Você está na página 1de 2

A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS, ABSOLUTISMO 1

Nicolau Maquiavel (1469-1527):


A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS historiador, poeta, diplomata florentino
NACIONAIS foi o autor de “O Príncipe”, onde
defendia o poder dos reis. De acordo com
1. A ALIANÇA ENTRE A MONARQUIA E as ideias deste livro, o governante
BURQUESI poderia fazer qualquer coisa em seu
território para conseguir a ordem. De
Durante boa parte do período medieval a figura do rei parecia acordo com o pensador, o rei poderia
distante, simbólica e quase mítica, mas faltava-lhe poder de usar a violência, dissimulação e a demagogia para atingir seus
fato, ainda com os francos, Carlos Magno tentou no Sacro objetivos, o poder. É dele um jargão muito utilizado até os dias
Império criar uma administração ágil, dividiu os domínios em de hoje: “Os fins justificam os meios”.
condados e marcos, supervisionados pelos missi dominici, de
acordo com seu intento o poder chegaria aos mais distantes
rincões do estado. Contudo, seus sucessores, seus netos,
dividiram seu legado através do Tratado de Verdun no século
IX, a ideia de Magno se perdeu no tempo. Jean Bodin (1530-1596): jurista e filósofo
francês, utiliza uma argumentação de
A ação administrativa partia dos grandes senhores feudais, o traço fortemente religioso para defender
poder do rei era apenas simbólico, a Idade Moderna chegou o regime monárquico. Segundo o próprio
com um novo elemento social, o burguês, e este disposto a autor, “todas as leis da natureza nos
realizar suas transações comerciais em um estado que carecia guiam para a monarquia; seja
de um elemento organizador. Neste contexto foi desenhada a observando esse pequeno mundo que é
aliança entre a monarquia e a burguesia na construção dos nosso corpo, seja observando esse
Estados Nacionais Modernos. grande mundo, que tem um soberano Deus; seja observando
o céu, que tem um só Sol”. Por isso, esse teórico absolutista
será considerado um dos defensores do “direito divino dos
2. OS ELEMENTOS DOS ESTADOS NACIONAIS reis”.
MODERNOS
 Exército regular: os exércitos medievais eram Thomas Hobbes (1588-1679): filósofo
formados por senhores feudais e o rei dependia de inglês escreveu o livro Leviatã, título que
sua corte para se defender ou atacar, quando não se refere ao monstro bíblico que
pudesse contar com seus nobres teria que recorrer ao governava o caos primitivo. Na obra livro,
auxílio de tropas mercenárias. Hobbes compara o Estado a um monstro
todo-poderoso especialmente criado para
 Corpo Administrativo: funcionários, geralmente acabar com a anarquia da sociedade
elementos sua corte, para fiscalizar as leis, cobrar primitiva. Segundo ele, nessas sociedades o “homem era o lobo
impostos e fortalecer a Fazenda Real. do próprio homem”, vivendo em constantes guerras e
matanças, cada qual procurando garantir a sua própria
 Sistema de pesos e medidas: importante para se sobrevivência. Só havia uma solução para acabar com a
organizar minimamente um estado, tinha apoio brutalidade: entregar o poder a um só homem – o rei. Esse rei
irrestrito da burguesia.
governaria a sociedade, eliminando a desordem e dando
segurança à população. Essa é a teoria do contrato social.
3. O ABSOLUTISMO
As transformações ocorridas com o advento do capitalismo Jacques Bossuet (1627-1704): bispo
comercial exigiam mudanças políticas significativas, assim francês enfatizou a teoria da origem
surgiu o Absolutismo, em linhas gerais se traduziu na divina do poder do rei. Segundo Bossuet,
cristalização do poder nas mãos do rei com apoio financeiro da o rei era um homem predestinado por
burguesia, com a nobreza auxiliando-o na administração estatal Deus para subir ao trono e governar toda
e a Igreja apoiando-o com o suporte ideológico, coroando os a sociedade. Por isso, não precisava dar
monarcas. O absolutismo também ficou conhecido como explicações a ninguém sobre suas
Antigo Regime, e/ou na máxima: Um rei, uma lei e uma fé. atitudes. Só Deus poderia julgá-las. Bossuet criou uma frase que
se tornou verdadeiro lema do Estado absolutista: Um rei, uma
fé, uma lei.
Os teóricos do Absolutismo

4. AS MONARQIAS NACIONAIS EUROPÉIAS

Portugal
Pioneiro no processo de formação das monarquias nacionais, a
história de Portugal esta diretamente ligada à Guerra de

www.cursounipre.com.br Preparatório para Concursos Militares


(21) 4101-1013 ESPCEx
A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS, ABSOLUTISMO 2

Reconquista (expulsão dos mouros – muçulmanos – da Após a derrota para a França na Guerra dos Cem Anos
Península Ibérica) em 1094. O estado originou-se de um dote (1337/1453), inicia-se uma guerra civil de sucessão entre duas
dado ao nobre Henrique de Borgonha pelo rei de Castela e Leão dinastias, A Guerra dos Trinta Anos ou Duas Rosas (1455/1485)
Afonso VI, pelos seus préstimos no combate aos islâmicos. Em – York e Lancaster – finalizando com a ascensão de uma nova
1139, o filho de D. Henrique, Afonso Henriques proclama a dinastia, a Tudor, de Henrique VII. Os reis mais poderosos desta
independência de Portugal. O primeiro monarca promoveu dinastia foram Henrique VIII, criador da Igreja Anglicana, e
fortemente o povoamento do território e sufocou as tentativas Elizabeth I, que impôs a derrota à Invencível Armada espanhola.
de reação da fidalguia.
No ano de 1383, morre o último rei da dinastia de Borgonha, D.
Fernando, o Formoso, a Coroa portuguesa ficou ameaçada de França
ser anexada pelos soberanos de Leão e Castela, parentes do rei A França tentava derrubar os obstáculos impostos pela
morto. Os portugueses não desejavam que seu país fosse economia feudal e a monarquia centralizada na figura do rei
governado por um rei estrangeiro. A burguesia, por sua vez, aparecia como uma alternativa possível para romper os
temia ver seus interesses comerciais prejudicados pelos nobres entraves da servidão (que perdurou até a Revolução Francesa)
castelhanos. e a descentralização política. A Igreja apoiava os monarcas, o
Para evitar a perda da independência, os portugueses que possibilitou nos séculos seguintes a crença na Teoria do
aclamaram D. João, meio- irmão do rei morto, como novo rei. Direito Divino, utilizada para justificar o Absolutismo francês.
João, mestre da cidade de Avis, venceu os “espanhóis” e A dinastia responsável pela centralização do poder foi a
assumiu o trono. O apoio financeiro da burguesia foi decisivo Capetíngia, cabendo a Felipe Augusto a criação de uma primeira
nessa vitória. Assim, durante toda a dinastia Avis, os reis burocracia francesa, a quem cabia a fiscalização e cobrança de
favoreceram e apoiaram as atividades burguesas. tributos.
Apesar de ter uma postura crítica em relação ao feudalismo, a
Espanha monarquia utilizava-se de princípios daquele sistema quando
lhe era favorável, a Coroa exigia a obrigatoriedade de
A formação da monarquia espanhola também está ligada a juramento de fidelidade e lealdade nas cerimônias de
Guerra de Reconquista, em 1469, ocorre o casamento entre os homenagem ao “suserano dos suseranos”. A Igreja também foi
príncipes católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, o submetida ao poder do monarca, com a vitória na guerra dos
término do processo de unificação espanhola se deu com a cem anos, a França consolidou a centralização do poder.
queda do último reduto mouro península, a cidade de Granada,
A dinastia mais poderosa da França foi a Bourbon, inaugurada
em 1º. de janeiro de 1492. No século XVI, com Carlos I, a
por Henrique de Navarra, que ser tornara Henrique IV, para
Monarquia Espanhola fortaleceu-se ainda mais.
chegar ao trono o príncipe de Navarra esteve envolvido na
Depois de se livrar da presença sarracena no Estado recém famosa Guerra dos 3 Henriques – Henrique III(o último rei dos
criado, a Espanha passou a promover uma corrida colonialista Valois), Henrique de Guise (líder dos católicos) e Henrique de
com vizinho ibérico, sendo a responsável pela descoberta do Navarra, o conflito perpassou pela luta entre protestantes
continente americano em outubro de 1492. Diferente de (huguenotes) versus católicos. O monarca mais importante
Portugal que buscou novos caminhos pelo Atlântico para a desta dinastia foi Luís XIV, também conhecido como o “rei sol”,
conquista das Índias através do contorno da África, a Espanha neto de Henrique IV.
dedicou-se a buscar caminhos pelo ciclo oriental das
navegações, o projeto de Cristóvão Colombo.

Inglaterra
No século XIII, a Inglaterra era governada por uma família
normanda, vinda da parte continental que hoje compõe o
território francês, que chegou ao poder pelo caminho das
armas, daí então o reconhecimento de sua força desde o
princípio. Amparado pelo poderio militar incontestável e com o
governante estrangeiro sem ligações com as classes
dominantes locais, a busca pela centralização era evidente.
O rei Guilherme buscou fortalecer ainda mais o seu poder ao
aliançar-se aos plebeus livres, porém seus sucessores, a dinastia
– Plantageneta, optaram pelo enrijecimento do poder real
frente à população. Nascia ali a commom law ou lei comum a
todo território inglês e a fiscalização de seu cumprimento pelos
juízes nomeados pelo soberano. Tais governos caracterizaram-
se por altos gastos e aumento de impostos, o que culminou na
imposição pelos nobres, em 1215, de um conjunto de normas
que definiam os direitos do povo sobre o soberano: a Magna
Carta, o primeiro esboço constitucional que se tem notícia.

www.cursounipre.com.br Preparatório para Concursos Militares


(21) 4101-1013 ESPCEx

Você também pode gostar