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Apresentação

MÓDULO I
my_location O Segundo Reinado (1840-1889);

my_locationA Proclamação da República.

MÓDULO II
my_location A República Velha e a Política Café com Leite;

my_location As crises do café;

my_location A industrialização do Brasil.

MÓDULO III
my_location A Era Vargas;

my_location Governo Provisório (1930-1934);

my_location Período Constitucionalista (1934-1937);

my_locationEstado Novo (1937-1945).

Definição
Estudaremos o período histórico situado entre o fim do Segundo Reinado até a Era
Vargas a fim de investigarmos os processos históricos responsáveis pela formação da
economia brasileira.

Objetivos

MÓDULO I
my_locationAvaliar a prosperidade econômica do Brasil no Segundo Reinado;

my_locationExplicar as razões para a queda da monarquia brasileira;

my_locationNarrar o início das primeiras atividades industriais no Brasil.

MÓDULO II
my_locationResumir as principais realizações dos presidentes brasileiros durante a
República Velha;

my_location Identificar as políticas econômicas adotadas no período;

my_location Apontar os efeitos da crise de 1929 para a economia cafeeira no Brasil.

MÓDULO III
my_location Identificar os principais problemas da economia brasileira durante o
Governo Provisório;

my_locationTraçar as principais preocupações de Getúlio Vargas durante o período


constitucionalista;

my_locationAnalisar o papel do Estado como impulsionador do desenvolvimento da


indústria brasileira durante o Estado Novo.
Módulos

(Fonte: Wikipédia)

O Segundo Reinado (1840-1889)

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 D. Pedro II (Fonte: Wikipedia).


Este período é conhecido como uma época de relativa paz no Brasil e de prosperidade
econômica, que se devia principalmente a dois motivos:

Atividade cafeeira do país, a base da sua economia;


Término dos privilégios fiscais que os produtos ingleses possuíam.
Já o ligeiro sossego no âmbito político deveu-se especialmente ao perfil de D.
Pedro II. Mostrando-se bem mais preparado que o seu pai na arte da diplomacia, ele
conseguiu conciliar os interesses da elite agrária conservadora com os das demais
classes liberais que defendiam a descentralização do poder.

Podemos ordenar uma série de fatos históricos responsáveis pelo pico da produção
cafeeira na economia do Brasil durante o Segundo Reinado:
As tropas napoleônicas invadiram Portugal

 Napoleão Bonaparte (Fonte: Wikipédia).


A Família Real portuguesa veio ao Brasil

 D. Pedro II e sua família (Fonte: Wikipédia).


D. João VI incentivou a cultura do café

 (Fonte: Cândido Portinari / Wikipédia)


Esta cultura foi beneficiada pelos recursos remanescentes dos ciclos do ouro e do
açúcar

 (Fonte: Jean-Baptiste Debret / Wikipédia).


Analisando a nossa balança comercial de 1840 a 1899 (cujos números estão expressos
em contos de réis, a moeda corrente da época), podemos perceber a evolução da
economia brasileira no período:
Período Exportações (+) Importações (-) Saldo
1840-49 48.000 54.000 -6.000
1850-59 84.000 96.000 -12.000
1860-69 145.000 130.000 15.000
1870-79 195.000 160.000 35.000
1880-89 215.000 185.000 30.000
1890-99 790.000 720.000 70.000
Contudo, o reinado de D. Pedro II teve de enfrentar três graves crises entre 1848 e
1852:

I
O enfrentamento do tráfico ilegal de escravos oriundos da África.

 Johann Moritz Rugendas (Fonte: Wikipédia).

II
A Revolta Praieira
(6 de novembro de 1848),
um conflito entre facções políticas locais em Pernambuco.

 Philippoteaux (Fonte: Wikipédia).

III
A Guerra do Paraguai
(ou Guerra da Tríplice Aliança).

 Guerra do Paraguai (Fonte: Wikipédia).


Das três crises enfrentadas durante o Segundo Reinado, as que mais se destacaram
foram aquelas ligadas ao fim do tráfico negreiro e à Guerra do Paraguai. Apesar de
alguns historiadores apontarem a ruptura com a Igreja Católica e a alta inflação
ocorrida na época como elementos que propiciaram a Proclamação da República, a
abolição da escravatura e o conflito paraguaio foram, sem dúvida, os fatores que
mais contribuíram para a queda da monarquia.

Por isso, precisamos analisar os dois de forma minuciosa:

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O fim da escravidão no Brasil
A Guerra do Paraguai

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A Proclamação da República
Em termos gerais, os principais resultados da Guerra do Paraguai foram a perda de
recursos financeiros e o fortalecimento da classe militar. Seus combatentes, por
sua vez, eram oriundos de todas as classes da sociedade brasileira: ricos, pobres,
negros, brancos, mestiços etc. Eles se uniram para enfrentar não apenas o inimigo,
mas também outras adversidades, como as doenças, a fome e a distância de seus
familiares. Isso gerou um sentimento de unidade nunca experimentado entre os
brasileiros.

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Neste momento, o país não era mais o mesmo, estando dividido em diferentes classes
sociais:

Representantes dos centros urbanos;


Militares;
Novos capitalistas.
D. Pedro II precisava agradar a todos sem deixar descontente a elite agrária
clássica; afinal, ela era sua principal apoiadora. Mas ele não conseguiu isso.
Mesmo assim, ele não conseguiu conciliar interesses tão diferentes. Seu
comportamento com os militares demonstrava inclusive que o próprio regime poderia
constituir um risco para as Forças Armadas.

Comentário
Primeiro-Ministro do Império, Visconde de Ouro Preto se posicionava contra o
militarismo.

Influenciado por uma falsa notícia espalhada pelo major Solon Ribeiro de que D.
Pedro II havia ordenado a sua prisão, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu a
frente das tropas da Proclamação da República; assim, em 15 de novembro de 1889,
ele destituiu D. Pedro II, assumindo o poder por meio de um governo provisório
republicano: a primeira república brasileira.

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A Proclamação da República (Fonte: Wikipédia).
Por volta de 1850, alguns brasileiros ricos tentaram exercer algumas atividades
fabris no país. Eles ainda não podiam ser considerados capitalistas, pois, no
geral, eram utilizados equipamentos primitivos e mão de obra escrava. Em 1850,
havia 74 empresas – 50 delas na capital e na província do Rio de Janeiro, que era
então a capital do próprio país – produzindo os seguintes itens e artigos:

Chapéus;
Círios;
Sabão;
Cerveja;
Cigarros;
Tecidos de Algodão.
Entre esses embriões industriais, houve algumas raras exceções de grande sucesso,
como o estaleiro instalado pelo Visconde de Mauá em Niterói em 1850. Já apontamos
algumas consequências do fim do tráfico negreiro neste ano, como o direcionamento
de seus capitais para outras iniciativas empresariais. A abolição da escravatura
foi um forte elemento impulsionador na formação da indústria no Brasil.

Leitura
Conheça um pouco sobre a história e o legado de um dos maiores empreendedores que
impulsionou o Brasil rumo à industrialização: Visconde de Mauá.

De forma geral, os esforços empreendidos pelo Império não conseguiram consolidar a


indústria brasileira entre as décadas de 1840 e 1870. Somente sobreviveram ao
período:

Fábricas beneficiadas com privilégios de exploração;


Subvenções governamentais;
Isenções de imposto de importação, já que, de acordo com Rego e Marques (2011, p.
87), “a supremacia dos interesses agrários, com a proeminência do café, impedia o
uso de tarifas de importação efetivamente protecionistas”.
Interessava mais à classe política a manutenção da antiga base agrária que o
incentivo à indústria nascente no país; portanto, ela permaneceu inerte na sua
condição de periferia do sistema capitalista.
Para Rego e Marques (2010), somente a partir de 1885 houve o início dos primeiros
focos de produção industrial brasileira. Contribuíram para isso os seguintes
fatores:

Surgimento da mão de obra assalariada;


Abolição da escravatura;
Intensificação da deterioração das estruturas pré-capitalistas.
Verificando o aprendizado
Atividade
1. A que se devia a prosperidade econômica experimentada durante o período do
Segundo Reinado no Brasil?

a) Às riquezas acumuladas durante o ciclo do ouro, que Portugal teve de devolver


aos cofres brasileiros após a independência do Brasil.
b) Aos superavits ocorridos na balança comercial brasileira logo após a declaração
da independência.
c) Ao grande volume de exportação do látex, originário das seringueiras da
Amazônia.
d) Ao tratado realizado entre Portugal e Inglaterra, gerando grandes benefícios
para o Brasil.
e) Ao ápice da atividade cafeeira no país e ao término dos privilégios comerciais
para os produtos ingleses.
2. Apesar dos aspectos positivos vivenciados na economia brasileira durante o
reinado de D. Pedro II, algumas crises ocorridas na época acabaram contribuindo
para o fim da monarquia. Quais foram elas?

a) A praga da vassoura de bruxa nos cafezais e a ausência de investimentos


estrangeiros.
b) A falta de infraestrutura para o escoamento da produção do café e a
inexperiência dos brasileiros na manipulação do produto.
c) A abolição da escravatura e a Guerra do Paraguai.
d) A ausência de um herdeiro do sexo masculino para suceder D. Pedro II.
e) A promulgação da Lei de Feijó e a chegada dos imigrantes ao Brasil.
3. Uma das consequências da abolição da escravatura para a economia brasileira foi:

a) O início de uma mão de obra assalariada proveniente exclusivamente dos antigos


escravos.
b) O deslocamento do capital antes investido na atividade escravagista para outras
atividades empresariais, como a abertura de bancos e indústrias.
c) A conscientização da população brasileira acerca do respeito aos direitos
humanos e a extinção do racismo.
d) A melhoria nos índices de distribuição de renda no país.
e) A falta de mão de obra necessária tanto nos cafezais quanto na nascente
atividade industrial da época do Império.

(Fonte: Wikipédia)

A República Velha e a Política Café com Leite


Após a queda da monarquia no Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o poder,
dando início à República Velha, o primeiro regime republicano brasileiro. Nos anos
seguintes, a atividade cafeeira, base da economia brasileira na época, passa a
enfrentar sucessivas crises.

Abordaremos as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia


brasileira. Afinal, um evento de escopo internacional provocava, no início dos anos
1930, mudanças profundas na história econômica do mundo capitalista: a crise de
1929. Relacionando-a ao início do processo de substituição de importações no
Brasil, avaliaremos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia
brasileira.

A República Velha (1889-1930)


A primeira fase da república brasileira se estendeu de 15 de novembro de 1889 até a
Revolução de 1930, que foi liderada por Getúlio Vargas. A análise deste período é
realizada em duas etapas:

Até 1891: República da Espada;


1891-1930: República Oligárquica ou do Café com Leite. Afinal, a presidência do
país nesta fase só tinha representantes de dois estados: São Paulo (grande produtor
de café) e Minas Gerais (onde há muita fabricação de leite).
Os presidentes da República Velha, além de suas principais realizações, estão
descritos a seguir em ordem cronológica:

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1. República da Espada
1889 - 1891

Manuel Deodoro da Fonseca


O governo deste marechal foi dividido em duas etapas:

Governo Provisório (1889-1891);


Governo Constitucional (alguns meses de 1891).
Eleito por voto indireto, ele chegou ao poder com o uso da força militar. Para
resolver o problema de liquidez na economia brasileira, optou pelo uso da moeda
fiduciária, o que gerou o chamado encilhamento.

1891 - 1894

Floriano Peixoto
Vice-presidente no governo anterior, Floriano Peixoto contrariou a Constituição
Federal de 1891 ao assumir o poder após a renúncia de Deodoro. Ele reprimiu com mão
de ferro quem fosse contrário ao seu governo.

Na Região Sul, foram mais de 10 mil mortos com a Revolta Federalista.

2. República Oligárquica (ou do café com Leite)


1894 - 1898

Prudente José de Moraes e Barros


Trata-se do primeiro presidente civil da República Velha eleito por voto direto.
Apesar de dar um fim à Revolta Federalista, precisou lidar com a famosa Guerra dos
Canudos. Prudente José gerenciou diplomaticamente as crises de invasões
estrangeiras no território brasileiro.

1898 - 1902

Manuel Ferraz de Campos Sales


Renegociou a dívida do Brasil com o exterior, se comprometendo a aplicar políticas
mais ortodoxas. Para implementar ações impopulares, Manuel Ferraz utilizou a
denominada política dos governadores, realizando um acordo com as oligarquias
agrárias.

O período de seu governo é demarcado pelo apogeu do coronelismo, dando início à


República do Café com Leite.

1902 - 1906

Francisco de Paula Rodrigues Alves


Trabalhou na reurbanização e no saneamento do Rio de Janeiro, combatendo agentes
propagadores de doenças. Por causa disso, Alves enfrentou protestos da população
conhecidos como a Revolta da Vacina.

Além da questão sanitária, outros tópicos tratados pelo governo geraram celeuma na
época. Destacaremos dois deles a seguir:

Compra do Acre;
Primeira crise de superprodução de café do século XX (ela só seria resolvida com o
convênio de Taubaté, executado no governo de Afonso Pena).
1906 - 1909

Afonso Augusto Moreira Pena


Como frisamos, seu governo foi o responsável peal execução do convênio de Taubaté,
protegendo os cafeicultores da baixa no preço do café. Veio a falecer antes de
completar o seu mandato e poder indicar um sucessor paulista.

1909 - 1910

Nilo Procópio Peçanha


Vice-presidente de Afonso Pena, Nilo Peçanha deu continuidade à política econômica
do governo anterior. Entre seus feitos, destacam-se:

Impulsionamento do ensino técnico-profissional;


Reorganização do Ministério da Agricultura;
Criação do Serviço de Proteção ao Índio (órgão mais tarde renomeado como Funai).
Além disso, Peçanha gerenciou a instabilidade política relativa à escolha de um
sucessor, deixando em seu lugar o militar Hermes da Fonseca, exógeno à Política
Café com Leite.

1910 - 1914

Hermes Rodrigues da Fonseca


Sobrinho de Deodoro da Fonseca, enfrentou várias revoltas, como a da chibata e a
dos coronéis. Tentou abolir o coronelismo, principalmente no Norte e no Nordeste, o
que acabou minando sua base de aliados. Além disso, contraiu novos empréstimos para
controlar o preço do café e realizar investimentos em infraestrutura, como as
linhas telegráficas e férreas.

Ao término do seu governo, a máquina eleitoral do café com leite voltou a


funcionar. Dessa forma, seu sucessor teve de ser um mineiro: Wenceslau Braz.

1914 - 1918

Wenceslau Braz Pereira Gomes


Enfrentou os impactos econômicos de conflitos internos e externos, como a Guerra do
Contestado e a Primeira Guerra Mundial. O conflito internacional estimulou a
indústria brasileira graças às limitações impostas às importações no período.

A industrialização no Brasil aumentou a sua população urbana, fazendo surgir


movimentos sindicalistas. Braz indicou como sucessor o paulista Rodrigues Alves.

1918 - 1919

Francisco de Paula Rodrigues Alves


Dessa vez, não tomou posse devido a problemas de saúde, vindo a falecer em janeiro
de 1919.

1918 - 1919

Delfim Moreira da Costa Ribeiro


Vice de Rodrigues Alves, teve de tomar posse em seu lugar. No entanto, obedecendo à
Constituição de 1891, Delfim Moreira precisou convocar novas eleições.

Até a posse do novo presidente, teve de gerenciar greves de operários iniciadas


ainda na gestão anterior.

1919 - 1922

Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa


Apesar de paraibano, Epitácio Pessoa teve sua candidatura apoiada por mineiros e
paulistas. Ele iniciou seu governo enfrentando manifestações generalizadas contra
as estruturas institucionais. Gerou ainda mal-estar entre os militares por escolher
dois civis para chefiarem os ministérios da Guerra e da Marinha, tendo de lidar com
a revolta conhecida como Levante do Forte de Copacabana, que tentou tirá-lo do
poder e evitar a posse do seu sucessor.

Pessoa criou a Lei da Repressão ao Anarquismo, realizou prisões e deportações dos


líderes operários e considerou ilegal a criação do Partido Comunista Brasileiro
(PCB). Apesar da pressão exercida pelos movimentos do Modernismo com a Semana da
Arte Moderna de 1922 e pelos líderes da Política Café com Leite que o apoiaram nas
eleições, conseguiu obter alguns êxitos em sua gestão, como a diminuição dos gastos
públicos, o investimento em infraestrutura e o combate à seca do Nordeste. Manteve
ainda a política de preço do café, estocando o excedente com o auxílio do
endividamento externo.

1922 - 1926

Arthur da Silva Bernardes


Deu continuidade à crise política estabelecida no governo anterior, decretando
estado de sítio em todo o seu governo. Ainda ordenou o bombardeio da cidade de São
Paulo para conter a revolta dos militares contra o governo.

Seu governo enfrentou revoltas, tanto de militares quanto de operários, do início


ao fim do mandato. Arthur Bernardes indicou como sucessor Washington Luís; do Rio
de Janeiro, ele era um defensor da economia cafeeira.

1926-1930

Washington Luís Pereira de Sousa


Pouco depois de Washington Luís assumir, as revoltas de militares e operários
cessaram. No entanto, temendo o retorno dos problemas, ele decretou a censura da
imprensa e, novamente, a ilegalidade do PCB.

Luís ainda precisou enfrentar a crise mundial de 1929 e as sequências de


supersafras de café no Brasil. Com a crise financeira nos Estados Unidos, os
cafeicultores queriam que ele desvalorizasse o câmbio, mas ele não concordou com
essa estratégia, fazendo com que ele perdesse o apoio da elite agrária.

Contrapondo-se à vontade dos mineiros, escolheu o paulista Júlio Prestes para ser
seu sucessor. A decisão de Washington Luís levou ao golpe de 1930, que pôs um fim à
República Velha faltando apenas 21 dias para o término de seu mandado.

Vejamos, no texto a seguir, algumas importantes considerações sobre a República


Velha
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Considerações sobre a República Velha
As crises do café
Origens da crise
Como vimos, o governo de Rodrigues Alves enfrentou a primeira crise de
superprodução do café. No início do século XX, a demanda internacional pelo produto
acabou estimulando consideravelmente o aumento de sua produção. De acordo com Rego
e Marques (2011) a produtividade do Brasil era responsável por aproximadamente três
quartos da registrada em todo o planeta!

Mas havia problemas. As características naturais do Brasil, como o seu vasto


território, o solo e o clima favoráveis ao plantio do produto, além das altas
receitas oriundas da atividade cafeeira, constituíam um constante estímulo à
produção. Dessa forma, a oferta passou a superar a demanda no mercado
internacional, acarretando a redução no preço do produto.

Exemplo
O crescimento da oferta de café ocasionou uma queda de aproximadamente 38% nos
preços internacionais no período de 1807 a 1901.

Dessa forma, com o objetivo de salvar a economia cafeeira, políticas de valorização


do café foram empreendidas. No entanto, o efeito alcançado foi justamente o oposto:
a longo prazo, tais políticas apenas agravaram a situação.

Talvez você esteja se perguntando: por que a baixa nos preços era interpretada como
algo muito ruim para os produtores? A resposta está no conceito de elasticidade-
preço: como o café é um produto de demanda inelástica, isso significa que, mesmo
com preços menores, a quantidade demandada continuava a mesma, afetando
negativamente as receitas e, consequentemente, os lucros dos cafeicultores.

Conforme expomos, a solução encontrada foi uma política de valorização realizada


por meio do Convênio de Taubaté. Este acordo foi firmado entre os governadores de
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, consistindo, basicamente, em:

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I
Compra do café excedente com empréstimos estrangeiros.

II
Pagamento dos juros com um imposto fixadio sobre a saca de café exportada

III
Desencorajamento à produção.

 Candido Portinari (Fonte: Wikipédia) / (fonte: REGO; MARQUES, 2011).


Os resultados dessa política começaram a surgir em 1909, quando os preços das sacas
de café começaram a subir. Entretanto, os próprios governadores não fizeram o seu
dever de casa, pois eles não desencorajaram a produção cafeeira conforme o
previsto. Os preços artificialmente altos acabaram por incentivar ainda mais a
produção, já que a atividade proporcionava lucros elevados.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cenário mudaria um pouco:


tendo o ciclo migratório se reduzido (lembre-se de que grande parte da mão de obra
utilizada nos cafezais era de imigrantes), a produção também acabaria diminuindo.
No entanto, com o término do conflito, a produção voltou a crescer, tendo um ápice
na segunda metade dos anos 1920 (1925-1929), período em que não houve crescimento
das exportações.

Podemos resumir da seguinte forma a sequência de fatos que levou à maior crise de
superprodução experimentada no ciclo do café:
I
A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO ELEVA OS PREÇOS DO CAFÉ

II
OS ALTOS LUCROS COM A ATIVIDADE ATRAEM NOVOS PRODUTORES

III
AUMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA EM 1927-1928 PARA PRATICAMENTE O DOBRO DO QUE ERA
EXPORTADO

Crise de 1929

 Crise de 1929 (Fonte: Wikipédia).


Em 24 de outubro de 1929, os valores das ações comercializadas na Bolsa de Valores
de Nova Iorque caíram drasticamente, fazendo com que muitos investidores perdessem
grandes somas de dinheiro. Conhecido como “quinta-feira negra” (ou black thursday),
o evento agravou fortemente a recessão econômica que os Estados Unidos já vinham
experimentando desde julho do mesmo ano.

Também conhecida como Grande Depressão, a crise de 1929 causou o fechamento de


muitas empresas comerciais e industriais e elevou violentamente as taxas de
desemprego. Seus efeitos foram sentidos no mundo inteiro.
O Brasil obviamente foi afetado: houve ainda mais redução no preço do café; além
disso, mesmo com os preços baixos, era difícil achar compradores, já que o mundo
estava em crise. Como veremos, no módulo seguinte, a postura do governo brasileiro
permaneceu a mesma: defesa da renda dos cafeicultores, mesmo que, segundo Rego e
Marques (2010), suas ações prejudicassem o conjunto da sociedade. Antes, porém,
precisamos falar sobre o que aconteceu com a indústria no Brasil no período.

A industrialização do Brasil
Rego e Marques (2010) defendem que as políticas de estado – especialmente nos
governos de Campos Salles e Rodrigues Alves – durante o período da República Velha
possuem duas características fundamentais: pró-oligárquica e anti-industrial.
Afinal, houve muitos incentivos para o café, mas quase nenhum para a indústria.

Somente após uma nova crise de superprodução cafeeira (1880-1886) e a eclosão da


Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a indústria pôde receber um incentivo ao seu
desenvolvimento. Como as importações passaram a ser escassas e caras, a produção
nacional precisava ser capaz de atender a essa demanda interna. No entanto, o setor
voltaria a ficar estagnado já na década seguinte (1923-1929), tendo as revoltas
sindicais sua parcela de contribuição para isso.

 Industria no Brasil (Fonte: Wikipédia).


A crise de 1929, contudo, foi um novo fiel dessa balança, causando uma grande queda
nas exportações brasileiras. Isso afetou negativamente a balança comercial e
reduziu drasticamente a entrada de capitais estrangeiros no país. Sem financiamento
externo, o governo teve de aumentar a emissão de sua moeda, provocando a inflação.
Com ela desvalorizada, as importações encareceram, oferecendo uma oportunidade para
a indústria nacional poder atender à demanda interna.

Dessa forma, o crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um grande


impulso, se diversificando e iniciando o chamado processo de substituição de
importações (PSI), que durou até o final da década de 1970.

 Indústria têxtil (Fonte: Wikipédia).


Capitais antes investidos na economia cafeeira passaram a ter novos destinos. Parte
deles continuou no setor agrário – só que na produção de algodão. Outro quinhão,
porém, encontrou seu destino na indústria.

Primeiramente, voltou a ser utilizada a capacidade ociosa do país: máquinas,


equipamentos e instalações até então parados. Em seguida, foi a vez dos
equipamentos de segunda mão das fábricas fechadas no exterior (mais uma
consequência da Grande Depressão), que passaram a ser importados. Por sua vez, o
crescimento da demanda por bens de capital e o aumento do custo da importação em
virtude da desvalorização cambial acabaram incentivando a instalação da indústria
de bens de capital no país.

Segundo Rego e Marques (2010, p. 76), a indústria “passou a ser o fator dinâmico
principal de criação de renda interna”. Dados coletados entre 1929 e 1937 apontam
os seguintes números:

Produção agrícola: Redução da exportação de 70% para 57%;


Produção industrial: Crescimento de 50%;
Renda nacional: Aumento de 20%;
Renda per capita: Incremento de 7%.
Verificando o aprendizado
Atividade
1. No que diz respeito ao período da República Velha (1889-1930), é incorreto
afirmar:
a) A análise do período é feita em duas partes: República da Espada e República
Oligárquica.
b) O período da República Oligárquica é também conhecido por Política Café com
Leite, já que se alternavam no cargo da Presidência da República representantes de
São Paulo e Minas Gerais.
c) Os governos da República da Espada foram marcados principalmente por atropelos e
desrespeitos à Constituição de 1891.
d) Os governantes eleitos pela Política Café com Leite defenderam amplamente a
indústria em detrimento da atividade cafeeira.
e) O descontentamento da elite agrária com o presidente Washington Luís gerou a
Revolução de 1930 que pôs fim a República Velha.
2. O Convênio de Taubaté foi um acordo realizado entre os governantes de São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais para valorizar o café. Com a sua execução, os preços
do produto voltaram a subir; no entanto, essa política acabaria mais tarde
agravando a crise, pois...

a) Os recursos emprestados para a compra da produção excedente logo deveriam ser


pagos.
b) Não houve o desestímulo à produção de café por parte dos governantes.
c) A demanda por café passou a ser maior que a sua oferta.
d) Os cafeicultores tiveram de arcar com todos os custos da política.
e) O presidente Afonso Pena, executor do Convênio de Taubaté, entrou em conflito
com os grandes cafeicultores de São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediu a
implementação eficaz da política.
3. Qual foi o principal efeito da crise de 1929 para a indústria brasileira?

a) Desestímulo às atividades industriais e consequente declínio na renda per capita


brasileira.
b) Estabilização da quantidade de máquinas e equipamentos no Brasil, promovendo um
declínio na produção do setor.
c) Estímulo as exportações de café, base da economia brasileira na época, em
detrimento da indústria brasileira.
d) Redução dos impostos sobre importação pelo governo brasileiro a fim de
incentivar a compra de produtos estrangeiros, prejudicando a indústria brasileira.
e) Incentivo ao aumento da indústria brasileira para suprir as necessidades da
demanda interna, que importava menos por conta da desvalorização cambial.

(Fonte: Wikipédia)

A Era Vargas
No módulo anterior, vimos como a crise de 1929 foi um marco para a mudança do
antigo modelo primário-exportador brasileiro para um de desenvolvimento baseado no
mercado interno. Em outras palavras, a grande depressão despertou na indústria do
país a missão de suprir a demanda nacional de produtos até então importados,
iniciando efetivamente o processo de substituição de importações (PSI) e tornando-
se a principal responsável pela dinâmica da economia.

O setor agrícola, por sua vez, passou a ficar num segundo plano. No entanto, o
processo de industrialização do Brasil ainda estava incompleto, pois os setores
responsáveis pela produção dos bens de produção ainda eram pouco desenvolvidos.
Este, aliás, foi um dos pontos atacados pela política da chamada Era Vargas.

Partiremos do instante em que Vargas assumiu o poder com o golpe da Revolução de


1930. Em seguida, explicaremos como ele conseguiu se manter por 15 anos no poder,
conduzindo a economia brasileira durante o seu governo tanto no que diz respeito às
políticas adotadas para a atividade cafeeira quanto àquelas voltadas à indústria.

Governo Provisório (1930–1934)


 Getúlio Vargas chega ao poder em 1930 (Fonte: Wikipédia).
De acordo com Braga (2016), com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas deu início ao
seu governo querendo mostrar aos brasileiros que o movimento revolucionário
conduzido pela Aliança Liberal era diferente do ocorrido na Proclamação da
República de 1889, feito à revelia da vontade popular.

Seu desejo era mostrar que tudo seria novo. Por isso, Vargas dissolveu o Congresso
Nacional, a Assembleia Legislativa e as Câmaras Municipais, as quais, segundo ele,
representavam os interesses da antiga estrutura. O primeiro objetivo do Governo
Provisório era combater os dois principais problemas que afetavam o Brasil:

Superprodução do café;
Revoltas das diferentes classes sociais.

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Ações em defesa da economia cafeeira
Ações de combate aos conflitos sociais
Comentário
Talvez você esteja lamentando tamanho desperdício do café ou até mesmo se
perguntando: por que não o distribuíam aos necessitados em vez de queimá-lo? A
resposta não é muito alentadora: se fosse distribuído, o café perderia ainda mais o
seu valor, não atendendo aos objetivos do governo sobre a elevação do seu preço.

Houve ainda diversas propostas para o aproveitamento do produto.


Comentário
Em 3 de janeiro de 1932, o jornal Folha da Manhã anunciava a experiência de
aproveitamento do café como combustível nas locomotivas da Central do Brasil:
“Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando a locomotiva café
como combustível. O percurso foi vencido em duas horas e dez minutos, sem quebra de
pressão, gastando 2.912 quilos de café”. (GERODETTI; CORNEJO, 2001, p. 77)

Segundo Rego e Marques (2011), diferentemente das ações realizadas pela Política
Café com Leite durante a República Velha, as adotadas pelo Governo Provisório (a
tributação de exportações e novas plantações de café aliada às desvalorizações
cambiais) seguraram parte do preço do produto sem estimular sua oferta ao mesmo
tempo em que contribuíram para que o café perdesse espaço entre as exportações
brasileiras. Consequentemente, isso aumentou a variedade de itens exportados.

Período Constitucionalista (1934–1937)


Ao fim do Governo Provisório, teve início o mandato constitucional de um mesmo
presidente: Getúlio Vargas, assim, ficaria pelo menos mais quatro anos no poder. O
período agora era marcado pela preocupação de Vargas com o surgimento de duas
vertentes políticas extremistas que passaram a influenciar a sociedade brasileira:

Ação Integralista Brasileira (AIB);


Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Suas características estão especificadas na figura a seguir:

AIB
Corrente de direita liderada por Plínio Salgado;
Contra o Comunismo e o Liberalismo;
Influenciada pelo Nazismo e pelo Fascismo.

ANL
Corrente de esquerda liderada por Luis Carlos Prestes e Olga Prestes;
Defendia o fim dos latifúndios e a moratória da dívida externa;
Patrocinada pelo regime comunista da União Soviética.
 Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016)
Comentário
Braga e Silva (2016) destacam que, a despeito de suas ideias consideradas radicais,
o partido da AIB chegou a ter mais de 1 milhão de afiliados, enquanto o da ANL
reunia quase 400 mil adeptos!

Em 1935, Luís Carlos Prestes, líder da ANL, tentou, com o apoio soviético, dar um
golpe de estado conhecido como Intentona Comunista. No entanto, suas intenções logo
foram frustradas: a tentativa acabou na sua prisão e na de outros membros do
partido.

De acordo com a Constituição de 1934, Vargas não poderia ser reeleito. Porém, com o
fim de seu mandato se aproximando, ele conseguiu se aproveitar do temor da
sociedade brasileira de que um regime comunista se instaurasse no Brasil. Para
isso, engenhosamente forjou o “Plano Cohen”, segundo o qual os comunistas estariam
preparando uma revolução maior e mais bem planejada que a de 1935.

 A Intentona Comunista. (Fonte: CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação


de História Contemporânea do Brasil).
Após a experiência vivida com a Intentona Comunista, não foi difícil para a
sociedade brasileira acreditar na veracidade do plano. Os militares e boa parte da
classe média passaram a apoiar um estado mais forte e resistente à imposição de um
governo comunista. Com esse espírito, Getúlio Vargas conseguiu derrubar a
Constituição de 1934 e declarar o Estado Novo, um governo de caráter ditatorial.

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Estado Novo (1937–1945)
Contexto Político
O governo ditatorial de Getúlio Vargas possuiu algumas características principais:
 Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016)

Para conter movimentos contrários ao seu governo, Vargas criou o Departamento de


Imprensa e Propaganda (DIP), cujo objetivo era censurar as atividades de qualquer
mídia e projetar a sua imagem como a do “pai dos pobres” e “salvador da pátria”.
Ele também estabeleceu a repressão contra os seus opositores políticos, o que
incluía prisão, tortura e assassinato.

Do ponto de vista político, tudo parecia estar sob controle; entretanto, a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945) atrapalhou os planos de Vargas. Inicialmente neutro em
virtude das relações comerciais do Brasil tanto com os Estados Unidos quanto com a
Alemanha, ele precisou, por conta de pressões internacionais, se posicionar contra
os países do eixo (Alemanha, Itália e Japão). A postura a favor dos aliados somente
foi oficializada em 1942, quando navios brasileiros teriam sido atacados por
submarinos alemães.

 Soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. (Fonte: Infoescola).


O envio de brasileiros a terras estrangeiras para enfrentar regimes autoritários
manchou a popularidade do “ditador simpático”, provocando o início de movimentos
internos contrários ao seu governo.

Para se esquivar, Vargas tentava passar uma imagem de líder bondoso, concedendo
anistias a presos políticos e permitindo e reorganização partidária, inclusive o
restabelecimento do PCB, mas nada disso adiantou: com a pressão dos seus antigos
aliados, Getúlio Vargas renunciou em 29 de outubro de 1945, pondo um fim aos 15
anos da Era Vargas (em 1951, ele ainda retornou ao posto da presidência do país por
meio do voto popular).
Contexto econômico
O intervencionismo iniciado em 1930 foi intensificado durante o Estado Novo por
conta das seguintes medidas:

Plano industrializante do governo;


Propósito em diversificação das exportações;
Setor primário.
Houve ainda a criação de uma série de órgãos administrativos, como o Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP), que era responsável por recrutar
funcionários públicos por meio de concursos. Outros estavam ligados à indústria, às
riquezas estratégias e à racionalização administrativa e de tomada de decisões.
Contudo, mesmo com tais medidas, a economia brasileira desacelerou, especialmente
entre 1939 e 1942. Para Rego e Marques (2011), o motivo provavelmente residia nas
dificuldades de importações decorrentes da Segunda Guerra Mundial; dessa forma, o
setor só voltou a crescer a partir de 1942.

O processo de industrialização no Brasil tampouco estava completo, já que as


indústrias de bens de capital e de bens intermediários ainda era incipiente. O
único caminho para a implantação de grandes projetos de indústrias de bens de
produção no país era por meio da ação estatal – e este foi um dos propósitos do
governo de Getúlio Vargas.

Durante o Estado Novo, Vargas tentou incentivar a indústria nacional ao conceder


incentivos fiscais e proibir greves, além de outras medidas, o que favoreceu as
indústrias de base, como a siderúrgica. De acordo com Rego e Marques (2010), a
instauração deste período ditatorial concentrou no governo central a maior soma de
poderes desde aindependência do Brasil.

 Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, 1941 (Fonte: Wikipédia).


Suas medidas eram, portanto, uma tentativa de afirmação de um projeto nacional.
Dessa maneira, o papel do Estado naturalmente era o de induzir o desenvolvimento
industrial com:

criação de agências governamentais reguladoras da atividade econômica;


estabelecimento de nova legislação trabalhista;
ação como produtor, como a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda.

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Verificando o aprendizado
Atividade
1. Ao iniciar o Governo Provisório, Getúlio Vargas atacou os dois principais
problemas da economia brasileira na época. Quais eram eles?

a) O declínio do ciclo do ouro e o final do tráfico negreiro.


b) A superprodução do café e as revoltas das diferentes classes sociais.
c) A alta do preço do café e o alto volume de importações.
d) As pragas nos cafezais que comprometiam a oferta do produto e a falta de crédito
para os cafeicultores.
e) A quebra na bolsa de valores e as manifestações culturais.
2. Para combater a baixa no preço do café no mercado internacional, quais medidas
foram adotadas por Getúlio Vargas?

a) Distribuição de sementes para aumentar a produção e queima dos grãos de baixa


qualidade.
b) Valorização cambial e cobrança de impostos sobre as importações.
c) Estabelecimento de impostos sobre as sacas exportadas e cada nova muda de café
plantada em São Paulo, além da queima dos estoques.
d) Criação de taxas para os compradores de café no mercado internacional e
destruição das mudas.
e) Desvalorização cambial e embargo às exportações de produtos que não tivessem o
selo de qualidade criado pelo governo.
3. Diferentemente da Inglaterra e da França, onde a industrialização ocorreu de
forma espontânea, isto é, pelo próprio mecanismo do mercado, no Brasil o
desenvolvimento da indústria aconteceu graças ao forte estímulo do Estado. Um
grande exemplo de incentivo às indústrias de base no país realizado no período do
Estado Novo foi:

a) A construção da usina siderúrgica de Volta Redonda.


b) O estabelecimento de um estaleiro em Niterói.
c) O endividamento externo para a compra dos estoques de café excedentes.
d) A instalação de iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro.
e) A construção da primeira ferrovia brasileira.
Considerações finais
Vimos os acontecimentos políticos que permearam o período do ciclo do café.
Paralelamente, abordamos também outro ponto importante: com o fim dos incentivos
tarifários concedidos às mercadorias inglesas, surgiria uma oportunidade para o
nascimento da indústria no Brasil.

Aprendemos como as crises do café, mais especificamente a da década de 1930, foram


fundamentais para a industrialização do Brasil. Dessa forma, vimos que o
crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um grande impulso, se
diversificando e iniciando o chamado processo de substituição de importações (PSI).

Identificamos os principais problemas da economia brasileira durante o Governo


Provisório e analisamos como o Estado exerceu um papel impulsionador para o
desenvolvimento da indústria brasileira durante o Estado Novo.


Fazenda Santa Genebra, na província de São Paulo, em 1880 (Fonte: Wikipédia).
Conquistas adquiridas

Entender os fatores responsáveis pela prosperidade econômica experimentada durante


o período do Segundo Reinado no Brasil; Situar rumos que a economia brasileira
tomaria após a abolição.

Conhecer as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira e


analisou o início do processo de substituição de importações no Brasil, em que
avaliamos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia
brasileira.

Conhecer os principais problemas econômicos do Governo Provisório, bem como as


medidas adotadas por Getúlio Vargas para conduzir o processo de industrialização no
Brasil.

 (Fonte: Wikipédia)

Formação Econômica Brasileira


Contexto europeu e antecedentes das grandes navegações e do período pré-colonial
brasileiro
Apresentação
Um dos episódios mais marcantes da história brasileira é, sem dúvida, a chegada dos
europeus e seus primeiros contatos com os habitantes locais.
Se fizéssemos um esforço para imaginar a magnitude desse evento na época,
especialmente sob o ponto de vista dos nativos brasileiros, talvez enxergar a frota
de Cabral aportando em praias brasileiras fosse o equivalente a presenciar, hoje, a
chegada de um disco voador em nosso quintal.

Exagero ou não, é importante lembrar de que se tratava de dois mundos completamente


diferentes, mas que daquele momento em diante passariam a se relacionar, afetando a
vida de ambos para sempre.

Objetivos
Vamos relembrar momentos históricos, porém com uma visão mais econômica, atentando
para os aspectos decisivos na formação do nosso país.

MÓDULO 1
my_location Situar o contexto econômico mundial em que seu deu a descoberta do
continente americano pelos espanhóis e portugueses;

MÓDULO 2
my_location Reconhecer a importância do comércio na transição da Idade Média para a
Idade Moderna para o desenvolvimento do capitalismo;

MÓDULO 3
my_location Comparar os diferentes tipos de colonização que ocorreram no território
americano.

MÓDULO1
my_location Entender o contexto das grandes descobertas, na transição da Idade
Média para Idade Moderna.
Contexto das grandes descobertas
O marco inicial do nosso estudo está na Europa do final da Idade Média. O mundo
estava vivendo um período das grandes navegações ou também chamado de a Era dos
Descobrimentos.

Até então, pouco se conhecia acerca dos territórios além-mar, porém alguns eventos
seriam fundamentais para desencadear uma série de acontecimentos que mudariam para
sempre a história mundial.

Primeiramente, as doutrinas humanistas e o Renascimento começaram a transformar o


modo de pensar da sociedade europeia.

1570 , primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas.


(Fonte: Wikipedia).

Antes, os interesses religiosos e militares prevaleciam frente aos mercantis. O


sistema feudal que predominou na Europa durante a Idade Média era um limitador ao
desenvolvimento do comércio, uma vez que os feudos eram autossuficientes e
produziam poucos excedentes que periodicamente eram comercializados nas feiras,
cujas transações sanavam algumas pequenas necessidades.

ondemand_videoVídeo
Atenção

Por MarioB149 (Fonte: Shutterstock).


Destaca-se aí a atuação dos mercadores italianos que transportavam especiarias
asiáticas através do Oceano Índico e do Mar Vermelho, atividade essa que lhes
proporcionou um grande volume de riquezas.

Tais especiarias tinham caído no gosto dos europeus que tiveram contato com elas
através dos guerreiros que retornavam das Cruzadas, trazendo elementos da cultura
oriental.

Até o século XIV, o comércio interno europeu era quase que totalmente terrestre,
tendo apenas uma pequena atividade de navegação costeira e de cabotagem.

O quadro de baixa circulação de moedas e metais preciosos, regulamentação de


preços, produção limitada às necessidades de consumo e baixa capacidade de
transporte na Europa passou a se reverter a partir do século XV, quando o comércio
europeu alcançou um elevado grau de desenvolvimento.

Segundo Simonsen (2005), o espírito guerreiro-religioso foi se substituindo pelo


espírito mercantil. O enriquecimento das cidades italianas provocou um surto de
cultura, do qual proveio, magna pars, a Renascença, movimento de que resultou geral
emulação na Europa.

Burguesia. (Fonte: Suapesquisa)

A antiga estrutura feudal estava se desfazendo ao passo que o comércio evoluía para
o que mais tarde se tornou o capitalismo. Os senhores feudais estavam perdendo
espaço para a nascente burguesia.

Ao abordarem sobre o processo de transição do feudalismo para o capitalismo, Rego e


Marques (2010) falam sobre a importância do comércio, das navegações e dos
descobrimentos que aqueceram a dinâmica mercantil.

Segundo Rego e Marques (2010), as trocas foram fundamentais para esse processo e,
aliadas a elas, temos dois fatores fundamentais, um externo e outro externo, como
veremos a seguir.

A influência dos árabes Crescimento da agricultura e avanço nas manufaturas


Fez os europeus conhecerem novos hábitos, saberes e sabores. Gerou
excedentes que poderiam ser exportados, gerando lucro.
Em âmbito local, as feiras medievais, e, em âmbito internacional, as Cruzadas,
também contribuíram para o surgimento do novo sistema.

Comentário

Num plano paralelo, algumas invenções ganham destaque, como a bússola, o


astrolábio, o quadrante e a caravela. Junto a elas vieram os progressos na
Geometria, Astronomia e Cartografia. Tais inovações tornam-se instrumentos
fundamentais para os novos conquistadores.

Verificando o aprendizado
Atividade
1. A transição da Idade Média para a Idade Moderna registrou a passagem do
feudalismo para a primeira fase do capitalismo, o mercantilismo. Essa doutrina
econômica seria marcante nos acontecimentos que aqui sucederam a partir da chegada
dos portugueses. Assinale a alternativa que não condiz com o pensamento
mercantilista:

a) Forte atuação do Estado na economia


b) Busca por metais preciosos
c) Não intervencionismo do Estado na economia
d) Manutenção da balança comercial favorável
e) Protecionismo
2. O antigo sistema feudal era um empecilho para o desenvolvimento do comércio
principalmente porque:

a) As Cruzadas possibilitaram a difusão dos costumes e hábitos orientais.


b) Os feudos eram autossuficientes.
c) Os senhores feudais não tinham o domínio do território.
d) Os vassalos passaram a participar das Cruzadas.
e) Os guerreiros deviam fidelidade aos senhores feudais.

MÓDULO2
my_location Descrever as relações de mercado que culminaram em demandas de novas
descobertas.
Disputa pelas rotas comerciais
Portugal, nosso ator principal (por enquanto), vivenciava o mercantilismo comercial
e tinha como atividade fundamental a comercialização das especiarias orientais.

Para buscá-las, usava a principal rota comercial da Europa que ligava por terra o
Mediterrâneo ao Mar do Norte. No entanto, com as invasões turcas, a antiga rota foi
substituída por uma rota marítima que contornava o continente pelo Estreito de
Gibraltar, revolucionando, dessa forma, o equilíbrio europeu ao trazer o comércio
existente no seu interior para os países da Península Ibérica.

Beneficiados por sua localização geográfica, os portugueses largaram na frente na


expansão ultramarina europeia enquanto os holandeses, ingleses, normandos e bretões
dedicavam-se à vida comercial.

Assim, os portugueses avançam pelo oceano descobrindo as ilhas de Cabo Verde,


Açores e Madeira ainda na primeira metade do século XV e, a partir de então, passam
a ter como objetivo atingir o Oriente, contornando o continente africano.

De acordo com Prado Junior (2012), em seguida, os espanhóis também começam a se


aventurar pelo oceano, mas escolhendo a rota ocidental, acabaram por descobrir a
América, onde os portugueses também chegarão juntamente com os franceses, ingleses,
holandeses e até dinamarqueses e suecos.

Rotas portuguesas

(Fonte: Blog de História do 7º ano).

Tratava-se da Era dos Descobrimentos, também conhecida como a Era das Grandes
Navegações, ocorrida entre o início do século XV e início do século XVII, que
marcou a passagem do feudalismo existente na Idade Média para a Idade Moderna, com
o surgimento dos Estados-Nação europeus.

O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, que dividia as terras já


descobertas e as ainda por descobrir entre os reinos português e espanhol,
inicialmente tratava os conflitos trazidos com a descoberta do Novo Mundo.

Nas suas aventuras pela descoberta de novas rotas marítimas para as Índias, topar
no continente americano seria algo inevitável tanto para portugueses quanto para
espanhóis. No entanto, a descoberta do novo território inicialmente fazia parte de
um segundo plano.

Segundo Braga e Silva (2016), na verdade, muitos historiadores evitam o termo


descoberta, substituindo-o por chegada do europeu em nossas terras, uma vez que
povos nativos já aqui habitavam e a chamavam de Pindorama, que significa Terras das
Palmeiras em Tupi.

Inicialmente, o povoamento não interessava, apenas o comércio. A Terra de Santa


Cruz— primeiro nome dado ao território brasileiro— é marcada na era Pré-Colonial
(1500-1530) pela exploração de uma madeira de tingir com o auxílio da mão de obra
nativa. Tratava-se do Pau-brasil, que já era conhecido no Oriente e tinha grande
potencial de preço.

ondemand_videoVídeo
Comentário
A substituição do espírito religioso predominante na Europa pelo espírito mercantil
acabou por alterar o nome da recém-descoberta terra para Brasil em homenagem ao
produto que se acreditava ser sua única e principal riqueza.

Vídeo
Assista ao vídeo Chegada dos Portugueses ao Brasil e tente se transportar para esse
momento histórico.

Verificando o aprendizado
Atividade
1. Sobre os acontecimentos que permearam a chegada dos portugueses ao Brasil, é
incorreto afirmar:

a) A expedição liderada por Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa tendo como
destino as Índias.
b) Antes de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama já havia alcançado a Ásia através
dos mares, tendo sido o primeiro europeu a realizar tal feito.
c) Ao chegar na Terra de Santa Cruz, os portugueses inicialmente conseguiram
estabelecer relações cordiais com os indígenas por meio da troca de presentes.
d) Após a primeira missa realizada na Terra de Santa Cruz, Pedro Álvares Cabral
ordenou a Gaspar Lemos que retornasse a Lisboa a fim de enviar informações ao rei
de Portugal sobre a terra encontrada.
e) Após a realização da segunda missa na Terra de Santa Cruz, Cabral e sua
expedição começaram a planejar como se daria o povoamento do novo território.
2. No encerramento do vídeo que relata o evento da chegada dos portugueses ao
Brasil, é comentado que, após a partida da frota de Pedro Álvares Cabral para a
Índia, dois degredados foram aqui deixados e, “logo consolados pelos índios”. O que
eram os degredados? Pesquise sobre eles e responda: Qual a importância deles para
Portugal na Era dos Descobrimentos?

a) Os degregados foram os indivíduos condenados ao exílio. Geralmente criminosos,


porém alguns eram presos políticos ou religiosos. Eles tinham um papel importante,
já que eram os primeiros a ter contato com os povos nativos. Tinham a função de
manter o contato com eles e ainda estabelecer acordos de paz, caso necessário.
Contribuíam também com trabalho braçal e ajudaram a colonizar o Brasil.
b) Os degregados foram os primeiros navegadores que se lançaram ao mar na era das
Grandes Navegações, por serem desgarrados da família e de suas posses em Portugal.
Foram importantes na manipulação dos equipamentos náuticos.
c) Os degregados foram os indivíduos voluntários para ajudar no processo de
colonização das terras brasileiras. Eram responsáveis pela construção de poços
artesanais para o abastecimento de água das tropas de Cabral.
d) Os degregados representavam o comboio de juristas que aportaram nas terras
brasileiras, juntamente com as tropas de Cabral. Tinham a função de mapear as
terras, tendo por base o acordado no Tratado de Tordesilhas.
e) Os degregados, geralmente índios idosos, foram os indivíduos retirados das
terras brasileiras para servirem de guias locais na Índia, já que o tipo de
vegetação era semelhante ao encontrado no Brasil.

MÓDULO3
my_location Descrever as diferentes formas de colonização na América. Apontar o
tipo de colonização no território brasileiro.
A ocupação do território brasileiro
Apesar do grande feito com a chegada ao continente americano, os portugueses
demonstravam certo desprezo em relação a essas terras. Lembre-se de que a principal
motivação para as grandes navegações era a busca por metais preciosos e uma nova
rota para o comércio das especiarias indianas.

Segundo Simonsen (2005), no Brasil, o ouro demoraria muito ainda para ser
descoberto. A constatação apenas do Pau-brasil, bugios e papagaios, não justificava
a larga exploração mercantil aos moldes da época.

Já os espanhóis foram mais felizes nesse momento usufruindo das primeiras


recompensas pela descoberta das terras americanas: O ouro guardado das civilizações
mexicanas e andinas.

Todavia, de acordo com Furtado (2001), a notícia de que poderia haver grandes
riquezas por descobrir, como a lenda do El Dorado, percorreu a Europa, fazendo com
que o interesse pelas novas terras se esbarrasse nos países donos — Portugal e
Espanha. Assim, a ocupação da América deixa de ter um caráter estritamente
comercial, passando a ter aspectos políticos.

Entenda: O Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre as duas principais


potências mundiais católicas da época— Portugal e Espanha—, havia sido um acordo
mediante o papa Alexandre VI, que enfureceu as demais potências, especialmente a
Inglaterra, a Holanda e a França, que eram protestantes. Portanto, ele nunca foi
acatado por esses países que também queriam o seu pedaço das riquezas disponíveis
nos novos territórios.

Como os portugueses poderiam garantir a posse das terras recém-descobertas perante


os rivais estrangeiros? Resposta: Somente através da ocupação efetiva delas.

ondemand_videoVídeo
O problema é que a Europa, incluindo Portugal, em virtude do alto índice de
mortalidade com as guerras e grandes epidemias, não tinha tanta população assim
para distribuir para os novos territórios.

O desafio, então, estava lançado: Ocupar o vasto território com uma pequena
população indígena e nenhum produto de fato lucrativo que justificasse os esforços
a serem empreendidos.

Para Portugal, o esforço para a realização da colonização tomaria parte dos


recursos a serem empreendidos do lucrativo negócio do Oriente. Assim, para cobrir
os gastos dessa empreitada, os portugueses decidiram dar início à exploração
agrícola do território, sendo os pioneiros a obterem sucesso neste tipo de
empreitada na América, o que consagrou Portugal como grande potência colonial do
território americano.

As diferentes formas de colonização na América


A colonização do grande continente americano não se deu de forma linear, mas de
forma diferente em cada domínio do território, de acordo com as necessidades de
seus desbravadores e conforme a disponibilidade de recursos ali encontrados. A
maneira como foi conduzida a colonização dos territórios influenciaria para sempre
os seus aspectos econômicos, sociais e culturais.
Os dois principais tipos de colonização verificados na América foram:

Exploração
Exemplo: Brasil (colonizado por Portugal) e México (colonizado pela Espanha).

Principais características:

Ocupação espontânea por indivíduos que buscavam o enriquecimento rápido para depois
voltar à Metrópole;
Extração de recursos naturais;
Produção para exportação com uso de mão de obra escrava;
Envio de todo o lucro obtido para a Metrópole.

Povoamento
Exemplo: Estados Unidos, (colonizado pela Inglaterra) e Canadá (colonizado pela
Inglaterra e França).

Principais características:

Povoamento por grupos de famílias refugiadas;


Produção para o mercado interno com trabalho livre e familiar;
Investimento na própria colônia com os lucros gerados, pagando apenas os tributos
para a Metrópole.
As zonas de clima temperado, mais precisamente o Norte da América, não apresentaram
algo que pudesse ser potencialmente explorado, apenas alguns produtos naturais,
como madeiras, peles e pesca. Em decorrência das lutas político-religiosas
ocorridas na Europa, habitantes europeus acabam vendo essa região como um refúgio
das perseguições sofridas no velho continente que os impossibilitavam de seguir
livremente suas crenças.

Desse modo, de acordo com Prado Junior (2012), durante mais de dois séculos
despejar-se-á na América todo o resíduo das lutas político-religiosas da Europa.

Vejamos, com base nos tipos de colonização, alguns resultados de acordo com a
região:

Clique nos botões para ver as informações.


Na Europa
Na América
Em suma, a colonização dos trópicos configurou-se numa vasta empresa comercial com
o objetivo de explorar o território até então inexplorado, beneficiando o comércio
europeu.

Esta foi a principal marca da colonização do Brasil: A formação de uma sociedade e


economia totalmente voltadas para os interesses estritamente comerciais e externos
ao país.

Por fim, posteriormente, o período colonial brasileiro foi dividido em três


diferentes ciclos econômicos. Em ordem cronológica:

1501
Ciclo do Pau-brasil

1530
Ciclo do açúcar

1697
Ciclo do ouro
Verificando o aprendizado
Atividade
1. A presença de atividades extrativas e da agricultura em larga escala para a
exportação é uma característica de uma colônia de:

a) Exploração.
b) Povoamento.
c) Imigração.
d) Emigração.
2. Foi acordado entre Portugal e Espanha, mas não era acatado pela Inglaterra,
França e Holanda. Trata-se do:

a) Tratado de Tordesilhas.
b) Tratado de Madri.
c) Tratado de Versalhes.
d) Tratado de Maastricht.

Considerações finais
Considerações finais
Concluímos que o comércio europeu se desenvolveu de tal forma que foi preciso
buscar outros mercados além-mar, o que desencadeou as Grandes Navegações, que por
sua vez objetivou expedições em busca de especiarias, metais preciosos e novos
mercados e novas rotas comerciais.

Com isso, Portugal, em contexto de centralização política, aperfeiçoamentos


náuticos e posição geográfica favorável foi pioneiro no processo das Grandes
Navegações.

Formação Econômica Brasileira


Ciclos econômicos do Brasil
Apresentação
Estudaremos os ciclos econômicos fundantes da economia brasileira, como o ciclo do
Pau-brasil, do açúcar, do ouro e do café.

Objetivos

MÓDULO 1
my_location Relacionar os ciclos econômicos responsáveis pela formação econômica do
Brasil;

MÓDULO 2
my_location Identificar as estratégias portuguesas de ocupação do território
brasileiro e os motivos da expansão do território para além do Tratado de
Tordesilhas;

MÓDULO 3
my_location Analisar as mudanças na sociedade brasileira em virtude dos principais
ciclos econômicos.

MÓDULO1
my_location Conhecer, ainda no período pré-colonial, a exploração do primeiro
produto considerado pelos portugueses com grande potencial para o comércio europeu:
o Pau-brasil.
O ciclo do Pau-brasil
Neste módulo, veremos um episódio posterior ao descobrimento. Grande parte dos
historiadores chama esta fase (1500-1530) de período pré-colonial, pois a
colonização, de fato, ainda não havia sido iniciada na chamada Terra de Santa Cruz.

Apenas existia a exploração do primeiro item considerado pelos portugueses com


grande potencial para o comércio europeu: o Pau-brasil. Conheceremos este produto,
compreendendo a sua importância para a terra que acabou por receber o seu nome:
Brasil.

Antecedentes ao início da exploração


A chegada dos portugueses ao Brasil ocorreu num momento da expansão marítima e
comercial de Portugal. O comércio com a costa africana e com as Índias Orientais,
realizado em grande parte pelo monopólio do Estado, exigia muitos navios e
equipamentos, porém, não havia em Portugal mão de obra, processos técnicos, pessoal
qualificado e matéria-prima suficientes para atender a tal demanda.

Em 1500, de acordo com Simonsen (2005), quando Pedro Álvares Cabral retornou da
segunda expedição portuguesa rumo às Índias — a mesma que acidentalmente chegou ao
Brasil —, trouxe consigo uma grande quantidade de especiarias, louças, porcelanas,
diamantes, pérolas e rubis; assim, mesmo com as perdas sofridas durante a viagem, a
receita obtida com a expedição foi duas vezes maior que o seu custo.

Por sua vez, o comércio com a costa africana proporcionava aos navegantes
portugueses ouro, marfim e escravos.

(Fonte: Wikipedia).

Atenção
Vantagens semelhantes não foram encontradas na recém-descoberta Terra de Santa
Cruz. Dessa forma, segundo Simonsen (2005), o Brasil era um problema novo em face
da expansão comercial e marítima que os portugueses estavam iniciando.

Vemos, então, que o comércio, tanto nas Índias como na costa da África, trazia
inúmeras vantagens para Portugal. Com relação ao mais recente território
descoberto, que tipo de vantagem ele poderia proporcionar aos portugueses?
Após análise inicial, as primeiras potencialidades mercantis encontradas no Brasil
foram o Pau-brasil, a canafístula, bugios (guariba ou macaco barbado), os papagaios
e as demais aves exóticas que chamavam a atenção dos europeus, embora tal
exploração tenha demorado pouco tempo.

De acordo com Simonsen (2005), nem a mão de obra indígena chamou a atenção dos
portugueses para eles obterem lucros com a escravidão.

Dessa forma, nenhum produto encontrado na Terra de Santa Cruz poderia ser comparado
ao imenso potencial daqueles que Portugal obtinha com o comércio com o Oriente.

Vejamos as potencialidades mercantis encontradas por Portugal em outros


territórios:

Foi num contexto em que o mundo ainda não conhecia as anilinas artificiais que o
Pau-brasil figurou como a única mercadoria com potencial para o mercado e de fácil
acesso aos portugueses, que também o utilizariam para a construção dos navios, tão
necessários à expansão marítima ocorrida na época, também conhecida por Era
Oceânica. Tal fato foi logo comunicado pela nau de Cabral ao rei D. Manuel, que
também levou para Portugal as primeiras amostras do Pau-brasil.
A exploração do Pau-brasil e seu potencial mercadológico
O Pau-brasil, conhecido pelos índios tupis como arabutã ou ibirapitanga, tratava-se
de um ativo biológico com o qual os portugueses já haviam tido contato na Ásia. Seu
potencial estava na sua utilização como tintura de tecidos, e ele tinha uma demanda
crescente na Europa, especialmente na França, onde era conhecido como bresil, e na
Itália, sendo denominado bracire ou brazili. Usado como tintura, a partir dele
poderia se obter, de acordo com a diluição, os tons rosa, castanho e púrpura.

Na verdade, a busca pela cor púrpura era bem mais antiga que a própria descoberta
do Pau-brasil como tintura.

Por Marcus Schaefer (Fonte: Shutterstock). Por Leo Fernandes (Fonte: Shutterstock).
Por visicou (Fonte: Shutterstock). The Department of Chemistry, The University of
the West Indies.

Comentário
Ainda nos tempos antigos, os navegadores fenícios buscavam a concha púrpura nas
costas do Mediterrâneo para tingir os panos finos fabricados no Oriente, que tinha
preferência especial pela cor rubra, para eles símbolo da dignidade e nobreza.
Segundo Simonsen (2005), foi a partir dos cruzados que os europeus passaram a
conhecer algumas substâncias tintoriais do Oriente como o verzino, o brasil e a
urzela.

A estimativa é que, na época do descobrimento, havia mais de 70 milhões de árvores


desta espécie espalhadas por uma faixa de 18km do litoral do Rio Grande do Norte
até a Guanabara. Pernambuco , Porto Seguro e Cabo Frio eram as regiões com as
maiores concentrações da espécie.

Os portugueses foram os primeiros a se ocupar com a atividade extrativa. No início,


os espanhóis também se interessaram, mas logo desistiram em respeito ao Tratado de
Tordesilhas assinado em 1494. Já os franceses pouco se importaram com o acordo, já
que o rei da França, Francisco I, afirmava, segundo Prado Junior (2015),
desconhecer a cláusula do testamento de Adão que reservara o mundo unicamente a
portugueses e a espanhóis. Logo, eles também entrariam numa disputa com os
portugueses pela exploração do produto que só se resolveria com o emprego de armas.

O arrendamento das terras e a forma de exploração


Em 1501, ao receber o carregamento da madeira trazida pela expedição que tinha
passado pelas terras brasileiras, D. Manuel logo declarou o Pau-brasil como
monopólio da Coroa, arrendando as novas terras descobertas a um rico mercador
lisboeta chamado D. Fernando de Noronha (ou Fernando de Loronha, que mais tarde
seria o donatário da ilha com o seu nome). Ele teve, mediante o pagamento pelos
direitos à Coroa, exclusividade na exploração do produto até 1504.

Após esta data, de acordo com Prado Junior (2012), sem motivos conhecidos, a
concessão de exploração com exclusividade não foi concedida a mais ninguém,
passando a ser feita por traficantes, estimulando a ação de aventureiros de outras
nações em território brasileiro, especialmente os franceses.

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Atenção
Uma característica importante da exploração do Pau-brasil é que ela só poderia ser
feita por meio do estabelecimento de feitorias, onde as toras da madeira eram
acumuladas e estocadas em pontos estratégicos até serem transportadas. O serviço de
derrubada e transporte da madeira até os pontos de estocagem era feito de forma
rudimentar com o auxílio da mão de obra indígena, que, por meio do escambo com os
portugueses, trocava as toras por quinquilharias, como miçangas, tecidos, peças de
vestuários, canivetes, facas, serras, machados, etc. (PRADO JUNIOR, 2012)

De acordo com Braga e Silva (2016), essa transação econômica é um ponto controverso
da história, em que geralmente estudiosos enxergam uma exploração do ameríndio pela
entrega de um produto valioso em troca de quinquilharias. Por outro lado,
considerando os ameríndios como agentes racionais e levando em conta os conceitos
dos valores de uso e de troca, eles também eram beneficiados pela transação, uma
vez que um machado, para eles, por exemplo, poderia ter mais utilidade que a árvore
usada apenas para tingir penas festivas.

Vale destacar aqui a importância da mão de obra indígena no processo de exploração


do Pau-brasil, pois era ela que derrubava as árvores, cortava as toras e as
transportava para o navio, o que era um trabalho árduo por conta do tamanho e do
peso do produto.
Tanto de Lisboa quanto do Porto, comerciantes enviavam embarcações a fim de
contrabandear o Pau-brasil e outros produtos nativos da Terra de Santa Cruz,
propiciando, dessa maneira, o surgimento das primeiras feitorias. Não demorou muito
para que outras nações, em especial a França, também passassem a frequentar a costa
brasileira com o objetivo de explorar o Pau-brasil – e capturar os índios.

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A concorrência francesa
Com uma população maior que a portuguesa e uma indústria nascente, a França possuía
um mercado promissor tanto para a tintura oriunda do Pau-brasil como para as
especiarias.

Com grandes habilidades em comunicação, os franceses ganharam a simpatia dos


indígenas, especificamente dos tamoios, que a eles se aliaram contra os
portugueses.

Segundo Simonsen (2005), o comércio português sofria dois tipos de prejuízos


resultantes da ação francesa:

Mercadores franceses que vinham explorar o Pau-brasil


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Corsários franceses que atacavam os navios portugueses
Vejamos algumas consequências da disputa territorial entre França e Portugal:

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Exploração da costa brasileira pelos franceses
Envio de expedições militares portuguesas
Expulsão de soldados franceses
O ponto máximo do revide português em relação aos franceses foi o aprisionamento da
nau Pelerine (ou A peregrina), na costa da Espanha, em 1532. Meses antes, ela havia
aportado em território brasileiro e tomado a feitoria de Igarassu, em Pernambuco,
fortificando-a com vários canhões e deixando-a sob o domínio de um francês chamado
La Motte.

No mesmo momento em que a Pelerine foi apreendida pelos portugueses no Mar


Mediterrâneo sob o comando de Antônio Correia, os soldados franceses foram expulsos
no Brasil. La Motte foi enforcado pelo capitão português Pero Lopes de Sousa, irmão
de Martim Afonso de Sousa.

Comentário
O barão St. Blancard, dono do navio francês Pelerine, alegou, nas suas reclamações
sobre o aprisionamento da nau, que nela havia 5.000 quintais de Pau-brasil, 3.000
peles de leopardos e outros animais, 600 papagaios, 300 bugios e saguis, 300
quintais de algodão, 300 quintais de caroço de algodão, minérios de ouro e óleos
medicinais. Tais dados nos revelam sobre a quantidade e a diversidade dos produtos
que eram daqui levados (SIMONSEN, 2005).

Você já ouviu falar na frase Nem todas as tempestades vêm para atrapalhar a sua
vida, algumas vêm para limpar o seu caminho? Ou mesmo aquele velho ditado popular,
Há males que vêm para o bem? Houve um saldo positivo na exploração da costa
brasileira pela nau francesa Pelerine: Ao saber do ocorrido, D. João III concluiu
que a única forma de deter o tráfico das riquezas do país seria a colonização
efetiva de seu território, dando início, mais tarde (1534), à divisão do território
em capitanias hereditárias.

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O desmatamento da floresta
Simonsen (2005) faz referência ao texto de Paul Gaffarel intitulado Histoire du
Brésil Français, em que o interesse dos franceses pelo território brasileiro é
marcadamente demonstrado. De acordo com o documento, os paus de tinturaria custavam
muito caro na França; além disso, eles não serviam apenas para dar a cor púrpura
aos tecidos, mas também para a fabricação de móveis preciosos.

O mesmo texto afirma que os indígenas, incentivados pela procura dos comerciantes,
amontoavam enormes quantidades da madeira sobre a costa, abatendo, sem a menor
noção sobre a necessidade de poupar os recursos naturais, as árvores
aleatoriamente. Muitas vezes, para não ter o trabalho de cortá-las, punham fogo em
sua parte inferior e o incêndio acabava se espalhando pela floresta. Tal
desperdício, ocorrido durante anos, foi o suficiente para extinguir muitas
essências valiosas. Muito triste, não acha? Ainda seriam necessários séculos de
história até que o homem passasse a ter ideia dos prejuízos causados pela ampla
exploração do produto.

Fonte: Acervo Museu Paulista da Universidade de São Paulo, São Paulo. Giovanni
Battista Ramusio. Brasil, 1557.

O saldo da exploração
Vejamos o saldo da exploração:

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Perda comercial para a indústria química
Grande devastação e risco de extinção
Estabelecimentos abandonados
Início na produção açucareira
Verificando o aprendizado
Atividade
1. Leia atentamente as afirmativas a seguir e assinale a única incorreta:

a) À primeira vista, não foi encontrado na Terra de Santa Cruz algum produto com
real valor de mercado que proporcionasse à Coroa Portuguesa lucros semelhantes aos
obtidos com o comércio das Índias Orientais.
b) Se, para os portugueses, a descoberta do novo território não causava grande
euforia, uma vez que possuíam outros comércios mais lucrativos, para os franceses,
destituídos de opções, a exploração da costa brasileira poderia lhes trazer grandes
vantagens.
c) A troca das toras do Pau-brasil por quinquilharias entre os nativos e os
portugueses é vista unanimemente como uma forma de exploração dos indígenas, pois
eles entregavam um produto com alto valor de mercado, recebendo em troca
mercadorias de baixo valor.
d) A ação da nau Pelerine na costa brasileira foi um ponto importante para a tomada
de decisão da efetiva colonização das terras brasileiras por Portugal.
2. Para grande parte dos historiadores, é comum, ao se falar da exploração do Pau-
Brasil, mencionar o abuso sofrido pelos indígenas que realizavam escambo com os
europeus, trocando uma mercadoria considerada de alto valor de mercado por
quinquilharias europeias. No entanto, de acordo com Braga e Silva (2016), este é um
ponto controverso da história, pois:

a) As quinquilharias europeias, na verdade, tinham valor semelhante ao do Pau-


brasil.
b) Os indígenas pouco contribuíram para a exploração do Pau-brasil, já que
preferiam preservar a natureza.
c) O Pau-brasil, de fato, tinha pouco valor no mercado.
d) As quinquilharias recebidas pelos índios, como um machado, por exemplo, tinham
mais utilidade que um pau de tingir penas.

MÓDULO2
my_location Analisar o ciclo econômico que trouxe muita prosperidade ao Brasil,
colocando fim ao seu histórico deficitário enquanto colônia: o ciclo do açúcar.
O ciclo do açúcar
Neste módulo, vamos estudar as capitanias hereditárias, a economia açucareira, o
potencial do açúcar no mercado, a transição da mão de obra nativa para a escrava
africana, o funcionamento da produção açucareira, os resultados do ciclo do açúcar
e o declínio da economia açucareira.

(Fonte: Wikipedia).

Antes mesmo de iniciar qualquer atividade agrícola no Brasil, por volta de 1530, o
rei de Portugal, preocupado com a presença dos franceses em território americano,
cogitou defendê-lo por meio de ocupação efetiva com povoamento e colonização.

Esta era uma difícil tarefa, pois quem gostaria de morar num lugar tão distante e
desprovido do conforto da Metrópole?
A exceção eram os traficantes de madeira que se aventuraram no novo território, mas
já começavam a abandoná-lo em virtude do declínio da economia em torno do Pau-
brasil. Além do mais, Portugal ainda não tinha um contingente populacional
suficiente para promover grandes emigrações. Segundo Prado Junior (2012), estima-se
que a população portuguesa não alcançava os dois milhões de habitantes.

Assim, a forma encontrada para incentivar a ida de portugueses ao novo território


foi a concessão de poderes de soberanos aos súditos que se dispusessem a se
arriscar. Entretanto, a recompensa atraiu a poucos interessados, nenhum deles
pertencente à nobreza ou ao alto comércio do reino. De acordo com Prado Junior
(2012), apenas doze indivíduos de pouca expressão social e econômica se propuseram
a encarar tal desafio.

A estratégia, então, era dividir a costa brasileira (área pertencente a Portugal no


período) em 12 partes, com extensões entre 30 e 100 léguas, que seriam chamadas de
capitanias.

Em troca da povoação e de seus respectivos custos de transportes, seus titulares


gozariam de grandes regalias e poderes soberanos aos moldes de feudos. Nomeariam
autoridades administrativas e juízes, receberiam taxas e impostos, distribuiriam
terras etc.

O negócio principal a ser empreendido era o cultivo da cana-de-açúcar. Para esse


alto investimento, seus donatários tiveram de levantar fundos em Portugal e na
Holanda, principalmente com banqueiros e negociantes judeus.

Comentário
Segundo Simonsen (2005), dos doze donatários que receberam os quinze lotes, apenas
três não eram homens de recursos. Oito deles aplicaram praticamente tudo o que
tinham no empreendimento, enquanto vários outros tiveram de tomar emprestado os
capitais necessários.

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Divisão do Brasil em capitanias hereditárias

Tal sistema, que combinava elementos feudais e capitalistas, já havia sido


implantado com êxito nas ilhas da Madeira e dos Açores, obtendo menos sucesso no
Cabo Verde e, num breve espaço de tempo, em Angola. Entretanto, no Brasil, a maior
parte dos donatários fracassou, perdendo suas posses a até mesmo a vida, não
conseguindo fixar o povoamento.

Somente duas capitanias prosperaram:

A capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho, introduziu o cultivo da


cana-de-açúcar.

A capitania de São Vicente, sob o comando de Martin Afonso de Souza, realizava o


tráfico de indígenas.

A economia açucareira
1. O potencial do produto no mercado
Vejamos dois pontos de vista que se complementam sobre o potencial açucareiro:

Clique nos botões para ver as informações.


Simonsen (2005)
Furtado (2007)
2. A transição da mão de obra
Você lembra que, desde que os portugueses chegaram ao Brasil, a mão de obra
indígena foi explorada, especialmente durante o ciclo do Pau-brasil? Ela também foi
utilizada no início do cultivo do açúcar. No entanto, esta não foi uma escolha
feliz, principalmente por conta de dois motivos:

Mão de obra escrava africana na produção do açúcar. (Fonte: Portal do professor).

Comentário
Alguns historiadores inclusive afirmam que a principal responsável pela eliminação
da população indígena brasileira não foi o emprego das armas, mas as doenças que os
colonizadores trouxeram da Europa. Desse modo, a solução para o problema da
escassez de mão de obra foi o início, na segunda metade do século XVI, do tráfico
de negros africanos, pois eles eram mais resistentes às doenças do velho
continente. De acordo com Braga e Silva (2016), em 1650 a população indígena do
litoral brasileiro correspondia a apenas 5% da estimada em 1500.

Engenho de açúcar. (Fonte: Portal do professor).

Segundo Abreu (2014) apud Braga e Silva (2016), somados às vantagens naturais da
região com seu clima e solo, a experiência portuguesa, o capital holandês e a mão
de obra escrava africana tornariam a nova atividade um sucesso, fazendo com que, em
1580, a colônia alcançasse o patamar de principal fornecedora de açúcar, status
esse mantido por quase todo o século XVII.

3. O funcionamento da produção açucareira


Braga e Silva (2016), com dados de Abreu (2014), resumem como funcionava a
estrutura da produção açucareira:

Duas outras características que marcam o início da colonização de exploração


ocorrida no território brasileiro são o chamado pacto colonial e a agricultura do
tipo plantation.
O pacto colonial fazia parte dos princípios da doutrina econômica mercantilista
vigente na época. Basicamente, ele refere-se ao exclusivismo comercial entre a
metrópole e suas colônias, que ficavam subordinadas a um conjunto de medidas
econômicas e políticas.

De acordo com Braga e Silva (2016), segundo o acordo, o Brasil não deveria produzir
produtos que pudessem concorrer com a atividade da metrópole nem estabelecer
relações comerciais com outros países. Para qualquer artigo entrar ou sair da
colônia, ele deveria passar por transações intermediadas comercialmente por
Portugal.

Por sua vez, o termo plantation refere-se a um tipo de sistema agrícola de grandes
proporções na Era Colonial, período em que se praticava a monocultura com o auxílio
da mão de obra escrava tendo como principal objetivo a exportação. De acordo com
Rego e Marques (2010), este sistema era um dos elos que sustentava a empresa
mercantil, colonial e escravocrata.

Por mais de um século e meio, a produção açucareira foi a única base de sustentação
da economia brasileira. Internacionalmente, até a metade do século XVII, o Brasil
manteve o posto de maior produtor do mundo; a partir daí, surgiram seus
concorrentes potenciais: América Central e Antilhas. Bahia e Pernambuco eram os
principais centros de produção brasileiros; mais tarde, São Vicente foi incluído
nesta lista.

Num segundo plano, mas também com certo grau de importância, surge a produção do
tabaco no Brasil, principalmente na Bahia, Sergipe e Alagoas.

Apesar de proporcionalmente bem menor que a do açúcar, o tabaco tem sua relevância,
pois, além de obter uma crescente aceitação na Europa, era utilizado no tráfico de
escravos, servindo para a sua aquisição por meio de escambo na costa africana.

Entretanto, com as restrições ao tráfico estabelecidas no início do século XIX,


esta produção também entrou em crise.

Além do tabaco, as unidades produtoras de açúcar também tinham atividades


acessórias essenciais à sua autossuficiência: A pecuária, o cultivo da mandioca, o
algodão e a fabricação de artigos de vestuário para atender a suas necessidades
básicas. Porém, em consequência do pacto colonial, as transações comerciais
internas no território brasileiro ocorriam em pouquíssimo volume se comparadas às
atividades comerciais com a metrópole. Essa situação se manteve até o período do
ciclo do ouro.

Resultados do ciclo do açúcar


Simonsen (2005) elenca alguns resultados econômicos e financeiros da produção
açucareira:

Formação de rápidas fortunas a partir do século XVI e luxo (constatado por vários
historiadores) nas capitanias do Norte em detrimento da pobreza no Sul.
Em 1600, havia 100.000 habitantes no Brasil, sendo 30.000 de raça branca.
Em 1700, a população de colonos e homens livres não somava 200.000 habitantes.
Nunca houve em qualquer país maior produção e exportação per capita.
Da renda auferida pela Coroa Portuguesa, cerca de 25% deviam-se às exportações.
Término do período deficitário da Terra de Santa Cruz.

Mapa que mostra o cerco a Olinda e Recife pelos holandeses. (Fonte: Wikipedia).

Entretanto, como nem tudo são flores, durante o ciclo do açúcar, Portugal também
sofreu com as invasões holandesas na Região Nordeste. Elas foram consideradas o
maior conflito político-militar da colônia. Foi uma luta não só pelo controle do
açúcar, mas também pelo abastecimento da mão de obra escrava africana, base da
economia açucareira.

E o que motivou essas invasões? No século XVII, período em que houve a União
Ibérica , a Holanda, antes financiadora dos engenhos brasileiros, dada a sua luta
pela emancipação em relação à Espanha, havia sido proibida de comercializar com os
portos espanhóis. A reação deles foi invadir a costa brasileira (primeiramente, a
cidade de Salvador, em 1624; mais tarde, a região de Pernambuco), conseguindo se
estabelecer em 1637 com o governo do príncipe Maurício de Nassau.

Somente após muitas guerras e conflitos, em 1654, os portugueses, com o auxílio dos
ingleses, conseguiram expulsar totalmente os holandeses da costa brasileira. No
entanto, as consequências disso eclodiriam mais tarde, culminando no declínio de
uma economia que havia trazido tanta prosperidade à colônia.

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O declínio da economia açucareira
Dentre os principais motivos que levaram à decadência da produção açucareira no
Brasil Colônia, Rego e Marques (2010) citam:

1
A proibição do tráfico negreiro no século XIX.

2
As invasões holandesas ocorridas no Nordeste.

3
A produção concorrente dos holandeses nas Antilhas, que conseguiam produzir um
açúcar de melhor qualidade e mais barato que o produto brasileiro.

Ao final, mesmo com a crise da economia do açúcar, podemos citar como resultado
positivo o alargamento do território brasileiro, haja vista que, com a União
Ibérica, os portugueses, especificamente os bandeirantes, foram incentivados a
adentrar o território que ficava além dos limites do Tratado de Tordesilhas em
busca das drogas do sertão, um produto alternativo ao açúcar.

Tais expedições geraram o povoamento de outras faixas de terras, incluindo a região


amazônica, além de levarem à descoberta do ouro, dando início a um novo ciclo
econômico no país.

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Verificando o aprendizado
Atividade
1. Com relação à decisão de Portugal em dividir o território brasileiro em
capitanias, assinale a alternativa incorreta:

a) O principal motivo da decisão do rei de Portugal em dividir o território


brasileiro em capitanias foi a proteção contra invasores estrangeiros,
especialmente os franceses, que já atuavam na exploração do Pau-brasil na costa
brasileira.
b) Para aqueles que se arriscassem a ocupar as terras brasileiras, o rei de
Portugal concederia poderes de soberanos, podendo, inclusive, nomear autoridades
administrativas e juízes e cobrar impostos e taxas.
c) O produto escolhido para produzir nas capitanias foi o açúcar, haja vista que
Portugal já tinha experiência na sua produção em outros territórios.
d) Para dar início ao cultivo da cana-de-açúcar, os donatários precisaram usar
recursos próprios; por isso, as terras foram distribuídas entre os nobres
portugueses, pois somente eles teriam os recursos suficientes à disposição.
e) Apesar de ter dado certo em outras colônias portuguesas, o sistema que combinava
elementos feudais e capitalistas fracassou no Brasil. As únicas capitanias que
tiveram êxito foram as de Pernambuco e São Vicente.
2. Alguns fatores foram fundamentais para o declínio da economia açucareira no
Brasil, como:

a) A alta do preço do açúcar no mercado internacional.


b) A presença de africanos nos canaviais brasileiros.
c) A experiência dos portugueses com a produção do açúcar em outros territórios.
d) As doenças europeias que assolaram a população indígena.
e) As invasões holandesas no Nordeste brasileiro.

MÓDULO3
my_location Estudar a descoberta do ouro no Brasil, a economia aurífera, as formas
de exploração do ouro, o declínio e os resultados desta atividade econômica, a
ocupação da Amazônia e a chegada dos portugueses à sua Bacia, as reformas
pombalinas e os resultados da conquista do território amazônico.
O ciclo do ouro
Na segunda metade do século XVII, logo após a expulsão dos holandeses da costa
brasileira, a economia açucareira começou a declinar. A crise se aprofundou em
meados do século XVIII, quando a economia da colônia buscou uma nova atividade para
obter riquezas: A extração do ouro. Mesmo atualmente, ele é um metal que atrai a
atenção de muitas pessoas devido ao seu valor de mercado. Naquela época, isso não
era diferente. O ouro atraiu milhares de pessoas para o Brasil, principalmente
devido à facilidade de sua exploração. Afinal, o tipo aluvião era extraído dos
rios.

Portugal, por sua vez, com sérios problemas financeiros decorrentes principalmente
da queda do preço do açúcar no comércio internacional e dos gastos com a expulsão
dos invasores holandeses, também viu na extração do metal a possibilidade de obter
recursos a partir de sua tributação, salvando, assim, a sua economia.

Neste módulo, falaremos sobre essa fascinante parte da história econômica do


Brasil, que, além de proporcionar riquezas, transformou profundamente a sociedade
na colônia, deslocou o centro econômico do Nordeste para o Sudeste e possibilitou
um avanço no território brasileiro até a chegada à Amazônia.

A descoberta do ouro no Brasil


Desde o episódio do descobrimento das terras brasileiras, ou melhor, desde a
chegada dos portugueses à terra que hoje chamamos de Brasil, a busca pelo ouro era
marcadamente o principal motivador das expedições exploradoras.

Os espanhóis tiveram mais sorte, pois logo encontram o metal nas terras hoje
pertencentes ao México e ao Peru. Tratava-se dos tesouros guardados das antigas
civilizações que lá viviam.

Já os portugueses tiveram de esperar mais um pouco até que fossem encontrados


sinais da presença de ouro na parte que lhes cabia no Tratado de Tordesilhas.
Segundo Prado Junior (2012), somente por volta de 1696, quase dois séculos depois,
as bandeiras paulistas começaram a topar com os primeiros indícios do metal: suas
primeiras descobertas ocorreram no centro do que hoje é o estado de Minas Gerais,
atualmente Ouro Preto.

Monumento às bandeiras paulistas. (Fonte: Wikipedia).

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Com certeza, você já ouviu a expressão O mundo dá voltas! Lembra quando falamos que
a ocupação da Terra de Santa Cruz era uma difícil tarefa para Portugal, pois os
portugueses não tinham interesse em morar em lugares tão distantes e desprovidos do
conforto da metrópole?

A notícia da descoberta do ouro chamou a atenção tanto no cenário nacional quanto


no internacional, atraindo para o Brasil um contingente populacional com o
deslumbramento de um rápido enriquecimento.

A nova atividade, então, tornara-se o centro das atenções no Brasil Colonial,


fazendo declinar totalmente a primeira fase do açúcar e provocando grandes mudanças
na economia e na sociedade. No entanto, de acordo com Rego e Marques (2010), a
atividade em torno do metal não superou, em cifras de produção global, o montante
de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história colonial.

O fluxo emigratório de Portugal para a sua colônia neste período era tão grande que
precisou ser controlado via lei, criada por D. João V em 1720.

Assim, enquanto, em 1690, estimava-se uma população de 300.000 habitantes no Brasil


Colônia, este número, em fins do século XVIII, já era dez vezes maior: 3.000.000.

Isso acabou substituindo o tupi pelo português como língua oficial, fazendo surgir
a necessidade de uma produção interna de alimentos que suprisse as necessidades dos
novos habitantes, consolidando, assim, o mercado interno no Brasil Colonial.

Atenção
Essa explosão demográfica acabou por alterar o perfil populacional, fazendo surgir
uma classe média, composta por artesãos, profissionais das minas, comerciantes,
militares, artistas, músicos, poetas e intelectuais, que contribuiu para o
desenvolvimento cultural do Brasil na época.

A nova sociedade emergida em torno da febre do ouro, segundo Narloch (2011) apud
Braga e Silva (2016), era bem mais complexa que a açucareira. Nela, existiriam
tanto brancos ricos e pobres quanto negros escravos e livres (e, neste grupo,
também havia pobres e ricos. Alguns deles até tinham escravos negros).

Quem primeiramente descobriu o ouro no Brasil foram as bandeiras paulistas; por


isso, os bandeirantes achavam-se no direito de explorá-lo com exclusividade. No
entanto, mais tarde, um contingente composto principalmente por portugueses e
nordestinos – chamados pejorativamente de emboabas pelos paulistas – foi atraído
para as áreas de exploração, iniciando uma série de conflitos armados que só
tiveram fim em 1709. Eles deixaram como consequências:

Regularização da distribuição das áreas de exploração entre bandeirantes e


emboabas;
Regulamentação da cobrança de imposto sobre o ouro (quinto);
Cisão das capitanias de São Vicente, São Paulo, Minas de Ouro e Rio de Janeiro,
ligadas diretamente à Coroa;
Elevação de São Paulo à categoria de cidade;
Descoberta do ouro em Mato Grosso e Goiás.

(Fonte: Wikipedia).
A economia aurífera
1. As formas de exploração
Figueirôa (2006), Braga e Silva (2016) sintetizam a estrutura colonial do ciclo
aurífero da seguinte forma:

Fonte: Figueirôa (2006) apud Braga e Silva (2016).

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Inicialmente, o ouro brasileiro foi extraído em aluviões, atividade que necessitava
de pouco capital. Isso atraiu homens livres tanto de Portugal quanto de outras
partes do território para as áreas onde o metal estava sendo explorado (Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso).

Produzindo isoladamente, eles eram chamados de faiscadores. Mais tarde, surgiram as


lavras, uma forma de extração de ouro em larga escala com o auxílio de máquinas e
um grande volume de trabalhadores, sendo a maioria escrava.

Apesar da grande riqueza gerada pela extração do metal, a renda era extremamente
concentrada, principalmente devido à alta inflação em torno das regiões de
mineração. Desse modo, conseguiam auferir grandes quantidades de recursos somente
aqueles que encontravam muito ouro ou comercializavam produtos a preços altíssimos
para a população.

Outra particularidade da atividade aurífera era que ela exigia um controle maior da
Coroa em virtude da sua importância como fonte de riqueza. Dessa forma,
inicialmente ela estabeleceu a cobrança do quinto, um imposto de 20% em cima de
todo ouro extraído na colônia. Mais tarde, foram instituídas a capitação, quando o
imposto passou a se estender sobre escravos e pessoas livres que trabalhassem com
as próprias mãos, e, por último, a derrama, cobrada de forma espontânea ou
compulsória por meio do confisco de bens quando o quinto não era pago
integralmente. Credita-se à derrama a principal responsabilidade pela eclosão da
Inconfidência Mineira, que, segundo Marques e Rego (2010), apesar de todos os
percalços, conseguiu pôr um fim nesses atos predatórios para a colônia.

Saiba mais
Pesquise mais sobre as principais revoltas ocorridas no Brasil Colônia, com ênfase
na Inconfidência Mineira, um movimento importante para o início do processo de
independência em relação à metrópole.

2. Declínio e resultados da economia aurífera


Vejamos alguns fatores que contribuíram para o declínio do ouro:

Excessiva tributação da Coroa;


Baixo nível de tecnologia empregado na produção;
Baixos investimentos;
Rápido esgotamento do ouro encontrado às margens dos rios.
Decadência da mineração brasileira no século XVIII
Atenção
Durante o século XVIII, a produção brasileira chegou a representar cerca de 40% do
volume de ouro no mundo. No entanto, de acordo com Braga e Silva (2016), grande
parte dessa riqueza não ficou no Brasil nem em Portugal, indo parar na Inglaterra
devido às transações entre portugueses e ingleses. A Inglaterra, que já produzia
produtos manufaturados, encontrou no ouro brasileiro, recebido como pagamento pelos
produtos comprados pelos portugueses, um grande financiador da Revolução Industrial
ocorrida na Inglaterra.
Vejamos algumas consequências:

A exploração de diamantes, que ocorreu de forma paralela ao ouro;


A ocupação do Centro-Oeste brasileiro com a mudança do eixo econômico antes
localizado na região açucareira;
O desenvolvimento de atividades acessórias, como a agricultura e a pecuária, e a
transferência da capital, em 1763, da Bahia para o Rio de Janeiro, mais próximo das
regiões mineradoras.

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A ocupação da Amazônia
1. A chegada dos portugueses à Bacia Amazônica
Um capítulo paralelo na descoberta e corrida do ouro no Brasil é a colonização do
Vale Amazônico. Se você parou para analisar o Tratado de Tordesilhas no mapa,
possivelmente já se perguntou: Se a Portugal pertencia somente a área do Nordeste e
Sudeste brasileiro, além de pequenas faixas do Norte e Centro-Oeste, como os
portugueses conseguiram dominar as demais partes que atualmente pertencem ao
território brasileiro?

Isso ocorreu no século XVII: favorecidos pela União Ibérica, os portugueses


adentraram o território considerado espanhol pelo Tratado de Tordesilhas.

Esse movimento de expansão foi incentivado pela:

Busca de metais preciosos;


Captura de índios a serem utilizados como mão de obra escrava nos canaviais;
Procura pelas drogas do sertão (cacau, cravo, castanha, salsaparrilha, guaraná
etc.), isto é, especiarias do novo continente que tinham um valor crescente no
mercado europeu.
Na verdade, é na extração destes produtos que se formará a base econômica que
tornará viável a colonização da Amazônia.

A ocupação da maior parte da Bacia Amazônica nos séculos XVII e XVIII, segundo
Simonsen (2005), representa uma das páginas mais impressionantes da história da
expansão lusitana.

Os espanhóis, até o final do século XVI, já haviam se empossado da maior parte das
áreas que lhes caberiam, desde a Venezuela até o Rio da Prata. No entanto, ainda
não haviam adentrado a Bacia Amazônica, nos sertões mato-grossenses e nas regiões à
esquerda do Prata e do Paraguai, provavelmente porque se interessavam por
civilizações mais avançadas que detinham alguma reserva de ouro. De fato, os
primeiros espanhóis a chegarem à região eram mais conquistadores que colonos.

Nesta região, a mão de obra indígena viria a ser mais adequada, pois o índio já
possuía habilidades na caça, na pesca e no remo, além de conhecer os produtos da
floresta e os seus rios muito mais que o homem branco.

Os jesuítas foram os primeiros a extrair as drogas do sertão com o auxílio da mão


de obra indígena a fim de arcar com os custos das missões empreendidas no interior
do território.

Os carmelitas, além de outras ordens religiosas, também ali chegaram. Quanto aos
seus objetivos, especula-se que, principalmente no caso dos jesuítas, havia um
plano de assentar na América um grande império da Igreja Católica sob a sua
direção. Dessa forma, segundo Prado Junior (2012), em vez de buscarem um
estreitamento das relações entre os indígenas e os colonos europeus, eles tentaram
afastá-los, usando a força para manter sua hegemonia.
Jesuítas. (Fonte: Mundo educação).

De qualquer forma, os padres possuem grande importância para o Vale Amazônico, pois
tiveram a iniciativa do desbravamento do extenso território. Tais missões
constituíram importantes empresas comerciais.

Eles conseguiam realizar com os índios o que os colonos foram incapazes de fazer,
submetendo os nativos, com seu poder de persuasão, a um regime de vida e de
trabalho disciplinado e rigoroso.

Com a mão de obra indígena, os jesuítas conseguiram construir as instalações da


missão, colocando-os depois para trabalhar no cultivo de alimentos necessários à
subsistência da comunidade e na coleta das drogas do sertão a serem exportadas.
Isso pagava não somente a manutenção das missões, mas também gerava grandes lucros
que enriqueceriam as ordens religiosas, dando-lhes grande poder e importância
financeira na primeira metade do século XVIII.

2. As reformas pombalinas
Vejamos algumas reformas efetuadas sob o comando do Marquês de Pombal:

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Reformas na administração pública portuguesa
Expulsão dos jesuítas e abolição do poder eclesiástico
3. Resultados da conquista do território amazônico
Em suma, a principal característica da colonização do Vale Amazônico foi sua base
na coleta de produtos naturais, constituindo mais uma aventura que a formação de
uma sociedade estável e organizada.

Contrariando as expectativas dos europeus, os resultados econômicos da exploração


do território foram ínfimos; além disso, ao longo da sua história, produtos nativos
com os maiores potenciais ser-lhe-iam subtraídos: Primeiramente, o cacau, cuja
hegemonia foi transferida para a Bahia; em seguida, a borracha.

Seringueiro extraindo borracha.


A borracha trouxe grande prosperidade para a região, especialmente durante o
período de 1879 a 1912, proporcionando expansão da colonização, atração de riqueza
e grandes transformações culturais, além de dar um impulso ao crescimento das
cidades de Manaus, Belém e Porto Velho e possibilitar os recursos financeiros para
a aquisição de parte da Bolívia, território onde atualmente fica o Acre.

As sementes da Hevea brasiliensis (nome científico da seringueira) foram levadas


para a Malásia pelos ingleses, que passaram a realizar uma produção racional (e não
extrativa, como a realizada na Amazônia), o que levou ao fim da economia gomífera
brasileira.

Para Prado Junior (2012), a colonização do Vale Amazônico ainda hoje é uma
incógnita.

Verificando o aprendizado
Atividade
1. A sociedade formada em torno da economia do ciclo do ouro era bem diferente da
que havia se formado na economia açucareira. Qual era a principal diferença entre
ambas?

a) Na sociedade aurífera, as mulheres e as crianças tinham participação no mercado


de trabalho.
b) A sociedade açucareira era extremamente patriarcal, enquanto a economia do ouro
era predominantemente matriarcal.
c) A mão de obra escrava era a base da economia do açúcar, ao passo que, na
exploração do ouro, era utilizado apenas o trabalho assalariado.
d) Durante o ciclo do ouro, surgiram a classe média e uma sociedade bem mais
complexa que a da economia do açúcar.
e) No período da exploração do ouro, havia apenas homens livres, pois todos os
escravos da colônia já haviam sido libertos.
2. Alguns fatores foram fundamentais para o declínio da economia aurífera no
Brasil. Dentre eles, podemos citar:

a) A larga escala na utilização do ouro no mercado internacional.


b) A excessiva tributação da Coroa em torno da atividade.
c) A inexperiência dos portugueses na exploração do metal.
d) A grande quantidade de ouro encontrada no território brasileiro.
e) A localização das minas, que ficava longe das áreas litorâneas.

MÓDULO4
my_location Estudaremos o ciclo cafeeiro, entendendo os aspectos envolvidos em seu
apogeu e declínio, bem como os agentes políticos envolvidos, a mão de obra
utilizada e a importância deste produto da formação da economia brasileira.

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O ciclo do Café
Mesmo não sendo natural do Brasil, o café se adaptou ao nosso clima e ao nosso
solo, transformando o país em referência na produção cafeeira internacional desde o
século XIX até os dias de hoje. Atualmente, ele está apenas entre nossos dez
produtos mais exportados, porém, no período do Segundo Reinado, ele constituía o
principal item das exportações brasileiras, tornando-se a base de toda a nossa
economia.

Estudaremos o período em que o café finalmente atingiu seu apogeu, bem como seus
sistemas de financiamento e comércio, cujos pontos fracos foram evidenciados já no
início de sua crise de superprodução. Além disso, destacaremos um ponto relevante
da produção cafeeira: a mão de obra. Inicialmente escrava, ela se tornou
assalariada, embora não contasse com trabalhadores brasileiros, e sim com
imigrantes.

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História do café
1. Origem
Apesar de nosso país possuir uma forte tradição na produção do café, ele, conforme
destacamos, não é um de nossos produtos naturais. Por isso, a história de sua
chegada às terras brasileiras é bastante interessante. Vamos conferi-la!

O produto, na verdade, origina-se da Etiópia (antiga Abissínia), ganhando sua fama


ainda no século XII, quando passou a ser transportado pelos mouros para o Egito e a
Europa. Diz a lenda que um pastor observara que suas cabras ficavam mais espertas
ao se alimentarem dos frutos do cafeeiro. Então ele mesmo os experimentou e sentiu
uma maior vivacidade. Sabendo disso, um monge decidiu fazer uma infusão dos frutos
a fim de se manter acordado para fazer suas orações. Não importa se a história é
verídica ou não: o fato é que a fama do café como bebida energética definitivamente
se espalhou por toda a Europa.

Local de origem da espécie Coffea arábica (café arábica). (Fonte: Cafepoint

Inicialmente proibido para os cristãos por ser considerado uma bebida maometana, o
café foi liberado pelo papa Clemente VIII depois de experimentá-lo. Chegando aos
Países Baixos, os holandeses o introduziram no Novo Mundo, trazendo suas sementes
para serem plantadas em suas colônias: Guianas, Martinica, São Domingos, Porto Rico
e Cuba.

Conhecendo a fama e a importância econômica do produto, o sargento-mor Francisco de


Melo Palheta, em 1727, foi incumbido pelo então governador do Estado do Grão-Pará a
viajar até a Guiana Francesa a fim de trazer clandestinamente as sementes para o
Brasil. Isso pôde ser realizado após ele se aproximar da esposa do governador de
Caiena, ganhando a sua confiança.

A senhora D’Orvilliers entrega mudas de café para Francisco de Melo Palheta.


(Fonte: Botucatuonline).

2. O início do cultivo do café no Brasil


A primeira tentativa de plantio das mudas foi no Pará. Depois, foi a vez do
Maranhão e da Região Nordeste. No entanto, ele não conseguiu obter êxito nestes
lugares em virtude de suas condições climáticas.

Somente na primeira metade do século XIX as sementes foram levadas para a Região
Sudeste, sendo plantadas primeiramente no Rio de Janeiro e, em seguida, em São
Paulo e Minas Gerais, locais onde seu plantio enfim obteve um grande sucesso.
Contudo, a região do Vale do Paraíba foi a que mais se destacou nessa produção em
virtude de:

Clima;
Qualidade do solo;
Mão de obra;
Recursos financeiros disponíveis para que fosse dado um início à plantação.
Comentário
Além das sementes contrabandeadas da Guiana Francesa, vale comentar que a
transferência da corte real portuguesa para o Brasil também foi um elemento
incentivador da economia cafeeira, já que D. João VI, sabendo da potencialidade do
produto, mandou trazer da África sementes de novas espécies de café, distribuindo-
as entre os fazendeiros próximos à corte.

Entretanto, apenas no reinado de D. Pedro II (1840-1889), o café se torna a


principal fonte de riqueza do país, constituindo seu produto de exportação mais
proeminente durante quase cem anos. Em 1830, ele já havia desbancado o ouro e o
açúcar.

A economia cafeeira
O gráfico a seguir pode nos ajudar a entender a importância da produção cafeeira no
montante dos principais produtos brasileiros (café, açúcar, algodão, borracha couro
e peles) exportados em três períodos diferentes do século XIX:

Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016 apud ABREU, 2014).

Nota-se que, em 1820, o café figurava em terceiro lugar nesta lista. Mais tarde, em
1841, ele passa para a primeira posição, se tornando responsável por 48,1% das
exportações dos principais produtos brasileiros. Em seguida, em 1889, sua produção
corresponde a 61,50% do montante.

1. Os tipos de produção
Segundo Braga e Silva (2016), na época do reinado de D. Pedro II, havia dois
segmentos distintos de produção cafeeira no Brasil: o da região fluminense e o do
oeste paulista.
Vale destacar que os cafeicultores do oeste paulista, muitas décadas depois, foram
os responsáveis pelos surtos de industrialização ocorridos no fim do Império e na
Velha República.

2. O sistema de financiamento
Rego e Marques (2010) fazem uma breve análise da economia cafeeira no Brasil,
abordando dois importantes aspectos a ela inerentes:

Sistemas de financiamento e de comércio do café;


Questão da mão de obra.
Primeiramente, para o fazendeiro o cultivar, havia a necessidade de dois tipos de
capital: um fixo inicial e outro de giro. Afinal, era necessário um período
relativamente longo para a sua lavoura operar em plena produção, algo que ocorria
cinco ou seis anos após o início do plantio.

Além disso, havia o pagamento da mão de obra (em princípio, escrava; depois,
assalariada), tópico fundamental para a manutenção dos cafezais e a colheita do
café. Como não havia bancos voltados para a produção cafeeira, quem acabou
assumindo esse papel foi o próprio comerciante do produto, também conhecido como
comissário.

Assim, criou-se uma interessante relação entre o fazendeiro e o comerciante de café


na qual um precisava do outro:

O comissário. (Fonte: Brasil café).

COMERCIANTES:
Dependiam, em grande medida, dos fazendeiros de café para realizar seus lucros com
a venda do produto.

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FAZENDEIROS
Precisavam dos comerciantes de café para obter recursos financeiros necessários à
produção.

Fonte: (REGO; MARQUES, 2010)

Vemos então que este comerciante funcionava como um banqueiro da lavoura,


fornecendo recursos necessários à produção. Em contrapartida, ele exigia uma
reciprocidade do fazendeiro, devendo a produção ser entregue aos seus cuidados. Ele
preparava e vendia o produto com uma comissão de 3% sobre o valor da venda.

Por ser informal, tal sistema de crédito revelava-se flexível e adequado ao


fazendeiro, apresentando vantagens para as duas partes. Para o fazendeiro, elas
residiam no acesso a um crédito com juros razoáveis (9% a 12% ao ano) e na
flexibilidade nos prazos de pagamento. Já o comissário, mesmo não auferindo lucros
com o empréstimo, conseguia assegurar a colheita do fazendeiro responsável pelos
lucros da sua atividade.

Um ponto fraco desse sistema consistia no caráter pessoal do crédito, pois, com a
expansão da lavoura e o aumento do volume de negócios, as somas emprestadas
cresceram, passando a exigir garantias mais sólidas. Entretanto, uma solução para
tal questão surgiu com o aumento do número de casas comissárias, fazendo com que os
riscos fossem diluídos.

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3. O sistema de comércio
No período anterior à República, havia três classes distintas no sistema de
comércio do café:

Comissário;
Ensacador;
Exportador.

Fonte: (REGO; MARQUES, 2010).

Apesar da compatibilidade de interesses inicial entre os elementos desse sistema,


alguns detalhes foram fundamentais para ele finalmente entrar em colapso:

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Nacionalidade dos envolvidos
Dinâmica de preço do produto
Problemas entre comissários e fazendeiros
Conta de venda
A mão de obra no ciclo do café
Os trabalhadores assalariados empregados na produção do café representaram a
primeira fase do desenvolvimento do Capitalismo no Brasil. A maior parte da mão de
obra recrutada para o trabalho nos cafezais era composta por imigrantes e
brasileiros natos.

Composto por um total de 5 milhões de pessoas com idades entre 13 e 45 anos, o


perfil da mão de obra das maiores províncias do país (Rio de Janeiro, Minas Gerais,
São Paulo, Bahia, Pernambuco e Ceará) em 1882 está descrito no gráfico a seguir:

Fonte: (REGO; MARQUES, 2010).

Alguns eventos ocasionaram um aumento no número de pessoas sem renda ou teto,


gerando o surgimento das primeiras favelas no Rio de Janeiro e em outras cidades.

Verificando o aprendizado
Atividade
1. No que diz respeito à origem e ao início do cultivo do café no Brasil, assinale
a alternativa incorreta:

a) Apesar da forte tradição na produção do café, ele não é um produto natural do


Brasil.
b) Inicialmente, o café foi proibido para os cristãos, mas depois foi liberado pelo
papa Clemente VIII após experimentá-lo.
c) As primeiras sementes de café que chegaram ao Brasil foram contrabandeadas da
Guiana Francesa.
d) A primeira tentativa de plantio das mudas de café foi no Pará, obtendo muito
sucesso.
e) A região do Vale do Paraíba foi a que mais se destacou na produção em virtude do
clima.
2. Antes da República, o sistema de comércio do café era composto por três classes
distintas: o comissário, o ensacador e o exportador. Com relação a este sistema,
analise as afirmativas a seguir a assinale a incorreta:

a) A compatibilidade de interesses dos comissários, ensacadores e exportadores era


perfeita mesmo na primeira crise de baixa produção do café.
b) Além de receber o café do interior, o comissário era responsável por fornecer
crédito ao fazendeiro.
c) Geralmente, os comissários e ensacadores eram portugueses e brasileiros,
enquanto os exportadores eram, em sua maioria, estrangeiros.
d) Aos comissários e ensacadores interessava a alta nos preços do café, enquanto,
para os exportadores, os preços internos baixos do produto eram mais interessantes.
e) A maior atuação das casas exportadoras em detrimento das comissárias favoreceu a
capacidade baixista do exportador e, consequentemente, a canalização da maior parte
da renda auferida com o comércio do produto para o exterior.

Considerações finais
Considerações finais
Vimos, ainda no período pré-colonial, a exploração do primeiro produto considerado
pelos portugueses com grande potencial para o comércio europeu: o Pau-brasil.

Abordamos um ciclo econômico que trouxe muita prosperidade ao Brasil, colocando fim
ao seu histórico deficitário enquanto colônia: o ciclo do açúcar.

Estudamos também a descoberta do ouro no Brasil, a economia aurífera, as formas de


exploração do ouro, o declínio e os resultados dessa atividade econômica,
observando a ocupação da Amazônia e a chegada dos portugueses à sua Bacia, além das
reformas pombalinas e dos resultados da conquista do território amazônico.

Vimos como o período cafeeiro atingiu seu apogeu, bem como seus sistemas de
financiamento e comércio, cujos pontos fracos foram evidenciados já no início de
sua crise de superprodução. Além disso, destacamos um ponto relevante da produção
cafeeira: a mão de obra. Inicialmente escrava, ela se tornou assalariada, embora
não contasse com trabalhadores brasileiros, e sim com imigrantes.

Formação Econômica Brasileira


O ressurgimento da agricultura e o estabelecimento da pecuária
Apresentação
Apesar das grandes riquezas geradas pela exploração do ouro no Brasil, isso
evidentemente gerou consequências negativas para o setor agrícola do país, pois
grande parte dos colonos havia abandonado essas atividades para se dedicar apenas a
trabalhos em torno do metal. Com o esgotamento das minas e o consequente declínio
da economia aurífera – ao mesmo tempo em que a Revolução Industrial desponta na
Inglaterra –, surge uma nova oportunidade para os produtores brasileiros.

Apesar de diversos países da Europa estarem envolvidos em conflitos, a posição


neutra de Portugal colocou o Brasil numa situação vantajosa enquanto fornecedor de
matérias-primas para o mercado internacional. A agricultura refloresce no país
nesse contexto, fazendo suas atividades econômicas retornarem do centro para o
litoral brasileiro. No sentido inverso, a pecuária contribui para a expansão do
território português até o centro do país, auxiliando, inclusive, na conquista da
Região Sul.

Estudaremos o período transitório entre o fim do ciclo do ouro e o início do


referente ao café, eras nas quais foram registrados importantes eventos para a
formação econômica do Brasil.

Objetivos

MÓDULO 1
my_location Identificar as consequências do fim do ciclo do ouro para a agricultura
brasileira.

MÓDULO 2
my_location Reconhecer a influência da Revolução Industrial no renascimento
agrícola brasileiro.
MÓDULO 3
my_location Explicar o papel da pecuária na colonização do sul do Brasil.

MÓDULO1
my_location Entender os fatores responsáveis pelo ressurgimento da agricultura no
Brasil e conhecer os produtos agrícolas que ganharam volume em exportação.

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O ressurgimento da agricultura no Brasil
Uma triste consequência da brilhante ascensão do ouro no Brasil foi a decadência da
agricultura, fazendo com que a primeira metade do século XVII se tornasse “um
período sombrio para a agricultura brasileira”. (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 79)

Um grande motivador para o seu renascimento foi a Revolução Industrial. Nesta


época, Portugal já era considerado uma potência de segunda ordem entre os países
coloniais da Europa, ficando sob a sombra da Inglaterra. No contexto dos conflitos
europeus, os lusitanos sempre permaneceram neutros, e essa neutralidade se estendia
inclusive sobre o Brasil e seu comércio. Enquanto as nações concorrentes tinham
suas produções afetadas pelas agitações políticas e sociais, nosso país produzia
livremente sem esse tipo de empecilho.

Revolução industrial. (Fonte: MEC - Portal do professor).

Produtos agrícolas em destaque para exportação

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Listaremos os sete produtos agrícolas que ganharam destaque no volume de
exportações brasileiras deste período:

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Precisamos entender o funcionamento das principais culturas agrícolas da época. Por
isso, falaremos sobre elas a seguir:

Clique nos botões para ver as informações.


Algodão
Açúcar, arroz e anil
Cacau, drogas do sertão e café

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Verificando o aprendizado
Atividade
1. De acordo com Prado Júnior (2012), a primeira metade do século XVII foi “um
período sombrio para a agricultura brasileira”. Por que o autor fez esta
afirmativa?

a) Devido às pragas que assolaram os canaviais brasileiros no período.


b) Em virtude da falta de investimento da Corte Real Portuguesa na economia
cafeeira.
c) Por causa da descoberta e ascensão do ouro no Brasil, ocasionando a decadência
das atividades agrícolas.
d) Porque os conflitos entre Portugal e outros países europeus acabaram
interferindo na exploração das drogas do sertão.
e) Em decorrência da alta do preço do açúcar no mercado internacional,
desestimulando os grandes agricultores a investirem em outras atividades.
2. Com o advento da Revolução Industrial, o algodão passa a ser amplamente
necessário para a indústria da Inglaterra. Seu fornecedor, o Oriente, não suporta
tamanha demanda, dando ao Brasil a oportunidade de supri-la. Um dos motivos que
levou a produção de algodão a ter destaque na colônia foi:

a) O baixo custo de manutenção dos algodoeiros em comparação aos demais produtos já


cultivados na colônia.
b) A simplicidade do produto, que, diferentemente do açúcar, precisava apenas da
separação do caroço e do ensacamento.
c) A ausência de pragas nas lavouras de algodão.
d) A rápida adequação ao solo brasileiro, conquistando, inclusive, uma
produtividade maior que a das colônias norte-americanas.
e) A falta de concorrência com a produção brasileira de algodão.

MÓDULO2
my_location Entender como a pecuária ficou estabelecida no Rio Grande do Sul a
partir do tipo de colonização realizada nesse local.
O estabelecimento da pecuária no Rio Grande do Sul

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Nas regiões antes mineradoras, a pecuária começa a adquirir importância.

Minas Gerais torna-se o maior centro criador da colônia, desenvolvendo a indústria


de laticínios.

No sul do estado, também é formada a cultura do tabaco, porém em escala bem menor
que a da Bahia.

O renascimento da agricultura faz com que as atividades no país voltassem para o


litoral; afinal, graças à mineração e, em seguida, à pecuária, as atividades
avançam para o centro. Ocorre, portanto, a conquista de mais uma parte do
território brasileiro.

A pecuária no Brasil Colonial. (Fonte: Brasil Escola).

No final do século XVII, a parte sul do Brasil era apenas um território disputado
arduamente entre portugueses e espanhóis, possuindo uma ocupação de cunho meramente
militar. Não havia grandes interesses pela área; por isso, ninguém se preocupou em
fixar-se nelas. Não obstante, o fim da União Ibérica fez com que o rei de Portugal
planejasse fixar as fronteiras portuguesas no Brasil, especialmente na Região Sul.

Após a separação dos dois reinos, Portugal havia expandido o território nacional
até o Paraná, enquanto a Espanha tinha se estabelecido em Buenos Aires, às margens
do Rio da Prata. Existia, então, um grande espaço – a despeito de ser percorrido
pelas bandeiras paulistas desde o início do século XVII – sem nenhum domínio a
separar as duas nações.

Dessa forma, em 1680, os portugueses, comandados pelo então governador do Rio de


Janeiro, Manuel Lobo, saem em expedição com uma forte guarnição militar. O objetivo
é fixar sua bandeira na margem setentrional do Rio da Prata, bem em frente a Buenos
Aires, onde foi fundada a Colônia de Sacramento, que, mais tarde, seria a causa de
várias disputas entre portugueses e espanhóis – e, décadas depois, entre
brasileiros e argentinos.

Embora Portugal tenha posteriormente perdido esta colônia pelo Tratado de Madri
(1750), a ação empreendida permitiu a conquista do território ao norte dela, o
qual, em seguida, foi incorporado ao Brasil.
Aumento do território colonial brasileiro após o tratado de Madri.
Fonte: www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1112/000746688.pdf

No princípio do século XVIII, a ocupação do território ao sul do Brasil é comandada


por dois núcleos:

Tropas enviadas para defesa

Povoadores de São Paulo (estabelecidos no território atualmente conhecido como Rio


Grande do Sul).

A colonização ocorre ali de forma ímpar, como jamais havia sido feita em qualquer
outra parte do país. Por não se tratar de uma região apta para o cultivo de gêneros
tropicais de grande valor comercial, Portugal precisa conceder benefícios que
incentivem o estabelecimento de colonos, garantindo, perante os espanhóis, a posse
da terra.

Formam-se na região grandes fazendas de gado conhecidas como estâncias. Com o fim
das guerras pelo território em 1777, são estabelecidas as primeiras delas nas
fronteiras. Para consolidar a posse de seu território, Portugal passa a distribuir
grandes lotes de terras, as sesmarias, onde a pecuária rapidamente se organiza e é
solidificada. Ela é a base econômica do território em virtude de sua vegetação
herbosa.

Comentário
Prado Júnior (2012) destaca o início de um problema fundiário que, mais tarde,
viria à tona no país (como já havia acontecido antes no sertão nordestino): pessoas
protegidas pelo governo colocavam os lotes em seus nomes e nos de seus filhos ainda
menores de idade, fazendo com que, ao final, as terras ficassem nas mãos de uns
poucos privilegiados.

Inicialmente, a produção que se destaca é a do couro. A carne advinda da atividade


pecuária não é totalmente aproveitada, pois não há como conservá-la e enviá-la para
outras partes do país. Em 1793, a capitania passa a exportar o produto por dois
motivos:

O aparecimento da indústria do charque;


A pecuária do Nordeste não consegue mais atender à demanda de mercado.
A indústria de laticínios não se desenvolve como a de Minas Gerais. Além do couro,
outros subprodutos são aproveitados, como os chifres, as unhas e o sebo. Com o
desenvolvimento da criação do gado bovino, também passa a haver na capitania a de
bestas e, principalmente, a de cavalos.

Verificando o aprendizado
Atividade
1. A colonização do Rio Grande do Sul foi feita de forma ímpar, como jamais havia
sido em nenhuma parte do país, já que:

a) Foi utilizado apenas o trabalho assalariado na agricultura, a principal base da


sua colonização.
b) Os espanhóis também participariam da formação da cultura local.
c) Brasileiros e argentinos conviveram em paz, compartilhando o território.
d) Portugal precisou conceder benefícios para o estabelecimento dos colonos.
e) A base da colonização estava no cultivo de produtos tropicais destinados à
exportação.
2. Dados os enunciados a seguir:

1. Atividade realizada no país que marcou a conquista do território sul.


2. Nome dado às grandes fazendas de gados no sul do Brasil.
3. Após o declínio do ciclo do ouro, Minas Gerais desenvolveu esta indústria.
4. Grandes lotes de terras distribuídos por Portugal na Região Sul.
5. Produto que primeiramente se destacou para a exportação no sul do Brasil.

Indique a sequência correta de atividade devida a cada enunciado:

a) Pecuária /estâncias /laticínios/ sesmarias/ couro.


b) Estâncias/ pecuária/ laticínios/sesmarias/ algodão.
c) Pecuária/ estâncias/ ouro/ sesmarias/ laticínios.
d) Estâncias/ pecuária/ laticínios/ sesmarias/ algodão.
e) Pecuária/ estâncias/ algodão/ sesmarias/ couro.

Considerações finais
Considerações finais
Vimos que a Revolução Industrial potencializou o renascimento da agricultura no
Brasil. A partir disso, vimos quais produtos se avolumaram em produção para
exportação, movimentando a economia brasileira a partir da segunda metade do século
XVII.

Depois, no princípio do século XVIII, vimos a ocupação do território ao sul do


Brasil, que se deu de forma diferente das outras regiões do país, uma vez que, no
Sul, Portugal concedeu benefícios aos colonos para que estes marcassem a posse das
terras perante a Espanha

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