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HISTÓRIA I
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS MODERNOS E ABSO-
LUTISMO: O PODER SAGRADO DOS SOBERANOS
Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto
de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de
soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os
adornos próprios à vestimenta real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com
a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real,
o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento
do público a figura de um rei despretensioso e distante do
poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos
O inglês Thomas Hobbes, autor de O Leviatã, legitimou o trajes reais em relação aos de outros membros da corte.
Absolutismo através da hipótese de que o homem é corrupto e mau e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica
por natureza, sendo as máximas “o homem é o lobo do homem” e do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do
“estado de guerra de todos contra todos” o resumo do pensamento corpo pessoal.
hobbesiano. De acordo com estas sentenças, a tendência do
indivíduo em estado de natureza seria a competição e destruição
02. (ENEM) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a
do seu próximo. A única forma de evitar a situação de barbárie,
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal.
típica do estado de natureza, seria abdicar da liberdade natural em
De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente
favor de uma organização social em que o Estado estabeleceria um
do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que
papel de tutela absoluta sobre os indivíduos: a liberdade em troca da
levem ao assassínio e ao roubo.
segurança vigiada pelo Estado.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.
Assim como Hobbes analisava a competição entre indivíduos no
estado de natureza, Hugo Grotius, considerado o pai das Relações No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a
Internacionais modernas, autor da obra Do Direito da Paz e da Guerra, Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem
estabelecia este princípio no nível das relações entre os Estados social, segundo esse autor, baseava-se na
europeus. Somente os Estados mais fortes, e na época de Grotius a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
o poder do Estado era proporcionalmente medido pelo seu grau
de Absolutismo, poderiam sobreviver nas competitivas relações b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
internacionais. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) retomaria c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
este tema no final do século XVIII, afirmando de modo idealista que d) neutralidade diante da condenação dos servos.
os Estados republicanos são propensos à paz. No século XX, autores
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
como Hans Morgenthau e Hedley Bull, conhecidos como “realistas”,
influenciados pelo pensamento hobbesiano, defenderiam a hipótese de
que as relações internacionais são decididas pelas relações de poder. 03. (ENEM) "O que se entende por Corte do antigo regime é, em
primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas
famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela
fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são
consignadas no registro das despesas do reino da França sob a
rubrica significativa de Casas Reais."
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS
ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.
06. (Enem PPL) O garfo muito grande, com dois dentes, que era De acordo com o texto,
usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não o a) Os homens são bons por natureza, mas a sociedade instiga a
garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI e difundiu- disputa e a competição entre eles.
se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso
só se generalizaria por volta de 1750. b) As sociedades dependem de pactos internos de funcionamento
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as
que diferenciem os homens bons dos maus.
estruturas do cotidiano. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado). c) Os castigos permitem que as pessoas aprendam valores
religiosos, necessários para sua convivência.
No processo de transição para a modernidade, o uso do objeto
descrito relaciona-se à d) As guerras são consequências dos interesses dos Estados,
preocupados em expandir seus domínios territoriais.
a) construção de hábitos sociais.
e) Os Estados controlam os homens, permitindo sua sobrevivência
b) introdução de medidas sanitárias. e o convívio social entre eles.
c) ampliação das refeições familiares.
d) valorização da cultura renascentista.
e) incorporação do comportamento laico.
09. (UNESP) Quando sucumbe o monarca, a majestade real não alto; deve-se acreditar que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe
morre só, mas, como um vórtice, arrasta consigo tudo quanto o sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição.
rodeia (...) Basta que o rei suspire para que todo o reino gema. Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), Política tirada da Sagrada Escritura. apud
Hamlet, 1603. Gustavo de Freitas, 900 textos e documentos de História
Essas palavras, pronunciadas por Rosencrantz, personagem de um Com base no texto, assinale a alternativa correta.
drama teatral de William Shakespeare, aludem a) O autor critica o absolutismo do rei e enfatiza o limite da sua
a) Ao absolutismo monárquico, regime político predominante nos autoridade em relação aos homens.
países europeus da Idade Moderna. b) Para Bossuet, o poder real tem legitimidade divina e não admite
b) À monarquia parlamentarista, na qual os poderes políticos nenhum tipo de oposição dos homens.
derivam do consentimento popular. c) Bossuet defende a autoridade do rei, mas alerta para as
c) Ao poder mais simbólico do que verdadeiro do rei, expresso limitações impostas pelas obrigações para com Deus.
pela máxima “o rei reina, mas não governa”. d) Os princípios de Bossuet defendem a soberania dos homens
d) À oposição dos Estados europeus à ascensão da burguesia e à diante da autoridade divina dos reis.
emergência das revoluções democráticas. e) O autor reconhece o direito humano de revolta contra o
e) À decapitação do monarca inglês pelo Parlamento durante as soberano que não se mostre digno de sua função.
Revoluções Puritana e Gloriosa.
GABARITO
10. (UNESP) (...) O trono real não é o trono de um homem, mas o
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
trono do próprio Deus. Os reis são deuses e participam de alguma
01. E 03. A 05. B 07. B 09. A
maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais
02. E 04. C 06. A 08. E 10. B
ANOTAÇÕES