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Curso de História – URCA

História Medieval
Estruturas Políticas
Hilário Franco Júnior.
A idade média: nascimento do Ocidente.
4 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
Introdução
 Política e imaginário
 Política: “forma básica de organização de qualquer
grupo humano, como instrumento minimizador dos
conflitos inerentes a toda sociedade” (p. 49);
 Política: repleta de símbolos, ritos, metáforas;
 Desprezar esses elementos é desprezar fatores subjetivos
essenciais de coesão social;
 Ex.: monarquias – visão monista do universo;
 Monarcas na Idade Média – caráter sagrado;
 Introdução da “unção régia” – reino visigodo e Pepino, o
Breve;
 Marc Bloch e os Reis Taumaturgos;
 Reis messiânicos, históricos ou míticos: Artur, Carlos
Magno, Frederico Barba Ruiva, Dom Sebastião...
Introdução - continuação
 Nação e Estado:
 Até o sec. X – nação tinha conotação étnica – natione = nascimento;
 Princípio jurídico germânico da personalidade das leis: o individuo era
regido pelas leis e costumes do seu povo, independente do lugar em
que estava – prevalece até o século X;
 A partir do séculos XI /XII – ganha força o princípio jurídico romano de
territorialidade;
 País, pátria e nacionalismo (p. 51);
 Estado: antes, no Império Romano, sentido de modo de ser, status;

 A partir do sec. XII começou a ganhar o sentido atual: corpo político


submetido a um governo e a leis comuns;

 Estado – nação: idade média central começa a ganhar contornos mais


definidos (p. 51).
História Política Medieval –
Visão Geral
 Séculos III – VIII: substituição da unidade política romana pela

pluralidade dos reinos germânicos;

 Século IX: restabelecimento de uma relativa unidade política com

Carlos Magno;

 Séculos X – XIII: Império – Ficção / Poder fragmentado:

feudos/regime de vassalagem;

 Séculos XIV – XV: revigoramento das monarquias / monarquias

nacionais;

 Política medieval: Igreja, Império X Poderes locais/nacionais


Primeira Idade Média –
fragmentação
 Fim do Império Romano do Ocidente: nenhum rei bárbaro
ousou assumir o título de imperador – este era reconhecido
como pertencente ao imperador do Oriente;
 Inicio da crise – séc. III – período de “anarquia militar’ (235 –
268): 26 imperadores, 25 assassinatos;
 As reformas de Diocleciano e Constantino;
 Aumento do poder dos latifundiários;
 Autonomia relativa das províncias;
 Formação de diversos reinos – características comuns a esses
reinos: (p. 53)
Reinos Germânicos – Sec. V
A renovação imperial carolíngia –
alta Idade Média
 Formação de um novo império do Ocidente – século VIII, com Carlos
Magno. As duas principais condições:
1. Anuência da Igreja:
 Carlos Martel – vitória sobre os muçulmanos, em 732, na Batalha
de Poitiers;
 Pepino, O Breve, destrona Childerico, último rei da dinastia
Merovíngia, em 751, e assume o poder como primeiro rei da
dinastia carolíngia;
 Pepino conquista a Itália e doa imensas quantidades de terras à
Igreja e institui o dízimo como lei;
 768 – Carlos Magno assume o poder;
 800 – Carlos Magno é Coroado como Imperador pelo Papa Leão III.
2. Relações com Bizâncio estavam tensas, abaladas, em conflito.
Organização Administrativa do
Império Carolíngio
 Império Carolíngio # Império Romano – na concepção germânica,
o império é uma propriedade particular do imperador. Para
Carlos Magno é um prêmio, “uma espécie de apoteose
pessoal”(p. 54);
 Administração: extremamente personalizada
 Condados – condes nomeados pelo imperador. Possuíam
amplos poderes;
 Os condados eram fiscalizados pelos missi dominici(enviados
do senhor);
 Marcas – regiões fronteiriças – autonomia ainda maior;
 Cunhagem de moedas – monopólio do imperador;
Continuação
 Assembleia Geral – realizada anualmente. Dela podiam
participar todos os homens livres. Na prática somente os
ricos participavam;
 Para garantir o controle sobre as unidades
administrativas/território, foi estabelecido o juramento de
fidelidade ao imperador por parte de todo o habitante
masculino, aos 12 anos de idade.
 Sucessão de Carlos Magno:
 817 – morte de Carlos Magno. Assume o poder seu filho Luís,
o Piedoso, que foi coroado imperador em 816;
 840 – Morte de Luís, o Piedoso;
 843 – Tratado de Verdun, que divide o império em três
grandes blocos. Para Hilário Franco Jr., este é o primeiro
esboço do mapa político da Europa.
Fracasso do Império Carolíngio: Fatores
 1. Falta de unidade orgânica – o império se assentava em dois
princípios contraditórios: caráter universal(Igreja/Império) X
particularismo germânico;
 A unidade religiosa não foi capaz de manter a unidade política:
questão primordial: a Igreja deveria tutelar o Império ou vice-
versa?
 2. Difusão da vassalagem: entrega de terras e privilégios políticos –
enfraquecimento do poder central do imperador;
 3. Fusão do temporal e espiritual na pessoa do imperador –
problemática, visto que na perspectiva temporal ele deveria
conquistar cada vez mais terras, expandir o Império. Já na
perspectiva espiritual, ele deveria ser o promotor da paz;
 4. Invasões do século IX: vikings, magiares, eslavos, muçulmanos;
 Século X – nasce a Europa. A partir deste século estavam presentes
os personagens políticos que se manteria até o fim da Idade Média:
Império, Igreja, Monarquias, Feudalismo e Comunas(século XI).
Os Poderes Universalistas - O
Império
 Com o Tratado de Verdun o título imperial continua sendo usado
(por Lotário);
 924 – 961: o título não foi usado por nenhum monarca;
 962: Com Oto I, que unifica o reino alemão e casa-se com a herdeira
do “reino italiano”, ocorre a “Segunda Renovação do Império”. Ele
é coroado pelo Papa João XII;
 Em 1157 passa a ser chamado de Santo Império e em 1254 de Sacro
Império Romano Germânico, composto por três coroas:
 Coroas: Alemanha, Itália e Borgonha
 Embora fosse uma mera ficção política, o império sempre
exerceu fascínio sobre os monarcas/papa que desejavam assumir
o título;
 Com a formação das monarquias nacionais, o Império ficou cada
vez mais fraco. Sobreviveu, ainda, até 1806, quando foi extinto
por Napoleão Bonaparte.
Os Poderes Universalistas - A
Igreja
 Doação de Pepino(754 – 756) – territórios lombardos, centro
da Itália – nasce o Estado Pontifício;
 Forjamento do documento Doação de Constantino – por este
documento apócrifo, Constantino, no século IV, teria
transferido ao Papa o poder sobre o Ocidente;
 Os dois poderes, os dois gládios: temporal x espiritual(ver p.
58):
 Papa Gelásio;
 Papa Gregório VII;
 São Bernardo.
Poder Nacional - As
Monarquias
 A sacralidade do poder monárquico – o próprio clero, ou parte dele,
acreditava no poder miraculoso dos reis(pp. 58-59);
 A unção dos reis: alianças políticas e a busca de controle deste por
parte da Igreja;
 Monarca: soberano e suserano;
 Sec. XIII, redescoberta e revalorização do pensamento aristotélico –
assembleias: direito natural.
 As assembleias ganham importância, a partir de meados do séc. XIV:
“o que afeta a todos, deve ser decidido por todos”;
 Surgimento do nacionalismo – idiomas vernáculos;
 Monarquia/Feudalismo: o caso francês(p. 60) e o caso inglês(p. 62).
Poderes Particularistas - O
Feudalismo
 Processo de autossuficiência das grandes propriedades
remonta à crise do Império Romano, no séc. XIII (p.62);
 Feudos: “verdadeiros microestados”, com seus senhores sendo
detentores de amplos poderes.

As Comunas
 Comuna: “significava uma associação igualitária, que quebrava
as hierarquias, e era por isso uma “conjuração” contra o
exercício dos poderes senhoriais”(p. 63);
 Comuna: “palavra nova e detestável”(p. 63);
 As comunas eram sobretudo citadinas. Nascidas no séc. XI, no
inicio pretendiam apenas escapar à arbitrariedade senhorial.
Depois, no séc. XII, buscaram fortemente sua autonomia.
As Comunas - continuação
 Aquelas que conquistavam a autonomia, comprada ou
conquistada à força, se transformaram em verdadeiras cidades
estados;
 Organização interna e relações com os poderes externos (pp.
63 – 64);
 O grau de autonomia das comunas variava conforme as regiões
e suas relações com os demais poderes políticos;
 Existiram também comunas rurais. Objetivos diferentes: acesso
às áreas fechadas, reação ao desrespeito aos costumes locais,
etc. Mais pobres que as urbanas, dificilmente podiam comprar
a liberdade;
 Sucesso: Confederação Helvética – 1291 – origem da Suíça (64).
O Jogo Político Medieval
 Poderes universalistas, a Igreja e o Império estavam em
constantes conflitos pela supremacia política.
Fracassaram, possibilitando o surgimento dos poderes:
 Particularistas: Feudos e Comunas
 Nacionalistas: Monarquias;
 O futuro pertenceria a estas últimas
 Os casos de Portugal, França, Espanha e Inglaterra, que
se unificaram e partilharam o mundo, a partir dos
séculos XV – XVI;
 Os casos da Itália e Alemanha, cujas unificações foram
tardias (séc. XIX).

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