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HISTÓRIA TURMA: 9º ANO

AULA 01/2023
Objeto de conhecimento: Experiências republicanas e práticas autoritárias: as tensões e
disputas do mundo contemporâneo.
Habilidade: (EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais,
culturais, econômicos políticos da emergência da República no Brasil.

Proclamação da República - HISTÓRIA DO BRASIL

A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi


resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia.
!Havia insatisfação entre os militares com salários e com a carreira, além de eles
exigirem o direito de manifestar suas posições políticas (algo que tinha sido proibido
pela monarquia).!
Havia também descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação
na política da monarquia. Grupos na sociedade começavam a exigir maior participação
pela via eleitoral. A questão abolicionista também somou forças ao movimento
republicano. Esses grupos se uniram em um golpe que derrubou a monarquia e
expulsou a família real do Brasil.

Monarquia em crise

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi o resultado de


um longo processo de crise da monarquia no Brasil. O regime monárquico começou a
entrar em decadência logo após o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, o que resultou
da incapacidade da monarquia de atender aos interesses e as demandas da sociedade
brasileira.
Uma série de novos atores e novas ideias políticas surgiu e ganhou força por meio
do movimento republicano, estruturado oficialmente a partir de 1870, quando foi
lançado o Manifesto Republicano. Ao redor das ideias republicanas, formou-se um
grupo consistente que organizou um golpe contra a monarquia em 1889.
Disputas políticas e a consolidação do Exército como uma instituição profissional
são dois fatores de peso nessa crise da monarquia. A exigência pela modernização do
país fez com que muitos civis e militares enxergassem na república a solução para o
país, uma vez que a monarquia começou a ser considerada como incapaz para as
demandas existentes.

Militares
A insatisfação dos militares está diretamente relacionada com a profissionalização
da corporação. Depois disso, eles começaram a exigir melhorias em sua carreira como
reconhecimento aos serviços prestados no Paraguai. As principais exigências eram
melhorias salariais e no sistema de promoção.
Outra forte insatisfação tem relação com o envolvimento do Exército brasileiro com
a política. Os militares entendiam-se como tutores do Estado brasileiro e, por isso,
queriam ter o direito de manifestar suas opiniões políticas publicamente. Um caso
simbólico aconteceu em 1884, quando o oficial Sena Madureira foi punido por mostrar
apoio aos abolicionistas do Ceará.
A monarquia também procurou censurar os militares, proibindo que eles
manifestassem suas opiniões em jornais e nas corporações militares. Havia também
exigências entre os militares para que o Brasil se convertesse em um país laico.
Internamente, as insatisfações militares se reuniram ao redor da ideologia positivista.
A partir do positivismo, os militares passaram a reivindicar a ideia de que a
modernização que o Brasil necessitava se daria por meio de um governo republicano
ditatorial. Assim, eles acreditavam que era necessário escolher um governante que
fosse conduzir o país no caminho da modernização e, se necessário, esse governante
poderia se afastar das vontades populares.

Política e sociedade
A política no Segundo Reinado sempre foi complicada, sobretudo pela briga
ferrenha entre conservadores e liberais. Essa situação se agravou com a crise de sub-
representação de algumas províncias. Na segunda metade do século XIX, o eixo
econômico do país tinha consolidado sua mudança do Nordeste para o Sudeste.
A província de São Paulo já havia se colocado como o grande centro econômico do
Brasil, mas as elites políticas dessa província se incomodavam pelo fato de que sua
representação na política era pequena. Outras províncias economicamente decadentes,
como o Rio de Janeiro e a Bahia, gozavam de grande representatividade política. Essa
situação indispôs as elites dessa província com a monarquia, e isso nos ajuda a
entender, por exemplo, porque a província de São Paulo teve o maior partido
republicano do Segundo Reinado, o Partido Republicano Paulista (PRP).
Havia também sub-representação da sociedade no sistema político. As cidades
cresciam e novos grupos sociais se estabeleciam. Esses grupos emergentes
demandavam maior participação na política brasileira, e o caminho tomado foi o
inverso. Os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e
os grandes fazendeiros, mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva, em
1881.
Essa lei determinou novos critérios para estipular quem teria direito ao voto e, após
sua aprovação, o número de eleitores no Brasil caiu de 1.114.066 pessoas para
157.296 pessoas|1|. Isso correspondia a apenas 1,5% da população brasileira, ou seja,
as demandas por participação não foram atendidas e a exclusão existente foi ampliada.
Essas novas elites passaram a ocupar os espaços políticos de outras formas e
manifestavam suas opiniões por meio de jornais, associações e manifestações públicas
em defesa de causas como o Estado laico|2|. Essa insatisfação com os problemas da
monarquia, obviamente, reforçou a causa republicana no país.
Em 1870, foi lançado o Manifesto Republicano, documento que criticava a
centralização do poder na monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil (modelo
que dá autonomia às províncias). Esse manifesto também atribuía à monarquia a
responsabilidade dos problemas do país e indicava a república como a solução. O
manifesto foi um norteador do movimento republicano no fim do Império.
Outra causa que reforçou muito o movimento republicano foi a defesa da abolição.
O abolicionismo mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande parte
dos abolicionistas defendia a república.
De forma geral, a socióloga Ângela Alonso resume que a monarquia brasileira se
estruturou no seguinte tripé:
● Participação política restrita;
● Escravismo (e exclusão do elemento africano); e
● Catolicismo como defensor das hierarquias sociais.
As décadas de 1870 e 1880 vieram justamente a questionar esse tripé, pois havia
demandas por maior participação social, o abolicionismo exigia a inserção do negro na
sociedade e o laicismo procurou estabelecer uma sociedade laica.

Proclamação da República
Havia então insatisfações com a monarquia em diferentes camadas da nossa
sociedade. Elites emergentes, militares, políticos, classes populares, escravos eram
todos grupos com críticas à monarquia. Todas essas insatisfações, em algum momento
na década de 1880, tornaram-se uma conspiração.
Ao longo dessa década, as manifestações públicas começaram a se tornar comuns, e
críticas ao imperador cresciam. Um atentado contra o carro do imperador em julho de
1889 motivou o Império a proibir manifestações públicas em defesa da república, mas
o Brasil estava em um caminho sem volta, pois o grupo de insatisfeitos era muito
grande.
Em novembro de 1889, a conspiração estava em curso e contava com nomes como
Aristides Lobo, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Sólon Ribeiro,
entre outros. O que faltava para os conspiradores era a adesão do marechal Deodoro da
Fonseca, um militar influente e primeiro presidente do Clube Militar.
Em 10 de novembro, os defensores do golpe contra a monarquia se reuniram com
Deodoro para convencê-lo a tomar participação no movimento. Nos dias seguintes, os
boatos de que uma conspiração estava em curso começaram a ganhar força e, no dia
14, informações falsas sobre a monarquia começaram a ser anunciadas em público com
o objetivo de arregimentar apoiadores.
O golpe contra a monarquia seguiu no dia 15, quando o marechal Deodoro da
Fonseca e tropas foram até o quartel-general localizado no Campo do Santana. Foi
exigida a demissão do Visconde de Ouro Preto da presidência do gabinete ministerial.
O visconde se demitiu e foi preso por ordem de Deodoro da Fonseca.
Entretanto, o marechal estava à espera de que o imperador fosse organizar um novo
gabinete e, por isso, deu vivas a D. Pedro II e então retornou para seu domicílio. A
derrubada do gabinete não colocou fim aos acontecimentos do dia 15, e as negociações
políticas seguiram. Republicanos decidiram realizar uma sessão extraordinária na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro para que fosse realizada uma solenidade de
Proclamação da República.
A Proclamação da República aconteceu na Câmara, sendo anunciada pelo vereador
José do Patrocínio. Houve celebração nas ruas do Rio de Janeiro, com os envolvidos
na proclamação puxando vivas à república e cantando A Marselhesa (canção
revolucionária produzida durante a Revolução Francesa) nas ruas da capital.
Durante essa sucessão de acontecimentos, foi organizada uma tentativa de
resistência sob a liderança de André Rebouças e Conde d’Eu, marido da Princesa
Isabel, mas essa resistência fracassou. O imperador D. Pedro II permaneceu crente de
que a situação seria facilmente resolvida, mas não foi assim que aconteceu.
Um governo provisório foi formado, o marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado
como presidente do Brasil (o primeiro de nossa história) e outros envolvidos com o
golpe assumiram pastas importantes no governo. A família real foi expulsa no dia 16 de
novembro e, no dia seguinte, embarcaram com seus bens para a cidade de Lisboa, em
Portugal.

Quais foram as consequências?


A Proclamação da República mudou radicalmente a história brasileira. Trocaram-se
os símbolos nacionais e novos heróis, como Tiradentes, foram estabelecidos. Além da
mudança da forma de governo, o Brasil passou a ser uma nação com poder
descentralizado, pois foi implantado o federalismo. Mudanças aconteceram no sistema
eleitoral, pois o critério censitário foi abandonado, e foi estabelecido o sufrágio
universal masculino para homens com mais de 21 anos.
O Brasil se tornou um Estado laico, e o presidencialismo tornou-se o sistema de
governo. A organização da república tomou forma quando foi promulgada uma nova
Constituição no ano de 1889. A década de 1890 ficou marcada por ser um período de
disputa entre republicanos e monarquistas e deodoristas e florianistas.

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/proclamacaodarepublica.htm Acesso em: 13 de nov de 2020.


Aula1
ATIVIDADES

1. A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi


resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia.
Quais eram essas insatisfações e reivindicações destes grupos?

2. Qual foi um dos principais fatores que levou o regime monárquico a entrar em
decadência?

3. Uma série de novos atores e novas ideias políticas surgiu e ganhou força por
meio do movimento republicano, estruturado oficialmente a partir de 1870,
quando foi lançado o

A) Manifesto comunista
B) Manifesto das nações
C) Manifesto republicano
D) Manifesto Monárquic
4. Pesquise nos meios que você tem disponível para que você tenha melhor
compreensão sobre o que foi o Manifesto Republicano. Destaque o que foi este
movimento e qual era o seu principal objetivo.

5. Das alternativas seguir marque (V) para as que forem verdadeiras e (F) para as
falsas. Sobre a emergência da República pode-se dizer que

1. ( ) a partir do positivismo, os militares passaram a reivindicar a ideia de que a


modernização que o Brasil necessitava se daria por meio de um governo
republicano ditatorial.
2. ( ) a política no Segundo Reinado sempre foi complicada, sobretudo pela
disputa entre conservadores e liberais.
3. ( ) na segunda metade do século XIX, o eixo econômico do país tinha
consolidado sua mudança do Sudeste para o Nordeste.
4. ( ) a província de São Paulo já havia se colocado como o grande centro
econômico do Brasil, mas as elites políticas dessa província se incomodavam
pelo fato de que sua representação na política era pequena.
5. ( ) os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores
e os grandes fazendeiros, mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei
Saraiva, em 1881.
6. ( ) o abolicionismo mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande
parte dos abolicionistas eram contra a república.

6. Agora reescreva as frases falsas de forma que elas se tornem verdadeiras.

7. Havia insatisfações com a monarquia em diferentes camadas da nossa sociedade.


Todas essas insatisfações, em algum momento na década de 1880, tornaram-se
uma conspiração. Quais eram os principais grupos com críticas à monarquia?

8. Os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e os


grandes fazendeiros, mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva,
em 1881. Em que consistia essa lei? Atualmente como é a questão do direito ao
voto? Existe semelhança ou diferença nesses direitos?

9. Quais as principais consequências da Proclamação da República.

AULA 02/2023
Objeto de conhecimento: A Proclamação da República e seus primeiros desdobramentos.
Habilidade: (EF09HI02) Caracterizar e compreender os ciclos da história republicana,
identificando particularidades da história local e regional até 1954.

HISTÓRIA DO BRASIL

https://www.youtube.com/watch?v=ADhcPXIcwco
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou marcada
pelo predomínio das oligarquias na política nacional. Esse período encerrou-se em
1930.
A Primeira República é o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a
1930, tendo sido iniciado com a Proclamação da República que aconteceu em 15 de
novembro de 1889 e encerrou-se com a deposição de Washington Luís como
consequência da Revolução de 1930. Esse período é conhecido por muitos como
República Velha, mas entre os historiadores o termo utilizado para referir a esse
período é Primeira República.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, que aconteceu
no dia 15 de novembro de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu pela perda de
apoio político fazendo com que esse regime se tornasse impopular entre as elites do
Brasil. Os militares, insatisfeitos com a monarquia há tempos, e uma parcela da
sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas, organizaram um movimento para
derrubar a monarquia.
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares
destituíram o Visconde de Ouro Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia, as
movimentações políticas levaram José do Patrocínio a proclamar a República na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso marcou o início da Primeira República
Brasileira.

PERIODIZAÇÃO
A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um
período específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é conhecido
como República da Espada. Esse nome se deve ao fato de que os
dois presidentes brasileiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto)
foram militares. A República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira
República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme
estabelece o professor Marcos Napolitano:
● Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das estruturas
políticas e econômicas da Primeira República. Foi assinalado por crises na política
e na economia.
● Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da Primeira
República estava devidamente consolidada. Aqui se definiram políticas como a dos
governadores e do café com leite.
● Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira República
entraram em crise por conta da incorporação de novos atores na política brasileira.
Conflitos entre as oligarquias também contribuíram para o fim da Primeira
República.

CARACTERISTICAS

A Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também


como República Oligárquica e isso porque esse período ficou marcado
pelo predomínio das oligarquias sobre nosso país. As oligarquias eram forças
políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto é, na terra (os oligarcas eram,
em geral, grandes proprietários de terra).
O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser consolidado
a partir de 1894, quando Prudente de Morais foi eleito presidente. A eleição
de Prudente de Morais também marcou o fim do citado período conhecido como
República da Espada. O predomínio das oligarquias resultou em algumas
características que são consideradas grandes marcas da Primeira República.
Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas três
simbolizam o poder das elites agrárias do país manifestado na posse de terras, além de
manifestar o poder dos coronéis sobre as regiões interioranas do Brasil e a troca de
interesse, elemento fundamental para a sustentação das oligarquias no poder.
Outras características muito importantes desse período foram as políticas que
sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil. Aqui estamos falando
da política dos governadores e da política do café com leite. Essas políticas foram
muito importantes, porque reduziram os conflitos entre as oligarquias, mas não
acabaram com eles.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES

A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi
criada durante o governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902.
Foi com a política dos governadores que o funcionamento político brasileiro na
Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi possível realizar
uma aliança entre executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da
seguinte maneira:
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas
no âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo
básico entre a União e os Estados; pôr fim à hostilidade existente entre Executivo e
Legislativo, domesticando a escolha dos deputados.
Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal daria
apoio à oligarquia mais poderosa de cada Estado. Em troca, o governo exigia que cada
oligarquia apoiasse as propostas do Governo Federal no legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do
governo no legislativo. Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo Federal
esperava que os conflitos políticos respingassem o mínimo possível no âmbito federal e
ficassem reduzidos apenas ao âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da
figura do coronel, pois seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos necessários
para eleger os candidatos certos, de acordo com o interesse de cada oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em
determinado candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como “voto de
cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que registravam os votos eram uma
prática comum.

POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE


https://websites.arenamarcas.com.br/educacao/o-que-foi-a-politica-do-cafe-com-leite/

A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à Primeira
República. Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de 1913, com a
assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.
Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos lançados à presidência por
essas duas oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da
República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o
maior produtor de café do Brasil, enquanto Minas Gerais era o maior produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos
historiadores, porque as oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o
funcionamento jogo político desse período não passava exclusivamente por elas, uma
vez que existiam outras oligarquias no país.

ECONOMIA
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande
produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os
cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o que acarretou a
queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou abarrotado com a
mercadoria. Visando a defender seus interesses, os cafeicultores reuniram-se
no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de
sacas de café com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado
internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do preço
do café. Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de 15 milhões
de libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento industrial,
sobretudo no Estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em
parte, financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo
concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o
crescimento industrial resultou no surgimento do movimento operário do Brasil,
sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a Revolução Russa.

DECADÊNCIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA

A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de


novos atores na política nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim.
O desgaste do pacto que mantinha as oligarquias minimamente em paz também
contribuiu para o fim desse período da história brasileira. Na década de 1920, os
tenentistas foram uma força que abalou a estrutura da Primeira República.
Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas
que estavam estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os tenentistas
realizaram uma série de revoltas por todo o país como a Revolta dos 18 do Forte de
Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.
Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado
por tensões sociais que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. Aqui
podemos citar a Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do
Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc.
O estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de 1930.
Naquela ocasião, o presidente Washington Luís resolveu romper com o Pacto de Ouro
Fino e em vez de lançar um candidato mineiro optou por lançar Júlio Prestes,
candidato paulista. Isso desagradou profundamente a oligarquia mineira que se aliou à
oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram Getúlio Vargas como candidato
presidencial.
Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados
com a derrota, começaram a conspirar contra o governo. A desculpa utilizada pelos
membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para iniciar uma revolta armada contra
o governo foi o assassinato de João Pessoa, vice-presidente de Vargas. O assassinato
de João Pessoa, porém, não teve relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e
Vargas.
A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de
outubro de 1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de Washington
Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido de assumir a presidência do país e, em
novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi empossado como presidente provisório
do país. Esse era o fim da Primeira República, e o início da Era Vargas, período que se
estendeu por quinze anos.

Resumo
● A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República em 15 de
novembro de 1930.
● A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 1930, marcou o
fim desse período.
● A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas importantes
desse período.
● A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e República
Oligárquica.
● Outras características importantes desse período foram mandonismo, clientelismo e
coronelismo.
● O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois garantiu os
interesses dos cafeicultores paulistas.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/primeira-republica.htm Acesso em: 13 de
nov de 2020.

ATIVIDADES

1. A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou


marcada pelo predomínio das oligarquias na política nacional. Esse período
encerrou-se em 1930. Esse período pode ser chamado também de

1. República velha.
2. República da Espada.
3. República república oligárquica.
4. Todas as alternativas estão corretas.

2. Durante o período das oligarquias, qualquer tipo de manifestação contra o poder


era fortemente combatido. Entretanto, vários foram os grupos que protestavam
contra os atos do governo e partidos daquela época. Por conta disso, conflitos se
instalavam no momento político brasileiro. Cite alguns destes conflitos.

3. Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases. Preencha o
quadro a seguir o que consistia em cada uma dessas fase, o período e as
principais características de cada fase.

Fase Período Características

4. A política dos governadores e a política do café com leite foram características


muito importantes da Primeira república elas sustentavam as estruturas no âmbito
político do Brasil. Essas políticas foram muito importantes, porque reduziram os
conflitos entre as oligarquias. Faça uma síntese destas duas características
políticas do Brasil da Primeira República, destacando o que foi cada uma delas
seus objetivos e como funcionava.

Leia o texto a seguir para compreender os ciclos da história republicana e suas


particularidades

Regime instaurado com a Proclamação da República


O Brasil República é uma fase da História do Brasil que começou com a
Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, e dura até os dias atuais. O
regime republicano pôs fim ao Antigo Império depois da ação de alguns militares
liderados por Deodoro da Fonseca, que assumiu a presidência do país até que fosse
promulgada uma nova Constituição. Desde que teve início, o Brasil República passou
por cinco diferentes fases: República Velha, Era Vargas, República Populista, Ditadura
Militar e Nova República. Conheça um pouco cada um desses períodos.

FASES DO BRASIL REPÚBLICA

Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por diferentes
governos, incluindo períodos de Ditadura Militar.

REPÚBLICA VELHA (1889 a 1930)

Também chamada de República Oligárquica, a República Velha teve início com


Proclamação da República em 1889. Essa primeira fase do Brasil República foi marcada
pelo domínio político das elites agrárias e ficou dividida em dois períodos:
- República da Espada (1889-1894): durante esses anos o Brasil foi governado pelos
militares Deodoro da Fonseca (1891) e Floriano Peixoto (1891-1894). Por isso o nome
de República da Espada.
- República das Oligarquias (1894-1930): também chamada de Política do Café com
Leite, a política nessa fase foi dominada pelas elites mineira e paulista que se alternavam
no poder. Essa dominação oligárquica só teve fim com a Revolução de 1930. Nesse
período, o Brasil foi governado por: Prudente Moraes (1894-1898); Campos Salles (1898-
1902), Rodrigues Alves (1902-1906), Affonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (1909-
1910), Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914), Wenceslau Bráz (1914-1918),
Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1918-1919), Epitácio Pessoa (1919-1922), Artur
Bernardes (1922-1926), Washington Luiz (1926-1930).
ERA VARGAS (1930-1945)

Iniciada com a Revolução de 1930, que expulsou a oligarquia cafeeira do poder, na


segunda fase do Brasil República o país foi governado por Getúlio Vargas durante 15
anos. A Era Vargas foi dividida em:
- Governo Provisório (1930-1934): nesse período, o presidente Getúlio Vargas
centralizou o poder e eliminou os órgãos legislativos. Em oposição às ações de Vargas,
as oligarquias paulistas exigiram a elaboração de uma Assembleia Constituinte,
originando a chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Vargas derrotou as forças
oposicionistas e, em 1934, promulgou uma nova Constituição que dava maiores poderes
para o Executivo. Assim ele garantiu mais um mandato.
- Governo Constitucional ou Presidencial (1934-1937): no segundo mandato, Getúlio
Vargas manteve a centralização do poder, perseguiu seus oponentes e desarticulou o
movimento comunista brasileiro, cancelou uma eleição prevista para 1937, anulou a
Constituição de 1934, acabou com o Poder Legislativo e passou a governar com amplos
poderes, dando início ao chamado Estado Novo.
- Estado Novo (Regime Ditatorial de 1937-1945): durante a ditadura de Vargas ele impôs
a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu
seus inimigos políticos. Também nesse período Vargas criou a CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho) e publicou os Códigos Penal e de Processo Penal, que ainda hoje
estão em vigor. A Era Vargas chegou ao fim quando o presidente se viu obrigado a
convocar eleições que elegeram Gaspar Dutra.
- República Populista (1945-1964) Essa fase do Brasil república começou com a posse
de Eurico Gaspar Dutra. No mesmo ano houve promulgação da quinta Constituição do
Brasil, que garantia direitos civis e eleições livres. Marcada por fortes tensões políticas e
pela política desenvolvimentista, durante a República Populista, o Brasil foi governado
por: Eurico Gaspar Dutra (1946-1951); Getúlio Vargas (1951-1954); Café Filho (1954-
1955); Carlos Luz (1955); Nereu Ramos (1955-1956); Juscelino Kubitschek (1956-
1960); Jânio Quadros (1961); e João Goulart (1961-1964). Em 1º de 1964, o Golpe
Civil-Militar colocou fim à fase democrática do Brasil, dando início à Ditadura Militar.
- Ditadura Militar (1964-1985) O Regime Militar se instalou no país em abril de 1964.
Durante essa fase do Brasil República, os militares que tomaram o poder cassaram
mandatos políticos, retiraram a estabilidade de funcionários públicos, suspenderam
direitos políticos dos cidadãos, ampliaram a repressão e intensificaram a censura.
Durante 21 anos, o Brasil foi governado por militares que estabeleceram um regime
totalitário e centralizador. Os presidentes desse período foram: Marechal Castelo Branco
(1964-1967); General Costa e Silva (1967-1969); General Médici (1969-1974); General
Ernesto Geisel (1974-1979); General Figueiredo (1979-1985). A Ditadura Militar no
Brasil terminou após campanhas da sociedade brasileira pelas Diretas Já, para realização
de eleições presidenciais.
- Nova República (a partir de 1985) Esse período do Brasil República marcou a
democratização política e a estabilização da economia. O marco da Nova República foi
a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso Nacional. Tancredo morreu antes da posse
e o cargo de presidente foi assumido pelo vice-presidente José Sarney.
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi instituída a república
presidencialista e o Estado Democrático. Um ano depois houve as primeiras eleições
diretas para a presidente, que elegeram Fernando Collor. Em 1992, Collor sofreu um
processo de impeachment e foi afastado do cargo, que foi assumido pelo vice-
presidente Itamar Franco.
Em 1994, houve novas eleições que elegeram Fernando Henrique Cardoso. Ele foi
reeleito em 1998 e permaneceu no poder até o ano de 2002. Seu sucessor foi Luiz
Inácio Lula da Silva, que governou o país até 2009. Já em 2010 o Brasil elegeu a
primeira mulher para a presidência - Dilma Rousseff, reeleita em 2014. Menos de dois
anos do segundo mandato, Dilma Rousseff sofreu um impeachment e a presidência foi
assumida pelo vice-presidente Michel Temer, que permaneceu no poder até 2018.
As eleições presidenciais de 2018 elegeram para presidência o deputado federal Jair
Messias Bolsonaro, que assumiu o Poder no dia 1 de janeiro de 2019. Nessa fase do
Brasil República as eleições presidenciais ocorrem a cada quatro anos. Atualmente o
presidente é eleito pelo voto direto e o cargo eletivo tem direito a uma reeleição.
Os presidentes do Brasil nesse período foram: José Sarney (1985-1990); Fernando
Collor (1990-1992); Itamar Franco (1992-1994); Fernando Henrique Cardoso (1995-
2002); Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010); Dilma Rousseff (2011-2016); Michel
Temer (2016-2018).

Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/brasil-republica Acesso em: 13 de nov de 2020.

ATIVIDADES

5. Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por
diferentes governos, incluindo períodos de Ditadura Militar. A linha do tempo a seguir
representa o período republicano 1889 a atualidade. Preencha a linha do tempo com o
nome de cada uma das fases e o que marcou o início e o fim de cada uma delas, bem
como as principais características.
AULA 03/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do
pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade
brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.

HISTÓRIA DO BRASIL

COMO FICOU A VIDA DAS PESSOAS ESCRAVIZADAS, APÓS A LEI


ÁUREA?

Com a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, aproximadamente 700 mil


pessoas escravizadas conquistaram sua liberdade e enfrentaram novos desafios na
condição de libertos.
A abolição da escravatura, que aconteceu no Brasil em 13 de maio de 1888, foi um
dos acontecimentos mais importantes de nossa história. Esse foi um assunto que
atravessou o debate político no Brasil durante todo o século XIX, e a abolição só
aconteceu por meio de uma campanha popular aliada à resistência das pessoas

escravizadas.
Com a abolição, estas pessoas conquistaram a sua liberdade e seus antigos donos
não receberam nenhum tipo de indenização por isso. Uma pergunta muito importante
que surge desse assunto é: como ficou a vida das pessoas escravizadas, após a Lei
Áurea? Assim, neste texto tentaremos trazer alguns esclarecimentos acerca das
condições de vida dos libertos após o 13 de maio.

CONTEXTO

Antes de tudo, é necessário entendermos um pouco do contexto pós-abolição. A


luta pelo fim da escravidão no país foi algo que se estendeu durante todo o século
XIX. Ao longo desse século, as pessoas escravizadas resistiram de diversas maneiras e
em diversos locais do país. Seja por meio de fugas, seja por meio de revoltas, elas
demonstraram diversas vezes a sua insatisfação.
A escravidão no Brasil era uma instituição que existia desde meados do século XVI,
tendo sido introduzida pelos portugueses durante a colonização. Com a nossa
Independência, essa instituição cresceu e tornou-se profundamente presente em nossa
sociedade. A quantidade de pessoas escravizadas que entrou no Brasil via tráfico
negreiro, a partir do século XIX, evidencia isso.
Três dados importantes que reforçam a presença do tráfico de pessoas escravizadas
no Brasil são:
● Na primeira metade do século XIX, cerca de 1,5 milhão de africanos
desembarcaram no Brasil;
● Entre 1831 e 1845, cerca de 470 mil africanos foram enviados para o Brasil pelo
tráfico;
● Entre 1841 e 1850, 83% dos africanos enviados para a América vieram para o
Brasil.
O primeiro passo para a abolição da escravidão em nosso país deu-se com a
proibição do tráfico por meio da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Essa lei foi
aprovada como forma de evitar um conflito com a Inglaterra — país que pressionava o
Brasil, havia décadas, pelo fim do tráfico negreiro. Caso tenha interesse em saber mais
sobre o tráfico ultramarino de pessoas escravizadas, acesse este texto: Tráfico negreiro.
A proibição do tráfico de escravos deu início a um lento processo que resultou na
abolição da escravatura quase quatro décadas depois. O movimento abolicionista
ganhou real força na sociedade brasileira a partir da década de 1870. A mobilização
pelo fim da escravidão aconteceu em diferentes níveis e contou com a participação de
intelectuais, classes populares e, principalmente, com o envolvimento das próprias
pessoas escravizadas.
As pessoas escravizadas se organizavam e preparavam fugas individuais ou em
massa e, para isso, reuniam-se em quilombos que cresciam ao redor das grandes
cidades. Outras vezes organizavam revoltas contra os seus senhores. A resistência
africana contou com o apoio de grupos da sociedade que a abrigavam quando estava
em fuga, incentivavam-na a rebelar-se, davam apoio jurídico, defendiam a causa
politicamente etc.
O enfraquecimento da escravidão no Brasil, resultado do esforço do movimento
abolicionista, é claramente identificado por meio da população de pessoas escravizadas
que foi diminuindo consideravelmente ao longo do século XIX, conforme
levantamento do historiador João José Reis:
● 1818: 1.930.000
● 1864: 1.715.000
● 1874: 1.540.829
● 1884: 1.240.806
● 1887: 723.419
No final da década de 1880, a manutenção da escravidão era praticamente inviável,
pois, ao mesmo tempo que afetava a imagem internacional do Brasil (o último país da
América a ainda utilizar o trabalho de pessoas escravizadas), afetava a ordem interna
do país, já que o Império não conseguia mais controlar a situação e as fugas eram
frequentes.
Assim, em 13 de maio de 1888, foi aprovada a Lei Áurea. Essa lei, primeiramente,
foi aprovada no Senado e depois foi encaminhada para que a princesa regente,
princesa Isabel, assinasse-a. A Lei Áurea garantiu a liberdade para estas pessoas
escravizadas de maneira imediata, e seus “donos” não receberam nenhum tipo de
indenização.
Com essa lei, os libertos agora estavam livres para buscarem uma vida melhor. A
vida destas pessoas pós-abolição continuou não sendo fácil, principalmente pelo fato
de que o preconceito na sociedade era evidente e porque não houve medidas para
integrá-los economicamente na sociedade. Vejamos abaixo como foi o contexto
imediato da vida das pessoas escravizadas, após a abolição.

O DIA APÓS A ABOLIÇÃO

No dia em que a Lei Áurea estava sendo aprovada, a expectativa popular nas ruas
do Rio de Janeiro era gigantesca e as pessoas reuniram-se ao redor do Senado e do
Paço Imperial. A aglomeração de pessoas contava com a realização de passeatas dos
grupos abolicionistas, conforme pontuou o historiador Walter Fraga.
Após ser aprovada no Senado, a Lei Áurea foi encaminhada para a assinatura da
princesa Isabel — que aconteceu no meio da tarde de 13 de maio de 1888. Assim que
foi divulgada a notícia de que a abolição da escravidão havia sido decretada, a festa
espalhou-se pela capital do Brasil. A comemoração do Rio de Janeiro foi tão grande
que se estendeu por sete dias.
A comemoração na capital mobilizou milhares de pessoas e esse cenário repetiu-se
em outras grandes cidades do Brasil, como foram os casos de Salvador e Recife. Nas
duas cidades, foram realizadas comemorações de ruas que contaram com passeatas de
associações abolicionistas, foguetório, desfile de bandas e o envolvimento de milhares
de pessoas que festejaram por dias.
As festas em ambos os estados se mesclaram com outras celebrações populares
típicas desses locais. No caso de Salvador, a comemoração da abolição mesclou-se
com celebrações do 2 de julho de 1823 (data em que a Bahia concretizou sua
independência de Portugal no contexto das guerras de Independência), e no caso de
Recife, as comemorações da abolição associaram-se com o 25 de março de 1884 (data
que foi abolida a escravatura no Ceará).
A festa nos três locais citados contou com a adesão dos libertos e foram tão efusivas
como os registros contam porque, como explica o historiador Walter Fraga,
simbolizaram a vitória popular e traziam uma forte expectativa por dias melhores para
os escravos e para todo o país.
Essa preocupação e esse desejo por dias melhores são muito bem representados por
um registro resgatado pela historiadora Wlamyra Albuquerque. Nesse registro, um
grupo de libertos de Paty do Alferes, no Rio de Janeiro, redigiu uma carta para Rui
Barbosa demonstrando a preocupação com o futuro de seus filhos: “Nossos filhos
jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da
instrução”.
O relato em questão é de 1889 e demonstra grande preocupação com o futuro dos
filhos destas pessoas escravizadas, nascidos após a Lei do Ventre Livre, de 1871, e
com a falta de instrução dada a esses. Isso demonstra claramente que as pessoas que
eram escravizadas se preocupavam com o seu futuro e a falta de ações governamentais
para promover melhores condições de vida aos libertos após 1888.

A VIDA DOS LIBERTOS APÓS A LEI ÁUREA

A primeira grande reação dos libertos com a Lei Áurea foi, naturalmente,
comemorar. À medida que a notícia se espalhava, grandes comemorações eram
realizadas e festas aconteceram tanto nas grandes cidades, como nas zonas rurais do
Brasil. Uma vez passada a euforia, a nova situação levou os libertos a procurarem
melhores alternativas para viver, e Walter Fraga, utilizando o cenário do Recôncavo
Baiano, fala que uma das reações dos libertos foi se mudar.
Assim, muitos libertos abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e
mudaram-se para outras ou então foram para cidades. Essas migrações de libertos
aconteceram por múltiplos fatores. Mudavam-se para se distanciar dos locais em que
foram escravizados, ou então iam para outros lugares procurar parentes e se estabelecer
juntos desses, ou até mesmo, procurar melhores salários, conforme descreve Walter
Fraga. Essas migrações, na maioria dos casos, eram uma ação mais realizada pelos
homens jovens, por terem melhores possibilidades de se estabelecer em uma terra para
cultivá-la. As mulheres que possuíam filhos e os idosos tinham menos possibilidades
de migrar à procura de melhores condições.
A migração dos libertos gerou uma reação de grandes proprietários e das
autoridades daquela época trazendo-lhes muita insatisfação, sobretudo porque os
primeiros não aceitavam mais as condições de trabalho degradantes que existiam antes
de 1888 e porque estavam sempre em busca de melhores salários. Assim, os
grandes proprietários, sobretudo do interior do país, começaram a pressionar as
autoridades para que elas reprimissem essa movimentação.
Com isso, os grupos de libertos que migravam começaram a sofrer com a repressão
e foram sendo taxados de vadiagem e vagabundagem. Essa medida focava, sobretudo,
aos mais insubordinados e que costumavam não aceitar as condições impostas pelos
grandes proprietários.
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e antigos donos de pessoas
escravizadas impediam que os libertos fizessem suas mudanças. Muitos desses eram
ameaçados fisicamente para que não se mudassem, e outra estratégia utilizada era a de
tomar a tutoria dos filhos dos libertos. Inúmeros grandes proprietários acionavam a
justiça para ter a tutoria sobre as crianças e com isso forçavam esses a permanecerem
em sua propriedade. Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que foram
sequestrados.
Existiram senhores de escravos que não aceitavam pagar salários para os libertos,
mas havia muita resistência por parte dos libertos quanto a isso. Após a Lei Áurea, os
libertos passaram a questionar as condições que lhes eram oferecidas e essa atitude
passou a ser vista como insolência. A repressão mencionada anteriormente foi uma
resposta dos grandes fazendeiros a isso.
Se os libertos não encontrassem condições que lhes agradassem, e se tivessem
outras condições, a migração era sempre uma opção. Os pagamentos exigidos eram
realizados diariamente ou semanalmente e a jornada deveria ter um limite. Aqueles que
se mudavam para as cidades acabavam aprendendo diferentes ofícios, tais como o de
marceneiro, charuteiro (produtor de charuto), servente, pedreiro etc. As mulheres, na
maioria dos casos, assumiam posições relacionadas com o trato doméstico.
Logo após a abolição da escravatura, uma das questões mais importantes, e que foi
definidora para garantir a manutenção do liberto como um indivíduo marginal e
subalterno na pirâmide social, foi a questão da terra. Não foi realizada reforma agrária
e, assim, a grande maioria dos 700 mil libertos, a partir de 1888, não teve acesso à
terra, sendo esses forçados a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos grandes
proprietários.
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, como mencionado em uma
citação anterior, era uma preocupação para esses e foi uma questão fundamental para
manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao estudo, esse grupo permaneceu sem
oportunidades para melhorar sua vida.
Após a abolição, muitos libertos acabaram optando por retornarem ao continente
africano, dada as dificuldades encontradas aqui para eles. Todas as dificuldades,
porém, não foram impeditivos para fazer com que os libertos relembrassem e
comemorassem o 13 de maio como um marco da sociedade brasileira.
SILVA, Daniel Neves. "Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?"; Brasil Escola. (Adaptado)
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/como-ficou-vida-dos-ex-escravos-apos-lei-aurea.htm. Acesso em
16 de novembro de 2020. (adaptado)
ATIVIDADES

1. A mobilização pelo fim da escravidão aconteceu em diferentes níveis e contou com


a participação de intelectuais, classes populares e, principalmente, com o
envolvimento das pessoas escravizadas. Em um parágrafo escreva como se deu
esses movimentos de resistência por parte das pessoas escravizadas e como os
grupos da sociedade as apoiava.

2. A Lei Áurea garantiu a liberdade para as pessoas escravizadas de maneira


imediata, e os donos de escravos não receberam nenhum tipo de indenização.
Com essa lei, os libertos agora estavam livres para buscarem uma vida melhor.
Após a leitura do texto posicione sobre como ficou a vida das pessoas
escravizadas após serem libertos.

3. Das alternativas a seguir assinale (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
Sobre a vida das pessoas escravizadas, em liberdade após a abolição, pode-se
dizer que

1. ( ) uma das reações dos libertos foi mudarem-se de lugar.


2. ( ) muitos pessoas escravizadas acabaram abandonando as fazendas nas quais
foram escravizados e mudaram-se para outras ou então foram para cidades.
3. ( ) as migrações, eram uma ação mais realizada pelos homens jovens, por terem
melhores possibilidades de estabelecerem-se em uma terra para cultivá-la.
4. ( ) os libertos aceitavam pacificamente as condições de trabalho degradantes, não
buscavam melhores salários, tornando a situação bastante cômoda para os
grandes proprietários e as autoridades daquela época.
5. ( ) os grupos de libertos que migravam sofriam com a repressão e foram taxados
de vadiagem e vagabundagem.
6. ( ) a falta de reforma agraria após a abolição da escravatura, foi definidora para
garantir a manutenção do liberto como um indivíduo marginal e subalterno na
pirâmide social.
7. ( ) a falta de acesso à educação por parte dos libertos, foi uma questão
fundamental para manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao estudo, esse
grupo permaneceu sem oportunidades para melhorar sua vida.

4. a Lei Áurea levou os libertos a procurarem melhores alternativas para viver e uma das
reações dos libertos foi se mudar. Assim, muitos libertos abandonaram as fazendas nas
quais foram escravizados e mudaram-se para outras ou então foram para cidades. Quais
foram os fatores que levaram os libertos a se mudarem?

AULA 04/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do
pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na
formação econômica, política e social do Brasil.

UMA REPÚBLICA SEM IGUALDADE POLÍTICA

Se o fim da escravidão acenderia uma centelha de esperança nos corpos e corações


das pessoas negras escravizadas, que lutavam incansavelmente por sua liberdade e
igualdade, imagine aliar isso à ascensão de um novo regime que prometia acabar com
os privilégios estamentais do Império? Um regime que, ao menos em tese, tem entre
seus principais fundamentos a ausência de privilégios institucionais e religiosos e a
alternância no poder. Estamos falando da república, conceito que, embora evoque a
afirmação do valor da liberdade política e do alto nível de igualdade dos cidadãos,
ainda convive com afirmações da existência de um príncipe herdeiro no Brasil.
O “em tese” acima citado é para demonstrar que, na prática, o que se viu não foi
bem assim. A não ser pela Família Real, a república manteve privilégios das elites.
Seria sonhar demais: imaginar que um país que nasceu e se desenvolveu em trezentos
anos sobre os ombros de pessoas negras escravizadas faria uma transição justa para
uma república sem escravizados, e acabaria com seus privilégios.
É importante lembrar que o fim da escravidão, a Proclamação da República e a
promulgação da Constituição de 1891 se desdobraram no século XIX, período em que
as teorias racialistas alcançaram seu auge, sobretudo no Brasil, onde boa parte da elite
local se apropriou delas. A questão passou a ser a necessidade de deixar a escravidão
no passado, pois nascia a partir dali um novo país, presente no hino da Proclamação da
República: “(…) nós nem cremos que escravos outrora, tenha havido em tão nobre
País… (…)”.
A inexistência de políticas de amparo material e simbólico aos ex-cativos reforça a
tentativa de relegar a escravidão ao passado imperial. Essa deveria ser uma
responsabilidade do passado escravista e não do então presente promissor republicano.
Lembre-se da Queima dos Arquivos da Escravidão, em 1890, determinado pelo então
Ministro da Justiça Rui Barbosa, que sob a justificativa de evitar indenizações aos
proprietários de escravos, trouxe grande prejuízo para a memória coletiva do povo
negro.
A Constituição de 1891 veio para institucionalizar os valores republicanos. Houve,
por um lado, a ampliação do conceito de cidadania civil, aquela que determinaria quem
seria reconhecido como pessoa brasileira, mas manteve-se a restrição sobre a cidadania
política, aquela que permitiria às pessoas intervir na vontade política do país. Por
exemplo, em seu artigo 70, § 1º, estipula que os mendigos e os analfabetos não seriam
considerados cidadãos, sendo necessário destacar uma desagradável “coincidência”: a
maioria do contingente de mendigos e analfabetos era oriunda direta ou indiretamente

da escravidão.
A abolição da escravidão, o crescimento das teorias racialistas, bem como a
ausência de qualquer política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio a esse
respeito levam a crer mais em uma tecnologia de governo pautada em higienização
popular e eliminação de uma espécie de inimigo. Esperava-se que, ao deixar estas
pessoas à sua própria sorte, elas desapareciam de forma “natural”, permanecendo
somente os “fortes”, como lembra o professor Hilton Costa.

RACISMO E TOLERÂNCIA NA REPÚBLICA

Na transição do Império para a República, percebe-se que, para as pessoas negras


recém libertas, a única mudança foi da casa grande para os subúrbios e para as
primeiras favelas do país. Mesmo diante desta exposição à precariedade humana e a
todo tipo de violência, a luta das pessoas negras para retomar suas condições humanas
jamais cessou. É importante lembrar junto a Lilia Schwarcz que os proprietários do
período imperial também se apropriaram da República.
Nos conturbados anos 1930, o Brasil, diante das falhas das primeiras décadas da
República, precisava criar uma imagem, para marcar o novo momento. É neste
contexto que o governo Getúlio Vargas se apropria da ideia de democracia racial,
cunhado pelo sociólogo Gilberto Freyre, para demonstrar ao mundo que o processo de
escravidão brasileiro foi “menos violento” que os outros, em mais um esforço de
escamotear as disputas da população negra e subjugá-las às memórias subterrâneas do
país.
O mais contraditório nesse período é o fato de que, ao mesmo tempo que se pregava
para o mundo que as “raças conviviam em harmonia no Brasil”, internamente criava-se
uma política da tolerância. Assim, a política institucional do Estado brasileiro se
baseava em estimular a educação eugênica, conforme estabelecia o artigo 138, b, da
Constituição de 1934. Somam-se a isso os debates da Constituinte de 34, nos quais se
defendeu que “(…) jamais seremos uma grande nação se não cuidarmos de defender e
melhorar a nossa raça.”
A transição para um país “moderno” estaria condicionada à eliminação de um novo
inimigo, no caso, a presença das pessoas negras. Dessa forma, o progresso nacional
somente aconteceria se fosse adotada uma política de embranquecimento da
população. Desse momento em diante há o aumento do processo de imigração de
europeus para o Brasil, fato de conhecimento geral, invisibilizado pela narrativa oficial
de que o Brasil é um país receptivo, de pessoas solidárias e “pacíficas”. Já na
ditadura do Estado Novo (1937-1945), qualquer tipo de manifestação política
contestatória era reprimido violentamente. A discriminação racial aumentava à medida
em que a competitividade do mercado ampliava, pois, as pessoas negras continuavam
expostas à precariedade e marginalizadas nas favelas. Como instrumento de resistência
e denúncia dessas práticas, na década de 1940, destacavam-se a União dos Homens de
Cor (UHC) e o Teatro Experimental do Negro (TEN), sob a liderança do intelectual
Abdias do Nascimento. Entre suas pautas estavam: a defesa dos direitos civis das
pessoas negras brasileiras, bem como a criação de uma legislação antidiscriminatória.

Disponível em: https://cjt.ufmg.br/2019/11/20/republica-e-escravidao-transicao-democratica-para-quem/ Acesso em: 16 de


nov de 2020.

ATIVIDADES

1. O texto diz que “A abolição da escravidão, o crescimento das teorias racialistas, bem
como a ausência de qualquer política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio
a esse respeito levam a crer mais em uma tecnologia de governo pautada em
higienização popular e eliminação de uma espécie de inimigo.” Explique qual era
perspectiva dessa teoria em relação aos libertos.

2. Marque a alternativa correta. Na transição do Império para a República, percebe-


se que, para as pessoas negras recém libertas, a única mudança foi da casa
grande para
1. os subúrbios e para as primeiras favelas do país.
2. os grandes centros urbanos.
3. as grandes propriedades rurais.
4. as Senzalas.

3. Nos conturbados anos 1930, o Brasil, diante das falhas das primeiras décadas da
República, precisava criar uma imagem, para marcar o novo momento. É neste
contexto que o governo Getúlio Vargas se apropria da ideia de democracia
racial, cunhado pelo sociólogo Gilberto Freyre. Qual era a intensão do governo
nesse momento com esse conceito de democracia racial?

4. A transição para um país “moderno” estaria condicionada à eliminação de um novo


inimigo, no caso, a presença das pessoas negras. Dessa forma, o progresso
nacional somente aconteceria se fosse adotada uma política de embranquecimento
da população. Nesse contexto, das alternativas a seguir, qual era a medida para que
isso acontecesse?

1. Aumento do processo de imigração de europeus para o Brasil.


2. Aumento do processo de imigração do Brasil para Europa.
3. Aumento do processo de expatriação de trabalhadores estrangeiros.
4. Diminuição de processo de imigração de europeus para o Brasil.

AULA 05/2023
Objeto de conhecimento: A questão indígena durante a República (até 1964);
Diversidades: questões e estudos na atualidade.
Habilidade: (EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão,
as pautas dos povos indígenas, no contexto republicano (até 1964), e das populações
afrodescendentes. (EF09HI08) Identificar as transformações ocorridas no debate sobre as
questões da diversidade no Brasil durante o século XX e compreender o significado das
mudanças de abordagem em relação ao tema.

POLÍTICA INDIGENISTA

https://climainfo.org.br/2019/10/14/cientistas-brasileiros-contra-politica-anti-indigenista-de-bolsonaro/
Se formos dar uma olhada na história do Brasil, e se focarmos nos índios, iremos
nos deparar com tristes fatos. Durante todo o período colonial no Brasil, temos o índio
visto como uma pessoa inferior. E iremos ver de diferentes formas principalmente o
europeu se colocando na condição de superior aos índios, e logo o escravizando e
tentando o catequizar.
Como a colonização no Brasil foi feita de forma de exploração, os índios foram
vítimas das atitudes dos colonizadores que de modo geral escravizaram e dizimaram os
índios. Salve as missões Jesuítas que deram esperança ao futuro indígena.
Por outro lado, a independência do Brasil começa e termina sem muito ganho no
que diz respeito aos índios. Somente na constituição de 1934 é que os índios vão
ganhar amparo legal da lei, pois até antes, eles estiveram à mercê ora responsabilidade
do Estado outra da União, suas políticas eram regidas por medidas ou decretos.
Por fim ao longo de 400 anos de história desde a chegada do europeu, os índios
sempre ficaram jogados a “sorte do destino” apesar de alguns momentos, haver
preocupação em manter os índios, não foi o suficiente para frear o seu declínio
contínuo, e muitos chegaram a acreditar que era somente questão de tempo para que os
índios deixassem de existir.
Apesar de todo o preconceito da nossa parte aos índios, hoje temos uma sociedade
mais “atenta e solidaria” aos povos indígenas, ainda não é o ideal, mas sem dúvida o
atual quadro é melhor que em outros tempos.
O paternalismo que gira em torno dos povos indígenas é existente desde o período
colonial, pois uma vez que o europeu se colocou na condição de superior, e usou deste
argumento que os índios deveriam ser catequizados para se tornar “povos de Deus” foi
o primeiro ato de paternalismo que os índios sofreram. Fato é que sempre tivemos e
usamos da desculpa que os índios devem ter nossa ajuda e amparo, mas nada seria
preciso se nós não tivéssemos invadido seu habitat natural, não quero aqui defender
um rumo histórico, que poderia ou deveria ser diferente, pois para nossa felicidade de
existência, aconteceu a aculturação em cima dos índios. É aqui que entra a defesa dos
direitos indígenas.

Acredito que sim, a União tem por obrigação a defesa e manutenção das “nações
indígenas” nada mais justo, uma vez que estes povos “são originários do Brasil” ou
chegaram muito antes das descobertas europeias.
Desta forma as políticas indigenistas deveriam ser para proteger os índios em sua
condição social que é ou deveria ser não integrado com o mundo ocidental, proteger
suas terras, uma vez que sua noção de espaço é muito diferente, enfim cabe a União e
Estado assegurar a legalidade dos povos indígenas.
O paternalismo é um mal necessário para o índio, pois não têm como mudar este
fio da história, e fazer das práticas contemporâneas menos agressivas possíveis aos
índios. Acho que cabe a todos nós preservar a cultura indígena, e enxergar que com os
atuais quadros de globalização, e um mundo cada vez mais homogêneo, os povos
indígenas vão aos poucos sendo inseridos a este processo.
Disponível em:
https://www.educaiguaba.com.br/conteudo_principal/apostilas/maria_lucia/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complem
entacao/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementacao_9_ANO/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementa
cao_9_ANO_arquivos/Apostila%20%209%C2%BA%20ano-%20%20Aula%2020.pdf Acesso em: 16 de nov de 2020.
Adaptado

POLÍTICA INDIGENISTA, NA REPÚBLICA DO BRASIL

Desde o início de nossa república a questão indígena ficou à mercê das


constituições e com pouco amparo das leis vigentes. Ou seja, por mais irônico que
possa ser, compreende-se que o Estado é o responsável pelas “nações” indígenas, nas
na prática e na constituição isto é pouco esclarecido, tanto é que o atual estatuto
indígena se encontra desatualizado e contraditório em muitos assuntos.
Já na constituição de 1891, a questão indígena nem sequer é inserida, salvo o artigo
64 que transfere para os Estados as terras devolutas. Este artigo dá legitimidade para
os Estados fazerem recortes nas terras indígenas, mas não poderiam modificar os
recortes anteriores inclusive os feitos pelo Imperador.
Durante o início da república houve um projeto para torna os índios em “nações
livre” e autônomas dentro de seus Estados, porém estes projetos não caem no agrado
dos políticos. Além do mais que uma medida como esta, iria ferir a autonomia dos
Estados perante os índios.
Com a responsabilidade passada aos Estados, alguns fundaram órgãos indígenas a
exemplo do Rio Grande do Sul, mas no quadro geral as políticas continuaram sendo
usadas as mesmas do período Imperial e manutenção da catequese.
No final do século XIX com a chegada dos imigrantes europeus principalmente nos
Estados de Santa Catarina e Paraná, desencadeou uma série de conflitos de terras entre
os imigrantes e índios. Com os trabalhos, dos imigrantes e também das construções da
Estrada de Ferro Noroeste que transpassava o Estado de São Paulo, foi marca de várias
lutas armadas entre índios e trabalhadores. Acontecimento este que dá ao Brasil rótulo
de ser oniso aos índios e não defender os “direitos” destes povos. Por outro lado, tinha
pessoas como Hermann Von Ihering que defendia fortemente o extermínio dos índios.
Devido às pressões exteriores o Brasil funda o primeiro órgão Federal voltado para
defesa indígena o SPI (Serviço de Proteção ao Índio), sobre comando do coronel
Candido Mariano da Silva Rondon, essa pessoa era um simpatizante das causas
indígenas.
O SPI foi produto do positivismo e do liberalismo, embora motivado pela emoção
nacional. Em nenhum momento chegou a renovar as propostas do Apostolado
Positivista para os índios, nem os tratou como nações soberanas. Via o índio como um
ser digno de conviver na comunhão nacional, embora inferior culturalmente. Era dever
do Estado dar-lhe condições de evoluir lentamente a um estágio superior, para daí se
integrar a nação. Para tanto deveria demarcar suas terras, protegê-las de invasores e
usurpadores em potencial, defender os índios da esperteza dos brasileiros,
especialmente dos comerciantes e mascates que os exploravam, ensinar-lhes técnicas
de cultivo e de administração de seus bens, e socorrê-los em suas doenças. Os índios
autônomos, chamados de arredios, seriam “pacificados”, caso fossem bravios, à custa,
se necessário, do próprio sacrifício dos servidores do órgão, que nunca deveriam
usar da força ou de armas. Os mais integrados já poderiam aprender ofícios mecânicos
e ser educados formalmente. Não seria necessário o ensino religioso para tanto.
(Mércio Pereira Gomes, 1991)
Até a revolução de 30 o SPI, foi um órgão manteve suas práticas e ideologia fortes,
mesmo com o abalo de 1912 aonde o então ministro de Guerra requisitou a volta de
todos os militares. Muitos desses oficiais abandonaram o exército para continuar a
trabalhar no SPI. Na década de 1940 consegue recuperar suas forças, voltando a
ganhar prestígio. No ano de 1953 lutas pelo preconceito indígena e funda o Museu do
Índio, até que em 1957 seu declínio é evidente, tanto administrativa quanto ideológica.
As constituições posteriores são contínuas nas políticas indigenistas tanto a de 1937
e a de 1946 não trazem mudanças reais aos índios, prevalecem às leis de 1934. Estas
três constituições podem ser vistas com grande valor histórico para os índios, pois
foram as primeiras que tratou os índios de forma “digna” com medidas e políticas de
proteção para grande “nação indígena”, lembrando que isso é fruto da SPI.
A questão indígena não é, até então, um osso de disputa entre ideologias, e sem
entre interesses econômicos, de um lado, e interesses de reparação histórica, interesses
morais, de outro. Nesse sentido, pode-se até alegar argumentos conservadores para
defender os índios, e, em muitos casos, argumentos progressistas são usados para
diminuir o tamanho das terras indígenas. No computo geral da história, a questão
indígena transcende essa dicotomia, e só na sua integração ao sentimento da
nacionalidade brasileira é que ela encontrará os seus argumentos mais fortes e
duradouros. (Mércio Pereira Gomes, 1991)
Com sua base já desestruturada o golpe de 1964 põe fim no SPI. O governo militar
extingue o SPI, para isto foi elaborado um logo dossiê, onde apontam vários crimes e
irresponsabilidade administrativa contra os índios, mas esse dossiê nunca foi publicado.
O fim do SPI também é marcado pela perca de seus documentos em um incêndio. Sem
querer fazer apologia, entendo que o SPI foi muito importante em seu momento
histórico, e que a situação indígena sofreu bastante, não tenho dúvida que iriam sobre
muito mais sem o SPI, e que é lamentável as percas de seus documentos, ainda mais no

período ditatorial.
Enfim os militares criam a FUNAI que é a Fundação Nacional do Índio. A função
da FUNAI era acabar de uma vez os problemas indígenas, e consertar os estragos e
afastar os mal-intencionados que estavam presentes nos últimos anos do SPI.
As políticas indígenas do período militar não vão além daquilo que possamos
esperar desde momento da nossa história, a União entende que todas as terras
indígenas são propriedade do Estado.
Em 1973 é elaborado o Estatuto documento este que é usado até os dias atuais,
houve já projetos para mudanças e atualização desde documento, mas nunca houve
representante suficiente para a votação. Desta forma a FUNAI trabalha há quase 40
anos sobre o mesmo Estatuto, fazendo com que assim este órgão fica despreparado e
incapaz de solucionar os problemas indígenas no Brasil.

Bibliografia: Os Índios e o Brasil, Mércio Pereira Gomes. Ed. Vozes, 1991.


Disponível em: https://sites.google.com/a/historiaoffline.com/historia/estudos-indigenas/politica-indigenista-na-republica-
do-brasil Acesso em: 16 de nov de 2020.

ATIVIDADES

1. Identifiquem no texto as principais mudanças das políticas indigenistas no período


Republicano.

2. Durante o início da república houve um projeto para torna os índios em “nações


livre” e autônomas dentro de seus Estados, porém estes projetos não caem no
agrado
1. dos políticos.
2. dos Índios.
3. do Estado.
4. do serviço de proteção ao índio.

3. O que é SPI e FUNAI e quais foram as suas importâncias na luta pela construção e
preservação dos direitos indígenas?

4. Qual é o órgão no Brasil atualmente que é responsável pela demarcação das -terras
indígenas?

A) Ministério da Justiça.
B) Incra.
C) Ibama.
D) Funai.

4. O SPI foi produto do positivismo e do liberalismo, embora motivado pela


emoção nacional. Em nenhum momento chegou a renovar as propostas do
Apostolado Positivista para os índios, nem os tratou como nações soberanas.
Como os índios eram vistos pelo SPI?

DIVERSIDADE

“Tudo o que nos diferencia de algo ou de outro, ela varia através de escolha: corte de
cabelo, ou até mesmo de coisas da própria natureza: cor dos olhos”. Yasmim Santiago
Ernesto de Sousa Ferraz Neto
A definição da expressão diversidade diz respeito à qualidade daquilo que é diverso,
diferente, variado; variedade, ou multiplicidade. O termo remete à ideia de pluralidade,
isto é, reúne conceitos de múltiplos aspectos e que apresentam aparente diferença entre
si. Ela pode ser classificada em: diversidade cultural, biológica e étnica.
Assim, pode-se defini-la como “tudo o que nos diferencia de algo ou de outro, ela
varia através de escolha: corte de cabelo, ou até mesmo de coisas da própria natureza:
cor dos olhos”. (Yasmim Santiago).

É importante não confundir com a expressão ‘diferença’, embora esse termo seja
fundamental como equivalente para evidenciar as dimensões individuais, sociais,
educativas e econômicas. A palavra não é uma criação social do homem moderno, mas
as diferenças são criadas pelo intelecto humano.
Por isso a diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas,
religiosas, entre outras, que existem entre os seres humanos. Trata-se de algo
grandioso, que deve ser respeitada para manter a paz. A diversidade descreve as
diferenças existentes entre as pessoas que fazem parte em um determinado grupo.
Dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas categorias:
as visíveis e as invisíveis. A primeira diz respeito à cor, sexo, raça, algum tipo de
deficiência pode ser visível em uma pessoa, geralmente essas características não podem
ser alteradas. A segunda, considerada características invisíveis, referem-se à
personalidade, à profissão, à cultura, ao nível de escolaridade, o legado pessoal, e até
mesmo ao estilo de vida. Como exemplos comportamentais, nesta linha de raciocínio
tem-se pessoas extrovertidas ou introvertidas.
Assim, a diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite
condições para um mundo mais dinâmico. Ela permite que um grupo seleto de pessoas,
pense de forma independente (Malcolm Forbes).
O bom senso recomenda que o respeito pelas diferenças deve ocorrer tais como:
valores, crenças, religiões e heranças culturais.
Da mesma forma, promover atitudes positivas referentes às diferenças, propiciando
um ambiente saudável e possibilitando o diálogo através de uma comunicação aberta e
agir com firmeza e calma diante de situações discriminatórias, o que consiste em,
(repito) respeitar as diferenças dos outros.
O Respeito à diversidade é também uma forma de promover inclusão das pessoas
em determinado grupo social, uma vez que o respeito é fundamental como forma de
permitir e aceitar o outro.
A diversidade é uma das maiores riquezas do ser humano no planeta e a existência
de indivíduos diferentes em uma cidade, em um país, com suas diferentes culturas,
etnias e gerações fazem com que o mundo se torne mais completo.
Disponível em: https://www.jornalodiario.com.br/acesso em: 17 de nov de 2020.
Glossário
● Respeito - Sentimento que leva alguém a tratar as outras pessoas com grande
atenção e profunda deferência, consideração ou reverência.
● Tolerância - Ação de tolerar, de aceitar ou suportar, com indulgência; clemência.
Disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos.
● Diversidade - Característica ou estado do que é diverso, diferente, diversificado;
não semelhante: diversidade de argumentos no discurso. Reunião do que contém
vários e distintos aspectos, características ou tipos; pluralidade: a diversidade de
comentários sobre o texto.
Disponível em: https://www.dicio.com.br/acesso em: 17 de nov. de 2020.

5. Baseado no texto, mas com suas palavras defina o que é diversidade.

7. Sobre a diversidade, nas alternativas a seguir marque (V) para que forem verdadeiras e
(F) para as falsas.
1. ( ) A diversidade pode ser classificada em: diversidade cultural, biológica e
étnica.
2. ( ) A diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas,
religiosas, entre outras, que existem entre os seres humanos.
3. ( ) A diversidade descreve as diferenças existentes entre as pessoas que fazem
parte em um determinado grupo.
4. ( ) A diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite
condições para um mundo mais dinâmico.

8. O texto diz que dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas
categorias: as visíveis e as invisíveis. Explique com suas palavras cada uma destas
categorias.

9. Com suas palavras escreva um parágrafo usando os três conceitos: diversidade, respeito
e tolerância.
1.

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