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Seminário de Filosofia Dom Vicente J.

Zico

Curso de Filosofia

Disciplina: História Teológica

Docente: Prof. Victor Hugo Paiva

Discente: Vinicius José S. Araújo

Castanhal, 03 de mai. 2022

Fichamento: Unidade II – Medievo; as estruturas políticas.

“Por muito tempo a História Política gozou de enorme prestígio, deixando em plano bem
inferior os outros tipos de produção historiográfica.” (p. 01)

“Desde então, nessa sua nova roupagem, a História Política não se preocupa mais em
descrever dinastias, reinados e batalhas. Ela coloca a ênfase em dois principais campos de
estudo, o papel do imaginário na política e as relações entre nação e Estado.” (p. 01)

“Percebeu-se, assim, que a vida política está carregada de símbolos, de metáforas, de ritos.”
(p. 01)

“Fundado na unção” (p. 02)

“A partir do século XII. Somente então nação passou a ter caráter também geográfico e
político. Evolução semelhante, ainda que inversa, tiveram país e pátria., palavras com sentido
inicialmente apenas geográfico, e que ganharam significado político e afetivo no século XII.”
(p. 02)

“O melhor desenvolvimento dessa metáfora foi de João de Salisbury, por volta de 1159, no seu
famoso Policraticus: a comunidade política (res publica) é um corpo do qual o rei é a cabeça,
o Senado o coração, os juízes e governadores de províncias os olhos, ouvidos e língua, os
guerreiros as mãos, os arrecadadores de impostos e fiscais o ventre e o intestino, os
camponeses os pés. Na realidade medieval, o Estado típico era, portanto, um reino.” (p. 03)
“As reformas políticas de Diocleciano e Constantino repuseram em mãos imperiais um grande
poder, porém suas reformas sociais e econômicas indiretamente e a longo prazo anularam
aquela recuperação. Os latifundiários não só se tornavam mais ricos como passavam aos
poucos a ter atribuições estatais dentro de suas propriedades.” (p. 04)

“Dentre as muitas instituições romanas de que passaram a se servir, os germânicos eram


especialmente fascinados pela ideia imperial. Apesar disso, nos primeiros tempos nenhum rei
bárbaro ousou reivindicar o título de imperador, que se reconhecia pertencer legitimamente ao
governante do Império Bizantino.” (p. 04)

Em troca da deposição do último rei da dinastia Merovíngia e de sua própria entronização


como rei dos francos, em 751, Pepino arrancou as terras italianas recém- ocupadas pelos
lombardos e entregou-as à Igreja Ademais, ele transformou em lei o antigo costume dos
cristãos de entregar o dízimo (décima parte dos rendimentos) à Igreja. (p. 05)

“O que explica esse fracasso do Império Carolíngio e, portanto, a passagem, mais uma vez,
para a pluralidade política? Em primeiro lugar, o fato de o Império não ter unidade orgânica,
assentando-se sobre dois princípios contraditórios: o universalismo das tradições romana e
cristã e o particularismo tribal germânico.” (p. 07)

“O poder se fragmentava.” (p. 08)

“O papa, precisando de ajuda para superar problemas na Itália central, buscou seu apoio.
Enfim, Oto I conseguiu reunir todas as condições para ser coroado imperador pelo pontífice”
(p. 08)

“Apenas o papa poderia coroar um imperador, mas não estava interessado na existência de um
que fosse forte, pois ele próprio tinha pretensões universalistas, considerando-se o legítimo
herdeiro do Império Romano.” (p. 09)

“A partir disso, fica fácil entender a coroação de Carlos Magno do ponto de vista eclesiástico.
A Igreja, depositária do título imperial, entregara-o ao rei franco por serviços prestados,
podendo, portanto, retomá-lo e atribuí-lo a quem quisesse. Contra isso é que Carlos Magno
associara, em vida, o filho à coroa imperial, garantindo-lhe o título independentemente da
concordância papal” (p. 09)

“Um exemplo está nos interesses comerciais venezianos, que alteraram o rumo da Quarta
Cruzada (1202-1204), apesar de o movimento cruza dístico ter sido lançado pela Igreja 100
anos antes para colocar a nobreza feudal sob controle eclesiástico.” (p. 10)

“Ao promover a unção de Pepino, em 751, a Igreja justificara o poder monárquico. Em parte,
isso ocorrera por circunstâncias, já que o papa necessitava do apoio franco contra os
lombardos.” (p. 10)

“Esse contratualismo presente nas atitudes mentais da Idade Média tinha originado nos
séculos XII-XIII uma grande variedade de agrupamentos com determinados interesses a
defender, das corporações de ofício às universidades, das comunidades juramentadas
burguesas às heresias.” (p. 10)

“O feudalismo, do ponto de vista político, representava uma pulverização do poder que


respondia melhor às necessidades de uma sociedade saída do fracasso de uma tentativa unitária
(Império Carolíngio) e pressionada por inimigos externos (vikings, magiares etc.).” (p. 13)

“A formação dos reinos germânicos em nada alterou a essência daquele processo. Naquela
economia fundamentalmente agrária, os monarcas remuneravam seus servidores e guerreiros
com terras, às quais se concediam muitas vezes imunidades. O detentor da terra desempenhava
ali o papel de Estado, taxando, julgando, convocando. Foi assim que a dinastia Merovíngia se
enfraqueceu de tal forma que cedeu lugar à família latifundiária dos Carolíngios.” (p. 13)

“Nesse contexto, o surgimento das comunas representou um papel interessante e importante.


De um lado, aquele processo negava os princípios feudo-clericais. Realmente, comuna.
significava uma associação igualitária, que quebrava as hierarquias, e era por isso uma
conjuração. contra o exercício dos poderes senhoriais.” (p. 14)
“É importante lembrar que nem todas as comunas eram urbanas. As rurais, quase sempre
muito modestas, nasciam da associação de aldeias contra o seu senhor. O espírito era o mesmo
das comunas urbanas, mudavam os objetivos (acesso a áreas fechadas pelo senhor, reação ao
desrespeito por costumes locais etc.) e as condições de alcançá-los (mais pobre que a cidade, o
campo dificilmente podia comprar sua liberdade).” (p. 15)

“Se de um lado as comunas negavam o mundo feudal, de outro o prolongavam, pois nele
tinham nascido e a ele não poderiam se opor completamente.” (p. 15)

“Tais eram os personagens no palco político medieval. Mas como contracenaram nos seis
séculos da Idade Média Central e da Baixa Idade Média? Sabemos que os poderes
universalistas (Igreja e Império) estavam em choque constante, porque pela própria natureza
do que reivindicavam — a herança do Império Romano — somente um deles poderia ter
sucesso. Assim, ambos fracassaram, permitindo a emergência de poderes particularistas
(feudos e comunas) e nacionalistas (monarquias).” (p. 15)

“A Igreja buscou comandar a nobreza feudal por meio das Cruzadas, mas perdeu o controle da
situação e saiu desgastada. Tentou impor seus valores nas comunas e apenas acelerou o
surgimento de heresias. Ao contrário do nacionalismo, o particularismo feudal não era
irredutível ao universalismo eclesiástico, já que o cristianismo funcionava como elemento
cimentado daquela infinidade de microestados.” (p. 16)

“Na perspectiva das monarquias, guerras nacionais significariam, entre outras coisas, a
submissão e o controle definitivos da nobreza feudal. Na perspectiva desta, as guerras
monárquicas poderiam ser o caminho para restabelecer seu poder e controlar o próprio
Estado. Deste duplo ponto de vista, a Guerra dos Cem Anos foi também o grande conflito
feudal da Idade Média.” (p. 17)

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