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ECONOMIA - HISTÓRIA ECONÔMICA BRASILEIRA

PROFESSOR: ANDRÉ DIZ


OBJETIVO DA AULA: Apresentar a organização da economia brasileira ao longo do século XIX e a diferença de
desempenho ao longo do século;
PONTO DO EDITAL ABORDADO: 4.1;

Aula 1
A economia brasileira no Século XIX. A economia cafeeira

 Neste curso, buscaremos entender a trajetória de modernização da economia brasileira, ou seja, como se deu a
transformação da uma economia “arcaica” para uma economia “moderna”;

 Economia Arcaica: trabalho escravo, agroexportadora e dependente das importações;


 Economia Moderna: trabalho assalariado, industrial e mercado interno;

 Linha do tempo:

Século XVIII 1800 1900 2000

* Período de construção Nacional* *Transformação – Modernização – Industrialização – Mercado Interno*


(Aula 01)
“Economia Brasileira”

OBS: Argumentos centrais da aula 1

 O século XIX foi um período de transição para o Brasil do ponto de vista econômico, institucional, legal etc. Logo,
fala-se que naquele período o país passava por um processo de construção nacional, que foi marcado por três
aspectos fundamentais:

i) Mudança do ciclo econômico para as exportações de café;


ii) Mudança no ambiente institucional dos mercados de trabalho, terra e comércio;
iii) Início do processo de modernização econômica;

 Panorama geral:

 Celso Furtado, na 4ª parte do livro “A Formação Econômica do Brasil”, afirmou que, na primeira metade do
século XIX (entre 1801 e 1850), o Brasil cresceu muito pouco economicamente;

 A partir de 1850, porém, o café começou a ganhar força no mercado internacional, o que gerou grandes lucros
para o país. Naquele período, o Brasil começava a se modernizar (a partir da proclamação da República, do fim
da escravidão, da adoção do trabalho assalariado etc);

 No final do século XIX, teve início o processo de industrialização no país, o qual foi acelerado até os anos 1960 -
1970. Após, esse período, outras preocupações econômicas surgiram no lugar da industrialização, como a
hiperinflação, alvo dos planos econômicos da época;

Panorama geral (séculos XVI, XVII e XVIII)

Ciclos do pau-brasil;
Ciclo da cana-de-açúcar;
Ciclo da mineração;

 Séculos XVI e XVII:

 A economia colonial agroexportadora (dependente das exportações de produtos agrícolas, como cana de açúcar,
algodão, borracha e fumo) funcionou até o final do século XVIII. Até então, o Brasil dependia dos mercados
estrangeiros como fontes de comércio e crescimento econômico;

 Açúcar:

 Entre 1580 a 1690, o Brasil foi o principal produtor mundial de açúcar (produção quase que totalmente feita
com o uso de mão de obra escravizada);

 Porém, ao final do século XVII, a economia brasileira entrou em crise, pois, a partir de 1880, o açúcar brasileiro
(principal produto da pauta exportadora até então) passou a concorrer com o açúcar das colônias espanholas
no Caribe, o que fez a rentabilidade do açúcar brasileiro cair drasticamente;
 OBS: Produtos agrícolas secundários => madeira, fumo e couros (esses 2 últimos eram produzidos,
sobretudo, no sul do Brasil);

 Século XVIII:

 Ouro:

 Ainda no século XVIII, a exploração do ouro foi muito rentável, tendo o Brasil sido, inclusive, o principal
produtor mundial desse minério (responsável por cerca de 40% produção mundial ente 1701 e 1800). Mas, no
final do século, a mineração havia se exaurido;

 O café já era cultivado, mas até 1822, ocupava a 3ª posição na pauta exportadora (atrás do açúcar e do
algodão);

 OBS: Economia complementar às atividades de exportação => subsistência; pecuária; madeira; serviços;

 Ou seja, a economia era competitiva em termos de exportação, mas rudimentar internamente;

 Século XIX: Auge do Café

 No século XIX, o Brasil permaneceu como uma economia agroexportadora, porém, com duas grandes
diferenças:

1. O café passou a ser o principal produto exportado (principalmente nas décadas de 1850 e 1860);

2. Com o fim da escravidão e a chegada de mão de obra livre europeia, formou-se um mercado
doméstico;

 Antes de estudarmos a economia brasileira do século XIX, porém, vamos analisar mais detalhadamente o
contexto interno e internacional do final do século XVIII:

Análise detalhada da economia no final do século XVIII (Celso Furtado)

 Naquele período, dois fatores principais determinaram a crise da economia brasileira:

 O enfraquecimento das principais atividades econômicas (açúcar e mineração);

 O fato de as atividades serem pouco integradas (havia um “mosaico” de produções econômicas


isoladas);

Brasil: Dinâmica da economia setorial

 Açúcar => Foco de produção no Nordeste; Entrou em decadência devido à concorrência com as colônias
europeias e com o açúcar produzido na Europa a partir da beterraba;
 Ouro => Local de produção: Sudeste; Naquele período, o ciclo de produção já havia acabado;

 Pecuária => era uma atividade complementar, pois o gado servia para o transporte comum, para a
movimentação dos engenhos, e para o transporte de ouro nas minas; Locais de produção: Nordeste, Sudeste
e Sul;

 OBS: Exceção à crise:

 Algodão => Local de produção: Maranhão. Ao contrário das duas outras produções mais relevantes (açúcar e
minérios), a produção e o comércio de algodão brasileiro iam muito bem naquele período devido à janela de
oportunidade proporcionada tanto pela Revolução Industrial (dada a necessidade de abastecimento da
indústria têxtil europeia, sobretudo inglesa), quanto pela Guerra Secessão dos EUA, que, ao desestabilizar a
produção algodoeira sulista daquele país, também abriu margem para o produto brasileiro no mercado
internacional;

 Contexto internacional:

 Independência dos EUA (esforço dos ingleses);


 Revolução Francesa (efeitos sobre suas colônias - Haiti);
 Guerras Napoleônicas;
 Desarticulação império espanhol na América;

 Em resumo:

 Contexto interno  atividades econômicas brasileiras enfraquecidas e pouco integradas;


 Contexto internacional  desorganização dos mercados europeus, que prejudicou a compra de produtos
tropicais. Ou seja, estruturalmente, os mercados de exportação do Brasil estavam prejudicados;

 Resultados (para o Brasil):

 Aumento dos preços produtos tropicais (algodão e açúcar), porém, redução da capacidade de produção e de
exportação;

 OBS: A melhora nos preços dos produtos tropicais no final do século XVIII deveu-se a condições
passageiras e foi reflexo de anormalidades daquele contexto;

 Em resumo, a economia brasileira estava muito fragilizada;

Início século XIX

 Crise Financeira:

 Marcos importantes:

 1808 => chegada família real  Perda do entreposto comercial junto ao mercado europeu (Lisboa);

 Os produtos brasileiros chegavam à Europa por Lisboa. Todavia, devido à presença de Napoleão
Bonaparte em Portugal, a Coroa perdeu o acesso ao porto;
 1810 => Com a assinatura do Tratado de Comércio e Navegação (Portugal + Inglaterra):

 Mercadorias inglesas passaram a entrar no Brasil com tarifa ad valorem de apenas 15%;
 Mercadorias de outras origens tinham tarifa de importação de 24%;

 Ou seja, o tratado favoreceu a importação de produtos ingleses e dificultou o acesso a produtos de outros
países, além de desestimular a capacidade de produção doméstica de bens.

 Atenção: a incapacidade de produzir bens internamente foi agravada pelo acordo com os ingleses, mas o
principal motivo era a falta de um mercado consumidor doméstico, dado o fato de que grande parte da
sociedade brasileira da época ser formada por escravos. Logo, se não havia o pagamento de salários, não
havia estímulos ao consumo e, por isso, não valia a pena produzir (mas importar);

 1827 => Houve a renegociação do Tratado de Comércio e Navegação (que expirou em 1844).

 OBS: Endividamento resultante da independência (1822);

 Agravamento do endividamento externo:

 Custos da Independência (pagamentos de indenização a Portugal) + Crise Financeira (dificuldades de


arrecadação de impostos);

 Não havia uma solução via arrecadação, pois a capacidade de geração de recursos estava bastante
dificultada:

i. Não era possível aumentar os impostos sobre importações => inviabilizado pelos tratados 1810 / 1827;
ii. Não era possível aumentar os impostos sobre exportações => inviabilizado pela força politica dos
exportadores (os cafeicultores tinham muita influência sobre as decisões);

 Opção de compensação:

 Como a entrada de capital estrangeiro estava bloqueada, bem como a expansão das receitas das exportações,
a única opção restante seria a emissão de moeda;

 Todavia, essa medida gerou um efeito em cadeia que gerou outro problema:

Emissão de moeda => desvalorização cambial => inflação.

 OBS: O cenário de fragilidade econômica gerou instabilidade política. Duas revoluções agravaram o cenário nos
20 primeiros anos do século XIX:

 Revolução Pernambucana (1817);


 Revoluções Bahia e Pará (1821);
Primeira metade século XIX

 Dependência produtos de exportação;

 Declínio de 40% preços de exportação (açúcar, algodão, couro, fumo);

 Dependência bens de consumo importados (estabilidade de preços);

 Impossível início processo industrialização, pois:

 Falta mercado interno (fraca atividade econômica interna);


 Baixo preço tecidos ingleses

 Com o advento da I Revolução Industrial, a produção em larga escala, sobretudo dos tecidos
ingleses, era bastante competitiva em termos de preços finais. Logo, era impossível que o Brasil
conseguisse concorrer, dado o atraso econômico em relação aos países europeus;

 Embora não haja muitos dados desse período, segundo Celso Furtado, é muito provável que a renda per capita
brasileira era pior nesse período do que foi no período colonial;

 OBS: O declínio da atividade econômica se acentuou, pois:

 O mercado de açúcar não se recuperou;

 O mercado de algodão piorou (concorrência com os EUA, que recuperaram mercado após o fim da
guerra);

 Os únicos recursos produtivos disponíveis eram a terra e o trabalho escravo.

 A prosperidade só foi retomada com o surgimento de um novo produto exportável, o café (ciclos: 1801; 1850;
1900);

 Início da transição econômica e estrutural


 OBS: O ano de 1850 foi marcante nesse período de modernização do Brasil, sobretudo do ponto de vista
institucional, com o estabelecimento da Lei de Terras;

 Transição Econômica: produto e região produtiva:

Agricultura

 Exportações: Açúcar (PE, AL e BA) para o Café (RJ, SP e MG);

 Principais produtos exportados:


 Período colonial => açúcar, algodão e fumo;

 Período imperial => café, açúcar, algodão, fumo (+ couro e borracha);

 1820 => esses 4 primeiros produtos representavam 66% das exportações;


 1850 => a fatia cresceu para 82% (concentração da pauta de exportação);
 1889 => 72% (+ 14% de participação da borracha);

 Produtos de consumo intensivo no mercado interno

 Origem: importações;
 A produção interna de alguns bens de consumo era muito rudimentar;

 Crescimento populacional vs produção

 O crescimento populacional próximo a 1,5% a.a. absorveu parte significativa da produção doméstica,
principalmente de produtos agrícolas. (Obs: os dados de exportação desses produtos subestimam os dados de
produção);

 Em outras palavras, o Brasil produzia muito mais do que exportava, dado que parte importante da agricultura
era consumida domesticamente em um país com crescente taxa populacional;

 Destaque da atividade econômica: Café

 De 1822 a 1890, a parcela de representação do café na pauta exportadora subiu de 20% para 60%;

 Transição produtiva regional:

 1840: O Rio de Janeiro respondia por 80% das exportações; SP  16%; e MG  6%;

 1870: Rio de janeiro  55%; SP  23%; e MG 14%;

 1880: Rio de Janeiro  41%; SP  35% e MG  21%  São Paulo e Minas Gerais já eram responsáveis por
mais da metade da produção;

Mineração

 Ouro (MG) e Diamantes (MG e BA)  muito importante ao longo do século XVIII;

 Pico em 1750;

 Declínio: correspondia a 5% da pauta de exportações em 1850; essa parcela caiu para 1% em 1880;

 Essa queda reflete tanto a exaustão dos recursos minerais quanto a elevação da importância do café na
pauta exportadora;
A partir de 1850...

Indústria e Serviços

 Pós-1860  Expansão dos serviços de água e esgoto, iluminação a gás e bondes;

 OBS: Período de formação dos centros urbanos e de crescimento populacional;

 Expansão das ferrovias;

 De 700 km (em 1870) para 9.583 km (em 1889);

 A expansão das ferrovias acompanhou a expansão da produção de café  Passava pelo sul do Rio de
Janeiro (Vale da Paraíba) e por São Paulo (havia um segundo eixo de expansão que passava por
Campinas e por outros locais do interior do estado) em direção ao Porto de Santos, onde o produto era
exportado;

 Crescimento do comércio (atacado e varejo), dos serviços domésticos, e do setor público (civil + militares);

 Indústria: 1880 - Produção incipiente de bens de consumo (alimentos, têxtil e bebidas);

 O setor agropecuário representava 2/3 da PEA (lavoura e pecuária empregavam cerca de 66% da População
Economicamente Ativa do Brasil);

PIB do Brasil na metade do século XIX

 Estimativas do Produto => 2 períodos distintos: 1801-1850 ⇔ 1851-1900:

• 1800 - 1860 => taxa média de crescimento PIB per capita 0,36% a.a;
• 1860 – 1910 => taxa média de crescimento PIB per capita 0,4% a.a;

 1862 – 1889 => taxa média de crescimento PIB per capita 0,86% a.a;

OBS: Embora estivesse abaixo de 1%, representava mais do que o dobro da taxa da primeira metade do
século;

 1850 – 1889 => taxa média de crescimento PIB per capita 0,34% a.a. e 2% ao ano para o PIB;

 1850 – 1900 => 2,3% ao ano região cafeeira e 1,5% a.a. país;

1820: PIB per capita (em US$ de 1990) 1890: PIB per capita (em US$ de 1990)

Brasil => US$ 646  (0,3 a 0,4%% a.a.)  Brasil => US$ 794
México => US$ 759 Argentina => US$ 2.152
Europa Ocidental => US$ 1.245 México => US$ 1.011
Estados Unidos => US$ 1.257 Reino Unido => US$ 4.009;
Estados Unidos => US$ 3.392 variação per capita

 PIB per capta brasileiro correspondia à metade  PIB per capta brasileiro correspondia a apenas
do PIB per capta norte—americano; 20% do PIB per capta norte—americano;

 Brasil  Variação per capta:

Nordeste => taxa próxima a zero; Sul => taxa positiva


Sudeste => 1,5% a 2,0% a.a. Norte=> 4% a.a.

 A estagnação da economia brasileira na primeira metade do século XIX fez com que ela crescesse bem
menos que as economias do México, dos EUA e dos países europeus. Esse fato está muito relacionado à
distribuição regional da produção:

• Nordeste  açúcar  crise;


• Sul  Fumo e agropecuária (taxas positivas);
• Norte  Atividades extrativistas;
• Sudeste  concentração da produção de café + crescimento populacional;

 Logo, o baixo desempenho econômico brasileiro ao longo do século XIX justifica-se pelo baixo dinamismo
da economia nos primeiros 50 anos;

População: forte crescimento durante séc. XIX

• 1822 => 4,5 milhões de habitantes (1/3 de escravos);


 Entre 1822 e 1872, a população
• Rio de Janeiro => 113 mil (Corte); brasileira cresceu mais de 3x.
• Salvador => 70 mil;
• Recife => 30 mil;  Dois pontos podem ser destacados:

• 1872 => 10,1 milhões de habitantes (1,5 milhão de escravos); Consolidação significativa
centros urbanos, principalmente
de

• Rio de Janeiro => 275 mil; Rio de Janeiro e Salvador;


• Salvador => 129 mil;
• Recife => 117 mil; Redução tanto em números
absolutos quanto em números

• 1890 => 14,3 milhões de habitantes (700 mil escravos);


relativos da população de escravos;

OBS: O Sudeste já era o novo eixo


• Rio de Janeiro => 523 mil; de produção, mas a população de
• Salvador => 174 mil; SP ainda era menor que a do Rio de
• Recife => 112 mil; Janeiro;
• São Paulo => 65 mil;
1830-1889: Construção Nacional¹

“...o Brasil experimentou transformações, modernizou suas instituições políticas, sua estrutura econômica, suas
relações sociais...”
“...organização do Estado após a independência”

¹ História do Brasil Nação: 1808 – 2010 (volume 2). A construção nacional: 1830 a 1889.

 A chamada “construção nacional”, fase pós-independência, foi caracterizada por um processo de organização
do Estado brasileiro. Além das mudanças na estrutura econômica, houve também a modernização das estruturas
políticas, jurídicas, administrativas, educacionais etc:

 Transformações em termos jurídicos e institucional  Engenharias

 1824 - Constituição;  1874 – Escola Politécnica do Rio de


 1831 - Código Criminal; Janeiro;
 1832 - Código Processo Criminal;  1876 – Escola de Minas de Ouro Preto;
 1834 - Ato Adicional à Constituição;  894 – Escola Politécnica de São Paulo;
 1840 - Lei de Interpretação do Ato Adicional;
 1850 - Código Comercial;

 Pesquisa  Agrárias

 1838 – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro;  1877 - Ciências Agrárias de Lençóis;


 1887 – Instituto Agronômico de Campinas;  1883 – Ciências Agrárias de Pelotas;
 1892 – Instituto Biológico de São Paulo;  1889 - Ciências Agrárias de Piracicaba;
 1908 - Ciências Agrárias de Lavras;
 1920 - Ciências Agrárias de Viçosa;

 Logo, no século XIX, do ponto de vista econômico, houve dois períodos:

 Até 1850 -> estagnação;


 A partir de 1850 -> melhora (café);

 Do ponto de vista institucional da economia: pós-1822 -> criação de diversas instituições e aparatos jurídicos
que modernizaram o país, os quais foram imprescindíveis para o processo de industrialização ocorrido no
século XX.

 Distribuição regional da economia brasileira:

Complexos Econômicos Regionais


“...Economia nordestina nunca foi apenas açucareira, como também não foi apenas mineratória (ouro e diamantes)
a economia de Minas Gerais no século XVIII.”
 Economia regionalmente diversificada quanto a:
Deve-se pensar o Brasil do século XIX como um
 Produção; mosaico de economias locais, visto que, em um
 Mercados; mesmo recorte temporal, várias atividades
 Relações de trabalho; econômicas estavam distribuídas pelo território. Esse
 Estrutura Fundiária; entendimento traz a superação da perspectiva de
 Tecnologia; ciclo de produtos (nascimento, auge e declínio). Ou
seja, as atividades eram simultâneas, não sendo
necessário o fim do ciclo de um produto para o auge
de outro;

 Complexos Econômicos Regionais: Amazônia

 Do ponto de vista dos produtos:

 Produção das “Drogas do Sertão”:

 Caça e pesca;
 Madeiras, resinas, óleos, ervas e fibras;
 Borracha;
 Castanha-do-pará;

 Do ponto de vista do trabalho:

 Mercado de trabalho misto: Trabalho compulsório e trabalho livre:

 Sistema de aviamento (servidão por dívida):

 Monopólio venda de produtos;


 Monopsônio na compra da borracha;

 Emigração do Nordeste (principalmente no período da “grande seca” ocorrida entre 1877-1880);

 Do ponto de vista do comércio:

 Casas/polos comerciais de Belém / Manaus:

 Para organizar a exportação da borracha;


 Para organizar a importação de tecidos, alimentos, armas, medicamentos, chumbo;

 Auge da borracha

 1880 – 1910: comércio muito favorecido pela segunda Revolução Industrial que ocorria nos países do norte,
sobretudo, para a produção de automóveis;

 1940 – 1945: comércio favorecido pela eclosão da Primeira Guerra Mundial e pela consequente desorganização
da produção asiática;
 OBS: No CACD, as questões geralmente não cobram todo o panorama completo acerca do complexo
econômico da Amazônia nesse período. Na verdade, algumas questões exigem conhecimentos acerca de
alguns aspectos desse complexo, tal qual o auge da borracha (TPS de 2019, por exemplo);

 Complexos Econômicos Regionais: Nordeste

 Do ponto de vista dos produtos:

 Atividade exportadora + Atividades auxiliares:

 Açúcar, tabaco, cacau (Zona da Mata);


 Pecuária (carnes e couro; transporte; engenho);
 Alimentos (Zona da Mata, Agreste, Sertão);
 Algodão / tabaco / cacau;

 Do ponto de vista do trabalho:

 Trabalho: escravo / livre / familiar / assalariado/ sistema de parcerias:

 Açúcar:

 Trabalhadores do campo: escravos;


 Trabalhadores intermediários (administrativa, técnica, artesanal): indivíduos livres, libertos e cativos;

 Pecuária:

 Regime de parceria: vaqueiro pago em cria;

 Alimentos:

 Escravos em dia livre (semiescravidão) / Escravos / Homens livres;

 Algodão:

 Escravos (no Maranhão); familiar nas demais regiões;

 Crise do açúcar
Aumento da
 Em meados século XVII, teve início a produção açucareira das Antilhas holandesas; concorrência;
 Em meados do século XIX, os europeus começaram a produzir açúcar de beterraba; perda de mercados
para o açúcar
 Preço da tonelada do açúcar em libras: brasileiro;

Século XVII: 120; Século XVIII: 72; Século XIX: 16.


 Complexos Econômicos Regionais: Minas Gerais

 Estrutura social densa e complexa:

 Ouro e diamantes => moeda;


 Agropecuária;
 Atividades manufatureiras (têxtil, de engenho, forjas, ferreiros, etc);
 Serviços;

 Do ponto de vista do trabalho:


O grande volume de ouro e diamante existente na
 Trabalho: escravo / remunerado / livre; região atraiu muitos trabalhadores, aumentando a
densidade populacional. Como resultado, formaram-
 Empresas estrangeiras de mineração; se importantes centros de riquezas, como a cidade
de Diamantina (muito povoada por mineradores e
 Novas tecnologias; trabalhadores de atividades de abastecimento, como
comerciantes e manufatureiros);
 Entreposto comercial:

 Concentração de serviços;
 Atividades manufatureiras;

 Complexos Econômicos Regionais: “extremo oeste” e “extremo Sul”

 Ocupação do oeste (no que hoje representa Mato Grosso do Sul/Paraná):

 Do ponto de vista do produto:

 Pecuária extensiva;
 Mineração;

 Do ponto de vista do trabalho:

 Aprisionamento de índios;

 Ocupação do Sul:

 Economia regional:

 Século XVIII: abastecimento da região de mineração (carnes, carga e tração);


• Pecuária  servia para o fornecimento de animais tanto para o transporte de bens (ouro e
diamantes), quanto para a tração dos engenhos (Nordeste);

 Século XIX: produção de alimentos para mercado interno (arroz, trigo, milho e carne);
 Do ponto de vista do trabalho:

 Trabalho familiar (maioria); trabalho escravo;

 Estrutura fundiária desconcentrada;

• Em outras palavras, ao contrário do que ocorria no Nordeste, onde havia a concentração de


grandes latifúndios para a produção de açúcar, a estrutura fundiária da região Sul era
caracterizada pela posse de propriedades menores, cuja mão de obra empregada era
majoritariamente a familiar, embora houvesse escravidão;

 Ao longo do século seguinte (XX), o grande fluxo de crescimento da economia brasileira proporcionado pela
produção e exportação de café, bem como pela produção industrial, resultou na superação dos processos
produtivos isolados das diferentes regiões;

 Em outras palavras, não apenas o produto central mudou (do açúcar para o café), como também o fator
trabalho sofreu alterações (da majoritária mão de obra escrava para a mão de obra assalariada/familiar). Esses
dois fatores, somados à atividade industrial, impactaram diretamente as atividades econômicas praticadas até
então em todos os complexos regionais;

Motivos para a não formação do mercado interno

 Utiliza-se como referência a economia dos EUA, da qual a economia brasileira ficou cada vez mais aquém:

 OBS: Lembrar que no início do século, o PIB per capta do Brasil era correspondente à metade do PIB per
capta dos EUA. Ao final do século, no Brasil esse mesmo indicador correspondia a apenas 1/5 do
indicador daquele país;

 Inicialmente, deve-se lembrar dos argumentos levantados por Celso Furtado:

Primeiras décadas do século XIX: Declínio econômico  Estagnação da produção colonial + crise
financeira (endividamento); Cenário desfavorável, apesar de ter havido melhoras a partir da produção de
café entre 1860-70, da migração e do aumento do consumo domestico;

• Outros fatores importantes:

 Distribuição primária da Renda:

 Brasil  A Lei de Terras (1850) bloqueou o acesso dos pobres a terra (intencionalmente):

 Terras caras, impossíveis de serem adquiridas pelos ex-escravos (após a abolição) e pelos imigrantes;

 EUA  A Lei de Terras (1862) promoveu a ampliação do acesso a terra;

 Ocupação a Oeste do país; surgimento da figura dos farmers; cultivo próprio a partir da mão de obra
familiar;
 OBS  No Brasil:

 Antes da abolição, a população escrava representava um potencial mercado consumidor desperdiçado;

 Sem condições de adquirir suas próprias terras, escravos, ex-escravos e imigrantes eram impossibilitados de
realizar seus próprios cultivos/investimentos. Consequentemente, não tinham como garantir uma renda maior
que a renda de subsistência (permaneciam dependentes da produção em terras alheias). Logo, a não formação
de renda em pequenos núcleos (não existência de demanda por bens e serviços, sobretudo por manufaturas)
dificultou a criação de um mercado consumidor interno;

 Por esse motivo, a atividade industrial no Brasil só teve início marginalmente no final século XIX. O processo de
industrialização propriamente dito só foi fortalecido a partir do século XX;

 Até a primeira metade do século XIX não valia a pena produzir em larga escala internamente, pois não
havia mercado consumidor;

 A chamada “Era Mauá” (investimentos feitos pelo Barão de Mauá em infraestrutura) foi uma fase
pontual. Não significou uma industrialização concreta;

 Definidor dos fluxos migratórios

 População: 1800 a 1900

 Brasil: 3,3 milhões => 17,9 milhões;


 EUA: 3,9 milhões = 75,9 milhões;

 Definidor (baixo) crescimento econômico:

 PIB per capita: 1820 a 1890

 Brasil: US$ 646 => US$ 794  0,3% ao ano;


 EUA: US$ 1.257 => US$ 3.392  1,4% ao ano;

 Crescimento econômico desigual (em cada região):

 PIB per capita: 1820 a 1890

 Nordeste => taxa próxima a zero;


 Sudeste => 1,5% a 2,0% a.a;
 Sul => taxa positiva;
 Norte=> 4% a.a.
Não formação do mercado interno: estudo mais detalhado dos fatores

 Algumas questões explicam o atraso da formação do mercado interno brasileiro no século XIX:

i. A questão da terra: Sesmarias e concentração desordenada

 No Brasil, entre o século XVI até início do século XIX, as propriedades eram concedidas em forma de sesmarias
(entregues a quem poderia explorá-las);

 A ausência de uma legislação clara sobre a posse resultou em uma ocupação de terras desordenada;

 Ocupações distintas entre as regiões:

• Sul e SP => na ausência de grandes proprietários, as terras eram cultivadas em pequenas unidades
familiares (trabalho intensivo, sem escravos);

 A partir da cultura do café => grandes fazendeiros passaram a adquirir terras das famílias
conforme produção se expandia do RJ para SP e MG;

• Nordeste, Norte e Centro-Oeste => concentração fundiária em grandes proprietários;

 Região cafeeira => idem;

• Região Sul => pequenas propriedades de colonos;

 Lei de Terras (1850) (parte do reformismo conservador)  buscou substituir o arcabouço colonial, mas sem
controle efetivo sobre domínio territorial; Dificultou o acesso a terra;

ii. A questão da mão de obra: longa permanência da escravidão e a transição pra o


trabalho assalariado

 Trabalho escravo:

• Lei Eusébio de Queirós (1850)  Estabeleceu o fim do tráfico negreiro (“para inglês ver”);
• Lei do Ventre Livre (1871) Promoveu a redução da escravidão;
• Lei Aurea (1888)  abolição do trabalho escravo;

 A longo do século: concentração fundiária  trabalho escravo; Trabalho livre disperso;

 Consolidação do trabalho livre:


• Marco legal das relações de trabalho livre  legislações de 1830 / 1837 / 1879:

 Locação de serviços / Parceria agrícola / Parceria pecuária;


 Permitiram a entrada de imigrantes;
 OBS: Inicialmente, o Brasil havia tentado atrair colonos conforme o modelo dos EUA, mas, devido a uma parca
estrutura, falta de apoio do Estado e falta de legislação que fortalecesse as garantias dos imigrantes, as
primeiras tentativas fracassaram. A atração de mão de obra estrangeira só funcionou a partir das décadas de
1870/80 (veremos no bloco a seguir sobre as fases da imigração). Além da questão econômica, essas medidas
de atração de estrangeiros também seguiam uma lógica de “branqueamento da população”, almejada por
alguns membros do governo;

 Transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado:

• Restrições ao trabalho escravo => encarecimento dos escravos;


• Regulação dos movimentos migratórios => aumento oferta de trabalho livre;
• Decadência da economia açucareira;
• Decadência da economia do algodão (MA)  devido à retomada da produção do sul dos EUA;
• Ascendência economia cafeeira (OBS: SP absorveu grande parcela da mão de obra livre);

 Aumento da oferta de trabalho livre (acesso a salários) + economia cafeeira => gênese do mercado
doméstico;

 A questão da mão de obra: IMIGRAÇÃO (3 fases principais):

a) Tentativa da criação de colônias:

 Tentativa emular o processo ocorrido nos EUA;

 Diferenças:

 EUA:

• A migração europeia não se destinava às grandes plantações no sul dos EUA;


• Os colonos produziam bens e serviços para mercado interno gerado pelo algodão;
• Migração favorecida pelo baixo custo da viagem;

 Exportações americanas => volumosas (algodão);


 Importações americanas => + densas (espaços ociosos para imigrantes);

 Colônias no Brasil:

 Desprovidas de lógica econômica  regiões não integradas/isoladas, não integradas ao


restante da economia do país (distantes da economia gerada pelo produto principal, o café);

 1824 => São Leopoldo (chegada de colonos alemães);


 Lógica: Forçar a criação de brasileiros europeus;
 Não havia mercado para o excedente da produção (sem mercado interno);
 Retorno à economia de subsistência;

 Resultado: fracasso!

• A precarização do trabalho imigrante resultou no retorno de grupos imigrantes aos seus países, e até a
proibição da emigração alemã ao Brasil (1859);

b) Tentativa alocação fazendas de café => servidão temporária

 Senador Vergueiro (1852):

 80 famílias de colonos para produção de café em Limeira;


 Atraiu mais de 2 mil pessoas até 1857;

 Lógica: Venda do trabalho futuro => acabou se tornando servidão temporária;

 Resultado: fracasso!

• 1867: A Sociedade Internacional de Emigração de Berlim proibiu a saída de alemães;

c) Estratégia da parceria => forte entrada de mão de obra estrangeira, sobretudo a partir de
1880:

 Houve o aumento dos preços do café e algodão na década de 1860. Logo, a questão da (ausência) de mão de
obra se torna ainda mais importante;

 Estratégia de parceria => Colonos recebiam salários + renda variável (rendimento da colheita);

 Ponto fundamental: participação do Estado  a partir de 1870, o governo imperial passou a pagar o transporte
dos imigrantes;

• Lógica => O fazendeiro garantia o primeiro ano renda e disponibilizava suas terras para produção de
“subsistência”;

 Essa organização do fluxo coincidiu com a unificação política da Itália (aumento da entrada de italianos);

 Fluxos:

 Década 1870 => 13 mil imigrantes;


 Década 1880 => 184 mil imigrantes;
 Década 1890: 609 mil imigrantes;

iii. A questão do transporte (capital): pós 1860

 A única forma de se criar um mercado doméstico relevante é garantindo a integração logística para o transporte
de bens e serviços, o que o Brasil não dispunha até então;
 Expansão do setor cafeeiro para o oeste: Campinas / Ribeirão Preto  As ferrovias passavam por pontos
estratégicos, inclusive em locais que hoje são parte do estado de São Paulo. Mas não integrava outras áreas;

 Logo, havia a necessidade de transportes para ligar os locais de produção aos portos.

• Caso das ferrovias  Receberam investimentos público e estrangeiro;


• Início da expansão das ferrovias -> 1860; fortalecimento da expansão durante a República;

 Atração do capital estrangeiro => garantias públicas (central e província) de taxas de retorno;

 Títulos britânicos: 2,4 a 3,4% ao ano;


 Taxas retorno garantidas: 7%;

 Ganhos:

 Frete para o interior => litoral do NE fardo de algodão: outro fardo de algodão (100%) via mula;
 Ferrovias 1878: 25%;
 SP (1887): frete ¼ do custo dos transportes alternativos (carroça, tropas de mula, etc);
 Custos: principal item de despesas do império;

 Surgimento de um núcleo inicial do operariado industrial (oficinas);

 Mesmo espaço de trabalho; formação técnico-profissional típica do mundo de trabalho capitalista;

O Café como principal atividade econômica

 Café  já era produzido para consumo (da Corte) no entorno do Rio de Janeiro (aproximadamente desde
1808);

 Abundância de mão de obra disponível => escrava e livre (pela decadência da economia mineira);
 Proximidade do porto => favorecia a exportação;
 Menor intensidade de capital frente ao açúcar => menor “investimento” inicial;
• Enquanto o açúcar demandava a existência de engenhos (estrutura de produção “mecanizada”,
mesmo que rudimentarmente), o café tinha um processo mais simples e barato: plantio, colheita,
secagem, comércio e transporte;

 O mercado internacional de café fica atraente (melhora nos preços) com instabilidade do Haiti (1791 – 1804);

 O Haiti era um importante produtor de café desde o século XVIII. Todavia, a Revolução Haitiana reduziu o
potencial produtor desse país. => O produto dos demais países ficou mais caro (oportunidade para o
Brasil);

 Brasil  Período entre 1825 e 1875  “gestação da economia cafeeira”

 Ampliação da produção (Rio de Janeiro => Vale do Paraíba => Oeste Paulista);
 Consolidação da nova classe de empresários (comércio e transportes);
 OBS: o café ganhou total importância a partir de 1880;

 Novo centro dinâmico da economia brasileira:

 Com o café, o Brasil resolveu o problema de reinserção na economia internacional;


• Após a decadência do açúcar e dos minérios;

 Ao fim da etapa de gestação, economia cafeeira ganhou condições financiar sua própria expansão;

 Formação de uma nova elite empresarial;

AÇÚCAR VS CAFÉ
 Açúcar vs Café: “elites” distintas:

 Açúcar => isolamento entre produção e comércio;

=> variação da produção como resposta às variações do comércio;


=> Produção simples e executada por feitores e encarregados;

 Ou seja, a elite açucareira tinha pouco contato com a produção;


 A comercialização feita por portugueses e holandeses;

 Café => homens com experiência comercial;

=> Maior integração entre produção e comércio;


=> Aquisição de terras / recrutamento mão de obra;
=> Gerenciamento da produção / transporte interno;
=> Comercialização nos portos / organização pautas políticas;

 Os produtores participavam mais ativamente do processo. Tomavam decisões empresariais desde a


produção até o escoamento do produto.

 Açúcar vs Café: estruturas econômica distintas

• Açúcar -> mão de obra escrava; Café -> mão de obra livre – imigração;
• Açúcar – auge -> século XVII (declínio no século seguinte); Café – século XIX (declínio no século XX);
• Café -> transformação institucional; Recebeu mais financiamento que o açúcar;

 Fatores mais evidentes para a transição:

 Fim escravidão;  Transformação política / jurídica / institucional;


 Processo de Imigração;  Financiamento da produção;
 Exportações  Mudanças na pauta de exportação:

 Café:

 1850: exportação brasileira de café = 50% das exportações mundiais;


 1880 = 60% das exportações mundiais;
 Período republicano => perda da produção asiática = maior participação brasileira;

 Açúcar:

 1850: 21% exportações mundiais;


 1880: < 10% (devido à concorrência com o açúcar de beterraba -> 16% em 1870; e +60% em 1890);

 Algodão:

 Perde participação ao longo dos anos, exceto em1860-65;

 Borracha:

 1870: 5% das exportações mundiais;


 Entre 1891 e 1900: 15% das exportações brasileiras;

 Obs: Importante mudança em relação ao destino das exportações brasileiras:

 Antes: açúcar  Europa;


 Depois: café  EUA -> ao final do século XIX, já era a economia mais forte e era mais populoso que a
Inglaterra (maior mercado);

 Importações  permaneceu a dependência externa

 Acesso a bens manufaturados (tecidos, bebidas, peixes, lã, trigo, carvão);

 Importação de Máquinas  menos de 1,7% da pauta importadora;

 Aumento contínuo nas tarifas de importação: 17% em 1830 para 50% final 1880;

 Termos de troca: melhora significativa entre 1830 e 1890;

O sistema bancário, de crédito e atividades mercantis


 As novas regulamentações favoreceram a atividade econômica:

 1850  criação do Código Comercial

 Regular sistema bancário, empréstimos e sociedades anônimas;


 Concessão de patentes;
 Execução civil, comercial e hipotecária;
 Regulamentação de títulos ao portador, emissão de debentures e seguros;

 Linha do tempo:

• 1808 / 1854 – Banco do Brasil (pós reforma bancária de 1853);


• 1836 – Banco do Ceará;
• 1838 – Banco Comercial do Rio de Janeiro;
• 1845 – Banco Comercial da Bahia;
• 1851 – Banco de Pernambuco;
• 1851: Banco do Comércio e da Indústria do Brasil (Barão de Mauá);
• Pós-1850: dezenas de bancos;

 OBS: Emissão de moeda por bancos privados: 1853 – 1866 (papelistas vs metalistas);

 Padrão ouro (1846 - 1953) => vitória dos metalistas;

 O crescimento da estrutura comercial e bancária facilitou o financiamento da produção cafeeira;

• Cafeicultores  aquisição de empréstimos, mão de obra imigrante, etc -> modernização da


produção;

• Ferrovias  setor que mais absorvia os empréstimos dos ingleses;

 Relação entre moeda e depósitos bancários:

 1850 => 10%  ou seja, a quantidade de moeda nos bancos equivalia a apenas 10% da moeda em
circulação;

o Praticamente não se bancalizava; Havia a cultura de guardar dinheiro em casa;

 1889 => 60%  com a modernização bancária, já se investia em bancos cerca de 60% da moeda em
circulação  economia mercantil + sistema bancário;

 Outras considerações:

o Diversas alterações ocorreram nos participantes do sistema financeiro brasileiro do Império;

o Casas bancárias, além dos bancos, faziam intermediações financeiras;

o Havia descompasso entre prazo de liquidações e aplicações;

o A Crise de 1857 (origem nos EUA) gerou o declínio da economia mundial (redução da importação europeia de
bens norte-americanos), afetando a percepção de risco sobre os lastros financeiros dessas operações;

o Essa crise afetou o desempenho do sistema financeiro brasileiro e gerou diversas falências em 1864, o que
“arrastou” parte dos bancos nacionais;

A gênese da indústria
 OBS: Não há consenso sobre os determinantes principais, os protagonistas, e os períodos da atividade industrial
brasileira;

 Porém:

 Quatro questões centrais (vetores da industrialização):

1) A industrialização acompanhou a expansão cafeeira:

 Formação de uma burguesia comercial (importação) e produtiva (pioneira na industrialização, ex.:


Matarazzo, Crespi, Jaffet, etc.);

 Juntamente com o crescimento do mercado doméstico e a formação de grandes centros urbanos,


teria promovido a industrialização;

2) A Industrialização como expansão do artesanato:

 Aumento da demanda  expansão da produção artesanal em direção à construção e reparo de


ferramentas e equipamentos e a bens e serviços finais;

3) O papel do investimento estrangeiro:

 Infraestrutura, serviços urbanos, mineração, bancos, seguros e indústria de transformação;

4) O papel do Estado:

 Política tarifária do Brasil Império (1844 – Tarifa Alves Branco até 1879);

 Políticas industriais pós-1930  forte aceleração da industrialização a partir do governo Vargas e


posteriormente, com o Plano de Metas;

 Segundo o historiador econômico Suzigan, houve 2 fases principais da industrialização brasileira:

1) 1869 – 1914 (I GM)  Bem mais simples:

 Substituição das importações  produção de têxteis, chapéus, calçados, moinhos de trigo, refino
açúcar, metal etc;
 Mecânica I  beneficiamento do café, arroz, maquinário agrícola simples; artigos de vidro, fósforos,
produtos alimentícios;

2) 1914 – 1939 (Pré-II GM)  Bens intermediários:

 Substituição das importações  cimento, ferro, aço e metal;


 Mecânica II  máquinas industriais, equipamentos de construção e transporte, papel e celulose,
química e farmacêutica, aparelhos elétricos, etc.
Surto industrial vs Industrialização
 O Barão de Mauá (1845 – 1875) financiou o que ficou conhecido como “surto industrial” (Era Mauá)
promoção do comércio, da indústria, ferrovias, bancos e construção de navios;

• OBS: A Era Mauá fracassou, pois o Brasil ainda não tinha as bases sociais, institucionais e econômicas
para sustentar as ideias de Mauá (os cafeicultores, por exemplo, não o apoiavam; questões de política
externa o prejudicaram etc);

 Industrialização: mais do que surgimento de fábricas, o processo de industrialização do país requereu


mudança nas relações sociais de produção e nas forças produtivas. Ou seja, foi um processo mais complexo,
de mudanças estruturais socioeconômicas (mudanças na legislação; incentivos governamentais, mercado de
trabalho etc);

Modernização da estrutura econômica: Urbanização e Energia

 Segunda metade do século XIX:

 1861: construção da 1ª estrada de rodagem de Juiz de Fora – Petrópolis;


 1872: primeira linha de telégrafo;
 1872 – 1895: tráfego urbano Rio, São Paulo, Salvador, Campinas, São Luís e Recife;
 1874: cabo submarino Brasil – Europa;
 1880: chegada da telefonia ao país;
 1888: usina hidrelétrica;

 São Paulo, Santos, Campinas (Eixo principal):

 Houve crescimento e diversificação econômica: criação de bancos; oportunidades nos serviços públicos;

 Iluminação a gás, transporte urbano (tração animal), água e esgoto;

 OBS:

• Santos  muito importante para o escoamento produtivo (Porto de Santos);


• Campinas  tornou-se mais importante que São Paulo no final do século XIX, devido a extensão da malha
ferroviária que passava por essa cidade, e por ser um entreposto para as produções do interior do Estado com
destino a Santos;
• São Paulo  ponto de chegada de imigrantes; fazia a ligação entre a produção vinda do interior e a
exportação por Santos;

Finanças Públicas

 Receita:

 Impostos oriundos do comércio exterior => encareciam os custos de produção do café e os preços de
exportação:
 Forças políticas (burguesia cafeeira) resistiam ao aumento das taxações sobre as exportações;
 1833: Imposto sobre Importação > 50% do total de receitas;
 1839: 60%;
 1855: 70%;

 Impostos sobre exportações => 12 a 17% ao longo do Império;

 Maior facilidade de cobrar esse tributo do que tributo relacionado a atividades domésticas;

 Sem taxação de propriedade ou uso da terra (resistências políticas);

 Taxas e direitos eram impostos sobre: transferência de imóveis e escravos, heranças, contratos, etc;

 Taxas provinciais e municipais também eram importantes:

 Importação entre províncias (mesmo que ilegal);


 Taxa sobre consumo;
 Exportações entre províncias (Borracha no Pará; Café no Sudeste; Charque e Couro no RS);

 Despesa:

 Gastos militares:

 1820  50% dos gastos totais (Guerra Cisplatina, separatistas do Sul);


 1864  65%;
 Pós 1870 20%;

 Déficits persistentes nas Contas do Governo no período imperial;

 Não indenização dos proprietários de escravos após a abolição => fortalecimento movimento Republicano;

 Os escravos, vistos como meros insumos produtivos, eram caros. Com a abolição da escravidão, os ex-
proprietários de escravos exigiam que o Estado os compensasse.

 Dívida Pública:

• 1824: 5,1 milhões libras;


• 1889: 33,6 milhões de libras => 90% do Governo Central; 98% com origem em Londres;
• Aumenta abruptamente após independência, mantendo estável até 1850, passando a aumentar lentamente;
• Provinciais só puderam realizar empréstimos no exterior após 1888;
• Décadas de 1850-60 => lançamento de empréstimos internos;
• Serviço da dívida externa;
• Serviço como proporção dos gastos totais:1820 => 20% / 1850 => 16% / 1880 => 30% >
Conclusões:

 PIB per capta: piora significativa (inclusive para parâmetros como México e Argentina);

 Crescimento entre 0,3 e 0,4% ao ano  aceleração na década de 1850 (café) e 1880:

 1820 => 50% do PIB per capta americano;


 1889 => 20% do PIB per capta americano;

 Produção de Café:

 Transição para trabalho assalariado após a proibição tráfico (1850);


 Processo lento que se acelera só após 1880;
 A expansão do café ganha espaço na pauta exportadora (frente a açúcar, algodão, fumo, couro);
 Aumento da infraestrutura (ferrovias) e dos itens urbanos (final período imperial);

 Atividade Econômica

 Início modestíssimo da industrialização em 1880;


 Importância do mercado dos EUA como importador (frente à Grã -Bretanha);
 Processo de desvalorização dos mil – réis (lento);
 Brasil como bom pagador da dívida externa;
 Interesses políticos paulistas > nordeste;
 Aumento da influência dos militares (pós-Guerra do Paraguai);

 A economia brasileira no século XIX

 Café => Novo setor dinâmico  determinante da atividade econômica;

 Setor que concentrava os fatores de produção (capital, trabalho e terra);


 Brasil como principal produtor mundial;
 Demanda: EUA e Inglaterra;

 Modelo de desenvolvimento para fora (Maria da Conceição Tavares)

 Setor exportador como centro dinâmico X Exportações + Investimentos;


 Pauta exportadora concentrada X Diversificada;
 Bens manufaturados de origem importada X Bens manufaturados de origem doméstica;

• 1900:

 Exportações: café (65%), Borracha (15%), Açúcar (6%), Algodão (3%);

 Importações: têxtil (12%), bebidas (7%), manufatura de ferro e aço (6%), carvão (6%), Trigo e farinha
(11%), Químicos e farmacêuticos (3%)
 Século XIX - dois períodos distintos:

1801 – 1849: 1850 – 1900:

 Crise dos ciclos econômicos (economia  Novo produto exportador (café);


colonial);  Crise 1857; Guerra do Paraguai, Grande Seca;
 Custos da independência;  Mudanças na Infraestrutura (ex: ferrovias);
 Início processo de transformação  Mudanças no ambiente institucional;
institucional;  Base: Trabalho assalariado;
 Base: Trabalho escravo;

Século XX: Industrialização

 O Século XX consolidou a transição de uma economia agroexportadora centrada no mercado internacional


para uma economia industrial centrada no mercado doméstico (mudança do centro dinâmico da economia
para o Sudeste, proporcionada pela economia cafeeira);

 A economia deixou de ser voltada para um só produto (café - embora esse produto tenha permanecido
importante para o Brasil até meados desse século) e teve início uma diversificação produtiva;

 A indústria ganhou relevância frente ao setor agrícola.  Resultado: estrutura econômica mais robusta;

 LEITURAS:

Leitura obrigatória: BAUMANN, R. (2016). Capítulo 4, item 4.1; GREMAUD, A.P; VASCONCELLOS, M. A.S; TONETO
JUNIOR, R (2007), capítulo 12;

Leitura complementar: FURTADO, C. (2020), capítulo 19 capítulo 20, capítulo 24, 25,26, 27, 28;

Leitura avançada: ABREU, M.P (2014), capítulo 1;

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