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A Crise da Monarquia

A partir de 1870, a Monarquia brasileira viverá um longo período de decadência que


culminará com a Proclamação da República em 1889. O fim da monarquia está ligado
diretamente aos seguintes fatores:

Questão Militar- Sempre houve um distanciamento exército-monarquia no Brasil. A vitória


brasileira na Guerra do Paraguai fortaleceu este grupo, que passou a exigir maior
participação na cena política nacional. Os militares aderiram ao positivismo, que pregava a
necessidade de um estado autoritário que modernizaria o país, sob controle dos militares,
é claro. Esse pensamento se difundiu principalmente nas escolas militares por meio de
Benjamin Contant

Questão Religiosa- A Constituição de 1824 estabeleceu o Padroado no Brasil. No


entanto divergências entre o Estado e Igreja tornaram-se graves, levando esta instituição a
se opor à Monarquia. Este foi o caso da proibição papal de participação dos maçons na
Igreja, que foi vetada pelo imperador. Essa ecisão real não foi acatada por alguns bispos,
que acabaram presos, gerando uma crise entre a Igreja e o Imperador. Esse fato não
causou extremos estragos e nem foi a causa central da queda do Império, mas marcou o
afastamento de uma importante instituição de sua base de apoio

Questão Abolicionista e Republicana- os cafeicultores do Vale do Paraíba,


escravocratas e tradicionalistas, eram os únicos defensores da monarquia na década de
1880. Essa região era a única do país que predominantemente utilizava o trabalho do
negro-escravizado. A escravidão agonizava no país. Enquanto o Imperador mantivesse a
escravidão, ele tinha o apoio desse setor cafeeiro, amplamente decadente.

Vale destacar que o projeto da REPÜBLICA ganhou força entre os poderosos cafeicultores do
Oeste Paulista, nova oligarquia dominante, que utilizava mão de obra assalariada imigrante e
defendia o LIBERALISMO e o FEDERALISMO, que lhes garantiria autonomia frente ao poder
central e fortaleceria o seu poder político contra o centralismo da monarquia sediado no Rio de
Janeiro.

O Partido Republicano foi fundado em 1870, na cidade de Itu, interior de São Paulo, antenado
com as novas demandas dos cafeicultores paulistas. Esse grupo portanto, já não apoiava a
monarquia e acreditava que a república era o futuro natural do país, que com o fim do reinado
de Dom Pedro, a monarquia cairia. O Partido Republicano tornou-se a terceira força política do
país e promovia uma ativa a propaganda contra a monarquia por meio de seus jornais.

A queda da monarquia foi acelerada pela abolição da escravidão em 1888. Por ocasião desse
fato, o cafeicultores do Vale do Paraíba retiram seu apoio ao imperador, enfraquecendo-o
ainda mais. A fragilidade de D. Pedro era evidente no final da década de 1880. Ela já não
representava mais os interesses dos poderosos cafeicultores, interessados em dominar
plenamente o poder político.

Nesse cenário, três projetos políticos defendiam a diferentes propostas de republicanismo

a) Liberais, defendido pelos cafeicultores do Oeste Paulista, enxergavam a república


como o modelo natural a ser seguido pelo país em substituição a velha monarquia.
A República representava uma evolução. Defensores do federalismo, se
inspiravam nos EUA.
b) Positivistas, defendido por setores militares, defendiam a implantação de uma
República autoritária, que colocaria o país em ordem e o levaria ao progresso.
c) Jacobinos, que congregavam setores das classes médias urbanas, se inspiravam
no período mais radical da Revolução Francesa e que defendiam uma proposta de
república com ampla participação popular e reformas sociais,

A REPÚBLICA nasceu como fruto de uma aliança entre cafeicultores do oeste


paulista, detentores do poder econômico, que queriam ter em suas mãos o poder político, e
militares do Exército, detentores do poder de repressão. Dois projetos políticos diferentes entre
sí, o liberalismo e o positivismo, fizeram um acordo tático de se unirem contra a monarquia,
inimigo comum. As diferenças seriam resolvidas depois.

Esse projeto não contou com qualquer participação popular. Os jacobinistas, liderados
por Lopes Trovão, foram excluído de todo processo. A república nasceu como um projeto
elitista e excludente De acordo com Aristides Lobo, ‘o povo assistiu bestializado’, afinal,
fazendo coro à Lima Barreto, ‘o Brasil não tem povo, tem público’.

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