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Os primeiros anos da República

no Brasil (1889-1914)
Prof. Alexandre Bonfim
Causas do fim do Império
• Fim gradativo da escravidão;
• Guerra do Paraguai (1864-1870);
• Fundação do Partido Republicano (1870);
• Mudanças socioeconômicas;
• Desacertos do poder moderador com alguns
setores das elites, com os militares, com a
Igreja Católica e com a velha parceira
Inglaterra.
Proclamação da república
• Militares, com o forte apoio dos militares
paulistas, tomam o poder, destituindo d. Pedro II
que é obrigado a partir, junto com a família real,
dois dias depois do dia 15-11-1889;
• A mudança política não altera a configuração
social do Brasil;
• Havia distintos projetos republicanos (liberal,
jacobino e positivista), mas todos excluíam a
população mais pobre da participação política.
Constituição 1891
• O Brasil passava a ser uma república federativa, com
um governo central e 20 estados membros que
desfrutavam de grande autonomia, inclusive jurídica,
administrativa e fiscal;
• Procedia-se à divisão dos três poderes, independentes
entre si, com Legislativo bicameral, formado pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado;
• Estabelecia-se o voto universal masculino, não secreto,
que excluía do processo eleitoral mulheres,
analfabetos, mendigos, menores de 21 anos, padres e
soldados.
Primeira passos da república
• A república da espada e as Revolta Federalista
(Rio Grande do Sul) e da Armada (1891-1894);
• Primeira eleição (1894): vitória de Prudente
de Morais (1894-1898) e confirmação do
poder político dos cafeicultores e do projeto
republicano liberal. Morais seria o primeiro
presidente civil de nosso país, contando com o
apoio da maioria do Congresso.
Revolta de Canudos (1896-1897)
• Movimento social de caráter messiânico que resultou na
organização de comunidades que abrigavam pessoas
pobres em busca de melhores condições e abrigo frente
a um contexto de seca e abandono do Estado;
• Seu líder era António Conselheiro, um beato que
peregrinava pelo sertão da Bahia, pregando mensagens
de conforto espiritual e fornecendo ajudas materiais.
• Conselheiro condenava a separação do Estado e Igreja,
promovido com o advento da República, o que motivou
a acusação de “anti-republicanismo”. Uma maneira que
as autoridades acharam de reprimir o movimento.
Região de atuação de Antonio
Conselheiro
Arraial de Canudos (Belo Monte)
O confronto com o poder federal
• Formou-se o arraial de Canudos, chegando a ter 30000
pessoas, número elevado para época;
• Canudos se tornou uma ameaça ao status quo
republicano, tanto que o governo enviou 4 expedições
para destruir o arraial, conseguindo o objetivo apenas na
quarta vez;
• A primeira expedição em novembro de 1896 tinha
apenas 100 homens, sendo rapidamente vencida; A
segunda (janeiro/1897) e a terceira (março/1897)
tiveram 500 e 1300 soldados não obtendo sucesso.
• Apenas a última (junho de 1897) com 15 mil homens
fortemente armados conseguiram destruir Canudos,
promovendo um cenário de destruição e morte.
A confirmação das oligarquias no
poder
• A ironia “Campos Sales” (1898-1902): primeiro presidente
cafeicultor teve que enfrentar a crise da produção do
café;
• Consolidação do arranjo político oligárquico com os
cafeicultores paulistas na liderança: a política dos
governadores;
• A ascensão da borracha e a questão do Acre;
• O coronelismo e o voto de cabresto, consolidando o que
a historiografia chama do “café com leite”;
• Hermes da Fonseca: o presidente “adversário” dos
cafeicultores paulistas e seus aliados, mas que tentou
utilizar das mesmas estratégias para consolidar seu grupo
político por meio das políticas das salvações .
Outras revoltas sociais
• A revolta popular de 1904: Para modernizar o
Rio de Janeiro (capital à época), o governo
retira moradores do Centro e os empurra para
os subúrbios, aumentando consideravelmente
o tamanho das favelas cariocas;
• Soma-se a isso a forma truculenta que o
governo implanta a política de vacinas, para
promoção da chamada revolta da vacina em
que a população em 1904, em que a população
decide enfrentar as forças policialescas do
poder público, sendo duramente reprimida por
estes.
Outras revoltas sociais
• Revolta da Chibata (1910): marinheiros e fuzileiros
navais, revoltados com o duro tratamento dado
por seus superiores decidem reagir. Liderados por
João Cândido, ameaçaram a bombardear o Rio
com os canhões dos navios em que trabalhavam.
Foram duramente reprimido pelas tropas do
governo no mesmo ano;
• Constestado (1913-1914): revolta ocorrida na
região de fronteira de Santa Catarina e Paraná de
caráter messiânica, liderada pelo beato José Maria
de caráter similar a Canudos, também fortemente
reprimida pelas tropas federais.
• Movimento operário: a iniciativa industrial cresceu
nesses primeiros anos da república, aumentando o
número de trabalhadores, mas não melhorando suas
condições de trabalho. Essa situação mobilizava os
operários, inspirados pelo anarquismo e o
comunismo à lutar por melhores condições. Apesar
de conquistas muito tímidas, sobrou a dura
repressão do Estado, lembrando que, nessa época, o
direito de greve ainda não era garantido;
• Questão racial: A república não abraçou o negro,
pelo contrário, não garantiu nenhum ressarcimento
pós abolição, empurrando ex-escravos e suas famílias
a pobreza e a marginalidade. Soma-se a isso o
sucesso do darwinismo social para reforçar o
racismo e a exclusão na república.
Serviço de “Proteção”? aos Índios
• O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) foi criado em
1910 com o objetivo de proteger os índios e integrá-los
a sociedade;
• Porém a instituição tratava os indígenas como incapazes
que deveriam estar sob sua proteção, além de não
ajudarem estes na manutenção de seus costumes;
• A melhora da condição do índio foi quase nada.
• A atuação do órgão acabou por gerar resultados
opostos a sua proposta. Eram frequentes as denúncias
de casos de fome, doenças, assassinatos e escravização.
No início da década de 1960, sob a acusação de
genocídio, corrupção e ineficiência o SPI foi investigado
por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Em
1967, a SPI dá lugar a FUNAI.

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