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ÍNDICE

INTRODUÇÃO AO CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO .. 1


A importância do processo de crescimento/desenvolvimento económico. ...................... 1
O conceito de desenvolvimento económico versus crescimento económico. Os
conceitos de desenvolvimento, crescimento, progresso e mudança. ................................ 1
As medidas do processo de crescimento/desenvolvimento económico ........................... 2
O índice de desenvolvimento humano (IDH) ................................................................... 3
O índice de pobreza humana para países em via de desenvolvimento (IPH1) ................. 3
O índice de pobreza humana para países da OCDE seleccionados (IPH2) ...................... 4
Índice de desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) .................................................... 4
OS MODELOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO DE ADAM SMITH A
ROBERT SOLOW ......................................................................................................... 4
O modelo de crescimento económico de Adam Smith..................................................... 5
O modelo de Thomas Malthus e o fim da visão optimista do crescimento económico ... 5
Schumpeter e o seu modelo de inovação .......................................................................... 6
O modelo de Harrod-Domar ............................................................................................. 7
O modelo neoclássico de crescimento de Solow .............................................................. 8
O modelo AK de Rebelo como um caso especial do modelo de Solow .......................... 9
O Progresso tecnológico ................................................................................................... 9
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO
ECONÓMICO .............................................................................................................. 10
As duas visões opostas acerca do crescimento da população ......................................... 10
POUPANÇA E MERCADOS FINANCEIROS ......................................................... 11
O papel do sector financeiro ........................................................................................... 11
O sector financeiro e o crescimento/desenvolvimento económico ................................ 11
ABERTURA AO EXTERIOR E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO
ECONÓMICO .............................................................................................................. 11
EDUCAÇÃO, CAPITAL HUMANO E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO
ECONÓMICO .............................................................................................................. 12
CONTROVÉRSIAS E DESAFIOS ............................................................................. 12

I
INTRODUÇÃO AO CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

A importância do processo de crescimento/desenvolvimento económico.

A taxa de crescimento económico durante os séculos XIX e XX foi mais alta do que em
qualquer outro da Historia da humanidade. Talvez, por isso, Robert Barro e Xavier Sala-
i-Martin tenham afirmado que o crescimento económico é a parte da macroeconomia
que realmente interessa. A partir do século XIX o crescimento económico começou a
gerar mudanças para melhor no padrão de vida das pessoas, conseguindo estas duplicar
o seu rendimento per capita numa só geração.

Em países que não conseguiram a melhoria das condições de vida das suas populações,
isto é, onde o crescimento económico não aconteceu nasce cada vez com maior
pertinência a pergunta - Por quê?

O conceito de desenvolvimento económico versus crescimento económico. Os


conceitos de desenvolvimento, crescimento, progresso e mudança.

Se pegarmos num dicionário desenvolvimento é descrito como acto ou efeito de


desenvolver. A primeira ideia a reter seria de que o desenvolvimento pressupõe
crescimento a partir de um status quo e, tem, por isso, subjacente a ideia de progresso.
Começar-se-á por contrapor o conceito de desenvolvimento com o de crescimento mais
no sentido de analisar em que medida é que estes se ligam numa relação de causa e
efeito e numa visão de mudança. Se o crescimento e o progresso fazem parte do
conceito de desenvolvimento não menos faz parte dele a ideia de mudança.

Entre os conceitos de desenvolvimento e de crescimento estabeleceram-se relações tão


fortes e estreitas, de tal forma, que a tarefa de os distinguir se torna, por vezes, difícil. O
crescimento e o desenvolvimento caminham de mãos dadas até ao ponto em que a
economia perde a sua capacidade de adaptação a novas condições.

Streeten (1977) defendeu duas maneiras de abordar o desenvolvimento pela via das
necessidades básicas. A primeira, encara as necessidades básicas como o culminar de
um processo de desenvolvimento; Uma outra forma de abordar o conceito de
necessidades básicas consiste na especificidade de cada um dos seus elementos
constitutivos tendo em vista o encontro de complementariedade e suplementariedade
nas estratégias desde já, existentes.

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Torcotte (1977) identifica o crescimento como uma via para o progresso e o
desenvolvimento.

O objectivo do desenvolvimento consiste na ampliação dos sectores secundários e


terciário através da libertação de mão-de-obra da agricultura, pelo aumento da sua
produtividade neste sector.

Kulkarni e Rajam (1991) definem desenvolvimento como um esforço comunitário


articulado e organizado para se dotar a ele próprio das condições e no contexto da sua
existência colectiva. Esta definição inclui no desenvolvimento o processo social e
político através do qual uma sociedade tenta atingir uma série de objectivos os quais
podem ser descritos do seguinte modo:

 Melhorar o nível de vida de todos os membros da sociedade através de:


fornecimento generalizado de meios de subsistência tais como, a alimentação,
habitação, protecção social e cuidados de saúde, da redução das desigualdades na
distribuição de rendimento, do alargamento das oportunidades de emprego, e de
melhorias na qualidade da oferta de unidades de saúde, educação e de outros serviços
sociais e culturais;
 Contribuir para a criação de condições que conduzam ao amor-próprio das
populações ao verificarem que lhes foi dada a oportunidade de participarem no processo
de desenvolvimento. Sentimentos de alienamento e de exclusão devem ser evitados;
 Alargar o conjunto de oportunidades económicas e sociais à disposição dos
membros da sociedade diminuindo a sua dependência dos outros indivíduos, de
instituições nacionais e supra-nacionais e do investimento externo;
 - Assegurar que o processo de desenvolvimento é sustentável tanto do ponto de
vista económico como ambiental.

As medidas do processo de crescimento/desenvolvimento económico


Quer se concorde quer não, o PIB per capita é um dos indicadores que mais
frequentemente se recorre para medir e comparar processos de
crescimento/desenvolvimento económico ocorridos em diferentes países. Portanto para
a sua determinação devemos dividir o PIB pelo total da população. Alguns economistas,
apanhados pelo sobe e desce dos agregados da Contabilidade Nacional
fundamentalmente o PIB e o rendimento, perderam de vista o fim real do
desenvolvimento “o bem-estar das pessoas”. Os resultados humanos apresentam um

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conjunto extensivo de indicadores como a esperança de vida à nascença, as taxas de
mortalidade de menores de cinco anos que reflectem a capacidade de sobreviver ou
as taxas de alfabetização que reflectem a capacidade de aprender.

Para esse fim, os relatórios do desenvolvimento humano publicam desde o início o IDH,
mais tarde completado índices que contemplam especificamente:

1. O Género
 O índice de desenvolvimento humano ajustado ao género; e
 A medida de participação segundo o género.
2. A pobreza

O índice de pobreza humana;

 Para países em via de desenvolvimento (IPH1);


 Para países desenvolvidos (IPH2).

É também, desde 2001, calculado o índice de realização tecnológica que merece


também especial atenção.

O índice de desenvolvimento humano (IDH)


É uma medida resumo do desenvolvimento humano. Mede a realização média de um
país em três dimensões básicas de desenvolvimento nomeadamente: Uma vida longa e
saudável (medida pela esperança de vida à nascença), Conhecimento (medido pela
educação) e um nível de vida digno (medido pelo PIB per capita, em dólares norte
americanos).

O índice de pobreza humana para países em via de desenvolvimento (IPH1)


Mede as privações em três dimensões básicas de desenvolvimento humano captadas no
IDH:

 Uma vida longa e saudável – vulnerabilidade à morte numa idade relativamente


prematura medida pela probabilidade à nascença de não viver até os 40 anos;
 Conhecimento – exclusão do mundo da leitura e das comunicações medida pela
taxa de analfabetismo de adultos;
 Um nível de vida digno – falta de acesso ao aprovisionamento económico
global, medida pela média não ponderada de dois indicadores, a percentagem da
população se acesso sustentável a uma fonte de água melhorada e a percentagem
de crianças com peso deficiente para a idade.

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O índice de pobreza humana para países da OCDE seleccionados (IPH2)
O IPH2 mede privações nas mesmas dimensões que o IPH1 e capta também a exclusão
social reflectindo por isso privações em quatro dimensões.

Índice de desenvolvimento ajustado ao Género (IDG)


Enquanto o IDH mede a realização média, o IDG ajusta a realização média para reflectir
as desigualdades entre homens e mulheres nas seguintes dimensões:

 Uma vida longa e saudável, medida pela esperança de vida à nascença;


 Conhecimento medido pela taxa de alfabetização de adultos (com ponderação
2/3) e pela taxa de escolarização bruta combinada do primário, secundário e superior
(com ponderação 1/3);
 Um nível de vida digno, medido pelo PIB per capita (em dólares EUA).

OS MODELOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO DE ADAM SMITH A


ROBERT SOLOW

Esta segunda parte surge na sequência dos assuntos previamente apresentados no ponto
anterior, em que se introduziu o tema com a pergunta «Por que estudar o
desenvolvimento económico?»

O principal objectivo dessa segunda parte é apresentar e avaliar a evolução dos modelos
de crescimento económico de Smith a Solow. Ao mesmo tempo que se pretende facultar
aos alunos um entendimento mais pormenorizado da importância do processo de
acumulação na explicação do crescimento e do papel atribuído ao progresso tecnológico
na implementação de políticas de promoção de crescimento e desenvolvimento.

Em primeiro lugar, dar-se-á especial relevo a 4 modelos de crescimento:

 O modelo de Adam Smith;


 O modelo de Malthus;
 O modelo de Schumpeter; e
 O modelo de Harrod-Domar.

Estes 4 modelos constituem uma base do pensamento moderno sobre


crescimento/desenvolvimento económico. Apesar de haver uma sequência no tempo dos
modelos apresentados, houve outros que tiveram, igualmente, um papel importante no
pensamento económico moderno sobre o desenvolvimento nomeadamente os modelos
de David Ricardo e Karl Marx

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O modelo de crescimento económico de Adam Smith
Para Smith, tanto a agricultura como a indústria desempenhavam um papel importante
no processo de crescimento económico. A divisão social do trabalho traduz-se em
ambos os sectores de actividade económica em benefícios que se materializam em
aumentos da produção. Estes benefícios foram muito mais evidentes na indústria do que
na agricultura.

Para Smith, enquanto não haver obstáculos à divisão social do trabalho e à


especialização o crescimento económico continuará indefinidamente. Segundo Smith há
três critérios para distinguir trabalho produtivo e improdutivo. Primeiro o emprego tem
que gerar lucro, depois tem que produzir algo que possa ser guardado para o período
seguinte e, por fim, tem que ser capaz de se manter sem a necessidade de novas entradas
de capital.

O crescimento económico para Adam Smith tem como pressupostos:

 A existência de economias de escala;


 Um rácio equilibrado entre trabalho produtivo e improdutivo;
 O nível da taxa de acumulação de capital; e por fim,
 Uma adequada distribuição do rendimento que se avalia pelo bem-estar da
população.

O modelo de Thomas Malthus e o fim da visão optimista do crescimento económico


Embora de forma superficial tanto Smith como Cantillon tinham-se já referido ao
crescimento explosivo da população. Malthus fê-lo de forma completa e sistemática
abordando as suas implicações sociais e económicas. O crescimento rápido da
população verificado nas colónias da América do norte cujos habitantes eram pessoas
simples, sem restrições sociais de se casarem precocemente e com meios de de
subsistência consubstanciados em terras com boa aptidão agrícola veio a materializar-se
na duplicação da população a cada 25 anos. Para Malthus a produção máxima de
alimentos cresceria segundo uma progressão aritmética enquanto a população
cresceria segundo uma progressão geométrica.

As hipóteses de crescimento do modelo de crescimento económico de Malthus são as


seguintes:

 A produção é função do trabalho e da terra;


 A terra é um factor fixo;

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 O factor trabalho pode crescer dependendo das taxas de natalidade e
mortalidade; e
 O nível de produto é, assim, determinado pela quantidade de trabalho combinada
com um recurso fixo de terra arável.

Para Malthus, o crescimento da população depende do nível do produto per capita. Se a


população vive melhor, isto é, come melhor, tem uma vida mais longa e,
consequentemente tem mais filhos que sobrevivem. Para ele, qualquer melhoria do nível
de vida da massa de trabalhadores levaria, imediatamente, a uma expansão da população
e isto, por sua vez, faria baixar o padrão de vida de novo para o nível de subsistência.
Enquanto as suas paixões e carácter moral se mantivessem a Humanidade estaria
condenada a viver no limiar da pobreza. Uma palavra final para referir que Malthus
negligenciou o papel do progresso tecnológico como meio de ultrapassar os
rendimentos decrescentes causados pela existência de factores fixos de produção.

Schumpeter e o seu modelo de inovação


Durante a primeira metade do século XX, a permanência da crença na lei de Say fez
com que o principal foco do crescimento económico continuasse assente na afectação de
recursos, como forma de garantir um elevado volume de oferta. Joseph Schumpeter foi
classificado como radical pela sua posição anti-neoclássica. A visão neoclássica da
economia de mercado era inerentemente estável, movendo-se sempre de um estado
estacionário para o outro. Schumpeter via o sistema capitalista numa perspectiva
evolucionista que nunca chegaria a atingir o equilíbrio mas estaria sim em permanente
mudança que ao acontecer geraria outras.

Schumpeter faz a seguinte pergunta: Como é que surge o crescimento económico e


quais são as suas consequências?

Para explicar o aparecimento do crescimento Schumpeter chama a especial atenção para


uma função que até aí tinha merecido relativamente pouco estudo. A função é inovação
e personagem a que esta se deve é o empresário.

O que vem a ser a inovação? A ideia essencial é a da introdução de uma nova maneira
de utilizar os recursos produtivos na economia. A actividade económica vem, assim, a
ser essencialmente dividida em dois grandes compartimentos:

 O de gestão da estrutura existente – o problema do fluxo circular; e

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 O de criação de novas estruturas, ou melhor dito, a transição no seio do
capitalismo, de um sistema para um outro – problema fundamental do
crescimento/desenvolvimento económico.

A pessoa que inova é o empresário, embora esta terminologia possa ser enganadora uma
vez que determinado indivíduo pode combinar várias funções económicas distintas. O
que é essencial é que, além de funções produtivas normais que implica possuir e prover
dos meios de produção, haja a função de combinar os meios de produção de novas
maneiras.

O modelo de Harrod-Domar
Tal como Keynes, Harrod-Domar partiram do pressuposto de que há um número
ilimitado de desempregados disponíveis e assim a produção poder ser aumentada sem o
recurso ao aumento dos custos, e por conseguinte dos preços.

O modelo de Harrod-Domar parte de um outro pressuposto comum a muitos modelos de


crescimento: o investimento produtivo é sempre igual à poupança. Este pressuposto
simplifica a fórmula do crescimento económico uma vez que cada unidade adicional de
capital aumenta o produto e que cada aumento de poupança se traduz num aumento do
investimento, então, um aumento de poupança acarretará sempre um aumento da
taxa de crescimento.

O modelo formal de Harrod-Domar é, normalmente, apresentado sob a forma


matemática o que o torna mais simples. Começar-se-á por admitir que a Economia está
em equilíbrio quando: Y= C+I, onde Y é o nível de produto; C é o consumo e I é o
investimento. Harrod e Domar representam investimento como a variação do stock de
capital, se substituirmos na função será: Y= C+∆K

Nota que este pressuposto, de que a variação do stock de capital é igual ao investimento
implica que o stock de capital existente não sofre depreciação. Isto é, implicitamente
assumem que o capital existente não se deteriora ou torna obsoleto e assim investimento
sempre aumenta o stock total de capital.

Segundo o modelo de Harrod-Domar, a taxa de crescimento do produto é directamente


proporcional à taxa de poupança. Para a economia investir em capital significa que antes
teve lugar um acto de poupança.

O modelo apesar de ser fácil de entender, não foi muito útil, quer para melhorar a
compreensão da forma como as economias cresciam, quer para a definição de políticas
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promotoras de desenvolvimento económico. O modelo não põe limites ao crescimento
da economia pondo como condição única a existência continuada de um dado nível de
investimento.

O modelo neoclássico de crescimento de Solow


O modelo de Solow constitui uma resposta ao modelo de Harrod-Domar,
nomeadamente a fraqueza do pressuposto da constância do rácio capital produto.

À primeira vista o modelo de Solow não é mais que uma boa tentativa de fazer variar o
rácio capital-produto evitando a relação linear entre poupança e crescimento,
concluindo que a taxa de poupança e o investimento não têm qualquer efeito a longo
prazo na taxa de crescimento económico.

A estrutura básica do modelo de Solow é muito simples. Para diferenciar seu modelo do
de Harrod e Domar e o seu fixo rácio capital produto, Solow definiu uma função de
produção que permite a contínua substituição de factores um pelo outro. Para Solow
cada factor de produção está sujeito a rendimentos decrescentes. O objectivo de Solow
consiste em demonstrar que o modelo de Harrod e Domar está errado ao concluir
que uma taxa constante de poupança e investimento se traduziria em crescimento
contínuo. Solow mostrou que com rendimentos decrescentes um investimento contínuo
pode não gerar um crescimento permanente porque os rendimentos decrescentes podem
aproximar os ganhos no produto, por via do investimento, de zero.

Contudo, o modelo de Solow entra em conflito com uma realidade enfrentada pela
maioria de países em desenvolvimento porque é extremamente difícil nesses países
gerar a poupança e por conseguinte o investimento, devido sobretudo à existência de
baixos níveis de rendimento per capita que são, quase na totalidade, canalizados ao
consumo. Mas, se o investimento não é determinante para um crescimento a longo
prazo então o que será? De acordo com o modelo de Solow o crescimento a longo
prazo vem de outra fonte – o progresso tecnológico. Se uma economia conseguir
aumentar a produção através de um montante fixo de inputs é que pode evitar os
rendimentos decrescentes e assim conhecer crescimento sustentável e contínuo.

A função de produção representa o lado da oferta ou a capacidade produtiva. Mas, o


montante de capital que aparece na função de produção depende em parte do
investimento e o investimento da vontade de poupar em vez de consumir por isso Solow
também inclui o comportamento consumidor no seu modelo.

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Solow seguiu o modelo de Harrod-Domar no que diz respeito ao pressuposto de que a
totalidade do produto poupado seria investida. No entanto, nem sempre a poupança é
transformada em investimento produtivo da forma mais eficiente.

O modelo AK de Rebelo como um caso especial do modelo de Solow


Ao incorporar o progresso tecnológico como uma variável exógena o modelo de Solow
não gera crescimento permanente. Esta afirmação não é, inteiramente, correcta porque
há uma forma pela qual o modelo possa proporcionar crescimento infinitamente.

Sérgio Rebelo é o autor do modelo que tem como pressuposto que todos os factores são
reproduzíveis. O modelo AK é uma reminiscência do modelo de Harrod-Domar que
também descreve a economia pela equação Y=AK. No entanto, há uma diferença entre
o modelo AK e o de Harrod-Domar é que o modelo AK de Rebelo, à semelhança do
modelo de Solow admite a existência de uma depreciação do capital. O modelo de
Harrod-Domar ignora esta depreciação. A questão da depreciação é importante porque
torna o crescimento económico um pouco mais difícil do que acontece com o caso do
modelo de Harrod-Domar. O investimento tem que ser suficiente para repor o capital
que se depreciou, caso contrário não há crescimento económico.

Não será demais repetir que o modelo AK assume que todos os factores produtivos
podem ser aumentados através do investimento. Por isso, o crescimento económico não
fica sujeito à lei dos rendimentos decrescentes.

O Progresso tecnológico
O modelo neoclássico de Solow mostra que o crescimento económico a longo prazo só
é possível se houver progresso tecnológico que ultrapasse os rendimentos decrescentes
do factor capital e dos outros factores de produção.

O modelo de Solow não é o único a sublinhar o papel-chave representado pela


tecnologia no crescimento económico a longo prazo. Schumpeter e o seu modelo de
criação destrutiva confere à inovação e, mais especificamente, ao empresário, o papel
central numa economia em crescimento. Não se pode esquecer que o próprio Adam
Smith defendia acerrimamente a ideia de que as actividades inovadoras do produtor, dos
trabalhadores e dos gestores eram críticas para a melhoria do bem-estar.

Em síntese:

 A tecnologia é um complexo conjunto de conhecimento, ideias e métodos; é o


resultado de várias actividades tanto intencionais como acidentais;
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 Devido ao facto de que as novas ideias dependem de um conhecimento
acumulado, o progresso tecnológico é, normalmente, um processo gradual, consistindo
numa sequência de pequenos passos ao longo de uma trajectória contínua;
 Enquanto a trajectória do progresso tecnológico é contínua, o seu crescimento
não é constante, isto é, a tecnologia pode crescer rapidamente, estagnar ou até decrescer;

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO


ECONÓMICO

Quase todos os modelos de crescimento/desenvolvimento económico conferem à


população um papel proeminente. As opiniões dividem-se entre os que consideram que
a população tem um papel irrelevante e os que atribuem um contributo de primordial
importância.

As duas visões opostas acerca do crescimento da população


A definição de crescimento económico como o crescimento do produto per capita,
sugere uma relação inversa entre o crescimento económico e o crescimento da
população. Quanto maior for a população menor será, ceteris paribus, o produto per
capita. Se, por outro lado, o produto crescer mais rapidamente do que a população, tal
não se verifica.

No modelo de Malthus fica claro que o crescimento da população tem um efeito


negativo ao nível de bem-estar. O modelo de Solow tem uma abordagem algo
semelhante, chegando à conclusão de que o crescimento da população causa
estrangulamento ao processo de crescimento económico. Tanto o modelo de Malthus
como o de Solow são enviesados na análise do crescimento da população porque
ignoram o progresso tecnológico ou tratam-no como uma variável exógena. Os modelos
de externalidades do progresso tecnológico pressupõem que as novas ideias decorrem
como uma externalidade do investimento e da produção. O crescimento da população
possibilita a criação de novas ideias porque implica investimentos para aumentar a
produção. Os modelos de I/D intencional, dão uma visão mais favorável do crescimento
da população porque consideram as pessoas como um factor de produção directo na
função de produção. Se as pessoas são um factor de produção crucial no processo de
produção usando a tecnologia, então o crescimento da população cria uma possibilidade
de ultrapassar com os rendimentos decrescentes. O crescimento da população aumenta a
dimensão do mercado.

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POUPANÇA E MERCADOS FINANCEIROS
Na revista The Economics apareceu, em Fevereiro de 1999, como título de um dos
artigos, o seguinte: «Para a sustentabilidade das taxas de crescimento económico o
mundo precisa de poupar mais». Muitos dos modelos de crescimento económico
apontam para a mesma conclusão.

David Rodrick (1998), depois de ter analisado a vasta base de dados do Banco Mundial
sobre a evolução da poupança, conclui que «aumentos da poupança são mais um
resultado do crescimento económico do que uma causa».

O papel do sector financeiro


John Hicks afirmou que a revolução industrial teria sido totalmente impossível sem o
desenvolvimento dos mercados financeiros. Segundo Hicks, a revolução industrial
caracterizou-se por um forte aumento do uso de maquinaria e outros bens de capital,
traduzindo-se num significativo aumento do investimento em activos fixos reais. Este
investimento requereu uma mobilização significativa de poupanças sem a qual não teria
sido possível a criação de activos fixos reais. A decisão de poupar não é equivalente à
decisão de investir. Os incentivos que influenciam a poupança não são os mesmos que
os que motivam o investimento. Cabe ao sector financeiro o papel de canalizar fundos
tornados disponíveis pelos aforradores para projectos de investimento produtivo.

O sector financeiro e o crescimento/desenvolvimento económico


O sector financeiro de uma determinada economia afecta a taxa de crescimento
económico do país em causa, uma vez que a taxa de poupança pode variar e o
investimento produtivo pode também variar, pelo simples facto de, a longo prazo, um
sector financeiro mais eficiente pode ser capaz de canalizar poupanças para projectos de
investimentos muito mais promissores. A qualidade do investimento melhora uma vez
que o sector financeiro acompanhará de uma forma mais cuidadosa a execução e
andamento dos projectos de investimento. Sem um sector financeiro para canalizar os
fundos necessários dos aforradores para os empresários mais capazes, a inovação teria
sido quase impossível.

ABERTURA AO EXTERIOR E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO


ECONÓMICO
O comércio internacional, o investimento estrangeiro e as migrações tiveram
crescimentos muito rápidos nos últimos 200 anos. O processo que hoje se denomina
globalização está, de facto, relacionado com o crescimento económico que se verificou
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recentemente. A figura 5.1 sugere que o PIB cresce rapidamente quando o comércio
externo se expande. Foi o comércio internacional que causou a aceleração do
crescimento económico, ou foi este que causou a expansão do comércio internacional?
O comércio internacional conduz, simultaneamente, a ganhos no bem-estar e a custos
unitários mais baixos através da especialização de cada país ao produzir em maior
quantidade de bens de uma menor variedade, diminuindo, por conseguinte, os custos.

EDUCAÇÃO, CAPITAL HUMANO E CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO


ECONÓMICO
A educação tem-se mantido de forma crescente como um objectivo político tanto como
em países desenvolvidos como para países em via de desenvolvimento. Infelizmente, a
importância da educação para o crescimento/desenvolvimento económico tem sido
normalmente tida como uma verdade que não requer um exame minucioso. Existem três
canais diferentes através dos quais a educação pode influenciar o
crescimento/desenvolvimento:

 A educação pode ser encarada como outro factor de produção tal como no
modelo de Solow, que trata um «investimento» com capital humano da mesma forma
que um investimento em capital físico e, por isso, sujeito a rendimentos decrescentes;
 A educação pode ser vista também como um factor de produção único que gera
externalidades que permitem que a economia ultrapasse os rendimentos decrescentes e
consiga um contínuo bem-estar;
 A educação pode ter um efeito directo no progresso tecnológico como um input
crítico para actividades inovadores, e talvez como um factor utilizado pelos empresários
para criar novas ideias e produtos tal como no modelo schumpeteriano de I/D

Só se as instituições forem compatíveis com à poupança, o investimento, a


intermediação financeira, o comércio internacional, o investimento internacional, o
investimento em capital humano, a inovação/as actividades de
investigação/desenvolvimento e um vasto leque de actividades criativas e empresariais é
que o crescimento/desenvolvimento pode ocorrer.

CONTROVÉRSIAS E DESAFIOS
Por vezes faz-se apelo de políticas que privam e alterem o processo de
crescimento/desenvolvimento. Pretende-se ir para além da retórica e de abordagens
emocionais na análise dos entraves ao crescimento/desenvolvimento seguindo um dos
seguintes argumentos:

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 Crescimento/desenvolvimento traz benefícios mas causa também privações e os
que delas padecem devem ser protegidos;
 Crescimento/desenvolvimento não pode continuar para sempre porque há
recursos limitados no mundo e a sua delapidação causa um declínio catastrófico do
bem-estar futuro.

Sem falhas não há crescimento e sem crescimento não há melhorias no nível de vida da
população e, por conseguinte desenvolvimento.

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