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Plano de aula - 9º ano

Data: 13/02/2023
Conteúdo: Proclamação/Golpe da República de 15 de novembro de 1889– elementos
políticos e sociais
Tema: Mão de obra, política e poder.
Duração: Dois tempos de cinquenta minutos (1:40hs).

Objetivos Gerais
Compreender as transformações ocorridas no Brasil que levaram à Proclamação/Golpe
da República.
Refletir acerca de como as relações políticas, ligadas ao trabalho e à economia, podem
influenciar os rumos políticos de um Estado.
Material: Livro didático, quadro branco.

Conteúdo
A Proclamação/Golpe Militar da República, ocorrido no dia 15 de novembro de 1889
não foi um acontecimento, fruto de uma ideia espontânea surgida na mente de Marechal
Deodoro da Fonseca, mas a confluência de diversos fatores políticos, ideológicos,
econômicos e sociais. A situação do Brasil Império no fim do século XIX era de grande
agitação política, devido à natureza liberal do imperador d. Pedro II, que acabou
gerando inimizades em grupos influentes na política de então e a eclosão de revoltas que
levaram à exaustão do exército e dos recursos vindos dos grandes produtores de café.
Elementos de eclosão
Conflitos internos e externos – O Segundo Reinado enfrentou conflitos tanto no âmbito
interno quanto externo. A “Revolução Farroupilha” (1835-1845), que visava separar a
província do Rio Grande do Sul e Santa Catarina do resto do Brasil, gerou grande
agitação, mas foi suprimida pelas forças imperiais e a Guerra do Paraguai (1864-1870),
que gerou o maior esforço de guerra do Império do Brasil, visando suprimir a ameaça
que as forças do ditador paraguaio Solano Lopez representavam ao território brasileiro.
Novos atores políticos – O surgimento do Partido Republicano, trouxe uma terceira
força ao jogo político do império, junto ao Partido Conservador e ao Partido Liberal.
Esses novos políticos visavam a dissolução do império e a inauguração de um governo
republicano, fosse pela vontade popular ou pela força das armas. Embora tivessem
alcance nas cidades do Sudeste e Nordeste, eles, em princípio, não representavam
ameaça ao governo imperial.
A Questão Religiosa – Historicamente, o governo português e, posteriormente, o
brasileiro possuíam o acordo do padroado com a Igreja Católica. A partir da
Constituição de 1824, foi instituído o beneplácito, que era a atribuição do imperador
brasileiro de aceitar ou não o conteúdo de uma Bula Papal. Em 1864, houve a
excomunhão dos maçons, feita pelo Papa Pio IX. Por suas relações com a maçonaria, d.
Pedro II não aprovou essa medida em solo brasileiro e prendeu o Bispo de Olinda, d.
Vital de Oliveira, que havia optado por obedecer à Bula. Embora o assunto tenha sido
resolvido posteriormente, os bispos que obedeceram à ordem papal foram presos
durante um período, gerando duras críticas dos republicanos ao imperador.
A Questão Militar e o Positivismo – Elemento complexo, é fruto do descontentamento
dos militares após a Guerra do Paraguai. Muitos alforriados faziam parte das fileiras do
exército e, juntamente com abolicionistas de classe mais alta que integravam as fileiras,
passaram a declarar apoio a causa. Houve também um episódio de denúncia à corrupção
no comando da força militar que levou à prisão dos denunciantes. Somado a isso, houve
a inserção da ideologia Positivista entre as fileiras militares. O Positivismo é uma
filosofia cujo maior representante é Augusto Comte. Para ele, o curso normal do
desenvolvimento da sociedade humana levaria a uma sociedade regida pelas leis
científicas, livre de todas as crenças e superstições, fossem elas religiosas e políticas.
Seu alvo era sintetizado em três palavras: Ordem, Amor e Progresso. Esse elemento
fermentou o desejo de mudança no regime político do Estado Brasileiro, mas ainda
faltava i]um ingrediente.
O Processo Abolicionista – Desde a proibição do tráfico negreiro em 1850, pela
promulgação da lei Eusébio de Queirós, houve um gradativo aumento do movimento
abolicionista. Havia intensas discussões no congresso sobre a abolição completa dos
escravos, sendo a sua força de trabalho nas fazendas de café, maior fonte de renda do
império, seu maior impeditivo. Ainda assim, o processo caminhou com a promulgação
da Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871) e a Lei dos Sexagenários (28 de
setembro de 1885). Caminhava-se assim para a abolição plena, embora com muita
oposição dos cafeicultores que ainda buscavam alternativas à mão de obra escravizada
(essa alternativa veio com a imigração, principalmente italiana, mas isso é um assunto a
ser tratado em separado), mas a oposição ainda era grande.
Antes ainda da Lei Áurea, promulgada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, três
províncias já haviam abolido completamente a escravidão, quatro anos antes: Ceará, em
24 de março de 1884, Amazonas em 24 de maio de 1884 em e Rio Grande do Sul,
também em 1884, na chamada “jornada abolicionista”, ocorrida entre 12 e 18 daquele
ano. Com esse movimento, a pressão pela abolição cresceu na Capital Imperial, que já
possuía redutos de escravos fugitivos (o Quilombo do Leblom), e a ação de associações
de negros e de irmandades religiosas, tal como a Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário dos Pretos. A presença de intelectuais negros na corte e com ações
abolicionistas ativas na literatura e imprensa, gerou o contexto ideal para a extinção da
escravidão negra do Brasil.
Assim, em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea em seu período de
regência, terminando finalmente com a escravidão em solo brasileiro, mas também com
as chances de sobrevivência do Império.
A Proclamação da República – o Golpe Militar
Após a promulgação da Lei Áurea, os grandes cafeicultores se sentiram traídos pelo
império, que não havia dado garantias de ressarcimento aos mesmos pela perda de sua
principal mão de obra (mesmo com os esforços do império em garantir a chegada de
imigrantes para trabalhar nas plantações, mas agora como assalariados). Assim, os dois
movimentos que, até então, não ameaçavam diretamente ao Império, os Republicanos e
os Militares Positivistas, ganharam o reforço político e financeiro dos grandes
Cafeicultores. Com isso, o imperador perdeu o apoio para manter a Coroa.
Vale destacar que, embora houvesse a possibilidade de resistência ao golpe militar, foi
opção do agora ex-imperador, de não convocar as forças leais para confrontar os
insurgentes.
Assim, a 15 de novembro de 1889, por um Golpe Militar, instaurou-se a República no
Brasil. Neste primeiro momento, suas principais características foram:
- Aliança entre oligarquias cafeeiras e o Exército;
- Instituição de uma nova Constituição em 1891, que previa a igualdade civil e
jurídica e liberdades individuais;
- Fim do padroado e divisão entre Estado e Igreja;
- Divisão dos três poderes;
- Voto facultativo e limitado: podiam votar maiores de 21 anos, alfabetizados.
Não poderiam votar analfabetos, mendigos, religiosos de ordens monásticas e
mulheres;
- A criação de uma identidade republicana: Bandeira, Hino nacional,
monumentos e heróis.
- Repressão às rebeliões monarquistas.
Primeiros governos da República
República da Espada – O período entre 1889 e 1894 é conhecido por esse nome pelo
fato de que o governo foi tomado pela força e regido pelos militares. Nele houve dois
presidentes: Deodoro da Fonseca, que governou até 1891 e, sucedendo-o, Floriano
Peixoto, que governou até 1894. Ambos os governos foram muito conturbados, tanto no
campo político quanto no econômico.
Governo Deodoro – Principais ações
- Encilhamento: Plano econômico baseado na concessão de crédito. Os bancos
passaram a emitir moeda para financiar quem quisesse abrir novas empresas. O
resultado foi uma grande inflação, gerada pelo aumento da oferta de papel
moeda na economia e a especulação financeira de agentes que abriam empresas
fantasmas para especular seu valor na bolsa de valores.
- Renúncia: Deodoro tentava centralizar o poder, desconsiderando o Congresso.
Ao entrar em conflito com o mesmo, fechou o Congresso e, como reação, houve
o levante do Exército e Marinha. Deodoro renunciou ao cargo em novembro de
1891.
Governo Peixoto – Principais ações
- Repressão à revoltas: Embora assumisse o mandato de forma inconstitucional,
visto que com a renúncia de Deodoro, previam-se novas eleições, foi apoiado
pelo Congresso e se manteve no cargo de presidente. Embora tivesse, também, o
apoio do Exército, houve uma revolta na Marinha, que levou à chamada Revolta
da Armada, de 1893. Além disso, houve também a Revolta Federalista, levada a
cabo pelo Partido Federalista, que disputava o controle político do Rio Grande
do Sul. Com o apoio do Exército e de opositores dos Federalistas, Floriano
Peixoto reprimiu essas revoltas e se consolidou no poder.
Também efetuou medidas populistas, com o intuito de angariar o apoio da
população do Rio de Janeiro, que ainda via com desconfiança o novo governo.
Com a eleição de 1894, deu-se fim à chamada República da Espada, com a
chegada dos civis ao poder, com a eleição de Prudente de Morais.

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