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A justificativa para uma guerra entre cristãos tornou-se uma preocupação para a
Igreja, que debateu as fontes de legitimidade para os conflitos que ocorressem no
interior da Cristandade (São Tomás de Aquino abordou o tópico). Isso demonstrava
a necessidade de colocar o uso da força a serviço da manutenção da ordem,
especialmente em um cenário fragmentado.
A Expansão da Europa
As consequências da expansão europeia e de seu posterior declínio são alguns dos
aspectos mais importantes da ordem global.
Os Estados Italianos
A Itália na época, era uma colcha de retalhos de cidades e principados Suas 5
principais potências eram Nápoles, Roma, Florença, Milão e Veneza e entre essas
interpunha-se uma multidão de Estados menores.
O Stato
A contribuição da Itália do Renascimento foi desenvolver novas técnicas de
aquisição e consolidação do poder real dentro de um território e estendendo-se para
além dele. A esse poder era dado o nome de Stato, semelhante ao que nós
entendemos como status-quo ou Estado, no sentido de uma autoridade
governamental ou da forma política de uma nação.
Exércitos Contratados
A Diplomacia Residente
Os príncipes italianos foram de grande importância para o diálogo diplomático na
Europa
O Equilíbrio de Poder
Os governantes dos Statos italianos ansiavam por expandir e reforçar o seu poder,
e reconheciam a necessidade de vigilância contra outros que poderiam representar
uma ameaça. Assim, através do diálogo diplomático, instituiu-se a meta anti-
hegemônica consciente de um equilíbrio de poder, algo até então inédito.
● O controle sobre a expansão veneziana, promovido por Milão e Florença,
demonstrou, em última instância, que não era interessante para nenhuma
cidade-estado caso outra assumisse a proeminência na península.
Texto de Resumo
Cap. 15: O Renascimento na Europa - O Stato fora da Itália
transformar a suserania medieval de seus domínios em Statos territoriais, pondo
eles próprios na qualidade de senhores absolutos de seus domínios.
A segunda parte, ligada ao francês João Calvino, foi mais radical, na medida em
que, além de negar o Papa e certas doutrinas, rejeitava a estrutura da Igreja
universal, apontando para o aumento no poder das congregações.
● Esse princípio foi estendido por alguns calvinistas como próximo a ideais
republicanos, pois indicava que o poder político, assim como o religioso, era
inerente ao povo.
Com a emergência das Reformas, uma série de guerras religiosas se espalhou pela
Europa, na qual, movidos por suas consciências individuais, vizinhos se voltaram
contra vizinhos.
Desse modo, durante alguns séculos o Império Otomano foi, de fato, uma
importante peça no cenário europeu. No entanto, suas notáveis diferenças culturais
impediram sua definitiva integração na sociedade internacional da Europa. Isso
traria consequências futuramente, especialmente no século XIX.
1 - A cena internacional
A paz dinástica
2 - A Economia Europeia
O Baltico e o Leste
O Atlântico e o Mediterrâneo
As riquezas advindas das colônias americanas só começaram a aflorar no
continente europeu a partir da década de 1550, visto que Espanha e Portugal
precisavam de tempo para consolidar, em suas colônias, uma estrutura burocrática
que tornaria viável a exploração econômica.
Havia, por parte dos espanhóis, a justificativa de que Deus conferiu a eles a missão
de catequizar os nativos do Novo Mundo e, em troca, permitiria que eles
explorassem o ouro e a prata daquelas terras. As demais potências contestavam
essa prerrogativa a partir do princípio de liberdade dos mares.
A segunda metade do século XVI foi a era da prata na Europa. O metal branco
advindo das Índias inundavam o continente e o ouro se tornava cada vez mais raro.
A prata que circulava na Europa estava, a grosso modo, restrita às grandes cidades
e relacionada aos negócios de Estado e à compra de artigos de luxo. No meio rural,
o mais comum eram moedas de cobre e de liga.
Em suma, pode-se afirmar que a Europa do século XVI viveu, ao mesmo tempo, o
desenvolvimento da economia, motivada pela integração do Leste e do Atlântico, e
o aumento na desigualdade e na miséria, motivado pelo crescimento populacional e
pela inflação.
3 - O Problema do Estado
A Monarquia
A Monarquia na Europa dos anos 1550 ainda era, no entanto, uma instituição frágil,
e os reis muitas vezes ainda se viam dependentes de nobres poderosos, tendo que
agir, portanto, com grande cautela.
● Um pequeno abalo no poder régio poderia pôr a perder um projeto dinástico
de anos.
Esses notáveis da vida política de um reino adquiriam seu poder a partir de suas
possessões territoriais e de sua influência local. Diferente dos nobres feudais, eles
não se valiam das relações de vassalagem, e sim de uma complexa rede de favores
e interesses sutis. No caso francês, destacavam-se entre eles os Guise, os
Montmorency e os Bourbon.
O bom monarca do século XVI era aquele que conseguiria usar o seu capital político
para arbitrar a rivalidade entre essas facções de notáveis, enfraquecendo-as ou
favorecendo-as quando fosse necessário, de modo a governar não acima delas,
mas através delas. Em outras palavras, o bom monarca era uma figura de equilíbrio
entre os distintos grupos de pressão.
Os Estados Sociais
As assembléias poderiam representar empecilhos para a consolidação do Rei.
Muitas vezes, a voz do parlamento era mais forte do que a voz da própria
Monarquia. Ainda assim, elas poderiam ser vantajosas para atribuir legitimidade a
uma medida pouco popular. O bom Monarca saberia ponderar os pontos positivos e
negativos e usar as assembléias ao seu favor.
Ficou claro, nos anos 60, que o fortalecimento das dissidências religiosas poderiam
aumentar as tensões entre o Rei e os Estados, assim como entre o Rei e a
Aristocracia.
● Os Estados se tornaram palcos para que a Aristocracia expressasse seu
ressentimento, tanto em relação à ascensão de funcionários públicos ao
poder quanto em relação à retirada de seus poderes pelo Rei. Eram, dessa
forma, um meio de oposição política à monarquia, oposição essa justificada
por prerrogativas históricas.
A principal ameaça à ordem na Europa era a união das causas religiosas com as
causas políticas da aristocracia. O Calvinismo, nesse sentido, torna-se ainda mais
preocupante, visto que converteu um número grande de nobres.
Para muitos historiadores, a guerra foi uma crise geral que marcou o século XVII
como um século de estagnação e decrescimento econômico, um período que será
lembrado como um tenebroso intervalo entre o século do Renascimento (XVI) e o
século das Luzes (XVIII). Resta saber se a guerra foi a causa ou a principal
consequência dessa crise.
A Guerra dos 30 anos foi, ao mesmo tempo, uma guerra civil alemã, entre regiões
que queriam autonomia diante do poder imperial e outras que sustentavam o
Império, e um conflito internacional entre os aliados do imperador habsburgo do
SIRG e uma coligação protestante de principados alemães mais a França católica.
Nesse longo conflito, a maior parte das campanhas foi travada na Europa Central.
Durante muitos anos, a França optou por não atuar diretamente no conflito. Sua
principal intenção era criar um terceiro bloco, que se opusesse aos Habsburgo da
Espanha e do SIRG e aos protestantes alemães, suecos e holandeses.
● Em função de seu interesse nacional- enfraquecer os Habsburgo -, os
franceses defenderam os direitos dos protestantes em seu território, mesmo
sendo um país católico.
A Guerra dos 30 anos pode ser entendida como a última de uma série de conflitos
religiosos que tiveram início quando Lutero pregou suas teses, em 1519. Após uma
série de disputas que seguiram isso, uma paz momentânea foi alcançada com o
Tratado de Augsburgo, de 1555.
No século XVII, o que se chama hoje de Alemanha era uma grande colcha de
retalhos com mais de 1000 unidades políticas distintas onde se falavam distintos
dialetos germânicos.
O Sacro Império Romano Germânico não era um Estado territorial nem possuía
fronteiras definidas, e abrangia, além das regiões alemãs, diversas nacionalidades
eslavas (na verdade, haveria maior população eslava do que alemã no seio do
Império), além da Hungria. Numa estrutura de tipo feudal, sobrepunham-se
suseranias e soberanias em múltiplas entidades políticas; algumas grandes regiões,
como a Bavária e a Saxônia, outras sem sequer contigüidade territorial. Isso sem
falar de uma série de pequenos principados, ducados ou cidades autônomas e
regiões eclesiásticas controladas por bispados, arcebispados e abadias, além de
pequenos feudos de algumas centenas de cavaleiros imperiais.
Esse conjunto amplo de pequenos, grandes e médios estados dividia-se segundo
lealdades político-religiosas.
Com isso, após Westphalia, a Espanha se tornou uma potência de segunda classe,
cada vez mais subordinada à influência francesa.
Após a vitória na Guerra dos 30 Anos, a França viveu um de seus períodos de maior
opulência, marcado pela figura de Luís XIV.
Outros Países
O que era uma controvérsia entre alemães se tornou uma questão internacional que
envolvia o controle do centro da Europa e também das rotas comerciais marítimas e
terrestres. A luta entre os principados alemães protestantes e o Império Habsburgo
não era apenas uma disputa religiosa, mas estava em jogo o controle da Europa
num contexto estrutural de crise e estagnação.
O que era uma guerra civil no SIRG se tornou o maior conflito europeu da idade
moderna, na medida em que conjugou uma série de conflitos particulares (França x
Espanha, Holanda x Espanha, Reforma x Contra-Reforma).
Brandenburgo ganha alguns territórios e forma, com isso, as bases para o que viria
a ser o principal Estado alemão: A Prússia.
A Guerra dos Trinta Anos, travada sobretudo na Alemanha, envolveu toda a Europa
e mudou a regra do jogo político internacional. A entrada da França na guerra, em
aliança com a Suécia e a Holanda, estabeleceu a base da hegemonia continental
francesa e do predomínio naval e comercial da Holanda. A fragmentação da
Alemanha e sua unificação nacional tardia, só obtida sob Bismarck na segunda
metade do século XIX, está na raiz dos grandes conflitos europeus do século XX.
A Guerra dos 30 anos: O que é Legitimidade? - Henry
Kissinger
Inventou a ideia de que o Estado era uma entidade abstrata e permanente, existente
em si. Suas necessidades não eram determinadas pela personalidade do
governante, por interesses familiares ou pelos princípios universais da religião. Sua
estrela guia era o interesse nacional definido por princípios calculáveis, a Razão de
Estado.
● Isso fica claro quando se observa que a França, católica, apoiou a coalizão
protestante na G30, motivada unicamente por seus interesses nacionais.
O projeto político de Richelieu era esse: manter a Europa central dividida. Caso a
Europa Central estivesse unida, estaria em posição de dominar todo o resto do
continente. Por isso o apoio aos rebeldes protestantes.
● Pelos próximos dois séculos, esse foi o princípio que guiou a política externa
francesa. De fato, enquanto a Alemanha esteve dividida, a França se
manteve preeminente no continente.
A Paz de Westfália
A paz seria construída não a partir de uma unidade doutrinária, e sim a partir da
busca pelo equilíbrio entre os rivais.
A figura que melhor representa essa figura foi o astuto Cardeal de Richelieu.
Ele criou o conceito de ``raison d'état ``e o praticou inflexivelmente em favor
do seu país. Sob seu patrocínio, a raison d’état substituiu o conceito medieval
de valores morais universais como princípio funcional da política francesa.
Tendo em vista que a França era um país católico, Richelieu deveria ter
apoiado as ações de Fernando II no intuito de combater a heresia. No
entanto, ele colocou os interesses nacionais franceses acima de metas
religiosas. Sua condição de cardeal não o impediu de perceber que na
tentativa do Habsburgo em restabelecer a religião católica havia uma ameaça
geopolítica à segurança da França. Para ele, não se tratava de uma ação
religiosa, e sim de manobra política da Áustria para ter o domínio da Europa
Central e, com isso, reduzir o status da França à segunda categoria.
Richelieu legou aos sucessores de Luís XIII uma França fortalecida, uma
Alemanha dividida e uma Espanha em frangalhos. Ainda assim, a vida dos
sucessores do rei não foi tão fácil assim, visto que os princípios realistas do
Cardeal se tornaram a regra, e não a exceção, na política europeia.
O vazio criado na Europa Central pela Guerra dos Trinta Anos seduziu os
países vizinhos a cair sobre ele. A França pressionou do oeste. A Rússia
avançava do leste. A Prússia expandia-se no centro do continente. Os
maiores países continentais não sentiam nenhuma obrigação especial em
relação ao equilíbrio tão louvado pelos filósofos. A Rússia acreditava-se muito
distante. A Prússia, a menor das grandes potências, era ainda fraca demais
para afetar o equilíbrio geral. Cada rei se escudava na ideia de que fortalecer
seu reino era a melhor contribuição possível à paz geral, e deixava para a
ubíqua mão invisível a tarefa de justificar sua faina sem limitar suas
ambições.
Questão Guia I: Contexto de sistema internacional do século
XVI, comparação entre autores.
O direito internacional
A Legitimidade
O uso da força
Immanuel Kant considerava que não importava muito sob que soberano um
pedaço de território e seus habitantes viessem a ficar, desde que o Estado
fosse adequadamente esclarecido e justo. Era possível pensar assim na
época, visto que o nacionalismo ainda não era uma força ativa.
Como foi visto com a leitura de Watson, o sistema internacional europeu do século
XVIII foi marcado pela multipolaridade, no qual os Estados, cada vez mais, agiam de
acordo com os seus interesses nacionais, e não por motivos transnacionais ou
religiosos. Dessa forma, a principal característica do SI anterior - uma bipolaridade
entre o eixo austro-espanhol e a coalizão protestante- não mais existia, sendo
substituída por um sistema mais frouxo de alianças instáveis e de curto prazo →
países que tinham sido inimigos numa guerra muitas vezes se aliaram na
guerra seguinte, o que dava ênfase a uma Realpolitik calculada, e não a
convicções religiosas profundas na determinação de suas políticas.
A Revolução Financeira
Embora a França fosse de modos gerais, mais poderosa que a Inglaterra, o sistema financeiro
desse último era ligeiramente melhor, o que proporcionou um aumento na disponibilidade de
capital interno em relação ao primeiro → Essa superioridade financeira obviamente
favoreceu o desenvolvimento da indústria na Inglaterra.
Geopolítica
A busca pelo equilíbrio móvel fazia com que o SI tivesse uma natureza
intrinsecamente competitiva, na qual alianças instáveis poderiam alterar de maneira
notável a sorte dos agentes estatais. Nesse contexto, o fator geográfico, isso é, a
localização estratégica dos Estados ao longo de conflitos multilaterais, tornou-se
bem importante.
Um exemplo muito claro é o caso da Holanda: embora tenha saído da G30 como
uma potência principal, as dificuldades no comércio marítimo impostas pela
Inglaterra, somada a necessidade de se armar diante da proximidade com a frança
de Luís XIV, aumentaram em muito os gastos do país, que se tornou, diante disso,
uma potência secundária.
A Prússia atingiu o primeiro patamar continental por uma série de fatores: o gênio
militar e estratégico de Frederico o Grande, a eficiência do exército prussiano, a
relativa estabilidade fiscal e os famosos burocratas da guerra. Além disso, o colapso
do poderio sueco, a desintegração da Polônia e a dispersão dos Habsburgo também
ajudaram. A própria ascensão da Rússia fez com que as atenções da Europa
central fossem desviadas para o Leste, permitindo com que os prussianos
ocupassem os vácuos de poder deixados na região. Ainda assim, a Prússia ainda
estava em desvantagem econômica, militar e diplomática em relação às demais
potências, e assim ficaria até 1860.
Rússia e EUA, esses dois gigantes continentais, ainda esperariam alguns séculos
para, nas palavras de Tocqueville, “determinar os destinos do globo”. No período
entre 1660 e 1815, foi a Grã-Bretanha que fez os progressos mais decisivos,
derrubando finalmente a França de sua posição de maior potência. Também nesse
caso a geografia teve um papel vital. Seguem as palavras de Alfred Mahan, oficial
da marinha:
“...se uma nação está situada de maneira a não ser obrigada a defender-se por
terra, nem induzida a buscar ampliação de seu território por terra, ela tem, pela
simples unidade de suas metas voltadas para o mar, uma vantagem em
comparação com um povo cujos limites são continentais.”
Essa afirmação indica que a Grã-Bretanha tinha o privilégio de nunca poder ser
flanqueada, além de basear suas atividades comerciais e militares no mar e possuir
um pujante império marítimo
O que foi
A Guerra dos Sete Anos foi um dos principais conflitos militares ocorridos no
século XVIII. Esta guerra envolveu vários reinos europeus entre os anos de
1756 e 1763, sendo que os conflitos também se estenderam para os
territórios coloniais na África, Ásia e América do Norte.
Causas principais:
A fase final das guerras é a mais rigorosa para todos (1803-15). Devido ao
seu poderio industrial, a Inglaterra suportou melhor o custo da guerra que
Napoleão, e os franceses começam a demonstrar, principalmente a partir de
1809, sinais de fraqueza. Abalados pela desastrosa campanha na Rússia,
(1813) os soldados perdem vigor e, em 1814, o imperador abdica.
Causas Estruturais
● Crise econômica (altos impostos / custos da monarquia) → Corrosão das bases
de legitimidade do regime.
● Privilégios feudais (isenção fiscal da alta nobreza)
● Crise do campesinato (tributos feudais / estiagem)
● Revoltas aristocráticas (revolta dos notórios) → Volta dos privilégios após
tentativa frustrada do Rei Luís XVI de revogá-los.
Causas Conjunturais
● Guerra dos 7 anos (derrota para a inglaterra / custos do conflito)
● Apoio à Revolução Americana → Endividamento da coroa
● Grande Fome: estopim da Revolução
Os Estados Gerais
1ª Constituição (91)
● Monarquia Constitucional (Rei = Executivo)
● Voto censitário
● Emigração de parte da alta nobreza
Girondinos e Jacobinos
Constituição do Ano 1
● Sufrágio universal masculino
● Comitê de Salvação Pública: controlava o executivo
● Comitê de segurança nacional: segurança interna
● Tribunal Revolucionário
Diretório
Governo Girondino
● Fim dos comitês
● Criação do diretório: 5 diretores girondinos
● Terror Branco: repressão velada aos movimentos opositores
● tentativa de pacificação interna → dificultada pela baixa legitimidade
● Retomada do voto censitário
● Vitória sobre a 2ª Coalizão → Destaque para o jovem Napoleão, que ganhou
grande apoio militar
Golpe do 18 de Brumário (99)
● Napoleão surge como figura de estabilidade (fator de aglutinação)
● Assume o poder na França a partir de alianças entre os girondinos e o
exército
● Põe fim ao processo revolucionário
Hobsbawm: A Era das Revoluções
Capítulo 4: A Guerra
Especialmente nos primeiros anos das guerras, destacou-se o conflito entre dois
poderes muito distintos: os poderes e os sistemas. A França como Estado aliou-se a
Estados do mesmo tipo; a França como revolução inspirou outros povos do mundo a
combater a tirania, atraindo a revolta das forças reacionárias e conservadoras.
Conforme o conflito se desenvolvia, a distinção entre esses dois poderes diminuía, de
modo que a guerra internacional ficava menos mesclada à guerra civil → Era, ao
mesmo tempo, um conflito entre Estados e um conflito entre sistemas sociais.
O apoio aos ideais jacobinos era bem maior nos países próximos à França.
No resto da Europa, ele era mais dependente de fatores políticos e sociais
locais.
O apoio dos jacobinos não franceses tinha sim alguma importância militar,
dentro e fora da França. Territórios conquistados pela França que tivessem
um grande número de apoiadores provavelmente se tornariam estados
satélites ou seriam anexados.
Ainda que, no papel, o lado antifrancês era muito mais poderoso do que o
lado francês, a história desses conflitos é uma história de quase ininterrupta
vitória francesa. Isso se deve muito à própria Revolução: enquanto os
Estados oponentes mandavam para o campo de batalhas soldados bem
equipados e treinados e faziam uso de estratégias ortodoxas, a França
revolucionária se valia da organização improvisada, da mobilidade, da
flexibilidade e, acima de tudo, da pura coragem dos combatentes, dispostos a
morrer pela causa.
● Além disso, a pouca idade dos quadros militares franceses também
contribuiu para a vantagem militar (Napoleão chegou ao posto de
general aos 24 anos).
A Revolução Francesa pôs fim à Idade Média. O típico Estado moderno, que
esteve se desenvolvendo por vários séculos, é uma área ininterrupta e
territorialmente coerente, com fronteiras claramente definidas, governada por
uma só autoridade soberana e de acordo com um só sistema fundamental de
administração e de leis. (Desde a Revolução Francesa tem-se entendido
que o Estado moderno deva representar também uma só “nação” ou
grupo linguístico, mas naquela época um Estado territorial soberano não
implicava isto.) O típico Estado feudal europeu, embora pudesse às vezes
parecer com esse modelo, como por exemplo na Inglaterra medieval, não
requer essas condições. Ele era padronizado muito mais com base na
“propriedade”.
Visto que para os adversários inteligentes da França era evidente que tinham
sido derrotados pela superioridade de um novo sistema político, ou pelo
menos por seu próprio fracasso em adotar reformas semelhantes, as guerras
produziram mudanças não só através da conquista francesa mas também
através da reação contra ela. Nesse sentido, destacam-se a Espanha e a
Prússia. (nessa última, foram organizadas uma série de reformas
educacionais, econômicas e legais com o propósito de reverter a derrota
diante dos franceses.
IV
Havia, por parte dos Estados do clube dos soberanos, uma propensão
hegemônica que pôde ser contida pelos mecanismos do SI de Utrecht. A
Revolução Francesa, no entanto, trouxe novas energias para a Europa, e
Napoleão soube explorá-las melhor do que ninguém. A ordem imperial de
Napoleão foi o momento de maior unidade europeia desde a queda de Roma.
Trouxe mudanças radicais tanto nas relações entre as comunidades do
sistema europeu quanto no governo interno e na estrutura social daquelas
comunidades. Embora tenha durado um período curto, a era napoleônica
induziu mudanças duradouras.
Essa força foi canalizada por Napoleão. Nascido na Córsega, ele abraçou a
Revolução e cresceu para impor sobre sua turbulência o controle do Stato
Italiano. Dotado de genialidade militar ímpar, ele transformou todos os
aspectos da arte da guerra, e conseguiu angariar para si um poder absoluto e
ilimitado. Foi, em grande medida, o último e o maior dos déspotas
esclarecidos.
Um príncipe que fez a si mesmo, Napoleão usava métodos não muito
diferentes daqueles recomendados por Maquiavel para trazer a maior parte
da Europa para dentro de um Superstato. A criação e a manutenção de seu
império dependiam do sucesso militar; a guerra não era um último recurso,
mas uma forma de ele ter o que queria; nas negociações, era taticamente
elástico, utilizando a diplomacia para subornar, ameaçar e convencer os
Estados coligados contra ele, sem nenhuma preocupação com a validade de
suas promessas.
O maior problema para Napoleão dentro de seu sistema imperial era a nova
força do nacionalismo. As pessoas atraídas por seu governo querem ser
tratadas como iguais e não sentiam lealdade para com um pequeno Estado
soberano, mas para com sua nação. Diante disso, muitos europeus se
ressentiam de sua posição subordinada em seu arcabouço imperial.
Nesse sentido (dicotomia Estado x Ideologia), pode-se traçar paralelos entre as guerras
da Revolução e a Segunda Guerra → Ex: República de Vici vs resistência de de
Gaulle.
A partir da chave de interpretação da ‘Guerra Internacional’, pode-se dividir as
guerras em três fases:
● (1792 - 1795), quando os dois universos contrapostos na França, o da
Revolução e o do ancien régime entram em guerra e se confrontam
enquanto tais, sem que nenhuma das partes cultivasse um desenho
específico de hegemonia mundial
● (1796 - 1807) que envolve a classe dirigente do governo Termidor, e,
em seguida, Napoleão Bonaparte quando se desencadeou um
verdadeiro assalto a hegemonia europeia que foi, ao mesmo tempo,
uma coerente tentativa de exportar (numa variante moderada) as
instituições e os princípios da revolução
● (1808 - 1815) quando o tom dominante da guerra na Europa se torna o
conflito entre o domínio imperial napoleônico e a nova realidade,
inédita, e nesse sentido, “revolucionária” dos nacionalismos de
oposição à França
Congresso de Viena
Cinco documentos foram assinados entre 1814 e 1815. O terceiro tratado marcou o
início da Santa Aliança, especialmente a partir de Alexandre I, que considerando
que os governantes possuíam uma missão divina de sustentar a paz europeia e
combater os ideais liberais no continente.
Kissinger se atenta para o fato de que a paz de Viena foi extremamente bem
sucedida, garantindo um período de 100 anos de pacificação interna (com exceção
da Guerra da Crimeia e da Guerra Franco Prussiana). Não houve conflitos
generalizados nesse período.
A Paz dos Cem Anos foi uma paz entre os vencedores e, ao mesmo tempo, uma
Paz dos vencedores.
A Paz buscava organizar a Europa a partir de núcleos de poder expressivos. Nesse cenário, a
Alemanha deveria se tornar mais centralizada. → de modo a aprimorar a busca pelo
equilíbrio de poder, a Paz instituiu unidades políticas mais centralizadas e mais fortes, vide o
Reino dos Países Baixos.
O pós Viena vai abrir caminho para a Inglaterra, que vai desempenhar um
importante papel na manutenção do equilíbrio e vai se tornar por excelência a
grande potência comercial e marítima do mundo. Ao mesmo tempo em que defendeu as
independências (criação de parceiros comerciais), promoveu a colonização (mercado
consumidor) → Do livre comércio para o monopolismo colonial.
Para Kissinger, Bismarck é um “novo Richelieu”, usando sua política realista para dilapidar o
sistema construído por Metternich → A diplomacia de Metternich tinha a intenção de
manter a Áustria politicamente relevante no século XIX, visto que, entre os grandes
atores, ela foi a que mais se enfraqueceu, sobretudo diante da Prússia.
A própria Áustria contribuiu para enfraquecer o sistema, visto que escolheu não se
aliar à Rússia na Crimeia, rompendo com a Santa Aliança
Embora a ordem de Viena tenha sido precária e instável, foram necessários cem anos para
destruí-la totalmente. → a ordem dos vencedores e a ordem entre os vencedores entraram em
crise ao mesmo tempo.
As independências nas Américas marcam o declínio dos países ibéricos, que nunca
mais voltariam a ser atores importantes no tabuleiro europeu.
O biênio de 48/49
Conflito entre o Império russo de um lado, e uma aliança composta pelo Império
Otomano, a França, a Grã-Bretanha e o Reino da Sardenha, do outro lado. O
confronto teve origem na disputa entre a Rússia e a França de Napoleão III pelo
controle dos lugares santos da cristandade no território Otomano. Quando a Turquia
aceitou a proposta dos franceses, a Rússia iniciou o ataque contra a França.
A segunda combatida contra a Áustria (66) e com a Aliança da Itália que levou a
dissolução da COnfederação alemã e ao nascimento do primeiro núcleo do futuro
império alemão (a confederação dos estados do norte, além da posterior crise do
Império austrícaco (a dupla monarquia austro húngara)
A terceira contra a França de Napoleão III que se conclui com a fundação em
janeiro de 1871 do segundo Reich.