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André Machado Fernandes

Eros Otavio Gama


Tiago de Andrade Fernandes

As consequências da Contra Reforma

Pindamonhangaba – SP
2016
André Machado Fernandes
Eros Otavio Gama
Tiago de Andrade Fernandes

As consequências da Contra Reforma na Igreja Católica

Monografia apresentado como requisito


básico para conclusão do curso de
bacharel em teologia, da Faculdade de
Pindamonhangaba.
Orientador: Esp.Professor Ricardo
Carvalho.

Pindamonhangaba – SP
2016
Fernandes; Fernandes; Gama. André Machado; Eros Octavio; Tiago Andrade.
As consequências da Contra Reforma / Fernandes; Fernandes; Gama. André Machado; Eros Octavio; Tiago
Andrade / Pindamonhangaba - SP: FUNVIC Fundação Universitária Vida Cristã, 2016.
41f
Trabalho de conclusão de curso ( Graduação em teologia) FUNVIC-SP.
Orientador: Prof.ª Espec. Ricardo Carvalho

I – A REFORMA PROTESTANTE - II – A CONTRA REFORMA OU REFORMA CATÓLICA - III – OS


RESULTADOS DA CONTRA REFORMA. Andre Machado, Eros Octavio, Tiago Andrade.
André Machado Fernandes
Eros Otavio Gama
Tiago de Andrade Fernandes

As consequências da Contra Reforma

Monografia apresentada como trabalho de conclusão para


obtenção do diploma de bacharel em teologia da faculdade de
Pindamonhangaba.

Data_________________
Resultado_____________

Banca Examinadora

Prof________________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba


Assinatura __________________________________

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Dedicamos este trabalho a Deus, pois sem Ele, nós
nãoestaríamos aqui. Por ser minha fonte de sabedoria, a força
que me impulsiona a persistir mesmo quando tudo nos fazem
desistir. Os nossos pais, esposas e filhos, por nos apoiarem em
nossos sonhos e projetos, por nos amarem de forma
incondicional. Se hoje somos pessoas de caráter é graças aos
ensinamentos de vocês.
AGRADECIMENTOS

A fundação Vida Cristã, pela oportunidade de um ensino de excelência nos


proporcionando conhecimento através de professores capacitados ao orientador
professor especialista Ricardo Carvalho, pela dedicação e paciência para que este
projeto se tornasse uma realidade.
Ao nosso coordenador, pastor, mestre, amigo e professor Gabriel Aquino da Cruz, que
sempre incentivou todos os alunos a darem o melhor de si nos trabalhos, nas aulas e nas
leituras que os professores sempre nos passavam.
A nossa família, por todo o apoio sentimental, financeiro e por nos mostrarem todos os
dias o quanto nos devemos ser melhor, vocês são as nossas bases!
"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos
aproxima." Louis Pasteur
RESUMO
Olhando para historia da igreja, vemos como a igreja Católica Apostólica Romana se
perdeu em meio a uma liturgia, credo, doutrinas e pensamentos vazios. Em vista disto
uma Reforma era necessário, foi em virtude desses acontecimentos que ocorreu o
advento da Reforma Protestante ocorrida em 1517.Sendo assim a igreja católica fez o
que o historiador denomina de contra reforma, ou seja, as ideias que o clero começou a
ter depois da reforma foi perceber o quanto o protestantismos estava crescendo e tirando
de si os fieis da igreja católica, e enfraquecendo a mesma. Porem a igreja católica
apostólica romana não ficou de braços cruzados, ela decidiu fazer uma contra reforma,
um movimento que provocou uma renovação interna e ao mesmo tempouma reação
externa em oposição ao protestantismo.
Palavras-Chaves: Igreja Católica Apostólica Romana, Contra Reforma, Reforma
Protestante.
ABSTRACT
Looking at church history, we see how the Roman Catholic Church got lost amid a
liturgy, creed, doctrines and empty thoughts. In view of this a Reformation was
necessary; it was by virtue of these events that the advent of the Protestant Reformation
occurred in 1517. Thus the Catholic Church did what the historian calls the counter-
reformation, that is, the ideas that the clergy began to have after the reform was to
realize how much Protestantism was growing and taking away the faithful from the
Catholic Church, and weakening it. But the Roman Catholic Church did not stand idly
by, it decided to make a counter-reform, a movement that provoked an internal renewal
and at the same time an external reaction in opposition to Protestantism.
Keywords: Roman Catholic Church, Against Reformation, Protestant Reformation
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 09
2 MÉTODO ----------------------------------------------------------------------------------- 10
3 REVISÃO DE LITERATURA --------------------------------------------------------- 10
3.1 A REFORMA PROTESTANTE ----------------------------------------------------- 11
3.1.1 A REFORMA NA ALEMANHA -------------------------------------------------- 16
3.1.2 REFORMA NA SUIÇA--------------------------------------------------------------- 19
3.1.3 A REFORMA NA INGLATERRA------------------------------------------------- 21
3.1.4 A CRIAÇÃO DA IGREJA ANGLICANA-----------------------------------------22
3.2 A CONTRA REFORMA OU REFORMA CATÓLICA -------------------------23
3.2.1 RENOVAÇÃO E REFORMA------------------------------------------------------- 24
3.2.2 REAÇÕES CONTRA O PROTESTANTISMO-----------------------------------28
3.2.3O CONCILIO DE TRENTO---------------------------------------------------------- 30
3.2.3.1 O CONCILIO EM SESSÃO------------------------------------------------------- 31
3.2.3.2 REFORMA DO CLERO----------------------------------------------------------- 32
3.2.3.3 REFORMA DOUTRINARIA----------------------------------------------------- 32
3.2.3.4 OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DOUTRINARIOS DO CONCILIO DE
TRENTO-----------------------------------------------------------------------------------------35
4 OS RESULTADOS DA CONTRA REFORMA ------------------------------------- 35
4.1 O POS CONCILIO (TRENTO)------------------------------------------------------- 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------39
REFERENCIAS ------------------------------------------------------------------------------ 40
9

1 INTRODUÇÃO
O Cristianismo é uma das religiões que mais tem adeptos no século XXI com
cerca de 30% da população mundial. Dividem-se em três grandes ramos, os Católicos o
mais numeroso com 51%, os Ortodoxos e os Protestantes com 35 %, que se divide em
Luteranos, Anglicanos e Evangélicos. Atualmente, representantes Católicos e Luteranos
procuram uma forma de se aproximarem mais. Mas esse ecumenismo ainda não se
concretizou de todo, nem encerrou séculos de divisão e lutas no interior do cristianismo.

Buscamos neste trabalho discorrer brevemente as causas que originaram e


fundamentaram esse processo no seu início, ou seja, a Reforma Protestante e por
consequências a reação da Igreja Católica Romana no enfrentamento desse momento
decrise na sua história.

A Igreja Católica estava em descompasso com as transformações de seu tempo,


uma série de questões religiosas colocaram a Igreja como alva da crítica da sociedade.
As insatisfações acumularam-se de tal maneira que desencadearam o movimento de
ruptura da unidade cristã.

Nesse trabalho pretendemos mostrar a importância da contra Reforma na história


da Igreja Católica Apostólica Romana, pois, graças a esse movimento, a Igreja de Roma
tomou providências decisivas para combater os seus dissidentes e reformar-se.

No primeiro capítulo descrevemos no que consistiu a divergência protestante no


seio da Igreja de Roma. As causas dessa ruptura, os ícones desse momento histórico,
sua fundamentação doutrinaria, e o impacto causado na estrutura da Santa Sé.

Diante dos movimentos protestantes que avançaram pelo Europa, conquistando


grande número de seguidores, a reação inicial da Igreja Católica foi “condenar os
protestantes”. Essa tática, entretanto, não obteve bons resultados e, por isso, um
conjunto de medidas foi adotado, no Concílio de Trento para tentar reverter este
processo.
10

No segundo capítulo nos propomos a mostrar de que modo a Igreja Católica se


articulou para o enfrentamento da nova realidade, bem como identificar as dificuldades
que se mostraram no momento e as soluções encontradas pelos líderes católicos. Entre
essas medidas destacamos a aprovação da Ordem dos Jesuítas, a convocação do
Concílio de Trento e o restabelecimento da Inquisição.

No terceiro capítulo, constataremos que a Igreja de Roma depois de alguns


tropeços reorganizou-se estruturalmente e, por consequência, conseguiu neutralizar as
investidas protestantes, reconquistar territórios, se armar num sistema doutrinário
propagado pelos jesuítas e ter de volta um pouco da sua hegemonia ameaçada pela
Reforma Protestante.

Diante disso, ganhou força um amplo movimento e moralização do clero e de


reorganização das estruturas administrativas da Igreja Católica.

2 MÉTODO

Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de elementos bibliográficos como livros,


artigos científicos, monografias e dissertações disponíveis em acervos digitais como
sites especializados para evidenciar a importância da Contra Reforma.

3 REVISÃO DE LITERATURA

Para obtermos uma correta compreensão sobre o tema proposto neste trabalho, é
de primazia voltar a historia especificamente no que tange o período de 1517 aonde se
refere à Reforma Protestante.

O cenário histórico que nos é apresentado (Carvalho, Ricardo Alexandre.


Reforma Protestante. 2008) e de uma significativa notável para entendermos qual foi à
força motriz para que viesse a se originar o que chamamos de reforma protestante, e
como a igreja Católica Apostólica Romana reagiu diante de tais desafios.

De fato o período era de densas trevas (González, Justo L. A era das trevas.
2001), manobras religiosas e políticas com um grande interesse em obter poder. O clero
valia-se de todos os meios necessários para que viesse a conseguir a permanência
financeira dos fieis,não se importando com o aprendizado dos mesmos e com a
11

espiritualidade, criando então uma atmosfera pessimista onde uma urgente reforma se
fazia necessário.

Em 1517 Martinho Lutero originou um movimento conhecido hoje como A


Reforma Protestante, sendo a mesma carrega de ideologias e teologias que foram contra
todo o Clero naquele mesmo período, todavia não afetou somente o Clero como
também afetou a religiosidade, economia, política, social e intelectual de seu tempo
(Cairns,Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Ed. Vida Nova,
1995.). Depois de todo este fenômeno acontecido da Reforma Protestante, a igreja
Católica não se acomodou vendo a dispersão de seus fieis, fazendo então um
movimento que conhecemos hoje de a Contra Reforma, buscando assim a renovação de
suas ideias, doutrinas, dogmas, costumes e etc. Para que seus fieis viessem a enxergar
que a própria igreja Católica Apostólica Romana mudou suas ideias ficando assim entre
linhas se arrependida de tudo que já tinha feito aos mesmos. Tendo a igreja sucesso
neste movimento ao qual conseguiu barrar de certa maneira o crescimento avançado do
Protestantismo.

3.1 REFORMA PROTESTANTE

Quando se fala em reforma protestante, a maioria dos cristãos acredita que um


retorno as escrituras surgiram apenas no período de grandes nomes como Lutero e
Calvino, mas isso não passa de uma ideia mal concebida deste período. Várias tentativas
se iniciaram dentro da igreja católica onde o clero havia se corrompido descendo no
prestigio principalmente dos leigos. O celibato fez com que muitos clérigos se
afundassem em uma vida corrompida comprometendo-se moralmente. A luxúria tomou
conta dos instintos de alguns clérigos que se dividiam entre suas atividades espirituais e
acusações de mulheres que agora apareciam grávidas alegando responsabilidade do
clero. Totalmente divididos estavam vivendo mais de maneira secular do que
cumprindo suas demandas religiosas e espirituais. O papado começou então a não
somente se perder, mas também a perder o controle sobre os leigos, que foram de
alguma forma ganhando emancipação e o controle exercido por alguns clérigos
começava entrar em colapso. O grande cisma que foi o evento que causou a ruptura da
Igreja Católica, separando-a em duas: Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja
Católica Apostólica Ortodoxa, a partir do ano 1054, somado com o cativeiro
12

Babilônico1 foi de uma certa forma grandes acontecimentos que contribuíram ainda
mais para a derrocada da igreja e do poder papal. Da grandeza de Inocêncio no seu
pontificado, partiu em uma vertiginosa declinação e não parou mais de escorregar para
aquilo que posteriormente acabaria com a estabilidade e segurança gozada até então.
Pode se disser que essa foi sem dúvida uma grande falha da igreja e dos clérigos, a
verdade foi corrompida no jogo e briga pelo poder enquanto perdia-se aquilo que é
fundamental para fortalecer qualquer império, seja ele religioso ou não, que é a
credibilidade. Se voltarmos um pouco na história, não ficará difícil compreender o
desfecho de todo o desenvolvimento e também as crises que tornaram os
acontecimentos da reforma uma grande possibilidade. Olhando a partir do
desmoronamento do Franco império, que após a morte de Carlos Magno não conseguiu
sobreviver devido ao seu filho e neto não conseguirem dar continuidade em todo o
trabalho, fragmentando e enfraquecendo o império que através do princípio teutônico de
herança onde os pais dividiam as terras com os filhos, também com o feudalismo que
surge devido ao fato do governo não conseguir de forma efetiva exercer controle sobre
suas áreas. O resultado foi o surgimento de grupos com interesses diversos. O
feudalismo teve uma forte influência sobre a igreja porque ela tinha uma enorme
quantidade de terra fruto de doações. O feudalismo acabou tirando o foco espiritual da
igreja e fez com que ela se tornasse secular e por que não dizer mundana. Mesmo com
tudo isso existia ainda um ideal de império político universal herdado de Roma pela
Europa Ocidental. A igreja ocidental experimentou uma libertação do Estado e com isso
ganhou forças contra a interferência imperial fazendo com que o poder do papa se
fortalecesse por causa de alguns fatores determinantes, por exemplo: Os documentos de
apoio ao papado, a conversão da Escandinávia, a doutrina da missa, a reforma
monástica e líderes capazes. A posição teológica das duas igrejas também era diferente
em relação ao Espírito Santo, a data da celebração da páscoa e o celibato. A igreja do
ocidente foi condenada pelo uso de pão não levedado na eucaristia e depois de algumas
discussões e excomunhões, o grande cisma se deu e a unidade da igreja foi rompida e a
partir de então a igreja católica romana, e a igreja ortodoxa grega tem caminhado de
forma diferente.

1
O Cativeiro Babilônico e o Grande Cisma que não deve ser confundido com o Cisma de 1054, foram os
acontecimentos responsáveis pela perda do prestigio do papa. O ápice do poder papal foi alcançado no
pontificado de Inocêncio III; o papado escorregou rapidamente desta vertiginosa eminência de poder
depois que Bonifácio VIII (papado: 1294-1303 origem italiana) não conseguiu subjugar os soberanos da
Inglaterra e da França no começo do século XIV, apoiados pelo nacionalismo.
13

Muito desse mérito e poder que adveio com o apogeu papal, deve-se a um papa
que influenciou de maneira positiva enquanto esteve no poder, chamado Inocêncio III,
eleito papa em 1198. Ele foi o pontífice mais poderoso da cátedra de São Pedro, filho de
um nobre Romano e recebeu uma excelente educação teológica. Uma das suas grandes
marcas era justamente sua consideração moral acreditando ele ser o vigário de Cristo, o
papa estava totalmente abaixo de Deus, mas acima do homem. Inocêncio teve grande
influencia política desempenhando papel importante na escolha do novo imperador,
fazendo com que uma política internacional fosse desenvolvida. Earle Cairns cita em
seu livro que:

"... Inocêncio conseguiu controlar os soberanos das nações estados


emergentes e ainda derrotar o imperador do santo império Romano...”. Pag.
174. 1995

Mais não foi sempre assim somente gloria e elevação. Assim como subiu com
muita maestria, desceu e teve momentos de muita pressão principalmente quando a
corte papal foi transferida para Avignon, ficando conhecido esse período como cativeiro
Babilônico. Cairns chega a citar que:

"o papa foi uma peça nas mãos dos monarcas franceses, tendo perdido a
grande força moral que tivera na Europa no pontificado de Inocêncio III...”
Pag. 177. 1995

Principalmente entre o período de 1309 e 1439 aqueda da igreja romana foi a


queda vertiginosa e arrastava ainda consequências do feudalismo, rapidamente a igreja
com seu poder papal desciam e perdiam conquistas que papas anteriores lutaram para
conseguir dar um avanço a igreja. Cada vez mais uma reforma era a necessidade na
igreja romana. Os impostos papais faziam com que cada vez mais o povo se sentisse
oprimido. O misticismo que foi uma reação contra a liturgia fria do clero, que de
maneira mecânica dirigia o culto e acabava por colocar a bíblia sempre em segundo
plano. Foi na verdade, conforme relata Cairns

“... O misticismo pode ser visto como antecipador do toque mais pessoal da
religião que seria uma das características fundamentais da reforma...” Pag.
204. 1995

Alguns nomes surgiram e esses foram aqueles que se lançaram na tentativa de


fazer com que a igreja passasse por uma reforma total. Homens como João
Wycliffe(1328-1384).Que lutava contra a corrupção do clero, começava a lutar contra
14

os dogmas que tinham sido estabelecidos pela igreja. João Huss (1373-1415) também
adotou as ideias de Wycliffe e o papa não viu essa atitude com bons olhos e por esse
motivo foi martirizado por não voltar atrás com sua pregação que atacava de maneira
direta o clero. Com isso ficava cada vez mais evidente que era inevitável que uma
reforma existisse. Verdade é que a igreja de certa maneira relutou e não quis aceitar as
novidades sugeridas pelos reformadores, isso com é obvio, uma vez que para a igreja o
ideal era que uma renovação ou reforma não atacasse aquilo que dava segurança e
colocasse a perder todos os lucros, que parecia que era o mais importante neste
momento. A sociedade no geral por volta do ano de 1500 aproximadamente passava por
mudanças avassaladoras, uma nova sociedade estava se formando e aquela mentalidade
medieval estava ficando ultrapassada, cada vez se fazia notório os efeitos que
contribuíram de alguma maneira para que acontecesse a reforma. As mudanças foram
em vários segmentos dentre eles: Mudança política; Mudança econômica; Mudanças
sociais; Mudanças intelectuais; Mudanças religiosas. Do ponto de vista católico, toda a
reforma não passava de uma revolta contra a verdadeira igreja, já o historiador secular
vê na reforma somente um movimento que gerou uma revolução. Mas não podemos
negar, com base em muitos fatores históricos, que a vida religiosa foi afetada de uma
grande maneira com a reforma.

Os reformadores tinham como objetivo fazer com que a igreja vivesse nos
moldes do ensino das escrituras sobre a vida, como está escrito e ensinado no novo
testamento, toda a teologia da reforma estava condicionada a trabalhar em total
concordância com o ensino descrito e narrado no novo testamento, para isso era
necessário uma volta as escrituras e não deixar mais que a tradição continuasse a ditar
aquilo que ela aceitava como verdade e mentira tal como aquilo que dizia ser doutrina
verdadeira. Cairns tenta dar uma definição do termo reforma "... Não é fácil aclarar o
sentido do termo "Reforma". Se for considerada apenas como um movimento religioso
de criação de igrejas nacionais, seu período de duração vai de 1517 a 1648. Como,
porém, a Holanda só aderiu ao protestantismo depois do Concilio de Trento, parece
mais correto circunscrever a parte mais importante da Reforma aos anos de 1517 a
1563. Assim, a Reforma é tomada aqui como um movimento de reforma religiosa que
resultou na formação de igrejas nacionais entre 1517 e 1545...”.
15

Os historiadores católicos veem a reforma simplesmente como um levante


contra a igreja universal, já o historiador protestante defende uma volta aos princípios
neo testamentário em sua liturgia, vida e prática cristã. Mas também não se pode ignorar
os fatores econômicos, políticos e intelectuais que sem sombra de dúvida contribuíram
para a reforma. Algo que contribuiu de maneira indireta para a reforma foi o fator
político. As novas nações estadas que estavam no noroeste da França, não eram a favor
de uma igreja que exigia direito sobre o estado. Os governantes nacionais cobiçavam as
terras que a igreja possuía, não somente eles, mas também despertava interesse da
nobreza, classe média que achavam uma perda enviar dinheiro para os cofres de Roma,
ainda mais por que os cleros não pagavam impostos. Com a intenção de ter mais
dinheiro a situação na Alemanha se agravou e o custo de vida ficou muito alto, as
indulgencias que soava mais como um abuso em beneficio e interesse do papado,
empobrecia ainda mais a Alemanha. Cairns cita em seu livro Cristianismo Através dos
séculos:

“... 0 fator intelectual na Reforma deve-se à postura crítica adotada por


homens de mentes lúcidas e secularizadas diante da vida religiosa dos seus
dias como proposta pela Igreja Católica Romana. Ao aumentar
numericamente, a classe média tornou-se individualista e começou a se
revoltar contra o conceito corporativista da sociedade medieval, que colocava
o dever acima do indivíduo. A tendência para o individualismo foi reforçada
com a emergência das nações-estados absolutistas em que os interesses da
Igreja Católica Romana internacional ficavam, secundariamente, abaixo dos
interesses da nação e do governo e do grupo empresarial da classe média que
os sustentava lealmente.O humanismo da Renascença, especialmente na
Itália, criou um espírito secular semelhante àquele que caracterizou a Grécia
clássica. Mesmo os papas daRenascença assumiram esse modo de vida
intelectual e secular, que também açulou o interesse dos estudiosos em voltar
às fontes do passado intelectual do homem...” Pag. 221. 1995.

Aqueles estudiosos que tinham acesso ao Novo Testamento, logo perceberam


com a igreja católica havia se perdido em meio aos costumes e normas criadas para
interesse próprio. Ficou claro ainda mais, quando se comparava o estilo de vida e
ensinamento da igreja do novo testamento com a romana que estava com a grande
maioria dos seus clérigos mergulhados em total corrupção, o dinheiro comprava a
justiça e muitos casos que geravam escândalo começaram a surgir sendo que outros que
estavam escondidos vieram a tona, a liturgia se perdeu em um ritual vazio e alguns até
mesmo se perderam descuidando-se da pregação focando mais nos pedidos de dinheiro
deixando o povo ainda mais cansado, decepcionado na igreja. O individualismo tomou
conta e agora o solo não era mais o único modo de vida, de certa maneira os homens
foram libertos por que houve uma mudança na estrutura social. Cada vez mais a igreja
16

fracassava em atender as necessidades do povo. A teologia de Tomás de Aquino que


dava ao homem certa capacidade de conseguir escolher a salvação foi combatida por
Agostinho que achava um absurdo afirmar a capacidade do homem que estava com sua
vontade corrompida. Os reformadores tiveram o desejo de voltar as escrituras e a partir
daí contrariar a teologia tomista. Impossibilitada de reformar-se, a igreja católica
romana acabou ficando vulnerável diante da inquietação do povo e alguém com
disposição para combater e ser a voz que denunciasse os abusos cometidos pelos cleros,
e Matinho Lutero teve um papel fundamental.

3.1.1 REFORMA NA ALEMANHA

É preciso dar ênfase que a reforma teve grande aceitação entre os germânicos,
mais precisamente no norte e oeste Europeu. Contra partida do lado sul da Europa não
houve aceitação da reforma e o que prevalecia ainda era o catolicismo. Maior aceitação
a reforma encontrou nos povos de formação teutônica2, isso se dá por influência de
alguns escritores humanistas que faziam críticas em seus livros e com isso alimentava o
desejo de uma reforma religiosa. Na Alemanha, o poder real era fraco. O Império era
formado por uma multiplicidade de principados e cidades livres. Os principados
elegiam o imperador. A Dinastia dos alemães, representada por Carlos V, dominava
também a Espanha e queria se fortalecer com a ajuda do papa, que controlava os
principados da Igreja. Mas os príncipes leigos não queriam o fortalecimento do poder
imperial. Na ausência de um poder central forte, capaz de defender os fiéis contra a
avidez do papa, os principados da Igreja revelavam os mesmos defeitos dos Estados
papais. Aos príncipes leigos interessava a posse desses principados, da mesma forma
que a pequena nobreza dos cavaleiros, empobrecida, também queria as terras da Igreja.
Qualquer sugestão de reforma seria bem aceita, por que o sentimento de contrariado aos
abusos de Roma criava certa expectativa de se poder fazer alguma coisa onde realmente
pudesse fazer para aquilo que estava minando a riqueza e o dinheiro da Alemanha.
Todas essas expectativas de oposição foram encontradas em Lutero, seu nome era
Martinho Lutero. Ele nasceu em Eisleben em 10 de novembro de 1483 e sua família
veio para essa cidade de muito longe, trabalharam em minas de cobre conseguiram ficar
em uma boa situação financeira. Após alguns anos de grande dedicação aos estudos
Lutero se formou no ensino superior de Latim, estudou também filosofia, artes e se
2
Os Teutônicos são descendentes da metade leste do Império Romano que se dividiu após a morte de
Carlos Magno.
17

tornou mestre em artes. Posteriormente viria estudar em um mosteiro e em 1507 já


celebrou sua primeira missa. Com muita sede de conhecimento ensinou teologia por um
período curto de tempo, e suas crises interiores se intensificaram cada vez mais. Quando
foi enviada a Roma percebeu como a corrupção tinha tomado conta e como a vida
depravada de pura luxuria tinha tomado conta da igreja Romana. Em 1511 ele foi
transferido para Wittenberg onde algum tempo depois receberia o título de doutor em
teologia. O desejo de ensinar já existia, então começou estudar a bíblia nos textos
originais. Foi desenvolvendo a ideia que somente na bíblia existe a verdadeira
autoridade, e num dia enquanto se preparava para dar aula encontrou aquilo que traria
paz interior que tanto ele buscava depois deler a carta de Paulo aos Romanos capitulo 1
e versículo 17 mudando sobre salvação, levando-o a entender a doutrina da justificação
pela fé somente, percebendo que todo seu ascetismo não era suficiente e na verdade
toda aquela tentativa de conseguir garantir salvação com as obras foi em vão. Desde
então o tema da justificação pela fé somente seria o grande foco do ensino e estudo de
Lutero, também a ideia que somente as escrituras podem revelar aquilo que o homem
precisa para ser salvo. Em 1517 Lutero contrariado contra as vendas de indulgencias
que era cobrada pelo astuto agente do arcebispo que se chamava Tetzel. Lutero e seus
seguidores resolveram fazer um protesto público contrariando a exploração imposta
para os fiéis. O ensino para venda de indulgencias era que uma vez comprada não havia
necessidade de arrependimento. Em 31 de outubro Lutero fixou as 95 teses na porta da
igreja em winttenberg, condenando os abusos e também desafiando a todos para debater
sobre o assunto. Tetzel tentou calar Lutero, mas ele encontrava apoio de companheiros
que defenderam suas ideias. A cada debate Lutero parecia estar irredutível diante do
pedido de retratação, a resposta era sempre a mesma, dizia que as escrituras são a fonte
infalível de onde o homem pode encontrar salvação, e a menos que através das
escrituras alguém prove o contrário, não se dobraria e voltaria atrás. Felipe Melanchton3
foi um grande aliado conhecido e considerado por alguns estudiosos como o grande
teólogo da reforma, que era conhecedor das línguas clássicas e do hebraico.

O papa não tinha conhecimento ou até mesmo subestimava o apoio que Lutero
conseguiu na Alemanha. A igreja de Roma tinha estabelecido que não existisse poder

3
Felipe Melanchthon foi um personagem fundamental da reforma protestante do século XV. Ele era um
humanista, considerado "Professor da Alemanha", importante pedagogo da Reforma Protestante, um
patrimônio da educação. A atuação de Melanchthon foi tão importante quanto a de Lutero para a Reforma
Protestante
18

acima do papa e que por isso somente ele conseguia e tinha o poder de interpretar as
escrituras. Lutero através de seus escritos, que eram panfletos que levava esse assunto
ao povo alemão, contrariou as todas as ideias que não encontravam base nas escrituras.
Ele acreditava que a igreja poderia ser reformada, aqueles que eram crentes tinham todo
o direito de escolher seus próprios sacerdotes. A. Knight & W. Anglin, em seu livro
Historia do cristianismo diz que:

"... Lutero foi pois declarado herege, e o papa, em consequência disso,


mandou publicar uma bula de excomunhão contra ele. Durante toda esta
agitação o doutor tinha avançado com firmeza no conhecimento da verdade, e
quando recebeu a excomunhão já se tinha de tal maneira desembaraçado das
cadeias de Roma que estava pronto Para dar mais um passo, como
reformador, e declarou Publicamente que o papa era o Anticristo! Sem
dúvida, essa declaração era arrojada, mas foi seguida de um ato Malmente
arrojado. Rodeado pelos professores e estudantes da Universidade e vários
membros da municipalidade, Lutero, na praça pública, queimou a bula do
papa...”pág. 135. 2001.

Carlos V, que era então o novo imperador convocou Lutero para retratar suas
ideias, depois de algumas promessas de proteção ele foi e se apresentou, mas não quis
voltar atrás com suas ideias. Quando estava voltando, logo depois que terminara de
expor suas argumentações, seus amigos o sequestraram levando para o castelo de
Wartburg e lá permaneceu até 1522. Mesmo assim não ficou sem produzir, tinha em
suas mãos a edição do Novo Testamento Grego feita por Erasmo e depois de menos que
um ano ele fez a tradução do novo testamento para o Alemão. Toda a bíblia foi
traduzida para o Alemão em 1534. Algumas pessoas também abandonaram Lutero,
entre eles o humanista Erasmo, que quando viu que o ensino de Lutero traria como
consequência um rompimento com Roma.

Com todos os acontecimentos que se deu na Alemanha, Lutero se posicionou


criando uma liturgia que lhe era própria para ele e também para seus seguidores. Estava
estabelecido que o governante de cada estado tivesse a liberdade para escolher a fé que
quisesse e aquela que achasse ser a mais correta, mas isso não durou por mito tempo,
rapidamente a fé Católica Romana foi declarada por lei e se tornou então a única fé.
Uma liga foi criada como o objetivo de defender a fé se necessário com armas na mão,
mas não foi usada a força por vários motivos. O rompimento com Roma se dava ainda
mais quando o luteranismo fazia grandes avanços ao norte da Alemanha. Não tem como
negar e reconhecer o esforço de Lutero que através sua influência criou a possibilidade
19

de vários trabalhos nascerem, as igrejas luteranas na Alemanha é uma prova disso com a
criação também dos catecismos. Fazendo coro a este pensamento tomo as palavras de
Cairns cita em seu livro Cristianismo Através dos séculos:

“... Sem dúvida alguma. Lutero foi um gigante da igreja; sua influência
ultrapassou os limites do tempo. As igrejas luteranas da Alemanha e dos
países escandinavos nasceram do seu trabalho. Para elas. elaborou-o os
Catecismos Maior e Menor preparou apostilas para ajudar os ministros em
seus sermões; desenvolveu um sistema de governo eclesiástico deu a Bíblia
alemã, que em muito contribuiu para padronizar a língua, além de compor
belos e grandiosos hinos, como “Castelo Forte, próprio para o cântico
congregacional no vernáculo”. Além disso, criou um sistema de educação
elementar para que o povo pudesse aprender a ler a Bíblia em alemão; a
execução dessa tarefa foi recomendada aos governos das cidades alemãs
numa carta de 1524; em 1530, ele lembrou aos pais o dever de enviarem seus
filhos à escola. A educação elementar compulsória teve nesses esforços os
seus primórdios. Interessou-se ainda ele pelas escolas secundárias e pela
educação universitária. Lutero recolocou a pregação em seu devido lugar,
restabelecendo um meio de instrução espiritual largamente usado na Igreja
Primitiva. Ademais, levou sua geração a perceber que a cultura não era
apenas uma questão da razão mas da regeneração pela fé em Cristo. Lutero
fez do individualismo da Renascença um assunto espiritual ao propor que o
indivíduo pela fé em Jesus Cristo podia mantar uma comunhão salvífica com
Deus. Para substituir a igreja como a autoridade, ele apresentou a Bíblia
como a regra de fé e prática infalível que todo crente-sacerdote poderia usar
para se orientar em questões de fé e moral. “Lutero não negou a necessidade
de uma relação comunitária na igreja; ao contrario, insistiu sempre na
importância da comunhão dos membros do Corpo de Cristo...”.Pag 241. 1995

Posteriormente a igreja luterana entraria em algumas discordâncias criando


assim algumas divisões e uma grande frieza tomou conta das liturgias que estavam
sofrendo muito com a intelectualidade.

Vários países foram influenciados por Lutero, mas na Alemanha e em meios


Escandinavos teve sua influencia com maior ênfase e Lutero devido suas lutas contra as
indulgencias realizou uma grande obra.

3.1.2 A REFORMA NA SUIÇA

No livro História do cristianismo Através dos Séculos de Cairns temos a


seguinte citação:

"... iniciando a Reforma na Alemanha, ia-se abalando cada vez mais o trono
papal, em consequência de um despertamento religioso na Suíça, e o
instrumento que Deus tinha escolhido para o cumprimento desta obra ali foi
um padre de Roma chamado ÜlricoZwínglio. Se Lutero era filho de um
mineiro, o reformador suíço não se podia gabar de ser de origem mais nobre,
visto que seu pai era pastor, e guardava seu rebanho em Wildaus, no vale de
Tockemburgo...”.
20

Embora a Suíça fosse um território com mais liberdade entre os países da


Europa, foi fortemente influenciada pelo humanismo. Alguns seguiram Zwinglio4,
aqueles do lado mais do sul seguiram Calvino e outros formaram alguma facção
daqueles que já tinham andado ao lado de Zwinglio.

O movimento anabatista5 se desenvolveu estendendo-se sobre a Suíça,


Alemanha e Holanda. Aqueles que estavam descontentes com Roma uniram-se a
Zwinglio buscando uma reforma da igreja. Ele era interessado também pelo humanismo
e tinha Erasmo em grande estima e seu interesse, no inicio, por teologia era pouco. Em
meados de 1516 e 1518, pastoreava quando começou a se opor ao sistema de Roma
sobre as indulgencias e também era conta a imagem de Maria por causa da cor que era
negra. Após uma assolação de peste bubônica em 1519 foi levado a ter uma verdadeira
conversão onde as ideias de Lutero influenciaram em sua conversão, falou contra a
cobrança de dízimo e as finanças de Roma se sentiram ameaçadas. Zwinglio foi
convocado para um debate e insistiu em alguns assuntos que para ele era de
fundamental importância, sendo esses fundamentos aceitos e logo o debate foi vencido,
e a reforma na Suíça deu muitos frutos, mas perderia o apoio de Lutero devido a
discordância sobre a ceia, mas mesmo assim crescia na Suíça os ideais de reforma sendo
a bíblia traduzida para a língua do povo. Obviamente que Roma não se calou por muito
tempo e alguns cantões católicos resolveram entrar em guerracontra os protestantes, e
Zwinglio que era capelão, morreu em um desses combates. A guerrateve uma trégua e
cada cantão ficou com a liberdade de escolher sua religião. Embora Lutero sempre seja
lembrado pela igreja, Zwinglio também desenvolveu um papel importante para a
reforma na Suíça, pela sua coragem lutou para libertação dos domínios e das garras do
papado. Um movimentoque estava muito próximo e muito do movimento

4
Zwinglio nasceu em 1484 e morreu em 1531, pertencia também à primeira geração de reformadores
descontentes com Roma. Vinha de uma família com boas condições financeiras e isso proporcionou a ele
uma boa educação para o sacerdócio. Frequentou a universidade de Viena e em 1502 já na universidade
de Basiléia se formou em bacharel em artes e em 1504. Foi influenciado pelo humanismo e o seu grande
ídolo era Erasmo.
5
Esse movimento surgiu primeiro na Suíça em função da liberdade que existia neste país;Pregavam que
os cristãos não podiam viver de acordo com os padrões de vida dos não cristãos; O ponto mais polêmico
foi o batismo de crianças – eram contrários;Os primeiros anabatistas, George Blaurock(1529) e Conrado
Grebel(1498-1526) batizaram um ao outro em ato público e por essa atitude, passaram a ser chamado de
anabatistas.
21

Zwinglianoera os anabatistas. Ficou estabelecido em 1526 que se alguém ensinasse


princípios anabatistas seria morto por afogamento.

O livro História do cristianismo dos Séculos de Cairns acrescenta:

"... Depois deste acontecimento a Reforma ganhou terreno com muita


rapidez, e o reformador recebia constantes incentivos para a obra e as mais
agradáveis provas de que Deus estava com ele. Em janeiro de 1524 foi
publicado um decreto que determinava que as imagens fossem destruídas; em
abril de 1525 foi abolida a missa, e determinado que desde então, pela
vontade de Deus, fosse a Ceia do Senhor celebrada conforme fora instituída
por Cristo, e o costume apostólico. Mais tarde ainda, chegou a notícia da
conversão das freiras do poderoso convento de Konigsfeldt, onde os escritos
de Zwínglio tinham entrado; e o coração do reformador exultou quando
recebeu uma carta que lhe tinha sido dirigida por uma dessas convertidas.
Isto foi um golpe terrível para Roma. O efeito que um Evangelho claro e
simples produziu nas freiras foi mostrar-lhes a inutilidade de uma vida de
celibato e solidão, e pediram ao governo licença para sair do convento. O
concilio, mal compreendendo as razões que elas tinham para isso, e assustado
com aquele pedido, prometeu-lhes que a disciplina do convento seria menos
severa e que lhes aumentaria a pensão. "Não é a liberdade da carne que nós
pedimos", respoderam elas, "mas sim a liberdade doEspírito". 0 pedido das
freiras foi satisfeito porque o próprio Concilio ficou também esclarecido; e
não foram só as freiras de konigsfeldt que foram libertas; as portas de todos
os conventos foram abertas de par em par, e a oferta de liberdade estendeu-se
a todas as internas...”

Ainda em território Suíço temos também Calvino, já vimos que os cantões do


norte seguiram Zwinglio e os do sul seguiram Calvino. O termo muito comum utilizado
hoje em dia por aqueles que seguem o sistema formulado por Calvino, é conhecido
como Calvinista que sistematiza sua teologia da seguinte maneira, O homem herdou a
culpa de Adão;A salvação é incondicional e independente do mérito humano; A morte
de Cristo não foi para todos os homens, mas só para àqueles que foram predestinados e
estes são chamados pelo Espírito Santo; Os eleitos jamais se perderão.

3.1.3 REFORMA NA INGLATERRA

Se olharmos e recordarmos para a historia percebemos que os monarcas que


haviam governado a Inglaterra entre 1485 e 1603, criaram um governo bem forte
através do exercito e da burocracia proporcionando a classe média uma certa
estabilidade. Na verdade havia uma troca de favores concedendo emprego para a classe
média e essas por sua vez abriam mão de alguns privilégios e liberdades. Rei e classe
média se uniram para desenvolver o bem estar do país, crescendo cada vez mais a
consciência para uma separação da igreja do papado. Os impostos e as terras
22

controladas pela igreja levavam muito dinheiro Inglês para Roma, consequentemente a
nação começava a poiar o rei para que rompesse com Roma.

O fator intelectual também contribuiu de uma grande maneira e não pode ser
descartado. A bíblia começou a ser estudada em sua língua original, e a partir daí
explicada para o povo. Exemplares do Novo Testamento foram distribuídos em Inglês
que acabaram contribuindo também para a reforma. Escritos de Lutero também
circularam na Inglaterra, mesmo alguns livros sendo queimados não impediram que
suas ideiasalcançassem Corações ávidos por reforma. Cairns cita em seu livro
Cristianismo Através dos Séculos que:

... A causa direta que provocou a Reforma Anglicana foi a vida sentimental
de Henrique VIII,desejoso de ter um filho homem Pareceu-lhe que ele e
Catarina jamais poderiam tê-lo. Para se divorciar dela e casar-se com Ana
Bolena, com quem tinha um romance, ele teria que controlar a Igreja Romana
na Inglaterra. Os atos de Henrique constituíram-se na causa direta e pessoal
do início da Reforma... Pag. 268. 1995

Henrique VIII, rei de 1509 a 1547, era profundo conhecedor de teologia


como também músico, não tinha dificuldade alguma em falar Latim, Espanhol e
Frances. Era muito popular.

3.1.4 A CRIAÇÃO DA IGREJA ANGLICANA

Diferentemente das demais, a Reforma Religiosa na Inglaterra ocorreu a


partir da iniciativa de um rei, e não de teólogos críticos às doutrinas e práticas do clero
católico. O motivo que levou o soberano inglês Henrique VIII a se desligar da Igreja de
Roma foi a não aceitação de seu pedido de divórcio enviado ao papa Clemente VI.

Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, nobre de origem


espanhola. O motivo do pedido seria o fato de sua esposa não lhe dar um filho homem,
situação que impossibilitava ao soberano inglês deixar em seu lugar no trono da
Inglaterra um descendente seu. Dos seis filhos de Catarina, apenas a princesa Maria
sobreviveu. O interesse de Henrique VIII era casar com Ana Bolena, uma dama da corte
da Inglaterra, e com ela poder ter um filho que o sucederia. Como não foi aceito o
pedido pelo papa, o rei inglês declarou seu divórcio da rainha através de um tribunal
nacional, em 1533. Um ano depois, Henrique VIII foi excomungado por Clemente VI.
23

Porém, não foi apenas a não aceitação do divórcio pelo papa que levou
Henrique VIII a romper com a Igreja Católica. Problemas políticos entre Inglaterra e
Roma vinham desde a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando os altos dignitários
católicos, localizados em Avignon, estavam mais próximos dos franceses que dos
ingleses, durante o chamado Cisma do Ocidente. Havia ainda sérias críticas ao clero
católico na Inglaterra desde ao menos o final do século XV, cujo principal expoente foi
John Wycliff. Tais críticas eram tanto doutrinárias quanto sobre o comportamento
luxuoso dos clérigos católicos em momentos de penúria econômica da sociedade
inglesa.

Após Henrique VIII ser excomungado, foi decretado na Inglaterra o Ato de


Supremacia, pelo qual o soberano inglês passava a ser o chefe supremo da Igreja da
Inglaterra. Com essa medida, era criada a chamada Igreja Anglicana. O rei inglês
passava a ter o poder de nomear os ocupantes dos cargos eclesiásticos, além de decidir
sobre assuntos de ordem religiosa. A estrutura eclesiástica foi mantida, adotando-se,
porém, posteriormente, a doutrina teológica desenvolvida por João Calvino.

3.2 A CONTRA REFORMA, OU REFORMA CATÓLICA.

A contra Reforma foi um movimento que procurou uma renovação interna e da


reforma da igreja Católica, e, além disto, foi uma renovação externa com o avanço do
protestantismo. Sabemos que foi ela que se desatrelou as forças que se envolveriam
numa batalha final entre o protestantismo e o papado na Alemanha, na Guerra dos
Trinta anos (1618-1648)6.

6
Recebe o nome de Guerra dos Trinta Anos uma série de guerras e conflitos que diversas nações
europeias travaram entre si a partir de 1618, principalmente na Alemanha, motivados por rivalidades
religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha, mas que
foram solucionados com a assinatura da Paz de Augsburgo em 25 de setembro de 1555 estabeleceram um
período no qual cada príncipe podia estabelecer sua crença aos habitantes de seus domínios. O equilíbrio
manteve-se enquanto as crenças predominantes restringiam-se à religião católica e luterana, mas a
chegada do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa
conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a Contra Reforma, por outro lado, contribuíram para que o
catolicismo reconquistasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos, idealizado por
Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo ameaçava tanto as forças
protestantes no Norte como a vizinha França.
24

O catolicismo da Contra- Reforma foi levada por missionários ao Quebec, à


América Latina e ao sudoeste da Ásia. Boa parte da teologia católica desse período
dedicou-se à refutação do protestantismo e manifestaram-se também na criação de
novas ordens monásticas.

Além disso, pouco a pouco o espírito reformador foi dominando a hierarquia


católica, até chegar ao auge na pessoa do Papa Paulo IV (1555-59). Essa reforma foi
principalmente de caráter moral e administrativo, pois ao mesmo tempo em que abusos
e corrupções eram eliminados, o poder centralizava-se no papado e a doutrina
tradicional era defendida.

3.2.1 RENOVAÇÃO E REFORMA

O protestantismo espalhou-se por toda a Europa no século XVI: a Alemanha do


Norte, a Escandinávia, a Inglaterra e partes da Polônia, Hungria e Áustria eram
protestantes. Na França pairava uma incerteza e até na Itália o protestantismo tentava
fincar raízes. Entretanto, a Igreja Católica preparava-se para a contra ofensiva. Muitos
católicos submeteram sua Igreja a rigoroso exame e fizeram uma campanha pelo seu
aperfeiçoamento. O trabalho que desenvolveram resultou numa ampla reforma que fez a
Igreja retomar seu caminho. Em meados do século XVI, Roma não só se posicionou
com dureza perante o protestantismo, como também se reafirmou como força a ser
considerada em toda a Europa.

Essa notável recuperação costuma ser chamada pelos historiadores de Contra


Reforma, mas o nome significa mais do que exprime. O que aconteceu à
igreja naquela época foi sem dúvida em parte uma reação contra o ataque do
protestantismo. Mas na realidade a reforma da igreja começou no fim do
século XV, muito antes que Lutero publicasse suas 95 teses, e seus
progressos nos 80 anos seguintes foram impulsionados tanto pela pressão
interna quanto pela ameaça externa. Foi iniciado por grupos católicos tão
preocupados com as falhas da igreja do Renascimento quanto Lutero depois
se mostraria. Tomou corpo como um movimento de Reforma de base, tendo à
frente novos e zelosos grupos monásticos. (SIMON, 1971, p.101)

A Igreja Católica após a Reforma Protestante passou por um processo de


renovação que começou em 1517 com a fundação do Oratório do amor Divino. Foi uma
organização informal de clérigos e pessoas leigas importantes que estavam interessadas
em uma vida espiritual enraizada através de exercícios espirituais, isso incluiu também
ações de obras sociais de caridade e na reforma, todavia eles tinham vários membros, o
25

mais importante deles eram Giovanni Pietro Caraffa(1476-1517), que seria eleito Papa
Paulo lV, em 1555, e Gaetanodi Tietê 1480-1547, eles foram as fontes de inspiração dos
papas reformadores, pois estavam(fato que Caraffa estava) ligados ao dogma medieval
da igreja Romana.O grupo de clérigos que estavam espiritualmente preparados apoiava
qualquer movimento que contribuísse novamente de volta o retorno da convicção de sua
amada igreja, que ela voltasse a ter confiança do povo. O Oratório do Amor Divino
inspirou de certa forma a várias novas ordens reformistas entre elas a ordem dos Teatina.

A ordem Teatina, fundada em 1524, formada em sua maioria por aristocratas,


obrigava os sacerdotes seculares a viverem conforme a tríplice regra de pobreza,
castidade e obediência a comunidade religiosa, mais eles ficavam livres para servir o
povo como sacerdotes de paróquia. A pregação desses sacerdotes e suas praticas
resultaram em um novo respeito pela igreja Romana na Itália, fazendo com que o
teatino se espalhasse rapidamente pelos pais.

Outra ordem que surgiu nesse período como forma de renovação dentro da igreja
católica romana foi a ordem dos capuchinhos. Fundada por Matteo de Bascio em 1525
como uma facção reformada dos franciscanos, ela atraiu grandemente os camponeses
com seu espírito sacrifical de serviço e o jeito de pregação, o nome dessa ordem e como
ela era reconhecida era por causa do capelo pontudo e dos pés descalços dos monges,
suas vidas e capelas eram mais simples do que as dos teatinos.Em 1528 a ordem dos
Capuchinhos foi aprovada pelo papa.

Nesse período também surgiu uma ordem feminina denominada ursulinas,


fundada por Ângela Merici em 1535, tinha como finalidade cuidar dos doentes e educar
as meninas.

Portanto, podemos afirmar que essas ordens mencionadas acima trouxeram um


renovo para dentro da igreja e aproximou o povo da igreja que até então estava afastado
do aprisco.

A igreja estava empenhada em sua renovação e para dar continuidade, Caraffa


foi eleito papa Paulo IV 1555-1559, este tinha um zelo reformista e sua vigor de homem
corajoso foi se concretizar na contra reforma, como cardeal, ele encorajou Paulo lll a
criar a inquisição romana e a publicar o índex para proteger a igreja de muitas heresias,
26

então como papa ele fortaleceu esses instrumentos, todavia não conseguiu porem
libertar o papado do controle político da Espanha, além de ter praticado o nepotismo7

Por mais que o fato dos papas da Renascença, amantes da luxúria, gananciosos,
terem sidos bem sucedidos no século XVI, que alguns papas zelosamente sustentavam a
reforma, também ajudou o crescimento do protestantismo Paulo III foi tão favorável á
causa da reforma que seu pontificado marca um ponto importante na contra Reforma, no
seu papado foi formado então a ordem jesuíta, a mesma foi criada pela inquisição, foi
publicado o Índex dos livros, que tratava as obras que os católicos não podiam ler e no
Concílio de Trento em 1545 foi instalado. Pio IV, o sucessor de Caraffa, conseguiu
eliminar o nepotismo e regulamentar os poderes do Colégio dos Cardeais, quem
realizou uma reforma financeira foi Sixto V, e com um zelo espiritual renovado e com
reformas práticas, a igreja de Roma, que seu chefe e a partir do mesmo foi que
conseguiu levar a Reforma a seus membros da Europa e trazer muitos dos protestantes
de volta para a igreja romana. O papado tinha conseguido em 1590 consideráveis
vitórias por causa a estas reformas. Latourette disse que o século XIX foi o grande
século das missões protestantes, o século XVI graças aos Jesuítas foi o grande século
das missões católicas, Jesuítas espanhóis, portugueses e, mais tarde franceses, fizeram
que a América Latina reconhecesse sua fé, e ao sudeste da Ásia Quebec. a expansão
religiosa só se tornou possível com a exploração e colonização dessas áreas pelas
nações já ditas. Em 1622, os chamados patrocínios nacionais das missões pelos
governantes desses estados deram lugar, à sagrada Congregação para a Propagação da
fé, que a mesma foi criada por Gregório XV. Duas ordens participaram desse trabalho e
ate mesmo alguns dos seus monges foram martirizados que foram as ordens
dominicanas e franciscanas.

No século VII Nestoriano fez que a China recebesse o Cristianismo, e o


Cristianismo católico-Romano em 1300, recebeu uma infusão de cristianismo pelos
jesuítas através de John de Monte Corvino, Matteo Ricci que tinha um grande
conhecimento em matemática e astronomia, e com agrados ao imperador com presentes

7
Nepotismo é um termo utilizado para designar o favorecimento de parentes ou amigos próximos em
detrimento de pessoas mais qualificadas, geralmente no que diz respeito à nomeação ou elevação
decargos públicos e políticos. Etimologicamente, este termo se originou a partir do latim nepos, que
significa literalmente “neto” ou “descendente”. Originalmente, a palavra era usada exclusivamente no
âmbito das relações do papa com seus parentes.
.
27

de relógios e com sua disposição a adaptar-se a cultura chinesa no que se diz a roupas e
costumes, quando ele chegou a Pequim por volta de 1601, logo cerca de 6.000 pessoas
já estavam o seguindo, os jesuítas por volta de 1700, alegavam ter 300.000 pessoas os
seguindo na China, os monges foram expulsos quando o imperador se voltou contra eles
cerca do século XVIII. O pregador que pregou em muitas partes do Oriente, Francisco
Xavier, chegou a Kagoshima no Japão em 1549, os monges por volta de 1614 alegavam
ter ganho 300.000 japoneses, com guerra e martírio e uma perseguição horrível,destruiu
rapidamente esses esforços no século XVI. O homem que estudava a cultura da Índia e
se vestia como membro da casta mais baixa da mesma era Roberto de Nobili 1577-
1656, ele foi o instrumento usado na implantação da igreja católica na Índia, como uma
nação o povo filipino, votou-se para o catolicismo na segunda parte do século XVI e
essa igreja ainda conta com o compromisso da maioria do povo. Alcançada por monges
a Indochina foi fundada lá uma forte igreja católica; Através dos espanhóis e
portugueses a América Central e a do Sul, e Quebec através dos franceses, foram
acrescentadas ao rebanho. Ainda é dominante nessas áreas o catolicismo, o
imperialismo eclesiástico de Espanha, Portugal e França andavam de mãos dadas com o
imperialismo político. Os jesuítas tiveram um papel preponderante em toda essa
expansão, certo monge dominicano Bartolomeu de las Casas, que no início da era da
expansão missionária, havia escrito contra os maus tratos dos índios pelos colonizadores
espanhóis e foi contra a escravatura. Sob ordens de Philip Neri o cardeal Cesar
Baronius, assumiu o encargo de pesquisar e escrever seus doze volumes dos Anais
Eclesiásticos que foi em 1588-1607, foi feito para refutar os treze volumes do
Magdeburg Centuries editados por MatthaisFlaciusIIIlyricus, pintava o papa como o
Anticristo era o ultimo volume desta coleção, e Baronius falava que a igreja Católica
Romana tinha sempre sido unida e inalterável e sempre fiel ao ensino apostólico, . O
regente do coro da catedral de São Pedro Giovanni da Palestrina compôs uma música
polifônica, que tinha um mosaico de sons e foi criado por cantores cantando diferentes
linhas melódicas, noventa missas e cerca de 500 motetos ele escreveu que proclamavam
o espírito triunfante da Contra Reforma. O que expressava o triunfalismo da igreja era a
arquitetura barroca, as colunas de GionaniBernini em frente a Catedral de São Pedro em
Roma e o altar dentro da igreja proclamavam a majestade da igreja. A igreja II Gesu em
Roma e o palácio Escorial, igreja-Monastério de Felipe II, ao norte de Madri, são outros
exemplos.
28

3.2.2 REAÇÕES CONTRA O PROTESTANTISMO

De fato Espanha tornou-se a nação líder da obra na Contra Reforma, sabemos


que a igreja e o nacionalismo tinham se unido para consolidar o estado espanhol, e então
expulsar os muçulmanos e os judeus, e só depois de 1469 no casamento de Isabel de
Castela, foi que aconteceu fervorosamente a luta religiosa, e Fernando de Aragão,
também religioso, lutaram ambos por uma Espanha unida e leal a Roma, e foi lá na
Espanha que a inquisição se organizou (1480) e constituiu sob a liderança de Tomás de
Torquemada, num órgão de extermínio dos hereges, e da mesma foi que Paulo III fez a
ideia da inquisição Romana, e Ignácio de Loyola, o instrumento da fundação da
Companhia de Jesus, e o Cardeal Ximenes, introduziu o estudo das Escrituras entre o
clero formado pela Universidade de Alcalá, e sabemos que foi ele mesmo o primeiro a
ter o Novo Testamento Grego impresso, e em 1520 ele dirigiu a publicação da
"Poliglota Complutense" que dava o texto da Bíblia em suas línguas originais e no latim
da vulgata.

Os reis da Espanha sucessivamente foram Carlos V e Filipe II, do santo império


romano e Holanda foram os principais sustentáculos do sistema papal. Quem esvaziou o
tesouro e o sangue da Espanha nos seus esforços de subjugar a Holanda à fé católica
romana e recuperar a Inglaterra para o sistema feudal foi Filipe.

Sendo assim surgiu de contra partida mais uma ordem para aplacar o
crescimento do protestantismo, e esta ordem é chamada de ordem dos Jesuítas.

A ordem Jesuíta foi a arma mais eficiente de propaganda positiva usada pela
igreja de Roma, que se afirma na pregação feitas por monges bem treinados como forma
de reconverter os adeptos do protestantismo. Ignácio de Loyola (1491-1556) foi o
fundador da ordem, ele era de uma família rica basca nobre, depois de um tempo que
enfrentou lutas, amores e jogos como era de costume de um membro de uma família
nobre da Espanha, ele fez-se soldado, contra os franceses em 15218 sua perna foi
esmagada, e um período grande ficou em um hospital enquanto sua perna era

8
A Guerra Italianade 1521 - 1526, Também conhecida como Guerra dos Quatro Anos. Faz parte das
guerras italianas, em 1521 a 1526 este conflito se desenvolveu, a republica da Veneza e Francisco l da
França lutaram contra o império romana-germânico Carlos I de Espanha. Houve varias causas do conflito,
entre as quais estava a eleição, de Carlos I em 1519 e 1520 como imperador do sacro império romano, e
houve uma necessidade do Papa Leão X para se ajuntar e este e assim combater as ideias de Martinho
Lutero.
29

erroneamente fixada, quebrada e reafixada novamente,, e nesse período ele começou a


ter uma leitura de literatura religiosa e em 1522 em uma experiência espiritual que o
levou a dedicar sua vida ao serviço da igreja e de Deus, passado o tempo ele fez uma
viagem à Terra Santa em 1523 e logo apos voltou para estudar, entrou para a
universidade de Paris em 1528, ele e seis companheiros em 1534 criaram o núcleo de
uma ordem que teria a aprovação papal em 1540, Ignácio de Loyola tornou-se em 1541
o geral da nova ordem, e em 1566 a ordem contava com cerca de 1.000 monges. Loyola
antes escrevera uma obra chamada Exercícios Espiritual para orientar os novos na fé a
experiência espiritual que faria eles os membros da ordem, e sem duvida muito tempo
deviria ser gastado em meditação sobre a vida e o pecado e na morte e ressurreição de
Cristo. E sem duvida por esse tempo de dedicação iria fazer de seus membros fiéis a
Deus e a liderança humana, e finalmente os membros teriam que prestar um voto de
obediência especial ao papa e ao seu geral, e as provinciais que dirigiam os distritos
estava abaixo do geral, e Loyola em sua devoção e certeza fazia com que em relação a
igreja exigia uma obediência clara e única e cega ao papa, além da pureza, castidade e
pobreza, era marca própria da ordem.

Portanto, podemos concluir que a ordem dos jesuítas trouxe prestigio para igreja
Católica e, além disso, novas terras, em virtude da conquista do Novo Mundo por parta
da Espanha e Portugal, consequentemente novos católicos para uma igreja que até então
se via efunda na imoralidade e sem perspectivas.

Sabemos que os principais objetivos da organização eram a educação, o combate


à heresia e as missões estrangeiras, e ate hoje a ordem controla as instituições
educacionais mais importantes da igreja Romana, sendo através da pregação, a
Alemanha na sua grande parte foi reconquistada para a igreja Romana, e as ordens
também produziu muitos missionários heroicos, Francisco Xavier foi um dos seus
primeiros missionários da projeção. Ele trabalhou no Antigo Oriente, pregou na Índia
Japão, batizando milhares de pessoas segundo a fé romana, os jesuítas reconquistaram
as províncias do sul da Holanda e a Polônia para a igreja romana, ainda mais que
embora pelos menos, o luteranismo parecesse estabelecido solidamente. A grande
eficiência dos jesuítas nestas lutas os levou à crueldade, e os que o faziam justificar-se
era seus próprios relativismo ético e o envolvimento com os reis na luta contra a heresia
havia os levados a interferência indevida na política o que iria mais tarde tornarem
30

impopulares. Quem tinha duas armas de coerção para apoiar a propaganda feita pelos
jesuítas era a igreja de Roma, que era a Inquisição se originara na luta contra os
albigenses no sul da França nos primórdios do século XIII. E na Espanha foi
estabelecida por autorização papal (1480), para fazer frente ao problema da heresia
neste país. No comando de Tomás Torquemada, cerca de 10.000 pessoas foram
executadas. E sob Ximenes, cerca também de 2.000 pessoas morreram, Caraffa em sua
insistência na inquisição Romana foi proclamada por uma bula papal de Paulo III, como
instrumento de combate em 1542 a heresia em todo mundo.Sendo acusados de culpados
ate provarem ao contrario, os acusados não podiam ser acareados com seus acusadores,
eram forçados a irem contra os seus próprios testemunhos, e sob tortura eram obrigados
a confessar, todavia se condenados eram punidos com o confisco de bens, prisão,
queima na fogueira, isso só não aconteceria se caso confessassem e se retratassem, eram
feitas essas punições pelas autoridades seculares sob os olhos de vigilantes dos
inquisidores. Cooperando com os protestantes na disseminação de suas idéias foi o
desenvolvimento da imprensa em meados do século XV, e em contrapartida a igreja
Romana se movimentou e criou o Índex, que criou uma lista de livros que os fiéis não
poderiam ler, a lista foi publicada em 1543 sendo a primeira e no comando de Caraffa e
aprovada por Paulo III, e em 1559 Caraffa como Paulo IV promulgou o Índex Romano
de livros Proibidos, os livros que como Erasmo e algumas edições protestantes da Bíblia
estavam na lista, e em 1561 uma congregação especial do Índex foi encarregado pelo
papa de manter a tal lista atualizada. Índex fez com que os católicos romanos evitassem
que lessem literatura protestante a inquisição obrigou muitos protestantes a se
retratarem, e em 1966 o Índex foi abolido. Mais do que ninguém Paulo III, enxergava a
necessidade da reforma na igreja Romana, sabemos que foi ele que em 1540 estabeleceu
para autorizar a ordem dos jesuítas que estabeleceu a inquisição Romana.

3.2.3 O CONCILIO DE TRENTO

O Concílio foi aberto no dia 13 de dezembro de 1545 e durou longos períodos


sem sessão, até 4 de dezembro de 1563, de fato o concílio não conseguiu sobrepor ao
papa, a votação era individualmente feita e não por nações como foi que aconteceu no
concilio de Constança.Com três ou quatros presentes eram os italianos como maioria,
sendo assim a hierarquia e o papado italiano asseguraram o controle das ações, Paulo III
queria de certa forma discutir a doutrina da igreja de Roma, incluindo a reforma dos
31

abusos clericais e uma possibilidade de uma cruzada contra os incrédulos. Sabemos que
embora os 255 clérigos assinassem os decretos finais, cerda de um pouco mais de 75
estiveram presentes a maioria das 25 sessões. Então podemos concluir queo objetivo do
concilio era assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica em virtude da divisão
feita pela reforma protestante, razão pela qual é denominado também, de concilio contra
reforma. Houve alguns papas que tiveram participação no concilio de Trento, que são
eles: Papa Paulo III (papado 1534 a 1549), Papa Júlio III (papado 1550 a 1555), Papa
Marcelo II (papado 1555), Papa Paulo IV (papado 1555 a 1559), Pio IV (papado 1566 a
1572). Em relação ao concilio de Trento, Simon diz:

"Houve no principio certo otimismo no sentido de que o concilio pudesse


unir de novo a igreja, mas as esperanças eram vã. Ao tempo de Trento, a
revolução protestante já avançara tanto que não podia haver reconciliação. O
que o concilio de Trento fez foi submeter todo dogma e pratica do
catolicismo ao mais penetrante do exame da historia da igreja. O resultado
desse exame foi uma inequívoca reafirmação de quase todas as doutrinas
contestadas pelos protestantes." (SIMON, 1971, p. 108).

3.2.3.1 O CONCILIO EM SESSÃO

O Concilio foi dividido em três períodos, que são eles, primeiro período em
1545 a 1548, segundo período foi de 1551 a 1552 e no terceiro período foi em 1562 a
1563. Vamos analisar algumas series de sessões como podemos ver que na primeira, ela
tratou de diversas questões doutrinarias, declararam que não somente a Bíblia mais
também as Escrituras canônicas e os livros apócrifos da vulgata de Jerônimo e a
tradição da igreja eram autoridade final para os fieis, olhando sobre a discussão da
justificação pela fé, este assunto terminou com uma decisão de que o homem era
justificado pela fé e suas obras subsequentes, e não apenas pela fé, o concilio confirmou
os sete sacramentos e os decretos sobre a reforma dos abusos eclesiásticos foram
formulados. Sobre a segunda serie de sessões foi tratado sobre o dogma da
transubstanciação que foi reafirmado e consigo trazendo outras decisões sobre a reforma
foram tomadas, e por ultimo e não menos importante a serie de sessões se ocupou com
discussões detalhadas sobre os outros sacramentos, regras sobre o casamento, decretos
sobre o purgatório, e vários assuntos que trataremos um pouco mais a frente.
32

3.2.3.2 REFORMA DO CLERO

A reforma do Clero causou algumas mudanças tais elas como a Instrução bíblica
nos seminários, a fim de combater o protestantismo no seu próprio terreno, e que todo
clero nas funções paroquiais, pregasse o evangelho. E por sua vez os monges foram
proibidos de pregar sem licença do bispo respectivo. Até então muitas das posições
eclesiásticas mais importantes eram ocupadas, a pretexto de renumeração, por homens
que não pretendiam prestar qualquer serviço.

A concessão de bispado e arcebispado foi escolhida por pessoas de boa família,


de moralidade recomendável e idade competente para as diversas posições eclesiásticas:

No plano disciplinar, o Concilio fixou em 16 anos a idade de recepção no


sacerdócio e em 30 anos a idade mínima exigida para ser bispo, a acumulação
de benefícios foi proibida e impôs aos beneficiados a residência no localde
sua função. (CÂMARA NETO, 2000, p. 103)

Além disso, reconheceu-se a necessidade de um clero bem educado e, por isso,


foi ordenado que a educação dos padres fosse mais aprimorada, também reafirmou a
vida monástica, exigiu-se a economia e dos cardeais como meio próprio de acabar com
as orgias que eram muito comuns entre eles. E por assim o concubinato foi condenado.

Para dar aos futuros padres melhor educação intelectual e sacerdotal, decidiu-
se a criação de um seminário por diocese. A doutrina católica foi definida
com intransigência relativamente as inovações protestantes: Os fieis
conquistam a salvação pela fé, mas também por um pratica regular e
cotidiana; A fé deve alimentar-se não só nas fontes bíblicas e mais também
nos ensinamentos dos padres da igreja. (CÂMARA NETO, 2000, p.103)

3.2.3.3 REFORMA DOUTRINARIA

A Reforma trouxe muitas mudanças doutrinarias começamos a falar sobre a


mudança nas Escrituras, os livros que, antes a igreja sempre tinha considerados
apócrifos, foram incluídos no cânon e se decretou um anátema sobre todo aquele que
dissesse que todos os livros da Vulgata latina não eram inspirados em todas as suas
particularidades.

A versão latina da Bíblia, feita quase toda por São Jerônimo. Escrita no século
IV foi oficializada pela igreja católica no concilio de Trento em 1545. Todavia
33

apontaram mais tarde erros de tradução e a edição padrão corrigida foi estabelecida em
1592, no papado de Clemente VIII.

Outra mudança doutrinaria foi sobre o pecado original:

•Foi decretado que Adão ao pecar perdeu a santidade e a retidão em que foi
criado o levou a sua própria culpa e a toda posteridade,

•A absolvição desta culpa só pode ser conseguida pelos méritos de Cristo.

• O batismo lava esse pecado, mas a tendência pecaminosa permanece.

•A justificação abrange tanto a remissão dos pecados como a santificação.

•A fé é o primeiro passo para a salvação, mais não é suficiente para si mesma.

•Os crentes crescem pela observância dos mandamentos de Deus e da igreja, a fé


coopera com as obras.

• A predestinação esta incluída na justificação.

Porém os Sacramentos não sofreram modificações:

• Batismo;

• Crisma;

• Eucaristia;

• Penitencia;

• Matrimonio;

• Ordenação e unção dos enfermos.

Consideração: Determinou-se que a interpretação dos decretos do Concilio fosse


feita pela sua congregação, como um departamento de Cúria Romana, cabendo ao papa,
declarado cabeça infalível da igreja, decidir sobre qualquer interpretação controvertida.
34

A igreja reafirma-se como indispensável para a salvação,sendo uma


sociedade hierarquizada sob a autoridade espiritual do papa. Há sete
sacramentos e o culto continua centrado em torno da missa, cujo ponto
culminante é o sacrifício eucarístico, reafirmando como transformação real
do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo. . (CÂMARA NETO, 2000,
p. 103)

Uma congregação especial do Índex, criada em 1571, foi encarregada pelo Papa
de manter a lista atualizada. O Índex evitou que muitos católicos romanos lessem
literatura protestante e a Inquisição obrigou muitos protestantes a se retratarem. O Índex
foi abolido em 1966.

3.2.3.4 Os principais assuntos doutrinários do Concilio de Trento

O símbolo da fé Católica:

• O credo profissão de fé;·.

• Os livros sagrados e as tradições dos apóstolos;

• A edição da Vulgata da Bíblia e o modo de interpretação;

• Decreto sobre o pecado original;

• Decreto sobre a justificação;

• Os sete sacramentos;

•Decreto sobre a santíssima Eucaristia;

• Doutrina sobre a penitência;

• Cânones sobre a extrema-unção;

• Doutrina da comunhão sobre ambas as espécies e das crianças;

• Doutrina sobre o santíssimo sacrifício da missa.

Que não somente a bíblia, mas também as Escrituras canônicas e os livros


apócrifos da Vulgata de Jerônimo e a tradição da igreja constituíam a autoridade final
para os fiéis.
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Assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica em virtude da divisão feita


pela Reforma Protestante, razão pela qual é denominado também de Concílio da Contra
Reforma.

4. OS RESULTADOS DA CONTRA REFORMA

4.1 O PÓS - CONCÍLIO

O catolicismo romano, até o ano de 1565, tinha mobilizado suas forças, contra o
protestantismo. As doutrinas e as práticas católicas tinham caráter autoritário. A
Inquisição e o Índex haviam se aperfeiçoado.

Um conjunto de medidas foi adotado a salvação dependia da fé e das boas obras


humanas; a fonte da fé está na Bíblia cabendo a Igreja dar-lhe a interpretação correta e a
tradição religiosa transmitida pela Igreja ao longo de sua História; a Igreja reafirmou
que no ato da eucaristia ocorria a presença real de Jesus no pão e no vinho, essa
presença real de Cristo era rejeitada pelos protestantes.

A reforma fundada nos decretos e nas constituições Tridentinas foi levada a


efeito pelos Papas que se sucederam: Pio V (papado: 1566-1572) e Xisto V (papado:
1585-1590). Foi criado o ―Index LibroriumProibitorium índice de livros proibidos para
evitar a propagação de ideias contrárias à fé da Igreja Católica. Todos estes livros
proibidos eram queimados, a Igreja Católica proibiu-os de ser lidos.

Publicou-se o Catecismo Romano com os pontos fundamentais da doutrina


católica, um Missal e um Breviário por ordem do Papa Pio V.

O espírito tridentino deu oportunidade ao surgimento de bispos importantes


como Carlos Borromeu que foi um Religioso italiano. Arcebispo de Milão em 1564,
responsável pela reforma da disciplina do clero romano e atribui-se a ele o sucesso da
Contra Reforma em toda a área de influência de Milão. Felipe Néri era Italiano de
Florença- filósofo e teólogo. Formou um grupo de religiosos e leigos
parareuniremcomunidade e discutir os problemas, rezar, cantar e estudar o
Evangelho. A iniciativa deu tão certo que depois de um tempo fundou à Congregação
de Padres do Oratório, uma ordem secular sem vínculos de votos. Que contribuiu para a
renovação de espirito Cristão da Cúria Romana, José de Calassanz que foi um religioso
espanhol e fundador da congregação dos Clérigos regulares das Escolas Pias, para a
36

educação de crianças pobres. Francisco de Sales, que difundiu a espiritualidade e a vida


devota entre leigos que viviam no meio da sociedade daquela época.

O significado real do concílio foi à transformação da teologia medieval


escolástica num dogma acabado para todos os fiéis. Ele impossibilitou qualquer chance
de aproximarem-se do protestantismo porque estes não aceitariam a autoridade da
Tradição religiosa conservada e transmitida pela Igreja no mesmo nível da autoridade da
Bíblia. Com a difusãodaimprensa, aumentao número de exemplares da Bíblia. Surgia,
assim, uma vontade individual de entender as verdades divinas, sem a intermediação
dos Padres. Para os protestantes, a palavra de Deus, expressa na Bíblia tinha um peso
muito maior do que qualquer um dos símbolos criados pela Igreja Católica. Além disso,
marcou o fim do conciliarismo (teoria religiosa católica que postulava a primazia da
autoridade dos concílios ecumênicos sobre o papa), e decretou o triunfo do absolutismo
papal ou curial.

Este Concílio marcou o fim da Igreja Medieval e estabeleceu o nascimento da


Igreja Católica Renovada. Também, promoveu um padrão moral mais
elevado entre o clero pelas reformas adotadas. Apesar das mudanças
ocorridas na Igreja pós Concílio, ela continuou negando o sacerdócio de todo
fiel e a supremacia das Escrituras Sagradas sobre a Tradição. (CARVALHO,
2008, p. 53).

Como reação à proibição do culto às imagens pela Reforma protestante, a igreja


Católica promoveu o ensino através das imagens. Essa promoção, ao lado do
desenvolvimento da religiosidade popular e da superação das formas cortesãs do
Renascimento e de seu estilo artístico mais racional, deu origem, principalmente na
Itália e na Espanha, ao chamado estilo barroco Estilo artístico que vigorou no Ocidente
do séculoXVIaoXVIII,em reação ao espírito renascentista. Os temas da escultura e
dapinturabarroca são fundamentalmente religiosos, em contrastecom os temas
mitológicos do Renascimento. Exaltam o triunfo da fé, do pontificado, dos mártires e
dos santos. Predominam os momentos poéticos, como os de Gian Lorenzo Bernini que
foi um Arquiteto, escultor e pintor italiano. Pioneiro do barroco realizou importantes
obras, como o baldaquino e a colunata, na basílica de São Pedro em Roma. E os
místicos, como os de Tintoretto pintor italiano um dos mestres do maneirismo, notável
pela dramaticidade da composição. Ou os de El Greco Domenikos Theotokopolus
,pintorgrego. Célebre por suas figuras alongadas e suas cenas religiosas marcadas por
grande domínio técnico, na arquitetura, o estilo da contra Reforma se denominou
37

"jesuítico", por seguir o estilo que o arquiteto italiano Giacomo da Vignola arquiteto
italiano, Precursor das concepções barrocas, destacou-se pelo equilíbrio entre
classicismo e liberdade de composição. Imprimiu à igreja de Roma, e por coincidir com
a rápida expansão da Companhia de Jesus. A conjunção de arte e teologia foi mais uma
evidência de que a mudança da igreja havia chegado ao povo.

Renovou-se por esse tempo, a piedade mística medieval, onde os monges foram
evangelizar as regiões da Germania e as ilhas Britanicas, e seus mosteiros eram lugares
privilegiados para a reflexão teológica. Novas ordens de frades e freiras foram
organizadas com novas regras.

[...] estas ordens, respondem a profundas necessidades de vida cristã e de


serviço de Jesus Cristo. Foram os monges que evangelizaram as regiões
longínquas da Germânia e das ilhas britânicas. São eles que alimentam os
primeiros hospitais, acolhem os pobres e os viajantes; ensinam nas suas
escolas e fazem obra artística. Acima de tudo embelezam a liturgia dos seus
ofícios, estudam com cuidado a Bíblia; alguns se dedicam à reflexão
teológica. Com os seus mosteiros, são elementos constitutivos e visíveis da
Igreja. Mas, em cada época, quando gerações novas, marcadas pelas
tendências do século, corromperam o ideal primeiro, novas ordens foram
criadas por fortes personalidades com novas regras também severas.
(BAUMGARTNER, 2001, p. 266).

A nova evangelização expressou-se em novos empreendimentos missionários no


estrangeiro, e especialmente nas Américas.

Portugal e Espanha levaram a fé católica além-mar. Hoje os católicos da


América Latina e das Filipinas constituem a grande reserva demográfica da Igreja
Católica e consequentemente do Cristianismo.

Na esteira da dinâmica tridentina, por iniciativa do papa Pio V, organizou- se a


Santa Liga (Designação de diversas associações de países ou grupos católicos ao longo
da história), que levou a cabo uma autentica cruzada contra os turcos otomanos que os
derrotou que o derrotou na famosa Batalha de Lepanto (Combate naval travado em
1571, perto do golfo de Lepanto, entre as forças cristãs da ―Santa Liga‖ e a esquadra
otomana).

Pela ação de missionários como Francisco de Sales, obteve-se a reconquista


religiosa de uma porção importante dos povos do centro europeu, e ainda na Áustria, na
Baviera, na Polônia, e na Ucrânia.
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O que foi de mais importância para o catolicismo foi à criação das escolas
religiosas e a catequese dos não cristãos pelos jesuítas, que não somente intensificaram
a oposição contra o protestantismo, como também renovaram o espírito de sacrifício e
de coragem missionária levando a fé e a doutrina até os mais longínquos lugares.

Os jesuítas, porém, não se limitavam a defender a fé contra os ataques de


protestantes e heréticos; ansiavam por propagá-la até os mais longínquos
recantos do globo, por tornar católicos os budistas, os muçulmanos e os
parses 37 da Índia, e até mesmo os selvagens incultos dos continentes recém-
descobertos. Muito antes de findar o movimento da Reforma, havia
missionários jesuítas na África, no Japão e na China, na América do Norte e
do Sul. Outra atividade importante dos soldados de Loyola foi à educação.
Fundaram, aos milhares, colégios e seminários na Europa e na América e
insinuaram-se também em instituições mais antigas. Durante séculos tiveram
o monopólio da educação na Espanha e um quase monopólio na França. O
fato de haver a igreja católica recuperada muito de sua força a despeito da
secessão protestante deveu-se, em grande parte, às atividades múltiplas e
dinâmicas dos jesuítas. (BURNS, 1983, p. 481).

O concilio de Trento determinou um catecismo com os pontos fundamentais da


doutrina católica e se preocupou com a criação de seminários para a formação dos
sacerdotes. E os Jesuítas foram os precursores de pregar e de priorizar as escolas, tendo
o monopólio da educação nos países católicos, por isso se tornaram educadores e
missionários fiéis, e garantidos pelo poder da Inquisição, o papado conseguiu
neutralizar as investidas‖ protestantes, exceto na Holanda, depois de 1560, e
reconquistar territórios como a Polônia, onde parecia certo o triunfo do protestantismo.
O auge da conquista e da reforma foi atingido por volta de 1600
39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na trilha escolhida para o desenvolvimento desta pequena reflexão, mostramos o


porquê escolhemos este tema ou assunto para trabalharmos, que foi, devido a forte
influencia que ocorreu da contra reforma em cima do protestantismo, as ideias que o
Clero começou a ter depois da reforma, foi perceber o quanto a mesma estava crescendo
e tirando de si os fieis, e tirando o poder da igreja católica, porém a igreja Romana não
ficou de braços cruzados,então esta decidiu fazer uma contra reforma dentro dela,
podemos dizer que foi um movimento que provocou uma renovação interna na igreja,
além de uma reação externa em oposição ao protestantismo.

O catolicismo da Contra- Reforma foi levada por missionários ao Quebec, à


América Latina e ao sudoeste da Ásia. Boa parte da teologia católica desse período
dedicou-se à refutação do protestantismo e manifestaram-se também na criação de
novas ordens.

Aprendemos por meio da investigação do assunto que somos capazes de


desenvolver habilidades de pensamentos, formação de conceitos, raciocínio, que são
ingredientes indispensáveis para pensarmos com autonomia e desenvolver argumentos
justifiquem o que pensamos com relação ao assunto escolhido.

Embora o assunto seja de uma ampliedade significativa conseguimos a-ter nos


pontos principais, fundamentando historicamente como a igreja sempre teve uma
resposta a todo desafio que batiam em sua porta.

Acreditamos que este assunto terá um impacto muito importante na sociedade


pelo fato de que poucos sabem do que realmente foi a contra reforma, o quanto ela foi
importante para a igreja católica e que graças a contra reforma e que a igreja católica
ainda esta de pé nos dias atuais, pois se não fosse isto a reforma protestante teria tomado
todo os lugares.

Enfim, todo o nosso esforço para a realização deste trabalho não tem como
objetivo dar um ponto final a este assunto, e sim, colocar o nosso ponto de vista nas
reações feitas pela igreja para que pessoas ao tomarem conhecimento desta linha de
raciocínio viessem enxergar um novo horizonte.
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Pindamonhangaba, Dezembro 2016.

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