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Língua Portuguesa
A
O TEXTO EM NOSSO COTIDIANO
Nós levantamos muitas hipóteses a respeito do que é texto. Será que alguma
das perguntas acima seria a sua real definição?
Fiorin (1996, p.16) diz que texto “é um todo organizado de sentido”, ou seja,
nós não podemos entender que o texto seja apenas um conjunto de palavras ou
frases que se juntam de forma aleatória para constituí-lo, mas, sim, que essas
palavras e frases devam estar ligadas entre si para que haja uma continuidade
entre elas, a fim de que a sua totalidade forme uma unidade de sentido. Talvez,
você esteja dizendo: “mas isso é óbvio!”, entretanto, não é essa a noção de texto
que boa parte dos estudantes emprega na prática.
Na escola, quando o professor ou a professora pede para que seja elaborada
uma redação é comum os alunos lhe perguntarem: “com quantas linhas?” ou “em
quantas palavras?”. Perguntas desse tipo demonstram mais preocupação em
atender às exigências de números de linhas ou palavras, do que construir um texto
que faça sentido para quem o lê.
A produção textual, nesse caso, não é concebida como um todo com unidade
de sentido, isto é, uma organização de ideias com começo, meio e fim, mas como
uma somatória de linhas, um amontoado de palavras sucessivas. Pior é que essa
concepção de texto também está presente nas atividades de leitura. Muitas vezes,
lemos apenas parte de um texto e achamos que o entendemos em sua completude.
É isso o que ocorre quando o professor nos dá um romance para ler e lemos
apenas o resumo ou partes de capítulos, imaginando que a leitura parcial seja
suficiente para ter sucesso na avaliação. Veja o texto de Ricardo Ramos:
Circuito Fechado
Ricardo Ramos1
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras,
calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta,
chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa,
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro.
Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo
com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída,
vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena.
Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,
memorandos, bilhetes, telefone, papéis.(...)
1
Ricardo Ramos nasceu em Palmeira dos Índios, em 1929, ano em que o pai Graciliano Ramos
exercia a função de prefeito. Formado em Direito, destacou-se como homem da propaganda,
professor de comunicação, jornalista e escritor em São Paulo. Sua obra literária é extensa: contos,
romances e novelas, e representa, com destaque, a prosa contemporânea da literatura brasileira.
Apesar do texto, em uma primeira leitura não aparentar relação entre as
palavras, se você observar atentamente, poderá perceber que se trata do cotidiano
de um indivíduo, e é possível perceber sua rotina e até mesmo seu gênero: se é
masculino ou feminino. Leia o restante do texto que complementa nossa análise e
tente buscar outras informações importantes que o texto passa para o leitor:
a) Se você observar apenas o primeiro quadro, abaixo, qual o sentido que você
depreende?
Edson Baeta
http://naweb.wordpress.com/.
Acesso em 11/11/2009
Texto verbal
(http://centralrocknet.com.br/index.php?news=677)
Texto e Contexto
(http://www.portalimpacto.com.br/docs/JoanaVestF3Aula16_09.pdf)
Nesse poema, o seu sentido está tanto no título “o que se diz”, quanto no
último verso “Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida”, pois
são eles que nos faz compreender sobre o que poema está tratando: o fato de nós
exclamarmos todos os dias e muitas vezes não percebemos. Observe que os
elementos que nos dão sentido ao texto estão no próprio texto, por isso, falamos de
um CONTEXTO IMEDIATO.
O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse
contexto acrescenta informações históricas, geográficas, sociológicas e literárias,
para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto. Para isso, exige-se uma
postura ativa do leitor, ou seja, é necessário que ele tenha um conhecimento de
mundo, a fim de depreender o sentido exigido.
Esse conhecimento de mundo está ligado à nossa vivência, pois durante a
nossa vida, vamos armazenando informações que serão importantes para
entendermos e interpretarmos o mundo. Por isso, é fundamental a leitura,
assistirmos ao noticiário, irmos a museus, termos contato com pessoas que nos
acrescentarão conhecimento. Quando temos suporte para lermos um texto e
retirarmos dele o que está além dos seus aspectos linguísticos, a nossa leitura será
muito mais prazerosa e consequentemente, o texto será enriquecido, às vezes,
reinventado, e até recriado. Faça a leitura desta charge:
Qual a leitura que você fez? Você a compreendeu? Do que está tratando a
charge?
Para compreendê-la é necessário que você observe todos os aspectos que
estão envolvidos na construção dessa charge: o que está escrito na lousa, o
logotipo que está abaixo da lousa, as pessoas que estão nas carteiras, o que essas
pessoas carregam em sua cintura, o que está escrito no balão, a forma como a
pessoa que está ensinando diz etc. Quando a observamos, vemos que é uma
charge que trata das olimpíadas que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016. Hoje, o
Rio é conhecido como uma cidade violenta e há uma grande preocupação quanto à
segurança, quando houver as olimpíadas. Nessa charge, os bandidos estão já se
preparando para esse evento, pois quando forem “atuar”, farão na língua dos
estrangeiros. É claro que para entender isso, tivemos de ativar o nosso
conhecimento das línguas portuguesa e inglesa e do nosso conhecimento de
mundo, ou seja, recorremos ao CONTEXTO SITUACIONAL.
A compreensão de um texto vai além da simples compreensão de termos
nele impressos; não basta o simples reconhecimento de palavras, parágrafos, é
preciso levar em conta em que situação ele é produzido. A compreensão exige do
leitor uma sintonia com os fatos situados no seu dia a dia e que aparecem
subliminarmente impressos na mensagem textual.
Isso ocorre também em relação à produção textual, pois todas as vezes em
que se produz um texto, seja ele oral ou escrito, ele é determinado por uma série de
fatores que interferem, por exemplo, em sua estrutura e na organização de suas
informações. Um desses fatores é o interlocutor a quem se dirige o texto. Mesmo na
situação em que o indivíduo parece falar consigo mesmo (com os próprios botões),
a fala tem como interlocutor a representação de si mesmo que o indivíduo
construiu. Assim, sempre que se escreve e sempre que se fala isso é feito tendo em
vista um interlocutor, alguém que, obviamente, interfere na produção textual. Nas
situações reais de interação, as pessoas levam em conta, dentre outros, os
seguintes fatores:
De onde eu escrevo?
Caro aluno,
Como tem sido as suas leituras? Você lê com frequência? Quando lê, você
consegue entender claramente o que o texto quer dizer?
Uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos, em relação ao
aprendizado de um conteúdo, é a deficiência na leitura e compreensão do sentido
dessa leitura. Isto quer dizer que muitos não conseguem entender o que leem ou
apenas reproduzem, com as mesmas palavras, o que está escrito na superfície
textual, ou seja, naquilo que está escrito ”literalmente” ou mostrado. Abaixo segue
uma crônica de Ignácio de L. Brandão, publicada no jornal O Estado de São Paulo.
Leia-a atentamente, para entender o que acabamos de falar:
Na infância, ele era diferente. Acreditava nos outros, acreditava nas coisas.
Quando alguém dizia:
- Por que não vai ver se estou na esquina?
Ele corria até a esquina, olhava, esperava um pouco, reconfirmava e voltava:
- Não tem ninguém na esquina.
- Quer dizer que voltei.
- Por que não me avisou que voltou?
- Voltei por outro caminho.
- Que outro caminho?
- O caminho das pedras. Não conhece o caminho das pedras?
- Não.
- Então não vai ser nada na vida.
Outra vez, numa discussão, alguém foi imperioso:
- Quer saber? Vá plantar batatas.
Ele correu no armazém, comprou um quilo de batatas e foi até o quintal, plantou
tudo. Não é que as batatas germinaram! Houve também aquele dia em que um
amigo convidou:
- Vamos matar o bicho?
- Onde o bicho está?
- Ali no bar.
- Que bicho? É perigoso? Me dê um minuto, passo em casa, pego a espingarda
do meu pai ...
- Espingarda? Venha com a sede.
- Não estou com sede.
- Matar o bicho, meu caro, é beber uma pinga.
Em outra ocasião, um primo perguntou:
- Você fez alguma coisa para a Mercedes?
- Não. Por quê?
- Ela passou por mim, está com a cara amarrada.
- Amarrada com barbante, com corda, com arame? Por que uma pessoa amarra
a cara da outra?
- Nada, esquece! Você ficou com a cara de mamão macho, me deixou com cara
de tacho. É um cara-de-pau e ainda fica aí me olhando com a mesma cara.
Outra vez, uma menina, que ele queria namorar, se encheu:
- Pára! Não me amole! Por que não vai pentear macaco?
Naquela tarde ele foi surpreendido no minizoológico do bairro, com um pente na
mão e tentando agarrar um macaco, a quem procurava seduzir com bananas. Uma
noite combinaram de jogar baralho e um dos parceiros propôs:
- Vai ser a dinheiro ou a leite de pato?
- Leite de pato, propuseram os jogadores.
Ele se levantou:
- Então, esperem um pouco. Trouxe dinheiro, mas não leito e de pato. Vou
providenciar.
- E onde vai buscar leite de pato?
- A Mirela, ali da esquina, tem um galinheiro enorme, está cheio de patos. Vou
ver o que arranjo.
Voltou meia hora depois:
- Não vou poder jogar. Os patos, me disse a Mirela, não estão dando leite faz
uma semana.
Riram e mandaram ele sentar e jogar. Em certo momento, um jogador se irritou,
porque o adversário, apesar de ingênuo e inocente, tinha muita sorte.
- Vou parar. Você está jogando com cartas marcadas.
- Claro que tem marca! É Copag, a melhor fábrica de baralhos. Boa marca, não
conheço outra.
- Está me fazendo de bobo, mas aí tem dente de coelho.
- Juro que não! Por que haveria de ter dente de coelho? Quem tirou o dente do
coelho?
- Além do mais, você mente com quantos dentes tem na boca. A gente precisa
ficar de orelha em pé.
- Não estou fazendo nada. Estou na minha, com meu joguinho, vocês é que
implicam.
- Desculpa de mau jogador.
- Não devo nada a ninguém aqui.
- Deve os olhos da cara.
- Devo? Não comprei os meus olhos. Nasceram comigo. Só se meus pais
compraram e não pagaram.
Todos provocaram, pagavam para ver.
- Não venha com conversa mole, pensa que dormimos de botina?
- Não penso nada. Aliás, nunca vi nenhum de vocês de botina.
- Melhor enrolar a língua, se não se enrosca todo.
- Não venha nos fazer a boca doce, que bem te conhecemos!
As conversas eram sempre assim. Pelo menos foram até meus 20 anos, quando
deixei a cidade. A essa altura, vocês podem estar pensando que ele era sonso,
imbecilizado. Garanto que não. Tanto que, hoje, é um empresário bem-sucedido,
fabrica lençóis, fronhas e edredons, é dono de uma marca bem conhecida, a Bem
Querer & Bem-Estar. Não sei se um de vocês já comprou. Se não, recomendo.
Claro, recomendo a quem não dorme de touca, quem não tem conversa mole para
boi dormir, quem não dorme no ponto, quem não dorme na portaria, para aqueles
que não dormem sobre louros. Enfim, para quem não dorme com um olho aberto e
o outro fechado.
(BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O Estado de São Paulo, 8 jul. 2005. Caderno 2, p.
D14.)
No texto, podemos dizer que existem dois planos: aquilo que está mostrado
mediante as letras, palavras, figuras e gestos; e aquilo que está implícito, oculto,
ou seja, aquilo que está além dessas letras, palavras, figuras e gestos. É o que
acontece na crônica. Quando foi dito “Vai ver se eu estou na esquina” a pessoa não
queria que o sujeito que recebeu essa informação fosse até à esquina a fim de
verificar essa informação, porque não haveria necessidade, uma vez que ela já
estava bem à sua frente. Na realidade, por meio desses dizeres, o desejo dessa
pessoa é que o outro parasse de perturbá-la.
No entanto, deverá surgir uma nova pergunta: “Será que eu tenho essas
mesmas atitudes em relação à interpretação dos textos?”
Infelizmente, muitos ainda têm. Quer fazer um teste? Leia a seguir a fábula
de Millôr Fernandes:
A RAPOSA E AS UVAS
Observe que essas questões estão nos fazendo olhar não apenas para
aquilo que está dito, mas buscarmos significados que estão além do texto. Isso
deve ocorrer na interpretação de todo texto.
Ao analisar a fábula “A Raposa e as Uvas”, devemos primeiramente ter o
conhecimento de que uma fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens
são geralmente animais que possuem características humanas.
Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição
de moral, constatada na conclusão da história. Ela é muito utilizada com fins
educacionais. Muitos provérbios ou ditos populares vieram da moral contida nesta
narrativa alegórica, como por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” na fábula
A lebre e a tartaruga e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade”
em A cigarra e as Formigas. Portanto, sempre que alguém redige uma fábula ele
deve ter em mente um ensinamento. Além disso, observamos que na fábula a
raposa não tem procedimentos próprios de um animal, mas de ser humano, pois ela
falou, empurrou a pedra, armou toda uma estratégia para pegar as uvas etc.
Diante disso, uma vez que a fábula sempre procura trazer um ensinamento,
devemos analisar a relação que existe entre a narrativa e a moral. Num primeiro
momento, o texto parece ter um caráter
ingênuo, de uma narrativa aparentemente
infantil, conforme apontamos naquela
interpretação literal. Contudo, quando
observamos alguns elementos textuais que
estão presentes na fábula, ampliamos a
nossa leitura. Logo no início da narrativa é
colocada não uma necessidade fisiológica (a
fome da raposa), mas uma questão comportamental (a gula da personagem), dado
importante para reforçar a conclusão. Além
disso, aparecem várias tentativas do animal
em obter o objeto de desejo que alimentaria
sua gula, mesmo depois de vários fracassos.
Só então a raposa emite um juízo “Ah,
também não tem importância. Estão muito
verdes.” (É bom ressaltar que esse
enunciado é precedido das expressões
“entre dentes, com raiva”, que evidenciam as condições da raposa no momento em
que diz).
A partir daí, novos dizeres se apresentam no texto em virtude da intenção de
sentido. Ao se deparar com uma enorme pedra, a raposa é reanimada e tenta
novamente atingir seu objetivo, ignorando o que havia afirmado anteriormente,
premida pelas circunstâncias. Isso, aparentemente, comprova que as palavras da
personagem eram apenas tidas como desculpas por não ter conseguido a fruta
para saciar sua gula. Contudo, a raposa consegue, com muito esforço, o que
pretendia - apanhar as uvas - mas, ao contrário do que desejava, as uvas estavam
realmente verdes, expelindo-as de sua boca de tal forma que não as consumisse.
Nesse ponto, o texto amplia os horizontes do significado, determinando a
moral, cujo sentido está em confirmar a questão comportamental e não a
necessidade fisiológica. As uvas já se mostravam verdes e a raposa já havia
percebido, tanto que já o havia declarado anteriormente, mas o estado de gula era
tal, que se sobrepôs à razão. Somente no momento em que provou as uvas e
houve a confirmação do que já sabia é que veio a
consciência de não poder desfrutar daquela fruta,
daí, então, ocorre a frustração.
É claro que para fazer essa leitura e
interpretação, é necessário que o leitor comece a
perceber que aquilo que é visível num texto não é a
única leitura, mas a partir desses aspectos visíveis
associados a outros aspectos que já fazem parte da
vivência do leitor, essa leitura será ampliada.
Portanto, para compreender o que está além daquilo
que é visível, precisamos ativar o que chamamos de
conhecimento de mundo.
Repasto-me em trouxas
douradas de ovos moles
Degusto ostras
ovadas de luar
e empanturro-me
em iguarias às quais
não ofereço resistência
E confesso-me pecadora
e escrava desta gula,
que leva à mesa,
o banquete que me sacia,
meu regozijo e conforto,
prova das minhas fraquezas.
Nesse poema, como é vista a gula? É vista como algo aceito ou condenado
pelo eu-lírico, ou seja, por aquele que está dizendo o poema? O que o faz ter esse
posicionamento?
Ao analisarmos o poema, vemos uma pessoa que se declara pecadora e
escrava da gula. Embora consciente de que a gula é algo condenado socialmente,
ela sente prazer no que faz. E parece não ligar por estar transgredindo os valores
sociais. Ela sabe que a gula é uma fraqueza dela, todavia, ela se sente confortável.
Essa consciência e esse conforto vêm marcados no poema pelos verbos
“sorvo”, “repasto”, “degusto” e “empanturro”, pois estão todos ligados a ação de
saborear algo. Esse posicionamento se mostra diferente da fábula e da empresa de
alimentos.
Então, o que nos leva a ter essas três visões diferenciadas da gula? São os
chamados pressupostos ideológicos de cada sujeito constituído no texto. Dessa
forma, cabe-nos ver um pouco sobre a questão da ideologia e a linguagem.
Segundo Marilena Chauí (O que é ideologia, p. 113),
Leia novamente essa definição e pense no que Marilena Chauí quer dizer.
Esse é um bom teste para ver o seu nível de leitura.
Se você for a um dicionário ou a um livro de filosofia, verá outras definições
de ideologia, todavia, essa definição dada por Chauí está bem apropriada ao que
estamos falando.
Um indivíduo, durante a sua formação vai adquirindo valores sociais, regras
de conduta que vão direcionar a sua vida. Ele buscará interpretar os fatos e se
expressar de acordo com essas ideias.
Por exemplo, se um indivíduo é de uma família em que certas palavras não
podem ser ditas porque são proibidas, esse indivíduo sempre as verá dessa forma,
por isso, procurará evitá-las.
Isso é o que ocorre nos textos, cuja temática é sobre a gula. O modo de ver
a gula e falar dela dependerá dessa questão de valores.
Esses valores, essas regras e normas são o que formam a ideologia,
portanto, o seu significado está ligado a um conjunto de ideias, de pensamentos,
das experiências de vida de um indivíduo e é por meio desta ideologia que o
indivídio interpreta seu mundo, os textos que lê e as informações que recebe por
meio de suas ações e linguagem.
Todavia, muitas vezes, a ideologia é utilizada dentro de um aspecto negativo,
porque ela pode ser usada como uma forma de mascarar a verdade. Por exemplo,
quando o patrão diz aos empregados que quanto mais eles produzirem, mais
pessoas dignas e de sucesso serão; na realidade, esse patrão está se utilizando
dos aspectos ideológicos nessa fala, pois, o que de fato deseja é a grande
produção para um maior faturamento. Na sua fala há uma intenção implícita que
não é condizente com o que ele está transmitindo. Isso é muito comum na
propaganda. Com o propósito de
vender um produto, a empresa
mostra todas as qualificações desse
produto, nos passando a ideia de que
ele é importantíssimo para o
consumidor e nós somos persuadidos
de tal forma que queremos adquiri-lo.
Veja esta propaganda antiga.
Em meados do século XX, a
enceradeira surgiu como uma
inovação tecnológica importante para
a dona de casa, pois muitas mulheres
enceravam a sua casa com um
escovão ou de joelho com um pano
na mão. Procure observar essa
propaganda e veja como ela procura
vender o produto “enceradeira”.
Se você nunca passou uma enceradeira, pergunte para sua mãe se era
dessa forma que ela encerava a casa: salto, cabelo escovado, saia e blusa, como
se fosse uma princesa. Tenho certeza de que não era assim.
Observe que a propaganda quer vender a ideia de que quem comprasse a
Enceradeira Arno Super iria ter prazer em fazer a faxina de casa e nem sentiria
cansaço. Todavia, essa ideia não é verdadeira. Portanto, a empresa se apropriou
dos aspectos ideológicos para camuflar a verdade.
Dessa forma, a realidade é distorcida a partir de um conjunto de
representações pelo qual os homens se utilizam para explicar e compreender sua
própria vida individual e social. Isso ocorre com todos os indivíduos, porque nós
somos governados por uma ordem social.
A ideologia, portanto, é um sinal de significação que está presente em
qualquer tipo de mensagem, pois, em toda mensagem sempre há por trás uma
intenção que normalmente não é claramente dita.
Desta forma podemos afirmar que todos nós deixamos nossa marca de visão
de mundo, dos nossos valores e crenças, e de INTENÇÃO, ou seja, de nossa
ideologia, no uso que fazemos da linguagem, pois nós recorremos a ela para
expressar nossos sentimentos, opiniões e desejos. E é por meio da linguagem que
interpretamos a realidade que nos cerca.
Porém, essa interpretação não é totalmente livre, pois ela é construída
historicamente a partir de uma série de aspectos ideológicos que todos nós temos,
mesmo sem nos darmos conta de sua existência.
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
Elis Regina
Composição:Belchior1976
Você percebeu que essas músicas foram compostas em três décadas
diferentes? A primeira em 1967, a segunda em 1976 e a terceira em 1985. Nelas,
encontramos diferenças nos perfis dos jovens que está intimamente ligada com a
ideologia dominante da época. Veja a análise!!!
Na primeira música, temos um jovem que vive a opressão sofrida nas ruas,
nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país na década
de 60. A letra denuncia o abuso de poder de forma metafórica: “caminhando contra
o vento/sem lenço e sem documento”; expressa a violência praticada pelo regime:
“sem livros e sem fuzil,/ sem fome, sem telefone, no coração do Brasil”; denuncia a
precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria
pessoas alienadas: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e
preguiça/quem lê tanta notícia?”.
Na segunda música, a canção fala sobre o tempo e a juventude, a
maturidade e a impotência, a ilusão e a decepção, sobre ganhar e perder. Embora
as pessoas sejam tão previsíveis e as histórias, inclusive políticas, costumem
acabar praticamente sempre “em pizza”, como se costuma dizer no Brasil, o autor
nos alerta do quão é importante que façamos a nossa parte. É importante não
desistir.
Na terceira, temos uma geração marcada pelo consumismo, que procuram
para si a praticidade e os produtos importados. É uma juventude que se deixa
envolver pelo caminho mais fácil, deixando de lado ideais revolucionários.
Como se vê, as idéias produzidas num determinado tempo, numa dada
época estão sempre presentes no texto. Por isso, é preciso verificar as concepções
e fatos correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para
ajudar-nos a entender os aspectos ideológicos, ou seja, as crenças, valores e
pensamentos relacionados à época e, consequentemente, fazermos uma leitura
além da superfície de um texto.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras estabelecidas pela Gramática Normativa. A mesma compõe-
se de algumas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando estabelecer uma relação de familiaridade
e, consequentemente, colocando-as em prática ao nos referirmos à linguagem escrita.
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
competências, e tão logo nos adequamos à forma padrão.
Em se tratando do referido assunto, devemos nos ater à questão das Novas Regras Ortográficas da Língua
Portuguesa, as quais entraram em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2009. E como toda mudança implica em
adequação, o ideal é que façamos uso das mesmas o quanto antes.
O estudo exposto a seguir visa aprofundar nossos conhecimentos no que se refere à maneira correta de grafamos as
palavras, levando em consideração as regras de acentuação por elas utilizadas. Lembrando que as mesmas já estão
voltadas para o novo acordo ortográfico.
A acentuação tônica implica na intensidade como são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.
As demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas.
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última sílaba.
Como podemos observar, mediante todos os exemplos mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, são os chamados monossílabos, que, quando
pronunciados, há certa diferenciação quanto à intensidade.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em uma dada sequência de palavras. Como podemos
observar o exemplo a seguir:
Os monossílabos ora em destaque, classificam-se como tônicos, os demais, como átonos (que, em, de).
Os acentos
# acento agudo (´) – Colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo “em” indica que estas letras representam as
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade,
timbre aberto.
# acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica além da tonicidade, timbre fechado:
# acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos e pronomes.
# O trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abolido das palavras. Apenas há uma exceção: Somente é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros.
Ex: mülleriano (de Müller)
# O til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais nasais.
Regras fundamentais:
Palavras oxítonas:
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: a, e, o, em, seguidas ou não do plural(s)
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)
Ex: pá – pé – dó – crê – há
Paroxítonas:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is
- l, n, r, x, ps
Regras especiais:
#Os ditongos de pronúncia aberta ei, oi, que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a nova regra.
Ex:
Antes Agora
assembléia assembleia
idéia ideia
geléia geleia
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico
Observação importante – O acento das palavras herói, anéis, fiéis ainda permanece.
# Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ou não de s, haverá acento
Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de ditongo:
Ex:
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Sauípe
# O acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” que antes existia, agora foi abolido.
Ex:
Antes Agora
crêem creem
lêem leem
vôo voo
enjôo enjoo
ra-i-nha, vem-to-i-nha.
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
No entanto, se tratar de palavra proparoxítona haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas
prevalece sobre a dos hiatos:
fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo
# As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com (u) tônico precedido de (g) ou (q) e seguido de (e) ou (i)
não serão mais acentuadas.
Ex:
Antes Depois
apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui
# A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, deter, abster.
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm
# Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram acentuadas para diferenciar de outras semelhantes.
Apenas em algumas exceções como:
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo
acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do indicativo).
Palavras homógrafas
Substantivo:
É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral.
Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou
composto (guarda-chuva).
Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou
abstrato (felicidade).
Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal:
alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres:
beleza, cegueira, dor, fuga.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas.
Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas =
traidor / um panamá = chapéu).
Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando
esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas).
Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se
empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros).
Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser:
• biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou
conde X condessa).
• uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão
divididos em:
• epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro,
codorniz;
• comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por
palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola;
• sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos -
algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo;
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a
corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o
moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga).
Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona).
Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X
infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante).
Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da
palavra.
• vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus);
• ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos,
escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães).
Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns
gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões.
• -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins);
• -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes);
• -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são
invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são
invariáveis;
• -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones;
• -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax);
• -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul
por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles;
• IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis).
Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis;
• sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e
acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com
esses sufixos não recebem acento gráfico.
• metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em
função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô materno),
avós (avó + avó ou avô + avó).
Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus:
normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos:
• analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo;
• sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho).
Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha).
• alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;
• alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é
obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho);
O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o
diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre).
Algumas curiosidades sobre os substantivos:
Palavras masculinas:
• ágape (refeição dos primitivos cristãos);
• anátema (excomungação);
• axioma (premissa verdadeira);
• caudal (cachoeira);
• carcinoma (tumor maligno);
• champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero
vacilante);
• diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno);
• herpes, hosana (hino);
• jângal (floresta da Índia);
• lhama, praça (soldado raso);
• praça (soldado raso);
• proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante);
• suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante);
• teiró (parte de arma de fogo ou arado);
• telefonema, trema, vau (trecho raso do rio).
Palavras femininas:
• abusão (engano);
• alcíone (ave doa antigos);
• aluvião, araquã (ave);
• áspide (reptil peçonhento);
• baitaca (ave);
• cataplasma, cal, clâmide (manto grego);
• cólera (doença);
• derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto);
• filoxera (inseto e doença);
• gênese, guriatã (ave);
• hélice (FeM classificam como gênero vacilante);
• jaçanã (ave);
• juriti (tipo de aves);
• libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino);
• sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa);
• usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);
• xerox (cópia).
Gênero vacilante:
• acauã (falcão);
• inambu (ave);
• laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há
preferência de autores pelo masculino);
• víspora.
Alguns femininos:
• abade - abadessa;
• abegão (feitor) - abegoa;
• alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina;
• aldeão - aldeã;
• anfitrião - anfitrioa, anfitriã;
• beirão (natural da Beira) - beiroa;
• besuntão (porcalhão) - besuntona;
• bonachão - bonachona;
• bretão - bretoa, bretã;
• cantador - cantadeira;
• cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz;
• castelão (dono do castelo) - castelã;
• catalão - catalã;
• cavaleiro - cavaleira, amazona;
• charlatão - charlatã;
• coimbrão - coimbrã;
• cônsul - consulesa;
• comarcão - comarcã;
• cônego - canonisa;
• czar - czarina;
• deus - deusa, déia;
• diácono (clérigo) - diaconisa;
• doge (antigo magistrado) - dogesa;
• druida - druidesa;
• elefante - elefanta e aliá (Ceilão);
• embaixador - embaixadora e embaixatriz;
• ermitão - ermitoa, ermitã;
• faisão - faisoa (Cegalla), faisã;
• hortelão (trata da horta) - horteloa;
• javali - javalina;
• ladrão - ladra, ladroa, ladrona;
• felá (camponês) - felaína;
• flâmine (antigo sacerdote) - flamínica;
• frade - freira;
• frei - sóror;
• gigante - giganta;
• grou - grua;
• lebrão - lebre;
• maestro - maestrina;
• maganão (malicioso) - magana;
• melro - mélroa;
• mocetão - mocetona;
• oficial - oficiala;
• padre - madre;
• papa - papisa;
• pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja;
• parvo - párvoa;
• peão - peã, peona;
• perdigão - perdiz;
• prior - prioresa, priora;
• mu ou mulo - mula;
• rajá - rani;
• rapaz - rapariga;
• rascão (desleixado) - rascoa;
• sandeu - sandia;
• sintrão - sintrã;
• sultão - sultana;
• tabaréu - tabaroa;
• varão - matrona, mulher;
• veado - veada;
• vilão - viloa, vilã.
Substantivos em -ÃO e seus plurais:
• alão - alões, alãos, alães;
• aldeão - aldeãos, aldeões;
• capelão - capelães;
• castelão - castelãos, castelões;
• cidadão - cidadãos;
• cortesão - cortesãos;
• ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães;
• escrivão - escrivães;
• folião - foliões;
• hortelão - hortelões, hortelãos;
• pagão - pagãos;
• sacristão - sacristães;
• tabelião - tabeliães;
• tecelão - tecelões;
• verão - verãos, verões;
• vilão - vilões, vilãos;
• vulcão - vulcões, vulcãos.
Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural:
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso,
imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco.
Substantivos só usados no plural:
anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos),
cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de
casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais),
férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias
(começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes.
Coletivos:
• alavão - ovelhas leiteiras;
• armento - gado grande (búfalos, elefantes);
• assembleia (parlamentares, membros de associações);
• atilho - espigas;
• baixela - utensílios de mesa;
• banca - de examinadores, advogados;
• bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios;
• bando - aves, ciganos, crianças, salteadores;
• boana - peixes miúdos;
• cabido - cônegos (conselheiros de bispo);
• cáfila - camelos;
• cainçalha - cães;
• cambada - caranguejos, malvados, chaves;
• cancioneiro - poesias, canções;
• caterva - desordeiros, vadios;
• choldra, joldra - assassinos, malfeitores;
• chusma - populares, criados;
• conselho - vereadores, diretores, juízes militares;
• conciliábulo - feiticeiros, conspiradores;
• concílio - bispos;
• canzoada - cães;
• conclave - cardeais;
• congregação - professores, religiosos;
• consistório - cardeais;
• fato - cabras;
• feixe - capim, lenha;
• junta - bois, médicos, credores, examinadores;
• girândola - foguetes, fogos de artifício;
• grei - gado miúdo, políticos;
• hemeroteca - jornais, revistas;
• legião - anjos, soldados, demônios;
• malta - desordeiros;
• matula - desordeiros, vagabundos;
• miríade - estrelas, insetos;
• nuvem - gafanhotos, pó;
• panapaná - borboletas migratórias;
• penca - bananas, chaves;
• récua - cavalgaduras (bestas de carga);
• renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;
• réstia - alho, cebola;
• ror - grande quantidade de coisas;
• súcia - pessoas desonestas, patifes;
• talha -lenha;
• tertúlia - amigos, intelectuais;
• tropilha - cavalos;
• vara - porcos.
Substantivos compostos:
Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira:
• sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés);
• caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo
para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São
palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo;
• em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico-
ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues);
• com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque);
• são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres);
• só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo
limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo,
bananas-maçã)
• nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases
substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os
ganha-pouco, os diz-que-me-diz);
• compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas,
os espirra-canivetes);
• palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo
guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).
Adjetivo:
É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características
deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número.
• adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo
acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser
simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos
assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro).
• locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado
equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com
fome = estar faminto).
São adjetivos eruditos:
• açúcar - sacarino;
• águia - aquilino;
• anel - anular;
• astro - sideral;
• bexiga - vesical;
• bispo - episcopal;
• cabeça - cefálico;
• chumbo - plúmbeo;
• chuva - pluvial;
• cinza - cinéreo;
• cobra - colubrino, ofídico;
• dinheiro - pecuniário;
• estômago - gástrico;
• fábrica - fabril;
• fígado - hepático;
• fogo - ígneo;
• guerra - bélico;
• homem - viril;
• inverno - hibernal;
• lago - lacustre;
• lebre - leporino;
• lobo - lupino;
• marfim - ebúrneo, ebóreo;
• memória - mnemônico;
• moeda - monetário, numismático;
• neve - níveo;
• pedra - pétreo;
• prata - argênteo, argentino, argírico;
• raposa - vulpino;
• rio - fluvial, potâmico;
• rocha - rupestre;
• sonho - onírico;
• sul - meridional, austral;
• tarde - vespertino;
• velho, velhice - senil;
• vidro - vítreo, hialino.
Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes características:
O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é
masculino ou feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina.
No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos
simples, em função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os substantivos utilizados como
adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza).
Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do primeiro -o, num
processo de metafonia.
Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas: comparativo e superlativo.
O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades
de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do)
que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso.
O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros
elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo).
(muito alto X altíssimo)
O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros
elementos. Pode ser de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade sintético (o maior
de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto de/dentre).
São superlativos absolutos sintéticos eruditos da língua portuguesa:
• acre - acérrimo;
• alto - supremo, sumo;
• amável - amabilíssimo;
• amigo - amicíssimo;
• baixo - ínfimo;
• cruel - crudelíssimo;
• doce - dulcíssimo;
• dócil - docílimo;
• fiel - fidelíssimo;
• frio - frigidíssimo;
• humilde - humílimo;
• livre - libérrimo;
• magro - macérrimo;
• mísero - misérrimo;
• negro - nigérrimo;
• pobre - paupérrimo;
• sábio - sapientíssimo;
• sagrado - sacratíssimo;
• são - saníssimo;
• veloz - velocíssimo.
Os adjetivos compostos formam o plural da seguinte forma:
• têm como regra geral, flexionar o último elemento em gênero e número (lentes côncavo-convexas,
problemas sócio-econômicos);
• são invariáveis cores em que o segundo elemento é um substantivo (blusas azul-turquesa, bolsas
branco-gelo);
• não variam as locuções adjetivas formadas pela expressão cor-de-... (vestidos cor-de-rosa);
• as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis;
• em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos.
Pronome:
É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o
como pessoa do discurso.
A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome,
podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um
substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um
substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são sempre substantivos.
Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas:
1ª pessoa - aquele que fala, emissor;
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.
Pronome pessoal:
Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar,
quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela
mesma agendava os compromissos do chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:
Pronomes pessoais
Pronomes oblíquos
Númer Pesso Pronomes
o a retos
Átonos Tônicos
primeir
a eu me mim, comigo
primeir
nos nós, conosco
a nós
vos vós, convosco
plural segund vós
a
os, as, lhes, eles, elas, si,
eles, elas
se consigo
terceira
Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na
frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos,
geralmente, de complemento.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco,
a preposição com já é parte integrante do pronome.
Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência
à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são
considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê),
Senhor, Senhora e Senhorita.
Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de preposição;
enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).
Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de dois
objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).
Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e
viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.
Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no
gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as
chorando).
A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural,
levando o verbo para a 3ª pessoa.
Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de
Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos.
Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no
infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).
Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem
funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor
reflexivo e recíproco.
As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e
convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores
(todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva).
Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este
último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus).
Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as
preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas
dele bem aqui).
Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos),
enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-
se, queixar-se, vangloriar-se.
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa).
Pronome possessivo:
Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em
gênero e número com a coisa possuída.
São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).
Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do
substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele
(a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar
aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).
Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de
Senhor.
Pronome demonstrativo:
Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São:
este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam
exclusivamente como substitutos de substantivos.
As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome
demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:
• uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá);
• uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele
(passado remoto ou bastante vago);
• uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma
informação);
• o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
• tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante,
quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema
ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa);
• mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico",
"igual" ou "exato". Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas
séries);
• como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira
e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira
estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);
• pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não
acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à
de branco);
• podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava
com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite);
• nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso,
ela entrou triunfante - nisso = advérbio).
Pronome relativo:
Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente, adjetiva.
Os pronomes relativos são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).
Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente expresso (Quem
espera sempre alcança / Fez quanto pôde).
Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando:
• o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que leem ou
não);
• como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava)
• quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados
expressos;
• quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de
preposição;
• cujo (a/s) é empregado para dar a ideia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu
consequente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo.
Pronome indefinido:
Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico,
representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar ideia de conjunto ou quantidade
indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.
São pronomes indefinidos de:
• pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
• lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
• pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a),
nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s),
cada.
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:
• algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum
resolverá o problema);
• cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma);
• alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser
adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores
vários)
• bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a
ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);
• o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa";
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for,
cada um etc.
• todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠
Toda a cidade parou para ver a banda).
Pronome interrogativo:
São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou
indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).
Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).
Verbo:
É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno
da natureza.
Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas
verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:
• regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;
• irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades
podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.
• defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do
indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos:
impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia
ou possibilidade de confusão com outros verbos;
• abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais frequente no particípio,
devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado,
acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);
• auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais;
• certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses
casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);
• formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do
radical - nós cantaríamos).
Quanto à flexão verbal, temos:
• número: singular ou plural;
• pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
• tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só
tem um tempo, o presente;
• voz: ativa, passiva e reflexiva;
• modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização
de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente
verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio
equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime.
Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:
• presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala;
• presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou
época em que se fala;
• pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
• pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não
foi concluída ou era uma ação costumeira no passado;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi
iniciada mas não concluída no passado;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já
passada;
• futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura;
• futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro,
mas ligado a um momento passado;
• futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou
época futura;
Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito
perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados:
São derivados do presente do indicativo:
• pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) +
Desinência número pessoal (DNP);
• presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) +
DNP;
Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
• imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas
vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).
São derivados do pretérito perfeito do indicativo:
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP;
• futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.
• São derivados do infinitivo impessoal:
• futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP;
• futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP;
• infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM)
• gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;
• particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO
(2ª e 3ª conjugação).
Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER
+ particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal.
No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho
falado];
• pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha
falado);
• futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado);
• futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado).
No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado);
• pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);
• futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado).
Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira:
• infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres
falado);
• gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado).
O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que-
perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto
Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:
• ativa: sujeito é agente da ação verbal;
• passiva: sujeito é paciente da ação verbal;
A voz passiva pode ser analítica ou sintética:
• analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal;
• sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora);
• reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo
(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo);
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das
vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o
pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas
(mantido o gerúndio do verbo principal).
Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista,
seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.
• Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não
possui presente do subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinquir, demolir,
descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir)
• Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do
indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a
2ª pessoa do plural no presente do indicativo
• Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir,
diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir)
• Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir,
refulgir, restringir, transigir, urgir)
• Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos,
agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do
indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - aguei, aguaste, aguou, aguamos,
aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar)
• Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do
indicativo - aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram
• Arguir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi,
arguimos, arguis, argúem - pretérito perfeito - argui, arguiste... (com trema)
• Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (=
abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)
• Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem -
pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir,
usufruir)
• Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua
(ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente
do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar)
• Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito
indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear,
passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estreio, estreia...)
• Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito -
coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo -
comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes
verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)
• Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito
indicativo - compeli, compeliste...
• Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito
indicativo - compilei, compilaste...
• Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis),
constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito
indicativo - construí, construíste...
• Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito
indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos,
críeis, criam
• Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (=
aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)
• Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege,
frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...
• Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo -
fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão
• Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste,
jazeu...
• Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do
indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste...
• Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito
perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) -
presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli,
poliste...
• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos -
pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo -
provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste,
proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito
indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas
verbais com a letra v)
• Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi,
remiste...
• Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo -
requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular)
• Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri,
riste... (= sorrir)
• Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo
- saudei, saudaste...
• Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste,
sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar)
• Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali,
valeste, valeu...
Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:
• Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se
Caber
• presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem;
• presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam;
• pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,
couberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,
coubessem;
• futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
Dar
• presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão;
• presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem;
• pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem;
• futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Dizer
• presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem;
• presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam;
• pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis,
disseram;
• futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;
• futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
dissessem;
• futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem;
Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc.
Estar
• presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão;
• presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam;
• pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,
estiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
estivessem;
• futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem;
Fazer
• presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem;
• presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam;
• pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;
• futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.
Haver
• presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão;
• presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam;
• pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis,
houveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis,
houvessem;
• futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem.
Ir
• presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão;
• presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão;
• pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
Poder
• presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem;
• presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam;
• pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
puderam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
pudessem;
• futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.
Pôr
• presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem;
• presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham;
• pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham;
• pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis,
puseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,
pusessem;
• futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.
Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor,
depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor,
recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles.
Querer
• presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem;
• presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram;
• pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis,
quiseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,
quisessem;
• futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem;
Saber
• presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem;
• presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam;
• pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,
souberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
soubessem;
• futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.
Ser
• presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;
• presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam;
• pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós).
Ter
• presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm;
• presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham;
• pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham;
• pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;
• futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem.
Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter.
Trazer
• presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem;
• presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam;
• pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,
trouxeram;
• futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;
• futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem;
• futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.
Ver
• presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem;
• presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam;
• pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem;
• futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas
no presente do indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo
regular da segunda conjugação.
Vir
• presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm;
• presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham;
• pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham;
• pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem;
• futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem;
• particípio e gerúndio: vindo.
Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se, intervir, provir, sobrevir.
O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.
O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal
refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal
se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.
Usa-se o impessoal:
• sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala;
• nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação;
• quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar;
• quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"
Usa-se o pessoal:
• quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres
daqui;
• quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro
responderes dessa maneira;
• quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.
Artigo
Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo com ele relação de concordância. Assim, qualquer
expressão ou frase fica substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é conselho
sábio). Em certos casos, serve para assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus).
Os artigos podem ser classificado em:
• definido - o, a, os, as - um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie;
• indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer entre outros de mesma espécie;
Podem aparecer combinados com preposições (numa, do, à, entre outros).
Quanto ao emprego do artigo:
• não é obrigatório seu uso diante da maioria dos substantivos, podendo ser substituído por outra
palavra determinante ou nem usado (o rapaz ≠ este rapaz / Lera numa revista que mulher fica mais
gripada que homem). Nesse sentido, convém omitir o uso do artigo em provérbios e máximas para
manter o sentido generalizante (Tempo é dinheiro / Dedico esse poema a homem ou a mulher?);
• não se deve usar artigo depois de cujo e suas flexões;
• outro, em sentido determinado, é precedido de artigo; caso contrário, dispensa-o (Fiquem dois aqui;
os outros podem ir ≠ Uns estavam atentos; outros conversavam);
• não se usa artigo diante de expressões de tratamento iniciadas por possessivos, além das formas
abreviadas frei, dom, são, expressões de origem estrangeira (Lord, Sir, Madame) e sóror ou sóror;
• é obrigatório o uso do artigo definido entre o numeral ambos (ambos os dois) e o substantivo a que
se refere (ambos os cônjuges);
• diante do possessivo (função de adjetivo) o uso é facultativo; mas se o pronome for substantivo,
torna-se obrigatório (os [seus] planos foram descobertos, mas os meus ainda estão em segredo);
• omite-se o artigo definido antes de nomes de parentesco precedidos de possessivo (A moça deixou
a casa a sua tia);
• antes de nomes próprios personativos, não se deve utilizar artigo. O seu uso denota familiaridade,
por isso é geralmente usado antes de apelidos. Os antropônimos são determinados pelo artigo se
usados no plural (os Maias, Os Homeros);
• geralmente dispensado depois de cheirar a, saber a (= ter gosto a) e similares (cheirar a jasmim /
isto sabe a vinho);
• não se usa artigo diante das palavras casa (= lar, moradia), terra (= chão firme) e palácio a menos
que essas palavras sejam especificadas (venho de casa / venho da casa paterna);
• na expressão uma hora, significando a primeira hora, o emprego é facultativo (era perto de / da uma
hora). Se for indicar hora exata, à uma hora (como qualquer expressão adverbial feminina);
• diante de alguns nomes de cidade não se usa artigo, a não ser que venham modificados por
adjetivo, locução adjetiva ou oração adjetiva (Aracaju, Sergipe, Curitiba, Roma, Atenas);
• usa-se artigo definido antes dos nomes de estados brasileiros. Como não se usa artigo nas
denominações geográficas formadas por nomes ou adjetivos, excetuam-se AL, GO, MT, MG, PE,
SC, SP e SE;
• expressões com palavras repetidas repelem artigo (gota a gota / face a face);
• não se combina com preposição o artigo que faz parte de nomes de jornais, revistas e obras
literárias, bem como se o artigo introduzir sujeito (li em Os Lusíadas / Está na hora de a onça beber
água);
• depois de todo, emprega-se o artigo para conferir idéia de totalidade (Toda a sociedade poderá
participar / toda a cidade ≠ toda cidade). "Todos" exige artigo a não ser que seja substituído por
outro determinante (todos os familiares / todos estes familiares);
• repete-se artigo: a) nas oposições entre pessoas e coisas (o rico e o pobre) / b) na qualificação
antonímica do mesmo substantivo (o bom e o mau ladrão) / c) na distinção de gênero e número (o
patrão e os operários / o genro e a nora);
• não se repete artigo: a) quando há sinonímia indicada pela explicativa ou (a botânica ou fitologia) /
b) quando adjetivos qualificam o mesmo substantivo (a clara, persuasiva e discreta exposição dos
fatos nos abalou).
Numeral:
Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como
cardinal (1, 2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio,
metade, terço). Além desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par).
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando
e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e
designando seres, terão valor substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o
primeiro desta vez. (valor substantivo)].
Quanto ao emprego:
• os ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo, respectivos... não possuem cardinais
correspondentes.
• os fracionários têm como forma própria meio, metade e terço, todas as outras representações de
divisão correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto, décimo,
milésimo, quinze avos);
• designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na leitura ordinal até décimo; a partir daí
usam-se os cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo);
Se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV Semana de
Cultura - quarta);
• zero e ambos(as) também são numerais cardinais. 14 apresenta duas formas por extenso catorze e
quatorze;
• a forma milhar é masculina, portanto não existe "algumas milhares de pessoas" e sim alguns
milhares de pessoas;
• alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro (período de cinco anos), sesquicentenário
(150 anos);
• um: numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo contexto.
Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida.
Quanto à flexão, varia em gênero e número:
• variam em gênero:
Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando
expressam uma ideia adjetiva em relação ao substantivo.
• variam em número:
Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os multiplicativos, quando têm função adjetiva; os
fracionários, dependendo do cardinal que os antecede.
Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se terminarem por som vocálico (Tirei dois dez e três
quatros).
Advérbio:
É a palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para
essas duas classes). Denota em si mesma uma circunstância que determina sua classificação:
• lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures;
• tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda;
• modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv. com sufixo -mente;
• negação: não, qual nada, tampouco, absolutamente;
• dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente;
• intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão;
• afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente.
As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de causa), quanto (classificação variável) e quando
(de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios
interrogativos (queria saber onde todos dormirão / quando se realizou o concurso).
Onde, quando, como, se empregados com antecedente em orações adjetivas são advérbios relativos
(estava naquela rua onde passavam os ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / não sei o modo
como ele foi tratado aqui).
As locuções adverbiais são geralmente constituídas de preposição + substantivo - à direita, à frente, à
vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez em
quando, em breve, em mão (em vez de "em mãos") etc. São classificadas, também, em função da
circunstância que expressam.
Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria das palavras invariáveis, o advérbio pode apresentar
variações de grau comparativo ou superlativo.
Comparativo:
igualdade - tão + advérbio + quanto
superioridade - mais + advérbio + (do) que
inferioridade - menos + advérbio + (do) que
Superlativo:
sintético - advérbio + sufixo (-íssimo)
analítico - muito + advérbio.
Bem e mal admitem grau comparativo de superioridade sintético: melhor e pior. As formas mais bem e mais
mal são usadas diante de particípios adjetivados. (Ele está mais bem informado do que eu). Melhor e pior
podem corresponder a mais bem / mal (adv.) ou a mais bom / mau (adjetivo).
Quanto ao emprego:
• três advérbios pronominais indefinidos de lugar vão caindo em desuso: algures, alhures e nenhures,
substituídos por em algum, em outro e em nenhum lugar;
• na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo diminutivo. Nesses casos, o advérbio assume
valor superlativo absoluto sintético (cedinho / pertinho). A repetição de um mesmo advérbio também
assume valor superlativo (saiu cedo, cedo);
• quando os advérbios terminados em -mente estiverem coordenados, é comum o uso do sufixo só no
último (Falou rápida e pausadamente);
• muito e bastante podem aparecer como advérbio (invariável) ou pronome indefinido (variável -
determina substantivo);
• otimamente e pessimamente são superlativos absolutos sintéticos de bem e mal, respectivamente;
• adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis (terminaram rápido o trabalho / ele falou claro).
As palavras denotativas são séries de palavras que se assemelham ao advérbio. A Norma Gramatical
Brasileira considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes
gramaticais. Classificam-se em função da ideia que expressam:
• adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais);
• afastamento: embora (Foi embora daqui);
• afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano);
• aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé);
• designação: eis (Eis nosso carro novo);
• exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc.
(Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real);
• explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos);
• inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água);
• limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa);
• realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?);
• retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro);
• situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?).
Preposição:
É a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo relação de subordinação entre o termo
regente e o regido. São antepostos aos dependentes (objeto indireto, complemento nominal, adjuntos e
orações subordinadas). Divide-se em:
• essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás;
• acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme
(= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a,
por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio
aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem).
As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais regem as
formas retas dos pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram).
As locuções prepositivas, em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição - abaixo
de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de,
junto de, perto de, até a, a par de, devido a.
Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última
palavra de uma locução adverbial nunca é preposição.
Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em:
• combinação: preposição + outra palavra sem perda fonética (ao/aos);
• contração: preposição + outra palavra com perda fonética (na/àquela);
• não se deve contrair de se o termo seguinte for sujeito (Está na hora de ele falar);
• a preposição após, pode funcionar como advérbio (= atrás) (Terminada a festa, saíram logo após.);
• trás, atualmente, só se usa em locuções adverbiais e prepositivas (por trás, para trás por trás de).
Quanto à diferença entre pronome pessoal oblíquo, preposição e artigo, deve-se observar que a preposição
liga dois termos, sendo invariável, enquanto o pronome oblíquo substitui um substantivo. Já o artigo
antecede o substantivo, determinando-o.
As preposições podem estabelecer as seguintes relações: isoladamente, as preposições são palavras
vazias de sentido, se bem que algumas contenham uma vaga noção de tempo e lugar. Nas frases,
exprimem diversas relações:
• autoria - música de Caetano
• lugar - cair sobre o telhado, estar sob a mesa
• tempo - nascer a 15 de outubro, viajar em uma hora, viajei durante as férias
• modo ou conformidade - chegar aos gritos, votar em branco
• causa - tremer de frio, preso por vadiagem
• assunto - falar sobre política
• fim ou finalidade - vir em socorro, vir para ficar
• instrumento - escrever a lápis, ferir-se com a faca
• companhia - sair com amigos / meio - voltar a cavalo, viajar de ônibus
• matéria - anel de prata, pão com farinha
• posse - carro de João
• oposição - Flamengo contra Fluminense
• conteúdo - copo de (com) vinho
• preço - vender a (por) R$ 300, 00
• origem - descender de família humilde
• especialidade - formou-se em Medicina
• destino ou direção - ir a Roma, olhe para frente.
Interjeição:
São palavras que expressam estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional.
Podem expressar:
• alegria - ah!, oh!, oba!
• advertência - cuidado!, atenção
• afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô!
• alívio - ufa!, arre!
• animação - coragem!, avante!, eia!
• aplauso - bravo!, bis!, mais um!
• chamamento - alô!, olá!, psit!
• desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!
• espanto - puxa!, oh!, chi!, ué!
• impaciência - hum!, hem!
• silêncio - silêncio!, psiu!, quieto!
São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!
Conjunção:
É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou
coordenação). As conjunções classificam-se em:
Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem
a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:
• aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda;
• adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não
obstante, apesar disso;
• alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer;
• conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso;
• explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.
Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos:
• causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que;
Palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou
coordenação). As conjunções classificam-se em:
• comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que;
• condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a menos que;
• consecutivas (consequência, resultado, efeito): que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores
de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que;
• conformativas (conformidade, adequação): conforme, segundo, consoante, como;
• concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;
• temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que;
• finais - a fim de que, para que, que;
• proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+ tanto menos);
• integrantes - que, se.
As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam
orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por
locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes.
Coesão e Coerência Textual
A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa
(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são
diferentes.Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este
recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem
torce para o outro time - são anafóricos.
Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos
dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes
do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à
possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto
sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das
sociedades.Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a
resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes
políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.
Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos
na América Latina.
Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros
dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações
econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.
As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural
destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos,
tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação
dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e
ideológica.
(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao
Direito,com adaptações)
a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida
sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da
sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?
b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização
histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização
social da liberdade.
d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um
mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.
DICAS: esse tipo de questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do
texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua
interligação com o parágrafo subsequente; nesse caso, a opção que será marcada.
O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico
estrutural - processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais
entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais".
* na altern.b)"... a questão dos Direitos tem significado político..." (parte inicial do texto),
*na altern. d) "Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano..."
02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma
a ideia da segunda expressão que sucede a barra.
b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)
GABARITO:A
DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-
aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é "a
expressão que antecede a barra não retoma a ideia da segunda expressão. Se se
observar com atenção, a palavra "realidade" da altern. a) vem citada antes, no texto, que a
expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto
corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.
Concordância Nominal
Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que
concordem em gênero e número com o substantivo.
Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de
concordância verbal.
REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o
substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.
d) Pronomes de tratamento
1 – sempre concordam com a 3ª pessoa.
Vossa santidade esteve no Brasil.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
1 – Concordam com o substantivo a que se referem.
As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz.
i) Mesmo, bastante
1- Como advérbios: invariáveis
Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
j) Menos, alerta
1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.
k) Tal Qual
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
l) Possível
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as
expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.
m) Meio
1- Como advérbio: invariável.
Estou meio insegura.
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia laranja pela manhã.
n) Só
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem.
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
Exercícios
GABARITO
PRONOME DE TRATAMENTO
O verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele – eles).
- Vossa Alteza deve viajar.
- Vossas Altezas devem viajar.
SE
Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + – se:
Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o verbo
deve ir para o singular.
- Alugam-se cavalos.
“Alugar” é verbo transitivo direto.
“Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural.
Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora (Cavalos são alugados).
Outros exemplos:
- Vendem-se casas.
- Alugam-se apartamentos.
- Exigem-se referências.
- Consertam-se pianos.
- Plastificam-se documentos.
- Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto)
OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz passiva.
Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou intransitivo) fica no singular.
- Precisa-se de professores. (Precisar é verbo transitivo indireto)
- Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo)
Nesse caso, o “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito ou partícula indeterminadora do
sujeito.
HAVER – FAZER
“Haver” no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do
singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito.
“Fazer” quando indica “tempo” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e deverá ficar na terceira
pessoa do singular.
- Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe)
- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer)
- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)
PESSOAS DIFERENTES
O verbo flexiona-se no plural na pessoa que prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª).
Eu e tu: nós
Eu e você: nós
Ela e eu: nós
Tu e ele: vós
- Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa prevalece)
- O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa prevalece)
- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece)
- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece)
Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pouco usado na língua contemporânea , é preferível usar a
3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª.
- Tu e ele riam à beça.
- Em que língua tu e ele falavam?
Podemos também substituir o “tu” por “você”.
- Você e ele: vocês
NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL
Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural.
- Os Andes ficam na América do Sul.
Se não houver artigo no plural, o verbo deverá concordar no singular.
- Santos fica em São Paulo.
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis.
Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a concordância ideológica com a palavra “obra”, que está
implícita na frase.
- “Os Lusíadas” imortalizou Camões.
Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no singular, o verbo fica no singular.
“Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura Portuguesa.
- Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor.
SER
O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”.
- Quem são os eleitos?
- Que seriam aqueles ruídos estranhos?
- Que são dois meses?
- Que são células?
- Quem foram os responsáveis?
Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou distância, deve concordar com a apalavra seguinte.
- É uma hora.
- São duas horas.
- São nove e quinze da noite.
- É um minuto para as três.
- Já são dez para uma.
- Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.
- Hoje é ou são 14 de julho?
Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está expressa, a concordância é facultativa.
Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
- Eu sou o chefe.
- Nós somos os responsáveis.
- Eu sou a diretora.
Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso, aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o predicativo.
- Tudo são flores.
- Isso são lembranças de viagens.
Pode ocorrer também o verbo no singular concordando com o pronome (raro).
- Tudo é flores.
Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente” denotando
quantidade, distância, peso, etc ele ficará no singular.
- Oitocentos reais é muito.
- Cinco quilos é suficiente.
EXERCÍCIOS – 01
1. Assinale a opção em que há erro de conjugação verbal em relação à norma culta da língua:
a) Se ele vir o nosso trabalho, ficará muito doente.
b) Não desanimes; continua batalhando.
c) Meu pai interveio na discussão.
d) Se ele reouvesse o que havia perdido.
e) Quando eu requiser a segunda via do documento...
2. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância verbal recomendada pela norma
culta é:
a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela Unesco, aumenta as chances de
preservação e sustentação por meio do ecoturismo.
b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos últimos dias inscreveram-se para falar
durante os trabalhos de ontem.
c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em pouco mais de uma hora, e quem faria
conexão para outros Estados foram alojados em hotéis de Campinas.
d) Eles aprendem a andar com bengala longa, o equipamento que os auxilia a ir e vir de onde estiver para
onde entender.
e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama, especialmente na cena “Reino das
Sombras”, o ponto mais alto desse trabalho.
a) Especialistas temem que órgãos de outras espécies podem transmitir vírus perigosos.
b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo de ajuste fiscal imediato, o Brasil ainda estará muito longe
de tornar-se um participante ativo do jogo mundial.
c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do mesmo partido, embora nenhum fará a sociedade em
que eu acredito.
d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e só não causará problema se o suprir de carne e o manter
na jaula.
e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da criação, mas dizê-lo por completo equivalia a um
sacrilégio, ao pecado de saber mais do que nos convinha.
4. (FUVEST) Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.
5. (FGV) Nas questões abaixo, ocorrem espaços vazios. Para preenchê-los, escolha um dos seguintes
verbos: fazer, transpor, deter, ir. Utilize a forma verbal mais adequada.
6. (ENG. MACK) As formas que completariam o período “Pagando parte de suas dívidas anteriores, o
comerciante ________________ novamente seu armazém, sem que se __________ com seus credores,
para os quais voltou a merecer confiança”, seriam:
a) proveu – indispusesse
b) proviu – indispuzesse
c) proveio – indispuzesse
d) proveio – indispusesse
e) n.d.a.
7. (UFSCar) “O acordo não ______ as reivindicações, a não ser que ______ os nossos direitos e _____ da
luta.”
Resolução:
01 - E
02 - A
03 - E
04 - a) reouver
b) mantêm / mantiveram
c) contivessem
d) compuser
05 - 1) fizessem
2) transpuser
3) transpusesse
4) detiver
5) vá
06 - A
07 - E
08 - a) Chegaram
b) tocamos
c) recolherá
d) agrediram-se
e) levantaram
09 - a) Há
b) houver
c) importam
d) existiram
e) tivesse
10 - a) mantenham
b) busque
c) confia
d) gosta
e) observaram
EXERCÍCIOS – 02
Resposta: D
Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós, etc. admitem as seguintes concordâncias: o verbo concorda
com o pronome indefinido ou interrogativo, ficando na 3ª pessoa do plural ou concorda com o pronome
pessoal. Porém, se o pronome estiver no singular o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
Na indicação de horas o verbo bater concorda com o número de horas, que normalmente é o sujeito. O
verbo bater pode ter outra palavra como sujeito, com a qual deve concordar.
3 – (UFCE) – Como a frase “fui eu quem fez o casamento”, também estão corretos os períodos abaixo:
1. Fui eu que fiz o casamento.
2. Foi eu quem fez o casamento.
4. Fui eu que fez o casamento.
8. Foste tu que fizeste o casamento.
16. Foste tu quem fez o casamento.
32. Fostes vós que fez o casamento.
64. Fostes vós quem fez o casamento.
Resposta: 89
Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o
antecedente. Se o sujeito for o pronome relativo QUE o verbo concorda com o antecedente.
Resposta: C
O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos há duas concordâncias:
O adjetivo concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Se os gêneros são diferentes, prevalece o
masculino.
5 – (UEPG – PR) – Marque a frase absolutamente inaceitável, do ponto de vista da concordância nominal:
a) É necessária paciência.
b) Não é bonito ofendermos aos outros.
c) É bom bebermos cerveja.
d) Não é permitido presença de estranhos.
e) Água de Melissa é ótimo para os nervos.
Resposta: A
Há duas concordâncias para as expressões é bom, é necessário, etc.:
- fica invariável, portanto no masculino, se o sujeito não vem precedido de artigo ou outro elemento
determinante. Se vier precedido de artigo ou elemento determinante concorda com o sujeito.
6 – (CESCEM – SP) – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.
a) fazem/havia/existe
b) fazem/havia/existe
c) fazem/haviam/existem
d) faz/havia/existem
e) faz/havia/existe
Resposta: D
Haver/fazer são verbos impessoais. São empregados apenas na 3ª pessoa do singular. Haver (sentido de
existir, ocorrer) e o verbo Fazer (na indicação de tempo). Existir é pessoal e concorda normalmente com o
sujeito.
7 – (UFPR) – Qual a alternativa em que as formas dos verbos bater, consertar e haver nas frases abaixo,
são usadas na concordância correta?
- As aulas começam quando ... oito horas.
- Nessa loja ... relógios de parede.
- Ontem ... ótimos programas na televisão.
a) batem – consertam-se – houve
b) bate – consertam-se – havia
c) bateram – conserta-se – houveram
d) batiam – conserta-se-ão – haverá
e) batem – consertarei – haviam
Resposta: A
Bater empregado com referência às horas concorda com o número de horas. Quando há sujeito, o verbo
concorda com ele.
A partícula SE na segunda oração é apassivadora; concorda com o sujeito da oração.
O verbo haver, no sentido de existir, ocorrer, conjuga-se na 3ª pessoa do singular.
Resposta: D
O superlativo absoluto expressa a qualidade de um ser, no seu grau mais elevado, sem comparação com
outro ser. Nesta questão temos exemplos de superlativo absoluto sintético. É formado pelo radical do
adjetivo + sufixo.
Resposta: E
A oração E não pode ser passada para a voz passiva analítica, então, não pode ser pronome apassivador.
O “SE” é índice de indeterminação do sujeito. Quem assistiu à cerimônia? Não sabemos quem é o sujeito.
Resposta: B
A Oração subordinada adverbial concessiva indica uma concessão às ações do verbo da oração principal,
isto é, há uma contradição ou um fato inesperado.
Resposta: B
A oração subordinada substantiva completiva nominal funciona como complemento nominal de um
substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal.
Estrutura e formação de palavras
Conceitos básicos:
Observando-as, percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma escol-. Além disso, em
todas há elementos destacáveis, responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo,
escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do elemento destacável -ar.
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos, podemos
depreender a existência de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos formadores é
uma unidade mínima de significação, um elemento significativo indecomponível, a que damos o nome de
morfema.
Radical
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos analisando: escol-. É esse morfema comum – o
radical – que faz com que as consideremos palavras de uma mesma família de significação – os cognatos.
O radical é a parte da palavra responsável por sua significação principal.
Afixos
Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria uma nova palavra a partir de escola. De maneira
semelhante, o acréscimo dos morfemas sub- e –arização à forma escol- criou subescolarização. Esses
morfemas recebem o nome de afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com sub-, os afixos recebem o nome de prefixos.
Quando, como –arização, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos. Prefixos e
sufixos, além de operar mudança de classe gramatical, são capazes de introduzir modificações de
significado no radical a que são acrescentados.
Desinências
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis,
amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do
verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras. Esses morfemas
sempre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinências nominais e
desinências verbais.
• Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de gênero, o português
costuma opor as desinências -o/-a:
garoto/garota; menino/menina
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assume a forma -es: mar/mares;
revólver/revólveres; cruz/cruzes.
• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o número e a pessoa
dos verbos (desinência número-pessoais):
cant-á-va-mos cant-á-sse-is
cant:
cant: radical
radical
-á-: vogal -á-: vogal
temática temática
-va-: -
desinência sse-:desinência
modo-temporal modo-temporal
(caracteriza o (caracteriza o
pretérito pretérito
imperfeito do imperfeito do
indicativo) subjuntivo)
-mos:
desinência
-is: desinência
número-
número-pessoal
pessoal
(caracteriza a
(caracteriza a
segunda pessoa
primeira
do plural)
pessoa do
plural)
Vogal temática
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais, surge sempre o morfema –a.
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-se ao
radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as
desinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda,
escola, triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são
desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a
essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja
vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira
conjugação.
govern-a- estabelec-e-
defin-i-ra
va sse
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar
ou mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação na
palavra escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros
exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, tricota.
Palavras primitivas: aquelas que, na língua portuguesa, não provêm de outra palavra.
Pedra, flor.
As palavras compostas podem ou não ter seus elementos ligados por hífen.
Composição
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de
composição; justaposição e aglutinação.
• Justaposição: ocorre quando os elementos que formam o composto são postos lado a lado, ou seja,
justapostos:
Pára-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
• Composição por aglutinação: ocorre quando os elementos que formam o composto se aglutinam o que
pelo menos um deles perde sua integridade sonora:
Aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto)
Pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivada) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São eles: a
derivação regressiva e a derivação imprópria.
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na
formação de substantivos derivados de verbos.
• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida pela mudança de categoria gramatical da
palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão-somente na classe gramatical.
Observe:
jantar (substantivo)
deriva de jantar (verbo)
mulher aranha (o adjetivo aranha deriva do substantivo aranha)
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva da conjunção porque)
ARCAÍSMO:
Arcaísmo é uma palavra, uma expressão ou mesmo uma construção frasal que caiu em desuso. Portanto,
compromete a comunicação.
Veja como Paulo Mendes Campos inicia sua crônica "Ser brotinho", em edição de 1960 do livro O Cego de
Ipanema.
"Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado: é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e
rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso
irresistível".
Os arcaísmos, portanto, não foram sempre arcaísmos. Eles passam a existir com o passar do tempo e,
muitas vezes, dependem do local ou contexto onde as expressões vocabulares são utilizadas. Há
expressões usadas hoje em Portugal que no Brasil são consideradas arcaísmos. Veja:
Não fique macambúzio, seus quitutes e acepipes estão supimpas. Nesse sarau de trovadores e menestréis,
servir-se-á alguma beberagem?
NEOLOGISMO:
Neologismo É uma palavra ou expressão nova ou com sentido renovado, que conforme a intensidade do
uso pode ser assimilada pela língua padrão. Expressa o dinamismo da língua/linguagem.
Os neologismos surgem da necessidade de nomear uma nova realidade, tanto no campo da ciência quanto
no da arte, e mesmo a partir da linguagem comum e da influência de uma língua estrangeira (veremos na
próxima coluna, que será sobre ESTRANGEIRISMOS).
Observe o uso de neologismos (no nível da palavra e da frase) criados magnificamente por
Guimarães Rosa neste excerto do conto "Fita verde no cabelo".
"Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam,
homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha. Aquela, um dia, saiu de lá com uma
fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha
aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e
o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo
nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo."
Já vimos que os neologismos podem expressar inventividade no texto escrito. É comum, portanto,
os neologismos indicarem que o autor é pessoa atualizada - assim como o uso exagerado de
arcaísmos pode indicar que a pessoa não está sintonizada com as mudanças de seu tempo.
Como vimos na coluna anterior, "Arcaísmos e Neologismos", neologismo é uma palavra ou expressão que
criamos quando necessitamos nomear uma nova realidade. Conforme a intensidade do uso, o neologismo
pode ser assimilado pela língua-padrão.
Vimos também que há vários processos de formação dos neologismos. Um destes processos é o que
resulta nos estrangeirismos.
Às vezes, usamos a palavra ou expressão estrangeira da forma como é grafada na língua original:
Sanduíche: no século XVIII, John Montagu, conde Eduardo de.Sandwich (1718-1792), sentia-se tão bem à
mesa de jogo que nem mesmo para tomar as refeições dela se afastava.. Teve, então, a idéia de mandar
preparar fatias de pão com carne ou queijo, saboreando-as enquanto jogava.
Linchar: derivado do nome próprio inglês Lynch, e da expressão Lynch’s law (lei de Lynch) .Entre o século
XV e o século XIX, vários juízes com o mesmo nome, na Irlanda e na América, condenaram criminosos sem
processo legal. "Linchar" significa "executar sumariamente, segundo a lei chamada de Lynch; aplicação da
lei de Lynch; execução sumária por uma população".
Boicote: do inglês "Boycott", proveniente do nome do capitão inglês James ou Charles Cunningham Boycott
(1832-97), administrador das fazendas de Lord Erne, no distrito de Comemara, Irlanda. Boycott provocou,
por volta de 1880, em conseqüência.de suas exigências excessivas e severidades exageradas, uma recusa
geral de trabalhar às suas ordens. "Boicote" significa "forma de coerção ou represália que consiste em
impedir ou romper qualquer relação social ou comercial".
Slogan: do inglês "slogan", grito de guerra dos antigos montanheses da Escócia. Breve fórmula para fins e
propaganda, apelo, lembrança, sugestão em poucas palavras, divisa, lema."
Observe o refrão da música abaixo, e veja como os compositores transformaram o verbo "equalize" (em
Inglês) em "equalizar" (em Português).
De acordo com a gramática oficial da língua portuguesa, o estrangeirismo é classificado como barbarismo,
ou seja, um vício de linguagem. No entanto, atualmente há uma polêmica sobre a adequação ou não do uso
de estrangeirismos no português.
Para finalizar, observe como Zeca Baleiro faz uma crítica bem-humorada ao uso exagerado de
estrangeirismos na Língua Portuguesa.
Observação: sempre que você for escrever um estrangeirismo em sua forma original, as palavras ou
expressões devem vir em itálico ou, se manuscritos, entre aspas.
ORTOGRAFIA OFICIAL
A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de origem grega, usado como prefixo, com o
significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de composição de origem grega com o significado de
ação de escrever; ortografia, então, significa ação de escrever direito. É fácil escrever direito? Não!! É, de
fato, muito difícil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mínimo de erros
ortográficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo seguem algumas frases com as
respectivas regras sobre o uso de ç, s, ss, z, x... Vamos a elas:
01) Uma das intenções da casa de detenção é levar o que cometeu graves infrações a alcançar a
introspecção, por intermédio da reeducação.
02) A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a sua expulsão, porque
pôs uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.
Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que também se escreve com z.
a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de
origem; com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:
Teresa = Teresinha
Casa = casinha
Mulher = mulherzinha
Pão = pãozinho
b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra
de origem; os terminados em IZAR serão escritos com z quando a palavra de origem não tiver o radical
terminado em s:
improviso = improvisar
análise = analisar
pesquisa = pesquisar
terror = aterrorizar
útil = utilizar
economia = economizar
c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou
nomes próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos
provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
Teresa
Camponês
Inglês
Embriaguez
Limpeza
d) Os verbos terminados em METER terão palavras derivadas escritas com MISS ou MESS:
comprometer = compromisso
prometer = promessa
intrometer = intromissão
remeter = remessa
05) Para que os filhos se encorajem, o lojista come jiló com canjica.
d) As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a não ser que provenham de vocábulos
iniciados por ch:
Enxada
Enxerto
Enxurrada
Encher – provém de cheio
Enchumaçar – provém de chumaço
O ou U?
Palavras com O, e não U
abolir encobrir silvícola
agrícola explodir sortido (variado)
bobina marajoara sotaque
boletim mochila tribo
bússola (de) moto próprio (latim: motu próprio) veio (s. e f. v.)
cobiçar(r) ocorrência vinícola
comprido pitoresco
comprimento (extensão) proeza
concorrência Romênia
costume romeno
OU ou O?
Palavras com OU, e não O
agourar estourar pousar
arroubo frouxo roubar
cenoura lavoura tesoura
dourar pouco tesouro
Emprego de Consoantes
Assim como emprego de vogais provoca dúvidas, há algumas consoantes – especialmente as que
formam dígrafos (duas letras para representar um som), ou a muda (h), ou, ainda, as diferentes consoantes
que representam um mesmo som – constituem dificuldade adicional à correta grafia.
Se houver hesitação quanto ao emprego de determinada consoante, consulte a lista que segue.
Lembre-se de que a grafia das palavras tem estreita relação com sua história. Vocábulos derivados de
outras línguas, por exemplo, mantêm certa uniformidade nas adaptações que sofrem ao serem incorporados
ao português (do francêsgarage ao port. garagem; do latim actione, fractione ao port. ação, fração; etc.).
Palavras que provêm de outras palavras quase sempre mantêm a grafia do radical de origem (granjear:
granja; gasoso: gás, analisar: análise). Há, ainda, certas terminações que mantêm uniformidade de grafia (-
aça, -aço, -ecer, -ês, -esia, -izar, etc.).
O fonema /ž/: G ou J?
Palavras com G, e não J
adágio egrégio gíria
agenda estrangeiro giz
agiota evangelho herege
algema exegese impingir
algibeira falange ligeiro
apogeu ferrugem miragem
argila fuligem monge
auge garagem ogiva
Bagé (mas bajeense) geada rigidez
Cartagena gelosia sugerir
digerir gêmeo tangente
digestão gengiva viageiro
efígie gesso viagem
égide gesto vigência
Egito Gibraltar
O fonema /z/: Z ou S ou X?
Palavras com Z, e não S
abalizado dogmatizar nobreza
abalizar doze noz (fruto da nogueira)
acidez dramatizar nudez
aduzir dureza obstaculizar
agilizar duzentos ojeriza
agonizar dúzia oficializar
agudez(a) economizar organizar
ajuizar eficaz orizicultura
alcoolizar eletrizar ozônio
algazarra embaixatriz palidez
algoz embelezar parabenizar
alteza embriaguez particularizar
altivez encolerizar pasteurizar
Amazonas encruzilhada paz
amenizar enfatizar penalizar
americanizar enraizar pequenez
amizade entronizar permeabilizar
amortizar escandalizar perspicaz
anarquizar escassez pertinaz
andaluz escravizar placidez
Andaluzia especializar pluralizar
antipatizar espezinhar pobreza
apaziguar esquizofrenia polidez
aprazar esterilizar popularizar
aprazível estigmatizar pormenorizar
aprendizado estilizar prazer, prazeroso
arborizar estranheza prazo
arcaizar estupidez preconizar
aridez esvaziar prejuízo
Arizona eternizar pressurizar
armazém evangelizar presteza
aromatizar exteriorizar prezado (estimado)
arrazoar familiarizar primaz(ia)
arrazoado fazenda privatizar
arroz (al, -eiro) fazer produzir
aspereza feliz(ardo) proeza
assaz feroz profetizar
atemorizar fertilizar profundeza
aterrorizar finalizar pulverizar
atriz fineza (delicadeza) pureza
atroz firmeza quartzo (ou quarço)
atualizar fiscalizar racionalizar
audaz flacidez raiz, raízes
automatizar fluidez rapaz
autorizar formalizar rapidez
avalizar fortaleza rareza
avareza foz razão
avestruz fraqueza razoável
avidez frieza realeza
avizinhar fugaz realizar
azar fuzil(eiro), fuzilar reconduzir
azedar galvanizar redondeza
azeite gaze reduzir
azeitona gazear refazer
azimute gazeta regozijo
azul, azuis gazua regularizar
baixeza generalizar reluzir
baliza gentileza reorganizar
banalizar giz responsabilizar
barbarizar gozar, gozo revezar
bazar grandeza reza
bazuca granizo ridicularizar
beleza gravidez rigidez
bel-prazer harmonizar rijeza
bendizer higienizar rispidez
bezerro hipnotizar rivalizar
bissetriz honradez robotizar
Bizâncio horizonte robustez
bizantino horrorizar rodízio
bizarro hospitalizar rudez(a)
braveza, brabeza hostilizar sagaz
burocratizar humanizar satisfazer
cafezal idealizar sazão
cafezeiro imortalizar sazonal
cafezinho imperatriz secularizar
cafuzo impureza reduzir
canalizar imunizar sensatez
canonizar indenizar sensibilizar
capataz individualizar simbolizar
capaz indizível simpatizar
capitalizar industrializar sincronizar
caracterizar induzir singularizar
carbonizar infeliz sintetizar
cartaz inferiorizar sistematizar
categorizar inimizar sisudez
catequizar (mas catequese) insipidez socializar
cauterizar inteireza solenizar
celebrizar intelectualizar solidez
centralizar internacionalizar sordidez
certeza intrepidez sozinho
chafariz introduzir suavizar
chamariz inutilizar Suazilândia
cicatriz(ar) invalidez Suez
circunvizinho ironizar surdez
civilizar jaez sutileza
cizânia jazida talvez
clareza jazigo tenaz
climatizar juiz, juízes tez
coalizão juízo timidez
colonizar justeza tiranizar
comezinho largueza topázio
concretizar latinizar torpeza
condizer lazer totalizar
conduzir legalizar traduzir
confraternizar ligeireza tranqüilizar
conscientizar localizar trapézio
contemporizar loquaz trazer
contradizer ucidez trezentos
contumaz luz tristeza
corporizar maciez(a) triz
correnteza madureza turgidez
cotizar magazine tzar (ou czar)
cozer (cozinhar) magnetizar uniformizar
cozido magreza universalizar
cozinhar maldizer urbanizar
cristalizar malfazer
cristianizar martirizar utilizar
crueza materializar vagareza
cruzar, cruzeiro matiz(ar) valorizar
cruzada matriz vaporizar
cupidez mazela vasteza
czar (tzar) menosprezar vazante
deduzir mercantilizar vazar
delicadeza meretriz vazio
democratizar mesquinhez veloz
desautorizar mezinha(remédio) Veneza, veneziana
desfaçatez militarizar Venezuela
deslizar (escorregar) miudeza verbalizar
deslize mobilizar verniz
desmazelo modernizar vez
desmoralizar monopolizar vezo
desprezar moralizar vileza
destreza morbidez viuvez
dez mordaz vivaz
dezembro motorizar viveza
dezena motriz vizinho
dezenove mudez vizir
dezesseis nacionalizar volatizar
dezessete nariz voraz
dezoito naturalizar voz(es)
diretriz natureza vulcanizar
divinizar Nazaré vulgarizar
dizer nazismo xadrez
dizimar neutralizar ziguezague(ar)
dízimo nitidez
EXERCÍCIOS - 01
1. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:
a) hidrólise - hidrolisar.
b) comércio - comercializar.
c) ironia - ironizar.
d) catequese - catequisar.
e) análise - analisar.
5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa em que não há erro de grafia:
a) duquesa.
b) magestade.
c) gorjeta.
d) francês.
e) estupidez.
9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se escreve com a mesma letra sublinhada na primeira
é:
a) vez / reve___ar.
b) propôs / pu__ eram.
c) atrás / retra __ ado.
d) cafezinho/ blu __ inha.
e) esvaziar / e___ tender.
10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x:
a) dejeto.
b) ogeriza.
c) vadear.
d) iminente.
e) vadiar.
a) omeopatia.
b) umidade.
c) umor.
d) erdeiro.
e) iena.
a) céu - seu
b) paço - passo
c) eminente - evidente
d) descrição - discrição
18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser escritas com "j".
19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte período: "Em _____ plenária,
estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses."
a) bandeija
b) mendingo
c) irrequieto
d) carangueijo
24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil
de hoje é diferente, _____ os ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".
a) mas - mas
b) mais - mas
c) mas - mais
d) mais - mais
25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portanto, palavras homônimas. Associe as duas
colunas e assinale a alternativa com a seqüência correta.
a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
c) 4-2-6-1-3-5
d) 1-4-6-5-2-3
a) pavor - pânico
b) pânico - susto
c) dignidade - indecoro
d) dignidade - integridade
a) tempo quente
b) tempo de ventania
c) estação chuvosa
d) estação florida
28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda com a da direita e indicar a seqüência correta.
1 - insigne ( ) ignorante
2 - extático ( ) saliente
3 - insipiente ( ) absorto
4 - proeminente ( ) notável
a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1
c) 4-3-1-2
d) 3-2-4-1
29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x" ?
a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga
b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa
c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear
GABARITO
1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E / 14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C /
21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B
EXERCÍCIOS - 02
1. (IBGE) Entre as opções abaixo, somente uma completa corretamente as lacunas apresentadas a seguir. Assinale-a:
Na cidade carente, os .......... resolveram .......... seus direitos, fazendo um .......... assustador.
2. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras se completam adequadamente com a letra entre parênteses:
a) en.....aguar / pi.....e / mi.....to (x)
b) exce.....ão / Suí.....a / ma.....arico (ç)
c) mon.....e / su.....estão / re.....eitar (g)
d) búss.....la / eng.....lir / ch.....visco (u)
e) .....mpecilho / pr.....vilégio / s.....lvícola (i)
4. (TRE-SP) Este meu amigo .......... vai ..........-se para ter direito ao título de eleitor.
a) extrangeiro - naturalizar
b) estrangeiro - naturalisar
c) extranjeiro - naturalizar
d) estrangeiro - naturalizar
e) estranjeiro - naturalisar
7. (U-UBERLÂNDIA) Das palavras abaixo relacionadas, uma não se escreve com h inicial. Assinale-a:
a) hélice
b) halo
c) haltere
d) herva
e) herdade
Gabarito:
1. D 6. D
2. B 7. D
3. A 8.A
4. D 9.D
5. C 10.D
PONTUAÇÃO
Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até mesmo, silêncio - que só estão
presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.
Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido de frases,
a fim de dissipar qualquer tipo de ambigüidade.
• ponto:
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase declarativa de um período simples ou
composto.
Desejo-lhe uma feliz viagem.
A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com
primor.
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante,
rod. = rodovia.
O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.
• o ponto-e-vírgula:
Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa
intermediária entre o ponto e a vírgula.
Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por
vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma
doidivanas.
• dois-pontos:
Os dois-pontos são empregados para:
a) uma enumeração:
... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao
próprio ato.
Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um
ímpeto irresistível...
(Machado de Assis)
b) uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
- Afinal, o que houve?
c) um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar
Lucila.
Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou observações.
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar,
censo/senso, descriminar/discriminar etc.
Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um por sua vez,
isoladamente).
Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho,
longinho, melhorzinho, pouquinho etc.
NOTA
A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:
Querida amiga:
Prezados senhores,
• ponto de interrogação:
O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?
- Não.
(José de Alencar)
• ponto de exclamação:
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação
exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante,
Jacinto!
- Então janta, homem!
(Eça de Queiroz)
NOTA
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:
Oh!
Valha-me Deus!
• O uso da vírgula:
Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):
d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso
etc.):
Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.
Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.
Períodos compostos por coordenação são os períodos que, possuindo duas ou mais orações,
apresentam orações coordenadas entre si. Cada oração coordenada possui autonomia de sentido em
relação às outras, e nenhuma delas funciona como termo da outra. As orações coordenadas, apesar de sua
autonomia em relação às outras, complementam mutuamente seus sentidos. A conexão entre as orações
coordenadas podem ou não ser realizadas através de conjunções coordenativas. Sendo vinculadas por
conectivos ou conjunções coordenativas, as orações são coordenadas sindéticas. Não apresentando
conjunções coordenativas, as orações são chamadas orações coordenadas assindéticas.
PERÍODO COMPOSTO
Período é a unidade linguística composta por uma ou mais orações. Tem como características
básicas:
a apresentação de um sentido ou significado completo encerrar-se por meio de certos símbolos de
pontuação.
Uma das propriedades da língua é expressar enunciados articulados. Essa articulação é evidenciada
internamente pela verificação de uma qualidade comunicativa das informações contidas no período. Isto é,
um período é bem articulado quando revela informações de sentido completo, uma idéia acabada. Esse
atributo pode ser exibido em termos de um período constituído por uma única oração - período simples – ou
constituído por mais de uma oração – período composto.
Exemplos:
Sabrina tinha medo do brinquedo. [período simples]
Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de levá-lo consigo todo o tempo. [período composto]
Não há uma forma definida para a constituição de períodos, pois se trata de uma liberdade do
falante de elaborar seu discurso da maneira como quiser ou como julgar ser compreendido na situação
discursiva. Porém a língua falada, mais frequentemente, organiza-se em períodos simples, ao passo que a
língua escrita costuma apresentar maior elaboração sintática, o que faz notarmos a presença maior de
períodos compostos. Um dos aspectos mais notáveis dessa complexidade sintática nos períodos compostos
é o uso dos vários recursos de coesão. Isso pode ser visualizado no exercício de transformação de alguns
períodos simples em período composto fazendo uso dos chamados conectivos (elementos linguísticos que
marcam a coesão textual).
Exemplo:
Eu tenho um gatinho muito preguiçoso. Todo dia ele procura a minha cama para dormir. Minha mãe não
gosta do meu gatinho. Então, eu o escondo para a minha mãe não ver que ele está dormindo comigo.
Eu tenho um gatinho muito preguiçoso, que todo dia procura a minha cama para dormir. Como a minha mãe
não gosta dele, eu o escondo e, assim, ela não vê que o gatinho está dormindo comigo. Notem que no
exemplo (1) temos um parágrafo formado por quatro períodos. Já no exemplo (2) o parágrafo está
organizado em apenas dois períodos. Isso é possível articulando as informações por meio de alguns
conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (o gatinho, minha mãe = ele, ela).
Finalmente, os períodos são definidos materialmente no registro escrito por meio de uma marca da
pontuação, das quais se excluem a vírgula e o ponto-e-vírgula. O recurso da pontuação é uma forma de
reproduzir na escrita uma longa pausa percebida na língua falada.
PERÍODO COMPOSTO
O período pode ser composto por coordenação , subordinação e ainda por coordenação e subordinação.
Assindéticas
Quando estão simplesmente colocadas uma ao lado da outra, sem qualquer conjunção entre elas (a =
"não"; síndeto = palavra de origem grega que significa "conjunção" ou "conectivo").
"Subo por uma velha escada de madeira mal iluminada, chego a uma espécie de salão." (M. Scliar)
"Grita, sacode a cabeleira negra, agita os braços, pára, olha, ri." (E. Veríssimo)
Sindéticas
Quando vêm introduzidas por conjunção.
"A luz aumentou E espalhou-se na campina." (G. Ramos)
"Sou feio, MAS sou carinhoso." (Frase de para-choque)
Aditivas
Expressam uma adição, uma sequência de informações:
"Nós desmanchamos o teto do barco E FIZEMOS UMA JANGADA PEQUENA." (Jornal da Tarde)
"Não olha para trás, não sente saudades, não deixa NEM CARREGA CONSIGO AMOR NENHUM." (Mário
Palmério)
Principais conjunções aditivas: e, nem, (não só)... mas também.
Adversativas
Expressam a ideia de oposição, contraste:
"Amor é igual fumaça: sufoca MAS PASSA." (Frase de para-choque)
"Repele-a com um gesto manso, PORÉM A CABRA NÃO SE MOVE." (C. D. Andrade)
Principais conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto etc.
Alternativas
Expressam alternância de ideias:
"Cale-se OU EXPULSO A SENHORA DA SALA." (C. Lispector)
"ORA DORMIAM, ORA JOGAVAM CARTAS."
"OU VAI OU RACHA."
Principais conjunções alternativas: ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer etc.
Conclusivas
Expressam ideia de conclusão, consequência:
"São seres humanos; MERECEM, POIS, TODO NOSSO RESPEITO."
"Penso, LOGO HESITO."
Principais conjunções conclusivas: logo, portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo) etc.
Explicativas
Indicam uma justificativa ou uma explicação ao fato expresso na primeira oração:
"Acendi o fogo, POIS ACORDARA FAMINTO e cozinhei o caldo." (D. S. Queiroz)
Principais conjunções explicativas: porque, que, pois (anteposto ao verbo) etc.
Particularidades
Com relação às orações coordenadas ainda se deve levar em conta que:
1) As orações coordenadas sindéticas aditivas podem estar correlacionadas através das expressões: (não
só)... mas também, (não somente)... mas ainda, (não só)... como também. Exemplo:
"Não só se dedica aos esportes COMO TAMBÉM À MÚSICA."
2) A conjunção que pode ter valor:
a) Aditivo:
"Varre QUE varre." (Varre e Varre.)
"Fala QUE fala." (Fala e fala.)
b) Adversativo:
"Todos poderão fazer isso QUE não vós."
3) A conjunção e pode assumir valor adversativo:
"Vi um vulto estranho e não senti medo."
4) O processo de coordenação pode ocorrer entre períodos de um texto:
"Não era briga. MAS a sua presença me transmitia um indizível desconforto." (O. Lessa)
"Os meninos choramingavam, pedindo de comer. E Chico Bento pensava." (R. Queiroz)
"Tudo seco em redor. E o patrão era seco também." (G. Ramos)
"As várzeas cobriam-se de grama, de mata-pasto, os altos cresciam em capoeira. Seu Lula, PORÉM, não
devia, não tomava dinheiro emprestado." (J. L. Rego)
PERÍODO COMPOSTO
ORAÇÕES SUBORDINADAS
Você já deve saber que período é uma frase organizada em orações. Já deve saber também que no
período simples existe apenas uma oração, chamada "absoluta", e que no período composto existem duas
ou mais orações. Essas orações podem se relacionar por meio de dois processos sintáticos diferentes: a
subordinação e a coordenação . Na subordinação, um termo atua como determinante de um outro termo.
Essa relação se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos: os complementos são
determinantes do verbo, integrando sua significação. Consequentemente, o objeto direto e o objeto indireto
são termos subordinados ao verbo, que é o termo subordinante. Outros termos subordinados da oração são
os adjuntos adnominais (subordinados ao nome que caracterizam) e os adjuntos adverbiais (subordinados
geralmente a um verbo). No período composto, considera-se subordinada a oração que desempenha
função de termo de outra oração, o que equivale a dizer que existem orações que atuam como
determinantes de outras orações. Observe o seguinte exemplo: Percebeu que os homens se aproximavam.
Esse período composto é formado por duas orações: a primeira estruturada em torno da forma
verbal "percebeu"; a segunda, em torno da forma verbal "aproximavam". A análise da primeira oração
permite constatar de imediato que seu verbo é transitivo direto (perceber algo). O complemento desse verbo
é, no caso, a oração "que os homens se aproximavam" . Nesse período, a segunda oração funciona como
objeto direto do verbo da primeira. Na verdade, o objeto direto de percebeu é "que os homens se
aproximavam".
A oração que cumpre papel de um termo sintático de outra é subordinada; a oração que tem um de
seus termos na forma de oração subordinada é a principal. No caso do exemplo dado, a oração "Percebeu"
é principal; "que os homens se aproximavam" é oração subordinada. Diz-se, então, que esse período é
composto por subordinação.
Ocorre coordenação quando termos de mesma função sintática são relacionados entre si. Nesse
caso, não se estabelece uma hierarquia entre esses termos, pois eles são sintaticamente equivalentes.
Observe:
Brasileiros e portugueses devem agir como irmãos.
Nessa oração, o sujeito composto "brasileiros e portugueses", adjetivos substantivados, apresenta
dois núcleos coordenados entre si: os dois substantivos desempenham um mesmo papel sintático na
oração.
No período composto, a coordenação ocorre quando orações sintaticamente equivalentes se
relacionam. Observe:
Subjetivas
As orações subordinadas substantivas subjetivas atuam como sujeito do verbo da oração principal.
Exemplos:
1. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
2. É fundamental que você compareça à reunião.
3. É fundamental você comparecer à reunião.
O primeiro período é simples. Nele, "o seu comparecimento à reunião" é sujeito da forma verbal é. Na
ordem direta é mais fácil constatar isso: "O seu comparecimento à reunião é fundamental".
Nos outros dois períodos, que são compostos, a expressão "o seu comparecimento a reunião" foi
transformada em oração ("que você compareça a reunião" e "você comparecer à reunião"). Nesses
períodos, as orações destacadas são subjetivas, já que desempenham a função de sujeito da forma verbal
"é". A oração "você comparecer à reunião", que não é introduzida por conjunção e tem o verbo no infinitivo,
é reduzida.
Quando ocorre oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração principal sempre fica na
terceira pessoa do singular. As estruturas típicas da oração principal nesse caso são:
a) verbo de ligação + predicativo - é bom..., é conveniente..., é melhor..., é claro..., está comprovado...,
parece certo..., fica evidente..., etc.
Observe os exemplos:
É preciso que se adotem providências eficazes.
Parece estar provado que soluções mágicas não funcionam.
b) verbo na voz passiva sintética ou analítica - sabe-se..., soube-se..., comenta-se..., dir-se-ia..., foi
anunciado..., foi dito..., etc.
Exemplos:
Sabe-se que o país carece de sistema de saúde digno.
Foi dito que tudo seria resolvido por ele.
c) verbos como convir, cumprir, acontecer, importar, ocorrer, suceder, parecer, constar, urgir, conjugados na
terceira pessoa do singular.
Exemplos:
Convém que você fique.
Consta que ninguém se interessou pelo cargo.
Parece ser ela a pessoa indicada.
Muitos autores consideram que o relativo "quem" deve ser desdobrado em "aquele que". Tem-se, assim, um
relativo (que), que introduz oração adjetiva. Outros autores preferem entender que "Quem usa drogas" é o
efetivo sujeito de experimenta. Esta nos parece a melhor solução.
Objetivas diretas
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas atuam como objeto direto do verbo da oração
principal.
Exemplos:
Todos querem que você compareça.
Suponho ser o Brasil o país de pior distribuição de renda no mundo.
Nas frases interrogativas indiretas, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas podem ser
introduzidas pela conjunção subordinativa integrante "se" e por pronomes ou advérbios interrogativos.
Exemplos:
Ninguém sabe / se ela aceitará a proposta. / como a máquina funciona. / onde fica o teatro. / quanto custa o
remédio. / quando entra em vigor a nova lei. / qual é o assunto da palestra.
Com os verbos "deixar, mandar, fazer" (chamados auxiliares causativos) e "ver, sentir, ouvir, perceber"
(chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva
direta reduzida de infinitivo.
Exemplos:
Deixe-ME REPOUSAR.
Mandei-OS SAIR.
Ouvi-O GRITAR.
Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. E, o que é mais
interessante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única
situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor
o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas:
Deixe que eu repouse.
Mandei que eles saíssem.
Ouvi que ele gritava.
Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes.
É fácil perceber agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações
subordinadas.
Objetivas indiretas
As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas atuam como objeto indireto do verbo da oração
principal.
Exemplos:
Duvido de que esse prefeito dê prioridade às questões sociais.
Lembre-se de comprar todos os remédios.
Completivas nominais
As orações subordinadas substantivas completivas nominais atuam como complemento de um nome da
oração principal.
Exemplos:
Levo a leve impressão de que já vou tarde.
Tenho a impressão de estar sempre no mesmo lugar.
Observe que as objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto as completivas nominais
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo
complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
complementa um verbo; o segundo, um nome. Nos exemplos dados acima, as orações subordinadas
complementam o nome impressão.
Predicativas
As orações subordinadas substantivas predicativas atuam como predicativo do sujeito da oração principal.
Exemplos:
A verdade é que ele não passava de um impostor.
Nosso desejo era encontrares o teu caminho.
Apositivas
As orações subordinadas substantivas apositivas atuam como aposto de um termo da oração principal.
Exemplos:
De você espero apenas uma coisa: que me deixe em paz.
Só resta uma alternativa: encontrar o remédio.
Exemplos:
Pessoa que mente é pessoa mentirosa. A classe gramatical da palavra "mentirosa" é a dos adjetivos.
Qualifica o substantivo "pessoa".
Em vez de se dizer "pessoa mentirosa", é perfeitamente possível se dizer "pessoa que mente". Agora, quem
é que qualifica "pessoa"? A oração "que mente", que tem valor de adjetivo e, por isso, é oração subordinada
adjetiva.
Esse "que" que introduz a oração adjetiva "que mente" pode ser substituído por "a qual" (pessoa que mente
= pessoa a qual mente). E, por fim, esse "que" se chama pronome relativo.
Agora, vamos relacionar tudo isso com o emprego da vírgula. Leia a seguinte passagem: "Não gosto de
pessoas mentirosas". Você poria vírgula entre "pessoas" e "mentirosas"? Certamente não. E por quê?
Porque o papel da palavra "mentirosas" é limitar o universo de pessoas. Afinal, não é de qualquer pessoa
que eu não gosto. Só não gosto das pessoas mentirosas, ou seja, só não gosto das pessoas que mentem.
A oração "que mentem" exerce o mesmo papel do adjetivo "mentirosas", isto é, limita, restringe o universo
de pessoas. Essa oração é chamada de "adjetiva restritiva" e, como você deve ter notado, também não é
separada da anterior por vírgula.
Agora veja este outro caso: "Os cariocas, que adoram o mar, sempre estão de bem com a vida". A que
cariocas se faz referência na frase? Será que a idéia é dividir os cariocas em dois blocos (os que adoram o
mar e os que não adoram) e dizer que só os que adoram o mar estão sempre de bem com a vida? É claro
que não. O que se quer é fazer uma afirmação de caráter genérico: os cariocas adoram o mar e sempre
estão de bem com a vida.
O "que" dessa frase é pronome relativo ("Os cariocas, os quais adoram o mar...") e, por isso mesmo, como
você já sabe, introduz oração subordinada adjetiva, que, no caso, não é restritiva. Não restringe, não limita.
Generaliza. É chamada de explicativa.
A oração restritiva não é separada da anterior por vírgula, mas a explicativa é.
Agora preste muita atenção. Leia estas duas frases:
1) Ele telefonou para a irmã que mora na Itália;
2) Ele telefonou para a irmã, que mora na Itália.
Elas parecem iguais, mas não são. A vírgula faz a diferença. Em ambos os casos, o "que" pode ser
substituído por "a qual". Em ambos os casos, o "que" é pronome relativo e, por isso, introduz oração
adjetiva.
A diferença está na extensão do termo que vem antes do "que" ("irmã"). Sem a vírgula ("irmã que mora na
Itália"), cria-se um limite. Certamente, ele tem mais de uma irmã. Pelo menos duas, uma das quais mora na
Itália. Não fosse assim, não faria sentido a restrição imposta pela oração "que mora na Itália".
Com a vírgula, a oração "que mora na Itália" não restringe. Deixa de ser restritiva e passa a ser explicativa.
Nosso amigo só tem uma irmã, e ela mora na Itália.
Veja outro caso: "A empresa tem cem funcionários que moram em Campinas". O que acontece quando se
coloca vírgula depois de "funcionários"? Muda tudo. Sem a vírgula, a empresa tem mais de cem
funcionários, dos quais cem moram em Campinas.
Com a vírgula depois de "funcionários", a empresa passa a ter exatamente cem funcionários, e todos
moram em Campinas.
Exemplos:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, "naquele momento" é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
senti. No segundo período, esse papel é exercido pela oração "Quando vi o mar", que é, portanto, uma
oração subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, já que é introduzida por uma
conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (vi, do pretérito perfeito
do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo algo como: Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções
de minha vida. "Ao ver o mar" é uma oração reduzida porque apresenta uma das formas nominais do verbo
(ver é infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (a,
combinada com o artigo o).
Se você já estudou os adjuntos adverbiais, você viu que sua classificação é feita com base nas
circunstâncias que exprimem. Com as orações subordinadas adverbiais ocorre a mesma coisa. A diferença
fica por conta da quantidade: há apenas nove tipos de orações subordinadas adverbiais, enquanto os
adjuntos adverbiais são pelo menos quinze. As orações adverbiais adquirem grande importância para a
articulação adequada de ideias e fatos e por isso são fundamentais num texto dissertativo. Você terá agora
um estudo pormenorizado das circunstâncias expressas pelas orações subordinadas adverbiais. É
importante compreender bem essas circunstâncias e observar atentamente as conjunções e locuções
conjuntivas utilizadas em cada caso.
TIPOS DE ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Causa
A idéia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato. As orações subordinadas
adverbiais que exprimem causa são chamadas causais. A conjunção subordinativa mais utilizada para a
expressão dessa circunstância é "porque". Outras conjunções e locuções conjuntivas muito utilizadas são
"como" (sempre introduzindo oração adverbial causal anteposta à principal), "pois", "já que", "uma vez que",
"visto que".
Exemplos:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve outra alternativa a não ser cancelá-lo.
Já que você não vai, eu não vou.
Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre consultado. (reduzida de
infinitivo)
Consequência
A idéia de conseqüência está ligada àquilo que é provocado por um determinado fato. As orações
subordinadas adverbiais consecutivas exprimem o efeito, a conseqüência daquilo que se declara na oração
principal. Essa circunstância é normalmente introduzida pela conjunção "que", quase sempre precedida, na
oração principal, de termos intensivos, como "tão, tal, tanto, tamanho".
Exemplos:
A chuva foi tão forte que em poucos minutos as ruas ficaram alagadas.
Tal era sua indignação que imediatamente se uniu aos manifestantes.
Sua fome era tanta que comeu com casca e tudo.
Condição
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato. As orações
subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de
se realizar o fato expresso na oração principal. A conjunção mais utilizada para introduzir essas orações é
"se"; além dela, podem-se utilizar "caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a menos que, sem
que, uma vez que" (seguida do verbo no subjuntivo).
Exemplos:
Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o contrato.
Caso você se case, convide-me para a festa.
Não saia sem que eu permita.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será o campeão.
Conhecendo os alunos ( = Se conhecesse os alunos), o professor não os teria punido. (oração reduzida de
gerúndio)
Concessão
A idéia de concessão está diretamente ligada à idéia de contraste, de quebra de expectativa. De fato,
quando se faz uma concessão, não se faz o que é esperado, o que é normal. As orações adverbiais que
exprimem concessão são chamadas concessivas. A conjunção mais empregada para expressar essa
relação é "embora"; além dela, podem ser usadas a conjunção "conquanto" e as locuções "ainda que, ainda
quando, mesmo que, se bem que, apesar de que".
Exemplos:
Embora fizesse calor; levei agasalho.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da população continua à margem do mercado
de consumo.
Foi aprovado sem estudar ( = sem que estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
Comparação
As orações subordinadas adverbiais comparativas contêm fato ou ser comparado a fato ou ser mencionado
na oração principal. A conjunção mais empregada para expressar comparação é "como"; além dela,
utilizam-se com muita frequência as estruturas que formam o grau comparativo dos adjetivos e dos
advérbios: "tão... como" (quanto), "mais (do) que", "menos (do) que".
Exemplos:
Ele dorme como um urso (dorme).
Sua sensibilidade é tão afinada quanto sua inteligência (é).
Como se pode perceber nos exemplos acima, é comum a omissão do verbo nas orações subordinadas
adverbiais comparativas. Isso só não ocorre quando se comparam ações diferentes ("Ela fala mais do que
faz." - nesse caso, compara-se o falar e o fazer).
Conformidade
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma
regra, um caminho, um modelo adotado para a execução do que se declara na oração principal. A
conjunção típica para exprimir essa circunstância é "conforme"; além dela, utilizam-se "como, consoante e
segundo" (todas com o mesmo valor de conforme).
Exemplos:
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos iguais.
Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão mundial de má distribuição de
renda.
Finalidade
As orações subordinadas adverbiais finais exprimem a intenção, a finalidade do que se declara na oração
principal. Essa circunstância é normalmente expressa pela locução conjuntiva "a fim de que"; além dela,
utilizam-se a locução "para que" e, mais raramente, as conjunções "que" e "porque" ( = para que).
Exemplos:
Vim aqui a fim de que você me explicasse as questões.
Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados. (- para que eu não obtivesse...)
Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano. (= para que obtivesse...) (reduzida de
infinitivo)
Proporção
As orações subordinadas adverbiais proporcionais estabelecem relação de proporção ou proporcionalidade
entre o processo verbal nelas expresso e aquele declarado na oração principal. Essa circunstância
normalmente é indicada pela locução conjuntiva "à proporção que"; além dela, utilizam-se "à medida que" e
expressões como "quanto mais", "quanto menos", "tanto mais", "tanto menos".
Exemplos:
Quanto mais se aproxima o fim do mês, mais os bolsos ficam vazios.
Quanto mais te vejo, mais te desejo.
À medida que se aproxima o fim do campeonato, aumenta o interesse da torcida pela competição.
À proporção que se acumulam as dívidas, diminuem as possibilidades de que a empresa sobreviva.
Tempo
As orações subordinadas adverbiais temporais indicam basicamente idéia de tempo. Exprimem fatos
simultâneos, anteriores ou posteriores ao fato expresso na oração principal, marcando o tempo em que se
realizam. As conjunções e locuções conjuntivas mais utilizadas são "quando, enquanto, assim que, logo
que, mal, sempre que, antes que, depois que, desde que".
Exemplos:
"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver." (Milton Nascimento & Fernando Brant)
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e
perdem os verdes: somos uns boçais (Caetano Veloso)
Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. ( Quando terminou a festa) (reduzida de particípio)
Observação: Mais importante do que aprender a classificar as orações subordinadas adverbiais é interpretá-
las adequadamente e utilizar as conjunções e locuções conjuntivas de maneira eficiente. Por isso, é
desaconselhável que você faça o que muita gente costuma indicar como forma de "aprender as orações
subordinadas adverbiais": "descabelar-se" para decorar listas de conjunções e, com isso, conseguir dar um
rótulo as orações. Essa prática, além de fazer com que você se preocupe mais com nomenclaturas do que
com o uso efetivo das estruturas linguísticas, é inútil quando se consideram casos mais sutis de construção
de frases. Observe, nas frases seguintes, o emprego da conjunção como em diversos contextos: em cada
um deles, ocorre uma oração subordinada adverbial diferente. Como seria possível reconhecê-las se se
partisse de uma lista de conjunções "decoradas"? É melhor procurar compreender o que efetivamente está
sendo declarado.
Como dizia o poeta, "a vida é a arte do encontro". (valor de conformidade)
Como não tenho dinheiro, não poderei participar da viagem. (valor de causa)
"E cai como uma lágrima de amor." (Antônio Carlos Jobim & Vinicius de Moraes) (valor de comparação)
Há até casos em que a classificação depende do contexto: "Como o jornal noticiou, o teatro ficou lotado". A
oração subordinada adverbial pode ser causal ou conformativa, dependendo do contexto.
Exemplos:
Tudo continuará como está se você não intervier; ou Tudo continuará como está, se você não intervier.
Disse que, quando chegar, tomará todas as providências. Quando chegar, tomará todas as providências.
Tempos e modos verbais
Verbo
É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno
da natureza.
Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas
verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:
• regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;
• irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades
podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.
• defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do
indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos:
impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia
ou possibilidade de confusão com outros verbos;
• abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio,
devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado,
acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);
• auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais;
• certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses
casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);
• formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do
radical - nós cantaríamos).
Quanto à flexão verbal, temos:
• número: singular ou plural;
• pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
• tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só
tem um tempo, o presente;
• voz: ativa, passiva e reflexiva;
• modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização
de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente
verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio
equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime.
Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:
• presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala;
• presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou
época em que se fala;
• pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
• pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não
foi concluída ou era uma ação costumeira no passado;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi
iniciada mas não concluída no passado;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já
passada;
• futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura;
• futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro,
mas ligado a um momento passado;
• futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou
época futura;
Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito
perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados:
São derivados do presente do indicativo:
• pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) +
Desinência número pessoal (DNP);
• presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) +
DNP;
Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
• imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas
vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).
São derivados do pretérito perfeito do indicativo:
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP;
• futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.
• São derivados do infinitivo impessoal:
• futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP;
• futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP;
• infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM)
• gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;
• particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO
(2ª e 3ª conjugação).
Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER
+ particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal.
No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho
falado];
• pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha
falado);
• futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado);
• futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado).
No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado);
• pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);
• futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado).
Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira:
• infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres
falado);
• gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado).
O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que-
perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto
Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:
• ativa: sujeito é agente da ação verbal;
• passiva: sujeito é paciente da ação verbal;
A voz passiva pode ser analítica ou sintética:
• analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal;
• sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora);
• reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo
(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo);
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das
vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o
pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas
(mantido o gerúndio do verbo principal).
Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista,
seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.
• Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não
possui presente do subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinqüir, demolir,
descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir)
• Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do
indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a
2ª pessoa do plural no presente do indicativo
• Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir,
diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir)
• Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir,
refulgir, restringir, transigir, urgir)
• Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos,
agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do
indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - agüei, aguaste, aguou, aguamos,
aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar)
• Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do
indicativo - aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram
• Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi,
argüimos, argüis, argúem - pretérito perfeito - argüi, argüiste... (com trema)
• Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (=
abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)
• Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem -
pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir,
usufruir)
• Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua
(ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente
do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar)
• Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito
indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear,
passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estréio, estréia...)
• Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito -
coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo -
comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes
verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)
• Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito
indicativo - compeli, compeliste...
• Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito
indicativo - compilei, compilaste...
• Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis),
constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito
indicativo - construí, construíste...
• Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito
indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos,
críeis, criam
• Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (=
aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)
• Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege,
frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...
• Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo -
fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão
• Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste,
jazeu...
• Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do
indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste...
• Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito
perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) -
presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli,
poliste...
• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos -
pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo -
provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste,
proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito
indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas
verbais com a letra v)
• Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi,
remiste...
• Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo -
requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular)
• Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri,
riste... (= sorrir)
• Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo
- saudei, saudaste...
• Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste,
sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar)
• Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali,
valeste, valeu...
Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:
• Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se
Caber
• presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem;
• presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam;
• pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,
couberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,
coubessem;
• futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
Dar
• presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão;
• presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem;
• pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem;
• futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Dizer
• presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem;
• presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam;
• pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis,
disseram;
• futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;
• futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
dissessem;
• futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem;
Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc.
Estar
• presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão;
• presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam;
• pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,
estiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
estivessem;
• futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem;
Fazer
• presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem;
• presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam;
• pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;
• futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.
Haver
• presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão;
• presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam;
• pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis,
houveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis,
houvessem;
• futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem.
Ir
• presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão;
• presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão;
• pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
Poder
• presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem;
• presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam;
• pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
puderam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
pudessem;
• futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.
Pôr
• presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem;
• presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham;
• pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham;
• pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis,
puseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,
pusessem;
• futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.
Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor,
depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor,
recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles.
Querer
• presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem;
• presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram;
• pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis,
quiseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,
quisessem;
• futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem;
Saber
• presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem;
• presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam;
• pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,
souberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
soubessem;
• futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.
Ser
• presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;
• presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam;
• pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós).
Ter
• presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm;
• presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham;
• pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham;
• pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;
• futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem.
Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter.
Trazer
• presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem;
• presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam;
• pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,
trouxeram;
• futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;
• futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem;
• futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.
Ver
• presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem;
• presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam;
• pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem;
• futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas
no presente do indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo
regular da segunda conjugação.
Vir
• presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm;
• presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham;
• pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham;
• pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem;
• futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem;
• particípio e gerúndio: vindo.
Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se, intervir, provir, sobrevir.
O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.
O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal
refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal
se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.
Usa-se o impessoal:
• sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala;
• nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação;
• quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar;
• quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"
Usa-se o pessoal:
• quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres
daqui;
• quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro
responderes dessa maneira;
• quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.