido de estimular a
industrialização. O tamanho das fábricas variava: desde pequenas oficinas até indústrias
que reuniam centenas de operários. Os investimentos se concentravam em indústrias de
bens de consumo – setores têxtil, de alimentos, bebidas, calçados chapéus e fumo –, que
tinham custos iniciais relativamente baixos.
Esse esforço industrializante logo começou a alterar a divisão geográfica da população
brasileira. Com o aumento da quantidade de postos de trabalho nas cidades, boa parte da
população do campo começou um processo de êxodo rural em busca de trabalho nas
cidades. Com isso a população urbana começou a crescer, principalmente no Sudeste,
sendo este um dos motivos para o posterior processo de “favelização” presente nas
grandes cidades hoje.
Urbanização e realocação
Neste mesmo período, sob influência das reformas estruturais na capital francesa, as
principais capitais do país (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte), passaram por
diversas reformas urbanísticas. Mesmo conhecida como a “Paris tropical” a cidade do
Rio de Janeiro ainda possuía características de uma cidade que cresceu de forma natural
ao longo dos anos. Diante disso, e para espelhar os ideais da República, sob a
perspectiva do positivismo (Ordem e Progresso), iniciou-se um processo de reforma
urbana que levou a grandes modificações na paisagem da época.
Demoliram-se casas mais pobres e moradas coletivas – os chamados cortiços –
abrindo-se espaço para prédios mais modernos e avenidas. Iniciou-se também obras de
saneamento, com a construção de redes de água e esgoto, com o objetivo de eliminar o
mau cheiro nas ruas e diminuir a propagação de doenças.
Nesse processo, as pessoas desabrigadas foram transferidas para as recém-construídas
vilas operárias ou para encostas de morros (mais um elemento para a favelização),
dando início a construção de novos bairros e regiões de subúrbio.
Outras atividades econômicas
Outras atividades econômicas se desenvolveram no Brasil da Primeira República,
mesmo sob a sombra da produção cafeeira. O açúcar, por exemplo, continuou como
uma grande produção brasileira, mas agora voltada para o mercado interno. O algodão,
que também era um produto de exportação desde o Império. Com a dificuldade de
competição com o produto norte-americano, cada vez mais ele passou a ser utilizado na
crescente indústria têxtil nacional. A borracha (1891-1918) e o cacau também tiveram
lugar como produtos de exportação entre fins do Império e início da República.
Entretanto, como os esforços eram basicamente extrativistas, foram logo superados
pelos esforços produtivos europeus, que utilizavam suas colônias como área de
plantação desses produtos, barateando o custo.
Atividade de Pesquisa:
Pesquise quais as nacionalidades que imigraram para o Brasil entre 1890 e 1920, em
quais regiões se concentraram e quais atividades econômicas desempenharam por aqui.

Você também pode gostar