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AULA 01/2023
Objeto de conhecimento: Experiências republicanas e práticas autoritárias: as tensões e
disputas do mundo contemporâneo.
Habilidade: (EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais,
culturais, econômicos políticos da emergência da República no Brasil.
Monarquia em crise
Militares
A insatisfação dos militares está diretamente relacionada com a profissionalização
da corporação. Depois disso, eles começaram a exigir melhorias em sua carreira como
reconhecimento aos serviços prestados no Paraguai. As principais exigências eram
melhorias salariais e no sistema de promoção.
Outra forte insatisfação tem relação com o envolvimento do Exército brasileiro com
a política. Os militares entendiam-se como tutores do Estado brasileiro e, por isso,
queriam ter o direito de manifestar suas opiniões políticas publicamente. Um caso
simbólico aconteceu em 1884, quando o oficial Sena Madureira foi punido por mostrar
apoio aos abolicionistas do Ceará.
A monarquia também procurou censurar os militares, proibindo que eles
manifestassem suas opiniões em jornais e nas corporações militares. Havia também
exigências entre os militares para que o Brasil se convertesse em um país laico.
Internamente, as insatisfações militares se reuniram ao redor da ideologia positivista.
A partir do positivismo, os militares passaram a reivindicar a ideia de que a
modernização que o Brasil necessitava se daria por meio de um governo republicano
ditatorial. Assim, eles acreditavam que era necessário escolher um governante que
fosse conduzir o país no caminho da modernização e, se necessário, esse governante
poderia se afastar das vontades populares.
Política e sociedade
A política no Segundo Reinado sempre foi complicada, sobretudo pela briga
ferrenha entre conservadores e liberais. Essa situação se agravou com a crise de sub-
representação de algumas províncias. Na segunda metade do século XIX, o eixo
econômico do país tinha consolidado sua mudança do Nordeste para o Sudeste.
A província de São Paulo já havia se colocado como o grande centro econômico do
Brasil, mas as elites políticas dessa província se incomodavam pelo fato de que sua
representação na política era pequena. Outras províncias economicamente decadentes,
como o Rio de Janeiro e a Bahia, gozavam de grande representatividade política. Essa
situação indispôs as elites dessa província com a monarquia, e isso nos ajuda a
entender, por exemplo, porque a província de São Paulo teve o maior partido
republicano do Segundo Reinado, o Partido Republicano Paulista (PRP).
Havia também sub-representação da sociedade no sistema político. As cidades
cresciam e novos grupos sociais se estabeleciam. Esses grupos emergentes
demandavam maior participação na política brasileira, e o caminho tomado foi o
inverso. Os liberais defendiam ampliação do voto para enfraquecer os conservadores e
os grandes fazendeiros, mas os conservadores conseguiram aprovar a Lei Saraiva, em
1881.
Essa lei determinou novos critérios para estipular quem teria direito ao voto e, após
sua aprovação, o número de eleitores no Brasil caiu de 1.114.066 pessoas para
157.296 pessoas|1|. Isso correspondia a apenas 1,5% da população brasileira, ou seja,
as demandas por participação não foram atendidas e a exclusão existente foi ampliada.
Essas novas elites passaram a ocupar os espaços políticos de outras formas e
manifestavam suas opiniões por meio de jornais, associações e manifestações públicas
em defesa de causas como o Estado laico|2|. Essa insatisfação com os problemas da
monarquia, obviamente, reforçou a causa republicana no país.
Em 1870, foi lançado o Manifesto Republicano, documento que criticava a
centralização do poder na monarquia e exigia um modelo federalista no Brasil (modelo
que dá autonomia às províncias). Esse manifesto também atribuía à monarquia a
responsabilidade dos problemas do país e indicava a república como a solução. O
manifesto foi um norteador do movimento republicano no fim do Império.
Outra causa que reforçou muito o movimento republicano foi a defesa da abolição.
O abolicionismo mobilizou a sociedade brasileira na década de 1880, e grande parte
dos abolicionistas defendia a república.
De forma geral, a socióloga Ângela Alonso resume que a monarquia brasileira se
estruturou no seguinte tripé:
● Participação política restrita;
● Escravismo (e exclusão do elemento africano); e
● Catolicismo como defensor das hierarquias sociais.
As décadas de 1870 e 1880 vieram justamente a questionar esse tripé, pois havia
demandas por maior participação social, o abolicionismo exigia a inserção do negro na
sociedade e o laicismo procurou estabelecer uma sociedade laica.
Proclamação da República
Havia então insatisfações com a monarquia em diferentes camadas da nossa
sociedade. Elites emergentes, militares, políticos, classes populares, escravos eram
todos grupos com críticas à monarquia. Todas essas insatisfações, em algum momento
na década de 1880, tornaram-se uma conspiração.
Ao longo dessa década, as manifestações públicas começaram a se tornar comuns, e
críticas ao imperador cresciam. Um atentado contra o carro do imperador em julho de
1889 motivou o Império a proibir manifestações públicas em defesa da república, mas
o Brasil estava em um caminho sem volta, pois o grupo de insatisfeitos era muito
grande.
Em novembro de 1889, a conspiração estava em curso e contava com nomes como
Aristides Lobo, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Sólon Ribeiro,
entre outros. O que faltava para os conspiradores era a adesão do marechal Deodoro da
Fonseca, um militar influente e primeiro presidente do Clube Militar.
Em 10 de novembro, os defensores do golpe contra a monarquia se reuniram com
Deodoro para convencê-lo a tomar participação no movimento. Nos dias seguintes, os
boatos de que uma conspiração estava em curso começaram a ganhar força e, no dia
14, informações falsas sobre a monarquia começaram a ser anunciadas em público com
o objetivo de arregimentar apoiadores.
O golpe contra a monarquia seguiu no dia 15, quando o marechal Deodoro da
Fonseca e tropas foram até o quartel-general localizado no Campo do Santana. Foi
exigida a demissão do Visconde de Ouro Preto da presidência do gabinete ministerial.
O visconde se demitiu e foi preso por ordem de Deodoro da Fonseca.
Entretanto, o marechal estava à espera de que o imperador fosse organizar um novo
gabinete e, por isso, deu vivas a D. Pedro II e então retornou para seu domicílio. A
derrubada do gabinete não colocou fim aos acontecimentos do dia 15, e as negociações
políticas seguiram. Republicanos decidiram realizar uma sessão extraordinária na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro para que fosse realizada uma solenidade de
Proclamação da República.
A Proclamação da República aconteceu na Câmara, sendo anunciada pelo vereador
José do Patrocínio. Houve celebração nas ruas do Rio de Janeiro, com os envolvidos
na proclamação puxando vivas à república e cantando A Marselhesa (canção
revolucionária produzida durante a Revolução Francesa) nas ruas da capital.
Durante essa sucessão de acontecimentos, foi organizada uma tentativa de
resistência sob a liderança de André Rebouças e Conde d’Eu, marido da Princesa
Isabel, mas essa resistência fracassou. O imperador D. Pedro II permaneceu crente de
que a situação seria facilmente resolvida, mas não foi assim que aconteceu.
Um governo provisório foi formado, o marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado
como presidente do Brasil (o primeiro de nossa história) e outros envolvidos com o
golpe assumiram pastas importantes no governo. A família real foi expulsa no dia 16 de
novembro e, no dia seguinte, embarcaram com seus bens para a cidade de Lisboa, em
Portugal.
2. Qual foi um dos principais fatores que levou o regime monárquico a entrar em
decadência?
3. Uma série de novos atores e novas ideias políticas surgiu e ganhou força por
meio do movimento republicano, estruturado oficialmente a partir de 1870,
quando foi lançado o
A) Manifesto comunista
B) Manifesto das nações
C) Manifesto republicano
D) Manifesto Monárquic
4. Pesquise nos meios que você tem disponível para que você tenha melhor
compreensão sobre o que foi o Manifesto Republicano. Destaque o que foi este
movimento e qual era o seu principal objetivo.
5. Das alternativas seguir marque (V) para as que forem verdadeiras e (F) para as
falsas. Sobre a emergência da República pode-se dizer que
AULA 02/2023
Objeto de conhecimento: A Proclamação da República e seus primeiros desdobramentos.
Habilidade: (EF09HI02) Caracterizar e compreender os ciclos da história republicana,
identificando particularidades da história local e regional até 1954.
HISTÓRIA DO BRASIL
https://www.youtube.com/watch?v=ADhcPXIcwco
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou marcada
pelo predomínio das oligarquias na política nacional. Esse período encerrou-se em
1930.
A Primeira República é o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a
1930, tendo sido iniciado com a Proclamação da República que aconteceu em 15 de
novembro de 1889 e encerrou-se com a deposição de Washington Luís como
consequência da Revolução de 1930. Esse período é conhecido por muitos como
República Velha, mas entre os historiadores o termo utilizado para referir a esse
período é Primeira República.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, que aconteceu
no dia 15 de novembro de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu pela perda de
apoio político fazendo com que esse regime se tornasse impopular entre as elites do
Brasil. Os militares, insatisfeitos com a monarquia há tempos, e uma parcela da
sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas, organizaram um movimento para
derrubar a monarquia.
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares
destituíram o Visconde de Ouro Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia, as
movimentações políticas levaram José do Patrocínio a proclamar a República na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso marcou o início da Primeira República
Brasileira.
PERIODIZAÇÃO
A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um
período específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é conhecido
como República da Espada. Esse nome se deve ao fato de que os
dois presidentes brasileiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto)
foram militares. A República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira
República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme
estabelece o professor Marcos Napolitano:
● Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das estruturas
políticas e econômicas da Primeira República. Foi assinalado por crises na política
e na economia.
● Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da Primeira
República estava devidamente consolidada. Aqui se definiram políticas como a dos
governadores e do café com leite.
● Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira República
entraram em crise por conta da incorporação de novos atores na política brasileira.
Conflitos entre as oligarquias também contribuíram para o fim da Primeira
República.
CARACTERISTICAS
A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi
criada durante o governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902.
Foi com a política dos governadores que o funcionamento político brasileiro na
Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi possível realizar
uma aliança entre executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da
seguinte maneira:
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas
no âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo
básico entre a União e os Estados; pôr fim à hostilidade existente entre Executivo e
Legislativo, domesticando a escolha dos deputados.
Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal daria
apoio à oligarquia mais poderosa de cada Estado. Em troca, o governo exigia que cada
oligarquia apoiasse as propostas do Governo Federal no legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do
governo no legislativo. Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo Federal
esperava que os conflitos políticos respingassem o mínimo possível no âmbito federal e
ficassem reduzidos apenas ao âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da
figura do coronel, pois seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos necessários
para eleger os candidatos certos, de acordo com o interesse de cada oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em
determinado candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como “voto de
cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que registravam os votos eram uma
prática comum.
A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à Primeira
República. Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de 1913, com a
assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.
Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos lançados à presidência por
essas duas oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da
República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o
maior produtor de café do Brasil, enquanto Minas Gerais era o maior produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos
historiadores, porque as oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o
funcionamento jogo político desse período não passava exclusivamente por elas, uma
vez que existiam outras oligarquias no país.
ECONOMIA
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande
produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os
cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o que acarretou a
queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou abarrotado com a
mercadoria. Visando a defender seus interesses, os cafeicultores reuniram-se
no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de
sacas de café com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado
internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do preço
do café. Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de 15 milhões
de libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento industrial,
sobretudo no Estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em
parte, financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo
concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o
crescimento industrial resultou no surgimento do movimento operário do Brasil,
sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a Revolução Russa.
Resumo
● A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República em 15 de
novembro de 1930.
● A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 1930, marcou o
fim desse período.
● A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas importantes
desse período.
● A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e República
Oligárquica.
● Outras características importantes desse período foram mandonismo, clientelismo e
coronelismo.
● O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois garantiu os
interesses dos cafeicultores paulistas.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/primeira-republica.htm Acesso em: 13 de
nov de 2020.
ATIVIDADES
1. República velha.
2. República da Espada.
3. República república oligárquica.
4. Todas as alternativas estão corretas.
3. Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases. Preencha o
quadro a seguir o que consistia em cada uma dessas fase, o período e as
principais características de cada fase.
Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por diferentes
governos, incluindo períodos de Ditadura Militar.
ATIVIDADES
5. Durante o período do Brasil República (vigente desde 1889) o país passou por
diferentes governos, incluindo períodos de Ditadura Militar. A linha do tempo a seguir
representa o período republicano 1889 a atualidade. Preencha a linha do tempo com o
nome de cada uma das fases e o que marcou o início e o fim de cada uma delas, bem
como as principais características.
AULA 03/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do
pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade
brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.
HISTÓRIA DO BRASIL
escravizadas.
Com a abolição, estas pessoas conquistaram a sua liberdade e seus antigos donos
não receberam nenhum tipo de indenização por isso. Uma pergunta muito importante
que surge desse assunto é: como ficou a vida das pessoas escravizadas, após a Lei
Áurea? Assim, neste texto tentaremos trazer alguns esclarecimentos acerca das
condições de vida dos libertos após o 13 de maio.
CONTEXTO
No dia em que a Lei Áurea estava sendo aprovada, a expectativa popular nas ruas
do Rio de Janeiro era gigantesca e as pessoas reuniram-se ao redor do Senado e do
Paço Imperial. A aglomeração de pessoas contava com a realização de passeatas dos
grupos abolicionistas, conforme pontuou o historiador Walter Fraga.
Após ser aprovada no Senado, a Lei Áurea foi encaminhada para a assinatura da
princesa Isabel — que aconteceu no meio da tarde de 13 de maio de 1888. Assim que
foi divulgada a notícia de que a abolição da escravidão havia sido decretada, a festa
espalhou-se pela capital do Brasil. A comemoração do Rio de Janeiro foi tão grande
que se estendeu por sete dias.
A comemoração na capital mobilizou milhares de pessoas e esse cenário repetiu-se
em outras grandes cidades do Brasil, como foram os casos de Salvador e Recife. Nas
duas cidades, foram realizadas comemorações de ruas que contaram com passeatas de
associações abolicionistas, foguetório, desfile de bandas e o envolvimento de milhares
de pessoas que festejaram por dias.
As festas em ambos os estados se mesclaram com outras celebrações populares
típicas desses locais. No caso de Salvador, a comemoração da abolição mesclou-se
com celebrações do 2 de julho de 1823 (data em que a Bahia concretizou sua
independência de Portugal no contexto das guerras de Independência), e no caso de
Recife, as comemorações da abolição associaram-se com o 25 de março de 1884 (data
que foi abolida a escravatura no Ceará).
A festa nos três locais citados contou com a adesão dos libertos e foram tão efusivas
como os registros contam porque, como explica o historiador Walter Fraga,
simbolizaram a vitória popular e traziam uma forte expectativa por dias melhores para
os escravos e para todo o país.
Essa preocupação e esse desejo por dias melhores são muito bem representados por
um registro resgatado pela historiadora Wlamyra Albuquerque. Nesse registro, um
grupo de libertos de Paty do Alferes, no Rio de Janeiro, redigiu uma carta para Rui
Barbosa demonstrando a preocupação com o futuro de seus filhos: “Nossos filhos
jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da
instrução”.
O relato em questão é de 1889 e demonstra grande preocupação com o futuro dos
filhos destas pessoas escravizadas, nascidos após a Lei do Ventre Livre, de 1871, e
com a falta de instrução dada a esses. Isso demonstra claramente que as pessoas que
eram escravizadas se preocupavam com o seu futuro e a falta de ações governamentais
para promover melhores condições de vida aos libertos após 1888.
A primeira grande reação dos libertos com a Lei Áurea foi, naturalmente,
comemorar. À medida que a notícia se espalhava, grandes comemorações eram
realizadas e festas aconteceram tanto nas grandes cidades, como nas zonas rurais do
Brasil. Uma vez passada a euforia, a nova situação levou os libertos a procurarem
melhores alternativas para viver, e Walter Fraga, utilizando o cenário do Recôncavo
Baiano, fala que uma das reações dos libertos foi se mudar.
Assim, muitos libertos abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e
mudaram-se para outras ou então foram para cidades. Essas migrações de libertos
aconteceram por múltiplos fatores. Mudavam-se para se distanciar dos locais em que
foram escravizados, ou então iam para outros lugares procurar parentes e se estabelecer
juntos desses, ou até mesmo, procurar melhores salários, conforme descreve Walter
Fraga. Essas migrações, na maioria dos casos, eram uma ação mais realizada pelos
homens jovens, por terem melhores possibilidades de se estabelecer em uma terra para
cultivá-la. As mulheres que possuíam filhos e os idosos tinham menos possibilidades
de migrar à procura de melhores condições.
A migração dos libertos gerou uma reação de grandes proprietários e das
autoridades daquela época trazendo-lhes muita insatisfação, sobretudo porque os
primeiros não aceitavam mais as condições de trabalho degradantes que existiam antes
de 1888 e porque estavam sempre em busca de melhores salários. Assim, os
grandes proprietários, sobretudo do interior do país, começaram a pressionar as
autoridades para que elas reprimissem essa movimentação.
Com isso, os grupos de libertos que migravam começaram a sofrer com a repressão
e foram sendo taxados de vadiagem e vagabundagem. Essa medida focava, sobretudo,
aos mais insubordinados e que costumavam não aceitar as condições impostas pelos
grandes proprietários.
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e antigos donos de pessoas
escravizadas impediam que os libertos fizessem suas mudanças. Muitos desses eram
ameaçados fisicamente para que não se mudassem, e outra estratégia utilizada era a de
tomar a tutoria dos filhos dos libertos. Inúmeros grandes proprietários acionavam a
justiça para ter a tutoria sobre as crianças e com isso forçavam esses a permanecerem
em sua propriedade. Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que foram
sequestrados.
Existiram senhores de escravos que não aceitavam pagar salários para os libertos,
mas havia muita resistência por parte dos libertos quanto a isso. Após a Lei Áurea, os
libertos passaram a questionar as condições que lhes eram oferecidas e essa atitude
passou a ser vista como insolência. A repressão mencionada anteriormente foi uma
resposta dos grandes fazendeiros a isso.
Se os libertos não encontrassem condições que lhes agradassem, e se tivessem
outras condições, a migração era sempre uma opção. Os pagamentos exigidos eram
realizados diariamente ou semanalmente e a jornada deveria ter um limite. Aqueles que
se mudavam para as cidades acabavam aprendendo diferentes ofícios, tais como o de
marceneiro, charuteiro (produtor de charuto), servente, pedreiro etc. As mulheres, na
maioria dos casos, assumiam posições relacionadas com o trato doméstico.
Logo após a abolição da escravatura, uma das questões mais importantes, e que foi
definidora para garantir a manutenção do liberto como um indivíduo marginal e
subalterno na pirâmide social, foi a questão da terra. Não foi realizada reforma agrária
e, assim, a grande maioria dos 700 mil libertos, a partir de 1888, não teve acesso à
terra, sendo esses forçados a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos grandes
proprietários.
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, como mencionado em uma
citação anterior, era uma preocupação para esses e foi uma questão fundamental para
manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao estudo, esse grupo permaneceu sem
oportunidades para melhorar sua vida.
Após a abolição, muitos libertos acabaram optando por retornarem ao continente
africano, dada as dificuldades encontradas aqui para eles. Todas as dificuldades,
porém, não foram impeditivos para fazer com que os libertos relembrassem e
comemorassem o 13 de maio como um marco da sociedade brasileira.
SILVA, Daniel Neves. "Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?"; Brasil Escola. (Adaptado)
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/como-ficou-vida-dos-ex-escravos-apos-lei-aurea.htm. Acesso em
16 de novembro de 2020. (adaptado)
ATIVIDADES
3. Das alternativas a seguir assinale (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
Sobre a vida das pessoas escravizadas, em liberdade após a abolição, pode-se
dizer que
4. a Lei Áurea levou os libertos a procurarem melhores alternativas para viver e uma das
reações dos libertos foi se mudar. Assim, muitos libertos abandonaram as fazendas nas
quais foram escravizados e mudaram-se para outras ou então foram para cidades. Quais
foram os fatores que levaram os libertos a se mudarem?
AULA 04/2023
Objeto de conhecimento: A questão da inserção dos negros no período republicano do
pós-abolição;
Habilidade: (EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na
formação econômica, política e social do Brasil.
da escravidão.
A abolição da escravidão, o crescimento das teorias racialistas, bem como a
ausência de qualquer política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio a esse
respeito levam a crer mais em uma tecnologia de governo pautada em higienização
popular e eliminação de uma espécie de inimigo. Esperava-se que, ao deixar estas
pessoas à sua própria sorte, elas desapareciam de forma “natural”, permanecendo
somente os “fortes”, como lembra o professor Hilton Costa.
ATIVIDADES
1. O texto diz que “A abolição da escravidão, o crescimento das teorias racialistas, bem
como a ausência de qualquer política de amparo material para essas pessoas, e o silêncio
a esse respeito levam a crer mais em uma tecnologia de governo pautada em
higienização popular e eliminação de uma espécie de inimigo.” Explique qual era
perspectiva dessa teoria em relação aos libertos.
3. Nos conturbados anos 1930, o Brasil, diante das falhas das primeiras décadas da
República, precisava criar uma imagem, para marcar o novo momento. É neste
contexto que o governo Getúlio Vargas se apropria da ideia de democracia
racial, cunhado pelo sociólogo Gilberto Freyre. Qual era a intensão do governo
nesse momento com esse conceito de democracia racial?
AULA 05/2023
Objeto de conhecimento: A questão indígena durante a República (até 1964);
Diversidades: questões e estudos na atualidade.
Habilidade: (EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão,
as pautas dos povos indígenas, no contexto republicano (até 1964), e das populações
afrodescendentes. (EF09HI08) Identificar as transformações ocorridas no debate sobre as
questões da diversidade no Brasil durante o século XX e compreender o significado das
mudanças de abordagem em relação ao tema.
POLÍTICA INDIGENISTA
https://climainfo.org.br/2019/10/14/cientistas-brasileiros-contra-politica-anti-indigenista-de-bolsonaro/
Se formos dar uma olhada na história do Brasil, e se focarmos nos índios, iremos
nos deparar com tristes fatos. Durante todo o período colonial no Brasil, temos o índio
visto como uma pessoa inferior. E iremos ver de diferentes formas principalmente o
europeu se colocando na condição de superior aos índios, e logo o escravizando e
tentando o catequizar.
Como a colonização no Brasil foi feita de forma de exploração, os índios foram
vítimas das atitudes dos colonizadores que de modo geral escravizaram e dizimaram os
índios. Salve as missões Jesuítas que deram esperança ao futuro indígena.
Por outro lado, a independência do Brasil começa e termina sem muito ganho no
que diz respeito aos índios. Somente na constituição de 1934 é que os índios vão
ganhar amparo legal da lei, pois até antes, eles estiveram à mercê ora responsabilidade
do Estado outra da União, suas políticas eram regidas por medidas ou decretos.
Por fim ao longo de 400 anos de história desde a chegada do europeu, os índios
sempre ficaram jogados a “sorte do destino” apesar de alguns momentos, haver
preocupação em manter os índios, não foi o suficiente para frear o seu declínio
contínuo, e muitos chegaram a acreditar que era somente questão de tempo para que os
índios deixassem de existir.
Apesar de todo o preconceito da nossa parte aos índios, hoje temos uma sociedade
mais “atenta e solidaria” aos povos indígenas, ainda não é o ideal, mas sem dúvida o
atual quadro é melhor que em outros tempos.
O paternalismo que gira em torno dos povos indígenas é existente desde o período
colonial, pois uma vez que o europeu se colocou na condição de superior, e usou deste
argumento que os índios deveriam ser catequizados para se tornar “povos de Deus” foi
o primeiro ato de paternalismo que os índios sofreram. Fato é que sempre tivemos e
usamos da desculpa que os índios devem ter nossa ajuda e amparo, mas nada seria
preciso se nós não tivéssemos invadido seu habitat natural, não quero aqui defender
um rumo histórico, que poderia ou deveria ser diferente, pois para nossa felicidade de
existência, aconteceu a aculturação em cima dos índios. É aqui que entra a defesa dos
direitos indígenas.
Acredito que sim, a União tem por obrigação a defesa e manutenção das “nações
indígenas” nada mais justo, uma vez que estes povos “são originários do Brasil” ou
chegaram muito antes das descobertas europeias.
Desta forma as políticas indigenistas deveriam ser para proteger os índios em sua
condição social que é ou deveria ser não integrado com o mundo ocidental, proteger
suas terras, uma vez que sua noção de espaço é muito diferente, enfim cabe a União e
Estado assegurar a legalidade dos povos indígenas.
O paternalismo é um mal necessário para o índio, pois não têm como mudar este
fio da história, e fazer das práticas contemporâneas menos agressivas possíveis aos
índios. Acho que cabe a todos nós preservar a cultura indígena, e enxergar que com os
atuais quadros de globalização, e um mundo cada vez mais homogêneo, os povos
indígenas vão aos poucos sendo inseridos a este processo.
Disponível em:
https://www.educaiguaba.com.br/conteudo_principal/apostilas/maria_lucia/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complem
entacao/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementacao_9_ANO/31_de_agosto_a_12_de_setembro_complementa
cao_9_ANO_arquivos/Apostila%20%209%C2%BA%20ano-%20%20Aula%2020.pdf Acesso em: 16 de nov de 2020.
Adaptado
período ditatorial.
Enfim os militares criam a FUNAI que é a Fundação Nacional do Índio. A função
da FUNAI era acabar de uma vez os problemas indígenas, e consertar os estragos e
afastar os mal-intencionados que estavam presentes nos últimos anos do SPI.
As políticas indígenas do período militar não vão além daquilo que possamos
esperar desde momento da nossa história, a União entende que todas as terras
indígenas são propriedade do Estado.
Em 1973 é elaborado o Estatuto documento este que é usado até os dias atuais,
houve já projetos para mudanças e atualização desde documento, mas nunca houve
representante suficiente para a votação. Desta forma a FUNAI trabalha há quase 40
anos sobre o mesmo Estatuto, fazendo com que assim este órgão fica despreparado e
incapaz de solucionar os problemas indígenas no Brasil.
ATIVIDADES
3. O que é SPI e FUNAI e quais foram as suas importâncias na luta pela construção e
preservação dos direitos indígenas?
4. Qual é o órgão no Brasil atualmente que é responsável pela demarcação das -terras
indígenas?
A) Ministério da Justiça.
B) Incra.
C) Ibama.
D) Funai.
DIVERSIDADE
“Tudo o que nos diferencia de algo ou de outro, ela varia através de escolha: corte de
cabelo, ou até mesmo de coisas da própria natureza: cor dos olhos”. Yasmim Santiago
Ernesto de Sousa Ferraz Neto
A definição da expressão diversidade diz respeito à qualidade daquilo que é diverso,
diferente, variado; variedade, ou multiplicidade. O termo remete à ideia de pluralidade,
isto é, reúne conceitos de múltiplos aspectos e que apresentam aparente diferença entre
si. Ela pode ser classificada em: diversidade cultural, biológica e étnica.
Assim, pode-se defini-la como “tudo o que nos diferencia de algo ou de outro, ela
varia através de escolha: corte de cabelo, ou até mesmo de coisas da própria natureza:
cor dos olhos”. (Yasmim Santiago).
É importante não confundir com a expressão ‘diferença’, embora esse termo seja
fundamental como equivalente para evidenciar as dimensões individuais, sociais,
educativas e econômicas. A palavra não é uma criação social do homem moderno, mas
as diferenças são criadas pelo intelecto humano.
Por isso a diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas,
religiosas, entre outras, que existem entre os seres humanos. Trata-se de algo
grandioso, que deve ser respeitada para manter a paz. A diversidade descreve as
diferenças existentes entre as pessoas que fazem parte em um determinado grupo.
Dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas categorias:
as visíveis e as invisíveis. A primeira diz respeito à cor, sexo, raça, algum tipo de
deficiência pode ser visível em uma pessoa, geralmente essas características não podem
ser alteradas. A segunda, considerada características invisíveis, referem-se à
personalidade, à profissão, à cultura, ao nível de escolaridade, o legado pessoal, e até
mesmo ao estilo de vida. Como exemplos comportamentais, nesta linha de raciocínio
tem-se pessoas extrovertidas ou introvertidas.
Assim, a diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite
condições para um mundo mais dinâmico. Ela permite que um grupo seleto de pessoas,
pense de forma independente (Malcolm Forbes).
O bom senso recomenda que o respeito pelas diferenças deve ocorrer tais como:
valores, crenças, religiões e heranças culturais.
Da mesma forma, promover atitudes positivas referentes às diferenças, propiciando
um ambiente saudável e possibilitando o diálogo através de uma comunicação aberta e
agir com firmeza e calma diante de situações discriminatórias, o que consiste em,
(repito) respeitar as diferenças dos outros.
O Respeito à diversidade é também uma forma de promover inclusão das pessoas
em determinado grupo social, uma vez que o respeito é fundamental como forma de
permitir e aceitar o outro.
A diversidade é uma das maiores riquezas do ser humano no planeta e a existência
de indivíduos diferentes em uma cidade, em um país, com suas diferentes culturas,
etnias e gerações fazem com que o mundo se torne mais completo.
Disponível em: https://www.jornalodiario.com.br/acesso em: 17 de nov de 2020.
Glossário
● Respeito - Sentimento que leva alguém a tratar as outras pessoas com grande
atenção e profunda deferência, consideração ou reverência.
● Tolerância - Ação de tolerar, de aceitar ou suportar, com indulgência; clemência.
Disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos.
● Diversidade - Característica ou estado do que é diverso, diferente, diversificado;
não semelhante: diversidade de argumentos no discurso. Reunião do que contém
vários e distintos aspectos, características ou tipos; pluralidade: a diversidade de
comentários sobre o texto.
Disponível em: https://www.dicio.com.br/acesso em: 17 de nov. de 2020.
7. Sobre a diversidade, nas alternativas a seguir marque (V) para que forem verdadeiras e
(F) para as falsas.
1. ( ) A diversidade pode ser classificada em: diversidade cultural, biológica e
étnica.
2. ( ) A diversidade humana se refere às diferenças culturais, étnicas, ideológicas,
religiosas, entre outras, que existem entre os seres humanos.
3. ( ) A diversidade descreve as diferenças existentes entre as pessoas que fazem
parte em um determinado grupo.
4. ( ) A diversidade é uma característica básica da sociedade humana, que permite
condições para um mundo mais dinâmico.
8. O texto diz que dada a sua dimensão, a diversidade pode ser dividida em duas distintas
categorias: as visíveis e as invisíveis. Explique com suas palavras cada uma destas
categorias.
9. Com suas palavras escreva um parágrafo usando os três conceitos: diversidade, respeito
e tolerância.
1.