Você está na página 1de 46

República

Velha
(1889 a 1930)
"Aquela Campanha de Canudos lembra um refluxo para o passado.
E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo".
Euclides da Cunha
• Antônio Conselheiro - Ao percorrer o
Nordeste com sua pregação messiânica,
atraiu a veneração de seus seguidores,
tornando-se alvo da desconfiança da
Igreja e da perseguição do Estado.

• Antonio Conselheiro não estava


ameaçando a ordem republicana. A
ordem republicana é que, por várias
razões e nem todas evidentes, se sentia
ameaçada.
• Proclamação da República –
Conselheiro tinha entrado em
choque com setores conservadores
da Igreja.

• Motivos (vistos como sacrilégios):


- Separação entre Igreja e o Estado;
- Casamento civil;
- Liberdade de culto, etc.
• 1893 – Conselheiro
rebelou-se contra
cobrança de impostos
no município de Bom
Conselho.
• Foge com seus
seguidores para fundar
sua “Nova Jerusalém”.
• Logo o povoado
contava com mais de 30
mil pessoas.
Em pouco tempo milhares de sertanejos
desfizeram-se de seus bens na ânsia de
encontrar o paraíso terreno.
CANUDOS – modo
de o sertanejo
escapar da
dominação,esperança
de distribuição de
terras.
Para o povo sofrido e faminto, Canudos representava o
paraíso na Terra e Conselheiro um enviado de Deus.
• O arraial do Belo Monte
chegou a ser a cidade de
maior população do
interior da Bahia no final
do século
XIX, atingindo no curto
espaço de 4 anos entre
25 e 30 mil
habitantes e tendo
aproximadamente 5 mil
construções erigidas.
• Chefes locais –
viam diminuir sua
influência política
ante o prestígio de
Conselheiro.
• As reações não
tardariam...

Moradia típica de Canudos


Político República x Monarquia
Progresso e Civilização x
Perspectiva Cultural
Atraso e barbárie
Raça branca dominante x
Racial
Mestiçagem (sub-raça)
Razão e ciência x
Filosófico Misticismo e fanatismo
religioso
Urbano e pré-industrial x
Sócio-econômico
Agrário-feudal
Geográfico Litoral x Sertão
Características:
- O movimento é rural messiânico;
- Conselheiro pregava a religião católica, mas não
podia fazê-lo legalmente.
- Conselheiro e seus seguidores saem das
peregrinações entre as cidades e constroem uma
cidade, chamada Arraial Belo Monte.
- Plantavam na cidade e não havia fome;
- A sociedade era coletiva e foi baseada na Bíblia;
- O Arraial Belo Monte era um péssimo exemplo para
o governo vigente, poderia aparecer novos
Canudos e novos Conselheiros;
- Canudos, então, deveria ser destruído como
exemplo, essa foi a verdadeira razão da destruição
de Canudos e não que o movimento era
monarquista.
• 1ª expedição - Luiz Viana
cede às pressões e manda
uma tropa de 100 homens
destruir a região.

• 21/10/1986 – a tropa
acampada na cidade de
Uauá foi destroçada
rapidamente por mais de
20 mil jagunços do beato.
• Ânimos exaltados – no Rio
de Janeiro e Salvador
militares radicais clamavam
pelo esmagamento do
perigo monarquista.
2ª expedição: 543 praças, 14 oficiais e 3
médicos.
A vitória parecia certa e foram deixando pelo
caminho equipamentos que poderiam atrasar
sua marcha. Mas...
Os jagunços atacavam a retaguarda do inimigo a
todo momento e desapareciam em seguida.
Resultado: Febrônio de Brito ordenou a retirada,
sob o olhar irônico dos jagunços.
• Derrota = mística de Canudos (cidade
inexpugnável protegida por Deus).
• RJ: militares acusavam governo de incapacidade
para enfrentar a “investida monarquista”.
• 3ª expedição: 1300 combatentes com 15
milhões de cartuchos e setenta peças de
artilharia.
• Março de 1897 – a tropa entra em Canudos e se
torna presa fácil dos jagunços.
• “Oitocentos homens desapareciam em fuga
abandonando as espingardas(...) para a carreira
desafogada.” (Euclides da Cunha)
• Derrota abala o país.
• 4ª expedição: tropas de
vários Estados (5 mil
homens) comandados
pelo general Artur Oscar
atacam Canudos.

General A. Oscar(2º da esquerda para a direita), chefe da


Expedição que derrotou Canudos.
• 25/06/1897 – primeiro
combate; 1200 baixas.
• Mobilizados mais 4 mil
homens.
• As lutas se prolongaram
por vários meses.
• 5/10/1897 – último
combate (governo de
Campos Sales)

Foto do arraial após ser destruído pelas forças do governo federal.


Antônio Conselheiro . - Morreu em setembro de 1897, poucos dias
antes do final da Guerra de Canudos. Alguns estudiosos dizem que
foi vítima de estilhaços de granadas lançadas contra o vilarejo,
outros, que morreu em virtude de uma simples diarréia. Depois de
exumado, sua cabeça foi cortada e levada para Salvador (BA).
A Guerra de Canudos durou um ano e mobilizou mais de
10 mil soldados vindos de 17 estados brasileiros,
distribuídos em 4 expedições militares. Estima-se que
morreram mais de 25 mil pessoas, culminando com a
destruição total da cidade.

Cadáveres nas ruínas de Canudos.


• Mulheres, crianças e
velhos. A imagem dos
sobreviventes retrata a
grande epopéia
sertaneja que durou
um ano e deixou mais
de 25 mil mortos.
“Expugnado palmo a palmo, na precisão
integral do termo, caiu no dia 5, ao
entardecer, quando caíram seus
últimos defensores, que todos morreram.
Eram apenas quatro: um velho, dous
homens feitos e uma criança, na frente
dos quais rugiam raivosamente cinco mil
soldados”.
(Euclides da Cunha, Os Sertões,
Liv. Fco. Alves, 28ª ed., pág. 407)

Euclides da Cunha
Manuel Ferraz
de Campos
Salles (SP)
(15/11/1898 a
15/11/1902) =
4 anos
• O presidente e os ingleses estabeleceram
um acordo, conhecido como "funding-loan".
• Suspendeu-se o pagamento da dívida que
começaria a ser paga em 1911, com o prazo
de 63 anos com juros de 5% ao ano;
• As rendas da alfândega do Rio de Janeiro e
Santos ficariam hipotecadas aos banqueiros
ingleses, como garantia.
• Saneamento econômico: combateu a
inflação, não emitindo mais dinheiro e
retirando uma parte de circulação. Depois
combateu os déficits.
• Cortou gastos e criou um novo imposto:
um selo que deveria ser colocado nas
mercadorias em circulação. A chamada
“Lei do Selo” causou aumento nos
preços dos alimentos e tornou Campos
Sales bastante impopular. Ganhou nas
ruas o apelido de “Campos Selos”.

• Criou a chamada “política dos


governadores”: uma troca de apoio
entre os governadores dos estados e o
presidente.
• Os poderosos em cada
estado, grandes
fazendeiros chamados de
“coronéis”, escolhiam os
candidatos para os
cargos políticos.
• Como nas eleições o voto
era aberto e não secreto,
os “coronéis”
negociavam favores em
troca de votos.
• Questão do Amapá
(1900):
– BRA e FRA
disputavam a região
fronteiriça entre o
estado do Amapá e a
Guiana Francesa.
– BRA tem ganho de
causa com arbítrio da
Suíça e incorpora
definitivamente toda
a região a leste do Rio
Oiapoque.
• Ou até mesmo forçavam o eleitor a votar no
candidato indicado por ele. Era o chamado
“voto de cabresto”.
• O esquema permitiu que um pequeno grupo
de pessoas ricas e influentes controlassem o
poder no Brasil. Por isso, também chamamos
esse período de oligárquico, que significa
governado por poucos.
• Para garantir total apoio no Congresso,
Campos Sales criou a Comissão de Verificação.
• Os deputados favoráveis ao presidente
tomavam posse, os contrários eram
impedidos, sofriam a chamada “degola”.
– Em seu governo iniciou-se a política do
“CAFÉ COM LEITE”.
Francisco de
Paula
Rodrigues
Alves (SP)
(15/11/1902 a
15/11/1906) =
4 anos
• Sua administração financeira foi muito
bem sucedida.
• Dispunha de muito dinheiro: auge do
ciclo da borracha no Brasil, cabendo ao
país 97% da produção mundial.
• Enfrentou a primeira greve geral na
capital da República em 15 de agosto de
1903, iniciada pelos operários da
indústria têxtil que reivindicavam
aumento de salários e jornada diária de
oito horas para todas as categorias de
trabalhadores.
• Brasil anexou o território
do Acre , após um acordo
com a Bolívia, negociado
pelo Barão do Rio
Branco, pagaria àquele
país dois milhões de
libras esterlinas e
construiria a Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré,
por onde seria escoada a
produção de borracha.
• Anexação do Acre (1903):
– Interesse na extração do látex.
– Atritos entre seringueiros brasileiros e
bolivianos.
– BRA compra a região da Bolívia pelo
valor de 10 milhões de dólares (Tratado
de Petrópolis).
– Bolívia recebe em troca do território
área que lhe dava acesso ao Rio
Madeira, e, portanto ao Oceano
Atlântico.
• Convênio de Taubaté (1906):
– Plano de valorização artificial do café;
– Governo comprava os excedentes de café e
estocava.
– Diminuindo a oferta do produto, seu preço
mantinha-se estável.
– O governo contraía empréstimos para
comprar esse excedente.
– Cobrava-se impostos para equilibrar as contas
do governo e honrar compromissos.
– O país se endividava e ampliava sua
dependência com o exterior.
– O governo almejava vender o estoque de café
quando a procura aumentasse, no entanto,
isso nunca ocorria, então o café estragava e o
governo amargava prejuízos.
– O bolso dos cafeicultores estava salvo.
• Seu governo foi destacado pela
Campanha de Vacina Obrigatória (que
ocasionou a Revolta da Vacina),
promovida pelo médico sanitarista e
Ministro da Saúde Osvaldo Cruz , e
pela reforma urbana da cidade do Rio
de Janeiro.

• É considerado hoje o presidente que


mais se preocupou com a população
da República Velha.
A Revolta da Vacina
-Tempo: 1906.

-Local: Rio de Janeiro.

- Líderes: Essa revolta não


teve um líder ou líderes
específicos e relevantes,
foi um movimento
popular, no qual a
população comum se uniu
e se revoltou.
Características:
- Foi a primeira revolta
urbana;

- Foi no governo de
Rodrigues Alves que fez
como seu principal
Projeto a reurbanização
do Rio de Janeiro, similar
a Paris.

Rodrigues Alves e o Rio.


• Apoiadas em uma lei
federal, as Brigadas
Sanitárias entravam
nas casas e vacinavam
pessoas à força.
• Setores de oposição ao
governo gritavam
contra as medidas
autoritárias de
Oswaldo Cruz.
- O centro do Rio possuía vários cortiços, eram casas
de pobres.

- Nesta época também surgia a favela.

- Os moradores dos cortiços não queriam sair de


suas casas, então, Rodrigues Alves cria o projeto
“Bota Abaixo”, que expulsava as pessoas de suas
casas e as destruía sem pagar indenização;

- Rodrigues Alves criou dois projetos: “Bota Abaixo”


e “Saneamento”;
- O projeto de
“Saneamento” era
para controlar e
erradicar doenças
como a peste
bubônica, a febre
amarela e a varíola;
- Para efetivar esse
projeto de
“Saneamento” criou-
se o Ministério da
Saúde e o Ministro foi
Oswaldo Cruz;
Oswaldo Cruz
RJ durante a Revolta da Vacina.
- Para acabar com a varíola
importou-se vacina da
França, mas importou-se
poucas seringas. Importou
seringas somente para os
ricos, para a elite.
- Os pobres e a população em
geral revoltaram-se com o
método de vacinação da
varíola, no qual a vacina
seria inserida num corte na
virilha.
Bonde tombado na
mobilização popular.
• Em vez de esclarecer o povo sobre os
benefícios da medida, vários jornais de
Oposição aproveitaram-se de sua
ingenuidade para propagar a suspeita
de que a vacina transmitia doenças,
em vez de combatê-las.

• Assim:
- Atraso brasileiro;
- Obscurantismo popular encorajado
pela miséria e pela manipulação de
alguns setores da elite.
• A Revolta durou 3 dias.

• Os líderes e Rodrigues Alves retomou o controle da


cidade.
• No entanto a obrigatoriedade da vacina fora
revogada.
• Alguns anos mais tarde, a população pagaria alto
pela revolta. Em 1908, a cidade foi assolada por
uma violenta epidemia de varíola, e todos correram
aos postos de vacinação para se imunizar.
• Charges ironizam
Osvaldo Cruz e o
uso da força na
vacinação
popular.

Você também pode gostar