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Contratransferncia Latente
Esse lugar incomum ocupado pelo div na clnica no ocorreu por acidente.
Freud cedo percebeu que o paciente precisava de algo que o dispusesse a
liberar sua mente e, de preferncia, sem a interferncia do olhar do analista.
O convite ao div, feito pelo analista ao analisando, funciona como uma
espcie de contrato teraputico. A pea um significante no sentido mais
lacaniano do termo que explicita a aceitao da transferncia entre os dois
agentes da clnica. Citando Fenichel em Problemas da tcnica analtica,
Yara Belchior destaca: O div um relaxamento para o paciente e alvio
para o analista do incmodo de ser olhado. O mvel serve, deste modo, de
facilitador entre os agentes do dilogo. Promove, no analisando, o expressar
livre e desassombrado dos seus contedos, e protege o analista que pode
expressar caras e bocas sem o perigo de ser reconhecido pelo analisando
como algum que se choca com o que ouve. O efeito de tais esgares no
paciente pode ser devastador.
Isso porque h uma idia de cumplicidade entre analista e analisando.
Deitado no div, o paciente se coloca na posio de quem recebe (embora
seja ele o que mais emita) e isso pode ser pouco confortvel para vrios
deles. H pacientes que se sentem frgeis, vulnerveis no s por estarem
deitados como por perderem de vista a face do analista. Se o atendimento
ocorrer, portanto, com o paciente sentado ou recostado, olhando e sendo
olhado pelo analista, este precisa trafegar na difcil fronteira entre o
interesse genuno (que estimula o paciente a falar) e a serenitude plstica
(que recebe o contedo do paciente sem emitir juzo de valor por meio de
expresses faciais). Um psicanalista treinado, experiente, conseguir
realizar esse feito com razovel competncia, ainda que uma vez ou outra
escorregue
em
emoes
ou
mesmo
falas
que
traem
uma
contratransferncia latente. Mas no o caso de se punir, porque o paciente
voltar para a prxima sesso. O prejuzo no perene.
Estamos falando, afinal, de pessoas. O sujeito sentado cabeceira do div
to humano quanto o sujeito deitado no leito. E essa proximidade quando
Fonte:
http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/o-procustofreudiano#ixzz2BjzCwVot
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