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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESORES PARA EDUCAÇÃO


BÁSICA - PARFOR
CURSO: HISTÓRIA SEMESTRE: 2021.1
MUNICÍPIO: Urbano Santos
DISCIPLINA/CÓDIGO: História do Brasil Republicano
PROFESSOR: João Batista Bitencourt
DISCENTES: Lídia Viana dos Reis, Iolene Lisboa Mesquita, Nayara Protásio
Moura

“A nova filosofia financeira nascida com a República reclamava a remodelação


dos hábitos sociais e dos cuidados pessoais”
(...)
Muito cedo ficou evidente para esses personagens o anacronismo da velha
estrutura urbana do Rio de Janeiro diante das demandas dos novos tempos. O
antigo cais não permitia que atracassem os navios de maior calado que
predominavam então, obrigando a um sistema lento e dispendioso de
transbordo. As ruelas estreitas, recurvas e em declive, típicas de uma cidade
colonial, dificultavam a conexão entre o terminal portuário, os troncos
ferroviários e a rede de armazéns e estabelecimentos do comércio de atacado
e varejo da cidade. As áreas pantanosas faziam da febre tifoide, impaludismo,
varíola e febre amarela, endemias inextirpáveis.
(...)
Acompanhar o progresso significava somente uma coisa: alinhar-se com os
padrões e ritmo do desenvolvimento da economia europeia.”
Nicolau Sevcenko. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural
na Primeira República

“Significando o isolamento, ausência ou rarefação do poder público, apresenta-


se o “coronelismo”, desde logo, como certa forma de incursão do poder privado
no domínio político. Daí a tentação de oconsiderarmos puro legado ou
sobrevivência do período colonial, quando eram frequentes as manifestações
de hipertrofia do poder privado, a disputar atribuições próprias do poder
instituído. Seria, porém, errôneo identificar o patriarcalismo colonial com o
“coronelismo”, que alcançou sua expressão mais aguda na Primeira República.
Também não teria propósito dar esse nome à poderosa influência que,
modernamente, os grandes grupos econômicos exercem sobre o Estado”.
Victor Nunes Leal. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime
representativo no Brasil.
Escrever um texto discutindo as transformações urbanas e o coronelismo
rural na Primeira República.

O início da Primeira República é fruto de crises que culminaram para


o fim do Segundo Reinado, ocasionando transformações econômicas, políticas
e sociais no setor urbano e rural na sociedade brasileira. Desse modo,
salientamos a presença de movimentos abolicionistas e republicanos que se
articulavam para o estabelecimento de mudanças nas esferas sociais, esses
grupos reforçavam a necessidade de romper com a estrutura social vigente no
país.
Nesse período a população brasileira estava dividida, em sua
maioria, na zona rural. Todavia, zona urbana e zona rural estavam interligadas
uma á outra, principalmente, por necessitar da produção das grandes lavouras
cafeeiras, extração de couros e peles de animais e da produção de algodão,
pecuária, localizadas nos interiores das cidades. Convém mencionarmos que
essa distribuição de terras favorecia essa dependência, sendo também
responsável pelo desenvolvimento econômico, uma vez que suas produções
movimentavam o mercado interno e externo.
Podemos relacionar a consolidação da República com o
descontentamento dos fazendeiros com as questões de cunho abolicionistas e
estruturação governamental, além das fortes campanhas abolicionistas. Porém
que deu personificações mais explicitas ao republicanismo brasileiro foram os
representantes do Exército. Agora, passariam a defender o fim da escravidão,
da monarquia, e a criação de um sistema centralizador e controlador, tendo em
seu lema “Ordem e Progresso”.
É preciso analisarmos a conjuntura política que estava emersa a
sociedade brasileira naquele momento, a população estava composta por uma
elite que detinha o poder político, uma classe média urbana, pelos sertanejos e
ainda por alguns imigrantes que do ponto de vista econômico vieram substituir
o negro como mão de obra. O poder estadual não estava interessado em
construir municípios fortes em um ponto de vista econômico e social com um
pleno desenvolvimento, e sim em apoiar a preservação do poder local.
A República brasileira não foi constituída por movimentos populares,
não se pode relacionar a uma Revolução. Em contrapartida, foi apenas mais
uma negociação entre os poderosos. A união dos oficiais do Exército, com a
elite da época composta pelos cafeicultores, proprietários de terras,
comerciantes, ou seja, uma readequação dos grupos dominantes.
Sublinhamos ainda, os interesses desses grupos que estavam
relacionados com as ações de domínio e centralizações de poderes. As
oligarquias foram marcantes nessa transição de poderes, a Republica
Oligárquica, mostrou bem suas articulações dos cafeicultores, presente na
política do café com leite.
Com as fortes repreensões através dessas políticas dessas,
ocasionou o crescimento da marginalização na sociedade brasileira,
predominante pelas restrições aos sujeitos de direitos e aqueles que não os
possuía, uma característica bem conhecida foi o coronelismo. Grandes donos
de propriedades de terras, mantinham o domínio e chefia local, uma ação bem
conhecida eram os “currais eleitorais”.
Dessa forma o poder local encontrava-se centrado na mão dos
grandes coronéis, que detinham o grande comercio e uma determinada
liderança sobre a população sendo respeitados em grande parte pela mesma
devido a sua larga prestação de favores ao povo. O coronel vai exercer uma
ampla jurisdição sobre seus dependentes, aquelas pessoas que estão debaixo
do seu comando, controlando rixas, discórdias, e assim assumindo em suas
mãos diversas funções.
Essa relação de dependência também se estendia com o poder
estadual, em um comando absolutamente discricionário sobre um lote
considerável de votos de cabresto. O voto vai passar assim a ser um elemento
importante na definição de quem manda e representa, onde o coronel será um
intermediário ou proprietário de uma determinada quantidade de votos que
poderá negociar essa quantia com o presidente da província, deputados,
senadores e até presidente. Os municípios e vilas eram centros de poder para
que os coronéis se estabelecessem com seu poderio local.
A atividade econômica gerada através dos lucros do café, e suas
grandes exportações, foram estímulos de inúmeras transformações no país.
Citamos a criação de trabalhos assalariados, a urbanização gerava o
desenvolvimento de linhas férreas, o avanço de portos e estradas, além da
própria ampliação comercial.
A urbanização das cidades contribuiu para o declínio do coronelismo
uma vez que com o crescimento das cidades, a relação de parentela deixou de
ser tão forte e se tornou mais difícil para o coronel controlar a população, além
disso outro fator de grande relevância se desenvolve, a indústria. Com o
crescimento industrial, tem-se uma redução na importância econômica das
atividades dos coronéis e assim uma diminuição na sua força política.
A modernização de algumas cidades estava voltada para contorná-
las ao padrão europeu e o embelezamento da mesma, necessitando assim de
modernizar seus pontos com os portos, ampliar suas avenidas, extirpar as
doenças, a derrubadas de cortiços, o que na pratica proporcionou a expulsão
da população pobre, mestiça e trabalhadora da região central da capital. O
crescimento populacional vertiginoso não era acompanhado pelo progresso
social, cidades sem saneamento básico, garantia básica de saúde pública, com
moradias coletivas, insalubres, as quais se multiplicavam doenças, as
condições de higienes eram demasiadamente precárias e não havia nenhum
tipo de preocupação com isso.
As formas de governar estarão se adequando as modernizações
econômicas e assim objetiva-se mudar a imagem internacional das cidades e
adequá-las as modernas aspirações econômicas europeias do século XX. A
reforma urbana significou uma grande intervenção urbana e social,
estabelecendo a separação de atividades urbanas e de classes sociais criando
uma imagem de cidade moderna por meio da destruição de alguns trechos
urbanos e o deslocamento da população que ali vivia, surgindo assim das
primeiras favelas.

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