Você está na página 1de 4

REPÚBLICA VELHA (1889-1930)

Frederico Marco Correia Soldera

Consolidada após um golpe militar, sem qualquer preocupação política ou social


significativa e com o concurso apenas de reduzidos grupos civis e sem nenhuma
participação ou clamor popular, a Primeira República Brasileira, também conhecida
como República Velha ou República das Oligarquias, é o período da história do Brasil
que se estendeu da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a
Revolução de 1930.
O primeiro período da República Velha ficou conhecido como República da
Espada, em virtude da condição militar dos dois primeiros presidentes do Brasil: Deodoro
da Fonseca e Floriano Peixoto. Com a vitória em 15 de novembro de 1889 do movimento
republicano liderado pelos oficiais do exército, foi estabelecido um "Governo
Provisório", chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. O "Governo Provisório"
terminou com a promulgação, em 24 de fevereiro de 1891, da
primeira constituição republicana do Brasil, altamente influenciada pelos ideais
positivistas, a constituição de 1891, passando, a partir daquele dia, Deodoro a ser
presidente constitucional e seu vice Floriano Peixoto, ambos eleitos pelo Congresso
Nacional, devendo governar até 15 de novembro de 1894.
Com um governo conturbado e sob enorme pressão da oposição, Deodoro
dissolve o congresso, que de imediato, organiza um contragolpe, culminando na renúncia
do presidente e na posse de seu vice, Floriano Peixoto (1891-1894) que assumiu o cargo
apoiado de uma forte ala militar. A dissolução do Congresso foi suspensa. A constituição
determinava que fosse convocada novas eleições, o que acaba não acontecendo. Somente
em 21 de abril de 1993 o povo brasileiro pode livremente escolher, através de
um plebiscito nacional, o sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo).No
início da república, muito se temeu, especialmente no meio militar, uma restauração
monárquica, que se aproveitaria da fragilidade do novo regime republicano.
Manifestações a favor da volta da Monarquia eram reprimidas como no caso da Guerra
de Canudos.
O segundo período ficou conhecido como "República Oligárquica", e se
estendeu de 1894 até a Revolução de 1930. Caracterizou-se por dar maior poder para as
elites regionais, em especial do sudeste do país. As oligarquias dominantes eram as forças
políticas republicanas de São Paulo e Minas Gerais, que se revezavam na presidência.
Essa hegemonia denomina-se política do café com leite, devido à influência do setor
agrário paulista , com grande produção de café, e do setor agrário mineiro, produtor
de leite , que impediam a ocupação do principal cargo do Poder Executivo por
representantes dos interesses de outros estados economicamente importantes à época,
como Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Para que a política dos governadores desse certo, o coronel era uma figura
essencial, uma vez que todo o arranjo para conquistar votos para eleger os deputados da
oligarquia era feito por essa figura. O coronel, enquanto figura de poder local, utilizava-
se do seu poderio financeiro para exercer pressão para que os eleitores votassem no
candidato desejado. A intimidação de candidatos ficou conhecida como
“voto de cabresto”.
A economia brasileira sempre esteve ligada à origem de nossa colonização.
Desde a época Colonial (1500-1822), passando pelo período Imperial (1822-1889)
até a República Velha (1889-1930), a economia brasileira dependeu quase que
exclusivamente do bom desempenho de suas exportações, as quais, durante todo
período, restringiam-se a algumas poucas commodities agrícolas, ou seja, produtos
com baixo valor agregado como a soja, o milho e outros grãos. Não havia a
preocupação com o mercado interno, já que até 1888 o Brasil ainda adotava a mão -
de-obra escrava em praticamente toda a produção. Os principais produtos
destinados à exportação foram: açúcar, algodão, café e borracha. A República
Velha pode ser considerada o período áureo da economia cafeeira agroexportadora,
que favoreceu à acumulação de capital dos grandes produtores de café, e
consequentemente o surgimento da indústria em nosso país. O grande problema
econômico que a República herdou do Império foi a crise financeira.

a origem dessa crise financeira, embora complicando-se depois com


outros fatores, está no funcionamento do sistema monetário e no
sempre recorrente apelo a emissões [de papel moeda] incontroláveis e
mais ou menos arbitrárias de que o passado já dera, como vimos, tantos
exemplos. (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 364)

O que o historiador busca explicar é que a política econômica dos governos


estava alicerçada na emissão de papel-moeda, o que acaba gerando inflação, e
aumento da dívida pública. Muito disso se deve pelo fato de que durante os
primeiros anos da república, o ministério da fazenda do governo provisório, foi
assumido por Rui Barbosa, que baixou vários decretos visando o aumento do valor
de moeda e facilitou a criação de sociedades anônimas. Muitas empresas foram
criadas, algumas reais outras fantásticas, dando a impressão de que a República
seria o “reino dos negócios” devido à expansão do crédito. Por esse motivo, o ano
inaugural da nossa República foi marcado por uma febre de negócios, favorecendo
a especulação financeira que ficou conhecida como Encilhamento. O Encilhamento
é considerada uma das maiores crises financeiras que o Brasil já enfrentou. Houve
forte procura por empréstimos bancários, o que forçou o governo a injetar grande
volume de dinheiro na economia, ocasionando desvalorização da moeda
nacional. No início de 1891 veio a crise, várias empresas foram à falência, assim
como alguns bancos e houve queda no preço das ações. A moeda brasileira, que
naquela época era cotada em Libra inglesa, começou a despencar .
A política da República Velha entrou em crise porque a estrutura política que
sustentava as oligarquias no poder começou a ruir. Diretamente, o fim da República Velha
está atrelado com a disputa na eleição presidencial de 1930. Nessa disputa, paulistas e
mineiros romperam com seu acordo, pois os primeiros não queriam realizar o
revezamento, conforme estipulava a política do café com leite. Sendo assim, os paulistas
lançaram Júlio Prestes, e os mineiros aliaram-se com outras oligarquias e
lançaram Getúlio Vargas como candidato à presidência.
Após serem derrotados, a chapa de Vargas (Aliança Liberal) rebelou-se quando
o vice de Vargas, João Pessoa, foi assassinado. O assassinato de João Pessoa não teve
relações com a disputa eleitoral daquele ano, mas foi utilizado como justificativa para o
levante contra o presidente Washington Luís. O resultado dessa revolta, conhecida
como Revolução de 1930, foi a derrubada do presidente Washington Luís em outubro de
1930 e o impedimento de que Júlio Prestes assumisse a presidência.

REFERÊNCIAS:

FAUSTO, B. História do Brasil. 12 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São


Paulo, 2006

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 32 ed. São Paulo: Companhia Editora


Nacional, 2005
GREMAUD, A. M; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO, R. Economia
Brasileira e contemporânea. - 7.ed. – São Paulo: Atlas, 2014

KOIFMAN, F. Presidentes do Brasil. Departamento de Pesquisa da


Universidade Estácio de Sá; – São Paulo: Cultura, 2002.

MELLO, J. M. C. O Capitalismo Tardio. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.

PRADO JÚNIOR, C. História econômica do Brasil. 26. ed. Brasiliense, 1976

Você também pode gostar