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27/02/2019 Comunicação e Expressão

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CAPÍTULO 4
Comunicação e Expressão
Como escrever um artigo
Stephen Kanitz

Escrever um bom artigo é bem mais fácil do que a maioria das pessoas pensa. No meu caso, português foi
sempre a minha pior matéria. Meu professor de português, o velho Sales, deve estar se revirando na cova.

Ele que dizia que eu jamais seria lido por alguém. Portanto, se você sente que nunca poderá escrever, não
desanime, eu sentia a mesma coisa na sua idade.

Escrever bem pode ser um dom para poetas e literatos, mas a maioria de nós está apta para escrever um
simples artigo, um resumo, uma redação tosca das próprias ideias, sem mexer com literatura nem com
grandes emoções humanas.

O segredo de um bom artigo não é talento, mas dedicação, persistência e manter-se ligado a algumas regras
simples. Cada colunista tem os seus padrões. Eu vou detalhar alguns dos meus e espero que sejam úteis para
você também.

Eu sempre escrevo tendo uma nítida imagem da pessoa para quem eu estou escrevendo. Na maioria dos
meus artigos para a Veja, por exemplo, eu normalmente imagino alguém com 16 anos de idade ou um pai de
família.

Alguns escritores e jornalistas escrevem pensando nos seus chefes, outros escrevem pensando num outro
colunista que querem superar, alguns escrevem sem pensar em alguém especificamente.

A maioria escreve pensando em todo mundo, querendo explicar tudo a todos ao mesmo tempo, algo na minha
opinião meio impossível. Ter uma imagem do leitor ajuda a lembrar que não dá para escrever para todos no
mesmo artigo. Você vai ter que escolher o seu público alvo de cada vez, e escrever quantos artigos forem
necessários para convencer todos os grupos.

O mundo está emburrecendo porque a TV em massa e os grandes jornais não conseguem mais explicar
quase nada, justamente porque escrevem para todo mundo ao mesmo tempo. E aí, nenhum das centenas de
grupos que compõem a sociedade brasileira entende direito o que está acontecendo no país, ou o que está
sendo proposto pelo articulista. Os poucos que entendem não saem plenamente ou suficientemente
convencidos para mudar alguma coisa.

Linguagem e Comunicação
João Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 28/09/2008

Código do texto: T1201596

É interessante observar que a linguagem, seja ela escrita, verbal, gestual ou do corpo como um todo,
desempenha um papel de fundamental importância na vida dos seres humanos. O sociólogo Luiz Ernani
Torres da Costa e Silva define-a como o “Elemento mais eficaz da comunicação social. Através dela são
transmitidos todos os padrões culturais da sociedade, é iniciado o processo de socialização e a sociedade
perpetua-se através dos tempos”.

A língua é um fenômeno cultural: é aprendida e desenvolvida através das relações sociais. O lingüista
Evanildo Bechara afirma que “A língua não existe em si mesma: fora do homem é uma abstração, e no homem

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é o resultado de um patrimônio cultural que a sociedade a que pertence lhe transmite”.

No processo de utilização dos elementos de uma língua como meio de comunicação, há pessoas que se
destacam por deterem mais habilidades nesta ou naquela forma de comunicação (pela escrita, pela fala, pela
música, pela pintura, etc.). Há quem atribua esses pendores a dons naturais inatos. Na antiguidade,
Quintiliano fazia distinção entre as origens das habilidades dos poetas e dos oradores: “nascuntur poetae, fiunt
oratores” (os poetas nascem feitos e os oradores têm de fazer-se”.

Já tivemos oportunidade de tratar da questão dos dons naturais em outro texto e expressamos nossa opinião
particular de que todas as habilidades são adquiridas, ainda que um ou outro indivíduo seja favorecido por
fatores genéticos que lhe proporcione aprendê-las com mais facilidade. Como em qualquer aprendizado, o
exercício com atenção e dedicação é a chave do sucesso nos processos de comunicação.

Sobre a comunicação através da fala, Osmar Barbosa, no seu livro “A arte de falar em público”, defende que
“Para firmar a atenção, desenvolver o poder de concentração mental, é necessário praticar a arte de definir as
palavras e os termos e de se exprimir claramente, com espontaneidade, sem artifício. Torna-se, imperioso
também, saber ouvir pacientemente, quer em público ou não, para educar a memória auditiva e aprender a
observar todos os pormenores com minúcia e perseverança.”

Importância da Linguagem
Pode parecer estranho, mas a linguagem coloquial é apropriada a certos tipos de situação! Isso não quer dizer
que esteja em acordo com as regras normativas, pois não está, mas sim a adequação do enunciado de acordo
com o contexto.

Por exemplo: Suponhamos que uma jovem ligue para a amiga, a fim de convidá-la para sair e diga: Olá Ana,
bom dia! Como vai você? Quero convidá-la para passar esta tarde comigo, a fim de que possamos nos divertir
no shopping próximo a sua casa. Desfrutaríamos de bons momentos juntas se fôssemos.

A fala acima, apesar de não contradizer o padrão culto da língua, não está ajustada à circunstância.

Tudo é uma questão da consideração que se faz aos elementos usados no processo da comunicação, logo,
emissor e destinatário devem ser analisados.

Outro exemplo é falar com uma autoridade da maneira que se fala com um amigo! Imagine um aluno dirigindo-
se à professora deste modo: E aí, véi! Cumé que é? Essa prova saí ou não saí? Ce sabe né fessora, tem que
estudá, tá ligado?!

A situação acima representa até mesmo uma questão de falta de respeito, pois a professora não fala assim e
não há intimidade suficiente entre emissor (aluno) e receptor (educador) para esse tratamento.

Em consideração à forma escrita, temos como exemplo um bilhete da irmã para a irmã:

Fulana, peço-lhe que avise nossa mãe do seguinte: Não irei almoçar em casa hoje, pois tenho muitos
afazeres, inclusive uma reunião. Por favor, não deixe de avisá-la, pois não quero causar trabalho
desnecessário! Obrigada, Cicrana.

Não seria muito mais apropriado se Cicrana escrevesse para Fulana algo do tipo: Mana, avisa a mamãe que
não vou almoçar hoje, tenho reunião. Por favor, não esquece, senão ela vai acabar fazendo muita comida!
Brigado viu, bjo!

Então, tudo depende da circunstância em que se está inserido! Por isso, é importante levar em consideração o
assunto tratado, o meio pelo qual a mensagem será transmitida, o contexto (tempo, espaço) e o nível social e
cultural do interlocutor (destinatário).

Sempre considere o padrão coloquial e culto da língua: o primeiro é usado para a comunicação mais informal,
com mais liberdade, sem apego às normas gramaticais. Geralmente, é utilizado no trato com amigos e
familiares. Já o segundo manifesta-se pelo emprego das estruturas formais da língua, usada em situações em
que se exige a formalidade e regras gramaticais.

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Elementos da comunicação

Ao elaborarmos uma redação, precisamos ter em mente que estamos escrevendo para alguém. Enquanto a
redação literária destina-se à publicação em jornal, livro ou revista, e seu público é geralmente heterogêneo, a
redação para vestibular tem em vista selecionar os candidatos cuja habilidade discursiva toma-os aptos a
ingressar na vida acadêmica.

Seja um texto literário ou escolar, a redação sempre apresenta alguém que o escreve, o emissor, e alguém
que o lê, o receptor. O que o emissor escreve é a mensagem. O elemento que conduz o discurso para o
receptor é o canal (no nosso caso, o canal é o papel). Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos ou
raciocínios que o emissor expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente. A língua que o emissor
utiliza (no nosso caso, obrigatoriamente, a língua portuguesa) constitui o código.

Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, em um código comum, uma mensagem, que se
reporta a um contexto ou referente.

Funções da Linguagem
Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da
comunicação.

Elementos da comunicação

• Emissor - emite, codifica a mensagem


• Receptor - recebe, decodifica a mensagem
• Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor
• Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem
• Referente - contexto relacionado a emissor e receptor
• Canal - meio pelo qual circula a mensagem

Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a
comunicação

Função emotiva (ou expressiva)

Centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª pessoa do singular,
interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.

Função referencial (ou denotativa)

Centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta,
denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos.

Função apelativa (ou conativa)

Centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se


dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada
nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

Função fática

Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência
do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares.

Função poética

Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva,
conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada
apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas propagandas etc.

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Função metalinguística

Centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua
função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de
metalinguagem.

Obs.: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função
predominante no texto, para então defini-lo.

Construção Textual
Tecer um bom texto é uma tarefa que requer competência por parte de quem a pratica, pois o mesmo não
pode ser visto como um emaranhado de frases soltas e ideias desconexas. Pelo contrário, elas devem estar
organizadas e justapostas entre si, denotando clareza de sentido quanto à mensagem que ora se deseja
transmitir.

Como sabemos, a redação é um dos elementos mais requisitados em processos seletivos de uma forma geral,
e em virtude disso é que devemos estar aptos para desenvolvê-la de forma plausível e, consequentemente,
alcançarmos o sucesso almejado.

Geralmente, a proposta é acompanhada de uma coletânea de textos, a qual devemos fazer uma leitura atenta
de modo a percebermos qual é o tema abordado em questão.

Tipologia Textual
Informativo

Texto informativo, tem a função de informar o leitor a respeito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de
jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas e etc.

Descrição

Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade!
Significa”criar” com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da
personagem a que o texto se refere.

Narração

Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O
tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias
infantis, como o Chapeuzinho Vermelho ou a Bela Adormecida, até as picantes piadas do cotidiano.

Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o
texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão
e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.

Argumentativo

Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do
autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu
comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

Exposição

Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias).
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Estrutura básica:

ideia principal;

desenvolvimento;

conclusão.

Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições,etc.

Injunção

Indica como realizar uma ação. É também utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Uti liza
linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo. Há também o
uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e Manuais.

Diálogo

Diálogo é uma conversação estabelecida entre duas pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como
pausas e retomadas.

Entrevista

Entrevista é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual
perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres entrevistam as
suas fontes para obter declarações que validem as informações apuradas ou que relatem situações vividas por
personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém informações que o ajudarão a
construir a matéria. Além das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a
serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter costuma reunir o máximo de informações disponíveis
sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele formula
perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também deve ser
perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, fato que costuma
acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando o repórter vai entrevistar o
presidente de uma instituição pública sobre um problema que está a afectar o fornecimento de serviços à
população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na
instituição. É importante que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança do
entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as
respostas ou perdendo a objetividade. As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de pontuação
como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem
para dar ao leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O título da entrevista é um enunciado
curto que chama a atenção do leitor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiúscula
e recebe maior destaque da página. Na maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a letra
minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um
pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia do entrevistado aparece normalmente na primeira
página da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo
entrevistado e que aparecem em destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.

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