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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

No ato de comunicação percebemos a existência de alguns FUNÇÃO FÁTICA


elementos, são eles:
É o canal por onde a mensagem caminha de quem a escreve para
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única quem a recebe. Também designa algumas formas que se usa para
pessoa ou um grupo de pessoas). chamar atenção.
b) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um Exemplo:
indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário. “Psiu, aonde você vai?”
c) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é
transmitida.
d) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica Ocorre quando a linguagem fala de si própria. Predominam em
aquilo que o receptor irá descodificar. análises literárias, explicações morfossintáticas, interpretações e críticas
diversas.
e) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Exemplo:
Partindo desses seis elementos Roman Jakobson, linguista russo, “O que significa abáculo?”
elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são
muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:
FUNÇÃO POÉTICA
FUNÇÃO REFERENCIAL OU É usada para despertar a surpresa e prazer estético. É
elaborada de forma imprevista e inovadora.
DENOTATIVA
Também chamada de denotativa ou informativa, ocorre quando Exemplo:
a mensagem é centrada no referente, no assunto, sendo o principal “Não se perde um segundo
objetivo passar uma informação objetiva e impessoal no texto. Segundo eu, a vida vem em primeiro
Valoriza-se o objeto ou a situação de que se trata a mensagem sem O tempo em segundo
manifestações pessoais ou persuasivas. Como geralmente se fazem E como só tem um mundo
presentes em textos jornalísticos, científicos ou jornalísticos, a pessoa É bom ir fundo
mais comum é a terceira do singular. Senão você não chega nem em terceiro.”
Exemplo:
Exercício Resolvido
Cálculos do economista Renato Fragelli, da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), estimam que o setor público brasileiro ficou com dois 01. Os números do relatório da CPI dedicada originalmente aos
terços (66,8%) de todo o aumento de produção de 1991 para cá e o Correios são expressivos, dos milhares de páginas de textos e
setor privado com apenas 33,2%.” documentos aos mais de cem acusados. É o tempo do espanto.
Um oceano nos separa, contudo, do resultado concreto, o das
absolvições e o das punições. Os dois momentos do mar imenso
FUNÇÃO EXPRESSIVA entre relatório e resultado estão no julgamento final, cuja tendência
Também chamada de emotiva, passa para o texto marcas de é pessimista, a contar de exemplos recentes.
atitudes pessoais como emoções, opiniões, avaliações. Na função Não deveria ser pela natureza mesma das comissões
expressiva, o emissor ou destinador é o produtor da mensagem. O parlamentares de inquérito, cujo nome é raramente objeto de
produtor mostra que está presente no texto mostrando aos olhos de meditação até pelos operários do direito. “Comissão”, além
todos seus pensamentos. do significado mercantil (depreciativo, no caso do Parlamento),
Exemplo: do dinheiro pago em remuneração de serviço, é também o do
“Eu odeio beber cerveja quente!”. agrupamento encarregado de realizar tarefa de interesse comum.
Interesse comum? Não. De interesses conflituosos pela própria
natureza política de seu trabalho, pois o vocábulo “parlamentares” as
FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA afirma integradas por componentes de uma das casas do Congresso
É quando a mensagem do texto busca seduzir, envolver o leitor ou mistas, funcionando segundo seus regimentos internos (...)
levando-o a adotar um determinado comportamento. Na função “As comissões são úteis ou necessárias?, perguntará o
conativa a presença do receptor está marcada sempre por pronomes leitor. Sem a menor dúvida e vigorosamente, respondo sim. Há
de tratamento ou da segunda pessoa e pelo uso do imperativo e do abusos. São lamentáveis, mas inerentes à vida parlamentar, no
vocativo. Brasil e em qualquer país onde haja comissões parlamentares.
Exemplo Se os legisladores devem ser a expressão média de seu povo, fica
manifesto que os parlamentares sejam compostos por homens
“Maria, vamos à praia!”.
e mulheres de bem, dedicados e honestos, mas também por
pilantras, patifes, cachaceiros, delinquentes e assim por diante. (...)

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Seria ideal que o povo escolhesse melhor seus réus representantes, Exercício Resolvido
dizem as elites, sem razão. O povo vota sob influência do poder
03. Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de
econômico, após seleção dos favoritos de chefes partidários, para
Graciliano Ramos:
exclusão dos que assumam linha independente da adotada pelas
lideranças e assim por diante. I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de
Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S.
Voltando à CPI dos Correios, cabe esclarecer por que há um oceano
Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões.
entre o relatório e o resultado. “Inquérito” é trabalho de apuração. Se
bem feito, propicia bom material aos julgadores. Se malfeito, facilita II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado
a “pizza”, essa maravilhosa invenção atribuída aos italianos em geral, desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito.
mas que vem do sul da Itália. “Pizza” transformada em cambalacho III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com
e tapeação? Não necessariamente. Muitas vezes o defeito da períodos formados de trás para diante.
distância entre a apuração e o julgamento está naquela, e não neste, IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis?
principalmente se for judicial. O mal do julgamento político está em Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com
que considera seu estilo paralelo do desprestígio para o Parlamento inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um
como um todo. No caso atual, porém, não se pode negar que já houve vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar
resultados apreciáveis. Para o relatório lido nesta semana cabe esperar dissabores! Será? Não será?
pela travessia do oceano e torcer para que chegue a bom porto.
(W. Cenevina)
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A
literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata
Observando-se, no texto, a intenção do autor, verifica-se o uso da de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é
função da linguagem: outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
a) emotiva, para criar ironia e construir a adesão do leitor; Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o
b) metalinguística, para criar um efeito de ambiguidade e ironia; exercício de metalinguagem em São Bernardo:
c) referencial, para informar e criar ambiguidades; a) III e V.
d) fática, para criar ironia e transmitir informações; b) I e II.
e) poética, para transmitir informações ao leitor, por meio de c) I e IV.
ambiguidades. d) III e IV.
e) II e V.
Resolução: B
Repare como a língua está sendo empregada para explicar a própria Resolução: A
língua, sobretudo no segundo parágrafo que vêm explicações para o A função metalinguística utiliza o código para explicar o próprio
significado de Comissão: “Comissão”, além do significado mercantil código. Ou seja, trata-se de uma linguagem que fala dela mesma,
(depreciativo, no caso do parlamento), do dinheiro pago em por exemplo, um filme que aborda sobre o cinema.
remuneração de serviço, é também o do agrupamento encarregado Nos trechos acima, podemos notar que em duas passagens da
de realizar tarefa de interesse comum.”. o efeito da ambiguidade obra temos a função metalinguística presente:
e ironia ocorre na sequência do período mencionado: interesse
comum? Não. De interesses conflituosos pela própria natureza “João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com
política de seu trabalho, pois o vocábulo “parlamentares” as afirma períodos formados de trás para diante.”
integradas por componentes de uma das casas do Congresso ou “Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A
mistas, funcionando segundo seus regimentos internos (...) literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de
negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra
coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.”
Exercício Resolvido

02. Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do


fragmento citado NÃO contém (êm) traço(s) da função emotiva Exercício Resolvido
da linguagem.
a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de 03.
embalagens nem junto aos frascos de remédio. A QUESTÃO É COMEÇAR
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também.
quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e na Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é
situação inventada. necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para
se vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo
cinema, as placas do ponto de ônibus (...) ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria
haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não
divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas,
são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser desmontados
à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na
e montados, picadinhos (...)
lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem
Resolução: C já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo
o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar.
Na função emotiva, o escritor (emissor) tem como principal
objetivo transmitir emoções, sentimentos e subjetividades por
meio da própria opinião.
Portanto, ao ler os fragmentos acima, notamos que certas
expressões em negrito possuem essas características: infelizmente;
cobaia de laboratório; ratinhos mortos, prontinhos e picadinhos.

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Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos MACUNAÍMA (EPÍLOGO)


rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e Acabou-se a história e morreu a vitória.
certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim
predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo
o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não
entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos
um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos
mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso
pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a
leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão
sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo. Não me pançudos. Quem podia saber do Herói?
deixe falando sozinho.” (Mário de Andrade.)

Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que:
invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de
carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente
conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam tanto no primeiro quanto no segundo texto.
assuntos. Termina-se sabe Deus onde. b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto,
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13). no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma
Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização palavra de origem indígena.
apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma
engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou
de organização da linguagem e, no segundo, no relato de
de futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é
informações reais.
“quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa,
a) Função emotiva
predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.
b) Função referencial
c) Função fática Resolução: C
d) Função conativa A partir da leitura dos textos, podemos constatar que existe uma
relação no conteúdo, uma vez que ambos tem como foco a figura
e) Função poética
do indígena brasileiro.
Resolução: C No entanto, a realidade indígena do primeiro texto é positiva e
idealizada; enquanto no segundo, ela é negativa e crítica. Outra
Para responder essa questão, é necessário compreender cada uma
diferença a se destacar é que o texto de Gonçalves Dias está em
das funções da linguagem citadas acima:
forma de poesia, com a presença de versos, e o de Mario de
Função emotiva: caracteriza-se pela subjetividade, tendo como Andrade, em prosa.
principal objetivo emocionar o leitor.
Embora ambos utilizem palavras indígenas (tacape, Uraricoera), a
Função referencial: caracterizada pela função de informar, notificar, linguagem utilizada não é considerada informal, coloquial.
referenciar, anunciar e indicar por meio da linguagem denotativa.
Função fática: estabelece uma relação de interação entre o
emissor e o receptor do discurso, sendo usada no início, meio e
final das conversas. EXERCÍCIOS DE

Função conativa: o intuito principal dessa função é de convencer,


persuadir e cativar o interlocutor. FIXAÇÃO
Função poética: focada na mensagem que será transmitida, essa
função é característica dos textos poéticos. 01 Correlacione as funções de linguagem em consonância com as
frases a seguir.

Exercício Resolvido 1) Função referencial ( ) Vem pra Caixa você também!


04. 2) Função expressiva ( ) Todo objeto não passa de um
O CANTO DO GUERREIRO 3) Função conativa complemento verbal.
Aqui na floresta 4) Função fática ( ) João virá, né?
Dos ventos batida, Façanhas de bravos 5) Função metalinguística ( ) Petroleiro zarpa de porto líbio com
Não geram escravos, primeira exportação de petróleo
6) Função poética rebelde.
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar. ( ) “Berro pelo aterro, pelo desterro
— Ouvi-me, Guerreiros, Berro por seu berro, pelo seu erro”
— Ouvi meu cantar. (Caetano Veloso)
Valente na guerra,
( ) A dor tomou conta de todos
Quem há, como eu sou?
quando Paulo Rossi fez o terceiro
Quem vibra o tacape
gol da Itália.
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou? a) 3 – 5 – 1 – 4 – 6 – 2 d) 2 – 5 – 4 – 3 – 6 – 1
— Guerreiros, ouvi-me; b) 5 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3 e) 3 – 5 – 4 – 1 – 6 – 2
— Quem há, como eu sou? c) 4–2–1–6–5–3
(Gonçalves Dias.)

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02. O princípio de que o Estado necessita de instrumentos para agir 07. Por meio da forma “não é”, a personagem Mafalda “testa” o
com rapidez em situações de emergência está inscrito no arcabouço seu canal de comunicação no diálogo com o mundo, explorando a
jurídico brasileiro desde a primeira Constituição, de 1824, dois anos função:
após a Independência, ainda no Império. A figura do decreto-lei, a) fática; c) conativa;
sempre à disposição do Poder Executivo, ficou marcada no regime
militar, quando a caneta dos generais foi acionada a torto e a direito, b) poética; d) metalinguística
ao largo do Congresso, cujos poderes eram sufocados pela ditadura.
Com a redemocratização, sacramentada pela Constituição de 1988, 08. Frente à tradição hindu que há 2.500 anos divide a sociedade indiana
sepultou-se o decreto-lei, mas não o seu espírito, reencarnado na em mais de 2.000 castas, os 60 anos dos ideais liberais de Gandhi e os 10
medida provisória. Não se discute a importância de o Poder Executivo anos da legalização do casamento entre castas revelam-se impotentes para
contar com dispositivos legais que permitam ao governo baixar normas, transformar a organização hierárquica da sociedade. Em confronto direto
sem o crivo imediato do Congresso, que preencham os requisitos com o costume milenar, o governo da Índia oferece uma recompensa
da “relevância e urgência”. O problema está na dosagem, que, se de R$2.400 para homens e mulheres de diferentes grupos sociais que
exagerada, como ocorre atualmente, sufoca o Poder Legislativo. formalizem sua união. O dinheiro equivale ao dobro da renda per capita
O Globo, 19/3/2008 (com adaptações)
anual do país. O governo justifica que a medida é um passo para a
reacomodação das desigualdades. Para grande parte da sociedade, é um
A função da linguagem predominante no texto é: passo no escuro. O governo – que já enfrenta protesto contra cotas em
universidades – vê-se, agora, diante de um desafio maior. O esquema está
a) metalinguística; c) expressiva; e) referencial.
sob ataque de todos os lados. Os conservadores alegam que a medida é
b) poética; d) apelativa; gatilho para o caos social. Os liberais sustentam que poucos vão receber a
oferta porque o dinheiro vai desaparecer no bolso de autoridades corruptas.
03. “Entre o sono e o sonho, Entre mim e o que em mim É o quem eu Indianos de castas mais baixas dizem que rejeitariam a recompensa,
me suponho, Corre um rio sem fim.” pois perderiam o acesso preferencial às universidades, garantido pelas
(Fernando Pessoa) já controversas cotas. Hoje, o governo oferece 22,5% das vagas aos
intocáveis, os últimos na hierarquia hindu, mas pretende aumentá-las para
No trecho acima, predominam algumas funções da linguagem. Entre 50%. “Sei que esta não é a única maneira de pôr um fim à discriminação,
elas, estão as funções: mas é preciso começar de algum lugar”, defende a ministra da Justiça
a) emotiva e metalinguística; d) fática e conativa; Social. Para a socióloga Radhika Chopra, a oferta é uma forma de sinalizar
que esses casamentos não devem ser condenados. “Com a medida, o
b) poética e apelativa; e) emotiva e poética.
governo apoia os indivíduos que transgrediram barreiras sociais e mostra
c) referencial e poética; que podem funcionar como exemplos”, acrescenta a socióloga.
Jornal do Brasil, 17/12/2006 (com adaptações).
04. Identifique a frase em que a função predominante da linguagem
é a REFERENCIAL: No que se refere a funções da linguagem, predomina, no texto, a função:
a) Dona Casemira vivia sozinha com seu cachorrinho. a) fática, visto que o autor do texto busca, de forma sutil, convencer
b) – Vem, Dudu! os leitores dos benefícios do projeto que visa incentivar o
casamento entre pessoas pertencentes a castas diferentes.
c) – Pobre Dona Casemira...
b) referencial, dado que a ênfase recai nas informações a respeito de
d) – O que... O que foi que você disse? determinado assunto.
e) Um cachorro falando? c) emotiva, dado que são as falas das autoridades entrevistadas que
direcionam a forma como as informações são apresentadas.
05. Quando uma linguagem trata de si própria – por exemplo um filme
d) conativa, visto que as opiniões expressas estão devidamente
falando sobre os processos de filmagem, um poema desvendando o
referenciadas, não havendo, portanto, perda de objetividade na
ato de criação poética, um romance questionando o ato de narrar –
transmissão das informações.
temos a metalinguagem.
e) metalinguística, haja vista o foco em aspectos intertextuais, como
Esta forma de linguagem predomina em todos os fragmentos, exceto:
demonstram as diversas vozes que acompanham a informação
a) “Amo-te como um bicho simplesmente de um amor sem mistério divulgada.
e sem virtude com um desejo maciço e permanente.” (Vinicius
de Morais) 09.
b) “Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora IMPOSTOS INCONSTITUCIONAIS...
obrigada a usar as palavras que vos sustentam.” (Clarice Lispector)
Ontem, ao voltar uma esquina, dei com os impostos
c) “Não narro mais pelo prazer de saber. Narro pelo gosto de narrar, inconstitucionais de Pernambuco. Conheceram-me logo, eu é que,
sopro palavras e mais palavras, componho frases e mais frases.” ou por falta de vista, ou porque realmente eles estejam mais gordos,
(Silviano Santiago) não os conheci imediatamente. Conheci-os pela voz, Vox clamantis
d) “Agarro o azul do poema pelo fio mais delgado de lã de seu in deserto. Disseram-me que tinham chegado no último paquete. O
discurso e vou traçando as linhas do relâmpago no vidro opaco da mais velho acrescentou até que agora hão de repetir com regularidade
janela.” (Gilberto Mendonça Teles) estas viagens à corte.
e) Que é Poesia? Uma ilha cercada de palavras por todos os lados.” – A gente, por mais inconstitucional que seja, concluiu ele, não há de
(Cassiano Ricardo) morrer de aborrecimento na cela das probabilidades. Uma chegadinha à
corte, de quando em quando, não faz mal a ninguém, exceto...
06. “Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que ser – Exceto...?
consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser
– Isso agora é querer perscrutar os nossos pensamentos íntimos.
amado...”; este trecho da Canção de São Francisco tem como função
Exceto o diabo que o carregue, está satisfeito? Não há coisa nenhuma
de linguagem predominante a:
que não possa fazer mal a alguém, seja quem for. Falei de um modo
a) emotiva; d) conativa; geral e abstrato. (...)
b) metalinguística; e) referencial. – São todos inconstitucionais?
c) fática;

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– Todos. A história dessa imposição linguística certamente desperta


– Vamos aqui para calçada. E agora, que tencionam fazer? animosidades. Na Índia, por exemplo, onde o inglês é uma das línguas
oficiais, ele não é muito ouvido nas ruas. Falar inglês ainda lembra um
– Agora temos de ir ao imperador, mas confesso, meu amigo, passado de opressão.
receamos perder tempo. Você conhece a velha máxima que diz que a
Galileu, fev. 2002, p. 37 (com adaptações).
história não se repete?
– Creio que sim. Julgue os itens a seguir (classificando-os em C para certo ou E para
– Ora bem, é o nosso caso. Receamos que o imperador, ao dar errado), que se referem às ideias e às estruturas do texto acima.
conosco, fique aborrecido de ver as mesmas caras e, por outro lado, ( ) A seleção de argumentos e do vocabulário mostra o grau de
como a história não se repete... Você, se fosse imperador, que é que faria? engajamento do autor em face do assunto: paralelamente às funções
– Eu, se fosse imperador? Isso agora é mais complicado. Eu, se referencial e metalinguística, que veiculam informações objetivas, há
fosse imperador, a primeira coisa que faria era ser o primeiro cético do marcadores linguísticos que deixam entrever elementos subjetivos.
meu tempo. Quanto ao caso de que se trata, faria uma coisa singular, ( ) O autor organiza sintaticamente o período “Sem contar (...) bretão”
mas útil: suprimiria os adjetivos. (.2-5) a partir da oposição regra/exceção, em que a regra é o “mais
– Os adjetivos? puro inglês”, e a exceção, o inglês impuro ou degenerado.
– Vocês não calculam como os adjetivos corrompem tudo, ou ( ) De acordo com a norma-padrão do português, é correta a
quase tudo; e, quando não corrompem, aborrecem a gente, pela substituição de “cujos verbetes” (.2) por do qual os verbetes.
repetição que fazemos da mais ínfima galanteria. Adjetivo que nos ( ) Constata-se que a expressão inglesa “reset button” (.9)
agrada está na boca do mundo. está presente tanto no vocábulo alemão como na expressão
– Mas que temos nós outros com isso? portuguesa, com a substituição de um de seus componentes.
– Tudo; vocês como simples impostos são excelentes, gorduchos ( ) O autor empregou “bon weekend” (.12) como um exemplo
e corados, cheios de vida. O que os corrompe e faz definhar é o elucidativo da ideia de que os franceses têm “ojeriza a
epíteto de inconstitucionais. Eu, abolindo por um decreto todos os estrangeirismos” (.10-11).
adjetivos de Estado, resolvia de golpe esta velha questão, e cumpria
esta máxima que é tudo o que tenho colhido da história e da política,
que aí dou por dois vinténs a todos os que governam o mundo: os EXERCÍCIOS DE
adjetivos passam, e os substantivos ficam.
ASSIS, Machado de. In: Gazeta de notícias (1881–1900).
Balas de Estalo. Rio de Janeiro, 16/5/1885.
TREINAMENTO
Acerca das ideias e dos sentidos do texto, assim como de suas
01. (AFA) Texto II
estruturas linguísticas e organização textual, julgue C para certo ou E
para errado, os itens subsequentes. Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou
o emprego bem remunerado numa agência de publicidade e rumou
( ) O narrador recorreu à função metalinguística da linguagem
para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá chegando,
para formular, ao final da crônica, sua máxima, carregada de
anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e
arbitrariedade.
executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o que certamente
( ) O autor valeu-se do discurso indireto livre, que consiste em dar é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já escreveu, pois
voz e atribuir características e sentimentos humanos a seres resultou em três entrevistas, uma das quais lhe rendeu o cargo de
inanimados. roteirista assistente na MGM.
( ) O trecho “Eu, se fosse imperador, a primeira coisa que faria era
Prezado senhor:
ser o primeiro cético do meu tempo.” (.28-30) produz efeito
humorístico, por sua incongruência interna e por desviar-se do Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas, untuosas, como
“caso de que se trata” (.30). lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes,
como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. Gosto de palavras
( ) A frase “vox clamantis in deserto” (.4-5) está em itálico, porque
espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto
remete o interlocutor ao respectivo texto-fonte e faz parte da
de suaves palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve.
memória coletiva nacional.
Gosto de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha,
croque, esbarrão, crosta. Gosto de palavras emburradas, carrancudas,
10. amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso, sovina. Gosto de
MISTURA LINGUÍSTICA palavras chocantes, exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante,
Muita gente, em vários países, fala um pouco de inglês todo dia requintado, horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como
sem perceber. Sem contar o “informatiquês”, cujos verbetes – como estival, peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras vermiformes,
megabyte, browser, hard disk, software – são expressões do mais puro contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar,
inglês, muitas outras palavras do dia a dia de brasileiros, franceses, gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete,
alemães e, principalmente, japoneses têm origem no idioma bretão. borbulhão, arroto.
Futebol (football), sanduíche (sandwich) e deletar (verbo criado a Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso
partir de to delete, suprimir) são exemplos conhecidos de anglicismo resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade de Nova
(uso de expressões em inglês ou originadas dele) no português. Os York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o grande salto,
alemães apertam o resetknopf (reset button ou botão de reset) para fui para a Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e
iniciar o computador. E os franceses, conhecidos por sua ojeriza a perambulando.
estrangeirismos, despedem-se dos colegas de trabalho na sexta-feira Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
dizendo bon weekend.
Posso trocar algumas com o senhor?
A situação do japonês é particularmente curiosa. Estima-se que
Robert Pirosh
cerca de vinte mil palavras do vocabulário moderno tenham origem no Madison Avenue, 385, Quarto 610, Nova York, Eldorado 5-6024.
inglês. Sorvete é aisukurimu, de ice cream. Ar condicionado é eacon,
de air conditioner. E banheiro deixou de ser obenjyo para se tornar (USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas
toiré, de toillet. notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p.48.)

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Analisando a forma e o objetivo do texto II, é correto afirmar que 5. Na TV, um locutor disse que não sei quem iria fazer “meia
a) a linguagem utilizada é acentuadamente formal, já que o culpa” – o latim mea-culpa, imagino. Outra pronunciou o francês
remetente está em um contexto que necessita desse tipo de “Belle Époque” como “béli-époki”.
tratamento. 6. Tempos de “sofrência” para quem lê ou ouve.
b) para convencer o destinatário, Robert utilizou, ao longo da carta, * Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson
Rodrigues.
discurso direto, caracterizando assim um tom de proximidade e
amizade com o receptor. (Folha de São Paulo, Caderno Opinião, 11 fev. 2019, p. A2. Adaptado.)
c) o texto é marcadamente denotativo, possibilitando ao destinatário
perceber a versatilidade linguística do remetente. Avalie as informações apresentadas sobre o texto.
d) a carta se utiliza de elementos da função emotiva – centrada no I. Em “‘Ataque derruba defesa de PCs para minerar moeda virtual’.
emissor – ainda que a intenção predominante do autor seja a Boiei. Sei muito bem que minerar significa escavar, extrair – extrair
função apelativa – conquistar o receptor. de uma mina, por exemplo –, mas a frase continuou um mistério”,
identifica-se a presença da função metalinguística da linguagem.
02. (CIAAR) Leia o enunciado que visa sensibilizar a comunidade II. Na frase “Na TV, um locutor disse que não sei quem iria fazer
internauta para assumir uma atitude preventiva diante de situações de ‘meia culpa’ – o latim mea-culpa, imagino. Outra pronunciou
risco ao utilizar ferramentas informáticas. o francês ‘Belle Époque’ como ‘béli-époki’”, identifica-se uma
crítica ao emprego inadequado de uma expressão e à pronúncia
equivocada de outra.
III. Nos períodos “Fulana ‘é o crush’ – a paquera – do Beltrano. Há
semanas, li que alguém ‘flopou’ – fracassou”, a expressão e a
palavra em destaque podem ser consideradas manifestações
da oralidade e, por conta disso, empobrecem o texto e ferem o
(Disponível em: <https://clds3gpenela.wordpress.com/nao-perca-tempo-vigie-se/>.
Acesso em: 04 fev. 2019.) estatuto da norma culta.
Está correto apenas o que se afirma em
É correto afirmar que o modo verbal predominante no texto indica a
a) I.
presença da função da linguagem denominada
b) II.
a) emotiva, porque apresenta uma narração em primeira pessoa.
c) I e II.
b) referencial, por conter informações bem objetivas sobre
prevenção. d) II e III.
c) fática, pois o emissor busca, apenas, manter a atenção do receptor.
04. (IBFC) Texto I
d) conativa, pelo fato de indicar um comando direcionado ao
interlocutor. APÓS A GUERRA
(Lima Barreto)
03. (CIAAR)
Decididamente, os homens não tomam juízo e mesmo a Morte,
TEMPOS DE SOFRÊNCIA
que deve ser a soberana de todos nós, é impotente para nos pôr na
Minerar, sindemia, flopar, kit-net, meia culpa – conhece? cachola um pouco de bom senso elementar.
Ruy Castro* Há um ano que as hostilidades entre povos de diversos feitios e
estágios de civilização foram suspensas, após uma carnificina nunca
1. Há tempos venho me sentindo como Rip van Winkle, um vista nos anais da história escrita.
personagem de ficção que, um dia, resolveu dar um passeio fora de
As mais cruéis campanhas da antiguidade, com os seus massacres
sua aldeia.
subsequentes, nada são comparadas com essa guerra que se
2. Caminhou horas, subiu uma montanha e recostou-se sob uma desdobrou por todo o antigo continente.
árvore para dar um cochilo. Fechou os olhos e dormiu por 20 anos.
Cidades, aldeias, monumentos insubstituíveis do passado foram
Acordou sem saber de nada, voltou para sua terra e, lá, estranhou
destruídos, sem dó nem piedade, à bala de canhões descomunais e
não reconhecer seus conterrâneos nem entender certas coisas. Ao dar
pelo fogo implacável.
um viva ao rei inglês, fizeram-lhe cara feia – ele deveria ter vivado
o presidente americano, George Washington. Rip não sabia que, Aquela região da Europa que, depois da Itália, é das mais
enquanto dormia, seu país ficara independente. interessantes sob o ponto de vista artístico, além de outros, foi calcada
aos pés pelos exércitos alemães, arrasada, queimada. Quero falar da
3. O autor dessa história, lançada em 1819, é Washington Irving,
Flandres, tanto a belga como a francesa.
escritor americano, autor da obra homônima. Assim como Rip van
Winkle, abri o jornal outro dia e li: “Ataque derruba defesa de PCs O espetáculo após a guerra é de uma tristeza sem limites. Não
para minerar moeda virtual”. Boiei. Sei muito bem que minerar é daquela grandiosa tristeza do Oceano que nos leva a grandes
significa escavar, extrair – extrair de uma mina, por exemplo –, mas pensamentos; é o de uma tristeza que nos arrasta a pensar na imensa
a frase continuou um mistério. Em outro jornal, deparei com o título: maldade da espécie humana.
“Sindemia é maior ameaça à saúde humana e do planeta”. Alarmado, Não se sente isso só no que se vê ou se tem notícia por aqueles
corri ao dicionário – o que seria uma “sindemia”? Mas o Houaiss e que viram; mas também na fome, na miséria que lavra nas populações
o Aurélio também devem ter dormido por 20 anos, porque não a dos países vencidos e vencedores.
registram. Reli o artigo e continuei sem entender. Parece ter a ver com Coisas mais invisíveis ainda enchem-nos dessa tristeza inqualificável
a desnutrição ou com a obesidade ou talvez com as duas. que nos faz maldizer a espécie humana, a sua inteligência, a sua
4. Tenho tentado me atualizar com certas expressões ultimamente capacidade de aproveitar as forças naturais, de aprender um pouco
comuns no noticiário. Duas pessoas “dão um match”, ou seja, do mistério das coisas, para fazer tanto mal.
combinam. Fulana “é o crush” – a paquera – do Beltrano. Há semanas, Os nascimentos, se não diminuíram aqui e ali, a mortalidade
li que alguém “flopou” – fracassou. Só falta alguém escrever que infantil aumentou e as crianças defeituosas ou sem peso normal
Sicrano “baixou um app para levar seu pet na bike”. E aprendi no surgiram à luz em número maior que nos transatos anos de paz.
Online uma nova e deliciosa maneira de grafar kitchenette: kit-net.

222 PROMILITARES.COM.BR
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A atividade intelectual toda ela se orientou para os malefícios da Nesse seu último livro, você diz que os prazeres inúteis da vida
guerra; e foi um nunca acabar de inventar engenhos mortíferos ou geralmente nos dão uma pista sobre futuras mudanças na sociedade.
aumentar o poder dos já existentes. Os químicos, os maiores, trataram O que podemos prever para o futuro a partir dos nossos prazeres mais
de combinar nos seus laboratórios corpos de modo a obter gases que comuns agora?
fossem portadores da morte e misturas incendiárias que o mesmo Provavelmente o melhor exemplo recente foi a mania de Pokémon
fizessem. [...] Go. Eu posso imaginar-nos olhando para trás em 2025, quando
muitos de nós estarão usando regularmente dispositivos de realidade
Considerando o tema do texto e a abordagem dispensada a ele pelo aumentada para resolver “problemas sérios” no trabalho, e vamos
autor, é correto afirmar que há um predomínio da seguinte função da perceber que a primeira adoção dominante dessa tecnologia veio
linguagem: de pessoas correndo pelas cidades capturando monstros japoneses
a) apelativa. imaginários em seus telefones.
b) metalinguística.
Por que a humanidade precisa se divertir?
c) emotiva.
Esta é uma questão verdadeiramente profunda. Algumas coisas
d) fática. que consideramos divertidas (sexo, comida, por exemplo) têm claras
explicações evolutivas sobre por que nossos cérebros devem achá-las
05. (INSTITUTO AOCP) Texto prazerosas. Mas o tipo de diversão que descrevo em O Poder Inovador
POR QUE A DIVERSÃO É TÃO ÚTIL PARA A HUMANIDADE da Diversão – o prazer de ver uma boneca robô imitar um humano,
ou a diversão de jogar um jogo de tabuleiro – é mais difícil de explicar.
Por Pâmela Carbonari
Eu acho que tem a ver com a experiência de novidade e surpresa; uma
Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão ser parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em
um conceito tão relativo quanto a beleza, a paródia do ditado é tão coisas que nos surpreendem desafiando nossas expectativas. Quando
verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção. experimentamos essas coisas, temos um pequeno estímulo que diz:
“Preste atenção nisso, isso é novo”. E assim, ao longo do tempo, os
[…] sistemas culturais se desenvolveram para criar experiências cada vez
O escritor de ciência americano Steven Johnson acredita que o mais elaboradas para surpreender outros seres humanos: desde as
prazer é o motor da inovação. Em seu décimo livro, O poder inovador primeiras flautas de osso, até os novos e brilhantes padrões de tecido
da diversão: como o prazer e o entretenimento mudaram o mundo, de chita, todas as formas de Pokémon Go. É uma história antiga;
lançado no Brasil pela editora Zahar, ele mostra a importância da temos muito mais oportunidades e tecnologias para nos surpreender
música, dos jogos, da mágica, da comida e de outras formas de do que nossos ancestrais.
diversão para chegarmos onde estamos e para que tipo de futuro Adaptado de: <https://super.abril.com.br/blog/literal/por-que-a-diversao-e-tao-util-
esses passatempos nos levarão. para-a-humanidade/>. Acesso em: 22 jun. 2018.
[…]
No trecho “Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão
Do jogo de dardos veio a estatística. A flauta de osso pode ser a ser um conceito tão relativo quanto a beleza, a paródia do ditado é tão
ancestral do computador que você lê este artigo. As caixas de música verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção.”, a
serviram de inspiração para os teares. Com uma prosa leve e bem- linguagem é trabalhada de modo a realçar qual função da linguagem?
humorada (à prova de hipocrisias), Johnson explica como tecnologias
a) Fática. c) Emotiva. e) Poética.
fundamentais para o nosso tempo nasceram e evoluíram de objetos e
engrenagens que não tinham outro objetivo senão entreter. [...] b) Apelativa. d) Referencial.
Somos naturalmente hedonistas. E, como você diz, a diversão
ajudou a moldar a humanidade. Você acha que o prazer é a chave 06. (INSTITUTO AOCP)
para a inteligência? NASCE O PRIMEIRO ANTÍDOTO CONTRA A FALTA DE MEMÓRIA
Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim Técnica americana, que consiste na implantação de
que é um elemento subestimado de inteligência. Em outras palavras, eletrodos no cérebro de pacientes, consegue recuperar
tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades até 15% da capacidade de lembrar
mentais em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou
Por Natalia Cuminale
recompensa econômica por trás deles. Mas o pensamento inteligente
é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os “Usas um vestido / Que é uma lembrança / Para o meu coração.
nossos ancestrais do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas / Usou-o outrora / Alguém que me ficou / Lembrada sem vista. / Tudo
de ossos de animais, descobriram como posicionar os buracos para na vida / Se faz por recordações. / Ama-se por memória.”
produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma
grande dose de inteligência – dado o estado do conhecimento O poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos mais
humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – conhecidos do escritor português Fernando Pessoa (1888-1935),
mas esse tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional. remete ao conceito universal de que a memória é o que nós somos.
Sem que tenhamos a possibilidade de recordar, a existência se esvazia
A história da diversão sempre esteve à margem dos registros por completo. A vida se sustenta com base nas ideias do presente, nas
históricos mais sérios e práticos, como guerras, poder e igualdade, por referências do passado e na forma como processamos e armazenamos
exemplo. Você acha que a diversão estava implícita nesses eventos ou as nossas experiências. Por isso, ninguém quer perder a memória,
foi ignorada pelos historiadores? todos querem melhorá-la. Pois um novo e ousado procedimento
Acho que tem sido amplamente ignorada pelos historiadores. E médico foi capaz de impulsionar o mecanismo que forma e preserva
quando foi observada e narrada, os relatos históricos foram muito as lembranças, um feito inédito na medicina. Eletrodos implantados
limitados: há histórias sobre moda, jogos ou temperos, mas como em uma área específica do cérebro recuperaram 15% da memória
narrativas separadas. Olhamos para a longa história da civilização de de pacientes. A taxa equivale ao que se perde em dois anos e meio
maneira diferente se contarmos a história do comportamento “lúdico” com a degeneração provocada pela doença de Alzheimer. Ou ao
como uma categoria mais abrangente – esse era meu objetivo ao que se esvai naturalmente em dezoito anos de vida de uma pessoa
escrever O poder inovador da diversão. Essa história é muito mais saudável. Traduzindo: quem tem 56 anos hoje pode, em tese, voltar
importante que a maioria das pessoas imagina. a ter a mesma memória que tinha aos 38 anos. Disse à VEJA Youssef
Ezzyat, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, autor principal da
técnica: “O método abre um caminho de possibilidades para auxiliar

PROMILITARES.COM.BR 223
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

as pessoas com problemas de memória”. Publicado na revista Nature disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma
Communications, o trabalho tem sido considerado por especialistas coisa, que é a base de suas esperanças.
do mundo todo como um dos feitos mais promissores ocorridos na Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade,
neurologia nas últimas décadas, desde a disseminação dos aparelhos apenas porque escolhem esse modo de vida, mas porque a vida
de ressonância magnética que revelam o cérebro em atividade. em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por
Adaptado de: <https://veja.abril.com.br/saude/nasce-o-primeiro- antidoto-contra-a- exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma
falta-de-memoria/>. Acesso em 22 jun. 2018.
pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tivesse armazenado
grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco
No excerto do poema utilizado na introdução da matéria, percebe-se
tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão,
que a linguagem é organizada de maneira a realçar um dos elementos
precisando de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitada de
presentes no ato comunicativo. A partir dessa intenção comunicativa,
dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse
é correto afirmar que predomina, no trecho, a função
sozinha por muito tempo.
a) emotiva. c) apelativa. e) fática.
Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa
b) referencial. d) metalinguística. humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade
seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse fim. E
07. (CIAAR) Funções da linguagem configuram as formas como cada não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas
indivíduo organiza sua fala, dependendo da mensagem que deseja necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de
transmitir. apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela
A esse respeito, leia o texto seguinte. em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer
todas as suas necessidades, é aquela em que todos, desde o momento
em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que os
benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.
Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos
procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados,
como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas
responsabilidades sociais.
Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos.
Rio de Janeiro: Essevier, 2012.

A função da linguagem predominante no texto é a:


a) Apelativa.
b) Metalinguística.
Disponível em: <http://noticiaurbana.com.br/old/coluna-pet-protetor-nao-compra-ele-
estimula-a-adocao/> Acesso em 08 fev. 2018). c) Referencial.
d) Dissertativa.
I. Segundo o texto publicitário, conclui-se que, nele, pode ser
identificada a função conativa ou apelativa da linguagem.
09. (UESPI) Texto 2
PORQUE
II. Apresenta uma reflexão acerca do conteúdo e do valor das
palavras, isto é, sobre o uso da língua e sua função social.
Em relação a essas duas assertivas, é correto afirmar que
a) a primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira.
b) a primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa.
c) as duas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si.
d) as duas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta
da primeira. Disponível em: https://www.uninassau.edu.br/noticias/combate-violencia-contra-
mulher-em-salvador. Acesso em 13/06/17.
08. (PM-MG)
A análise global do Texto 2 revela que ele tem, principalmente, uma função
VIVER EM SOCIEDADE
a) lúdica. c) expositiva. e) informativa.
Dalmo de Abreu Dallari
b) poética. d) publicitária.
A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela
necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam 10. (CBM-MG) Leia os textos I e II para responder à questão.
garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos.
Texto I
Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver,
pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de outros para Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio
conseguir alimentação e abrigo. ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou
a minha morte.
E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas
morando na cidade, com hábitos que tornam necessários muitos bens Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é
muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto
apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito
meios de transportes e os cuidados de saúde. ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a
sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre
Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa
este livro e o Pentateuco.
humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer
(Disponível em: ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além São Paulo: Martin Claret, 1999. p. 17.)

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Texto II 12. (DIRENS) Leia atentamente o seguinte texto:


O SAL DA TERRA
Beto Guedes
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo


Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver

A paz na Terra, amor


(Disponível em: http://quadroquadro.blog.br/wpcontent/uploads/2012/10/ast_14.jpeg.) O pé na terra
A paz na Terra, amor
Sobre os textos I e II, analise as afirmativas. O sal da
I. No texto I, a linguagem predominante é a literária, pois o narrador
centra‐se na mensagem apresentando de forma lúdica o processo Terra!
de criação textual. És o mais bonito dos planetas
II. No texto II, um quadrinho, a linguagem não literária é Tão te maltratando por dinheiro
predominante, pois o enunciador faz uso de uma linguagem Tu que és a nave nossa irmã
objetiva para informar o leitor sobre suas fontes primárias.
Canta!
III. No texto I, há intenção é informar sobre as principais referências
Leva tua vida em harmonia
literárias utilizadas pelo autor, marca dos textos não literários.
E nos alimenta com seus frutos
IV. O texto II é construído a partir das reflexões do enunciador e Tu que és do homem, a maçã
apresenta uma linguagem própria do gênero utilizado pelo autor.
Estão corretas as afirmativas Vamos precisar de todo mundo
a) I, II, III e IV. c) I e IV, apenas. Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
b) I e II, apenas. d) III e IV, apenas. É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
11. (FUNRIO) Para merecer quem vem depois
SERIA ESCREVER
Deixa nascer, o amor
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela Deixa fluir, o amor
moça que está doente naquela casa cinzenta, quando lesse minha Deixa crescer, o amor
história no jornal, risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse: Deixa viver, o amor
Aí, meu Deus, que história mais engraçada!. E então a contasse para O sal da terra
a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a (www.mundojovem.com.br/musicas/o-sal-da-terra-beto-guedestransito.
história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem Acesso em 18/04/2016.)
alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história
fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em Assinale a opção que contém uma informação correta sobre a canção
sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse “O Sal da Terra”.
admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria: a) A função apelativa é predominante no texto.
mas essa história é mesmo muito engraçada!
b) Apenas a linguagem padrão foi empregada em toda a canção.
Rubem Braga. Disponível cm: <http:/ /www.relei tw-as.com/rubernbraga_meuideal.
asp/fragmento>. Acesso em: 20 out. 2016. c) Foi utilizado, no texto, apenas pronome de segunda pessoa
gramatical para se referir à Terra.
Observa-se, nesse texto, a presença da função metalinguística da
d) A canção foi escrita apenas para dois interlocutores: a Terra e o
linguagem, pelo fato de o autor
Tempo.
a) utilizar a primeira pessoa do singular.
b) empregar o discurso direto livre. UTILIZE O TEXTO ABAIXO PARA RESPONDER AS QUESTÕES 13 E 14.
c) realizar interlocuções com o leitor. ARGUMENTATIVIDADE
d) usar o texto para falar do próprio texto. É fato comprovado e comprovável de que não há relações
e) apropriar-se de figuras de linguagem. humanas que não sejam mediatizadas pela linguagem, mais
especificamente, por línguas naturais. Ora, se todos os povos têm
uma língua, ou até mesmo mais de uma, é natural que nas cenas
comunicativas os participantes busquem formar opiniões, usando
recursos internalizados ou em especulação, a fim de conseguir

PROMILITARES.COM.BR 225
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

a aderência do Outro participante. E é por meio das línguas que graus ora mais visíveis de persuasão, ora menos. Nessa perspectiva,
se promove a interação contínua desses participantes, a qual é argumentar é, portanto, um ato linguístico fundamental e do qual
caracterizada primordialmente pela Argumentatividade. Mas o que é ninguém pode fugir, até porque está intrínseco na língua; aliás, é a
Argumentar? De onde vem a palavra Argumentação, Argumento? A própria língua. Dessa feita e como já fora antes dito, desde a seleção
uma só palavra, o que é Argumentatividade? lexical até a organização que damos às sentenças, tudo está a serviço
Todas as profissões, todos os conhecimentos por mais elementares da argumentatividade no interior de um texto, seja ele de qual gênero
que pareçam vêm eivados de argumentatividade. No exercício for.
profissional, todos querem ter suficientes argumentos para conseguir Na Antiguidade Clássica, à Retórica coube o treinamento – era
a adesão do Outro, que é seu coparticipante do discurso. Sem isso, assim que os gregos viam a Argumentação – de como seria possível
nada feito. convencer alguém em todas as discussões (discussões entendido aqui
O que ocorre é mais ou menos assim: se o Outro interlocutor como atos de linguagem em que eles criavam jogos de linguagem
não se sentir convencido, ele vai começar a duvidar da integridade para ter sempre razão em todas as questões que abraçavam). Daí
substancial do discurso do interlocutor inicial, e vai continuar ou porque era comum que os retóricos tivessem um conhecimento
não a ouvi-lo ou a lê-lo. O assunto pode ir desde o horário de um extensivo a incontáveis ciências – polimatia – uma vez que isso lhes
ônibus, passando pelos motivos que o levaram a faltar à aula dia daria argumentos irrefutáveis aos jogos que travavam, dizendo ou não
desses, até chegar ao extremo, por exemplo, de explicar a Teoria das a verdade, mas que o interlocutor ficasse satisfeito com o que se dizia
Valências nas línguas (...), só será aceito, entendido e compreendido, e o aceitasse; afinal, essa era a intenção maior Efeito de Verdade. E me
se os argumentos usados para a aderência do ouvinte/leitor forem parece que nada mudou muito de lá para cá.
palpáveis, irrefutáveis. Em todos esses casos, a defesa de teorias, de É sabido que ainda hoje todo ato de persuasão (do latim
ideologias, de pontos de vista doutrinários, de posicionamentos, etc. persuasione, cuja tradução mais próxima para o português é a de por
dependerá decerto da consistência dos argumentos. Mas o que é alguém no mesmo caminho de raciocínio de alguém) é um tipo de
finalmente Argumentação? subversão, daí a vertente autoritária até hoje cristalizada na história
A palavra Argumento tem sua origem no latim, de onde teve da Retórica; e é um tipo também de simulacro, daí a verossimilhança
partida para ciências como a própria Química. Com raiz latina com o real criada pela própria linguagem. Por tudo isso, a Retórica
argentum, cujo significado mais próximo em português é o de prata carrega o estigma de um momento pejorativo da linguagem, porque,
(daí porque o símbolo químico da prata é Ag), argumento é aquilo mais conscientes do que antes, os interlocutores saberiam rastrear
que brilha, que cintila como a prata cintila. Aos olhos do leitor e/ou no discurso alheio os expedientes argumentativos utilizados por seu
do ouvinte, o Argumento constitui um tipo de sedução que promove produtor para convencê-lo e apropriar-se disso para quando quisessem
instantaneamente, ou logo depois de um texto ser lido ou ouvido, a fazer o mesmo.
aceitabilidade do discurso do Outro, uma aderência enfeitiçante. Daquela época para cá, a Retórica ganhou não só inúmeros
Sendo assim, argumentar é dizer aquilo que vai conseguir a adeptos, mas também muitos objetores. Enquanto os filósofos
aceitação do que se está dizendo, daí porque todo ato de linguagem gregos buscavam a verdade, sofistas da época buscavam proveito
é na verdade um ato de argumentatividade, já que o tempo todo das coisas por meio das palavras, não se importando se diziam ou
estaríamos querendo essa tal aderência de nosso interlocutor. A não a verdade, mas se estavam convencendo. E parece que isso não
argumentação é a maquinaria do discurso; está tanto no teor do que está muito diferente dos dias atuais. Na Educação, por exemplo, no
é dito (seleção lexical) como na organização sintática e nos efeitos afã de se fazer crível, muitos professores “querem porque querem”
pragmáticos do dizer. Entendamos isso melhor. a adesão do público, instaurando uma série de verdades que são
contestáveis, às vezes com o mínimo de cientificidade. Mas como os
Ao produzir e ao receber discurso, o homem instaura em suas alunos contestariam, se eles não foram e não são levados a arguir?
produções o que quer que o Outro comungue com ele, às vezes, A Argumentação requer uma série de articulações no interior do
inclusive, testando argumentos para saber até onde a compreensão discurso, as quais só são apreendidas por leituras conscientes, por
do Outro vai e o que seria necessário dizer a mais para que ele discussões promovidas entre pessoas que saibam concordar e discordar
compreenda e aceite. Isso nos faz crer que tudo o que se diz e o de forma adulta e por produções escritas que demonstrem opinião
que se recebe vem eivado de intencionalidade ora velada, ora não, sem apelação – atos eminentemente linguísticos os quais requerem
mas vem. Com efeito, isso desfaz a convicção de que as línguas têm reflexão, uso e regulação, além de juízo de valor para autocorreção.
como propósito maior a comunicabilidade, a informatividade; hoje, os
estudiosos da linguagem estão certos de que, na verdade, ao produzir O persuasor tem a seu favor mecanismos de várias ordens para
linguagem o homem quer convencer, persuadir; afinal, ao expressar- criar sua rede de argumentos, entre eles mecanismos linguísticos
se, o sujeito avalia, julga, critica e forma juízos de valor, de forma que especificamente, mecanismos discursivos e mecanismos cognitivos.
na arena comunicativa o Outro veja-se incluso naquele dizer. Entre os linguísticos especificamente tem-se a citação, a figurativização
da linguagem, as escolhas lexicais, a alusão, os argumentos de
Com isso, fica evidente que a neutralidade de que tanto falam os autoridade: todos expedientes da própria linguagem a serviço da
telejornais, por exemplo, constitui um mito; mesmo os que se dizem argumentação. Sob o ponto de vista dos encaminhamentos que a
neutros, promovem ideologias veladas que “a olhos nus” não são linguagem toma no interior do discurso, há a questão dos mecanismos
reconhecidas, identificadas. Nesse contexto, a escola tem um papel discursivos de manipulação da linguagem os quais contribuem para
importante quanto ao fato de que cabe a todos os professores levar aceitabilidade das proposições do que é dito, como a Tentação, a
os alunos a reconhecerem em textos orais e escritos orientações para Intimidação, a Sedução e a Provocação. E há ainda os mecanismos
algo, uma vez que todos os textos vêm clivados de direcionamentos especificamente cognitivos, que atuam na mente de ambos os
de postura, de crenças. Se assim o são, que fique claro que inclusive participantes, no momento em que esses parceiros são responsáveis
os desenhos animados, a que as crianças naturalmente são expostas igualmente pela construção do sentido global de um texto. Entre os
no dia-a-dia, estão imbuídos de propósitos persuasivos também. Na cognitivos estão os raciocínios apodítico, dialético e retórico.
Igreja, também há orientações para isso e para aquilo, perfazendo,
LISBÔA, Wandré de. Os Fios do Tapete – Educação por Interfaces.
portanto, caminhos pelo Outro; isto é, também na espiritualidade, há Volume 02. Belém: Gráfica ALVES, 2005.
um alguém que faz o caminho por outrem.
Todo ato de expressão, então, tem a forma e o significado que
têm devido às intenções que o revestiram. O homem tem tentado 13. (CBM PA) Neste texto, predomina qual função de linguagem?
ter mais domínio sobre isso, porque acredita e sabe que tudo o que a) Referencial; d) Poética;
acontece a seu redor ou deixa de acontecer está ligado aos seus atos b) Conativa; e) Metalinguística.
verbais os quais vêm revestidos completamente de argumentos com
c) Fática;

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

14. (CBM PA) E no fragmento: “E me parece que nada mudou muito menos porque produz mais endorfina, um hormônio que relaxa”, diz
de lá para cá”, de que função de linguagem se valeu o autor ao dizer o clínico geral Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São
isso? Paulo. Mais do que isso: a endorfina aumenta a tendência de ter bom
a) Informativa; c) Expressiva; e) Metalinguística. humor. Ou seja, quanto mais bem-humorado você está, maior o seu
bem-estar e, consequentemente, mais bem-humorado você fica. Eis
b) Apelativa; d) Fática; aqui um círculo virtuoso, que Lopes prefere chamar de “feedback
positivo”. A endorfina também controla a pressão sanguínea, melhora
15. (CONSULPLAN) Texto para responder à questão. o sono e o desempenho sexual. (Agora você se interessou, né?)
Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no bom humor,
os efeitos do mau humor sobre o corpo já seriam suficientes para
justificar uma busca incessante de motivos para ficar feliz. Novamente
Lopes explica por quê: “O indivíduo mal-humorado fica angustiado,
o que provoca a liberação no corpo de hormônios como a adrenalina.
Isso causa palpitação, arritmia cardíaca, mãos frias, dor de cabeça,
dificuldades na digestão e irritabilidade”. A vítima acaba maltratando
os outros porque não está bem, sente-se culpada e fica com um
humor pior ainda. Essa situação pode ser desencadeada por pequenas
tragédias cotidianas – como um trabalho inacabado ou uma conta
para pagar -, que só são trágicas porque as encaramos desse modo.
Evidentemente, nem sempre dá para achar graça em tudo. Há
situações em que a tristeza é inevitável – e é bom que seja assim. “Você
precisa de tristeza e de alegria para ter um convívio social adequado”,
diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“A alegria favorece a integração e a tristeza propicia a introspecção e
o amadurecimento.” Temos de saber lidar com a flutuação entre esses
estágios, que é necessária e faz parte da natureza humana.
O humor pode variar da depressão (o extremo da tristeza) até a
mania (o máximo da euforia). Esses dois estados são manifestações de
doenças e devem ser tratados com a ajuda de psiquiatras e remédios
que regulam a produção de substâncias no cérebro. Uma em cada
quatro pessoas tem, durante a vida, pelo menos um caso de depressão
que mereceria tratamento psiquiátrico.
Enquanto as consequências deletérias do mau humor são
estudadas há décadas, não faz muito tempo que a comunidade
(Disponível em: https:// =j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact científica passou a pesquisar os efeitos benéficos do bom humor. O
=8&ved=&url=http%3A%2%2Fhotneukpopge.890m.com%2Fdia%2Fdia‐do‐. interesse no assunto surgiu há vinte anos, quando o editor norte-
Acesso em: 18 ago. 2015.) americano Norman Cousins publicou o livro Anatomia de uma
Doença, contando um impressionante caso de cura pelo riso. Nos
As diferentes funções da linguagem podem ser entendidas como a anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a coluna
adequação que o enunciador faz da linguagem e ou dos recursos vertebral, chamada espondilite ancilosa, e sua chance de sobreviver
de ênfase, de acordo com sua intenção comunicativa e do elemento era de apenas uma em quinhentas.
da comunicação que deseja destacar em uma mensagem específica.
Em vez de ficar no hospital esperando para virar estatística, ele
Quanto à função de linguagem presente no enunciado em análise,
resolveu sair e se hospedar num hotel das redondezas, com autorização
predomina a
dos médicos. Sob os atentos olhos de uma enfermeira, com quase
a) fática. todo o corpo paralisado, Cousins reunia os amigos para assistir a
b) conativa. programas de “pegadinhas” e seriados cômicos na TV. Gradualmente
c) referencial. foi se recuperando até poder voltar a viver e a trabalhar normalmente.
Cousins morreu em 1990, aos 75 anos. Se Cousins saiu do hospital em
d) metalinguística. busca do humor, hoje há muitos profissionais de saúde que defendem
a entrada das risadas no dia a dia dos pacientes internados.
16. (DIRENS) Texto
Uma boa gargalhada é um método ótimo de relaxamento muscular.
O BOM HUMOR FAZ BEM PARA SAÚDE Isso ocorre porque os músculos não envolvidos no riso tendem a se
O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está bem soltar – está aí a explicação para quando as pernas ficam bambas de
tanto rir ou para quando a bexiga se esvazia inadvertidamente depois
Por Fábio Peixoto
daquela piada genial. Quando a risada acaba, o que surge é uma
“Procure ver o lado bom das coisas ruins.” Essa frase poderia estar calmaria geral. Além disso, se é certo que a tristeza abala o sistema
em qualquer livro de auto-ajuda ou parecer um conselho bobo de um imunológico, sabe-se também que a endorfina, liberada durante o
mestre de artes marciais saído de algum filme ruim. Mas, segundo os riso, melhora a circulação e a eficácia das defesas do organismo.
especialistas que estudam o humor a sério, trata-se do maior segredo A alegria também aumenta a capacidade de resistir à dor, graças
para viver bem. também à endorfina.

(...) Evidências como essa fundamentam o trabalho dos Doutores da


Alegria, que já visitaram 170.000 crianças em hospitais. As invasões de
O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está quartos e UTIs feitas por 25 atores vestidos de “palhaços-médicos” não
bem. Ele depende de fatores físicos e culturais e varia de acordo com apenas aceleram a recuperação das crianças, mas motivam os médicos
a personalidade e a formação de cada um. Mas, mesmo sendo o e os pais. A psicóloga Morgana Masetti acompanha os Doutores há
resultado de uma combinação de ingredientes, pode ser ajudado com sete anos. “É evidente que o trabalho diminui a medicação para os
uma visão otimista do mundo. “Um indivíduo bem-humorado sofre pacientes”, diz ela.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

O princípio que torna os Doutores da Alegria engraçados tem a Na afirmação “Aquelas árvores viram tudo”, de MC Queen, percebe-se
ver com a flexibilidade de pensamento defendida pelos especialistas a) linguagem conotativa e função poética.
em humor – aquela ideia de ver as coisas pelo lado bom. “O clown
não segue a lógica à qual estamos acostumados”, diz Morgana. b) sentido denotativo e função conativa.
“Ele pode passar por um balcão de enfermagem e pedir uma pizza c) prosopopeia e função fática.
ou multar as macas por excesso de velocidade.” Para se tornar um d) subjetividade e função metalinguística.
membro dos Doutores da Alegria, o ator passa num curioso teste de
autoconhecimento: reconhece o que há de ridículo em si mesmo e 18. (MARINHA)
ri disso. “Um clown não tem medo de errar – pelo contrário, ele se
diverte com isso”, diz Morgana. Nem é preciso mencionar quanto mais O TEXTO ESCRITO
de saúde haveria no mundo se todos aprendêssemos a fazer o mesmo. A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de
(super.abril.com.br/saúde/bom-humor-faz-bem-saude-441550.shtml. textos escritos é muito especial. Em geral, eles não apresentam
Acesso em 11 de abril de 2015, às 11h.) dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas
começam a surgir quando este aluno tem necessidade de se expressar
Assinale a alternativa que associa corretamente o trecho do texto à
formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito.
função da linguagem em predominância.
Nesta última situação, ele deve ter claro que há diferenças marcantes
a) “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (Função Emotiva) entre falar e escrever.
b) “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz mais Na linguagem oral, o falante tem claro com quem fala e em que
endorfina...” – (Função Conativa) contexto. O conhecimento da situação facilita a produção oral. Nela, o
c) “Agora você se interessou, né?” – (Função Fática) interlocutor, presente fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de intervir,
de pedir esclarecimentos, ou até de mudar o curso da conversação.
d) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a
O falante pode ainda recorrer a recursos que não são propriamente
coluna vertebral ...” – (Função Expressiva)
linguísticos, como gestos ou expressões faciais. Na linguagem escrita,
a falta destes elementos extratextuais precisa ser suprimida pelo texto,
17. (DIRENS) Texto organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade.
AS FERIDAS ABERTAS DA ESCRAVIDÃO Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de
Mais de um século após abolir a escravatura, Brasil e EUA apenas um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtor
agora começam a reconstruir a história de seus heróis negros. tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana, e sim
que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita.
Doze anos de escravidão, produção do diretor britânico Steve
McQueen, entrou para a história do cinema ao ganhar o Oscar de A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia
Melhor Filme, na premiação do último dia 2. É o primeiro filme de um - que, evidentemente, não é marcada na fala - de pontuação, de
diretor negro a ganhar a estatueta. (…) concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização
de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o
Antes do filme, lançado no ano passado, quase ninguém conhecia
sucesso de um texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é
a história de Salomon Northup, negro livre e bem-educado de Nova
diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um
York. Em 1842, ele foi sequestrado e forçado à escravidão, por 12
discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa
anos, em fazendas no sul dos Estados Unidos. Resgatado por seus
uma interação entre o produtor do texto e seu receptor; além disso,
amigos brancos, Northup lutou pela abolição da escravatura e
é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a
contou sua história a um escritor de livros, David Wilson. O texto foi
qual o texto foi produzido.
encontrado e reeditado em 1960, sem grande repercussão, até chegar
às mãos de McQueen. “Minha ideia era transformar Northup num Para que esse discurso seja bem sucedido, deve constituir um todo
herói, porque ele é um verdadeiro herói americano”, disse o cineasta. significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um
texto, devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre
A consagração do filme, ao mesmo tempo, serviu para realçar como
as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso.
a escravidão de negros, abolida nos Estados Unidos há 148 anos e no
Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só
Brasil há 125, ainda é pouco conhecida. No Brasil, por mais de um século,
fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras.
prevaleceu a crença de que seria improdutivo vasculhar o passado dos
(DURIGAN, Regina H. de Almeida et ali. A dissertação no vestibular.
negros.Os arquivos sobre a escravidão, dizia-se, perderam-se em 1890. (…) In: A magia da mudança - Vestibular UNICAMP: língua e literatura.
“A carência e a imprecisão de registros históricos reduziu o brilho Campinas: Editora da UNICAMP, 2012, p. 13-14 adaptado.)
de heróis nacionais”, diz Patrícia Xavier, mestre em história social pela
PUC, SP. Em sua tese de mestrado, Patrícia estudou a vida de Francisco Assinale a opção que apresenta apenas o uso denotativo da linguagem.
José do Nascimento, O Chico da Matilde, líder abolicionista morto a) Ao produzir seu texto, o aluno mergulhou nas regras de ortografia.
em 6 de março de 1914 – portanto, há 100 anos. Sua vida também b) Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos.
daria um filme. Negro livre, Chico trabalhava como prático no porto
da província do Ceará. Segundo relatos da época, em 1881, Chico c) Ler um texto bem produzido é como receber um carinho.
liderou os jangadeiros, ao se recusar transportar escravos. Influenciado d) A perna dessa letra não está bem feita.
pela insurreição dos jangadeiros, o Ceará aboliu a escravidão em e) A pontuação é a alma de um bom texto.
1884, quatro anos antes da Princesa Isabel assinar a Lei Áurea. (...)
O resgate histórico do período de escravidão ganha força à 19. (UEG) Leia os textos a seguir para responder à questão.
medida que documentos são descobertos e que a sociedade ganha
Texto 1
distanciamento. Um século e meio de abolição é pouco tempo, mesmo
para países jovens como EUA e Brasil. O diretor Steve McQueen pôde Junte-se aos campeões. Garanta seus ingressos em FIFA.COM.
usar, em seu filme, fazendas do Mississippi onde houve a escravidão. Superinteressante. Editora Abril, mar. 2013, p. 35.
O tronco onde dois escravos são espancados, na obra de ficção, foi
Texto 2
usado para o chicoteamento, um século atrás. “Aquelas árvores viram
tudo”, diz McQueen. Método de trabalho largamente empregado na A alegria morava em sua alma. A filha dos sertões era feliz,
Europa, na Ásia e na África, a escravidão foi extinta apenas na década como a andorinha, que abandona o ninho de seus pais e peregrina
de 1980 em países como Serra Leoa. Suas feridas continuam abertas. para fabricar novo ninho no país onde começa a estação das flores.
(Época/ nº 823, 10 de março de 2014, editora Globo, p.55)
Também Iracema achara ali nas praias do mar um ninho do amor, nova
pátria para seu coração.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Como o colibri borboleteando entre as flores da acácia, ela discorria Um diferencial de The Good Doctor é dar ao espectador
as amenas campinas. A lua da manhã já a encontrava suspensa ao a sensação de ver o mundo como um autista. Por que essa
ombro do esposo e sorrindo, como a enrediça que entrelaça o tronco preocupação com as filigranas sensoriais? Não queria que as
robusto, e todas as manhãs o coroa de nova grinalda. pessoas simplesmente vissem um autista na tela, mas que pudessem
ALENCAR, José. Iracema. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 80. se identificar com ele e se colocassem no lugar de Shaun para poderem
entendê-lo e amá-lo. Shaun não é perfeito, mas é o nosso herói, e
Tem-se, como funções da linguagem predominantes no texto 1 e no ele tenta superar seus desafios com destemor. Queria que o público
texto 2, respectivamente, as funções embarcasse nessa jornada de superação.
a) poética – conativa c) fática – metalinguística Como as pessoas com autismo e seus familiares têm reagido
b) conativa – poética d) metalinguística – fática à série? Criaram-se expectativas. Foi muito gratificante. Havia
nervosismos por parte da comunidade autista antes de a série ir ao
ar, mas as respostas foram emocionantes e acolhedoras. Infelizmente
20. (UEG) Leia o texto a seguir para responder à questão.
existe muita conversa sobre diversidade na televisão, mas a realidade
NOTAS SOBRE A CARIOQUICE dos autistas nunca tinha sido abordada o suficiente. Eu sabia do
Rio de Janeiro. Chove muito forte na cidade. Raios e trovões. risco de não agradar a todos, mas me sinto bem por ter feito um
Alagamentos e árvores caídas. Balanço trágico: quatro mortos e personagem como Shaun. Tenho orgulho dele. (I)
um garoto desaparecido. Em meio ao trânsito parado, dois gaiatos Shaun enfrenta percalços como a falta de confiança dos
(expressão tipicamente carioca) pegam suas pranchas e vão para a pacientes e o desprezo dos colegas de profissão. Autistas
rua alagada surfar no asfalto. Divertem-se, gritam, como se fosse que tentam trabalhar de forma regular vivem problemas
necessário buscar prazer onde só há aborrecimento e lamentação. A semelhantes? Sim. Alimentei-me de muitas leituras e informações
cena se repetiu anteontem à noite, à beira da lagoa Rodrigo de Freitas. sobre isso. Os autistas enfrentam preconceitos, suposições, julgamentos
Virou onda surfar debochadamente na chuva. Espírito carioca. injustos e prematuros. Todos nós, em alguma medida, encaramos
Várias pessoas ficam em cima de um ônibus, sem ter como sair. desafios e somos julgados o tempo todo. Mas é um processo mais
Bombeiros não chegam. De algum lugar, surge um bote, a salvação extremo para Shaun, sem dúvida. E o fato de ele não ficar para baixo
para uma dezena de desesperados, só então resgatados. Nem tudo é nunca é uma das coisas mais inspiradoras para mim. (II) Ele exibe uma
cinismo na cidade. Solidariedade carioca. atitude tão saudável que nos ensina a viver bem a vida.
Veja. 18 set. 2019, edição nº 2652, p. 110-101. Adaptado.
Noite de show no Rio. Só há fila, e grande, na entrada para
convidados, os que têm nome na porta. As pessoas “normais” entram Leia as passagens transcritas do texto, nas quais David Shore se
tranquilamente, sem aborrecimento. O VIP fica na fila porque quase expressa acerca do protagonista da série.
ninguém gosta de pagar ingresso. Descolados cariocas não tiram a
carteira do bolso. Esperteza carioca. I. “... me sinto bem por ter feito um personagem como Shaun.
Tenho orgulho dele.”.
No restaurante, pai, mãe e amiga cantam parabéns para
adolescente tímida e desanimada com o aniversário. As mesas ao II. “... o fato de ele não ficar para baixo nunca é uma das coisas mais
lado engrossam o “Parabéns a você”. Logo, todo o restaurante canta inspiradoras para mim.”.
junto, e a menina ri, feliz. Alegria e gaiatice do carioca. Essa visão particular e pessoal dá realce à função da linguagem
Atenção à roupa e aos gestos. Na praia, na rua, no samba, corretamente identificada como função
no shopping, há sempre uma máquina fotográfica à espreita. Os a) fática.
“paparazzi” estão em toda parte. Qualquer um pode aparecer em um b) apelativa.
site de fofoca perto de suposta celebridade só por andar pelo Leblon.
c) expressiva.
Coadjuvante de subcelebridade. Risco carioca.
COSTA, Paula Cesarino. Notas sobre a carioquice. Folha de S. Paulo. Caderno Opinião. d) metalinguística.
07 mar. 2013. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/97239-
notas-sobre-a carioquice.shtml>. Acesso em: 07 mar. 2013. (Adaptado). 02. (CRS) Considerando a função de linguagem na comunicação,
marque a alternativa CORRETA, cuja frase tem a função fática.
No trecho “dois gaiatos (expressão tipicamente carioca)”, a
informação que está entre parênteses exemplifica a seguinte função a) Compre batom.
da linguagem: b) Puxa! Que calor.
a) poética c) emotiva c) Beba Coca-Cola.
b) metalinguística d) conativa d) Eu te amo mais que tudo nesta vida.

03. (CRS) Nas opções abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F”
se for falsa.
EXERCÍCIOS DE

COMBATE
( ) Na função fática, a ênfase se dá ao canal de comunicação,
exemplos dessa função de linguagem podem ser extraídos do
cotidiano das pessoas, que se cumprimentam, desejam boa tarde,
boa noite, etc.
( ) A função referencial tem por objetivo o ato de informar, exemplos
01. (CIAAR)
dessa função de linguagem podem ser extraídos de textos
O PAI DO HERÓI AUTISTA jornalísticos.
O canadense David Shore é o criador da série The Good Doctor, ( ) A função conotativa ou apelativa não tem por objetivo despertar a
cujo personagem é Shaun Murphy, um médico dividido entre seus atenção do leitor, bem como persuadi-lo de alguma forma. Exemplos
tormentos pessoais e a capacidade extraordinária de salvar vidas. Com dessa função de linguagem podem ser extraídos de poemas.
o excelente Freddie Highmore na pele de um jovem cirurgião autista, ( ) Na função metalinguística, explica-se um código com a utilização
a série, constituída de vários episódios, caiu nas graças dos brasileiros. do próprio código. Essa função está presente nos dicionários e
Em parte da entrevista transcrita a seguir, Shore fala sobre os desafios gramáticas, que se valem do próprio código linguístico para
para fazer de um autista um personagem tão pop. apresentar informações acerca desse código.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Marque a alternativa que contém a sequência CORRETA de respostas: Da leitura do texto, só NÃO é correto afirmar que
a) V, V, F, V. a) a função emotiva prevalece embora esteja também em evidência
b) F, V, F, V. a função fática da linguagem.
c) V, F, F, V. b) os filhos apresentam como características marcantes a vaidade, o
consumismo e o imediatismo.
d) F, V, V, F.
c) o locutor perdeu a confiança na humanidade que parece a seus
olhos como sem caráter e sem humanidade.
04. (ESFCEX) Qual tipo de enunciado corresponde à função
representativa da linguagem? d) a linguagem utilizada pelos jovens é também indício de desrespeito
aos mais velhos.
a) O declarativo.
b) O interrogativo. 06. (MARINHA) O Rei mandava cortar a cabeça dos mensageiros que
c) O imperativo. lhe davam más notícias. Dessa forma, um processo de seleção natural
d) O vocativo. se estabeleceu: os inábeis foram sendo progressivamente eliminados,
até que restou apenas um mensageiro no país. Tratava-se, como é
e) O exclamativo.
fácil de imaginar, de um homem que dominava espantosamente bem
a arte de dar más notícias.
05. (DIRENS)
Seu filho morreu, dizia a uma mãe, e a mulher punha-se a entoar
QUERO VOLTAR A CONFIAR cânticos de júbilo: Aleluia, Senhor! Sua casa incendiou, dizia a um
Fui criado com princípios morais comuns. Quando eu era pequeno, viúvo, e este prorrompia em aplausos frenéticos. Ao Rei, o mensageiro
mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de anunciou sucessivas derrotas militares, epidemias de peste, catástrofes
respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais naturais, destruição de colheitas, miséria e fome; surpreso consigo
afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, mesmo, o Rei ouvia sorrindo tais novas. Tão satisfeito ficou com o
professores ou autoridades... Confiávamos nos adultos, porque todos mensageiro que o nomeou seu porta-voz oficial. Nessa importante
eram pais, mães ou familiares da nossa rua, do bairro ou da cidade. posição, o mensageiro não tardou a granjear a simpatia e o afeto do
Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror... público. Paralelamente, crescia o ódio contra o monarca; uma rebelião
popular acabou por destituí-lo, e o antigo mensageiro foi coroado Rei.
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.
Tudo que os meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das A primeira coisa que fez, ao assumir o governo, foi mandar
crianças, dos velhos, dos jovens e dos adultos. Direitos humanos para executar todos os candidatos a mensageiro. A começar por aqueles
os criminosos, deveres ilimitados para os cidadãos honestos. Não levar que dominavam a arte de dar más notícias.
vantagem em tudo significa ser idiota. Trabalhador digno e cumpridor (Scliar, Moacyr. Mensagem. In: Contos reunidos.
dos deveres virou otário. Pagar dívidas em dia é ser tonto - anistia para São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 101. )
corruptos e sonegadores.
Em que opção há uma intertextualidade explícita?
O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas
a) “[...] o mensageiro anunciou sucessivas derrotas militares,
de aula; comerciantes ameaçados por traficantes; grades em nossas
epidemias de peste, catástrofes naturais, [...].”
janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem
mais que abraços. Filhas querendo uma cirurgia como presente por b) “[...] e a mulher punha-se a entoar cânticos de júbilo: Aleluia,
passarem de ano. Filhos esquecendo o respeito no trato com pais e Senhor! [...].”
avós. No lugar de senhor, senhora, ficou “oi cara”, ou “como está, c) “[...] um processo de seleção natural se estabeleceu: os inábeis
coroa”? Celulares nas mochilas de crianças. “O que vais querer em foram sendo progressivamente eliminados, [...]. “
troca de um abraço?” – “A diversão vale mais que um diploma.” –
d) “[...] o mensageiro não tardou a granjear a simpatia e o afeto do
“Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa.” – “Mais vale
público.”
uma maquiagem do que um sorvete.” – “Aparecer do que ser.”
Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo? e) “[...] ao assumir o governo, foi mandar executar todos os
candidatos [...].”
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar nas
flores... Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas
noites de verão. Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero 07. (ESPCEX) Quando a intenção do emissor está voltada para a
a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar “olho no olho”. Quero sair própria mensagem, quer na seleção e combinação das palavras,
de casa sabendo a hora em que estarei de volta, sem medo de assaltos quer na estrutura da mensagem, com as mensagens carregadas de
ou balas perdidas. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Onde a significados, temos a função de linguagem denominada
palavra valia mais que um documento assinado. Quero a esperança, a a) fática.
alegria, a confiança de volta. Quero calar a boca de quem diz: “temos b) poética.
que estar ao nível de” ao falar de uma pessoa.
c) emotiva.
E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva,
d) referencial.
limpa como o céu de primavera, leve como a brisa da manhã. E
definitivamente bela como cada amanhecer. e) metalinguística.
Quero ter de volta o meu mundo simples e comum, onde existam
o amor, a solidariedade e a fraternidade como bases. Vamos voltar 08. (FUNCERN) A questão refere-se ao texto reproduzido a seguir.
a ser gente. A ter indignação diante da falta de ética, de moral, de POR QUE PSICOPATAS NÃO SE IMPORTAM COM AS
respeito. Construir um mundo melhor, mais justo e mais humano, CONSEQUÊNCIAS DE SUAS AÇÕES?
onde as pessoas respeitem as pessoas.
Os psicopatas agem a sangue-frio, porque não conseguem pensar
Utopia? nas consequências que suas ações podem ter a longo prazo. Foi essa a
Quem sabe. conclusão a que chegaram pesquisadores da Universidade de Harvard,
Precisamos tentar. nos Estados Unidos, em estudo publicado no periódico Neuron.
Arnaldo Jabor Segundo pesquisas recentes, o cérebro dessas pessoas é diferente
http://www.pensador.uol.com.br/textos_de_arnaldo_jabor/2/ dos de indivíduos saudáveis: eles tendem a não se importar com o
Data de acesso: 30/04/2011 futuro, supervalorizando recompensas imediatas.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

“As pesquisas têm focado nas emoções, em particular na Identifique a função de linguagem predominante no texto.
ideia de que psicopatas são predadores com sangue frio que não a) Emotiva.
conseguem expressá-las”, afirmou o neurologista Joshua Buckholtz
no estudo. Pensando nisso, os cientistas decidiram ir além e focar no b) Referencial.
comportamento dessas pessoas: “Independente do que sentem, elas c) Metalinguística.
apresentam um comportamento marcado pela falta de autocontrole, d) Fática.
e nós estávamos interessados na neurociência disso”.
e) Apelativa.
No novo estudo, a equipe de Buckholtz analisou uma pequena
parte da população carcerária americana — acredita-se que 1% 10. (MARINHA)
das pessoas sejam psicopatas mas que, nas prisões, esse percentual
chegue a 25%. Nem todos que têm o desvio são violentos: alguns TEMPO DOS PONTEIROS
apenas sentem prazer em roubar ou causar confusão nos ciclos sociais. Uma menina coleciona relógios(A).
Durante o experimento, os presos que tiveram altas pontuações De papel, de plástico, de louça, de bronze, de madeira.
em testes de psicopatia mostraram mais atividade em uma parte Relógios de antes e de agora.
do cérebro conhecida como estriado ventral, que se relaciona com Relógios grandes e pequenos.
respostas imediatas. Os cientistas descobriram ainda que essa parte do Relógios de brincar e de usar.
órgão tinha uma ligação mais fraca com o córtex pré-frontal medial De pulso, de bolso, de mesa, de parede.
ventral que, segundo Buckholtz, é importante para a “viagem no Ela gosta também de recortar relógios das revistas.
tempo mental”, ou seja, a capacidade de pensar em consequências Brinca com os ponteiros.
futuras. Guarda um relógio que foi do bisavô(B).
Essas descobertas sugerem que os psicopatas costumam agir de Os ponteiros pararam.
maneira antissocial, porque seus cérebros são conectados de uma Não andam mais(C).
maneira que os fazem valorizar mais as recompensas imediatas e Ela não conheceu o bisavô(D).
negligenciar os problemas que ações imorais podem causar. Além A menina conhece o tempo dos ponteiros(E).
disso, quanto mais “anormal” era o cérebro de um preso, por mais (PARREIRAS, Ninfa. Poemas do Tempo. São Paulo: Paulinas, 2013, 4.ed.)
crimes ele estava sentenciado.
Assinale a opção em que a função da linguagem está corretamente
Segundo os cientistas, essa parte do sistema nervoso dos psicopatas relacionada ao verso destacado do poema.
não é tão estranha: pessoas que agem de forma autodestrutiva, como
usuários de drogas e compradores compulsivos, se assemelham com a) Fática - “Uma menina coleciona relógios.”
os “doentes”. “Nossos achados colocam a psicopatia dentro da esfera b) Conativa - “Guarda um relógio que foi do bisavô.”
de coisas que podemos interferir”, afirma o neurologista de Harvard. c) Metalinguística - “Não andam mais.”
(Disponível em: < http://revistagalileu.globo.com/>. Acesso em 15 jun. 2019) 01.
d) Emotiva - “Ela não conheceu o avô.”
No texto, a linguagem apresenta-se, dominantemente, na função e) Poética - “A menina conhece o tempo dos ponteiros.”
a) expressiva e com predominância de palavras no sentido denotativo.
b) conativa e com predominância de palavras no sentido conotativo.
c) metalinguística e com predominância de palavras no sentido
conotativo.
RESOLUÇÃO EM VÍDEO
Abra o ProApp, leia o QR Code, assista à resolução
d) referencial e com predominância de palavras no sentido de cada exercício e AVANCE NOS ESTUDOS!
denotativo.

09. (AOCP) A questão baseia no texto apresentado abaixo.


GABARITO
ADOLESCÊNCIA AGORA VAI ATÉ OS 24 ANOS, DIZ ESTUDO
Da Redação EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Publicado em
01. E 04. A 07. A 10. C-E-C-C-E
19 jan 2018, 20h58
02. E 05. A 08. B
Até quando vai a adolescência? Alguns podem achar que ela dura 03. E 06. D 09. C-E-C-E
a vida toda. Mas cientistas definiram um período para essa fase da
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
vida, que fica entre a infância e a vida adulta.
01. D 06. A 11. D 16. C
Estudo divulgado pela revista científica Lancet Child & Adolescent
Health afirma que a definição de adolescência mudou, passando 02. D 07. B 12. A 17. A
agora para o período entre 10 e 24 anos de idade. Pela definição 03. C 08. C 13. A 18. B
anterior, essa etapa da vida ia até os 19 anos.
04. C 09. D 14. C 19. B
A nova definição reflete mudanças de comportamento, como a
05. E 10. B 15. B 20. B
demora para concluir os estudos, casar e ter filhos.
EXERCÍCIOS DE COMBATE
De acordo com o estudo, a definição adequada desta etapa da
vida é essencial para o desenvolvimento de leis, políticas sociais e 01. C 04. A 07. B 10. E
serviços. 02. B 05. A 08. D
O estudo lembra que a definição do início da adolescência já foi 03. A 06. B 09. B
antecipada anteriormente para 10 anos – costumava ser padronizada
como 14.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/adolescencia-agora-vai-ate-os-24-
anos-diz-estudo/ Acesso em 19/01/2018.

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