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A política do Café com Leite

a. Política do café com leite, expressão que inspira a hegemonia


política dos dois estados cafeeiros: Minas e São Paulo, durante toda a
República Velha.
b. A hipótese de que a expressão tenha sido divulgada pelo regime
Vargas, com o fim de desqualificar a República Velha, em função da
ruptura pretendida por seu governo, em relação aos eixos básicos do
regime pregresso.
c. Para justificar a implantação de um estado mais centralizado e
autoritário, Vargas precisaria, necessariamente, romper com o
passado e com o regime federativo.
d. A estabilidade da Velha República foi garantida pela instabilidade
das alianças entre os estados politicamente mais importantes da
Federação, impedindo-se, a um só tempo, que a hegemonia de
uns fosse perpetuada e que a exclusão de outros fosse definitiva.
Tal instabilidade pôde conter rupturas internas, sem que o modelo
político fosse ameaçado, até o limite em que as principais bases de
sustentação desse modelo deixaram de existir, ocasionando a sua
capitulação.
e. Importância de Minas Gerais se deu por seu poder econômico,
condicionado por ser o segundo maior exportador nacional de café,
aliado ao fato de possuir o maior contingente eleitoral.
Política estabilizadora de Campos Salles

a. Campos Salles achava que as instabilidades da República tinham


por fundamento as dificuldades de relação existentes entre o
executivo e o legislativo federais e as lutas partidárias que
dividiam o Parlamento.
b. A solução apontada por ele implicava em conferir ao Executivo
Federal maior autonomia em relação ao Parlamento, palco das
principais disputas.
c. Realização de uma ação conjunta com os estados, denominada
por ele de “política dos estados”, a qual consistia em mantê-los
em harmonia com o Executivo Federal, sem que renunciassem a
sua autonomia constitucional.
d. Caberia aos Estados apoiarem o governo central, fortalecido em
seu poder de arbítrio. Dessa forma, o modelo de Estado Nacional
proposto por Campos Sales pairava nas alturas, distante dos
conflitos regionais, relegados aos estados-membros. Daí as
referências que fazia à necessidade de erigir-se um Executivo
Federal de caráter meramente administrativo, contrário às
disputas e interesses regionalistas. A despolitização do Estado
Nacional seria contraposta à politização dos estados-atores,
resguardando-se o poder soberano e autônomo do Catete.
e. A partir do apoio conferido por um seleto grupo de estados-atores
– Minas, São Paulo e Bahia – o Catete fez de Rodrigues Alves o
seu sucessor, sem contar com muitas resistências e à revelia do
Partido Republicano Federal (PRF). Esta ação, porém, não
poderia repetir-se na sucessão seguinte, conforme será visto. O
modelo de Campos Sales, com a pretensão de conferir à
República considerável grau de estabilidade, havia deixado de
regular o principal elemento problemático do regime republicano,
qual seja o fundamento de sua própria renovação.

Processos sucessórios da República

a. A estabilidade do regime republicano baseou-se, sobretudo, na


garantia de que seu elemento motor estivesse nas mãos das
oligarquias regionais, cujo peso político era diretamente
proporcional ao tamanho de suas bancadas e das suas

potencialidades econômicas. ☹
b. A primeira medida implementada, quando do estabelecimento
da República, foi garantir a exclusão da participação dos
setores populares, não só pelo estabelecimento normativo do
“voto alfabetizado”, como também, e sobretudo, pela
formalização da fraude eleitoral, viabilizada por mecanismos
aparentemente ingênuos, mas eficazes na redução do grau de
competitividade entre os atores.
c. Para fazer parte da elite política eram necessários os seguintes
requisitos: ser do gênero masculino, ser branco, ter curso
superior, ter laços de parentesco com outros membros da elite
política e ser originário de uma das regiões politicamente
importantes do estado.

Quadro 5: Índices eleitorais das eleições presidenciais da Primeira República

Ano Presidente eleito Percentual de comparecimento Percentual obtido pelo eleito

1894 Prudente de Morais 2,2 84,3

1898 Campos Sales 2,7 90,9

1902 Rodrigues Alves 3,4 91,7

1906 Afonso Pena 1,4 97,9

1910 Hermes da Fonseca 3,2 57,1

1914 Wenceslau Brás 2,4 91,6

1918 Rodrigues Alves 1,5 99,1

1919 Epitácio Pessoa 1,5 71,0

1922 Artur Bernardes 2,9 56

1926 Washington Luís 2,3 98

1930 Júlio Prestes 5,7 57,7

Médias 2,65 73,21

Fonte: Adaptação de Cavalcanti (1975:202)

A Revolução de 1930

Acreditamos que o processo relativo ao evento sucessório de


1930 deva ser analisado a partir de duas conjunturas diferentes. A
primeira consiste na ruptura da aliança entre Minas e São Paulo,
que teve seu ponto culminante na sucessão de Washington Luiz
em 1929. A segunda consiste na reação armada empreendida após
a eleição presidencial, que se configurou na Revolução de 30.
Embora os dois eventos sejam consecutivos e interrelacionados,
em sua essência, trata-se de dois momentos motivados por razões
distintas e conduzidos por atores parcialmente
diferenciados justificando uma abordagem em separado.

Acredita-se que a indicação de Júlio Prestes a sucessor de


Washington Luiz, à revelia de Minas Gerais, consistiu na
culminância de um processo de esvaziamento progressivo da
aliança Minas–São Paulo, que se deu ao longo de sua breve
existência, limitada aos governos de Epitácio Pessoa e Artur
Bernardes.

Os fatores que conduziram ao esvaziamento da aliança entre São


Paulo e Minas gerais são dois:

a. A distância que havia entre o desenvolvimento econômico de


São Paulo e restante da nação,
b. O segundo, que relacionado ao primeiro, o interesse de São
Paulo de estabelecer sua hegemonia política no âmbito
nacional, por não se sentir bem representado no modelo de
alternância de poderes entre as elites dos estados.
c. A ruptura do pacto federativo por parte de São Paulo, levou a
reação armada por parte de Minas Gerais e Rio Grande do Sul,
estados que seriam mais prejudicados com o fim da
alternância de poderes.
d. Minas Gerais e São Paulo não buscaram romper com o pacto,
mas pelo contrário, queriam resgatá-lo.

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