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Primeira República
Parte II
1. A Produção Agroexportadora
O advento do regime republicano não provocou alterações substanciais na vida política brasileira. No plano econômico, a estrutura dominante do país
também manteve seus traços gerais, com uma economia baseada na produção de matérias primas e gêneros tropicais destinados à exportação e sujeita às
oscilações do mercado internacional.
Os principais produtos agrícolas brasileiros de exportação, como o açúcar, o algodão, a borracha e o cacau, sofreram dura concorrência de outros países
nesse período. Assim, as exportações brasileiras acabaram se concentrando em um único produto: o café.
• menor distância entre Estados Unidos e Europa — os industriais europeus eram os principais compradores do produto, e a menor distância entre essas duas regiões
barateava os custos de transporte;
• melhor qualidade da produção estadunidense — os agricultores dos Estados Unidos contavam com mais recursos técnicos e grande disponibilidade de mão de obra
e terras.
Durante a Guerra de Secessão (1861-1865), porém, o norte dos EUA bloqueou as exportações algodoeiras do sul. Os produtores de algodão do Brasil
aproveitaram essa situação para suprir as necessidades das indústrias têxteis europeias. Assim, no Segundo Reinado, entre 1861 e 1870, o algodão voltou a ocupar
o segundo lugar na pauta das exportações brasileiras.
Terminada essa década, o produto brasileiro entrou em franco declínio no mercado externo. Nas primeiras décadas do século XX, sua produção já se
destinava, progressivamente, às indústrias nacionais de fiação e tecelagem, em expansão no país.
7. Imigração e Industrialização
O período da Primeira República também foi marcado pela grande imigração, principalmente europeia, e pelo avanço industrial no país. Os dois processos
tiveram diversos impactos na sociedade brasileira, entre os quais se destaca o surgimento do movimento operário.
9. Movimento Operário
Com a industrialização progressiva da economia e a oferta de emprego a um número crescente de operários, produziu-se uma mudança importante na
organização política e econômica da sociedade brasileira. Antes desse período, grande parte da força político-econômica situava-se no setor rural. O avanço
industrial deu ao setor urbano maior importância e visibilidade. Em consequência, operários e grupos médios urbanos passaram a exigir cada vez mais o direito
de participar das decisões políticas e econômicas do país, como foi o caso do movimento operário.
1. Messianismo
A palavra messianismo é derivada de messias, que significa “o enviado de Deus”, “o salvador”. Originalmente, o termo refere-se à crença da religião judaica na futura
vinda do Messias, isto é, daquele que libertará o povo judeu dos sofrimentos, conduzindo-o à felicidade eterna. Baseados nessa crença, os cristãos entendem que Jesus Cristo é o
Messias, que já veio à Terra indicar o caminho da salvação eterna e voltará no dia do Juízo Final.
Assim, o termo messianismo passou a ser utilizado, por historiadores, sociólogos e outros estudiosos, para designar a crença de um grupo de pessoas em um líder
político-religioso (o chamado líder messiânico), que é considerado capaz de conduzir determinada coletividade a uma nova era de justiça e felicidade. Geralmente, a crença
messiânica desenvolve-se a partir da necessidade de se ter esperança de uma vida melhor, entre pessoas castigadas pelo sofrimento cotidiano, pela miséria e pelas injustiças sociais.
Na historiografia do Brasil, o termo messianismo costuma ser usado para denominar os movimentos sociais nos quais milhares de sertanejos, de áreas rurais
pobres, fundaram comunidades comandadas por um líder religioso. Atribuíam-se a esse líder dons como o de fazer milagres, realizar curas e profetizar acontecimentos.
Na Primeira República, os dois principais movimentos de caráter messiânico foram Canudos e Contestado, caracterizados pela religiosidade e pelo sentimento de
revolta dos sertanejos. Vejamos cada um deles.
Merece destaque: Em 1910, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa a Santa Catarina e encerrou a questão.
2. Cangaço
2.1 O Banditismo Social
Ao lado de Canudos e Contestado, outro fenômeno da época foi o bandistismo social. No Nordeste brasileiro, o banditismo social assumiu uma forma característica
que ficou conhecida como Cangaço. Suas primeiras manifestações ocorreram por volta de 1870 e perduraram até 1940.
O banditismo social não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro. Apareceu em outras regiões do mundo com características semelhantes às do Nordeste brasileiro,
como na Sicília (Itália), na Ucrânia e na América Espanhola.
O bandido social diferia do bandido comum por sua origem. Em geral, tornava-se um “fora da lei” como resposta às injustiças e às perseguições que sofria. Por
isso, era admirado pela comunidade que, não raro, engrandecia seus feitos de coragem e valentia. Apesar disso, o bandido social não se posicionava necessariamente contra os
dominantes, como fazia o revolucionário, nem tinha projetos de transformação social. Seu prestígio vinha do fato de apresentar-se como porta voz de resistência de um mundo
em dissolução.
3.1.1Reforma da Capital
Paralelamente a essa grave situação social, era desejo dos primeiros governos republicanos transformar o Rio de Janeiro na “capital do progresso”, uma espécie de
cartão-postal que mostrasse ao país e ao mundo “o novo tempo” trazido pela República.
Coube ao presidente Rodrigues Alves (1902-1906) a decisão de implementar esse projeto. As obras de reforma e modernização do Rio de Janeiro, comandadas pelo
prefeito da cidade, incluíam o alargamento das principais ruas do centro, a construção da avenida Central (atual avenida Rio Branco), a ampliação da rede de água e
esgotos e a remodelação do porto (que tinha pouca profundidade pouco do cais, que impedia o atracamento de navios de grande porte, dificultando as operações de
carga e descarga).
Para realizar essas obras, no entanto, cortiços e casebres dos bairros centrais tiveram de ser demolidos, e as pessoas que moravam nesses locais, sem alternativas
oferecidas pelo governo, passaram a viver em barracos nos morros do centro ou no subúrbio. Tudo isso gerou muita insatisfação entre a população mais pobre.
Para cumprir seu programa de governo, Rodrigues Alves escolheu dois auxiliares: o engenheiro Francisco Pereira Passos, indicado para a Prefeitura do distrito
Federal, e o médico Osvaldo Cruz para o saneamento.
3.1.2Campanha de Vacinação
O governo federal concentrou quase todas as suas atenções e recursos na reforma da capital. O combate às epidemias locais foi também um de seus principais objetivos.
Nesse contexto é que o médico sanitarista Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública, convenceu o presidente a decretar a lei da vacinação obrigatória contra a varíola.
Entretanto, naquela época, a população quase não tinha informações sobre os benefícios das vacinas, e não obteve qualquer esclarecimento da parte das autoridades.
Para alguns, a aplicação de injeções em mulheres era imoral. Para outros a obrigatoriedade ia contra a liberdade individual. Outros, ainda, não compreendiam como uma
doença poderia ser evitada com a introdução de seu próprio vírus no corpo.
Merece destaque: no dia 5 de novembro, foi criada a Liga Contra a Vacina Obrigatória. Seu líder e fundador, o senador Lauro Sodré, pretendia, ao que parece,
transformar a Liga num instrumento de ambições políticas próprias e de seus aliados.
O governo revogou a obrigatoriedade da vacina no dia 16 de novembro.
4. Tenentismo (1922-1926)
Uma década depois da Revolta da Chibata, seguia crescendo o descontentamento de diversas camadas sociais com o tradicional sistema oligárquico que dominava
a política brasileira. Esse descontentamento era particularmente notado entre as populações dos grandes centros urbanos, que não estavam diretamente sujeitas às pressões
dos coronéis.
O clima de revolta atingiu as forças armadas, difundindo-se, sobretudo, entre jovens oficiais, a maioria tenentes. Estes acabaram liderando uma série de rebeliões,
como parte de um movimento político-militar, que ficou conhecido como tenentismo.
O movimento tenentista pretendia conquistar o poder pela luta armada e promover reformas na Primeira República. Entre suas principais reivindicações, incluíam-se:
• a moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral;
• o voto secreto e uma Justiça Eleitoral confiável;
• a defesa da economia nacional contra a exploração das empresas e do capital estrangeiro;
• a reforma da educação pública, para que o ensino fosse gratuito e obrigatório a todos os brasileiros.
A maioria das propostas do tenentismo contava com a simpatia de grande parte das classes médias urbanas, dos produtores rurais que não pertenciam ao grupo
que estava no poder e de alguns empresários da indústria.
Nas palavras do historiador Boris Fausto, os tenentes pretendiam dotar o país de um poder centralizado, com o objetivo de educar o povo e seguir uma política vagamente
nacionalista. Tratava-se de reconstruir o Estado para construir a nação. Embora não chegassem nessa época a formular um programa antiliberal, os “tenentes” não acreditavam
que o “liberalismo autêntico” fosse o caminho para a recuperação do país. Faziam restrições às eleições diretas, ao sufrágio universal, insinuando a crença em uma via
autoritária para a reforma do Estado e da sociedade.
Fazem parte do movimento tenentista a Revolta de Copacabana, as Revoltas de 1924 e a Coluna Prestes. Nenhuma delas produziu efeitos imediatos na estrutura
política brasileira. Contudo, mantiveram acesa a chama da revolta contra o poder e os privilégios das oligarquias.
Merece destaque: a Coluna Prestes foi originalmente chamada de Coluna Miguel Costa-Prestes.
Merece destaque:
* Em junho de 1898, o funding loan, acordo entre o governo brasileiro e os bancos credores, notadamente a casa N. M. Rotschild & Sons, que, entre outra
coisas estabelecia: *a concessão de um empréstimo “monstro” de 10 milhões de libras esterlinas, a ser utilizado para o pagamento dos juros da dívida externa
brasileira nos três anos seguintes; *a concessão de um prazo de 10 anos, além dos três iniciais, ou seja, a partir de 1911, para que se iniciasse o pagamento da
nova dívida; *a penhora, a título de garantia para com os bancos credores, de toda a receita da alfândega do Rio de Janeiro, além de, em caso de necessidade,
outras alfândegas, das receitas da Estrada de Ferro Central do Brasil e até do serviço de abastecimento de água do Rio de Janeiro; *a obrigação assumida
perante os bancos de sanear a moeda brasileira, isto é, fortalece-la pelo combate a inflação, com o objetivo de estabilizar a economia.
* Convênio de Taubaté – Os governadores dos três principais estados produtores (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) concordam em garantir a
compra de toda a produção cafeeira com o objetivo de criar estoques reguladores. O café desses estoques seria vendido no mercado internacional conforme
surgisse a demanda. Em outras palavras: antes do Convênio de Taubaté a enorme produção brasileira era comercializada desordenadamente no mercado
mundial, com o excesso de oferta causando uma baixa nos preços. A partir do convênio, esse excesso seria evitado através da administração do estoque, que
poderia, inclusive, ser utilizado para provocar uma falta do produto no mercado internacional, com a consequente elevação dos preços.
* Durante a Coluna Prestes, Luís Carlos Prestes ficou conhecido como O “cavaleiro da esperança”.