Você está na página 1de 61

Apresentação

MÓDULO I
my_location O Segundo Reinado (1840-1889);

my_location A Proclamação da República.


MÓDULO II
my_location A República Velha e a Política Café com Leite;

my_location As crises do café;

my_location A industrialização do Brasil.

MÓDULO III
my_location A Era Vargas;

my_location Governo Provisório (1930-1934);

my_location Período Constitucionalista (1934-1937);

my_location Estado Novo (1937-1945).

Definição

Estudaremos o período histórico situado entre o fim do Segundo Reinado até a Era Vargas a fim de investigarmos os processos
históricos responsáveis pela formação da economia brasileira.

Objetivos
MÓDULO I
my_location Avaliar a prosperidade econômica do Brasil no Segundo Reinado;

my_location Explicar as razões para a queda da monarquia brasileira;

my_location Narrar o início das primeiras atividades industriais no Brasil.

MÓDULO II
my_location Resumir as principais realizações dos presidentes brasileiros durante a República Velha;

my_location Identificar as políticas econômicas adotadas no período;

my_location Apontar os efeitos da crise de 1929 para a economia cafeeira no Brasil.


MÓDULO III
my_location Identificar os principais problemas da economia brasileira durante o Governo Provisório;

my_location Traçar as principais preocupações de Getúlio Vargas durante o período constitucionalista;

my_location Analisar o papel do Estado como impulsionador do desenvolvimento da indústria brasileira durante o Estado Novo.

Módulos

 (Fonte: Wikipédia)

O Segundo Reinado (1840-1889)


ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

 D. Pedro II (Fonte: Wikipedia).


Este período é conhecido como uma época de relativa paz no Brasil e de prosperidade econômica, que se devia principalmente a dois
motivos:

1. Atividade cafeeira do país, a base da sua economia;

2. Término dos privilégios fiscais que os produtos ingleses possuíam.

Já o ligeiro sossego no âmbito político deveu-se especialmente ao perfil de D. Pedro II. Mostrando-se bem mais preparado que o seu pai na
arte da diplomacia, ele conseguiu conciliar os interesses da elite agrária conservadora com os das demais classes liberais que defendiam a
descentralização do poder.

Podemos ordenar uma série de fatos históricos responsáveis pelo pico da produção cafeeira
na economia do Brasil durante o Segundo Reinado:

As tropas napoleônicas invadiram Portugal


 Napoleão Bonaparte (Fonte: Wikipédia).

 A Família Real portuguesa veio ao Brasil


 D. Pedro II e sua família (Fonte: Wikipédia).

D. João VI incentivou a cultura do café


 (Fonte: Cândido Portinari / Wikipédia)

 Esta cultura foi beneficiada pelos recursos


remanescentes dos ciclos do ouro e do açúcar

 (Fonte: Jean-Baptiste Debret / Wikipédia).


Analisando a nossa balança comercial de 1840 a 1899 (cujos números estão expressos em
contos de réis, a moeda corrente da época), podemos perceber a evolução da economia
brasileira no período:

Período Exportações (+) Importações (-) Saldo

1840-49 48.000 54.000 -6.000

1850-59 84.000 96.000 -12.000

1860-69 145.000 130.000 15.000

1870-79 195.000 160.000 35.000

1880-89 215.000 185.000 30.000

1890-99 790.000 720.000 70.000

Contudo, o reinado de D. Pedro II teve de enfrentar três graves crises entre 1848 e 1852:
I
O enfrentamento do tráfico ilegal de escravos oriundos da África.

 Johann Moritz Rugendas (Fonte: Wikipédia).

II
A Revolta Praieira
(6 de novembro de 1848),
um conflito entre facções políticas locais em Pernambuco.

 Philippoteaux (Fonte: Wikipédia).


 Guerra do Paraguai (Fonte: Wikipédia).

Das três crises enfrentadas durante o Segundo Reinado, as que mais se destacaram foram aquelas ligadas ao fim do tráfico negreiro e à
Guerra do Paraguai. Apesar de alguns historiadores apontarem a ruptura com a Igreja Católica e a alta inflação ocorrida na época como
elementos que propiciaram a Proclamação da República, a abolição da escravatura e o conflito paraguaio foram, sem dúvida, os fatores que
mais contribuíram para a queda da monarquia.

III
A Guerra do Paraguai
(ou Guerra da Tríplice Aliança).
Por isso, precisamos analisar os dois de forma minuciosa:

Clique nos botões para ver as informações.


O fim da escravidão no Brasil 

O fim da escravidão no Brasil

Percebendo que a Lei de Feijó não era realmente cumprida no país, os ingleses passaram a bloquear os navios que vinham com escravos
para o Brasil, afetando a oferta de mão de obra para os setores agrícolas. Em virtude da importância da Inglaterra nas exportações do café
brasileiro, o resultado da ação dos ingleses foi a proclamação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que de fato colocava um fim no tráfico
de escravos. De acordo com Furtado (2007), neste período, seu contingente variava de 1,5 milhão a 2 milhões de pessoas para um total de
7 milhões de habitantes.

A extinção do tráfico escravista provocou um grande impacto na economia brasileira. Capitais antes destinados à aquisição de escravos
africanos (basicamente, a totalidade das importações do país na época) passaram a ser usados em outras atividades empresariais,
fazendo surgir bancos, indústrias, navegações a vapor etc.

Outra consequência da Lei Eusébio de Queirós foi a transferência da mão de obra escrava dos falidos engenhos nordestinos para os
cafezais em ascensão do sudeste brasileiro. Aqueles que permaneceram nos canaviais foram, aos poucos, sendo libertados pelos seus
donos cujos negócios já estavam em crise. Nos cafezais, por sua vez, a mão de obra escrava foi paulatinamente substituída pela dos
imigrantes.

O movimento abolicionista foi crescendo, sendo inserido na legislação brasileira por intermédio de duas leis: a do Ventre Livre (1871) e a
dos Sexagenários (1885). No entanto, apenas em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, houve o fim definitivo da
escravidão no Brasil.

Embora a abolição da escravatura tenha sido uma boa notícia para alguns, outros acabaram se sentindo prejudicados. Apesar de alguns
escravos terem sido libertos antes de 1888, a elite agrária brasileira, a principal apoiadora de D. Pedro II, ainda utilizava esse tipo de mão de
obra, sendo ela, inclusive, considerada como um ativo contábil de seu balanço patrimonial. Assim, com a oficialização do abolicionismo,
esta classe se sentiu lesada, passando a reivindicar de D. Pedro II uma indenização pela perda sofrida. (BRAGA; SILVA, 2016)

O imperador, porém, não tinha como indenizá-los, pois havia exaurido muitos recursos da Coroa com a Guerra do Paraguai, outro dissabor
do Segundo Reinado que seria o corresponsável por seu fim.

A Guerra do Paraguai 

A Guerra do Paraguai

Durante a guerra do Uruguai, que terminou em 1864, o Império do Brasil destituiu o governo do ditador Atanasio Aguirre, que era
aliado de Francisco Solano López no Paraguai. Por discordar da invasão brasileira do Uruguai, Solano López aprisionou o barco a
vapor brasileiro Marquês de Olinda no porto de Assunção em 11 de novembro de 1864. Viajava nele o presidente da Província de
Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos – que apesar de estar a caminho de Cuiabá, ele nunca chegou ao seu destino, pois foi
morto em uma prisão paraguaia.
Algumas semanas depois, as tropas paraguaias invadiram o território atualmente ocupado pelo Mato Grosso do Sul, dando início ao
maior conflito armado internacional dentro da América do Sul.

Em maio de 1865, o Paraguai também realizou algumas invasões armadas no território argentino para chegar até o Rio Grande do
Sul. Isso levou o Brasil, a Argentina e o Uruguai a firmarem um acordo militar chamado de Tríplice Aliança.

Após mais de cinco anos de lutas e baixas que alcançaram os 60 mil mortos (entre militares e civis) no Brasil, a guerra foi encerrada
com a morte de Solano López por militares brasileiros.
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

A Proclamação da República

Em termos gerais, os principais resultados da Guerra do Paraguai foram a perda de recursos financeiros e o fortalecimento da classe militar.
Seus combatentes, por sua vez, eram oriundos de todas as classes da sociedade brasileira: ricos, pobres, negros, brancos, mestiços etc.
Eles se uniram para enfrentar não apenas o inimigo, mas também outras adversidades, como as doenças, a fome e a distância de seus
familiares. Isso gerou um sentimento de unidade nunca experimentado entre os brasileiros.
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

Neste momento, o país não era mais o mesmo, estando dividido em diferentes classes sociais:

Representantes dos centros urbanos;

Militares;

Novos capitalistas.

D. Pedro II precisava agradar a todos sem deixar descontente a elite


agrária clássica; afinal, ela era sua principal apoiadora. Mas ele não
conseguiu isso.

Mesmo assim, ele não conseguiu conciliar interesses tão diferentes. Seu comportamento com os militares demonstrava inclusive que o
próprio regime poderia constituir um risco para as Forças Armadas.

Comentário

Primeiro-Ministro do Império, Visconde de Ouro Preto se posicionava contra o militarismo.

Influenciado por uma falsa notícia espalhada pelo major Solon Ribeiro de que D. Pedro II havia ordenado a sua prisão, o marechal Deodoro
da Fonseca assumiu a frente das tropas da Proclamação da República; assim, em 15 de novembro de 1889, ele destituiu D. Pedro II,
assumindo o poder por meio de um governo provisório republicano: a primeira república brasileira.
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

 A Proclamação da República (Fonte: Wikipédia).

Por volta de 1850, alguns brasileiros ricos tentaram exercer algumas atividades fabris no país. Eles ainda não podiam ser considerados
capitalistas, pois, no geral, eram utilizados equipamentos primitivos e mão de obra escrava. Em 1850, havia 74 empresas – 50 delas na
capital e na província do Rio de Janeiro, que era então a capital do próprio país – produzindo os seguintes itens e artigos:

Chapéus;

Círios;

Sabão;

Cerveja;

Cigarros;

Tecidos de Algodão.
Entre esses embriões industriais, houve algumas raras exceções de grande sucesso, como o estaleiro instalado pelo Visconde de Mauá em
Niterói em 1850. Já apontamos algumas consequências do fim do tráfico negreiro neste ano, como o direcionamento de seus capitais para
outras iniciativas empresariais. A abolição da escravatura foi um forte elemento impulsionador na formação da indústria no Brasil.

Leitura

Conheça um pouco sobre a história e o legado de um dos maiores empreendedores que impulsionou o Brasil rumo à industrialização:
Visconde de Mauá.

De forma geral, os esforços empreendidos pelo Império não conseguiram consolidar a indústria brasileira entre as décadas de 1840 e
1870. Somente sobreviveram ao período:

Fábricas beneficiadas com privilégios de exploração;

Subvenções governamentais;

Isenções de imposto de importação, já que, de acordo com Rego e Marques (2011, p. 87), “a supremacia dos interesses agrários, com
a proeminência do café, impedia o uso de tarifas de importação efetivamente protecionistas”.

Interessava mais à classe política a manutenção da antiga base agrária


que o incentivo à indústria nascente no país; portanto, ela permaneceu
inerte na sua condição de periferia do sistema capitalista.

Para Rego e Marques (2010), somente a partir de 1885 houve o início dos primeiros focos de produção industrial brasileira. Contribuíram
para isso os seguintes fatores:

Surgimento da mão de obra assalariada;

Abolição da escravatura;

Intensificação da deterioração das estruturas pré-capitalistas.

Verificando o aprendizado
Atividade

1. A que se devia a prosperidade econômica experimentada durante o período do Segundo Reinado no Brasil?

a) Às riquezas acumuladas durante o ciclo do ouro, que Portugal teve de devolver aos cofres brasileiros após a independência do Brasil.

b) Aos superavits ocorridos na balança comercial brasileira logo após a declaração da independência.
c) Ao grande volume de exportação do látex, originário das seringueiras da Amazônia.

d) Ao tratado realizado entre Portugal e Inglaterra, gerando grandes benefícios para o Brasil.
e) Ao ápice da atividade cafeeira no país e ao término dos privilégios comerciais para os produtos ingleses.

2. Apesar dos aspectos positivos vivenciados na economia brasileira durante o reinado de D. Pedro II, algumas crises ocorridas na
época acabaram contribuindo para o fim da monarquia. Quais foram elas?

a) A praga da vassoura de bruxa nos cafezais e a ausência de investimentos estrangeiros.


b) A falta de infraestrutura para o escoamento da produção do café e a inexperiência dos brasileiros na manipulação do produto.

c) A abolição da escravatura e a Guerra do Paraguai.


d) A ausência de um herdeiro do sexo masculino para suceder D. Pedro II.

e) A promulgação da Lei de Feijó e a chegada dos imigrantes ao Brasil.

3. Uma das consequências da abolição da escravatura para a economia brasileira foi:

a) O início de uma mão de obra assalariada proveniente exclusivamente dos antigos escravos.
b) O deslocamento do capital antes investido na atividade escravagista para outras atividades empresariais, como a abertura de bancos e
indústrias.

c) A conscientização da população brasileira acerca do respeito aos direitos humanos e a extinção do racismo.
d) A melhoria nos índices de distribuição de renda no país.

e) A falta de mão de obra necessária tanto nos cafezais quanto na nascente atividade industrial da época do Império.
 (Fonte: Wikipédia)

A República Velha e a Política Café com Leite

Após a queda da monarquia no Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o poder, dando início à República Velha, o primeiro regime
republicano brasileiro. Nos anos seguintes, a atividade cafeeira, base da economia brasileira na época, passa a enfrentar sucessivas crises.

Abordaremos as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira. Afinal, um evento de escopo internacional
provocava, no início dos anos 1930, mudanças profundas na história econômica do mundo capitalista: a crise de 1929. Relacionando-a ao
início do processo de substituição de importações no Brasil, avaliaremos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia
brasileira.

A República Velha (1889-1930)

A primeira fase da república brasileira se estendeu de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930, que foi liderada por Getúlio Vargas.
A análise deste período é realizada em duas etapas:

Até 1891: República da Espada;

1891-1930: República Oligárquica ou do Café com Leite. Afinal, a presidência do país nesta fase só tinha representantes de dois
estados: São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (onde há muita fabricação de leite).

Os presidentes da República Velha, além de suas principais realizações, estão descritos a


seguir em ordem cronológica:
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

1. República da Espada


1889 - 1891

Manuel Deodoro da Fonseca

O governo deste marechal foi dividido em duas


etapas:

Governo Provisório (1889-1891);

Governo Constitucional (alguns meses de


1891).

Eleito por voto indireto, ele chegou ao poder


com o uso da força militar. Para resolver o
problema de liquidez na economia brasileira,
optou pelo uso da moeda fiduciária, o que
gerou o chamado encilhamento .


1891 - 1894

Floriano Peixoto

Vice-presidente no governo anterior, Floriano


Peixoto contrariou a Constituição Federal de
1891 ao assumir o poder após a renúncia de
Deodoro. Ele reprimiu com mão de ferro quem
fosse contrário ao seu governo.

Na Região Sul, foram mais de 10 mil mortos


com a Revolta Federalista.

2. República Oligárquica (ou do café com Leite)


1894 - 1898

Prudente José de Moraes e


Barros

Trata-se do primeiro presidente civil da


República Velha eleito por voto direto. Apesar
de dar um fim à Revolta Federalista, precisou
lidar com a famosa Guerra dos Canudos.
Prudente José gerenciou diplomaticamente as
crises de invasões estrangeiras no território
brasileiro.


1898 - 1902

Manuel Ferraz de Campos


Sales

Renegociou a dívida do Brasil com o exterior,


se comprometendo a aplicar políticas mais
ortodoxas. Para implementar ações
impopulares, Manuel Ferraz utilizou a
denominada política dos governadores,
realizando um acordo com as oligarquias
agrárias.

O período de seu governo é demarcado pelo


apogeu do coronelismo, dando início à
República do Café com Leite.


1902 - 1906

Francisco de Paula
Rodrigues Alves

Trabalhou na reurbanização e no saneamento


do Rio de Janeiro, combatendo agentes
propagadores de doenças. Por causa disso,
Alves enfrentou protestos da população
conhecidos como a Revolta da Vacina.

Além da questão sanitária, outros tópicos


tratados pelo governo geraram celeuma na
época. Destacaremos dois deles a seguir:

Compra do Acre;

Primeira crise de superprodução de café do


século XX (ela só seria resolvida com o
convênio de Taubaté , executado no
governo de Afonso Pena).


1906 - 1909

Afonso Augusto Moreira


Pena

Como frisamos, seu governo foi o responsável


peal execução do convênio de Taubaté,
protegendo os cafeicultores da baixa no preço
do café. Veio a falecer antes de completar o
seu mandato e poder indicar um sucessor
paulista.


1909 - 1910

Nilo Procópio Peçanha

Vice-presidente de Afonso Pena, Nilo Peçanha


deu continuidade à política econômica do
governo anterior. Entre seus feitos, destacam-
se:

Impulsionamento do ensino técnico-


profissional;

Reorganização do Ministério da Agricultura;

Criação do Serviço de Proteção ao Índio


(órgão mais tarde renomeado como Funai).

Além disso, Peçanha gerenciou a instabilidade


política relativa à escolha de um sucessor,
deixando em seu lugar o militar Hermes da
Fonseca, exógeno à Política Café com Leite.


1910 - 1914

Hermes Rodrigues da
Fonseca

Sobrinho de Deodoro da Fonseca, enfrentou


várias revoltas, como a da chibata e a dos
coronéis. Tentou abolir o coronelismo,
principalmente no Norte e no Nordeste, o que
acabou minando sua base de aliados. Além
disso, contraiu novos empréstimos para
controlar o preço do café e realizar
investimentos em infraestrutura, como as
linhas telegráficas e férreas.

Ao término do seu governo, a máquina


eleitoral do café com leite voltou a funcionar.
Dessa forma, seu sucessor teve de ser um
mineiro: Wenceslau Braz.


1914 - 1918

Wenceslau Braz Pereira


Gomes

Enfrentou os impactos econômicos de


conflitos internos e externos, como a Guerra
do Contestado e a Primeira Guerra Mundial. O
conflito internacional estimulou a indústria
brasileira graças às limitações impostas às
importações no período.

A industrialização no Brasil aumentou a sua


população urbana, fazendo surgir movimentos
sindicalistas. Braz indicou como sucessor o
paulista Rodrigues Alves.


1918 - 1919

Francisco de Paula
Rodrigues Alves

Dessa vez, não tomou posse devido a


problemas de saúde, vindo a falecer em janeiro
de 1919.


1918 - 1919

Delfim Moreira da Costa


Ribeiro

Vice de Rodrigues Alves, teve de tomar posse


em seu lugar. No entanto, obedecendo à
Constituição de 1891, Delfim Moreira precisou
convocar novas eleições.

Até a posse do novo presidente, teve de


gerenciar greves de operários iniciadas ainda
na gestão anterior.


1919 - 1922

Epitácio Lindolfo da Silva


Pessoa

Apesar de paraibano, Epitácio Pessoa teve sua


candidatura apoiada por mineiros e paulistas.
Ele iniciou seu governo enfrentando
manifestações generalizadas contra as
estruturas institucionais. Gerou ainda mal-
estar entre os militares por escolher dois civis
para chefiarem os ministérios da Guerra e da
Marinha, tendo de lidar com a revolta
conhecida como Levante do Forte de
Copacabana, que tentou tirá-lo do poder e
evitar a posse do seu sucessor.

Pessoa criou a Lei da Repressão ao


Anarquismo, realizou prisões e deportações
dos líderes operários e considerou ilegal a
criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Apesar da pressão exercida pelos movimentos
do Modernismo com a Semana da Arte
Moderna de 1922 e pelos líderes da Política
Café com Leite que o apoiaram nas eleições,
conseguiu obter alguns êxitos em sua gestão,
como a diminuição dos gastos públicos, o
investimento em infraestrutura e o combate à
seca do Nordeste. Manteve ainda a política de
preço do café, estocando o excedente com o
auxílio do endividamento externo.

1922 - 1926

Arthur da Silva Bernardes

Deu continuidade à crise política estabelecida


no governo anterior, decretando estado de
sítio em todo o seu governo. Ainda ordenou o
bombardeio da cidade de São Paulo para
conter a revolta dos militares contra o governo.

Seu governo enfrentou revoltas, tanto de


militares quanto de operários, do início ao fim
do mandato. Arthur Bernardes indicou como
sucessor Washington Luís; do Rio de Janeiro,
ele era um defensor da economia cafeeira.


1926-1930

Washington Luís Pereira de


Sousa

Pouco depois de Washington Luís assumir, as


revoltas de militares e operários cessaram. No
entanto, temendo o retorno dos problemas, ele
decretou a censura da imprensa e, novamente,
a ilegalidade do PCB.

Luís ainda precisou enfrentar a crise mundial


de 1929 e as sequências de supersafras de
café no Brasil. Com a crise financeira nos
Estados Unidos, os cafeicultores queriam que
ele desvalorizasse o câmbio, mas ele não
concordou com essa estratégia, fazendo com
que ele perdesse o apoio da elite agrária.

Contrapondo-se à vontade dos mineiros,


escolheu o paulista Júlio Prestes para ser seu
sucessor. A decisão de Washington Luís levou
ao golpe de 1930, que pôs um fim à República
Velha faltando apenas 21 dias para o término
de seu mandado.
Vejamos, no texto a seguir, algumas importantes considerações sobre a República Velha

Clique nos botões para ver as informações.

Considerações sobre a República Velha 

Vimos que a Velha República já teve início com os atropelos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que, segundo Braga e Silva (2016),
desrespeitaram a Constituição de 1891 ao forçarem sua tomada do poder durante a época da República da Espada.

Já em sua segunda fase, a da República Oligárquica, apesar de serem respeitados os princípios constitucionais do voto direto, a chamada
política dos governadores se utilizava do “voto de cabresto” ou dos “currais eleitorais” para fazer com que seus candidatos escolhidos
vencessem as eleições conforme os interesses das oligarquias agrárias.

Ao não usar a máquina eleitoral para apoiar o candidato escolhido pelos mineiros como seu sucessor, Washington Luís causou a
aproximação da elite mineira com os movimentos do Rio Grande do Sul contrários ao governo. Dessa forma, juntos, estes dois setores
apoiaram Getúlio Vargas.

Apesar de a máquina eleitoral ter garantido a eleição de Júlio Prestes, as fraudes eleitorais foram tão evidentes que a população se
revoltou. Assim, antes de haver a posse do presidente eleito, os partícipes da Revolução de 1930 depuseram Washington Luís, revogaram a
Constituição de 1891 e impediram Júlio Prestes de assumir o poder. Getúlio Vargas, portanto, assumia a chefia do Governo Provisório,
dando início à Era Vargas.

Sobre a Política Café com Leite, Braga e Silva (2016) afirmam que os governantes escolhidos no período da República Velha defenderam
amplamente a produção do café no Brasil. Eles realizavam a chamada socialização do prejuízo, na qual o governo endividava-se
externamente para estocar o seu excesso de produção, fazendo com que os preços do produto não baixassem.

As crises do café

Origens da crise

Como vimos, o governo de Rodrigues Alves enfrentou a primeira crise de superprodução do café. No início do século XX, a demanda
internacional pelo produto acabou estimulando consideravelmente o aumento de sua produção. De acordo com Rego e Marques (2011) a
produtividade do Brasil era responsável por aproximadamente três quartos da registrada em todo o planeta!

Mas havia problemas. As características naturais do Brasil, como o seu vasto território, o solo e o clima favoráveis ao plantio do produto,
além das altas receitas oriundas da atividade cafeeira, constituíam um constante estímulo à produção. Dessa forma, a oferta passou a
superar a demanda no mercado internacional, acarretando a redução no preço do produto.

Exemplo
O crescimento da oferta de café ocasionou uma queda de aproximadamente 38% nos preços internacionais no período de 1807 a 1901.

Dessa forma, com o objetivo de salvar a economia cafeeira, políticas de valorização do café foram empreendidas. No entanto, o efeito
alcançado foi justamente o oposto: a longo prazo, tais políticas apenas agravaram a situação.

Talvez você esteja se perguntando: por que a baixa nos preços era interpretada como algo muito ruim para os produtores? A resposta está
no conceito de elasticidade-preço: como o café é um produto de demanda inelástica, isso significa que, mesmo com preços menores, a
quantidade demandada continuava a mesma, afetando negativamente as receitas e, consequentemente, os lucros dos cafeicultores.

Conforme expomos, a solução encontrada foi uma política de valorização realizada por
meio do Convênio de Taubaté. Este acordo foi firmado entre os governadores de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, consistindo, basicamente, em:
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online


I
Compra do café excedente com empréstimos estrangeiros.

II
Pagamento dos juros com um imposto fixadio sobre a saca de café exportada
 Candido Portinari (Fonte: Wikipédia) / (fonte: REGO; MARQUES, 2011).

Os resultados dessa política começaram a surgir em 1909, quando os preços das sacas de café começaram a subir. Entretanto, os próprios
governadores não fizeram o seu dever de casa, pois eles não desencorajaram a produção cafeeira conforme o previsto. Os preços
artificialmente altos acabaram por incentivar ainda mais a produção, já que a atividade proporcionava lucros elevados.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cenário mudaria um pouco: tendo o ciclo migratório se reduzido (lembre-se de
que grande parte da mão de obra utilizada nos cafezais era de imigrantes), a produção também acabaria diminuindo. No entanto, com o
término do conflito, a produção voltou a crescer, tendo um ápice na segunda metade dos anos 1920 (1925-1929), período em que não houve
crescimento das exportações.

Podemos resumir da seguinte forma a sequência de fatos que levou à maior crise de
superprodução experimentada no ciclo do café:

I
A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO ELEVA OS PREÇOS DO CAFÉ
III
II à produção.
Desencorajamento

OS ALTOS LUCROS COM A ATIVIDADE ATRAEM NOVOS PRODUTORES

III
AUMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA EM 1927-1928 PARA PRATICAMENTE O DOBRO DO QUE ERA EXPORTADO

Crise de 1929
 Crise de 1929 (Fonte: Wikipédia).

Em 24 de outubro de 1929, os valores das ações comercializadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque caíram drasticamente, fazendo com
que muitos investidores perdessem grandes somas de dinheiro. Conhecido como “quinta-feira negra” (ou black thursday), o evento agravou
fortemente a recessão econômica que os Estados Unidos já vinham experimentando desde julho do mesmo ano.

Também conhecida como Grande Depressão, a crise de 1929 causou o fechamento de muitas empresas comerciais e industriais e elevou
violentamente as taxas de desemprego. Seus efeitos foram sentidos no mundo inteiro.

O Brasil obviamente foi afetado: houve ainda mais redução no preço do café; além disso, mesmo com os preços baixos, era difícil achar
compradores, já que o mundo estava em crise. Como veremos, no módulo seguinte, a postura do governo brasileiro permaneceu a mesma:
defesa da renda dos cafeicultores, mesmo que, segundo Rego e Marques (2010), suas ações prejudicassem o conjunto da sociedade.
Antes, porém, precisamos falar sobre o que aconteceu com a indústria no Brasil no período.

A industrialização do Brasil

Rego e Marques (2010) defendem que as políticas de estado – especialmente nos governos de Campos Salles e Rodrigues Alves – durante
o período da República Velha possuem duas características fundamentais: pró-oligárquica e anti-industrial. Afinal, houve muitos incentivos
para o café, mas quase nenhum para a indústria.

Somente após uma nova crise de superprodução cafeeira (1880-1886) e a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a indústria pôde
receber um incentivo ao seu desenvolvimento. Como as importações passaram a ser escassas e caras, a produção nacional precisava ser
capaz de atender a essa demanda interna. No entanto, o setor voltaria a ficar estagnado já na década seguinte (1923-1929), tendo as
revoltas sindicais sua parcela de contribuição para isso.
 Industria no Brasil (Fonte: Wikipédia).

A crise de 1929, contudo, foi um novo fiel dessa balança, causando uma grande queda nas exportações brasileiras. Isso afetou
negativamente a balança comercial e reduziu drasticamente a entrada de capitais estrangeiros no país. Sem financiamento externo, o
governo teve de aumentar a emissão de sua moeda, provocando a inflação. Com ela desvalorizada, as importações encareceram,
oferecendo uma oportunidade para a indústria nacional poder atender à demanda interna.

Dessa forma, o crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um


grande impulso, se diversificando e iniciando o chamado processo de
substituição de importações (PSI), que durou até o final da década de
1970.
 Indústria têxtil (Fonte: Wikipédia).

Capitais antes investidos na economia cafeeira passaram a ter novos destinos. Parte deles continuou no setor agrário – só que na produção
de algodão. Outro quinhão, porém, encontrou seu destino na indústria.

Primeiramente, voltou a ser utilizada a capacidade ociosa do país: máquinas, equipamentos e instalações até então parados. Em seguida,
foi a vez dos equipamentos de segunda mão das fábricas fechadas no exterior (mais uma consequência da Grande Depressão), que
passaram a ser importados. Por sua vez, o crescimento da demanda por bens de capital e o aumento do custo da importação em virtude da
desvalorização cambial acabaram incentivando a instalação da indústria de bens de capital no país.

Segundo Rego e Marques (2010, p. 76), a indústria “passou a ser o fator dinâmico principal de criação de renda interna”. Dados coletados
entre 1929 e 1937 apontam os seguintes números:

Produção agrícola: Redução da exportação de 70% para 57%;

Produção industrial: Crescimento de 50%;

Renda nacional: Aumento de 20%;

Renda per capita: Incremento de 7%.


Verificando o aprendizado

Atividade

1. No que diz respeito ao período da República Velha (1889-1930), é incorreto afirmar:

a) A análise do período é feita em duas partes: República da Espada e República Oligárquica.


b) O período da República Oligárquica é também conhecido por Política Café com Leite, já que se alternavam no cargo da Presidência da
República representantes de São Paulo e Minas Gerais.
c) Os governos da República da Espada foram marcados principalmente por atropelos e desrespeitos à Constituição de 1891.
d) Os governantes eleitos pela Política Café com Leite defenderam amplamente a indústria em detrimento da atividade cafeeira.

e) O descontentamento da elite agrária com o presidente Washington Luís gerou a Revolução de 1930 que pôs fim a República Velha.

2. O Convênio de Taubaté foi um acordo realizado entre os governantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais para valorizar o
café. Com a sua execução, os preços do produto voltaram a subir; no entanto, essa política acabaria mais tarde agravando a crise,
pois...

a) Os recursos emprestados para a compra da produção excedente logo deveriam ser pagos.
b) Não houve o desestímulo à produção de café por parte dos governantes.
c) A demanda por café passou a ser maior que a sua oferta.
d) Os cafeicultores tiveram de arcar com todos os custos da política.

e) O presidente Afonso Pena, executor do Convênio de Taubaté, entrou em conflito com os grandes cafeicultores de São Paulo e Rio de
Janeiro, o que impediu a implementação eficaz da política.

3. Qual foi o principal efeito da crise de 1929 para a indústria brasileira?

a) Desestímulo às atividades industriais e consequente declínio na renda per capita brasileira.


b) Estabilização da quantidade de máquinas e equipamentos no Brasil, promovendo um declínio na produção do setor.
c) Estímulo as exportações de café, base da economia brasileira na época, em detrimento da indústria brasileira.
d) Redução dos impostos sobre importação pelo governo brasileiro a fim de incentivar a compra de produtos estrangeiros, prejudicando a
indústria brasileira.
e) Incentivo ao aumento da indústria brasileira para suprir as necessidades da demanda interna, que importava menos por conta da
desvalorização cambial.
 (Fonte: Wikipédia)

A Era Vargas

No módulo anterior, vimos como a crise de 1929 foi um marco para a mudança do antigo modelo primário-exportador brasileiro para um de
desenvolvimento baseado no mercado interno. Em outras palavras, a grande depressão despertou na indústria do país a missão de suprir a
demanda nacional de produtos até então importados, iniciando efetivamente o processo de substituição de importações (PSI) e
tornando-se a principal responsável pela dinâmica da economia.

O setor agrícola, por sua vez, passou a ficar num segundo plano. No entanto, o processo de industrialização do Brasil ainda estava
incompleto, pois os setores responsáveis pela produção dos bens de produção ainda eram pouco desenvolvidos. Este, aliás, foi um dos
pontos atacados pela política da chamada Era Vargas.

Partiremos do instante em que Vargas assumiu o poder com o golpe da Revolução de 1930. Em seguida, explicaremos como ele conseguiu
se manter por 15 anos no poder, conduzindo a economia brasileira durante o seu governo tanto no que diz respeito às políticas adotadas
para a atividade cafeeira quanto àquelas voltadas à indústria.

Governo Provisório (1930–1934)


 Getúlio Vargas chega ao poder em 1930 (Fonte: Wikipédia).

De acordo com Braga (2016), com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas deu início ao seu governo querendo mostrar aos brasileiros que o
movimento revolucionário conduzido pela Aliança Liberal era diferente do ocorrido na Proclamação da República de 1889, feito à revelia
da vontade popular.

Seu desejo era mostrar que tudo seria novo. Por isso, Vargas dissolveu o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa e as Câmaras
Municipais, as quais, segundo ele, representavam os interesses da antiga estrutura. O primeiro objetivo do Governo Provisório era combater
os dois principais problemas que afetavam o Brasil:

Superprodução do café;

Revoltas das diferentes classes sociais.


ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

Clique nos botões para ver as informações.


Ações em defesa da economia cafeeira 

Ações em defesa da economia cafeeira

Com relação ao café, vimos na última aula que os governos da República Velha empreenderam diversas políticas de valorização do
produto, mesmo elas não sendo benéficas a toda a sociedade. Durante o Governo Provisório, houve uma continuidade dessa política,
embora algumas diferenças nela tenham colocado um fim ao ciclo vicioso de incentivos estabelecido pela socialização dos custos da
Política Café com Leite.

De acordo com Rego e Marques (2011), os estoques cada vez mais se avolumavam: em 1930, o volume alcançava impressionantes 18
milhões de sacas estocadas. Além disso, a previsão para a safra do ano seguinte tampouco era animadora, já que seus 17,5 milhões
superavam – e muito – a demanda do mercado externo: 9,5 milhões.

Para tentar combater isso, o governo inicialmente criou impostos sobre:

Café exportado a fim de criar um fundo para comprar o excedente do produto;

Cada novo cafeeiro plantado no estado de São Paulo.

Outra importante medida foi a destruição dos estoques de café. Entre 1931 e 1938, mais de 70 milhões de sacas foram queimadas, o que,
segundo alguns historiadores, equivalia a três anos do consumo mundial do produto!

Esta foi a única saída encontrada para forçar o aumento dos preços do produto no mercado internacional. Na verdade, a ideia já era
defendida desde o início do século, quando Vicente de Carvalho, um poeta e político de Santos, sugeriu que os grãos de café de má
qualidade fossem queimados a fim de diminuir a oferta do produto no mercado internacional e elevar o seu padrão.

Ações de combate aos conflitos sociais 

Ações de combate aos conflitos sociais

Getúlio Vargas procurou harmonizar os interesses dos que haviam apoiado o golpe de 1930 com as elites e os novos movimentos que
haviam surgido no período, como trabalhadores da indústria, militares e a oligarquia agrária.

A figura a seguir ilustra as principais medidas tomadas por Vargas para superar os dois principais problemas do Brasil durante o Governo
Provisório:
Superprodução
do Café

1 Aumentou o tributo para as áreas cultivadas e a exportação.

2 Comprou o excedente da produção a preço de custo.

3 Queimou os estoques de café.

Embates Sociais

1 Fomentou a industrialização e estabeleceu direitos trabalhistas.

2 Nomeou tenentes como interventores regionais.

3 Não estendeu os direitos trabalhistas aos trabalhadores do campo.

 Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016)

Como detinha poderes quase ilimitados, Getúlio Vargas tomou várias medidas de modernização do país, como a criação dos ministérios
do Trabalho, da Indústria e Comércio, da Educação e da Saúde, além de nomear alguns interventores federais. No entanto, ao não deixar
claro à população quando o Brasil voltaria ao regime de república presidencialista, acabou incentivando a ocorrência de novos conflitos,
como o da Revolução de 1932 .

A revolução paulista exigia o fim do Governo Provisório de Vargas. O conflito armado com as forças federalistas foi responsável pela morte
de 900 brasileiros.

Somente em 1934, com a promulgação de uma nova Constituição, foi realizada a primeira eleição após o golpe realizado quatro anos
antes. O documento trazia algumas novidades, como a instituição do voto secreto, do ensino primário obrigatório e do sufrágio feminino,
além de várias leis trabalhistas. Entretanto, Getúlio Vargas também determinou, pela nova Constituição, que a primeira eleição para
presidente deveria ocorrer por voto indireto dos membros da Assembleia Constituinte. De acordo com Braga e Silva (2016), isso favoreceu
a candidatura do próprio Vargas por conta do seu prestígio político.

Comentário
Talvez você esteja lamentando tamanho desperdício do café ou até mesmo se perguntando: por que não o distribuíam aos necessitados em
vez de queimá-lo? A resposta não é muito alentadora: se fosse distribuído, o café perderia ainda mais o seu valor, não atendendo aos
objetivos do governo sobre a elevação do seu preço.

Houve ainda diversas propostas para o aproveitamento do produto.

Comentário

Em 3 de janeiro de 1932, o jornal Folha da Manhã anunciava a experiência de aproveitamento do café como combustível nas locomotivas da
Central do Brasil: “Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando a locomotiva café como combustível. O percurso foi
vencido em duas horas e dez minutos, sem quebra de pressão, gastando 2.912 quilos de café”. (GERODETTI; CORNEJO, 2001, p. 77)

Segundo Rego e Marques (2011), diferentemente das ações realizadas pela Política Café com Leite durante a República Velha, as adotadas
pelo Governo Provisório (a tributação de exportações e novas plantações de café aliada às desvalorizações cambiais) seguraram parte do
preço do produto sem estimular sua oferta ao mesmo tempo em que contribuíram para que o café perdesse espaço entre as exportações
brasileiras. Consequentemente, isso aumentou a variedade de itens exportados.

Período Constitucionalista (1934–1937)

Ao fim do Governo Provisório, teve início o mandato constitucional de um mesmo presidente: Getúlio Vargas, assim, ficaria pelo menos mais
quatro anos no poder. O período agora era marcado pela preocupação de Vargas com o surgimento de duas vertentes políticas extremistas
que passaram a influenciar a sociedade brasileira:

Ação Integralista Brasileira (AIB);

Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Suas características estão especificadas na figura a seguir:


AIB

Corrente de direita liderada por Plínio Salgado;

Contra o Comunismo e o Liberalismo;

Influenciada pelo Nazismo e pelo Fascismo.

ANL

Corrente de esquerda liderada por Luis Carlos Prestes e Olga Prestes;

Defendia o fim dos latifúndios e a moratória da dívida externa;


Patrocinada pelo regime comunista da União Soviética.

 Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016)

Comentário
Braga e Silva (2016) destacam que, a despeito de suas ideias consideradas radicais, o partido da AIB chegou a ter mais de 1 milhão de
afiliados, enquanto o da ANL reunia quase 400 mil adeptos!

Em 1935, Luís Carlos Prestes, líder da ANL, tentou, com o apoio soviético, dar um golpe de estado conhecido como Intentona Comunista. No
entanto, suas intenções logo foram frustradas: a tentativa acabou na sua prisão e na de outros membros do partido.

De acordo com a Constituição de 1934, Vargas não poderia ser reeleito. Porém, com o fim de seu mandato se aproximando, ele conseguiu
se aproveitar do temor da sociedade brasileira de que um regime comunista se instaurasse no Brasil. Para isso, engenhosamente forjou o
“Plano Cohen”, segundo o qual os comunistas estariam preparando uma revolução maior e mais bem planejada que a de 1935.

 A Intentona Comunista. (Fonte: CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil).

Após a experiência vivida com a Intentona Comunista, não foi difícil para a sociedade brasileira acreditar na veracidade do plano. Os
militares e boa parte da classe média passaram a apoiar um estado mais forte e resistente à imposição de um governo comunista. Com
esse espírito, Getúlio Vargas conseguiu derrubar a Constituição de 1934 e declarar o Estado Novo, um governo de caráter ditatorial.
ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

Estado Novo (1937–1945)

Contexto Político

O governo ditatorial de Getúlio Vargas possuiu algumas características principais:

 Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016)


Para conter movimentos contrários ao seu governo, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), cujo objetivo era
censurar as atividades de qualquer mídia e projetar a sua imagem como a do “pai dos pobres” e “salvador da pátria”. Ele também
estabeleceu a repressão contra os seus opositores políticos, o que incluía prisão, tortura e assassinato.
Do ponto de vista político, tudo parecia estar sob controle; entretanto, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atrapalhou os planos de
Vargas. Inicialmente neutro em virtude das relações comerciais do Brasil tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha, ele
precisou, por conta de pressões internacionais, se posicionar contra os países do eixo (Alemanha, Itália e Japão). A postura a favor dos
aliados somente foi oficializada em 1942, quando navios brasileiros teriam sido atacados por submarinos alemães.

 Soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. (Fonte: Infoescola).

O envio de brasileiros a terras estrangeiras para enfrentar regimes autoritários manchou a popularidade do “ditador simpático”, provocando o
início de movimentos internos contrários ao seu governo.

Para se esquivar, Vargas tentava passar uma imagem de líder bondoso, concedendo anistias a presos políticos e permitindo e
reorganização partidária, inclusive o restabelecimento do PCB, mas nada disso adiantou: com a pressão dos seus antigos aliados, Getúlio
Vargas renunciou em 29 de outubro de 1945, pondo um fim aos 15 anos da Era Vargas (em 1951, ele ainda retornou ao posto da presidência
do país por meio do voto popular).

Contexto econômico

O intervencionismo iniciado em 1930 foi intensificado durante o Estado Novo por conta das seguintes medidas:

Plano industrializante do governo;

Propósito em diversificação das exportações;

Setor primário.
Houve ainda a criação de uma série de órgãos administrativos, como o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), que era
responsável por recrutar funcionários públicos por meio de concursos. Outros estavam ligados à indústria, às riquezas estratégias e à
racionalização administrativa e de tomada de decisões. Contudo, mesmo com tais medidas, a economia brasileira desacelerou,
especialmente entre 1939 e 1942. Para Rego e Marques (2011), o motivo provavelmente residia nas dificuldades de importações
decorrentes da Segunda Guerra Mundial; dessa forma, o setor só voltou a crescer a partir de 1942.

O processo de industrialização no Brasil tampouco estava completo, já que as indústrias de bens de capital e de bens intermediários ainda
era incipiente. O único caminho para a implantação de grandes projetos de indústrias de bens de produção no país era por meio da ação
estatal – e este foi um dos propósitos do governo de Getúlio Vargas.

Durante o Estado Novo, Vargas tentou incentivar a indústria nacional ao conceder incentivos fiscais e proibir greves, além de outras
medidas, o que favoreceu as indústrias de base, como a siderúrgica. De acordo com Rego e Marques (2010), a instauração deste período
ditatorial concentrou no governo central a maior soma de poderes desde aindependência do Brasil.

 Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, 1941 (Fonte: Wikipédia).

Suas medidas eram, portanto, uma tentativa de afirmação de um projeto nacional. Dessa maneira, o papel do Estado naturalmente era o de
induzir o desenvolvimento industrial com:

criação de agências governamentais reguladoras da atividade econômica;

estabelecimento de nova legislação trabalhista;

ação como produtor, como a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda .


ondemand_video Vídeo

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

Verificando o aprendizado

Atividade

1. Ao iniciar o Governo Provisório, Getúlio Vargas atacou os dois principais problemas da economia brasileira na época. Quais eram
eles?

a) O declínio do ciclo do ouro e o final do tráfico negreiro.


b) A superprodução do café e as revoltas das diferentes classes sociais.
c) A alta do preço do café e o alto volume de importações.
d) As pragas nos cafezais que comprometiam a oferta do produto e a falta de crédito para os cafeicultores.

e) A quebra na bolsa de valores e as manifestações culturais.

2. Para combater a baixa no preço do café no mercado internacional, quais medidas foram adotadas por Getúlio Vargas?

a) Distribuição de sementes para aumentar a produção e queima dos grãos de baixa qualidade.
b) Valorização cambial e cobrança de impostos sobre as importações.
c) Estabelecimento de impostos sobre as sacas exportadas e cada nova muda de café plantada em São Paulo, além da queima dos
estoques.
d) Criação de taxas para os compradores de café no mercado internacional e destruição das mudas.
e) Desvalorização cambial e embargo às exportações de produtos que não tivessem o selo de qualidade criado pelo governo.

3. Diferentemente da Inglaterra e da França, onde a industrialização ocorreu de forma espontânea, isto é, pelo próprio mecanismo do
mercado, no Brasil o desenvolvimento da indústria aconteceu graças ao forte estímulo do Estado. Um grande exemplo de incentivo às
indústrias de base no país realizado no período do Estado Novo foi:

a) A construção da usina siderúrgica de Volta Redonda.

b) O estabelecimento de um estaleiro em Niterói.


c) O endividamento externo para a compra dos estoques de café excedentes.
d) A instalação de iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro.
e) A construção da primeira ferrovia brasileira.

Considerações finais

Vimos os acontecimentos políticos que permearam o período do ciclo do café. Paralelamente, abordamos também outro ponto
importante: com o fim dos incentivos tarifários concedidos às mercadorias inglesas, surgiria uma oportunidade para o nascimento
da indústria no Brasil.

Aprendemos como as crises do café, mais especificamente a da década de 1930, foram fundamentais para a industrialização do
Brasil. Dessa forma, vimos que o crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um grande impulso, se diversificando e
iniciando o chamado processo de substituição de importações (PSI).

Identificamos os principais problemas da economia brasileira durante o Governo Provisório e analisamos como o Estado exerceu
um papel impulsionador para o desenvolvimento da indústria brasileira durante o Estado Novo.

 Fazenda Santa Genebra, na província de São Paulo, em 1880 (Fonte: Wikipédia).

Conquistas adquiridas
Entender os fatores responsáveis pela prosperidade econômica experimentada durante o período do Segundo Reinado no Brasil; Situar
rumos que a economia brasileira tomaria após a abolição.

Conhecer as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira e analisou o início do processo de substituição
de importações no Brasil, em que avaliamos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia brasileira.
Conhecer os principais problemas econômicos do Governo Provisório, bem como as medidas adotadas por Getúlio Vargas para
 (Fonte: Wikipédia)
Referências conduzir o processo de industrialização no Brasil.

BRAGA, B. P. M.; SILVA, E. J. Uma reflexão introdutória sobre o Brasil e sua formação econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GERODETTI, J. E.; CORNEJO, C. Lembranças de São Paulo: o litoral paulista nos cartões postais e álbuns de lembranças. São Paulo. Solaris,
2001.

LIMA, H. F. História político-econômica e industrial do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976.

NOVO MILÊNIO. Queima de café em 1931. Disponível em: www.novomilenio.inf.br/santos/fotos081.htm.

REGO, J. M.; MARQUES, R. M. (Org.). Economia brasileira. 4. ed. são Paulo: Saraiva, 2010.

REGO, J. M.; MARQUES, Rosa M. (Org.). Formação econômica do Brasil. 2ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2011.

SODRÉ, N. W. Formação Histórica do Brasil. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1987.

Próxima aula

Explore mais
Assista ao vídeo As consequências da revolução Industrial e reflita sobre esse importante evento. Clique aqui e confira.

Leia o artigo A controvérsia sobre a industrialização na Primeira República, clique aqui e confira.

Encilhamento:

Ocorrida no Brasil no período entre o final da monarquia e o início da república, a crise do encilhamento foi uma bolha de crédito em que o
então ministro da Fazenda Ruy Barbosa optou pela emissão de papel-moeda para estimular a industrialização no país.

Convênio de Taubaté:

Acordo firmado com os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no qual o governo federal se comprometia a intervir em
benefício da classe de cafeicultores de determinadas regiões do país.

Estado de sítio:

Estado em exceção que gera a suspensão dos direitos, liberdades e garantias. Trata-se de uma medida de proteção do Estado quando se vê
ameaçado por guerra ou calamidade pública.

Processo de substituição de importações (PSI):

O PSI se trata do processo em que um país passa a produzir internamente o que antes era importado. No Brasil, fatores externos como as
duas grandes guerras mundiais e a crise de 1929 – denominados “choques adversos” - contribuíram para o avanço do processo de
industrialização e o início de um modelo de desenvolvimento “voltado para dentro”, rompendo com o outrora primário-exportador da
economia brasileira. Essa foi a forma encontrada pelo Brasil para superar a crise: produzir aquilo que antes era comprado de outros países,
pois o custo das importações estava muito mais alto. Tal processo também acarretou uma mudança qualitativa na pauta de importações
brasileiras: tanto as de bens intermediários quanto as de bens de capitais necessários à produção aumentaram. Vale comentar que a
Grande Depressão também favoreceu a industrialização de outros países latino-americanos, como a Argentina e o México.

(Fonte: REGO; MARQUES, 2010, 2011)

Aliança Liberal:

Aliança política realizada em 1929 por líderes políticos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais que se opunham ao jogo oligárquico da
política do café com leite, apoiando as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa à presidência e à vice-presidência do país.
Início de movimentos internos:

O Manifesto dos Mineiros foi um documento de 1943 que continha a assinatura de 76 políticos, intelectuais e empresários de Minas Gerais
exigindo a redemocratização do país.

Usina Siderúrgica de Volta Redonda

Sua construção foi um marco da época por haver inaugurado a tendência de forte presença do Estado na produção de matéria-prima
básica. Trata-se, aliás, de uma das marcas importantes do processo de substituição de importações no Brasil.

Você também pode gostar