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Produção Textual e Expressão Oral

Aula 02

Margarete Terezinha Costa


CONVERSA INICIAL
Oi, seja bem-vindo(a) à Aula 2 de Produção Textual e Expressão Oral.
Nosso objetivo é desenvolver habilidades de leitura, compreensão, interpretação
e produção textual, a fim de aperfeiçoar a comunicação oral e escrita. Para tanto,
vamos:
 Ler, compreender e interpretar de forma crítica, analítica e reflexiva
textos de distintos gêneros
 Identificar os principais gêneros textuais que circulam na realidade
 Entender informações cotidianas, temas e fatos atuais captando a
informação relevante e dados específicos dos mesmos
 Exercitar a comunicação habitual de um ou vários interlocutores.
Entrevistas, filmes, notícias, informações gravadas ou transmitidas por televisão,
rádio ou telefone priorizando a diversidade linguística existente
 Utilizar estratégias de comunicação que superem as carências
linguísticas
Esquematicamente, nossa aula fica assim:

Você já teve problemas quando quis escrever um texto? E na hora de ler,


você teve dificuldade em compreender e interpretar as ideias lidas? Não fique
preocupado, pois a maioria das pessoas tem alguma dificuldade. Na hora de
contar um fato, expor uma ideia ou apresentar um argumento oralmente, com
frequência o fazemos naturalmente, mas na hora de escrever surgem alguns
obstáculos. Se você tem uma boa ideia, deve exprimi-la bem tanto na oralidade
quanto na escrita. Assim, a nossa intenção nesta aula é ajuda-lo a melhor o uso
da língua.
Confira no vídeo, disponível no material on-line, a fala inicial da professora
Margarete.
CONTEXTUALIZANDO
O que a palavra textualidade te lembra? Acredito que a primeira ideia está
relacionada a texto, certo? Você já sabe o que é um texto, lembra? A palavra
texto é originada do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. As
frases podem ser comparadas a fios que se inter-relacionam, formando uma rede
ou teia de ideias que transmitem uma mensagem.

Texto é qualquer forma de interagir com o outro que tenha sentido. Pode ser por
palavras escritas ou faladas denominadas de verbal, podem ser não verbal, isto
é, sem o uso de palavras, por desenhos, imagens, gestos, sons...

Para Valle (2013, p. 73), “quando um texto é escrito, é necessário tecer


as ideias de modo que elas se ajustem às intenções comunicativas, porque não
há texto sem intencionalidade.” Lembre-se também de que texto está
diretamente relacionado com contexto, pois ele é o cenário do discurso, é onde
ocorre à situação comunicacional, a significação global.

Que tal trazer o tema da aula para o nosso dia a dia? Analise as seguintes
situações:
Imagine que você está caminhando por uma rua tranquila e, de repente,
passa por você um senhor muito bem vestido, que, com um cigarro na mão, diz:

— Fogo!

Agora você está sentado na segunda fila do cinema esperando a sessão


começar, um rapaz senta-se ao seu lado e diz calmamente:

— Fogo!
Neste mesmo cinema, no meio do filme de ação, um bombeiro entra
correndo gritando:

– Fogo!

Você percebeu que nestas três situações a fala das personagens é a


mesma “Fogo!”, mas os sentidos são diferentes? Notou ainda que a segunda
situação 2 não faz sentido, não tem lógica, a situação não se relacionada a
nada?
Considerando texto como uma unidade mínima de significação, isto é, que
tem significado, certamente você concluiu que as situações 1 e 3 são texto, pois
mesmo sendo apenas uma palavra – fogo – há entendimento.
De acordo com que foi apresentado até agora, faça a leitura do texto a
seguir e verifique se há significado:
Circuito Fechado
Ricardo Ramos
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental,
água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina,
sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis,
caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com
plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e
fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços
de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia,
água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo,
xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água.
Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo,
telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves,
lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara
e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro,
fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de
anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo,
papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata.
Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos,
guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo.
Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias,
calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
Fonte: <http://www.pucrs.br/gpt/substantivos.php>.

Viu que mesmo o autor tendo exposto suas ideias usando somente
substantivos1, trata-se de um texto. Portanto, este texto não é uma simples uma
série de palavras soltas, uma vez que lendo-o percebemos que conta o cotidiano
de um homem, que trabalha, fuma, dorme e acorda, nos fazendo refletir sobre a
vida. A textualidade é a característica fundamental dos textos, tanto orais quanto
escritos. É ela que faz com que um texto seja visto como texto.
Sobres estas reflexões, assista ao vídeo, disponível no material on-line.

PESQUISE
Conceitos e aspectos da textualidade
Textualidade é um substantivo feminino que significa qualidade, condição
ou caráter do que é textual oral ou escrito. É interessante perceber que a
textualidade não é própria ao texto, pois um mesmo conjunto linguístico pode ser
considerado como texto para uns e para outros, não. O exemplo do termo fogo
no início desta aula é um bom exemplo disso. Portanto, textualidade seria um
termo que envolve o conjunto de recursos que fazem palavras e frases virarem
texto.

1
É a classe de palavras que utilizamos para dar nome às coisas, aos seres em
geral (VALLE, 2013, p. 248)
A textualidade ou textura é a premissa utilizada pelo autor que conhece
elementos, estrutura e função de texto para que seja entendido pelo outro
interlocutor; pois a leitura e compreensão dependem da produção de sentido no
texto. Ela vai além da decodificação; do que está escrito ou dito.
Veja o esquema a seguir:

A textualidade depende também da interpretação e das relações entre o


texto e o contexto que os partícipes produzem durante o processo comunicativo.
Contexto, segundo a teoria de Van Dijk (1997), é um conjunto de todas as
propriedades de situação social que são sistematicamente relevantes para a
produção, compreensão ou funcionamento do discurso e de suas estruturas. Isto
é, são as relações entre o texto e a situação em que ele foi escrito e é ou será
lido.
Todas as circunstâncias de produção, tais como lugar, tempo, cultura do
emissor e do receptor, vão ajudar na correta compreensão do texto. Há também,
dois fatores responsáveis pela textualidade de um discurso:
 Fatores semântico ou formal – refere-se ao estudo do significado
e a interpretação das palavras, signos, frases e textos em um determinado
contexto. Ela analisa também as mudanças de sentido que possam ocorrer com
as palavras frente a diferentes tempos e espaços geográficos; referem-se à
configuração linguística, os conhecimentos da língua; são as relações de sentido
estabelecidas entre os enunciados que formam o texto.
 Fatores pragmáticos – é o que acontece habitualmente, o que é
usual, prático ou costumeiro. Na linguística, estuda o sentido do texto em seu
uso. Os sentidos dependem da situação, do contexto de uso; acenam para os
conhecimentos de mundo do emissor; são analisados dentro e fora do texto,
direta ou indiretamente; são fatores considerados básicos para a interpretação
de textos, pois o estabelecimento da compreensão depende em grande parte de
seus fatores.
Fazem parte de tais fatores: fatores semântico ou formal (coerência e
coesão) e fatores pragmáticos (intencionalidade, aceitabilidade,
situacionabilidade, informatividade e intertextualidade). Veja como fica, no
esquema a seguir:

Nós vamos estudar cada um destes itens mais profundamente durante


esta aula. Dos fatores semânticos, a coerência e a coesão, por exemplo, são
fatores importantes de textualidade, no sentido da organização e articulação:
a) das frases, que podem acontece pelo uso de pronomes ou das
conjunções
b) do texto, por meio dos articuladores lógicos e conectivos, é a chamada
organização textual (introdução, desenvolvimento, conclusão)
Sugestão de Leitura
Há vários recursos que podem ser utilizados pelo emissor, que indicam
ao receptor o que se quer dizer de forma mais clara – e nós vamos estudar a
maioria delas daqui para frente. Por hora, acesse a internet, pesquise e leia o
artigo Texto e textualidade em diálogos intersemióticos, de Júlia Almeida
(Cadernos de Letras da UFF, n. 42, p. 65-75, 2011).

Assista no vídeo, disponível no material on-line, a professora Margarete tratando


deste tema que estamos estudando.

Coesão e Coerência
Vamos começar nossos estudos verificando o significado do termo
Coerência:
s.f. Ligação de um conjunto de ideias ou de fatos cujo resultado é lógico.
Característica daquilo que tem lógica e coesão; nexo.
Gramática. Colocação dos elementos textuais que, embora
possuindo significados diferentes, são interligados de modo a fazer com
que um texto possua sentido completo, tornando-se claro e compreensível:
coerência textual.
Descrição harmônica de ações, fatos ou ideias; conexão.
Comportamento constante; modo de pensar uniforme ou estável.
(Etm. do latim: cohaerentia.ae)
Fonte: <http://www.dicio.com.br/coerencia/>.

De acordo com o dicionário, coerência significa a interligação de


elementos para que haja sentido completo em um texto. Ela garante a
inteligibilidade das ideias por meio da conformidade entre fatos ou ideias. Ela é
resultado de um não absurdo entre as partes do texto e do texto em afinidade ao
mundo. Para que haja coerência, é necessário que o texto tenha sequência e
continuação lógica de ideias. Daí, temos três princípios da coerência textual:
 Princípio da não contradição – uso da lógica, sem absurdos ou
aberrações
 Princípio da não tautologia – evitar a repetição desnecessária de
uma palavra ou ideia (pleonasmo vicioso)
 Princípio da relevância – organização das ideias observando sua
importância no texto, sem fragmentação

Estes princípios ajudam na construção de um texto coerente. Com o


mesmo olhar, podemos analisar os diferentes tipos de coerência que se
completam. Para conhecer, interaja com a imagem!

Coerência
sintática

Coerência Coerência
genérica semântica

Coerência Coerência
estilística temática

Coerência
pragmática

Coerência sintática
Estrutura da língua: ordem das palavras, seleção dos termos.
Coerência semântica
Sentido: texto sem contradição (princípio da não contradição).
Coerência temática
Tema: coerente e relevante.
Coerência pragmática
Sequência: organização.
Coerência estilística
Variedade linguística: sem mistura de linguagem.
Coerência genérica
Gênero textual: escolha adequada de gênero.

Devemos lembrar-nos de alguns detalhes importantes. Primeiramente, a


intencionalidade do texto. Se o autor tem a intenção de confundir, por exemplo,
ele usa a incoerência de forma proposital, e isso não é errado. Isso acontece,
normalmente, em textos literários, nos quais apresentam aspectos linguísticos
próprios. O importante é conhecer a coerência e fazer uso dela da melhor forma
possível, a fim de garantir a comunicação. Um bom exemplo disso são as tiras a
seguir:
Veja que o Calvin tem clareza do contexto em que está e é coerente com
a situação.

Fonte: <http://www.satirinhas.com/wp-content/uploads/2014/08/coer%C3%AAncia.jpg>.
Aqui o Garfield mostra como o Jon não está sendo coerente em suas
reflexões.

Fonte: <http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-tipos-
coerencia-textual.htm>.

Coesão
Como já vimos, o texto é como um tecido, uma ideia está ligada a outra,
que se liga a outra, e assim vai sendo “costurados” os pensamentos. Este
encadeamento de ideias é chamado de coesão, isto é, a amarração, conexão,
ligação, consensual entre os elementos de um texto. A coesão se dá por meio
de termos, palavras ou expressões que criam uma relação, uma lógica textual.
Lembre-se que um texto não é um aglomerado de palavras, elas se ligam para
garantir fluxo de ideias e sequência ao texto. Há certos mecanismos que ajudam
a criar a unidade, a coesão textual, isto é, que fazem a ligação e organizam as
palavras, frases e parágrafos. Várias são as formas de coesão, gramaticais ou
não.
As mais significativas são coesão referencial, coesão recorrencial e
coesão sequencial. Vamos ver cada uma delas em detalhes, a seguir.
Acompanhe.

Coesão referencial
a) Substituição de termo por outro
 Para evitar repetição de termos na frase

Os alunos de Secretariado são muito estudiosos. Eles leem todos os


textos indicados.
Evita-se, desta forma, repetições desnecessárias que podem tornar a leitura
desagradável.

 Anáfora (retomada de palavras ou termos já dita anteriormente)

Tereza está feliz. Vi-a na noite de ontem


O “a” refere-se à Tereza.

Mara comprou um gatinho. O animal já conhece sua dona.


“Animal” refere-se ao gatinho.

Veja como as frases ficam mais interessantes quando estão “ligadas”:


 Catáfora: apresenta algo que vai ser dito

A verdade é esta: você está linda.

As cidades mais conhecidas do Brasil são estas: São Paulo, Rio de


Janeiro e Salvador.

Seu amor acompanhou-o pela juventude, relatou o velho.

“Esta”, nas duas primeiras frases antecipa a que se referem. Mesma coisa
acontece na terceira frase, o “o” antecipa quem foi acompanhado: o velho.

b) Reiteração de um elemento do texto


 Reiteração: repetição de um termo com a intenção de reforçar a
ideia
Quem ama cuida, quem ama presta atenção!
Observe que neste caso, a repetição é necessária quando se quer reforçar a
ideia, reiterar.
 Sinônimos ou quase sinônimos
Comprou doce e deu o brigadeiro para a sua amada.
Não sabia se ia ou não à reunião, porém decidiu participar do encontro.
Observe que os termos são substituídos por outros com o mesmo sentido.

Coesão recorrencial
a) Recorrência de termos
Teresa lia, lia, lia sem parar.
Observe que o termo lia repete três vezes dando mais ênfase à frase.

b) Paralelismo
Ela organizava sua mesa, arrumava sua sala e limpava seu ambiente.
Observe as relações de semelhança entre palavras e expressões: quando as
palavras pertencem a uma mesma classe gramatical ou quando as construções
das frases ou orações são semelhantes ou quando há correspondência de
sentido.

c) Paráfrase
Eles compareceram à reunião, sou seja, estavam todos lá.
Veja que há reescrita da mesma ideia.
Recorrência semântica.

d) Recursos fonológicos
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas, Vagam dos velhos vórtices
velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas”,
A poesia de Cruz de Souza traz uma sonoridade indiscutível.
Coesão sequencial
Veja que cada frase está ligada por uma conjunção, e esta expressa seu
sentido.
a) Consicionalidade
Se você me ama você me abraça.

b) Causalidade
Eu te abraçarei porque te amo.

c) Mediação
Amou muito para que eu te abraçasse.
d) Disjunção
Ou eu te amo ou te odeio.

e) Temporalidade
Assim que eu te encontrar, abraçar-te-ei.

f) Conformidade
Conforme combinamos, vou te abraçar sempre.

g) Modo
Abraçarei você sem que ninguém veja.
A coesão também ocorre por:
 Elipse: omissão de um termo facilmente identificado
É necessário alimentar-se, não apenas comer.

(é necessário)
A professora entrou em sala de aula. Lá ensinou aos alunos como ler um
texto.

(ela)
Veja que os termos omitidos nas segundas frases são facilmente entendidos,
não há necessidade de repetição.

 Justaposição: estabelece encadeamento no texto

Primeiro inventamos as rotinas, depois as rotinas nos inventam.

Chegou à escola. Pegou a bolsa. Tirou os livros. Começou a estudar.

Nos dois exemplos há um encadeamento de situações, dando uma ideia de


sequência.

Assista no vídeo, disponível no material on-line, a professora Margarete tratando


deste tema que estamos estudando.

Intencionalidade e Informatividade
Intencionalidade
Veja a tira a seguir:

Fonte: <http://joaosejoanas.com/440-texto-escrito-x-dialogo/>.
O humor da tira mostra um exemplo de falta de coesão. Ela assinala que
o primeiro besouro fala que convencer alguém é ir além do texto escrito, é
necessário diálogo, embate de ideias... e o segundo besouro questiona se eles
estão conversando ou sendo um texto escrito. A contradição e a falta de fluxo
de ideias não facilitam o diálogo entre os insetos.
O autor da tira teve uma intenção ao fazê-la. Assim, como a maioria dos
produtores de texto, sempre há uma necessidade, um objetivo, um propósito
para se escrever um texto. Estes podem ser simplesmente para manter contato,
fazer rir, até compartilhar opiniões, hipóteses ou ideias. Lembrando que não há
textos “neutros”, isto é, texto que não tenham intenção nenhuma. Quando se
conhece as intenções claras de um texto, ele se torna mais fácil de ser escrito.
Quando se tem clareza da intenção do texto, tem-se caminhos a serem seguidos.
Por exemplo, a escolha da linguagem a ser usada: será um texto formal
ou informal? Veja a diferença na forma de comunicação com cada uma delas:
Também saberemos qual tipologia e gênero textual escolher, veja alguns
deles:

A intencionalidade está ligada ao uso de argumentos. Se a intenção é


convencer alguém de alguma coisa, quanto melhores forem os argumentos,
melhor será o texto.

Fonte: <http://www.legal.adv.br/20110909/o-poder-da-argumentacao/>.

Cada situação exige formas diferentes de comunicação. Se a conversa é


informal, nossa tese pode ser baseada em ideias livres. Mas, se a situação é
formal, devemos usar argumentos sólidos e consistentes. Vamos analisar alguns
argumentos que validam nossa tese:
 Argumentação por citação: quando o texto traz uma citação de
pessoa consagrada na área, uma autoridade no assunto. Ex.:
De acordo com Mario Quintana: “Com o tempo, você vai percebendo que, para
ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e,
principalmente, a gostar de quem também gosta de você.”
Fonte: <http://kdfrases.com>.

 Argumentação por comprovação: quando os argumentos são


provados por dados, estatística percentuais. Ex.:
A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (28), revelou uma queda no número de
leitores no país: de 95,6 milhões, registrada em 2007, para 88,2 milhões, com
dados de 2011. O índice representa uma queda de 9,1% no universo de leitores
ao mesmo tempo em que a população cresceu 2,9% neste período.
Fonte: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/03/numero-de-
leitores-caiu-91-no-pais-em-quatro-anos-segundo-pesquisa.html>.

 Argumentação por raciocínio lógico: quando há uma relação de


causa e efeito comprovado. Ex:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Há outras formas de convencer os outros. Analise esta tira e veja que o


argumento usado pelo Calvin é emocional:

Fonte: <http://filosofiavo2.blogspot.com.br/2011/04/argumento-falacias.html>.
Temos que ficar atentos com argumentos baseados em senso comum.
Eles são baseados em crenças e proposições construídas no quotidiano.

Informatividade
Como o nome mesmo diz, informatividade está relacionada com a
informação. Neste caso, são textos que trazem informações que ampliem os
conhecimentos de seus receptores (leitores, ouvintes). O grau de informatividade
depende da finalidade da escrita, do objetivo do texto. Um texto infantil vai
abordar um assunto com informações diferenciadas de um texto para adultos,
por exemplo. Seria aborrecido para um leitor ler um texto cuja informação ele já
conheça ou que sejam de senso comum, do consenso geral.
Portanto, os conhecimentos de mundo do emissor e do receptor do texto
vão validar a qualidade deste. Para que a comunicação se efetive plenamente,
é necessário que a informatividade do texto seja apropriada aos seus
interlocutores.
Veja na charge a seguir a quantidade de informações exigidas:

Fonte: <http://informatividadeinteligente.blogspot.com.br/2009_01_01_archive.html>.
A informatividade não está associada somente à quantidade de
informações, como visto na charge, mas também à novidade que ela traz. Isso
vai depender do grau de conhecimento do interlocutor e do que ele espera do
texto. É importante ressaltar que sempre quando vamos ler um texto, temos uma
expectativa, esperamos alguma coisa – e, preferencialmente, algo novo.

Quanto mais singulares e relevantes constituírem as informações, maior


o grau de informatividade do texto, que, desta forma, ficará mais atraente ao
leitor e maior será a interação. Daí a “arte” de saber a medida certa, muita
informação cansa, pouca informação distrai.

Assista no vídeo, disponível no material on-line, a professora Margarete tratando


deste tema que estamos estudando.

Intertextualidade
Veja as imagens que a seguir:

Fonte: <http://escolakids.uol.com.br/intertextualidade.htm>.
A persistência da Memória. Muitos podem até não saber o título da obra,
mas logo identificam os relógios derretidos, metáfora para a liquidez do tempo.
A obra é um ícone da escola surrealista, que tem Dalí como um de seus
principais representantes.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/literatura_prefederal/01-intertextualidade-pre>.

O Grito é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch, a


mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina
num momento de profunda angústia e desespero existencial.

Fonte: <http://letrasliteris.blogspot.com.br/2012/07/intertextualidade-e-seus-
dialogos-i.html>.
Moça com Brinco de Pérola, pintado por Johannes Vermeer, em 1665 e
que, durante a reforma do Mauritshuis, atraiu mais de 2,2 milhões de pessoas
em exposições pelo mundo.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/crisbiagio/literatura-intertextualidade-leitura>.

Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. Foi


pintada em 1928 como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade,
seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul
Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: "Vamos fazer um movimento em
torno desse quadro?
Você percebeu que para cada obra de arte há uma “outra” arte. Qual é a
relação que você faz entre o termo intertextualidade e as imagens que viu? A
intertextualidade é a influência que um texto faz em outro, que o toma como
modelo ou ponto de partida. Se analisarmos o termo inter, veremos que significa
“relação”. Assim, fica claro que intertextualidade refere-se à relação entre textos.
Veja um modelo clássico de intertextualidade na literatura, a poesia de
Gonçalves Dias inspirou muitos outros poetas:
Veja tira sobre a poesia:

Fonte: <http://desconversa.com.br/portugues/4-tipos-de-intertextualidade-que-voce-encontra-
para-a-cancao-do-exilio-e-1-exemplo-de-como-isso-pode-ser-cobrado-no-enem/>.

Você deve ter percebido que na intertextualidade os textos “conversam”


entre si. Eles têm como fonte um texto-fonte, que é relido e apresenta outra
versão para a mesma ideia. A intertextualidade pode acontecer com textos de
gêneros variados, a poesia “Canção do Exílio” teve também uma versão em
tirinha. Isso acontece com poemas, textos literários, textos publicitários,
imagens, receitas, entre tantos. Desta forma, o interessante da intertextualidade
que somente a reconhece quem é um hábil leitor.
Veja a seguir, com mais detalhes alguns tipos de intertextualidade:
 Alusão
 Epígrafe
 Paródia
 Paráfrase
 Citação

Fonte: MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 7 ed. São Paulo: Cultrix.
Alusão
É toda referência, direta ou indireta, propositada ou casual, a certa obra,
personagem, situação, etc., pertencente ao mundo literário, artístico, mitológico,
etc. No geral, a alusão insere a obra que a contém numa tradição comum julgada
digna de preservar-se. Camões, por exemplo, ao dizer, em Os Lusíadas,
"cessem do sábio Grego e do Troiano / As navegações grandes que fizeram",
alude a Ulisses (herói da Odisseia) e Eneias (herói da Eneida).

Epígrafe
É um fragmento de texto que serve de lema ou divisa de uma obra,
capítulo ou poema. Costuma existir um vínculo entre a epígrafe e o texto que
vem abaixo dela. Nesses casos, a epígrafe dá apoio temático ao texto, ou
resume o sentido, a motivação dele. Massaud Moisés observa que o exame
atento das epígrafes pode "nos fornecer uma ideia da doutrina básica de um
poeta ou romancista, o seu nível intelectual, etc.".

Fonte: <http://www.mundograduado.com/epigrafe-para-monografia/>.
Paródia
Trata-se de uma composição literária que imita, cômica ou satiricamente,
o tema ou/e a forma de uma obra séria. Consiste em ridicularizar uma tendência
ou um estilo que, por qualquer motivo, se torna conhecido ou dominante. Como
exemplo, o poema "Canto de Regresso à Pátria", de Oswald de Andrade, que
parodia a "Canção do Exílio".

Paráfrase
É a interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (ou parte
dele) para torná-lo mais inteligível ou sugerir um novo enfoque para o seu
sentido. Veja, por exemplo, o poema de Carlos Drummond de Andrade, no qual
o poeta parafraseia o poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias.

Citação
É a frase ou passagem de certa obra que um autor reproduz (com
indicação do autor original) como complementação, exemplo, ilustração, reforço
ou abonação daquilo que ele pretende dizer ou demonstrar.
Como você deve ter observado, a intertextualidade está presente no
nosso dia a dia, basta prestar atenção para recolhê-la e usar deste recurso para
aprimorar a escrita.
Assista no vídeo, disponível no material on-line, a professora Margarete tratando
deste tema que estamos estudando.

Aceitabilidade e Situacionalidade
Aceitabilidade
Aceitar é permitir em receber algo dado ou oferecido, é estar de acordo
ou concordar em aceitar. Em nossos estudos, como tratamos dos fatores da
comunicação, aceitar seria o estado de receber a mensagem que está sendo
passada. Isso parece simples, mas não é sempre que se está aberto para novas
ideias ou opiniões.
Você já deve ter vivenciado uma situação em que duas pessoas, ao
conversar, não se entendem mesmo tendo a mesma opinião, na realidade uma
não ouve a outra. Chamamos de aceitabilidade, quando duas ou mais pessoas
estão conversando e uma procura compreender a outra. Um bom exemplo de
aceitabilidade é quando um adulto busca entender o que uma criança está
falando. Há um esforço em compreender, de colocar-se no lugar da criança, de
traduzir termos e ideias que não estão conexas.
Quando o texto é escrito se dá uma relação entre o escritor e o leitor.
Normalmente, nós, leitores, apreciamos textos dos autores de que gostamos e
rejeitamos os autores de que não gostamos. Também reagimos negativamente,
até mesmo antes da leitura, com autores que tenham linhas filosóficas ou
políticas diferentes das nossas, pois não concordamos com as ideias deles, com
a intenção que expressam. A aceitabilidade se opõe à intencionalidade,
estando ligada com o autor, e a aceitabilidade com o leitor. Quando estes dois
elementos se enquadram, a comunicação efetiva-se de forma mais estruturada.

Ao produzir um texto, temos que lembrar estes elementos, a nossa


intenção deve estar bem colocado para ser entendida com clareza. O sentindo
da leitura é dado por meio da interpretação e interação dos saberes do escritor
e do leitor. Sabemos que o leitor pode ter um conhecimento prévio e poderá
avaliar o texto com critérios diferentes dos nossos. Uma forma interessante de
ser “bem” lido (aceitabilidade), de acordo Costa Val (1991), está vinculada à
necessidade de:
 Cooperação (no sentido de o produtor responder aos interesses de
seu interlocutor)
 Qualidade (autenticidade)
 Quantidade (informatividade)
 Pertinência
 Relevância
 Maneira como as informações são apresentadas (precisão,
clareza, ordenação, concisão etc.)
Contrária à aceitabilidade, temos a rejeição. Há alguns assuntos
polêmicos que causam a rejeição imediata das pessoas. Analise a imagem a
seguir:

Qual a sua reação frente a esta imagem? Você se sentiu bem? Gostou?
Achou bonito no sentido afetivo? Imagino que não. A imagem não tem
aceitabilidade – isso acontece com textos que tratam de assuntos polêmicos.
Lembrando que a intencionalidade está diretamente relacionada com o
sentimento que o escritor deseja despertar no leitor. Há um elemento
interessante, o ponto de vista. Veja a imagem que segue:

Qual dos dois está correto? Claro que os dois. Eles simplesmente estão
em posições diferentes. Isso é muito comum, se eles trocarem de lugar ou
ficarem no mesmo, as opiniões mudariam.
Situacionalidade
Como o próprio nome diz, situacionalidade tem relação com a situação, o
contexto. Diferentes situações caracterizam o sentido dos discursos, tanto na
produção como na interpretação. Os textos são elaborados em certo momento
e para um fim, em um determinado contexto e situação.
a) Situação  Texto
 O que é adequado para aquela situação
 Formalidade, variedade dialetal: o dialeto ou linguagem da
localidade
 Em que medida a situação comunicativa interfere na produção e
recepção do texto
b) Texto  Situação
 O produtor cria o mundo de acordo com seus pontos de vistas, seus
objetivos, propósitos, etc.
 O texto não é uma cópia fiel do mundo real, mas do mundo tal como
ele é visto pelo produtor

Vários são os exemplos de situacionalidade. Em uma festa de casamento,


por exemplo, você nunca usaria o termo “meus pêsames” – se usasse, a
intenção seria vista como negativa, como se você não concordasse com o
casamento.
Como você deve ter percebido, a aceitabilidade e a situacionalidade são
elementos que elegem o discurso como ferramenta apropriada de comunicação.
Assim, amplie seus conhecimentos sempre que possível e retome estes
elementos sempre que necessário.

Assista no vídeo, disponível no material on-line, a professora Margarete tratando


deste tema que estamos estudando.

NA PRÁTICA
Vamos testar nossos conhecimentos rapidamente? Responda à pergunta
a seguir!
O professor e o aluno são muito amigos e religiosos. Este é católico
e aquele é evangélico. O período apresenta:
a) Coesão recorrencial
b) Coesão referencial

Feedback:
a) Resposta incorreta.
Usa-se este tipo de coesão quando se quer recorrer com um sinônimo,
por exemplo, a um termo já usado na oração.
b) Resposta correta.
Para evitar repetição de “o professor” e “o aluno”, usou-se, este para “o
aluno” e aquele para “o professor”.

SÍNTESE
Nesta aula aprendemos mais sobre produção textual e expressão oral,
vimos a importância dos aspectos da textualidade como a coerência que faz com
que o texto tenha nexo e consistência. Estudamos a coesão, que harmoniza o
texto com ligações lógicas; tratamos da intencionalidade, que é a matriz de todo
texto; a informatividade como bagagem de informações; a intertextualidade, que
relaciona textos; a aceitabilidade, na qual o texto é recebido pelo leitor e, por fim,
a situacionalidade, o contexto no qual o texto acontece.
Com o domínio destes elementos, você melhorará sua atuação como
produtor e receptor de textos variados. Continue estudando!

Confira no vídeo, disponível no material on-line, a fala final da professora


Margarete.

Referências
CEREJA, William R.; MAGALHÃES, Thereza C. Texto e interação. São
Paulo: Atual, 2000.
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. 11 ed. São Paulo:
Ática, 2009.
KOCH, Ingedore G. V. Introdução à linguística textual: trajetória e
grandes temas. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
KOCH, Ingedore G. V.; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e Coerência. 5 ed.
São Paulo: Cortez, 1997.
KOCH, Ingedore G. V.; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e Coerência. 6. ed.
São Paulo: Cortez, 1999.
KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz C. A Coerência Textual. 6
ed. São Paulo: Contexto. 1995.
TRAVAGLIA, L. C.; KOCK, I. G.; Intencionalide X Aceitabilidade.
Disponível em: <https://sites.google.com/site/producaodetextoediscurso/aula-2-
intencionalidade-x-aceitabilidade>. Acesso em: 3 ago. 2013.
VAL, Maria da Graça C. Redação e Textualidade. 1 ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.

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