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06 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: GEOGRAFIA I

ARQUIPÉLAGOS E SURTOS

A INDÚSTRIA NO BRASIL com os demais países europeus aquilo que era produzido no Brasil – ou
seja, os poucos produtos tropicais de alto valor que produzíamos, tais
Desde o período colonial até os dias de hoje, o espaço geográfico como o pau-brasil, o açúcar, o ouro e as drogas do sertão (especiarias).
brasileiro tem sido palco de diversos processos socioeconômicos. Ao mesmo tempo, o pacto colonial impedia que o Brasil comprasse
Muitas dessas transformações são oriundas da industrialização qualquer produto de algum outro país que não fosse Portugal.
ocorrida em nosso país, cujo parque industrial se instalou de forma
Por fim, as regras desta política mercantilista vigente proibiam
tardia e problemática. Com efeito, apenas ao longo do século XX
a instalação de manufaturas e fábricas no Brasil, caso estas
o Brasil se consolida como um país urbano-industrial, passando
pudessem competir com a metrópole ou viessem a prejudicar
a ter relações de trabalho tipicamente capitalistas – ainda que se
seus interesses comerciais. Tais medidas se aprofundaram na
mantenha permeado por rugosidades e características oriundas
segunda metade do século XVIII quando, através do Alvará de
de seu longo passado agrário-exportador.
1785, o governo português proibiu formalmente o funcionamento
Configura-se, então, uma economia nacional (ainda que esta das poucas manufaturas existentes na colônia, visando não
continue a se expressar regionalmente) e o mercado interno passa atrapalhar a venda de tecidos e roupas (adquiridos da Inglaterra) e
a influenciar diretamente a dinâmica da economia do país. comercializados por portugueses no Brasil.
Em virtude disso, pode-se dizer que as limitações impostas pela
Rugosidades do espaço geográfico metrópole nos primórdios da colonização portuguesa retardaram o
Segundo o geógrafo Milton Santos, as ações dos seres surgimento das manufaturas e consolidaram o espaço brasileiro
humanos e suas respectivas sociedades tem causado uma série como um mero fornecedor de matérias-primas, o que levou ao
de marcas no espaço geográfico, que servem como registro de aprofundamento da Divisão Internacional do Trabalho e a um maior
suas técnicas, atividades, cultura e costumes. Tais registros seriam desequilíbrio nas relações comerciais entre os países. Durante todo
rugosidades, a exemplo de prédios antigos e outras construções, o período colonial o Brasil foi um exportador de produtos primários
como pirâmides e templos religiosos. E como algumas dessas e importador de manufaturados, tendo esse modelo perdurado por
construções materiais ainda existem até os dias de hoje, fariam o todo o Império e nas primeiras décadas da República, começando
papel de materializar a história no espaço, ao carregarem consigo a mudar somente a partir da Segunda Guerra Mundial, quando o
as marcas das civilizações que as produziram. aceleramento da industrialização modificou nossa pauta comercial.
Desta forma, o espaço geográfico brasileiro esteve durante
muito tempo marcado pela existência de arquipélagos econômicos
Ainda que não haja consenso quanto a esta periodização,
e por mecanismos econômicos baseados em atividades agrárias,
dividiremos aqui a história industrial do Brasil em quatro fases
no latifúndio, na monocultura e no trabalho servil, típicos de um
principais, sendo elas:
país agrário-exportador e escravocrata. Tais mecanismos nos
I. Fase de Proibição, que vai de 1500 a 1808;
levaram a desenvolver um processo tardio de industrialização, que
II. Fase de Implantação, que pode ser subdividida em dois
só iria se iniciar (e ainda assim de forma tímida) a partir de 1808.
períodos, sendo o primeiro de 1808 a 1850, e o segundo de
1850 a 1930;
III. Fase de Substituição de Importações, cujos momentos OS ARQUIPÉLAGOS ECONÔMICOS
principais são o período de 1930 a 1956, o de 1956 a 1961 Desde o período colonial e até as primeiras décadas do século
e o de 1964 a 1985; XX, a economia brasileira esteve organizada em torno de polos
IV. Fase de Abertura Econômica e Desnacionalização, que responsáveis por seus respectivos produtos de exportação. Isoladas,
tem marcado a indústria brasileira principalmente a partir autônomas e com baixíssimo grau de articulação entre si, as regiões
dos anos 1990. brasileiras constituíam verdadeiros “arquipélagos econômicos”
Em cada uma delas, o espaço geográfico nacional sofreu
transformações diferentes, resultantes das políticas e mecanismos
econômicos colocados em vigor pelos agentes públicos e privados.
Logo, a dinâmica industrial brasileira e a atual espacialização das
fábricas em nosso território é fruto de um longo processo, o qual
participaram distintos grupos sociais e que nos levou a um atraso
de mais de cem anos no desenvolvimento industrial em relação às
potências e líderes tecnológicos da ordem mundial vigente.

FASE DE PROIBIÇÃO (1500-1808)


Desde a revolução industrial do século XVIII, a atividade fabril se
tornou um pilar central de desenvolvimento do modelo capitalista.
Afinal, a ação das fábricas possibilitou expandir o volume de
mercadorias produzidas, permitindo maior acúmulo de capital por
parte dos países pioneiros no processo de industrialização.
Contudo, enquanto ingleses e outros europeus desenvolviam seu
parque industrial e fortaleciam suas economias, o Brasil se via impedido
de desenvolver um efetivo processo de industrialização – situação
semelhante à das demais colônias de exploração do continente
americano. Tal proibição era fruto do pacto colonial, instrumento pelo qual Cada uma delas se inseriu no mercado internacional a partir
a metrópole portuguesa obtinha exclusividade para retirar e comercializar do desenvolvimento de alguma atividade econômica específica

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e voltada para o mercado externo, o que formou um conjunto de • a Lei Eusébio de Queirós (1850), assinada por pressões
economias regionais espacialmente fragmentadas. britânicas e que permitiu que muitos capitais até
Assim, a ocupação do território brasileiro esteve por muito então utilizados na compra de escravos pudessem ser
tempo ligada ao desenvolvimento de ciclos econômicos baseados redirecionados para investimentos bancários e industriais,
na exportação dos nossos produtos primários. além de incentivar a chegada de mão de obra estrangeira;
• a Lei Áurea (1888), que aboliu a escravidão e incentivou a
ECONOMIA REGIONAL DO BRASIL formação de um sistema baseado na mão de obra livre e
assalariada.
(SÉCULOS XVI – XX) Para além desses três fatores, o principal impulso ao
Os arquipélagos econômicos brasileiros eram caracterizados desenvolvimento da indústria durante esta fase seria dado pela própria
pela autonomia e isolamento em suas práticas comerciais com atividade agrícola. Principal locomotiva da economia do Brasil entre o
produções que se destacaram em certos períodos: século XIX e o começo do século XX, a agricultura cafeeira necessitava
• Século XVI - Ciclo do Pau-Brasil / Ciclo da Cana-de-Açúcar. de uma eficiente rede de transportes, o que levou ao desenvolvimento
• Século XVII - Ciclo da Cana-de-Açúcar. de ferrovias para o escoamento da produção, do interior ao litoral. A
• Século XVIII - Ciclo do Ouro. economia cafeeira gerava altos lucros desde o fim da primeira metade
• Século XIX - Ciclo do Café. do século XIX, primeiro no Rio de Janeiro e depois – e principalmente –
em São Paulo. Com isso, os cafeicultores reinvestiam o capital obtido
na agricultura, mas também em manufaturas e no melhoramento
FASE DE IMPLANTAÇÃO (1808-1930) da infraestrutura urbana, como nos transportes, na iluminação, nos
No início do século XIX, o cenário na Europa era de turbulentas serviços portuários e em atividades bancárias.
disputas territoriais entre os países, com destaque para a crescente Assim, podemos dividir o período da implantação da indústria
rivalidade entre França e Inglaterra. Por conta disso, em 1806, o brasileira em dois momentos, no qual o primeiro, de 1808 a 1850, é
imperador francês Napoleão Bonaparte decidiu impor um Bloqueio marcado pelo surgimento de algumas poucas fábricas, em sua maioria
Continental, cujo objetivo era impedir o comércio dos demais países do ramo alimentício e têxtil, impulsionadas pela produção de matérias-
europeus com os ingleses. Aparentemente distante da realidade primas nacionais. Já o segundo, de 1850 a 1930, também conhecido
brasileira, esta medida viria a afetar diretamente os rumos da como período de surtos industriais, é caracterizado pela diversificação
nossa economia e sociedade. Afinal, profundamente dependentes dos ramos industriais, influenciados pela imigração estrangeira (o que
do comércio com a Inglaterra, os portugueses descumpriram as alargou o mercado de trabalho e consumo), pelo reinvestimento dos
ordens de Napoleão, tiveram seu território invadido e se viram, em lucros obtidos com a produção de café em São Paulo (o que melhorou
1808, obrigados a transferir a Corte para o Rio de Janeiro. a infraestrutura de transportes, urbana e industrial) e pelo fim do tráfico
A vinda da família real e da Corte portuguesa para o Brasil criou negreiro (o que disponibilizou capitais para outros investimentos).
novas necessidades materiais que não podiam ser sanadas apenas
com o que se produzia em solo nacional. Ademais, a manutenção Surtos industriais
do pacto colonial vigente até então inviabilizaria o acesso dos Surtos industriais são períodos de forte crescimento das
nobres portugueses a produtos de outros países – pois, de forma atividades fabris, mas que não caracterizam um processo de
ambígua, éramos colônia e sede da Coroa portuguesa. Com isso, arrancada efetiva rumo à industrialização. No Brasil, os primeiros
o príncipe regente Dom João tomou medidas que incluíram a surtos ocorreram na segunda metade do século XIX, com destaque
abertura dos portos às nações amigas e a liberação da atividade para a atuação de importantes empreendedores como o Barão
industrial no território brasileiro, numa tentativa de impulsionar as de Mauá (no eixo RJ-SP) e Delmiro Gouveia (em Pernambuco).
manufaturas nacionais. Impulsionados por medidas de proteção à indústria nacional, tais
Contudo, diversas razões levaram ao fracasso das iniciativas surtos permitiram o surgimento e a expansão de alguns setores
industrializantes surgidas no Brasil neste início de século XIX, industriais de necessidade mais imediata e de menor custo como
incluindo a falta de infraestrutura interna e a forte concorrência o alimentício, de tecidos e materiais de construção.
dos produtos importados, especialmente os oriundos da Inglaterra
– que, por conta do tratado de Comércio e Navegação, assinado No final do século XIX, o setor industrial brasileiro ainda era
em 1810, eram beneficiados por tarifas alfandegárias muito pequeno. Boa parte das “indústrias” sequer poderiam ser assim
baixas (15%), inferiores àquelas pagas por Portugal (16%) e os chamadas, pois não passavam de pequenos empreendimentos
demais países (24%). Com técnicas ainda rudimentares e mão de manufatureiros. Somente entre 1880 e 1900 é que surge aqui a
obra pouco especializada, as manufaturas brasileiras não tinham grande indústria fabril, caracterizada por alto investimento de
condições de competir com os produtos ingleses, que tinham capital, grande mecanização e expressivo número de trabalhadores.
melhor qualidade e chegavam com preço mais baixo. Além disso, a Tal tipo de indústria se expande a partir da Primeira Guerra Mundial
manutenção do regime escravista dificultava o desenvolvimento da (1914-1918), que ao dificultar as importações de produtos oriundos
técnica e impedia o crescimento do mercado consumidor. Por fim, de países europeus acabou estimulando o desenvolvimento da
havia ainda as dificuldades geradas pela dispersão geográfica da produção nacional, para suprir as necessidades do mercado
população brasileira que, em sua maioria rural, tornava o mercado interno. Ao final dos anos 1920 o espaço industrial brasileiro ainda
interno restrito, espacialmente fragmentado e desinteressante para era marcado pelo predomínio absoluto de indústrias de bens de
investimentos industriais. consumo não duráveis e investimentos de capital privado nacional.
Apesar de todas as dificuldades, algumas manufaturas
conseguiram prosperar ainda na primeira metade do século XIX, Manufaturas × Fábricas
com destaque para indústrias têxteis situadas no Rio de Janeiro, Manufatura - Representa a forma mais avançada da
em Minas Gerais, em Pernambuco e na Bahia. Ainda que o regime produção manual em que o artesão vendia a sua força de
escravocrata e o baixo incentivo político continuassem a ser dois trabalho para um comerciante que fornecia as ferramentas,
entraves centrais para o desenvolvimento da indústria nacional, a matéria-prima e o local de trabalho. Utilizavam poucas
estas e outras fábricas foram beneficiadas quando, a partir máquinas tendo grande dependência da força humana.
de meados do século XIX, novos elementos estimularam uma Maquinofatura - Aparecimento de máquinas no século
modernização das manufaturas brasileiras, tais como: XVIII em fábricas que substituíram a energia do homem pela
• a Tarifa Alves Branco (1844), que ao criar uma alíquota de energia a vapor e posteriormente pela elétrica tendo mais
44% sobre produtos importados aumentou a proteção aos gasto de capital e maior produtividade.
produtos nacionais;

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( ) Pau-brasil ( ) Drogas do sertão


( ) Cana-de-açúcar ( ) Mineração
EXERCÍCIOS ( ) Pecuária
PROPOSTOS O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) 1 – 3 – 2 – 5 – 4 d) 5 – 3 – 4 – 2 – 1
01. (UEL) TEXTO I: b) 2 – 1 – 3 – 5 – 4 e) 5 – 1 – 2 – 4 – 3
É impossível não partilhar a sensação de excitação, autoconfiança c) 2 – 5 – 1 – 4 – 3
e orgulho que empolgava os que viveram a época quando a estrada
de ferro ligou pela primeira vez o Passo de Calais ao Mediterrâneo e 03. (ENEM) "Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia
quando os trilhos percorreram o caminho do Oeste norte-americano, tinha acabado de passar por uma explosão populacional. Em pouco
o subcontinente indiano na década de 1860 e o interior da América mais de cem anos, o número de habitantes aumentara dez vezes."
Latina na década de 1870. Como podemos negar a admiração por GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma Corte corrupta
estas tropas de choque da industrialização que construíram tudo enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.
isso e que deixaram seus ossos ao longo de cada milha de trilhos? São Paulo: Planeta do Brasil, 2008 (adaptado).
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric J. A era do capital. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 74.)
A alteração demográfica destacada no período teve como causa
TEXTO II: a atividade:
Essa Maria Fumaça é devagar quase parada a) Cafeeira, com a atração da imigração europeia.
Ô seu foguista, bota fogo na fogueira b) Industrial, com a intensificação do êxodo rural.
Que essa chaleira tem que estar até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório, sim senhor c) Mineradora, com a ampliação do tráfico africano.
Se esse trem não chega a tempo d) Canavieira, com o aumento do apresamento indígena.
vou perder meu casamento e) Manufatureira, com a incorporação do trabalho assalariado.
Atraca, atraca-lhe carvão nessa lareira
Esse fogão é que acelera essa banheira...
(KLEITON e KLEDIR. Maria Fumaça. Acesso em: 15 set. 2009.) 04. (UNESP) Caracteriza-se como o maior vetor de ocupação
territorial no Brasil a partir de meados do século XIX, sendo
explicativa da gênese da concentração produtiva e populacional
ainda existente na atual conformação do território nacional.
Estabeleceu-se no vale do Rio Paraíba, avançando por décadas
sobre áreas de floresta Atlântica. Cabe assinalar que tal avanço
ocasionou um surto urbanizador na região Sudeste do Brasil,
no qual as ferrovias ganharam peso fundamental como agente
modernizador e indutor da ocupação de novas áreas.
(Antonio C. R. Moraes. Geografia histórica do Brasil, 2011. Adaptado.)

(Figura: MONET. Le train dans la neige. 1875. A atividade econômica associada à formação territorial do Brasil a
Disponível em: http://www.railart.co.uk/images/monet.jpg. Acesso: 22 maio 2009.)
qual o excerto se refere é
A difusão e distribuição das ferrovias no Brasil, ao longo do século a) a industrialização. d) a pecuária.
XIX, obedeceram a propósitos específicos.
b) a cafeicultura. e) a silvicultura.
Assinale a alternativa que identifica corretamente um desses
propósitos. c) a mineração.
a) Consolidar a integração do mercado interno ao romper o
isolamento dos diversos mercados regionais. 05. (UNESP) O dia em que o capitão-mor Pedro Álvares Cabral
b) Proporcionar crescente autonomia das atividades produtivas levantou a cruz [...] era a 3 de maio, quando se celebra a invenção
primárias em relação ao mercado mundial. da Santa Cruz em que Cristo Nosso Redentor morreu por nós, e
c) Dissolver a forma de organização do espaço geográfico por esta causa pôs nome à terra que se encontrava descoberta
nacional baseada nos arquipélagos econômicos regionais. de Santa Cruz e por este nome foi conhecida muitos anos. Porém,
d) Internalizar capitais norte-americanos aplicados na construção como o demônio com o sinal da cruz perdeu todo o domínio que
e administração das ferrovias tinha sobre os homens, receando perder também o muito que tinha
e) Incrementar os fluxos econômicos entre áreas produtoras de em os desta terra, trabalhou que se esquecesse o primeiro nome e
bens primários e portos exportadores. lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor
abrasada e vermelha com que tingem panos [...].
02. (PUCRS) Relacione a legenda do mapa abaixo com os principais (Frei Vicente do Salvador, 1627. Apud Laura de Mello e Souza. O Diabo e a Terra de
ciclos econômicos do Brasil Colonial e do Império. Santa Cruz, 1986. Adaptado.)

O texto revela que


a) a Igreja católica defendeu a prática do extrativismo durante o
processo de conquista e colonização do Brasil.
b) um esforço amplo de salvação dos povos nativos do Brasil
orientou as ações dos mercadores portugueses.
c) os nomes atribuídos pelos colonizadores às terras do Novo
Mundo sempre respeitaram motivações e princípios religiosos.
d) o objetivo primordial da colonização portuguesa do Brasil foi
impedir o avanço do protestantismo nas terras do Novo Mundo.
e) uma visão mística da colonização acompanhou a exploração
(Disponível em: http://geografalando.blogspot.com.br/2013/06/ dos recursos naturais existentes nas terras conquistadas.
migracoes-internas-no-brasil-os.html)

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06. (UNESP) É particularmente no Oeste da província de São A barbárie dos costumes, o paganismo e a violência cotidiana
Paulo – o  Oeste de 1840, não o de 1940 – que os cafezais foram atribuídos aos africanos ao mesmo tempo em que se justificava
adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de a sua escravização no Novo Mundo. A desumanização de suas práticas
exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no serviria como justificativa compensatória para a coisificação dos negros
modelo clássico da lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar. e para o uso de sua força de trabalho nas plantations da América.
A  silhueta antiga do senhor de engenho perde aqui alguns dos CLARO, Regina. Olhar a África. 2012 (Adaptado).
seus traços característicos, desprendendo-se mais da terra e da
tradição – da rotina rural. A terra de lavoura deixa então de ser As “plantations da América”, citadas no texto, correspondem a
o seu pequeno mundo para se tornar unicamente seu meio de a) Um esforço de coordenação da colonização ao redor do
vida, sua fonte de renda […]. Atlântico, com a aplicação de modelos econômicos idênticos
(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1987.) nas colônias ibéricas da América e da costa africana.
b) Uma estratégia de valorização, na colonização da América e
O “caráter próprio” das fazendas de café do Oeste paulista de 1840 na África, das atividades agrícolas baseadas em mão de obra
pode ser explicado, em parte, pelo escrava, com a consequente eliminação de toda forma de
a) menor isolamento dessas fazendas em relação aos meios urbanos. artesanato e de comércio local.
b) emprego exclusivo de mão de obra imigrante e assalariada. c) Um modelo de organização da produção agrícola caracterizado
c) desaparecimento das práticas de mandonismo local. pelo predomínio de grandes propriedades monocultoras, que
utilizavam trabalho escravo e destinavam a maior parte de sua
d) maior volume de produção de mantimentos nessas fazendas. produção ao mercado externo.
e) esforço de produzir prioritariamente para o mercado interno. d) Uma forma de organização da produção agrícola, implantada
nas colônias africanas a partir do sucesso da experiência de
07. (USP) A respeito dos espaços econômicos do açúcar e do ouro povoamento das colônias inglesas na América do Norte.
no Brasil colonial, é correto afirmar: e) Uma política de utilização sistemática de mão de obra de origem
a) A pecuária no sertão nordestino surgiu em resposta às africana na pecuária, substituindo o trabalho dos indígenas,
demandas de transporte da economia mineradora. que não se adaptavam ao sedentarismo e à escravidão.
b) A produção açucareira estimulou a formação de uma rede
urbana mais ampla do que a atividade aurífera. 10. (MACK) “ A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-
c) O custo relativo do frete dos metais preciosos viabilizou a se com o uso extensivo da mão de obra indígena (...) Do ponto de
interiorização da colonização portuguesa. vista dos portugueses, no período de escravidão indígena, o sistema
de relações de trabalho era algo que fora pormenorizadamente
d) A mão de obra escrava indígena foi mais empregada na elaborado. Tal período foi também aquele em que o contato entre os
exploração do ouro do que na produção de açúcar. europeus e o gentio começou a criar categorias e definições sociais e
e) Ambas as atividades produziram efeitos similares sobre a raciais que caracterizaram continuamente a experiência colonial.”
formação de um mercado interno colonial. SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial.
São Paulo: Cia das Letras, 2005, p. 57.

08. (UNESP) Em meados do século o negócio dos metais não


Sobre o trabalho escravo durante o período colonial é correto afirmar que
ocuparia senão o terço, ou bem menos, da população. O grosso
dessa gente compõe-se de mercadores de tenda aberta, oficiais a) o uso da mão de obra indígena estendeu-se durante todo o
dos mais variados ofícios, boticários, prestamistas, estalajadeiros, período colonial. No primeiro momento, durante a extração do
taberneiros, advogados, médicos, cirurgiões-barbeiros, burocratas, pau-brasil, os portugueses utilizavam o escambo. No segundo
clérigos, mestres-escolas, tropeiros, soldados da milícia paga. Sem momento, a partir da produção canavieira, foi organizada a
falar nos escravos, cujo total, segundo os documentos da época, escravidão dos povos indígenas.
ascendia a mais de cem mil. A necessidade de abastecer-se toda b) desde o primeiro contato com os portugueses, os indígenas
essa gente provocava a formação de grandes currais; a própria foram submetidos ao trabalho escravo. Seja na extração
lavoura ganhava alento novo. do pau-brasil seja na grande lavoura canavieira, o sistema
(Sérgio Buarque de Holanda. “Metais e pedras preciosas”. escravista baseado na mão de obra nativa predominou diante
História geral da civilização brasileira, vol 2, 1960. Adaptado.) de outras formas de trabalho.
c) a partir da necessidade de mão de obra para a produção
De acordo com o excerto, é correto concluir que a extração de canavieira, os povos indígenas foram submetidos à escravidão.
metais preciosos em Minas Gerais no século XVIII Porém, a partir da chegada dos primeiros grupos de africanos,
a) Impediu o domínio do governo metropolitano nas áreas de a escravidão indígena foi paulatinamente abandonada até
extração e favoreceu a independência colonial. chegar ao fim em meados do século XVII.
b) Bloqueou a possibilidade de ascensão social na colônia e d) a escravidão indígena foi implantada durante o chamado
forçou a alta dos preços dos instrumentos de mineração. Período Pré-colonial e tinha como objetivo usar o máximo de
mão de obra para a extração do pau-brasil. Com a implantação
c) Provocou um processo de urbanização e articulou a economia
da grande lavoura e a chegada dos africanos, a escravidão
colonial em torno da mineração.
indígena perdeu força e foi abandonada no século XVIII.
d) Extinguiu a economia colonial agroexportadora e incorporou a
e) após utilizar o trabalho indígena com o escambo, os portugueses
população litorânea economicamente ativa. recorrem à sua escravização. Isso se deve à necessidade
e) Restringiu a divisão da sociedade em senhores e escravos e portuguesa de mão de obra para a grande lavoura e à indisposição
limitou a diversidade cultural da colônia. indígena para o trabalho aos moldes europeus. No século XVII, é
substituída definitivamente pela escravidão africana.
09. (UNESP) Os diários, as memórias e as crônicas de viagens
escritas por marinheiros, comerciantes, militares, missionários GABARITO
e exploradores, ao lado das cartas náuticas, seriam as principais
fontes de conhecimento e representação da África dos séculos XV EXERCÍCIOS PROPOSTOS

ao XVIII. 01. E 03. C 05. E 07. C 09. C


02. E 04. B 06. A 08. C 10. A

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