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PRIMEIRA REPÚBLICA

A “República Velha”, 1889-1930


Benedito Calixto, Proclamação da República, 1893.
Onde está o povo na imagem?
Características gerais do pós-proclamação
 Diferentes projetos de República em 1889
 Republicano liberal (cafeicultores) – estado descentralizado: autonomia para os
estados e as oligarquias locais, com enfraquecimento do poder presidencial;
 Republicano jacobino (baixa classe média e intelectuais) – defesa de um poder
executivo forte, se necessário ditatorial, para garantir o bem da nação;
 Republicano positivista (Exército) – progresso da nação (tecnológico, econômico,
etc.) proporcionado pela ordem social;
 Exclusão do povo mais pobre da vida política
 Quem proclamou a República não foram as grandes massas do povo, mas a elite
política e econômica;
 Derrubada de Dom Pedro II pela aliança entre cafeicultores e
exército: poder econômico se aliando com o poder militar;
 Governo provisório sob o comando militar para promover a ordem e
garantir a segurança do novo regime;
“República da Espada” – Governo Deodoro
da Fonseca (1889-1891)
 Medidas principais do governo provisório de Deodoro da Fonseca:
 Extinção das instituições imperiais: Senado vitalício e Assembleias Legislativas;
 Convocação de eleições para a Assembleia Constituinte: escrita de uma nova
Constituição para o país;
 Banimento da família imperial: evitar o retorno do sistema monárquico;
 Separação entre Estado e Igreja: garantia de que o governo não teria influências
vindas da religião;
 Naturalização dos estrangeiros: legitimação do regime junto a essa grande parcela
social;
 Novas medidas econômicas para buscar o desenvolvimento:
 Facilitação da criação de sociedades anônimas (empresas) e emissão de papel-
moeda sem lastro, em busca de criação de novas indústrias: aumento do crédito
possibilita o aumento dos investimentos;
 Resultado: geração de inflação e febre especulativa, com falência de indústrias e
desemprego: Crise do encilhamento!
 Formulação de nova Constituição (1891):
 Baseada na Constituição dos Estados Unidos
 República federativa: autonomia dos estados
 Divisão dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário): FIM DO PODER
MODERADOR
 Voto universal masculino, alfabetizados, maiores de 21 anos. EXCLUDENTE! Quem
era alfabetizado na época?
 Governo Deodoro da Fonseca marcado por suas posições autoritárias:
 Tentativa de impor suas decisões nos estados, passando por cima dos oligarcas
estaduais;
 Isso causa um conflito entre Deodoro da Fonseca e os cafeicultores:
 Decretação de estado de sítio pelo presidente: permite que ele governe por
decreto, sem passar pela Assembleia Legislativa (GOLPE);
 Resistência ao golpe até mesmo por parte de militares centrados em torno de seu
vice, Floriano Peixoto;
 Renúncia de Deodoro da Fonseca pela falta de apoio e início do
governo Floriano Peixoto;
“REPÚBLICA DA ESPADA” – GOVERNO FLORIANO
PEIXOTO (1891-1894)

 Diversas revoltas em seu governo


 Revolução Federalista
 Partido Federalista se rebela contra a considerada excessiva centralização política no
estado do Rio Grande do Sul;
 Floriano Peixoto defende o governador do Rio Grande do Sul;
 Apoio aos federalistas pelos opositores de Floriano Peixoto e ampliação nacional do
conflito;
 Revolta da Armada
 Revolta de oficiais da Marinha descontentes com Floriano Peixoto: posse de alguns
navios e bombardeio da cidade do Rio de Janeiro;
 União das duas revoltas em Santa Catarina em 1893: ambas estavam contra o
presidente;
 Floriano Peixoto vence as revoltas e apoiadores renomeiam a cidade de Desterro, então
capital de Santa Catarina, como Florianópolis (Cidade de Floriano);
Esq.: Mal. Deodoro da Fonseca. Dir.: Mal. Floriano Peixoto
TRANSIÇÃO PARA O PODER CIVIL – PRUDENTE DE
MORAIS (1894-1898)

 Constituição de 1891 redigida de acordo com o projeto liberal dos


cafeicultores – autonomia dos estados frente ao governo central;
 Derrota dos projetos jacobino e positivista ligado à falta de base
social – mas não significa que eles não tenham influenciado em certa
medida a nova constituição; Prudente de Morais
(1891-1898), primeiro
 Projeto de república liberal era pouco democrático e excludente – presidente civil.
poucos votavam (cerca de 5% da população) e a votação não era
secreta (sujeita a fraudes);
 Insatisfação social das classes mais baixas para com a nova República
– abandono por parte do governo central e autoritarismo;
GUERRA DE CANUDOS (1896-1897)
 Motivos: Situação fundiária (concentração da posse das terras) nas
mãos das elites e abandono das populações humildes pelo governo
republicano;
 Devido a esse abandono, e uma crença de que esses males eram
causados pela nascente República, há a disseminação do
messianismo, do milenarismo e do sebastianismo na região;
 Fundação da cidade de Belo Monte, no sertão da Bahia, por Antônio
Conselheiro – alternativa frente à exploração dos sertanejos;
 Aumento da população do Arraial de Canudos devido à influência de Conselheiro:
pico de 30 mil pessoas;
 Associação do movimento com monarquismo mobilizava a intervenção
do governo central: elites locais desejavam ajuda governamental com
medo do crescimento do poder de Conselheiro;
 Três expedições militares: as duas primeiras fracassam e a terceira
inicia um longo cerco que arrasa com o povoado;
 Apagamento da memória: represamento do Vaza Barris em 1968 – o
que não é visto não é lembrado;
Esq.: Casa e camponês típicos de Canudos. Dir.: Canhão usado no cerco do arraial
APOGEU DA ORDEM OLIGÁRQUICA (1898-
1914)
 Oligarquia: governo de poucos;
 Época marcada pelo governo sendo exercido pelos fazendeiros do
café: poder político conjugado com o poder econômico;
 Café era o principal produto de exportação do país: mais de 50% das
vendas;
 Ao mesmo tempo, tem início a longa crise dos preços do café:
 Aumento da oferta do produto -> diminuição dos preços;
 Convênio de Taubaté (1906): intervenção do Estado para elevar os
preços e garantir os lucros:
 O governo compraria a produção excedente, inflando artificialmente os preços e
beneficiando os cafeicultores;
 Em resumo, os cafeicultores utilizavam dos recursos do Estado para
compensar as perdas nas vendas do café:
 Empréstimos, corte de gastos públicos, aumento de impostos...
 Ciclo da borracha: aumento do preço da borracha
internacionalmente leva a uma corrida pela exploração de
seringueiras na selva amazônica;
 Era de Ouro de Manaus: abertura de teatros, óperas, palacetes, etc.,
proporcionado pela exploração da borracha;
 Conflito com a Bolívia: brasileiros invadem o que hoje é o Acre, então território
boliviano: compra do Acre em 1903;
 Políticas oligárquicas:
 Aliança entre SP e MG para dividir o poder político: o primeiro tinha o poder
econômico, o segundo o poder eleitoral: Política do Café com Leite;
 Criação da Política dos Governadores no Governo Campos Sales (1892-1902):
 Acordo entre o presidente da República e os governadores estaduais: coronéis
locais ajudavam a compor um Congresso favorável ao presidente enquanto o
presidente não interferisse na política interna dos estados;
 Fraudes eleitorais garantiam a continuidade da política: clientelismo (troca de
favores entre o coronel e os eleitores); voto não-secreto; fraudes na contagem dos
votos;
 Caracterização de um “curral eleitoral”: voto de cabresto, em que o coronel
guiava o voto dos eleitores para onde quisesse;
 Todas essas políticas visavam a manutenção da ordem vigente;
LUTAS SOCIAIS
 Reconstrução do Rio de Janeiro – a Reforma Pereira Passos (1902-1906)
 Centro do Rio de Janeiro era permeado por cortiços: habitações precárias e
coletivas, utilizadas principalmente pela população pobre da cidade;
 Ideário higienista da época atribuía a eles as doenças e as epidemias da cidade;
 Demolição dessas moradias para a construção de largas avenidas, bulevares,
palacetes – BOTA-ABAIXO! Francisco Pereira
 Expulsão da população pobre para os morros periféricos: surgimento das primeiras Passos, prefeito do Rio
favelas cariocas. de Janeiro (1902-1906)
 A Revolta da Vacina (1904)
 Ainda no Rio de Janeiro: vacinação forçada contra a varíola causa revoltas na
população pobre da cidade;
 População estava perdendo suas casas e ao mesmo tempo sendo forçada a ser
vacinada;
 Mescla do autoritarismo das elites com o higienismo;
 Revolta causa uma pausa na vacinação obrigatória, mas logo depois o governo
federal reinicia a vacinação e erradica a doença na cidade;
Bonde virado nas ruas do Rio de Janeiro, Revolta da Vacina (Novembro de 1904)
 Revolta da Chibata (1910)
 Poder econômico e militar proporcionado pelo café: o Brasil tinha, em
1910, dois dos navios de guerra mais poderosos do mundo: os encouraçados
Minas Gerais e São Paulo;
 Ao mesmo tempo, a Marinha ainda mantinha métodos de disciplinamento
típicos da escravidão: punição por açoitamento;
 Marinheiros desses dois navios, liderados pelo marujo João Cândido, o
“Almirante Negro”, iniciam uma revolta no contra os castigos corporais; Antônio Cândido, o
“Almirante Negro”.
 Revoltosos ameaçam bombardear a cidade do Rio de Janeiro;
 Com medo do poder de fogo dos revoltosos, o governo negocia o fim dos maus
tratos e uma anistia aos marinheiros;
 Após retomar o controle (e os navios), o governo volta atrás e os prende ou
envia para a Amazônia para realizar trabalhos forçados;
 João Cândido morreu quase esquecido em 1969: homenagem na música
“Mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco, censurada pela
Ditadura Militar em 1974.
 Guerra do Contestado (1912-1916)
 Podemos comparar a Guerra do Contestado com Canudos:
 Disputas entre camponeses e senhores de terra em uma região
disputada entre Santa Catarina e Paraná (por isso Contestado);
 Comunidades isoladas e abandonadas pelo governo se voltam para
líderes messiânicos: monges João Maria;
 Messianismo e milenarismo presentes no imaginário do campesinato;
 Criação de uma alternativa ao poder político dos coronéis gerava um
perigo a ser eliminado;
 Massacre das comunidades populares da região pelas tropas do
Exército;
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Região das Guerras de Canudos (1896-1897) e do Contestado


(1912-1916)
Dois lugares opostos no mapa do Brasil, e mesmo assim com características similares.
 Surgimento do Movimento operário (final do século XIX)
 Dinheiro trazido pela venda de café proporciona a abertura de
indústrias no país: diversificação da acumulação de riquezas;
 Crescimento da quantidade de indústrias causa, obviamente, um
aumento da população operária no final do século XIX;
 Donos das fábricas pagavam baixos salários e, somado à constante
elevação do custo de vida, faz com que os trabalhadores fiquem
insatisfeitos com sua condição;
 Surgimento de diversas associações de auxílio mútuo de
trabalhadores e de sindicatos pelo país: início da organização do
operariado;
 Primeiras greves brasileiras são mais localizadas, sem grande
impacto ou adesão da grande massa de trabalhadores fabris;
 Repressão policial: tanto a organização dos trabalhadores quanto
as greves eram consideradas ilegais à época;
 Tudo em nome da “manutenção da ordem”;

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