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República dos Cafeicultores - introdução

Considerado a república dos coronéis ou república oligárquica concentrada por apenas um


grupo - cafeicultores. Neste período começou o início do fortalecimento dos setores
urbanos, os camponeses começaram a migrar para as grandes cidades em busca de
melhores condições de vida e emprego e os cafeicultores em busca de facilidades
políticas.
Principalmente, o fortalecimento e a expansão dos fenômenos patrimonialistas e práticas
corruptas - “Voto de Cabresto" e Coronelismo; como forma de controlar a massa popular,
limitação ao exercício do voto e o uso do poder para benefícios próprios para a
permanência do grupo no poder.
Conceitos Históricos: Patrimonialismo

“Como nossa República é frágil, ela se torna particularmente vulnerável ao ataque de


seus dois principais inimigos: o patrimonialismo e a corrupção. (...) O
patrimonialismo, é resultado da relação viciada que se estabelece entre a sociedade e
o Estado, quando o bem público é apropriado privadamente. Ou, dito de outra
maneira, trata-se do entendimento, equivocado, de que o Estado é bem pessoal,
”patrimônio” de quem detém o poder”.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 65.
Curral eleitoral

Território onde o político possuía influência


sobre o eleitorado. Onde os eleitores eram
monitorados pelos coronéis, onde mandavam
seus homens para os locais de votação para o
monitoramento dos votantes.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/10/03/eleitores-e-candidatos-denunciam-currais-eleitorais-em-bairros-do-rio-e-da-baixada.ghtml.
Acesso em: 24 Mai. 2021.
O fenômeno da urbanização, tão característico das décadas de 1910 e 1920 no Brasil,
não consegue romper, portanto, a dinâmica do modelo agroexportador
patrimonialista. Ao contrário, durante a Primeira República expandiu-se o fenômeno
conhecido como “voto de cabresto” e do coronelismo, na sua correlação com o
governo, configurando que a princípio neutralizou a atuação desses novos grupos
ascendentes, limitando a participação do povo.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 81.
Conceitos Históricos: Voto de Cabresto
A prática da compra de votos ou troca por bens materiais
era mais uma maneira de fraudar as eleições. O eleitor trocava
seu voto por um favor, como um bem material (sapatos,
roupas e chapéus) ou algum tipo de serviço (atendimento
médico, remédios, verba para enterro, matrícula em escola,
bolsa de estudos). A venda, por sua vez, se dava por pequenos
interesses, promessas particulares dos oligarcas aos pobres,
camponeses e empregados locais. E se nada disso garantisse a
lealdade do voto, a violência seria usada como forma de
convencimento.
Fonte: https://www.politize.com.br/coronelismo-entenda-o-conceito/. Acesso
em: 24 Mai. 2021.
Coronelismo
O coronelismo era fruto de alteração na relação de
forças entre os proprietários rurais e o governo, e
significava o fortalecimento do poder do Estado
antes que o predomínio do coronel. Nessa
concepção, o coronelismo é, então, um sistema
político nacional, com base em barganhas entre o
governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos
cargos públicos, desde o delegado de polícia até a
professora primária. O coronel hipoteca seu apoio
ao governo, sobretudo na forma de voto.
CARVALHO, J.M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1998 (adaptado).
A legislação eleitoral da Primeira República (1889-1930) facilitava, também, o controle dos votos pelas
oligarquias estaduais e pelo poder local ou municipal, favorecendo a fraude, a corrupção e o voto de
cabresto. Isso era acentuado pelo fato de o voto ser pronunciado a descoberto e, muitas vezes, registrado
a bico-de-pena. Não sendo o voto secreto, seu controle era enormemente facilitado; (...) Num colégio
eleitoral restrito, cada novo eleitor arregimentado servia para engrossar o contingente de votos. O
alistamento era simples: bastava um requerimento preenchido à mão pelo eleitor, com seus dados
pessoais e firma reconhecida (prova de alfabetização); não era exigida fotografia para a identificação do
eleitor, de forma que qualquer um podia preencher o requerimento; quanto ao reconhecimento de firma,
poderia ser facilmente resolvido por qualquer escrivão, juiz ou delegado nomeados ou indicados pelas
autoridades locais; os títulos, em boa parte, eram "feitos" ou "arranjados", ficando, geralmente, de posse
dos chefes políticos, sendo entregues ao eleitor, junto com a cédula preenchida, no momento de votar.

SEGATTO, José Antônio. CIDADANIA E POLÍTICA. Revistas Perspectivas: São Paulo, n. 22, 1999,p.
147.
Sistema político - Política dos Governadores
Essa prática implica o apoio automático do governo federal aos grupos que
estivessem no governo dos estados, não importando de qual facção fossem,
desde que os governadores por sua vez garantissem seu apoio no Congresso
Nacional para as iniciativas do governo federal.
NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República: da queda da Monarquia ao fim do Estado Novo. 1°
ed. 4° reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020 (Coleção História na Universidade). p. 28.
“Café com Leite”
❖ Na perspectiva histórica tradicional
é apresentada como uma sucessão
monótona de fazendeiros oriundos,
em sua maioria, das oligarquias
paulistas e mineiras.
❖ “Café” - São Paulo e “Leite” -
Minas Gerais.
❖ Existiam outros grupos que
trabalhavam - Rio Grande do Sul, Capa da Revista Careta, Agosto de 1925, nº809. Os estados tentam,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia. mas não conseguem alcançar o poder presidencial dominado por São
Paulo e Minas Gerais. Autor: Alfredo Storni.
A economia brasileira durante a República Velha centrou-se em torno do café. Os processos de
urbanização e o início da indústria no Brasil estão ligados a esse produto. A cultura do café constituiu, no
período da República Velha, o principal motor da economia brasileira. Esse produto liderava a
exportação na época, seguido da borracha, do açúcar e outros insumos. O estado de São Paulo
capitaneava a produção de café neste período e também determinava as diretrizes do cenário político da
época. Da economia cafeeira, resultam três processos que se complementam: a imigração intensiva de
estrangeiros para o Brasil, a urbanização e a industrialização. Desde a segunda metade do século XIX,
(...) O motivo de tal fomento era a necessidade de mão de obra livre e qualificada para o trabalho nas
lavouras de café. Haja vista que, gradualmente, a mão de obra escrava, que era utilizada até então,
tornou-se objeto de densa crítica e pressão por parte de grupos políticos abolicionistas e republicanos.
Em 1888, efetivou-se a abolição da escravidão e, no ano seguinte, realizou-se a Proclamação da
República, fatos que intensificaram a imigração e também a permanência dos imigrantes nas terras
trabalhadas, tornando-se colonos.
Fonte: https://www.abic.com.br/o-cafe/historia/economia-cafeeira-e-industrializacao-do-brasil/. Acesso em: 24 Mai.
2021.
Introdução
A Guerra de Canudos pode ser compreendida no quadro de movimentos sociais que
eclodiram em alguns pontos do território nacional e sacudiram a República nascente,
a partir da primeira Revolta da Armada (1893) até a Guerra do Contestado (1912-
1914). De todos esses movimentos, Canudos foi o mais célebre. Isso se explica, em
parte, pelo contorno específico de seu desfecho fatal, mas, sobretudo, pelo fato de que
foi objeto da narrativa de Os sertões, de Euclides da Cunha, obra lançada em 1902
que fez grande sucesso nos meios literários brasileiros.
Quem era Antonio Conselheiro?
Antônio Vicente Mendes Maciel era o nome original, considerado uma
pessoa instruída e veio de familiares de comerciantes. Foi professor e
escrivão de cartório. Abandonado pela esposa e marcou o início da trajetória
para a peregrinação ao Nordeste para procura a mulher, porém, teve que
trabalhar como pedreiro na construção de igrejas. Durante as paradas
conheceu o “Padre Ibiapina e, em conjunto, os dois começaram a fazer
pregações por todos os lugares que passavam, visitando as pessoas carentes e
aconselhando-as. Desse modo, ele se tornou famoso entre a população
humilde”.
Fonte:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/quase-um-messias-saga-de-antonio-co
nselheiro-lider-da-revolta-de-canudos.phtml
. Acesso em: 01 Jun. 2021.
Para ele, a República assentava-se “sobre
um princípio falso”, do qual não podia tirar
“consequência legítima”. E prosseguia
denunciando: o presidente governava o
Brasil “como se fora um monarca
legitimamente constituído por Deus”. E não
era.
TELLES, Marcela. Canudos (1893-7). In: SCHWARCZ,
Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Dicionário da
República: 51 textos críticos. 1° ed. São Paulo: Companhia Desenho de Angelo Agostini, Antônio Conselheiro rechaça a
das Letras, 2019. p. 46. República, in:Revista Ilustrada c. 1896
Para o autor de Os sertões, a tragédia foi um “afloramento originalíssimo do nosso
passado, patenteando todas as falhas de nossa evolução”. Canudos significaria um
atentado contra a ordem e o progresso, a eclosão de um mundo de trevas, em que se
agitavam mestiços originados de uma combinação degradante de raças, um empecilho
no caminho da realização do projeto civilizatório da República.

Fonte:
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/GUERRA%20DE%
20CANUDOS.pdf
. Acesso em: 01 Jun. 2021.
Na literatura como fica?! - “Antônio Conselheiro, documento vivo de
atavismo”
“Considerando em torno, o falso apóstolo, que o próprio excesso de subjetivismo predispusera à
revolta contra a ordem natural, como que observou a fórmula do próprio delírio. Não era um
incompreendido. A multidão aclamava-o representante natural das suas aspirações mais altas. Não
foi, por isto, além. Não deslizou para a demência. (...) Paranóico indiferente, este dizer, talvez,
mesmo não lhe possa ser ajustado, inteiro. A regressão ideativa que patenteou, caracterizando-lhe
o temperamento vesânico, é, certo, um caso notável de degenerescência intelectual, mas não o
isolou — incompreendido, desequilibrado, retrógrado, rebelde — no meio em que agiu. Ao
contrário, este fortaleceu-o. Era o profeta, o emissário das alturas, transfigurado por ilapso
estupendo, mas adstrito a todas as contingências humanas, passível do sofrimento e da morte, e
tendo uma função exclusiva: apontar aos pecadores o caminho da salvação. Satisfez-se sempre
com este papel de delegado dos céus.
Fonte: CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984 (Biblioteca do Estudante) Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000091.pdf. Acesso em: 01 Jun. 2021. p. 66-67.
Seguidores de Antônio Conselheiro, presas durante os últimos dias da guerra
Na literatura como fica?! - “Sertanejos”
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações
atléticas. (...) O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação
de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de
displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. (...) E se na marcha estaca pelo
motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um
amigo, cai logo — cai é o termo — de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de
equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado
sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável”.
Fonte: CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984 (Biblioteca do Estudante) Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000091.pdf. Acesso em: 01 Jun. 2021. p. 51.
Canudos, velha fazenda de gado à beira do Vaza-Barris, era, em 1890, uma tapera de cerca de cinqüenta
capuabas de pau-a-pique. Já em 1876, segundo o testemunho de um sacerdote, que ali fora, como tantos
outros, e nomeadamente o vigário de Cumbe, em visita espiritual às gentes de todo despeadas da terra, lá se
aglomerava, agregada à fazenda então ainda florescente, população suspeita e ociosa, "armada até aos
dentes" (...). Assim, antes da vinda do Conselheiro, já o lugarejo obscuro — e o seu nome claramente se
explica — tinha, como a maioria dos que jazem desconhecidos pelos nossos sertões, muitos germens da
desordem e do crime. Estava, porém, em plena decadência quando lá chegou aquele em 1893: tajupares em
abandono; vazios os pousos; e, no alto de um esporão da Favela, destelhada, reduzida às paredes exteriores,
a antiga vivenda senhoril, em ruínas... Data daquele ano a sua revivescência e crescimento rápido. O
aldeamento efêmero dos matutos vadios, centralizado pela igreja velha, que já existia, ia transmudar-se,
ampliando-se, em pouco tempo, na Tróia de taipa dos jagunços. Era o lugar sagrado, cingido de
montanhas, onde não penetraria a ação do governo maldito.

Fonte: CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984 (Biblioteca do Estudante) Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000091.pdf. Acesso em: 01 Jun. 2021. p. 81
Elementos do Conflito - motivações
● A ida dos sertanejos e de escravos libertos para o arraial acabou gerando
escassez de mão-de-obra barata na região.
● A Igreja Católica passava por um processo de fortalecimento de sua estrutura
hierárquica.
● República do Brasil (1889) encontrava-se em crise econômica e instabilidade
política
Desfeixo do conflito
O massacre começou no dia 7 de novembro de 1896, quando a primeira expedição do Exército brasileiro foi destacada
para combater os “conselheiristas” (nome dado aos seguidores de Antônio Conselheiro). No dia 5 de outubro de 1897,
após 11 meses de intenso combate no sertão baiano, a guerra teve seu fim, levando à morte cerca de 20 mil conselheiristas
e 5 mil soldados, além da destruição completa do arraial. A guerra contra Canudos teve como saldo final a destruição total
do arraial, o incêndio de todas as casas, o extermínio de prisioneiros civis, o abuso sexual, a prostituição e a degola de
mulheres e crianças, deixando até os dias de hoje uma ferida em aberto no sertão brasileiro. O Exército havia cumprido,
portanto, com o objetivo proposto pelo então presidente, Prudente de Morais, que chegou a fazer a seguinte declaração:
"Em Canudos não ficará pedra sobre pedra, para que não mais possa se reproduzir aquela cidadela maldita".
FONTE: https://www.brasildefato.com.br/2017/11/27/artigo-or-120-anos-do-fim-da-guerra-de-canudos-uma-ferida-em-aberto-no-brasil Acesso em: 01 Jun.
2021.
Apresentação

Conhecida como quebra Lampiões, ocorreu em novembro de 1904 na então Capital


Federal: Rio de Janeiro, Período do governo Rodrigues Alves (1902-1906), eleito em
1902 pelos cafeicultores e elites de São Paulo e Minas Gerais. Entretanto esse
período foi marcado pela “Bota-Fora”, Belle Époque ( Padrões de civilidade e
progresso) e a famosa Revolta da Vacina.
“Belle Époque” - Civilidade e Progresso

Fonte: Felipe Augusto Fidanza. Chafariz, c. 1875.


Belém, Pará / Acervo IMS.
Contexto para o “Bota-Fora”

“O quadriênio de Rodrigues Alves, responsável pelo famoso Bota-Abaixo, foi


considerado um sucesso. (...) O Rio de Janeiro de vielas imundas, ruas estreitas, e
campeão de epidemias precisava se renovar. Segundo o presidente eleito: “A capital
da República não pode ser apontada como sede de vida difícil, quando tem fartos
elementos para construir o mais notável centro de braços, de atividades e de capitais
nesta parte do mundo”.
PRIORE, Mary del. História da gente brasileira, volume 3 - República - memórias (1889-1930). São
Paulo: LeYa, 2016. p. 33.
Augusto Malta/Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
“O projeto urbanístico das elites visava esconder essa parte
da cidade como se fosse uma vergonha, sinônimo de atraso”,
concluiu a historiadora Mônica Velloso. O professor de
arquitetura e urbanismo Luiz Guilherme Rivera de Castro
afirma que não se “trata de negar as necessidades de saúde
pública ou de criação de ambientes urbanos aprazíveis. Mas,
por outro lado, (...) não se pode louvar essas intervenções
justificando os danos colaterais provocados como se fossem
questões de menor importância”. Refere-se ao fato de que a
população trabalhadora desfavorecida, sendo expulsa de suas
habitações, não tinha outra opção se desejava permanecer
mais ou menos próxima aos seus locais de trabalho, a não ser
a de construir casebres nos morros próximos ao centro do
Rio”. Augusto Malta/Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro
Fonte:
http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/
66-o-rio-de-janeiro-como-distrito-federal-vitrine-cartao-postal-e-palco-da-po
litica-nacional/2914-o-bota-abaixo-as-criticas-e-os-criticos
Dia 24 de fevereiro de 1904, Rodrigues Alves partiu
para a ação, (...) revolução urbana cujo objetivo era
a abertura da avenida central (...) Em nove meses ,
614 imóveis foram postos abaixo (...). A mudança na
cidade exigia que os prédios tivessem fachadas e que
os projetos fossem previamente aprovados. (...)
Impuseram-se normas de civilidade: tornou-se
proibido cuspir no assoalho dos bondes. Proibidas a
exposição de carne na porta dos açougues. Proibidos
o desfile de blocos de Carnaval sem autorização.
Enfim, proibidos os costumes “bárbaros e incultos”.

PRIORE, Mary del. História da gente brasileira, volume 3 - República -


memórias (1889-1930). São Paulo: LeYa, 2016. p. 33.
Augusto Malta. Avenida Central: vista panorâmica durante os
trabalhos de pavimentação, setembro de 1905. Rio de \janeiro,
RJ / Acervo Museu da República
Em 29 de junho de 1904 o governo enviou ao Senado um
anteprojeto de lei que estabelecia a obrigatoriedade da
vacinação contra a varíola para todas as pessoas. A vacina,
desenvolvida pelo médico e naturalista francês Edward Jenner
no século XVIII, já existia no Brasil desde o início do século
XIX (...) O Código de Posturas do Município do Rio de Janeiro,
datado de 1832, já estabelecia a obrigatoriedade da vacinação
de crianças de “qualquer cor” e previa a aplicação de uma
multa em caso de desobediência. (...) O projeto enviado ao
Congresso em 1904 foi aprovado no Senado em 20 de julho e
na Câmara no fim de outubro, tornando-se lei no dia 31 desse
mês. Enfrentou a oposição liderada por Lauro Sodré no Senado
e pelos deputados Barbosa Lima e Alfredo Varela na Câmara.
O Apostolado Positivista do Brasil também se opôs ao projeto
de lei.
Fonte: https://atlas.fgv.br/verbetes/revolta-da-vacina. Acesso em: 07 Jun.
2021.
Pela ameaça de forte repressão, o Congresso, fantasiado de Nero, obriga o povo,
ajoelhado, a aceitar a vacina (Revista da Semana, 2/10/1904; charge com autoria
de difícil identificação)
Motivação para a revolta
“A causa do motim não foi apenas a vacina obrigatória, mas “um acúmulo de pressões sociais, principalmente
sobre a camada mais pobre.” Capital e maior cidade do país à época, o Rio de Janeiro vivia um drástico
aumento populacional, que se refletia nas condições de moradia e saúde. A proliferação de doenças dificultava
a atração de mão de obra estrangeira, após a abolição da escravatura, e os problemas de infraestrutura da área
portuária eram um entrave ao escoamento do café. A soma desses fatores motivou uma intensa reorganização
urbana no centro, capitaneada pelo prefeito Pereira Passos, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves.
Inspirado na arquitetura neoclássica de Paris e Buenos Aires, ele autorizou a demolição de cortiços sem
indenização aos moradores, que foram “empurrados” para os morros e regiões periféricas da cidade”.
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/10/revolta-da-vacina-116-anos-diferencas-e-semelhancas-com-a-onda-negacionista-atual . Acesso em:
07 Jun. 2021.
Enquanto isso a tática da Saúde pública
O preço da Revolta da Vacina
A recusa da população a aderir às medidas sanitárias levou o governo a enrijecer as normas, permitindo que os agentes
entrassem nas casas mesmo sem a anuência dos moradores. O plano de aplicação da vacina obrigatória contra a varíola,
publicado no jornal A Notícia em 9 de novembro, é considerado o estopim da rebelião. Bondes foram atacados, virados
de ponta-cabeça e queimados pelos manifestantes, que também romperam fiações elétricas, levantaram barricadas,
derrubaram árvores, apedrejaram carros. Após uma semana de manifestações e repressão, a obrigatoriedade da vacinação
foi retirada. Porém, o custo da “vitória” recaiu sobre a parcela mais pobre. Trinta pessoas morreram e 110 ficaram feridas.
Cerca de 945 manifestantes foram presos na Ilha das Cobras, na Baía de Guanabara, e outros 461 foram deportados para
o Acre. “

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/10/revolta-da-vacina-116-anos-diferencas-e-semelhancas-com-a-onda-negacionista-atual. Acesso em: 07 Jun. 2021.


Convênio de Taubaté
“Acordo firmado no início de 1906, no último ano do governo Rodrigues Alves (1902-1906), pelos presidentes dos estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na cidade de Taubaté (SP), com o objetivo de pôr em prática um plano de valorização do café,
garantindo o preço do produto por meio da compra, pelo governo federal, do excedente da produção. Aprovado pelo Congresso,
transformou-se no Decreto nº 1.489, de 6 de agosto do mesmo ano.

A política de valorização do café seria operacionalizada por meio dos seguintes mecanismos: a) o governo interviria no mercado
comprando os excedentes, propiciando assim o equilíbrio entre procura e oferta; b) em virtude da debilidade das contas nacionais, o
financiamento para essas compras e para a manutenção dos estoques seria realizado, especialmente, com empréstimos estrangeiros; c)
uma Caixa de Conversão seria criada para estabilizar o câmbio em um nível remunerador; o empréstimo externo serviria de lastro à
Caixa, que emitiria papel-moeda destinado à compra do café; d) um novo imposto, a princípio de 3 e depois de 5 francos, seria
cobrado sobre cada saca de café exportada para pagar o serviço da dívida externa resultante; e) para solucionar o problema no longo
prazo, os governos dos estados produtores deveriam adotar medidas para diminuir a expansão dos cafezais.

Fonte: https://atlas.fgv.br/verbetes/convenio-de-taubate. Acesso em: 15 Jun. 2021.


LEI Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º A Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre
História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta
dos negros no Brasil, a cultura negrabrasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm.
Apresentação

“Rebelião ocorrida na Marinha brasileira entre 22 e 27 de novembro de 1910, em


protesto contra os castigos físicos que os militares de baixa patente recebiam. Desde
o Império, os marinheiros brasileiros eram quase todos negros ou mulatos recrutados
pela polícia e comandados por oficiais brancos. De acordo com seu código
disciplinar, não podiam se casar, e as faltas graves eram punidas com “vinte e cinco
chibatadas, no mínimo”. Com a Proclamação da República em 1989 a punição foi
extinta, mas foi reabilitada um ano depois, embora fosse considerada degradante
porque toda a tripulação deveria assistir ao castigo, reunida no convés dos navios”.
Campanha Presidencial
A campanha presidencial de 1910, que colocou frente a frente os candidatos Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca e
Ruy Barbosa de Oliveira, esteve mergulhada em circunstâncias diferenciadas do que acontecera até então. Pela primeira
vez em um pleito dessa natureza, ainda durante a chamada Primeira República, a presença de um candidato civil, Ruy
Barbosa, opondo-se a de um militar, Hermes da Fonseca, mobilizou paixões, conforme observam estudiosos dessa
matéria. (...) No jornal Correio da Manhã, que circulava na cidade do Rio de Janeiro agitando “o espírito público”, o
ainda candidato Hermes Rodrigues da Fonseca (sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca) apresentou propostas para
um futuro governo. Entre elas, estava a defesa do soldado cidadão – uma espécie de “salvador da pátria”. Era a
idealização simbólica de um militar que, no 15 de Novembro, interveio na política nacional para defender os interesses
dos brasileiros. Fundamentado nessa concepção (do soldado-cidadão), o novo governo almejava “inserir no imaginário
popular o juízo de que o Exército era o povo em armas e, portanto, não era uma desonra para o povo a República ter
sido feita pelas mãos dos militares, justificando, com isso, 1889”, segundo a historiadora Ethiene Cristina Moura Costa
Soares.

Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/11831-a-revolta-da-chibata. Acesso em:


14 Jun. 2021.
Quem era “Almirante Negro”
“Filho de escravos, nascido nove anos depois da lei do Ventre Livre (que não considerava
cativos os filhos de escravos nascidos a partir dali) numa fazenda em Encruzilhada do
Sul, interior gaúcho, entrou para a Marinha aos 14 anos, onde teve carreira exemplar.
Durante 15 anos navegou pelas águas doces e salgadas de todo o Brasil, (...) foi instrutor
de marujos iniciantes, encharcou-se das paisagens exuberantes, das realidades sociais e
suas contradições, conheceu personagens e episódios políticos importantes – até ser
expulso da corporação, por causa da rebelião de que participou com destaque, nas águas
da Guanabara, defendendo a dignidade da condição humana. Ao explicar as origens da
Revolta da Chibata, o próprio João Cândido, (...) “A revolta nasceu dos próprios
marinheiros para combater os maus-tratos e a má alimentação da Marinha e acabar
definitivamente com a chibata. E o caso era esse. Nós que vínhamos da Europa, em
contato com outras marinhas, não podíamos admitir que na Marinha brasileira ainda o
homem tirasse a camisa para ser chibatado por outro homem”.
Fonte:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-quem-foi-joao-candido
-o-almirante-negro.phtml
. Acesso em: 14 Jun. 2021.
Resistências - “cor e história”
“Pouco mais de duas décadas desde o fim da escravidão no Brasil, o cenário encontrado no país era de extrema desigualdade.
Os altos cargos de poder estavam reservados a uma burguesia majoritariamente branca. Na Marinha não era diferente.
Nascimento afirma que, apesar de não haver um registro por cor, as pesquisas revelam que parte substancial dos marinheiros de
baixa patente, entre cabos e sargentos, era de homens negros; enquanto o oficialato era representado por homens brancos. A
reprodução do racismo foi pano de fundo para uma manifestação popular que tentava mudar essa realidade. “No Brasil, havia
uma cultura, como ainda há — reservadas as devidas diferenças — escravocrata, de castigos corporais físicos sob uma pessoa
que é vista como inferior a outra que é superior e, por isso, pode bater em pessoas. E a questão da escravidão aqui tem cor. Tem
uma origem. Nessa hora, nós vemos o racismo novamente persistir”, afirma o professor”.
Fonte:https://www.brasildefato.com.br/2019/11/22/revolta-da-chibata-109-anos-de-um-levante-contra-o-racismo-nas-forcas-armadas/. Acesso em: 14 Jun.
2021.
Arquivo Geral do Rio de Janeiro
Carta dos marinheiros ao Governo
Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910

Il.mo e Ex.mo Sr. Presidente da República Brasileira

Cumpre-nos comunicar a V. Ex.a, como Chefe da Nação brasileira:

Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha brasileira, a falta de
proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado
povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais têm sido os causadores
da Marinha brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como
cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Ex.a faça aos marinheiros brasileiros
possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que
venham engrandecer a Marinha brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir à Nação
brasileira. Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos
semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que
não têm competência para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha. Tem V. Ex.a o
prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada.

Bordo do encouraçado São Paulo, em 22 de novembro de 1910.


Um tiro de canhão, de advertência, chegou a ser disparado. Atingiu
um cortiço e matou duas crianças. Enquanto parte da população
fugia apavorada, a outra parte, curiosa, corria para o cais, para
assistir ao vaivém dos navios. Pressionado por políticos da oposição,
o recém-empossado presidente da República, o marechal Hermes da
Fonseca, aceitou as condições e pôs fim à rebelião. "João Cândido e
os outros marujos, até então anônimos e subalternos, viraram notícia
e obrigaram os poderosos a ceder. Durante cinco dias, a capital do
Brasil esteve sob sua posse e, na medida em que conquistaram seu
principal objetivo, que era o fim dos castigos corporais, saíram
vitoriosos", afirma o historiador Marco Morel, professor da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), organizador do
livro A Revolta da Chibata (2016), escrito pelo seu avô, Edmar
Morel, e autor do livro João Cândido - A Luta pelos Direitos
Humanos (2008).

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50680851. Acesso em: 15


Imagem de Domínio Público
Jun. 2021.
.

Imagem de Domínio Público


Desfecho da Revolta da Chibata
“Dos 2.379 marujos revoltosos, 1.216 foram expulsos da Marinha. Outros 600 foram presos e 105 obrigados a
embarcar nos porões do navio Satélite, rumo à Amazônia, para trabalhos forçados na produção da borracha.
Catorze deles nunca chegaram ao destino. Foram fuzilados durante a viagem e tiveram seus corpos jogados ao
mar.(...) João Cândido foi preso, interrogado e, às vésperas do Natal de 1910, levado para a Fortaleza de São José,
na Ilha das Cobras (RJ), onde ficava o Batalhão Naval. Em um calabouço onde só cabiam seis prisioneiros, dividiu
a solitária com 17 companheiros. Ali, os marujos ficaram por três dias, sem ter o que comer ou beber e debaixo de
um sol escaldante. Sob o pretexto de desinfetar a cela, imunda de fezes e urina, os carcereiros jogaram cal lá
dentro. Apenas dois dos 18 encarcerados sobreviveram: João Cândido e João Avelino Lira, de 26 anos. Os demais
morreram de fome ou de asfixia. A odisséia de João Cândido não terminou ali. Em abril de 1911, foi mandado para
o Hospital Nacional dos Alienados, onde permaneceu por dois meses. Logo, o diretor da instituição, Juliano
Moreira, atestou que, de louco, João não tinha nada. Liberado, voltou à prisão, onde sobreviveu a uma tentativa de
assassinato. Um ano e meio depois, no dia 29 de novembro de 1912, foi levado a julgamento. Apesar de absolvido
das acusações, foi expulso da Marinha. O apelido de "Almirante Negro" quem lhe deu foi o escritor João do Rio,
que trabalhava no jornal Gazeta de Notícias”.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50680851. Acesso em: 15 Jun. 2021.
Apresentação
Conflito militar misturada com messianismo na região do Sul do Brasil no
século XX, no período do Governo Hermes da Fonseca (1912-14) e
Venceslau Brás (1914-1916). Envolvendo proprietários de terra e
representantes do Estado (Gov. Federal e Estaduais) que durou de outubro de
1912 a agosto de 1916. E o conflito uma das razões é por conta dos limites
territoriais dos Estados de Santa Catarina e Paraná, que ocasionou o nome
“Contestado”.
O início das desavenças entre os Estados de Santa Catarina
e Paraná se deu em 1853, o Paraná se desmembra de São
Paulo e recebia a incerteza de seus limites com o estado
catarinense. Santa Catarina reivindicava os campos de
Palmas e outras áreas como suas. O território em disputa
ficou conhecido como Contestado e compreendia uma área
de 48.000 km², tendo ao sul o rio Canoas, ao Norte o rio
Uruguai, a leste os rios Negros e Iguaçu e a oeste a Serra
Geral. Região rica no cultivo da erva-mate, pinheiros e
imbuias centenárias.
Fonte:
https://riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/3012/FABIO_HENRIQUE_NUNES_D
A_SILVA-%5B46752-11301-1-697089%5D44647-46752AD6_versao_final_publicac
ao__FABIO_HENRIQUE_NUNES_DA_SILVA_POS_DEFESA%20%281%29.pdf?s
equence=1&isAllowed=y
.
Ocasiões que levaram à Revolta
Disputas pela exploração dos ervais -
concessões de estados e municípios;

Disputas eleitorais entre os coronéis da


Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande
região pelos domínios políticos nos
(EFSPRG) - Brazil Railway Company.
municípios

Espírito guerreiro do caboclo pardo Messianismo, misticismo e


(REV. Farroupilha) fanatismo da população cabocla;
Loureiro. Parana-Santa Catharina. O malho, 1914. Rio de
Janeiro. Acervo Digital da Biblioteca Nacional.
Loureiro. Uma entrevista. O malho, 1914. Rio de
Janeiro. Acervo Digital da Biblioteca Nacional.
Os Messias do Contestado
A participação de indivíduos autodenominados “monges” é importante para entender o conflito. Pouco se sabe sobre o
primeiro deles, João Maria, que ganhou notoriedade atendendo doentes. Correntes históricas chegam a apontar mais de um.
Sua fama fez com que inúmeros boatos adotassem o mesmo nome. Historiadores paranaenses falam em três monges: João
Maria, que traz a fé (uma espécie de catolicismo popular); e dois com o nome de José Maria. O primeiro (se é que existiu,
pois há dúvidas) traz a política, e o segundo, seguindo as pesquisas de Hebe Matos, os prepara para a guerra. No município
catarinense de Campos Novos, na esteira dos acontecimentos, surgiu um caboclo de aspecto humilde, José Maria (1889/1912),
nascido Miguel Lucena de Boaventura), que dizia ser irmão do antigo “monge” João Maria. De acordo com os estudos de
Hebe Matos, pregava a fé em São Sebastião. Em torno dele, cresceram e se espalharam boatos de curas. Passou a ser visto
como um homem santo que salvava vidas tratando os enfermos com ervas diversas. Numa espécie de farmácia, atendia a
todos que o procuravam. Nada cobrava daqueles desprovidos de recursos. Pesquisas informam que era letrado, metódico e
organizado. Para Hebe Matos, o movimento que o “monge” viria a liderar aglutinou camponeses que migravam procurando
terras livres.

Fonte: http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/11064-a-guerra-do-contestado. Acesso em: 22 Jun. 2021.


Jogos de poder
A guerra desencadeada pelos governos federal e estadual foi contra o caboclo que habitava a região do Contestado.
Estudos recentes consideram que os caboclos demonstraram consciência quanto ao favorecimento recebido por
empresas estrangeiras, ao enfrentarem a situação que lhes era imposta – desocupação das terras para a passagem da
ferrovia. Havia muito em jogo. Interesses e poder. Os estados de Santa Catarina e do Paraná travavam uma disputa
territorial. Crescia no campo a concentração de gente pobre e sem lar, inclusive posseiros e colonos expulsos de suas
casas para a construção da estrada de ferro. A crise alimentava a forte religiosidade popular, criando comunidades
autônomas, cuja mera existência desafiava o coronelismo vigente. Tais pontos vão além das características locais ou
regionais, como no caso do Contestado. São aspectos que estiveram presentes, e de alguma forma ainda estão, no Brasil
e em boa parte da América Latina. A expulsão de caboclos pobres da região englobava intenções que tratavam do
branqueamento pretendido para o Brasil (de acordo com as teorias propostas por Gobineau e Chamberlain, ainda nos
derradeiros anos do século XIX). Nas décadas posteriores, a política de ocupação das terras do planalto meridional por
imigrantes europeus, iniciada ainda em tempos monárquicos, consolidaria o processo de branqueamento.

Fonte:http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/11064-a-guerra-do-contestado. Acesso em: 22 Jun. 2021.


O Desfecho do Contestado
Os embates duraram quatro anos (1912 a 1916), envolvendo os sertanejos do planalto
catarinense (Lages, Curitibanos, Campos Novos e Canoinhas) e os ervateiros dos
vales dos rios Iguaçu e Negro, contra as forças militares dos soldados do exército,
além das mais de 2 mil praças das polícias do Paraná e de Santa Catarina. O
confronto deixou um saldo de mais de 5 mil mortos e feridos entre os caboclos. Seu
último líder, Deodato Manuel Ramos, foi preso em agosto de 1916, marcando o fim
da Guerra do Contestado. O episódio, em que os sertanejos terminaram derrotados e
sem sua cidade, revelou as condições de luta pela terra no país no início do século 20.
Fonte:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-guerra-do-contestado-maior-conflito-brasileiro-do-s
eculo-20.phtml
. 22 Jun. 2021.
Apresentação
Importante ser destacado sobre o período é o crescimento de imigrantes europeus nos anos 1910
a 1920 que vieram ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café, especificamente no Vale do
Paraíba (SP-RJ). Porém, as péssimas condições de trabalhos, salariais, analogo a escravidão,
entre outras; foram construidas formas de resistencias e a influência de movimentos sociais
inspiradas na Rev. Industrial. Vamos trabalhar sobre os movimentos sociais da Cidade e as
ideologias ao olhar na História.
Construção do Movimento Operário
Em plena República Velha, São Paulo ficou marcada por três importantes aspectos: os
comerciantes de café, negros libertos em 1888 e a cidade foi inundada pelas massas
imigratórias vindas da Europa, principalmente espanhóis e italianos. Onde esses fatores
levam a inspiração aos movimentos políticos na Europa como - Anarcossindicalismo,
Comunismo e Anarquismo dentro do cenário caótico de tensões políticas e Primeira
Guerra Mundial, Revolução Russa (1917).
Ao mesmo tempo, essa era uma época em que a ideologia comunista ainda
não era muito difundida no Brasil. Ao contrário, a esquerda grevista e
revolucionária era radicalmente influenciada pelas vertentes do anarquismo,
que, ao contrário do unitarismo estadista dos comunistas, visava à autogestão
e à tomada dos espaços de trabalho a partir da ação direta. O movimento
operário em São Paulo era extremamente articulado. Era impossível ignorar
suas demandas no balanceamento da situação econômica do país, apesar do
governo e dos empresários não abrirem mão dos privilégios. (...) Antes da
famosa Greve Geral (ou seja, a paralisação do trabalho em rede entre as
forças produtivas articuladas em defesa de uma pauta geral, encerrando a
produção do máximo de setores possível), as grandes cidades já vinham
passando por paralisações significativas.

Fonte:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/greve-geral-de-19
17-quando-sao-paulo-fez-o-brasil-parar.phtml
. Acesso em 23 Jun. 2021.
O que é o Anarquismo?
A palavra “anarquismo” tem origem na palavra grega anarkhia, que significa “ausência
de governo”. O anarquismo é uma corrente de pensamento, uma teoria e ideologia
política que não acredita em nenhuma forma de dominação – inclusive a do Estado sobre
a população – ou de hierarquia e prega a cultura da autogestão e da coletividade.
liberdade individual e coletiva, para o desenvolvimento de pensamento crítico e todas as
capacidades individuais das pessoas; Valores: igualdade – em termos econômicos,
políticos e sociais, valor que inclui questões de gênero e raça, solidariedade – a teoria
anarquista só tem sentido se há entre as pessoas apoio mútuo, com colaboração e espírito
de coletividade. O anarquismo critica principalmente exploração econômica do sistema
capitalista e o que chama de dominação político-burocrática e da coação física do
Estado. Os anarquistas não buscam uma revolução política, mas uma revolução social,
que parta da maioria da população, dos trabalhadores, da classe que sofre alguma forma
de dominação. Sua ideia principal é a horizontalidade: um território em que não exista
Estado, nem hierarquia e em que a população faça a autogestão da vida coletiva.

Fonte: https://www.politize.com.br/anarquismo/. Acesso em: 23 Jun. 2021.


O Anarcossindicalismo e o Urbano
Ao longo de sua história, o anarquismo articulou-se de várias maneiras. O desdobramento conhecido como anarcossindicalismo
foi o que contagiou a massa de trabalhadores urbanos brasileiros no período da República Velha. O anarcossindicalismo chegou ao
Brasil principalmente por meio de imigrantes italianos, que já possuíam contato com as formas de organização dos sindicatos
anarquistas europeus, que possuíam líderes como o italiano Errico Malatesta. A entrada das ideias anarco sindicalistas no Brasil
coincidiu com a formação de centros urbanos, como o de São Paulo, em que várias fábricas passavam a ser montadas, recebendo
assim uma quantidade considerável de trabalhadores. Desde o século XIX, havia partidos operários no Brasil, entretanto foi com o
anarquismo que começaram as grandes pressões contra o empresariado. A principal arma dos anarquistas era a greve geral. Por
meio desse instrumento, os anarquistas tinham por meta uma transformação radical da sociedade, ansiando eliminar a estrutura
governamental, como sintetizou o historiador Boris Fausto, na sua História do Brasil.

Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/anarquismo-na-republica-velha.htm. Acesso em : 23 Jun. 2021.


jornal A Capital do dia 11/07/1917
Em julho de 1917, o clima político estava tenso. O Brasil participava da Primeira Guerra e a Rússia passava por
uma revolução. No interior do Brasil, a exploração do trabalho chegava a níveis desumanos e a ideia de articulação
de uma grave geral era muito disseminada. Pautas como a melhoria no ambiente de trabalho, a diminuição da
jornada, o fim da exploração infantil nas fábricas e a formulação de direitos trabalhistas a partir da liberdade
sindical fomentavam entre operários anarquistas a necessidade de articular uma paralização a nível, no mínimo,
metropolitano. O início da greve é marcado pela data 9 de julho. Nesse dia, operários protestavam na frente da
fábrica Mariângela, no Brás, em São Paulo, por aumento de salário. Uma carga de cavalaria foi lançada sobre os
trabalhadores, resultando na morte do anarquista espanhol José Martinez. Chocados, os manifestantes velaram
Martinez sob um forte sentimento de revolta. Dada a situação, os trabalhadores da fábrica Cotonífero Crespi
chamaram assembleia e declararam greve, sendo acompanhados por uma série de outras unidades que, em rede,
articularam rapidamente a Greve Geral.

Fonte:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/greve-geral-de-1917-quando-sao-paulo-fez-o-brasil-para
r.phtml
. Acesso em: 23 Jun. 2021.
Desfecho da Greve
Em 16 de julho - mais de um mês após o início da paralisação no Cotonifício Crespi - um acordo entre
autoridades, organizações trabalhistas e industriais, mediado por jornalistas, pôs fim à greve em São Paulo.
Mais ainda não era o fim da greve geral. "Só em São Paulo a greve de fato terminou com uma negociação
única. No Rio e em Porto Alegre, os movimentos tiveram dimensões gerais, mas só terminaram na medida
em que cada setor chegava a um acordo com seu patronato. O ritmo de saída da greve foi aos poucos, assim
como a adesão", explica Batalha.
Segundo Biondi, até mesmo na cidade de São Paulo ainda havia categorias entrando em greve no dia 18 de
julho, como os pedreiros. Parte dos empresários se recusava a assinar os acordos e queria negociar condições
diretamente com os funcionários. Mesmo com a assinatura dos acordos, a consolidação dos direitos só viria
em 1943, durante o regime de Getúlio Vargas.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39740614. Acesso em: 23 Jun. 2021.


Apresentação
Movimento político-militar, baseado em uma série de rebeliões de jovens oficiais de baixa e
média patente do Exército Brasileiro (tenentes), de camadas médias urbanas, que estavam
insatisfeitos com o governo da República Oligárquica no início da década de 1920 no Brasil. As
revoltas iniciaram no governo de Epitácio Pessoa (1919-1922) conhecido como ''o patativa''.
Tiveram três movimentos tenentistas (ondas): a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922,
a Revolta Paulista de 1924, Comuna de Manaus de 1924 e a Coluna Prestes entre os anos de 1925
e 1927.
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

Ao iniciar-se a década de 20, a situação social e política torna-se explosiva. O ano de 1922 é significativo
dentro desse contexto, houve três acontecimentos importantes nesse ano, que marcam bem o clima do país. A
fundação do PCB empolgado o nascente movimento operário no Brasil; a Semana de Arte Moderna, que
desencadeia um processo de questionamento dos padrões culturais e artísticos do Brasil; e finalmente, a
eclosão do movimento tenentista. Fonte: FGV
Quem eram os sujeitos?!
Neste contexto (entre 1914-1930) foram os anos de crise econômica (café), imigração estrangeira,
crescimento industrial. Entretanto na década de 1920, ocorreu a “eclosão de vários movimentos
tenentistas (...), os oficiais de baixa patente formavam boa parte do corpo de oficiais de baixa patente
formavam boa parte do corpo de oficiais - 65,1% eram segundos-tenentes ou primeiros-tenentes e
21,3% eram capitães. (...) Acreditavam que o Brasil precisavam de um governo central para intervir
na economia (...) Eram liberais em temas sociais e autoritários na política. E agiam na cena pública
como militares: estavam dispostos a proteger o país e a destruir o poder das oligarquias regionais,
(...)”
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma Biografia. 2° ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p.
347.
Luiz Carlos Prestes Antonio Campos Ernesto Geisel
Revoluções e a Coluna Prestes
● Os “18 de copacabana de 1922”
● Bombas sobre a cidade de São Paulo em 1924 - recado aos revoltosos e aos
grupos envolvidos.
● Levantes em Manaus de 1924 - Governo local aos moldes socialistas nacionalista
● Coluna Prestes - marcha pelo interior do Brasil para a mobilização das
populações contra as práticas dos cafeicultores e coronéis. Formada por
aproximadamente 1000 homens.
● Exílio na Bolívia (1927) - Escapar do Governo
Desfecho da revolta
Os tenentes pagam o tributo dessa falha na sua ideologia, não conseguindo o apoio que precisavam para obter sucesso na sua
“Revolução”. Fato disso, que em 1930, quando ocorre uma grande aliança entre diferentes grupos da vida política brasileira
– tenentismo, políticos dissidentes e a população civil - , a Aliança consegue através de um golpe militar derrubar o governo
e Getúlio Vargas assumir a Presidência. Mas apesar da ideologia tenentista ter sido difusa, o movimento tenentista conseguiu
grande popularidade junto aos políticos dissidentes e as camadas médias urbanas e rurais. Seu prestigio junto à opinião
pública era notório e foi utilizado com muita habilidade por Getúlio Vargas, na campanha da Aliança Liberal e
posteriormente no seu governo. O tenentismo lançouse como movimento de vanguarda na Crise da República Velha e
germinou no seio da população brasileira, o sentimento de que algo devia ser feito. Principalmente com a Coluna Prestes,
que percorreu quase todo o Brasil, o tenentismo levou às populações rurais e urbanas o ideal de uma revolução possível.

Fonte: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/60059/cleber_barros.pdf?sequence=1&isAllowed=y.

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