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FICHAMENTO DE HISTÓRIA

O Modelo Político:

-- Coronelismo:

A Constituição de 1891 estabeleceu eleições diretas para todos os cargos dos poderes
Legislativo e Executivo. Mas os analfabetos, os homens menores de 25 anos de idade, as mulheres, os
soldados e os religiosos, que representavam a grande maioria da população, estavam excluídos do
direito de votar. O voto era aberto, e os chamados de "coronéis" podiam controlar as escolhas dos
eleitores, usando seus capangas para ameaçar as pessoas. O próprio coronel organizava a eleição no
município e redigia a ata da sessão eleitoral, registrando o que bem quisesse.

Coronéis: chefes políticos locais que podiam controlar as escolhas dos eleitores. Suas patentes (vindas
da antiga Guarda Nacional) serviam para designar o chefe político da região, cujo prestígio era medido
pelo número de votos que controlava.
Curral eleitoral: um determinado lugar que o coronel reunia as pessoas para receber as cédulas
eleitorais já preenchidas.
Voto de cabresto: termo que surgiu por o voto ser controlado (Os eleitores votavam por vários motivos:
obediência, lealdade ou gratidão ao coronel, e em busca de algum favor etc.).

-- Política do Café com Leite:

No governo de Campos Sales foi inaugurada uma política de governadores, o fundamento da


tão conhecida "República oligárquica", caracterizada pelos poderes centrados nos estados de Minas
Gerais e São Paulo. Era a política do café com leite (expressão simbólica da aliança entre os partidos
republicanos mineiro e paulista). O Café simbolizava SP (por ser uma forte produtora de café na época)
e o leite MG.

As Riquezas do Brasil:

A expansão das lavouras cafeeiras alcançou o oeste de SP, onde encontrou ótimas condições
geográficas para prosperar, em especial um solo fértil chamada “terra roxa”. A cafeicultura estimulou
toda a economia, propiciando a construção e o reaparelhamento de ferrovias, estradas e portos. Foram
criados bancos, casas de câmbio e de exportação, estaleiros, empresas de navegação e moinhos, assim
como fabricas têxteis para confeccionar os sacos para embalar o café.
Os investimentos ingleses, que vieram graças ao dinamismo da economia, eram responsáveis
por 77,6% dos capitais que entravam no Brasil na forma de empréstimos destinados à construção de
ferrovias, à reforma de portos, moinhos etc. O café mudou o país, inclusive incentivando um processo
de industrialização com base em bens de consumo não duráveis. Tratava-se de uma indústria que não
exigia grande tecnologia ou altos investimentos de capital, mas que empregava grande quantidade de
mão de obra. A riqueza gerada pelas exportações de café possibilitou ainda o aumento das importações
e a expansão das cidades, com a instalação de serviços públicos, novas práticas de diversão e até mesmo
maior circulação de jornais e livros.

-- Café: crises de superprodução

O café sustentava a economia do país, alcançando 72,5% das exportações brasileiras entre 1924
e 1928, período em que mais de 70% do café consumido no mundo provinha do Brasil. A oligarquia
paulista tornou-se dominante na política do país. No entanto, com a produção maior do que a
capacidade de consumo mundial, os preços internacionais caíram.
A primeira crise de superprodução ocorreu em 1893. Ao assumir a presidência em 1894,
Prudente de Morais teve de lidar com grave crise econômica. Em 1898, o governo do presidente
Campos Sales fez um acordo com os credores onde todas as dívidas brasileiras foram transformadas em
uma única. O Brasil recebeu como empréstimo 10 milhões de libras esterlinas, oferecendo como
garantia as rendas da alfândega do Rio de Janeiro. O governo se comprometeu a realizar ainda uma
política econômica deflacionária, retirando papel-moeda do mercado, o que gerou recessão, falências e
desemprego.
Pelo Convênio de Taubaté estabeleceu-se a política de valorização do café, pela qual os
governos dos estados conveniados recorreriam a empréstimos externos para comprar os excedentes da
produção, estocá-los e estabilizar os preços, garantindo os lucros dos cafeicultores. Essa política foi
benéfica para os cafeicultores em detrimento das oligarquias dos estados produtores de açúcar,
algodão, charque, cacau etc., acentuando as desigualdades regionais. Mesmo com os juros dos
empréstimos sendo pagos com o imposto sobre a exportação do café, grande parte dos custos recaiu
sobre toda a sociedade.

-- Muita Borracha:

Em meados do século XIX, desenvolveu-se o processo de vulcanização da borracha, tornando-a


endurecida, mas flexível, usada em instrumentos cirúrgicos e de laboratório. Logo já ultrapassava quase
30% das exportações. As cidades de Belém e Manaus passaram por uma grande expansão urbana, além
de contarem com iluminação pública, bondes elétricos etc. Contudo, entrou no mercado mundial a
borracha de origem asiática. Que tinha maior produtividade em decorrência da plantação racional, da
melhor qualidade e dos menores preços, causando o declínio drástico da produção amazônica.

Mundo Urbano:

Naquela época, um engenheiro foi colocado com a missão de modificar o centro da cidade
(uma vez que a parte central do RJ era extremamente insalubre e afastava os estrangeiros),
desenvolvendo para a zona do sul, e realocando os subúrbios na zona norte. Nesse período, a
modernização foi em meio da construção de portos, linhas de trem, grandes edifícios, e ruas foram
alargadas. A maior obra foi a abertura da avenida Central, que para construí-la foi preciso demolir uma
série de prédios, o que tornou muitas pessoas desabrigadas. O engenheiro responsável pelo projeto
perseguiu ambulantes e pessoas de condição mais precária nas vias públicas, cujo objetivo era tornar o
Rio uma cidade de burgueses e atingindo os padrões europeus.

-- revolta da vacina:

Durante o período de reformas urbanas, também era necessário erradicar as epidemias, o que
levou a obrigatoriedade da vacina contra a varíola. Na época, a população não era ciente dos benefícios
da vacinação, pois seu conhecimento estava restringido a médicos e especialistas, e o governo não fez
nenhuma campanha para conscientizar sobre, ocasionando numa revolta popular juntando vários
segmentos. Monarquistas, oficiais do exército, positivistas, operários, a imprensa, todos exibiam clara
insatisfação. Entretanto, a maior reação partiu da população pobre, que sofreu grande repressão
policial. Após tanta confusão, foi suspensa a obrigatoriedade da vacina, causando novos surtos e mais
milhares de morte

-- revolta da chibata:

Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssimas condições de trabalho, e a


condição mais grave eram os castigos físicos, principalmente com o uso da chibata. Em 22 de novembro
de 1910 marinheiros de Minas Gerais se revoltaram contra a punição de um colega condenado a receber
250 chibatadas. Liderados pelo marinheiro João Cândido, eles lideraram revoltas. O Congresso Nacional
negociou com os revoltosos e após se renderem, lhes concedeu anistia e outras revoltas aconteceram.
Depois disso, 600 marinheiros foram presos, que foram mortos e deportados de maneiras e para lugares
diferentes.

Revoltas do povo:

Com a República, o Estado e a Igreja tornaram-se independentes entre si. Na prática, significava
a instituição do registro civil para casamentos, nascimentos e óbitos, antes controlados pela Igreja. O
ensino nas escolas públicas também passou a ser laico. Contudo, em algumas regiões do país,
movimentos populares expressaram insatisfações com a perda de poder da Igreja. Esse conjunto de
transformações repercutiu entre as populações do interior do país. Três desses movimentos tiveram
grande importância: a devoção ao padre Cicero, Canudos e Contestado.

-- Devoção ao padre Cicero:

No sul do estado do Ceará, uma Beate teria sangrado pela boca logo após receber a hóstia. Para
os paroquianos, tratava-se de um milagre: a hóstia teria se transformado em sangue. O bispo temia que
o aumento do prestígio de Cicero estimulasse práticas religiosas fora do controle da Igreja. O padre
Cícero passou a ser idolatrado na região. O prestígio era tanto que provocou reação da alta hierarquia
da Igreja. Logo, o padre foi impedido de pregar e ouvir em confissão, o que gerou revolta da população:
movimentos de solidariedade se formaram e irmandades se mobilizaram a favor de Cicero. Assim, surgia
na região um movimento que desafiava as autoridades eclesiásticas.

-- Canudos:

A população miserável da região agregou-se em torno do beato Conselheiro, Antônio Vicente,


que havia passado anos pelo sertão pregando uma mistura de doutrina cristã e religiosidade popular.
Em 1893, os sertanejos fundam o arraial de Canudos, um povoado muito pobre que chegou a ter 5 mil
casas e de 20 mil a 25 mil habitantes. As relações do povoado com o governo começaram a se complicar
quando os moradores se rebelaram contra a cobrança de impostos e queimaram documentos emitidos
pelo governo. Para acabar com os revoltosos, o governo lançou a “guerra” – que consistiu em quatro
expedições militares. Nas três primeiras, o Exército perdeu para os sertanejos. Na terceira delas, o
massacre foi tão grande que até o comandante das tropas federais foi morto em combate. Na quarta, e
última campanha, o Exército conseguiu finalmente riscar Canudos do mapa.

-- Contestado:

Em 1911, José Maria apareceu a região central de Santa Catarina. Era um pregador itinerante e
liderou um movimento religioso em uma área de terras disputadas entre os estados do Paraná e Santa
Catarina - daí o nome Contestado. José Maria afirmava que tinha sido enviado pelo monge João Maria,
que, quando vivo, fora contra a instauração da República e acreditava que somente a lei da Monarquia
era a verdadeira.
José organizou uma comunidade em Taquaruçu, próximo a Curitibanos. Armados, criticavam a
República. Atacados pela polícia paranaense, eles se deslocaram para Palmas, mas o governo do Paraná
considerou tratar-se de uma invasão dos catarinenses. Em 1912, tropas estaduais atacaram a
comunidade, José Maria foi morto e os homes e as mulheres que o seguiam se dispersaram. Um ano
depois eles se reagruparam, chegando a ter 12 mil pessoas em Taquaruçu. A liderança do movimento
ficou a cargo de um conselho de chefes. Em 1916, forças do Exército e das polícias estaduais
destroçaram os rebeldes, matando milhares de fiéis.

Os Trabalhadores e suas lutas:


No início da República, nenhuma legislação garantia pensões, aposentadorias ou indenizações
por acidente de trabalho. Lutava-se por direitos que dessem aos trabalhadores o mínimo de garantias na
fábrica e fora dela. Outra reivindicação era que o trabalho fosse valorizado e os trabalhadores fossem
reconhecidos socialmente. Para conquistar seus direitos, os operários se organizavam em sindicatos,
partidos políticos, associações mutualistas e ligas. Essas organizações pretendiam que os trabalhadores
superassem suas diferenças e se reconhecessem como classe social.

-- Anarquistas e socialistas:

Socialistas: A estratégia era a de eleger representantes dos operários para cargos legislativos e, assim,
aprovar leis sociais. O problema é que grande parte dos operários era composta de estrangeiros sem
direito ao voto.
Anarquistas: afirmavam que todo governo era nocivo os seres humanos. Desse modo, recusavam
formar um partido político ou participar das eleições. Defendiam o fim do capitalismo e acreditavam
que, por meio de uma revolução social, seria criada uma sociedade igualitária, fraternal e isenta de
qualquer poder.

-- O Partido Comunista:

Tomando como referência o marxismo, os líderes do PCB estavam convencidos de que, por
meio de uma revolução, tomariam o poder e implantariam a ditadura do proletariado, até alcançar o
socialismo. Declarado ilegal logo após a sua fundação, o PCB teve de enfrentar forte repressão. Em
1927, na ilegalidade, elegeram dois representantes para o Conselho Municipal do Rio de Janeiro.

O Movimento Modernista:

Em 1920, surgiram jornais, revistas e manifestos de artistas e intelectuais preocupados com a


modernização do país. Recusavam-se a copiar os padrões europeus, com a valorização da memoria
nacional e a pesquisa das raízes culturais dos brasileiros, era o movimento modernista se manifestando
(principalmente na grande São Paulo). Entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, ocorreu na cidade a Semana
de Arte Moderna. No Teatro Municipal de São Paulo, artistas e intelectuais fizeram apresentações de
suas obras; exposições de pintura e escultura, concertos musicais, realizaram palestras e debates.

-- Ecos do Modernismo:

Após a Semana de Arte Moderna, os artistas se dividiram em diversas vertentes. Uma delas,
representando a ala conservadora, organizou-se no movimento verde-amarelo. Outro grupo foi liderado
por Mário de Andrade, para ele, o passado e as tradições não deviam ser idealizados. Nesse mesmo
grupo, Oswald de Andrade liderou o movimento antropofágico. Tratava-se da seguinte ideia: não se
trata de recusar a cultura europeia, mas de recebê-la de maneira crítica. Era necessário selecionar o que
poderia contribuir para a construção da nacionalidade e adequá-lo ao contexto brasileiro.

Os críticos da República:

A Revolução Russa e a Primeira Guerra Mundial abalaram a crença no liberalismo e


incentivaram a expansão das ideologias nacionalistas. As críticas se voltaram, em especial, contra o
processo eleitoral fraudulento. Muitos intelectuais acusavam o sistema político brasileiro de falta de
autenticidade e de não estar de acordo com a realidade do país. Dizendo que as oligarquias rurais
manipulavam as eleições por meio de fraudes e, dessa forma, controlavam o poder. Acreditavam que
somente com o fortalecimento do Estado haveria a ampliação do poder público, controlando e
submetendo o poder privado.
-- Os Tenentes:

Enquanto isso, setores da baixa e média oficialidade do Exército atacavam o governo com
armas, em um movimento conhecido como tenentismo. Alguns também criticavam o liberalismo e
defendiam um Estado forte, a centralização política, a educação do povo e expressavam um
nacionalismo não muito definido. Exigiam a moralização da política e das eleições pela adoção do voto
secreto. Os oficiais se mostravam ressentidos com os políticos, pelo papel secundário do Exército na
política nacional.

A Revolução de 1930:

Em 1929, o presidente nascido no RJ, era politicamente paulista e indicou para sucedê-lo outro
paulista: Júlio prestes. Revoltadas, as oligarquias mineiras e se aliaram aos gaúchos e paraibanos,
lançando o nome do gaúcho Getúlio Vargas. A disputa eleitoral foi agravada com a crise de 29. Nas
eleições de 1930, Júlio prestes venceu, porém, foi assassinado. A deflagração de uma revolução
começou em minas e no rio grande do Sul e se espalhou rapidamente para o nordeste.

Diante de uma possível guerra civil, altos oficiais do exército e da marinha dispuseram o
presidente Washington luís e com a chegada das tropas rebeldes no rio de janeiro, entregaram o poder
á Getúlio Vargas. Começando então: a era Vargas

Revolução ou Golpe (PLUS):

A Revolução de 1930 foi chamada desta maneira pelos seus membros. No entanto, trata-se de
um golpe de estado e não uma revolução. Uma revolução possui amplo apoio popular, propõe e causa
drásticas mudanças quando instalada no poder. Já o golpe de Estado, é a retirada do poder por meio da
violência de um político constitucionalmente eleito ou consagrado para aquele cargo. Os
acontecimentos de 30 foram uma luta pelo poder entre as elites, com margem de vitória a qualquer
uma delas e que pouco mudariam a estrutura social brasileira em profundidade.

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