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REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS

Reescrita de Textos de Diferentes Gêneros

Os níveis de formalidade serão trabalhados aqui como níveis de linguagem. Eles têm relação direta
com a intenção comunicativa, isto é: Qual é o objetivo do texto? Qual o contexto em que a
comunicação é veiculada?

Quem é o emissor e para quem é dirigida a Comunicação?

Para entendermos melhor isso, pensemos no seguinte exemplo: recorte a fala de um juiz em um
tribunal e enderece a uma criança ou a um jovem.

Certamente o juiz não vai ser entendido, concorda?

Para que haja a devida comunicação, ele deve escolher palavras adequadas ao entendimento
daquele público-alvo: a criança ou o adolescente.

Assim, os níveis de linguagem levam em conta esses estratos (camadas sociais, econômicas,
culturais, etárias, situacionais), a cujo contexto a linguagem deve adaptar-se.

O que determinará o nível de linguagem empregado é o meio social no qual o indivíduo se encontra.
Portanto, para cada ambiente sociocultural há uma medida de vocabulário, um modo de se falar, uma
entonação empregada, uma maneira de se fazer a combinação das palavras, e assim por diante.

Com base nessas considerações, não se deve pensar a comunicabilidade pelas noções de certo e
errado, mas pelos conceitos de adequado e inadequado, segundo determinado contexto. Assim, não
se espera que um adolescente, reunido com outros em uma lanchonete, assim se expresse:

“Vamos ao shopping assistir a um filme”.

Naturalmente, ele vai reestruturar o seu texto (retextualizar) para se adaptar ao seu meio: “Vamos no
shopping assistir um filme”.

Com base nisso, vamos aos principais níveis de linguagem:

A Linguagem Culta Ou Padrão: É aquela ensinada nas escolas e serve de

veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas
instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais.
Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente em diversos gêneros textuais, como
nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV,
programas culturais etc.

A linguagem culta pode ser formal ou informal. Isso depende da intenção comunicativa e do meio
utilizado para tal. Pode haver comunicação de acordo com a norma culta como no exemplo:

“Dilma! Estou aqui pensando como o Brasil cresceu depois de que começou seu mandato. Quantos
ministros você dispensou, por envolvimento em falcatruas…”

Veja que todas as palavras estão de acordo com a norma culta, mesmo percebendo que o pronome
“você”, relacionando-se a uma personalidade política, não seria o ideal.

Mas não podemos dizer que esse emprego estaria incorreto gramaticalmente, pois, fora do contexto
político, formal, cabe o direcionamento a esta pessoa como “você”, como num bate-papo entre
amigos políticos, familiares de Dilma, por exemplo. O contexto não requer o tratamento cerimonioso.

Muitas vezes essa informalidade é vista nos gêneros textuais crônicas, jornais, revistas, textos
literários, cartas pessoais e comunicações não oficiais.

Isso dá ao texto um desprendimento do rito, da formalidade, o qual a linguagem jornalística muitas


vezes procura implementar.

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Claro que um crítico político não usaria o pronome “você” direcionando-se a um presidente de
qualquer país, pois o contexto não permite; mas cabe numa crônica livre, humorística, por exemplo.

Reescrevendo a mesma comunicação feita acima de cunho informal, agora de maneira formal,
teremos:

“Excelentíssima Senhora Presidenta da República, Há de evidenciar em seu mandato a clareza de


procedimentos, principalmente nos eventos que culminaram na exoneração de alguns Ministros.”

A linguagem popular ou coloquial: É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (erros de regência e
concordância; erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões
vulgares, gírias. A linguagem popular está presente nas mais diversas situações: conversas familiares
ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório),
novelas, expressão dos estados emocionais etc.

Veja a relação entre a formalidade e informalidade nos dois gêneros textuais:

Textos Científicos E Publicitários:

O texto científico funciona como um outro texto qualquer: é necessário que ele tenha começo, meio
e fim, seja agradável de ler, gramaticalmente correto, compreensível, coerente e mantenha conexões
lógicas entre as ideias nele contidas.

Uma característica comum a praticamente todos os textos científicos é a organização nas seguintes
partes: Introdução, Objetivos, Materiais e Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões.

Também são encontrados nos textos científicos: o Título, a Autoria, Resumo, Figuras e Tabelas,
Agradecimentos e Referências Bibliográficas.

Assim, entendemos que neste gênero textual é necessária a formalidade, a padronização da


estrutura.

Texto Publicitário:

O objetivo do texto científico é divulgar o resultado de experiências, assinalando a comprovação do


objeto científico. Já o texto publicitário tem por objetivo persuadir, convencer o leitor a consumir o
produto ou a ideia veiculados em anúncio de revista, outdoor ou internet.

Como a linguagem da publicidade é centrada no receptor ou destinatário da mensagem, utiliza a


criatividade para seduzir o consumidor.

Muitas vezes, subverte a norma culta, para manter uma linguagem mais próxima do público-alvo.

Veja o exemplo abaixo:

“Vem pra caixa você também.”

Realizando a reescrita, em uma situação formal de comunicação, seguindo as normas gramaticais, o


anúncio “Vem pra caixa você também.”

Deveria ficar: Venha para a Caixa você também.

Ou vem para a Caixa tu também.

Nem sempre a linguagem apropriada para o texto publicitário é a norma culta. Isso porque o texto
deve atingir determinado público. Quando a abrangência é maior, a população como um todo, muitas
vezes se rompe a norma culta, para que o texto seja familiar ao leitor, soando agradável àquilo que
normalmente ele ouve nas ruas. Esse é o mesmo processo de composição de músicas populares.
Não importa tanto a norma culta, mas as palavras serem agradáveis aos ouvidos, trazendo uma
melodia. Por isso, nas músicas, vemos algumas vezes a junção de verbo em terceira pessoa
combinando com pronome de segunda pessoa, o que a norma culta não admite, mas o ritmo,
a sonoridade e o público a que se quer atingir admitem.

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Por exemplo: “Cantei pra ti dormir” é o verso de uma canção que possui ritmo, sonoridade agradável
e melodia; mas, de acordo com a norma culta, estaria errada.

Porém, tente cantar esta música usando a norma culta: “Cantei para tu dormires”!!!!. O número de
sílabas poéticas aumentou, assim, feriu o ritmo e a melodia, também a forma verbal “dormires” soa
artificial perante a massa popular.

Dessa forma, estaria de acordo com a norma culta, mas a estrutura frasal não estaria adequada ao
público e à musicalidade.

O mesmo ocorre com este slogan publicitário:

“Se você não se cuidar, a Aids vai te pegar.”

Perceba que o interlocutor (a quem o texto se dirige) é expresso pelo pronome “você” (terceira
pessoa do singular), reforçado pelo pronome oblíquo átono “se”. Porém, em seguida, há o pronome
oblíquo átono de segunda pessoa “te”. Dessa forma, percebemos que esse é o registro coloquial,
soa agradável ao público, mas não é a forma culta da língua.

Então, eu lhe pergunto: o que o autor do texto da propaganda quer?

Transmitir a informação, usando a forma como a massa fala; ou soar artificial, mas estar de acordo
com a norma culta?

Certamente, o comunicador quer é veicular a informação. Por isso, misturou os pronomes. Isso fere a
norma culta, mas é usual em texto publicitário, desde que tenha como público-alvo a massa popular.

Podemos ter duas formas de realizar a reescrita: levar as formas verbais e os pronomes para a
segunda pessoa:

Se tu não te cuidares, a Aids vai te pegar.

Ou para a terceira pessoa:

Se você não se cuidar, a Aids vai pegá-lo.

Na realidade, a retextualização já foi trabalhada na aula passada nas questões de reescritura de


fragmentos do texto. Aqui, esse trabalho é mais focado na adequação do uso da informalidade ou da
formalidade de acordo com o contexto social.

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