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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE HISTÓRIA

Braune João Paulo

ESPANHA NO SÉC. XVI E XVII

Quelimane
2023
Braune João Paulo

ESPANHA NO SÉC. XVI E XVII

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentada no Departamento Educação, na
cadeira de História da idade Media, péla:

Dr. José Gopa Muchacuar

Quelimane
2023
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................... 1

2 Espanha no séc. XVI e XVII ............................................................................................... 2

2.1 Império Espanhol ......................................................................................................... 2

2.2 O Século de Ouro (1521-1643) .................................................................................... 4

2.2.1 Da batalha de Pavia para a Paz de Augsburgo (1521-1555)................................. 6

2.2.2 De San Quentin de Lepanto (1556-1571) ............................................................. 8

2.2.3 O Reino em apuros (1571-1598) ........................................................................ 10

2.2.4 União Ibérica (1580-1640) ................................................................................. 11

2.2.5 "Deus é Espanhol" (1598-1626) ......................................................................... 12

2.2.6 O caminho para Rocroi (1626–1643) ................................................................. 13

3 Conclusão ......................................................................................................................... 16

4 Referencias bibliográficas ................................................................................................ 17


1. Introdução

A história da humanidade é marcada por impérios que moldaram o curso dos acontecimentos
globais, e entre essas narrativas grandiosas, o Império Espanhol destaca-se como uma das jóias
da coroa. Das margens da Península Ibérica, ergue-se uma força que se estende por territórios
distantes e heterogêneos, transcendendo fronteiras geográficas e culturais. Do final do século
XV ao início do XIX, a Espanha desfrutou de uma posição de poder e influência que se estendia
por diferentes continentes e oceanos.

A ascensão do Império Espanhol foi sustentada por uma intrincada tapeçaria de factores, desde
as uniões dinâmicas que unificaram reinos e territórios, até a exploração e conquista de vastas
áreas ultramarinas. A união de Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, os chamados Reis
Católicos, solidificou não apenas a coesão política e religiosa, mas também a complexidade
administrativa que permitiu a preservação das identidades regionais enquanto se estabelecia
uma rede de influência global.

Ao longo do Século de Ouro, que se estendeu do início do século XVI ao século XVII, o Império
Espanhol testemunhou um florescimento sem precedentes nas artes e nas ciências. Enquanto a
riqueza fluía das Américas para a Europa, os centros culturais da Espanha tornaram-se
catalisadores para a criação artística e intelectual. A abundância de ouro e prata extraídas das
"Índias" financiou não apenas as empreitadas imperiais, mas também os patronatos artísticos
que deram origem às obras-primas que perduram até hoje.

No entanto, a grandeza do Império Espanhol também foi marcada por desafios intrínsecos e
externos. A vastidão geográfica e cultural do império gerou complicações administrativas e
sociais, desafiando os líderes a encontrar um equilíbrio entre a unidade e a diversidade. Além
disso, as rivalidades internacionais e a luta pelo poder na Europa colocaram à prova a resiliência
do império, especialmente em suas fronteiras orientais e marítimas.

Este trabalho explora o Império Espanhol em suas múltiplas dimensões: desde a expansão
territorial até a coexistência de identidades locais, desde as conquistas até as criações culturais.
Analisaremos como a Espanha alcançou e manteve o título de império global, os desafios que
abandonaram ao longo desse percurso e, finalmente, os fatores que adoeceram para seu declínio.
A história do Império Espanhol é uma janela para compreendermos a complexidade das
humanas em um mundo em transformação constante.

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2 Espanha no séc. XVI e XVII
2.1 Império Espanhol

O Império Espanhol (em castelhano: Império Hispânico), conhecido como Monarquia


Hispânica e Monarquia Católica, foi um dos maiores impérios da história. Do final do século
XV até o início do XIX, a Espanha controlava um enorme território ultramarino no Novo
Mundo e no arquipélago asiático das Filipinas, o que eles chamavam de "Las Índias". Inclui
também territórios na Europa, África e Oceânia. O Império Espanhol foi descrito como o
primeiro império global da história, uma descrição também dada ao Império Português. Foi o
império mais poderoso do mundo entre o século XVI e a primeira metade do XVII, atingindo
sua extensão máxima no XVIII. Foi o primeiro a ser chamado de "o império no qual o Sol nunca
se põe”. Castela tornou-se o reino dominante na Península Ibérica por causa de sua jurisdição
sobre o império ultramarino nas Américas e nas Filipinas. A estrutura do império foi
estabelecida sob os Habsburgos espanhóis (1516-1700) e sob os monarcas Bourbon espanhóis,
o império foi trazido sob maior controle e aumentou suas receitas das Índias. A autoridade da
coroa nas Índias foi ampliada pela concessão papal de poderes de patronato, o que deu-lhe poder
na esfera religiosa. Um elemento importante na formação do império espanhol foi a união
dinástica entre Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, conhecidos como os Reis Católicos,
que iniciaram a coesão política, religiosa e social, mas não a unificação política. Os reinos
ibéricos mantiveram suas identidades políticas, com administração e configurações jurídicas
particulares.

Embora o poder do monarca soberano espanhol variasse de um território a outro, o monarca


agia de maneira unitária sobre todos os territórios do soberano através de um sistema de
conselhos: a unidade não significava uniformidade. Em 1580, quando Filipe II da Espanha
sucedeu ao trono de Portugal (como Filipe I), ele estabeleceu o Conselho de Portugal, que
supervisionava Portugal e seu império e "preservava suas próprias leis, instituições e sistema
monetário, e unidos apenas em compartilhar com o soberano comum".A União Ibérica
permaneceu em vigor até 1640, quando Portugal derrubou o domínio dos Habsburgos e
restabeleceu a independência sob a Casa de Bragança. Sob Filipe II, a Espanha, em vez do
império dos Habsburgos, foi identificada como a nação mais poderosa do mundo, superando
facilmente a França e a Inglaterra. Além disso, apesar da repressão de outros Estados europeus,
a Espanha manteve sua posição de domínio com aparente facilidade. O Tratado de Cateau-
Cambrésis (1559) confirmou a herança de Filipe II na Itália (o Mezzogiorno e o Ducado de
Milão). As reivindicações espanholas sobre Nápoles e Sicília, no sul da Itália, remontam à
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presença aragonesa no século XV. Após a paz alcançada em 1559, não haveria revoltas
napolitanas contra o domínio espanhol até 1647. O Ducado de Milão permaneceu formalmente
parte do Sacro Império Romano, mas o título de Duque de Milão foi entregue ao rei da Espanha.
A morte do imperador otomano Suleimão, o Magnífico, em 1566, e a vitória naval sobre o
Império Otomano na Batalha de Lepanto, em 1571, deram à Espanha uma reivindicação de ser
a maior potência não apenas na Europa, mas também no mundo.

O Império Espanhol nas Américas foi formado após a conquista de grandes extensões de terra,
começando com Cristóvão Colombo nas ilhas do Caribe. No início do século XVI, conquistou
e incorporou os impérios Asteca e Inca, mantendo as elites indígenas leais à Coroa espanhola e
convertendo-as ao cristianismo como intermediários entre suas comunidades e o governo real.
Após um curto período de delegação da autoridade nas Américas, a Coroa reivindicou o
controle sobre esses territórios e estabeleceu o Conselho das Índias para supervisionar o
governo de lá. Alguns estudiosos consideram o período inicial da conquista espanhola como o
mais marcante caso de genocídio na história da humanidade. O número de mortos pode ter
atingido cerca de 70 milhões de povos indígenas (de 80 milhões) neste período. No entanto,
outros estudiosos acreditam que a grande maioria das mortes indígenas se deve à baixa
capacidade imunológica das populações nativas em resistir a doenças exógenas.Muitas tribos
nativas e suas culturas foram totalmente eliminadas pela epidemia de doenças. O saque dos
impérios das Américas pelos conquistadores espanhóis permitiu que a Espanha financiasse a
perseguição religiosa na Europa por mais de um século. As guerras espanholas de conquista
incluíram a devastação de grande parte dos Países Baixos e uma tentativa desastrosa de invadir
a Inglaterra protestante.

A estrutura de governança de seu império ultramarino foi significativamente reformada no final


do século XVIII pelos monarcas Bourbon. Embora a Coroa tentasse manter seu império como
um sistema econômico fechado sob o domínio dos Habsburgos, a Espanha era incapaz de
abastecer as Índias com bens de consumo suficientes para atender à demanda, de modo que os
comerciantes estrangeiros de Gênova, França, Inglaterra, Alemanha e Países Baixos
dominavam o comércio, com prata das minas do Peru, Bolívia e México fluindo para outras
partes da Europa. A guilda mercante de Sevilha (e mais tarde Cadiz) serviu como intermediária
no comércio. O monopólio comercial da Coroa foi quebrado no início do século XVII. A
Espanha foi incapaz de defender os territórios que reivindicou nas Américas, com holandeses,
ingleses e franceses a tomar ilhas do Caribe para usá-las para se engajar no comércio de
contrabando com a população espanhola nas Índias. No século XVII, o desvio da receita de
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prata para pagar os bens de consumo europeus e os custos crescentes de defesa de seu império
significavam que "os benefícios tangíveis da América à Espanha estavam diminuindo ... em um
momento em que os custos do império subiam acentuadamente". A monarquia dos Bourbon
tentou expandir as possibilidades de comércio dentro do império, permitindo o comércio entre
todos os portos, e tomou outras medidas para reviver a atividade econômica em benefício da
Espanha. Os Bourbons haviam herdado "um império invadido por rivais, uma economia
destituída de manufaturas, uma coroa privada de receita ... [e tentava reverter a situação]
taxando colonos, apertando o controle e combatendo estrangeiros. No processo, eles
conquistaram lucros, mas perderam um império". A invasão napoleônica da Península Ibérica
precipitou as Guerras Hispano-Americanas de Independência (1808-1826), que resultaram na
perda de suas mais valiosas colônias. Em suas antigas colônias nas Américas, o espanhol é a
língua dominante e o catolicismo romano a religião principal, permanecendo como legados
culturais do Império Espanhol.

2.2 O Século de Ouro (1521-1643)

O período a partir da segunda metade do século XVI e a primeira do século XVII é conhecido
como o Século de Ouro pelo florescimento das artes e das ciências.

Durante o século XVI, a Espanha chegou a ter uma verdadeira fortuna em ouro e prata extraídos
das "Índias". Foi dito durante o reinado de Filipe II que "o Sol não se punha no Império", porque
ele era suficientemente espalhado pelo mundo, que teria sempre uma área com luz solar. Este
império, impossível de governar, tinha o seu centro em Madri sede da Corte de Filipe II, sendo
Sevilha o ponto fundamental a partir do qual se organizavam as possessões ultramarinas.

Como resultado dos casamentos política dos Reis Católicos e dos casamentos estratégicos de
seus filhos, seu neto, Carlos I herdou a Coroa de Castela na Península Ibérica e uma nascente
império castelhano na América (herdada de sua avó Isabel); as possessões da Coroa de Aragão
no Mediterrâneo italiano e ibérico (de seu avô Fernando); as terras dos Habsburgo na Áustria,
na qual ele incorporou a Boêmia e a Silésia tornando-se depois de uma acirrada eleição com
Francisco I da França, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, com o nome de Carlos
V da Alemanha; além dos Países Baixos no qual conquistou novas províncias e o Franco
Condado, herdado da sua avó Maria de Borgonha; conquistou pessoalmente a Tunísia e numa
disputa com a França a região da Lombardia. Era um império constituído por um conglomerado
de territórios herdados, anexados ou conquistados.

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A dinastia Habsburgo gastava as riquezas castelhanas (já desde o tempo de Carlos V, mas em
maior quantia depois de Filipe II), as americanas, em guerras por toda a Europa com o objetivo
principal de proteger os territórios adquiridos, os interesses dos mesmos, a causa católica e, por
vezes, apenas por interesses dinásticos. Tudo isso levou a frequente falta de pagamento das
dívidas aos banqueiros, o primeiro aos alemães e posteriormente aos genoveses, e levou a
Espanha à falência. Os objetivos políticos da Coroa eram vários:

✓ Acesso aos produtos americanos (ouro, prata) e asiáticos (porcelana, especiarias seda);
✓ Deteriorar o poder da França e interrompê-la em suas fronteiras orientais;
✓ Manter a hegemonia dos católicos Habsburgo na Alemanha, defendendo o catolicismo
contra a Reforma Protestante;
✓ Para defender a Europa contra o Islã, especialmente impondo-se ao Império Otomano.
Além disso, esforçou-se para neutralizar a pirataria bérbere, que assolava as possessões
espanholas e italianas do Mediterrâneo.

Confrontados com a decisão de Carlos I de concentrar a maioria das causas de seu império no
mais rico de seus reinos, o de Castela, no qual não agradava aos castelhanos que não queriam
contribuir com ouro, prata ou cavalos para as guerras europeias que eram lutadas no estrangeiro,
e afrontados com um crescente absolutismo por parte do rei começou uma insurgência que ainda
é celebrada todos os anos chamada Guerra dos Comuneros, em que os rebeldes foram
derrotados.

Filipe I da Espanha e V da Alemanha, em seguida, tornou-se o homem mais poderoso da Europa


em um império europeu que só seria comparável em tamanho ao de Napoleão. O imperador
tentou acabar com a Reforma Protestante na Dieta de Worms, mas Lutero renunciou-se a
renegar sua heresia. Ferrenho defensor dos católicos, durante o seu reinado se produziu, no
entanto, o que foi apelidado de saque de Roma, quando as suas tropas fora de controle, atacaram
a Santa Sé após o Papa Clemente VII se juntar à Liga de Cognac contra ele.

Apesar do fato de Carlos I ser flamengo e sua língua materna ser o francês, passou por um
processo de espanholização ou mais especificamente, castelhanização. Então, quando ele
conheceu o papa, falou em espanhol e depois, quando ele recebeu o embaixador da França, o
diplomata ficou surpreso que ele não usara sua língua materna, no que o imperador lhe
respondeu: "Não me importa que não me entendas. Falo em minha língua espanhola, que é tão
bela e nobre que deveria ser conhecida em toda a cristandade". Esta frase tocou o íntimo dos

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espanhóis e, séculos mais tarde, ainda se usa o ditado "Que fale em cristão", quando um
espanhol pretende traduzir o que ele disse.

2.2.1 Da batalha de Pavia para a Paz de Augsburgo (1521-1555)

Na América, depois de Colombo, a colonização do Novo Mundo passou a ser dirigida por uma
série de guerreiros-exploradores conhecidos como os Conquistadores. Algumas tribos
indígenas estavam algumas vezes em guerra umas com as outras e muitos delas se mostraram
dispostas a formar alianças com os espanhóis para derrotar os inimigos mais poderosos como
os Astecas ou os Incas. Este feito foi facilitado pela propagação de doenças comuns na Europa
(por exemplo, varíola), mas desconhecidas no Novo Mundo, que dizimou os povos nativos da
América.

Os conquistadores mais bem-sucedidos foram Hernán Cortés, que entre 1519 e 1521, com cerca
de 200 000 aliados ameríndios, derrotou o Império Asteca, num momento que este foi arrasado
pelo varíola,[27] e conquistou o México, que se tornaria a base do Vice-Reino da Nova Espanha.
E Francisco Pizarro que venceu o Império Inca em 1531 quando ele estava profundamente
desorganizado por causa da guerra civil e da epidemia de varíola de 1529.[28] Esta conquista
se tornaria o Vice-Reino do Peru.

Após a conquista do México, as lendas sobre as cidades 'douradas' (Cibola na América do Norte,
El Dorado na América do Sul) originou numerosas expedições, mas muitas delas voltaram sem
encontrar nada, e as que encontraram algo era com muito menos valor do que o esperado. No
entanto, a extracção de ouro e prata foi uma actividade económica importante do Império
Espanhol na América, estimado em 850 000 quilos de ouro e mais de cem vezes essa quantidade
em prata durante o período colonial.[29] O comércio de outras mercadorias não foi menos
importante, como a cochonilha, a baunilha, o cacau, o açúcar (a cana de açúcar foi trazida para
a América, onde ela era mais produtiva que no sul da Península, onde havia sido introduzida
pelos árabes).

A exploração deste novo mundo, conhecida como Índias Ocidentais foi intensa, realizando
proezas como a primeira circum-navegação do globo em 1522 por Juan Sebastián Elcano ( que
substituiu Fernando de Magalhães, promotor da expedição que morreu no caminho).

Na Europa, sentindo-se pressionado pelas posses dos Habsburgo, Francisco I da França invadiu
em 1521 as possessões espanholas na Itália e iniciou uma nova era de hostilidades entre a França
e a Espanha, restando a Henrique II de Navarra, para recuperar o reino conquistado pelos

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espanhóis. Um levantamento da população de Navarra, na entrada da cidade, de 12 000 homens
comandados pelo general Asparrots, Andrés de Foix, recuperou em poucos dias todo o reino
com poucas vítimas. Mas o exército imperial foi reconstituído rapidamente, formando cerca 30
000 soldados bem equipados, incluindo muitos dos comuneros presos que o fizeram para
reduzir suas penas. O general Asparrots, em vez de consolidar o reino, foi sitiar Logroño, no
qual os Navarro-gascones sofreram uma severa derrota na sangrenta Batalha de Esquiroz,
deixando o controle da Navarra nas mãos da Espanha.

Por outro lado, na fronte da guerra da Itália, foi um desastre para a França, que sofreu grandes
derrotas em Bicocca (1522), Pavia (1525) em que Francisco I e Henrique II foram capturados
e Landriano (1529) antes que Francisco I vacilasse e deixasse Milão cair novamente em
domínio espanhol.

A vitória de Carlos I, na Batalha de Pavia em 1525, surpreendeu muitos italianos e alemães, em


demonstrar o seu empenhamento em obter o máximo possível de poder. O Papa Clemente VII
mudou de lado, e juntou forças com a França e os Estados emergentes italianos contra o
Imperador, na Guerra da Liga de Cognac. A a Paz de Barcelona, assinada entre Filipe I e o Papa,
em 1529, estabeleceu uma relação mais cordial entre os dois governos e de fato, clamava a
Espanha como defensora da causa católica e reconhecia Carlos como Rei da Lombardia em
recompensa pela intervenção espanhola contra a rebelde República de Florença.

Em 1528, o grande almirante Andrea Doria se aliou com o Imperador para derrotar a França e
restabelecer a independência genovesa. Isto abriu uma nova perspectiva: neste ano aconteceu o
primeiro empréstimo dos bancos genoveses a Filipe I.

A colonização americana continuava a todo vapor. Santa Fé de Bogotá foi fundada durante a
década de 1530 e Juan de Garay fundou Buenos Aires em 1536. Na década de 1540, Francisco
de Orellana explorou a selva e chegou à Amazônia. Em 1541, Pedro de Valdivia, continuou a
exploração de Diego de Almagro a partir do Peru, e instituiu a Capitania Geral do Chile. Nesse
mesmo ano, foi concluída a conquista do Império Muisca, que ocupava o centro da Colômbia.

Como consequência da defesa que a Escola de Salamanca e Bartolomé de las Casas fizeram
dos nativos, a Espanha teve pressa de fazer leis para protegê-los em suas colônias americanas.
As Leis de Burgos de 1512 foram substituídas pelas Leis Novas das Índias em 1542. No entanto,
muitas vezes eram muito difíceis de pôr em prática essas leis, um padrão seguido por outras
nações europeias.

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Em 1543, Francisco I da França anunciou uma aliança sem precedentes com o sultão otomano
Solimão, o Magnífico, para ocupar a cidade de Nice, sob controle espanhol. Henrique VIII da
Inglaterra, que tinha mais rancor contra a França do que contra o Imperador, apesar da oposição
deste ao divórcio de Henrique com sua tia, se uniu com o imperador na sua invasão da França.
Embora as tropas imperiais tenham sofrido algumas derrotas como em Ceresole, o imperador
conseguiu que a França aceitasse as suas condições. Os austríacos, liderados pelo irmão mais
novo do Imperador Carlos, continuaram lutando contra o Império Otomano pelo leste. Enquanto
isso, Filipe I se preocupou em solucionar um velho problema: a Liga de Esmalcalda.

A Liga tinha como aliados os franceses, e os esforços para minar a sua influência na Alemanha
foram rejeitadas. A derrota francesa em 1544 quebrou sua aliança com os protestantes e Filipe
I se aproveitou dessa oportunidade. Primeiro tentou a via da negociação no Concílio de Trento
em 1545, no entanto os líderes protestantes, sentindo-se traídos pela atitude dos católicos no
concílio, foram para a guerra liderados por Maurício de Sajonia. Em resposta, Filipe I invadiu
a Alemanha à frente de um exército hispano-holandês. Ele esperava restaurar a autoridade
imperial. O imperador pessoalmente impôs uma derrota decisiva aos protestantes, a histórica
Batalha de Mühlberg em 1547. Em 1555 assinou a Paz de Augsburgo com os estados
protestantes, que restaurou a estabilidade na Alemanha, ao abrigo do princípio Cuius regio, eius
religio ( "Quem tem a região impõe religião"), uma posição impopular entre os cleros italiano
e espanhol. O empenho de Carlos na Alemanha concedeu à Espanha o papel de defensor da
causa católica dos Habsburgo no Sacro Império Romano-Germânico.

Entretanto, o Mediterrâneo se tornou um campo de batalha contra os turcos, que incentivavam


piratas como Barbarossa. Filipe I preferiu eliminar os otomanos através da estratégia marítima,
através de ataques em seus assentamentos nos territórios venezianos do leste do Mediterrâneo.
Apenas em resposta aos ataques na costa de Levante, o Imperador conduziu pessoalmente
ofensivas no continente africano com expedições em Túnis, Bona (1535) e Argel (1541).

2.2.2 De San Quentin de Lepanto (1556-1571)

O Imperador Carlos dividiu suas possessões com seu único filho legítimo, Filipe II, e seu irmão
Fernando (para quem ele deixou o Império Austríaco). Para Filipe II, Castela foi a base do seu
império, mas o povo de Castela nunca foi grande o suficiente para fornecer as tropas necessárias
para sustentar o Império. Após o casamento do Rei, com Maria Tudor, a Inglaterra e Espanha
se tornaram aliados.

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A Espanha não conseguiu ter paz quando chegou ao trono o agressivo Henrique II de França
em 1547, que imediatamente retomou o conflito com a Espanha. Filipe II continuou a guerra
contra a França, esmagando o exército francês na Batalha de San Quintín na Picardia em 1558
e derrotando Henrique novamente na Batalha de Gravelines. A Paz de Cateau-Cambrésis,
assinada em 1559, definitivamente reconheceu o domínio espanhol da Itália. Nas
comemorações que se seguiram ao Tratado, Henrique II morreu de um ferimento causado por
um pedaço de madeira de uma lança. A França sofreu durante os anos seguintes uma guerra
civil, que aprofundou as diferenças entre protestantes e católicos dando à Espanha a ocasião de
intervir em favor dos católicos e que o impediu de competir com a Espanha e a Casa dos
Habsburgo, com as outras grandes potências pelo poder da Europa. Sem a oposição francesa, a
Espanha viu o auge de seu poder e sua extensão territorial, no período compreendido entre 1559
e 1643.

A falência de 1557 marcou a inauguração do consórcio de bancos genoveses, o que levou ao


caos os banqueiros alemães e terminou a preponderância dos Fúcares como financiadores do
Estado espanhol. Os banqueiros genoveses forneceram crédito para o Habsburgos e um
rendimento regular. Entretanto, a contínua expansão no exterior: Flórida foi colonizada em 1565
por Pedro Menéndez de Avilés e fundou San Agustín, e ao derrotar rapidamente a tentativa
ilegal do comandante francês Jean Ribault e 150 homens para estabelecer um posto de
abastecimento no território espanhol. San Agustín rapidamente se tornou uma base estratégica
de defesa para os barcos espanhóis cheios de ouro e prata retornando dos domínios das Índias.

Na Ásia, em 27 de abril de 1565, se estabeleceu o primeiro assentamento nas Filipinas por


Miguel López de Legazpi e começou-se a usar a rota dos Galeões de Manila (Não da China).
Manila foi fundada em 1572. Depois do triunfo da Espanha sobre a França o início das guerras
religiosas francesas, a ambição de Filipe II aumentou. No Mediterrâneo, o Império Otomano
questionou a hegemonia espanhola, quando tomou Trípoli (1531) e Bugia (1554), além disso,
a pirataria Berbere e otomana se recuperava. No entanto, em 1565, o auxílio espanhol aos
sitiados Cavaleiros de São João salvou Malta, infligindo uma pesada derrota para os turcos.

A morte de Solimão, o Magnífico e sua sucessão pelo menos qualificados Selim II, entusiasmou
Filipe II e este declarou guerra ao Sultão. Em 1571, a Santa Liga, formada por Filipe II, Veneza
e o Papa Pio V, enfrentou o Império Otomano, com uma frota conjunta enviada por Don João
da Áustria, filho ilegítimo de Filipe I, que aniquilou a frota turca na decisiva batalha de Lepanto.

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A derrota acabou com a ameaça turca no Mediterrâneo e iniciou um período de declínio para o
Império Otomano. Esta batalha aumentou o respeito péla Espanha e sua soberania sobre os
territórios fora das suas fronteiras e o rei assumiu o encargo de liderar a Contrarreforma.

2.2.3 O Reino em apuros (1571-1598)

O tempo de alegria em Madri durou pouco. Em 1566, os calvinistas tinham iniciado uma série
de rebeliões nos Países Baixos que fizeram com que o rei enviasse o Duque de Alba para a área.
Em 1568, Guilherme I de Orange-Nassau liderou uma tentativa fracassada de por o Duque de
Alba no comando do país. Estas batalhas são consideradas o início da Guerra dos Oitenta Anos,
que terminou com a independência das Províncias Unidas. Filipe II, que tinha recebido de
herança de seu pai, os territórios da Casa da Borgonha (Países Baixos e o Franco Condado), de
modo a que a poderosa Castela defendesse o império da França, ele foi forçado a restabelecer
a ordem e manter o seu domínio sobre esses territórios. Em 1572, um grupo de navios rebeldes
holandeses conhecidos como os watergeuzen, tomaram várias cidades costeiras, proclamaram
o seu apoio para Guilherme I e rejeitaram o governo espanhol.

Para a Espanha a guerra se tornou um assunto sem fim. Em 1574, os Terços da Flandres, sob o
comando de Luis de Requesens, foram derrotados no Cerco de Leida depois que os holandeses
romperam os diques, causando enormes inundações. Em 1576, sobrecarregados pelo custo da
manutenção de um exército de 80 000 homens na Holanda e a sua grande frota que venceu a
Batalha de Lepanto, juntamente com a crescente ameaça da pirataria no Atlântico e, sobretudo,
dos naufrágios que reduziam as chegadas de dinheiro das colônias americanas, Filipe II foi
forçado a declarar uma suspensão de pagamentos (que foi interpretado como falência).

O exército se amotinou pouco tempo depois, apoderando-se de Antuérpia e saqueando o sul dos
Países Baixos, fazendo várias cidades, que até então tinham permanecido leais, se juntasse à
rebelião. Os espanhóis escolheram o caminho da negociação e conseguiram pacificar a maior
parte das províncias do sul com a União de Arras em 1579.O acordo exigia que todas as tropas
espanholas deixassem aquelas terras, o que fortaleceu a posição de Filipe II foi quando em
1580, morreu sem descendentes diretos o último membro da família real de Portugal, o Cardeal
Henrique I de Portugal. O Rei de Espanha, filho de Isabel de Portugal e, portanto, neto do rei
Manuel I afirmava a sua reivindicação ao trono Português, e em junho enviou o Duque de Alba
e seu exército a Lisboa a fim de assegurar a sucessão. O outro pretendente, Dom Antonio,
recuou para os Açores, quando a Marinha de Filipe terminou de derrotá-lo.

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A unificação temporal da Península Ibérica colocou nas mãos de Filipe II o Império Português,
ou seja, a maior parte do território explorado no Novo Mundo além das colônias comerciais na
Ásia e na África. Em 1582, quando o Rei regressou da corte de Lisboa para Madri, onde ele
estava morando temporariamente para pacificar o seu novo reino, ele decidiu fortalecer o poder
naval espanhol. A Espanha estava ainda se recuperando da bancarrota de 1576. Em 1584,
Guilherme I de Orange-Nassau foi assassinado por um católico transtornado. Esperava-se que
a morte do líder da resistência popular significou o fim da guerra, mas não aconteceu. Em 1586,
a rainha Elizabeth I enviou apoiar às causas protestantes nos Países Baixos e na França, e Sir
Francis Drake lançou ataques contra os portos e navios mercantes espanhóis no Caribe e no
Pacífico, além de um ataque particularmente agressivo contra o porto de Cádis.

Em 1588, na esperança de acabar com os intrometimentos de Elizabeth I, Filipe II enviou a


"Invencível Armada" para atacar a Inglaterra. A resistência da frota inglesa, uma série de fortes
tempestades, problemas de coordenação entre os exércitos envolvidos e importantes falhas
logísticas no abastecimento da frota que tinha que fazer na Holanda levou à derrota da Armada
Espanhola.No entanto, a derrota da Marinha Inglesa liderada por Drake e Norris, em 1589,
marcou uma virada na Guerra Anglo-Espanhola a favor da Espanha. Apesar da derrota da
Grande Armada, a frota espanhola continuou a ser a mais forte nos mares da Europa durante
anos, embora tenha sido derrotada pelos holandeses em 1639 na batalha naval das Dunas,
quando uma visivelmente esgotada Espanha começou a se enfraquecer.

A Espanha participou das guerras religiosas francesas após a morte de Henrique II. Em 1589,
Henrique III de França, a última da linhagem dos Valois, morreu às portas de Paris. O seu
sucessor, Henrique IV da França e III de Navarra o primeira Rei Bourbon da França, era um
homem muito hábil, conseguindo vitórias chave contra a Liga Católica em Arques (1589) e em
Ivry (1590). Empenhados em impedir que Henrique IV tomasse posse do trono francês, os
espanhóis dividiram o seu exército nos Países Baixos e invadiram a França em 1590.
Envolvidos em múltiplas frentes, a potência espanhola não podia impor a sua política sobre o
território francês e chegou finalmente a um acordo na Paz de Vervins.

2.2.4 União Ibérica (1580-1640)

A União Ibérica foi a unidade política que regeu a Península Ibérica a sul dos Pirenéus de 1580
a 1640, resultado da união dinástica entre as monarquias de Portugal e de Espanha após a Guerra
da Sucessão Portuguesa. Na sequência da crise de sucessão de 1580 em Portugal, uma união
dinástica que juntou as duas coroas, bem como as respectivas possessões coloniais, sob o
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controle da monarquia espanhola durante a chamada dinastia Filipina. O termo união ibérica é
uma criação de historiadores modernos.

A unificação da Península havia sido desde há séculos um objetivo dos monarcas da região.
Sancho III de Navarra e Afonso VII de Leão e Castela ambos tomaram o título de Imperator
totius Hispaniae, que significa "Imperador de Toda a Hispânia". A união poderia ter sido
alcançada antes se Miguel da Paz (1498-1500), Príncipe de Portugal e das Astúrias, filho do
primeiro casamento do rei D. Manuel I com a infanta Isabel de Aragão, tivesse chegado a rei,
mas este morreu na infância. A história de Portugal desde a crise de sucessão iniciada em 1578
até aos primeiros monarcas da dinastia de Bragança foi um período de transição. O Império
Português estava no auge no início deste período.

Ao longo do século XVII, a crescente predação às feitorias portuguesas no Oriente por


holandeses, ingleses e franceses, e a rápida intrusão no comércio atlântico de escravos, minou
o lucrativo monopólio português no comércio oceânico de especiarias e no tráfico de escravos,
iniciando um longo declínio. Em menor medida, o desvio de riqueza de Portugal pela monarquia
dos Habsburgo para sustentar o lado católico na Guerra dos Trinta Anos, também criou tensões
dentro da união, embora Portugal tenha beneficiado do poderio militar espanhol para ajudar a
manter o Brasil e impedir o comércio holandês. Estes eventos, e aqueles que ocorreram no final
da dinastia de Aviz e no período da união ibérica, levaram Portugal a um estado de dependência
das suas colónias, primeiro da Índia e depois o Brasil.

2.2.5 "Deus é Espanhol" (1598-1626)

No século XVII, o Império Espanhol experimentou desafios apesar de sua posição de potência
mais forte. Enfrentando conflitos com Inglaterra, França e Países Baixos simultaneamente, a
Espanha experimentou sua ambição expansionista. No entanto, a economia fragilizada e
diminuindo nas receitas das Índias devido à pirataria comprometeram seu poder.

A contínua pirataria no Atlântico causava tensão e danos à frota e aos portos espanhóis, levando
a um sistema de comboios e aumentando as despesas de defesa. A pirataria, no entanto, foi
conduzida principalmente em embarcações menores, incapazes de enfrentar galeões espanhóis,
e foi menos impactante do que se acreditava. A maior ameaça ocorreu no Mediterrâneo, onde
piratas berberes causaram prejuízos negociaram às comunicações e ao comércio.

Apesar das receitas das Américas, a Espanha declarou falência em 1596. O reinado de Filipe
III trouxe desinteresse político e ascensão do Duque de Lerma como influente, fortalecendo a

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liderança. A Espanha buscou acordos de paz com França e Inglaterra para focar na reconquista
das Províncias Holandesas.

Os holandeses, liderados por Maurício de Nassau, tiveram sucesso na captura de cidades


fronteiriças e colônias portuguesas no Oriente. Após a paz com a Inglaterra, Ambrose Spinola
liderou campanhas contra os holandeses, mas a falência de 1607 impediu as conquistas. A
Trégua dos Doze Anos trouxe estabilidade, permitindo a recuperação económica, mas a
expulsão dos mouriscos prejudicou as finanças.

Filipe IV sucedeu Filipe III e seguiu em conflito com as Províncias Unidas. A intervenção na
Guerra dos Trinta Anos e vitórias espanholas fortaleceram sua posição. Com a ascensão de
Gaspar de Gusmão, Conde-Duque de Olivares, a atenção voltou à Holanda. Conquistas em
Breda e vitórias em conflitos com a Dinamarca solidificaram a superioridade espanhola.
Entretanto, a França instigou instabilidades internas e a Espanha esperava reintegrar a Holanda
ao império.

2.2.6 O caminho para Rocroi (1626–1643)

Olivares era um homem adiantado para seu tempo e se deu conta de que a Espanha necessitava
de uma reforma que, por sua vez, necessitava de paz. A destruição das Províncias Unidas foi
mais uma razão de tal necessidade, já que por trás de qualquer ataque aos Habsburgo havia
dinheiro holandês. Spinola e o exército espanhol concentraram-se nos Países Baixos e a guerra
pareceu ocorrer a favor da Espanha, retomando-se Breda. Ocorreu também uma batalha em alto
mar contra a frota holandesa, que ameaçava as posições espanholas. Assim, a presença
holandesa em Taiwan e sua ameaça sobre as Filipinas levaram a ocupação do norte da ilha,
sendo fundada a cidade de Santíssima Trinidad (atual Keelung) no ano de 1626 e Castillo (atual
Tamsui) em 1629.

Vitória das tropas espanholas lideradas pelo Duque de Feria, na cidade de Konstanz, durante a
Guerra dos Trinta Anos1633. Óleo sobre tela de Vicente Carducho, 1634

Em 1627 ocorreu a queda da economia castelhana. Os espanhóis haviam diminuído o valor de


sua moeda para pagar a guerra e a inflação que explodiu na Espanha, como antes havia
acontecido na Austria. Até 1631, em algumas partes de Castela, o comércio funcionou através
do sistema de escambo, devido à crise monetária, e o governo foi incapaz de aumentar os
impostos dos camponeses das colônias. Os exércitos espanhóis na Alemanha optaram por pagar
a si mesmos. Olivares foi culpado por uma vergonhosa e improfícua guerra na Itália. Os

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holandeses haviam convertido sua frota em uma prioridade durante a Trégua dos Doze Anos e
ameaçaram o comércio marítimo espanhol, do qual a Espanha estava totalmente dependente
devido à crise econômica; em 1628 os holandeses acurralaram a Frota das Índias provocando o
Desastre de Matanças, a carga de metais preciosos que era fundamental para o sustentamento
do esforço bélico do Império foi capturada e a frota que a transportava totalmente destruída,
com parte das riquezas obtidas pelos holandeses usada para iniciar uma bem sucedida invasão
do Brasil.

A Guerra dos Trinta Anos também se agravou quando, em 1630, Gustavo II Adolfo da Suécia
desembarcou na Alemanha para socorrer o porto de Stralsund, última baluarte continental dos
alemães beligerantes contra o Imperador. Gustavo II Adolfo marchou até o sul e obteve notáveis
vitórias em Breitenfeld e Lützen, atraindo numerosos apoios para os protestantes por onde
passavam.

A situação para os católicos melhorou com a morte de Gustavo II Adolfo, precisamente em


Lützen em 1632 e a vitória na Batalha de Nördlingen em 1634. Desde uma posição de força, o
Imperador teve como intenção pactuar a paz com os estados que foram atacados na guerra de
1635; muitos aceitaram, incluindo alguns dos mais poderosos: Brandemburgo e Saxônia. A
França, então, tornou-se o maior problema para o Império.

O Cardeal de Richelieu havia sido um grande aliado dos holandeses e dos protestantes desde o
começo da guerra, enviando fundos e equipamento para tentar quebrar a força dos Habsburgo
na Europa. Richelieu decidiu que a Paz de Praga, recentemente firmada, era contrária aos
interesses da França e declarou guerra ao Sacro Império Romano-Germânico e à Espanha
dentro do período estabelecido de paz. As forças espanholas, mais experientes, obtiveram êxitos
iniciais: Olivares ordenou uma campanha relâmpago no norte da França desde os Países Baixos
espanhóis, acreditando em acabar com o propósito do rei Luís XIII e derrotar a Richelieu.

Em 1636, as forças espanholas avançaram desde o sul até chegar a Corbie, ameaçando Paris e
chegando muito perto de concluir a guerra a seu favor. Depois de 1636, Olivares teve medo de
provocar outra crise econômica na Espanha e o exército espanhol parou de avançar. Na derrota
naval das Dunas em 1639, a frota espanhola foi aniquilada pela armada holandesa e os
espanhóis deram conta de que estavam incapazes de abastecer suas tropas nos Países Baixos.

Em 1643 o exército da Flandres, que constituía a menor da infantaria espanhola, enfrentou um


contra-ataque francês em Rocroi liderado por Luis II de Bourbon, Príncipe de Condé. Embora

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fontes francesas do século XIX, e sobretudo as fontes originais, sempre informaram de que os
espanhóis, liderados por Francisco de Melo, não foram nem um pouco arrasados, a propaganda
logo conseguiu um notável sucesso mentindo sobre aquela vitória. A infantaria espanhola foi
seriamente danificada mas não destruída, mil mortos e dois mil feridos de um total de 6 000
soldados dos terços, os terços resistiram três ataques conjuntos da infantaria, artilharia e
cavalaria francesas sem perder a integridade. Esgotados ambos os lados, acabou sendo
negociada a rendição e o cerco foi levantado. A batalha teve poucas repercussões em curto
prazo, mas um impacto tremendo a nível propagandístico.

A grande habilidade do cardeal Mazarin para planejar esta vitória conseguiu danificar a
reputação dos Terços de Flandres, criando um mito que ainda permanece; o de uma vitória na
que, para saber o número de inimigos a que foram enfrentados, os franceses somente tinham
que contar os mortos. Tradicionalmente, os historiadores tratam a Batalha de Rocroi como
ponto de fim do domínio espanhol na Europa e a troca do andamento da Guerra dos Trinta Anos,
tornando-se favorável à França.

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3 Conclusão

O Império Espanhol permanece como uma epopeia na história da humanidade, um testemunho


de ambição, conquista e interconexão complexa de culturas e territórios. Desde sua fundação
até o ápice de sua extensão, esse império desempenhou um papel fundamental no cenário
global, influenciando a política, a cultura, a religião e as relações internacionais.

A história do Império Espanhol oferece insights valiosos sobre como os impérios são forjados
e abençoados. A habilidade de equilibrar a unidade com a diversidade, de administrar vastos
territórios e habilidades diversas, e de enfrentar desafios internos e externos é um legado
importante para a nossa compreensão das dinâmicas imperiais.

O Século de Ouro, marcado pelo florescimento das artes e das ciências, destaca o poder da
riqueza e da influência como motores da criatividade humana. As obras-primas produzidas
nessa era continuam a nos inspirar, enquanto também nos lembram das complexidades da
exploração de recursos e da promoção da cultura.

No entanto, o Império Espanhol não está isento de lições sobre os limites do poder e da
expansão. A gestão de uma vasta rede de territórios trouxe desafios administrativos, culturais e
sociais. A competição internacional e as tensões religiosas também alcançaram um papel em
seu declínio gradual.

Ao olharmos para o legado do Império Espanhol, somos lembrados da importância de uma


abordagem equilibrada ao poder, de uma compreensão profunda das culturais felizes e de uma
capacidade constante de adaptação às mudanças e desafios do mundo em constante evolução.

O Império Espanhol, com sua grandeza e suas vicissitudes, permanece como um marco na
história global, uma história que nos convida a refletir sobre as complexidades do poder, da
diversidade e da interconexão que moldam nosso mundo até os dias de hoje.

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4 Referencias bibliográficas

Wikipédia Espanha no sec XVI-XVIII. Acesso em Agosto de 2023, disponível


https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Espanhol#Refer%C3%AAncias

VERMEHREN, Luis Valenzuela. Vitoria, Humanism, and the School of Salamanca in Early
Sixteenth-Century Spain: a heuristic overview. In: Logos, 16, 2, Primavera, 2013, p. 99-125.

Bennassar, Bartolomé (2001). La América española y la América portuguesa: siglos XVI-XVIII


(em Spanish). [S.l.]: Akal. ISBN 978-84-7600-203-2

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