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apostila de PORTugûes

CURSO ESPECIAL PRÉ-VESTIBULAR UEL


Coordenação Geral
Rita de Cássia Rodrigues Oliveira

Diagramação
Gustavo André

Instrutores:

Gramática
Jonas Passos
Rebeca Gonçalves

Redação
Ana Carolina Bernardino
Gabriela Costa
Gramática...................................................................... 6

Gabarito....................................................................... 40

Redação ...................................................................... 43

Gabarito....................................................................... 64
GRAMÁTICA

Unidade 1- Classes de palavras: SUBSTANTIVO pg.6

Unidade 2- Classes de palavras: ARTIGO, ADJETIVO E NUMERAL pg.8

Unidade 3- Classes de palavras: PRONOME pg.10

Unidade 4- Classes de palavras: VERBO pg.13

Unidade 5- Classes de palavras: ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO pg.17

Unidade 6- PERÍODO SIMPLES:: SUJEITO E PREDICADO pg.20

Unidade 7- PERÍODO SIMPLES: TERMOS INTEGRANTES pg.24

Unidade 8- PERÍODO SIMPLES: TERMOS ACESSÓRIOS pg.26

Unidade 9- REGÊNCIA: CRASE pg.30

Unidade 10- PONTUAÇÃO pg.33

Unidade 11- PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO pg.36

Unidade 12- PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO: ORAÇÕES SUBSTANTIVAS pg.38

Unidade 13- PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO: ORAÇÕES ADJETIVAS pg.41

Unidade 14- PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO: ORAÇÃO ADVERBIAL pg.43

Unidade 15- PERÍODO COMPOSTO: ORAÇÕES REDUZIDAS pg.46

Unidade 16- VOZ PASSIVA pg.47

Unidade 17- COLOCAÇÃO PRONOMINAL pg.48

Unidade 18- CONCORDÂNCIA VERBAL pg.50

Unidade 19- CONCORDÂNCIA NOMINAL pg.52

Unidade 20 - AS REDAÇÕES DE SENTIDO NOS TEXTOS I pg.53

Unidade 21- AS REDAÇÕES DE SENTIDO NOS TEXTOS II pg.58

Unidade 22 - FIGURAS DE LINGUAGEM pg.63

Gabarito pg.66
REDAÇÃO

Unidade 1- NOÇÃO DE LINGUAGEM, TEXTO E LEITURA pg.71

Unidade 2- NÍVEIS DE LEITURA DE UM TEXTO pg.74

Unidade 3- COESÃO E COERÊNCIA pg.75

Unidade 4- INTERTEXTUALIDADE pg.78

Unidade 5- TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS pg.80

Unidade 6- ESTRATÉGIAS DE LEITURA pg.82

Unidade 7- COMO ESTRUTURAR E INTRODUZIR UM TEXTO pg.85

Unidade 8- COMO DESENVOLVER UM TEXTO pg.86

Unidade 9- COMO CONCLUIR UM TEXTO pg.88

Unidade 10- A ARGUMENTAÇÃO pg.88

Unidade 11- DISSERTAÇÃO ESCOLAR pg.91

Unidade 12- RESPOSTA ARGUMENTATIVA E RESPOSTA INTERPRETATIVA pg.92

Unidade 13- CHARGE, TIRA E GRÁFICO pg.93

Unidade 14- TIPO NARRATIVO pg.97

Unidade 15- NOTÍCIA E REPORTAGEM pg.98

Unidade 16- RESUMO E RESENHA pg.100

Unidade 17- CARTA ARGUMENTATIVA pg.101

Unidade 18- ARTIGO DE OPINIÃO pg.103

Unidade 19- TEXTO INSTRUCIONAL pg.103

Unidade 20 - DISCURSO DIRETO E DISCURSO INDIRETO pg.106

Unidade 21- HORA DE PRATICAR: PROPOSTAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO pg.107

Gabarito pg.111
UNIDADE 1 uma sistematização precisa e rigorosa. Há, entretanto,
a possibilidade de explicitar tendências bem definidas.
Para pluralizar os substantivos compostos, podemos
CLASSES DE PALAVRAS: pautar-nos pelas seguintes normas:

SUBSTANTIVO Dentro do substantivo composto, as palavras adjetivas


e substantivas vão para o plural, as demais (verbos, ad-
Classes de Palavras vérbios) não. Exemplos:
Couve-flor (substantivo + substantivo): couves-flores;
Guarda-roupa (verbo + substantivo): guarda-roupas;
A língua é constituída por um número imenso de pala- Bota-fora (verbo + advérbio): os bota-fora;
vras. Essas palavras, que constituem o léxico (conjun-
to de palavras de uma língua), possuem semelhanças Nos compostos de substantivo + substantivo, se o se-
e diferenças entre si. Repare como gato e mesa, por gundo não se relaciona com o primeiro de maneira adi-
exemplo, podem ser colocadas em um mesmo grupo tiva, mas indicando tipo ou finalidade do primeiro, nor-
(coisas que existem); ao passo que gato e portanto são malmente só varia o primeiro elemento (embora muitas
palavras de grupos distintos. vezes possam variar os dois). Exemplos:
Existem na língua portuguesa dez grupos, chamados
de classes de palavras, que compreendem quase to- Tíquete-refeição - tíquetes-refeição
das as palavras do léxico. Assim, gato, cachorro, mesa, Salário-família - salários-família
relógio, amor e saudade fazem parte da classe dos
substantivos, porque indicam uma mesma idéia de ser Obs.: Se, no mesmo caso, a relação entre os substanti-
existente; enquanto porém, portanto, entretanto e con- vos é de soma, ambos vão para o plural. Exemplo:
tudo participam da classe das conjunções, porque ligam Cirurgião-dentista - cirurgiões-dentistas (= cirurgiões e
ideias. dentistas)
Certas classes têm a propriedade de sofrer alterações
no final de sua forma. Essa propriedade, chamada fle- Nos compostos ligados por preposição, só varia o pri-
xão, encontra-se apenas no primeiro dos dois grupos meiro elemento. Exemplos:
abaixo, em que se dividem as classes de palavras: mula-sem-cabeça - mulas-sem-cabeça
pé-de-moleque - pés-de-moleque
1 − Variáveis (ou flexíveis): substantivo, artigo, adjetivo,
numeral, pronome e verbo. Nos compostos formados de palavras repetidas (ou
2 − Invariáveis (ou inflexíveis): advérbio, preposição, muito semelhantes) constituindo uma onomatopéia, só
conjunção e interjeição. varia o segundo elemento. Exemplos:
tico-tico - tico-ticos
Por exemplo: o adjetivo belo pode se flexionar em belos, pingue-pongue - pingue-pongues
bela, belas, belíssimo, belíssimas etc.; já a preposição
após possui sempre essa forma.
Substantivo
Como você percebeu, o texto 1 é composto quase ex- Trabalhando com Textos
clusivamente por substantivos. Isso é possível porque o Texto 1
autor reduziu a narração ao mínimo, à essência. Repare
que os nomes são de seres ou objetos. Assim, podemos
conceituar o que são substantivos: Vidinha Redonda

São usados para nomear os seres em geral, tais como Esperma, óvulo, embrião, parto. Bebê, choro, sobres-
lugares, pessoas, coisas, ações, sentimentos, estados salto, cocô, xixi, fralda, leite, colo, sono. Doença, vômi-
− tomados como seres: xícara (coisa), amor (sentimen- to, pavor, pediatra, remédio, preço. Murmúrio, passos,
to), Chico Buarque (pessoa), vida (estado), beijo (ação). fala. Escola, lancheira, material, professora. Curiosida-
de, descoberta. Crescimento, desenvolvimento, pêlos
Sempre funcionam com núcleo (palavra mais importan- pubianos, seios, curvas, menstruação, modess, cólica,
te) do sujeito, dos objetos e do agente da passiva. Apa- atroveran, adolescência. Primeiro beijo, paixão, sho-
recem também em locuções adjetivas (duas palavras pping Center. Batom, esmalte, rinsagem, depilação.
com valor de um único adjetivo) e adverbiais. Namorado, pressão, intimidade, culpa. Festa, pai, ciú-
me, relógio, motel, desculpa, dissimulação. Faculdade,
Flexiona-se em gênero, número e grau: menino, meni- trabalho, consciência, cansaço, sossego, idade. Noiva-
nas, menininhos. do, loja, fogão, geladeira, cama, mesa, banho, aliança,
chá-de-panela. Cartório, igreja, núpcias. Sexo, trabalho,
Flexão do substantivo sexo, trabalho, sexo, esperma, óvulo, licença, parto.
Plural dos Substantivos Compostos (Kátia da Costa Aguiar)
A formação do plural dos nomes compostos, em portu-
guês, não obedece a uma regularidade que nos permite

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Texto 2 culada, em programa esportivo de uma emissora de
TV, a notícia de que um apostador inglês acertou o
Cotidiano resultado de uma partida, porque seguiu os prog-
(Chico Buarque) nósticos de seu burro de estimação. Um dos co-
*Todo dia ela faz tudo sempre igual mentaristas fez, então, a seguinte observação: “Já
Me sacode às seis horas da manhã vi muito comentarista burro, mas burro comentaris-
Me sorri um sorriso pontual ta é a primeira vez.” Percebe-se que a classe grama-
E me beija com a boca de hortelã tical das palavras se altera em função da ordem que
elas assumem na expressão. Assinale a alternativa
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar em que isso NÃO ocorre:
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar a) obra grandiosa
E me beija com a boca de café b) jovem estudante
c) brasileiro trabalhador
Todo dia eu só penso em poder parar d) velho chinês
Meio-dia eu só penso em dizer não e) fanático religioso
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão 5. Assinale a alternativa incorreta:
a) Borboleta é um substantivo epiceno.
Seis da tarde como era de se esperar b) Rival é comum de dois gêneros.
Ela pega e me espera no portão c) Omoplata é substantivo masculino.
Diz que está muito louca pra beijar d) Vítima é substantivo sobrecomum.
E me beija com a boca de paixão e) n.d.a

Toda noite ela diz pra eu não me afastar 6. Das opções a seguir, assinale a alternativa que
Meia-noite ela jura eterno amor apresenta um substantivo que só tem uma forma no
E me aperta pra eu quase sufocar plural:
E me morde com a boca de pavor a) guardião.
* Repete b) espião.
Exercícios c) peão.
d) vulcão.
Na expressão “Sorri um sorriso”, encontramos uma e) cirurgião.
figura de linguagem. Nomeie e explique essa figura.
____________________________________________ 7. Assinale a alternativa em que está correta a for-
____________________________________________ mação do plural:
____________________________________ a) cadáver – cadáveis;
b) gavião – gaviães;
Leia a diferenciação de substantivo concreto e abs- c) fuzil – fuzíveis;
trato e responda às questões 6 e 7: d) mal – maus;
Concreto: designa o ser existindo independentemente e) atlas – os atlas.
de outros, real ou imaginariamente, isto é, nomes de
pessoas, lugares, instituições, gêneros, espécies: casa, 8. Indique a alternativa em que todos os substanti-
mesa, sofá, Brasil, sereia, vento, mamíferos; vos são abstratos:
Abstrato: designa qualidade, ações, sentimentos ou atri- a) tempo – boca – saudade – ausência – esperança–
buições dos seres como se existissem em si mesmo: imagem;
beleza, crueldade, demolição, largura, limpeza. b) angústia – sorriso – luz – ausência – esperança –ini-
mizade;
Que sentido podemos tirar do fato de a crônica ser c) inimigo – luz – esperança – espaço – tempo;
escrita apenas em substantivo concretos? d) angústia – saudade – ausência – esperança – inimi-
____________________________________________ zade;
____________________________________________ e) espaço – olhos – luz – lábios – ausência – esperança.
____________________________________ Proposta de Redação
Produza um texto, usando de base o texto 1. Para isso,
Na música, no último verso de cada estrofe, ocorrem utilize-se apenas de substantivos.
quatro atribuições diferentes à boca da mulher. Analise
a mudança de significado a partir dos usos de substan-
tivos concretos e abstratos.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________

4. (ITA) Durante a Copa do Mundo deste ano, foi vei-

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UNIDADE 2 substantivo:
“Uma preta velha vendia laranjas.”/ “Uma velha
preta vendia laranjas.”
CLASSES DE PALAVRAS:
No primeiro caso, preta é substantivo, e no segun-
ARTIGO, ADJETIVO E NUMERAL do faz-se adjetivo. O oposto ocorre com velha.
Os adjetivos podem ser substituídos por locuções
adjetivas, ou seja, conjunto de palavras com fun-
Os substantivos geralmente vêm acompanhados. ção de adjetivo:
Peguemos do primeiro verso da música a seguinte
construção: “a estupidez humana”. Temos, no nú- Coração de anjo (prep. + subst.)
cleo, o substantivo, que vem acompanhado à es- Jornal de hoje (prep. + advérbio)
querda por um artigo e, à direita, por um adjetivo.
OBRIGADO: para agradecer, mulheres devem usar
SEMPRE obrigada (e homens, sempre obrigado),
Artigo pois o adjetivo deve concordar com quem está fa-
lando. E como resposta, são mais agradáveis as
Demonstram se o substantivo é ou não conhecido formas: “eu é que agradeço”, “por nada”, “de nada”
pelo leitor ou ouvinte, seja por ter sido mencionado e “não há de quê”.Flexão do adjetivo
antes, seja por ser objeto de um conhecimento de Plural dos Adjetivos Compostos
experiência. Regra-geral: Os adjetivos compostos só variam no
Sempre indicam o gênero e número dos substan- segundo elemento tanto em gênero quanto em nú-
tivos. E servem exclusivamente a esta classe de mero. Exemplos:
palavras. Desta forma, qualquer palavra associada
a um artigo é ou um substantivo, ou uma palavra Produto norte-americano
substantivada. Produção norte-coreana
Flexiona-se em gênero e número, sempre concor- Espelhos côncavo-convexos
dando com o substantivo a que se associa.
Os adjetivos compostos de nome de cor mais subs-
São estes os artigos: tantivo ficam invariáveis: fardas verde-oliva.
Definidos Indefinidos Também as cores com nome cor-de mais substan-
tivo são invariáveis: camisas cor-de rosa (ou cami-
o os Um uns sas rosa); prédios cor-de-cinza (ou prédios cinza).
a as Uma umas O adjetivo azul-marinho é invariável: tecidos azul-
-marinho.
Como já dito, os artigos demonstram se o substan-
tivo é já conhecido ou não pelo receptor. Usa-se o
artigo definido quando o substantivo for já conhe- Numeral
cido. Repare no exemplo abaixo o uso dos artigos:
“Os veteranos promoveram uma festa na semana • Indicam quantidade exata de seres, ou a posição
passada. Disseram-me que a festa foi um fiasco”. que estes ocupam numa determinada série.
• Associam-se ao substantivo, tendo função seme-
Além disso, pode ter valor depreciativo: Ex.: “Ele lhante à de adjetivo.
era um jogadorzinho...” • Podem ser variáveis (trezentas pessoas) ou inva-
riáveis (mil pessoas).

Adjetivo Classificação dos numerais:

• Indicam qualidade, defeito, estado, modo de ser • Cardinais: indicam quantidade determinada. Ex.:
ou aspecto de um substantivo. um, dois, treze, oitenta.
• São essencialmente modificadores de substanti- • Ordinais: indicam ordem de sucessão. Ex.: pri-
vos, concordando com estes em gênero e número. meiro, octogésimo, milésimo quadragésimo sétimo.
• Podem flexionar-se em gênero número e grau. • Multiplicativos: indicam multiplicação. Ex.: do-
bro, triplo, quádruplo.
É muito estreita a relação entre substantivo • Fracionários: indicam divisão, fração. Ex.: meio,
(essência) e adjetivo (característica). Não raro metade, um sétimo.
há uma única forma para as duas classes de
palavras. Para saber se o adjetivo se transformara Designação de reis, papas, imperadores, sé-
em substantivo, basta notar se caberia um artigo culos, capítulos festas, feiras etc.: utilizam-se
à palavra. Se o artigo for aceito, trata-se então de algarismos romanos. Na leitura, deve-se ler como

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ORDINAL até 10, e a partir daí como cardinal. Se Vamos celebrar nosso governo
o numeral vier antes do substantivo, será sempre E nosso estado que não é nação
ordinal. Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Nunca se inicia frase com algarismos; deve-se Celebrar nossa desunião
escrever por extenso. No meio da frase, aconse- Vamos celebrar Eros e Thanatos
lha-se escrever em algarismos números longos. Persephone e Hades
Trabalhando com textos Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Texto 1 Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Poema Brasileiro Todos os mortos nas estradas
(Ferreira Gullar) Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
No Piauí de cada 100 crianças que nascem A ganância e a difamação
78 morrem antes de completar 8 anos de idade Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
No Piauí Comemorar a água podre
de cada 100 crianças que nascem E todos os impostos
78 morrem antes de completar 8 anos de idade Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
No Piauí O trabalho escravo
de cada 100 crianças Nosso pequeno universo
que nascem Toda a hipocrisia e toda a afetação
78 morrem Todo roubo e toda a indiferença
antes Vamos celebrar epidemias:
de completar É a festa da torcida campeã
8 anos de idade Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
antes de completar 8 anos de idade Não se ter a quem amar
antes de completar 8 anos de idade Vamos alimentar o que é maldade
antes de completar 8 anos de idade Vamos machucar um coração
antes de completar 8 anos de idade Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Texto 2 Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Poema tirado de uma noticia de jornal Vamos cantar juntos o hino nacional
(Manuel Bandeira) A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
João Gostoso era carregador de feira-livre e E comemorar a nossa solidão
[morava no morro da Babilônia Vamos festejar a inveja
[num barracão sem número A intolerância e a incompreensão
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Vamos festejar a violência
Bebeu E esquecer da nossa gente
Cantou Que trabalhou honestamente a vida inteira
Dançou E agora não tem mais direito a nada
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e Vamos celebrar a aberração
[morreu afogado. De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Texto 3 Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Perfeição Está tudo morto e enterrado agora
(Legião Urbana) Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
Vamos celebrar a estupidez humana Venha, meu coração está com pressa
A estupidez de todas as nações Quando a esperança está dispersa
O meu país e sua corja de assassinos Só a verdade me liberta
Covardes, estupradores e ladrões Chega de maldade e ilusão
Vamos celebrar a estupidez do povo Venha, o amor tem sempre a porta aberta
Nossa polícia e televisão E vem chegando a primavera

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Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição... 7. Em qual das alternativas o artigo definido femini-
no corresponderia a todos os substantivos?
a) sósia, doente, lança-perfume.
Exercícios b) dó, telefonema, diabete.
c) clã, eclipse, pijama.
No texto 1, como você justifica o recurso de repeti- d) cal, elipse, dinamite.
ções? e) champanha, criança, estudante.
____________________________________________
____________________________________________ 8. Explique a diferença de sentido entre as frases
____________________________________________ abaixo:
____________________________________________
____________________________________________ O homem, livre, não pode deixar-se dominar dessa for-
____________________________________________ ma.

Que figura de linguagem traz a música “Perfeição” O homem livre não pode deixar dominar-se dessa for-
para expressar a mensagem? ma.
ironia: expressar o contrário do que as palavras apre- ____________________________________________
sentam; ____________________________________________
pleonasmo: redundância de idéias; ____________________________________________
elipse: omissão de palavras; ____________________________________________
aliteração: repetição de um som consonantal. ____________________________________________
____________________________________________
Na música, percebemos a existência de apenas um ____________________________________________
artigo indefinido. Explique por que a grande maioria ____________________________________________
dos artigos são definidos. ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ UNIDADE 3
____________________________________________
____________________________________________ CLASSES DE PALAVRAS:
____________________________________________
PRONOME
Que sentido traz o uso do único artigo indefinido da
música? Pronome
____________________________________________
______________________ _____________________ • Representam ou acompanham um substantivo.
____________________________________________ • Quando acompanham um substantivo, têm função ad-
____________________________________________ jetiva, quando substituem o substantivo, possuem fun-
_______________________ ção substantiva.
• Dividem-se em variáveis (flexíveis) e invariáveis (in-
Compare os seguintes versos: “As crianças mortas” flexíveis). Podem ser flexionados em gênero, número e
e “Todos os mortos nas estradas”. Em cada caso, a pessoa. Subdividem-se em pessoais, possessivos, de-
que classe de palavras pertence o termo sublinha- monstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos.
do? Como podemos perceber a mudança?
____________________________________________ São três as pessoas do discurso (ou de um ato de fala):
____________________________________________ 1ª − a pessoa que fala;
____________________________________________ 2ª − a pessoa com quem se fala;
____________________________________________ 3ª − a pessoa de quem se fala.
____________________________________________
____________________________________________
Pronome pessoal

O uso de numeral é comum em textos de caráter


científico, pois os dados estatísticos dão mais vera- É aquele que se designa uma das três pessoas do
cidade ao texto. Que sentido traz o uso dos nume- discurso. Os do caso reto funcionam sempre como
rais 100, 78 e 8 no poema? sujeito; os do caso oblíquo, como complementos.
____________________________________________
______________________ _____________________ Prono- Pronomes oblí-
____________________________________________ Número Pessoa
mes retos quos
____________________________________________
_______________________

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Me, mim, co- Nosso, nossa, nossos, nos-
1ª Eu 1ª
migo sas
Singular 2ª Tu Te, ti, contigo Plural Vosso, vossa, vossos,

Se, si, consigo, vossas
3ª Ele
o, a, lhe, ele 3ª Seu, sua, seus, suas
Nos, nós conos- Pronome demonstrativo
1ª Nós
co Indicam a posição do ser no tempo e no espaço.
Vos, vós, con- 1ª este, esta, estes, estas; isto
2ª Vós
Plural vosco 2ª esse, essa, esses, essas; isso
Se, si, consigo, 3ª aquele, aquela, aqueles, aquelas; aquilo
3ª Eles os, as, lhes,
eles. Este, esta, isto indicam o ser que está no âmbito da pes-
soa que fala (1ª pessoa); esse, essa, isso referem-se
Obs.: Os pronomes oblíquos em itálico são tônicos e ao ser que se acha no campo de ação da pessoa com
aparecem sempre precedidos de preposição (com ex- que se fala (2ª pessoa); aquele, aquela, aquilo relacio-
ceção de comigo, contigo e consigo, pois já trazem em nam-se ao ser de que se fala, ou seja, o assunto (3ª
si a preposição com). pessoa).
Ex.: Não há nada entre mim e você; Enganaram a nós; Também é pronome demonstrativo: O (e as variações a,
Fez tudo por eles. os, as, equivalendo a isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
aqueles, aquelas). Ex.: Não compreendo o que dizes;
Pronome de tratamento Eu já estudei: e tu, já o fizeste também?

• Vossa Santidade (V.S.), para o papa; Pronome indefinido


• Vossa Majestade (V.M.), Vossas Majestades (VV.
MM.), para reis ou rainhas; Referem-se sempre a terceira pessoa.
• Vossa Alteza (V.A.), Vossas Altezas (VV.AA.), para Variáveis Invariáveis
príncipes ou princesas;
• Vossa Magnificência, Vossas Magnificências, para rei- Algum, nenhum,
Algo, tudo, nada, al-
tores de universidades; todo, outro, muito,
guém, ninguém, cada,
• Vossa Reverendíssima (V.Revma), Vossas Reveren- pouco, certo, bastan-
outrem, menos
díssimas (V.Revmas.), para sacerdotes e outras autori- te, qualquer, tanto.
dades religiosas do mesmo nível;
• Vossa Excelência (V.Exa.), Vossas Excelências Não existe menas! Sempre menos: “hoje vieram me-
(V.Exas.), para altas autoridades; nos mulheres”.
• Vossa Senhoria (V.Sa.), Vossas Senhorias (V.Sas.),
para oficiais, funcionários graduados, e principalmente
na linguagem comercial. Pronome relativo
• Acrescenta-se o pronome você, derivado de vossa
mercê. Retomam um nome da oração anterior e o projetam em
outra oração.
Embora os pronomes de tratamento se dirijam a se- Variáveis In-
gunda pessoa, concordam sempre em terceira. Ex.: Tu
variáveis
amas teu pai; você ama seu pai.
Quando se dirigir diretamente à pessoa, usa-se vos- O qual, a qual, os quais, as Que,
sa; quando não, usa-se sua. Ex.: Vossa excelência me quais. Cujo, cuja, cujos, cujas. quem,
acompanhe até a sala (falando com a pessoa); Sua ex- Quanto, quanta, quantos, quan- onde.
celência foi embora ontem (falando sobre a pessoa). tas.

Pronome possessivo
Pronome interrogativo
Transmitem a idéia de posse.
Número Pessoa Pronomes São os pronomes que, quem, qual(is), quanto(as) usa-
dos em perguntas diretas ou indiretas. Ex.: Quem é
1ª Meu, minha, meus, minhas aquele menino (direta); perguntaram quem era aquele
Singular 2ª Teu, tua, teus, tuas menino (indireta).
3ª Seu, sua, seus, suas
Trabalhando com Textos

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Texto 1 horas pelas ruas desertas, cheias apenas de gatos e
Panorama sobre a homossexualidade putas. Em casa; acariciou Carlos Gardel até que os dois
dormissem. Mas um pouco antes, sem saber por quê,
Os cientistas ainda não têm resposta definitiva de como começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz
a orientação sexual se desenvolve em qualquer indiví- e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste.
duo. No entanto, muitos compartilham a visão de que Pensou em ligar para Raul, mas não tinha fichas e era
ela seja moldada, na maioria das pessoas, nos primei- muito tarde.
ros anos de vida, através de complexas interações de
fatores biológicos, psicológicos e sociais. Texto 4
Os profissionais de saúde mental concordam que a ho- Meninos e meninas
mossexualidade não é enfermidade, doença mental ou (Legião Urbana)
problema emocional. Ela também não é uma escolha;
ninguém escolhe sofrer discriminação e injustiça social. Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Algumas pessoas relatam terem tentado, durante mui- Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
tos anos, mudar a sua orientação sexual de homosse- Longe dessa confusão
xual para heterossexual, sem sucesso. Por isso que, E dessa gente que não se respeita
em 1999, o Conselho Federal de Psicologia, emitiu uma Tenho quase certeza que eu não sou daqui.
resolução proibindo expressamente qualquer psicólogo Acho que gosto de São Paulo,
de fornecer tratamento a qualquer sujeito autodenomi- Gosto de São João,
nado homossexual no sentido de promover sua “cura”, Gosto de São Francisco e São Sebastião,
já que é irreversível. A sexualidade também não é in- E eu gosto de meninos e meninas.
fluenciável. Se assim fosse, todas as pessoas seriam
heterossexuais. Vai ver que é assim mesmo
No Brasil, a situação é vergonhosa. Nosso país ocupa E vai ser assim pra sempre
o primeiro lugar de assassinatos a homossexuais, com Vai ficando complicado
mais de cem crimes homofóbicos por ano. Ou seja, em E ao mesmo tempo diferente
países como Irã, Sudão e Iraque, onde existe a pena Estou cansado de bater e ninguém abrir
de morte para homossexuais, acontecem menos exe- Você me deixou sentindo tanto frio
cuções do que os assassinatos no Brasil. O antropólo- Não sei mais o que dizer
go Luiz Mott, fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), Te fiz comida, velei teu sono
acredita que a situação seja ainda pior, pois as informa- Fui teu amigo, te levei comigo
ções nem sempre chegam aos militantes. E me diz: pra mim o que é que ficou?
Me deixa ver como viver é bom
Texto 2 Não é a vida como está,
E sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem?
A culpa é de quem?
Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas, troco os pronomes
Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar

Acho que gosto de São Paulo


Gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
Garotos de 17 e 15 anos sendo enforcados no Irã E eu gosto de meninos e meninas.
Texto 3
Aqueles dois (fragmento)
(Caio Fernando Abreu) Exercícios

Afastaram-se, então. Raul disse qualquer coisa como 1) As expressões “cura” e “crimes sexuais” do Tex-
eu não tenho mais ninguém no mundo, e Saul outra coi- to 1 estão entre aspas. Isso demonstra que:
sa qualquer como você tem a mim agora, e para sem- a) essas palavras pertencem a uma personagem;
pre. Usavam palavras grandes - ninguém, mundo, sem- b) essas palavras são de outra língua;
pre - e apertavam-se as duas mãos ao mesmo tempo, c) o autor criou neologismos;
olhando-se nos olhos injetados de fumo e álcool. Em- d) o autor não concorda com essas terminologias;
bora fosse sexta e não precisassem ir à repartição na e) o autor quis enfatizar uma verdade.
manhã seguinte, Saul despediu-se. Caminhou durante

12
2) O pronome “ela” grifado no início do Texto 1 re- emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto
mete à palavra: da língua:
a) homossexualidade; a) Ele entregou um texto para mim corrigir.
b) resposta; b) Para mim, a leitura está fácil.
c) orientação sexual; c) Isto é para eu fazer agora.
d) indivíduo; d) Não saia sem mim.
e) visão. e) Entre mim e ele há uma grande diferença.

3) Raul e Saul “Usavam palavras grandes - ninguém, 9. Em todas as alternativas, a expressão destacada
mundo, sempre”. Qual a figura de linguagem em que pode ser substituída pelo pronome lhe, exceto em:
se exagera uma ideia? a) Tu dirás a Cecília que Peri partiu,
a) Metáfora; b) Cecília viu perto a Isabel.
b) Hipérbole; c) O tiro fora destinado a Peri por um dos seus selva-
c) Pleonasmo; gens.
d) Ironia; d) Cecília recomendou a Peri que estivesse quieto.
e) Prosopopéia. e) Peri prometeu a D. Antônio levar-te à irmã;

4) No refrão, que elementos indicam a tentativa do


filho de amenizar o choque da confissão aos pais? 10. Colocação incorreta:
____________________________________________ a) Preciso que venhas ver-me.
____________________________________________ b) Procure não desapontá-lo.
____________________________________________ c) O certo é fazê-los sair.
____________________________________________ d) Sempre negaram-me tudo.
____________________________________________ e) As espécies se atraem
____________________________________________
11. Alguém nesta casa pegou minha blusa escondido.
5) Quanto aos pronomes do Texto 4, assinale a alter- Por favor, devolva-me. Os pronomes assinalados dis-
nativa incorreta: põem-se nesta ordem:
a) Em “gente que não se respeita” o pronome demons- a) de tratamento, pessoal, oblíquo, demonstrativo
tra que as pessoas, da mesma forma como não respei- b) indefinido, relativo, pessoal, relativo
tam os outros, também não são respeitadas. c) demonstrativo, relativo, pessoal, indefinido
b) A construção “Te fiz comida” é própria da linguagem d) indefinido, relativo, demonstrativo, pronome pessoal
coloquial. oblíquo
c) Em “Tenho quase certeza”, o pronome limita o sen- e) indefinido, demonstrativo, posses-
tido do substantivo, e “sentindo tanto frio”, o pronome sivo, pronome pessoal oblíquo
intensifica.
d) Em “A culpa é de quem?”, há um pronome interroga-
tivo.
e) No refrão, o pronome demonstrativo “eu” aparece UNIDADE 4
apenas no último verso.
CLASSES DE PALAVRAS:
6) Sobre o trecho “em países como Irã, Sudão e Ira- VERBO
que (...), acontecem menos execuções do que os as-
sassinatos no Brasil” é correto afirmar que: Verbo
a) Execuções é uma palavra feminina, então deveria ser • indicam ações (encontrar, saber, vir), estado (são, é) e
“menas execuções”. fenômenos da natureza (chover);
b) Menos é um pronome com função de comparar, e • sempre concordam com o sujeito em número e pes-
sempre concorda com a palavra a que se refere. soa: quero (1ª pessoa do singular), sujeito: eu (1ª pes-
c) Menos é um pronome invariável. soa do singular); As crianças correm (3ª pessoa do plu-
d) o oposto a “menos...do que” é “maior...do que”. ral). Além disso, tem função obrigatória no predicado.
• flexionam-se em pessoa, número, tempo, modo e voz.
7. Este é um assunto entre ...... . Não tem nada a ver Ex.: “correm: 3ª pessoa, plural, tempo presente, modo
....... . Assinale a alternativa que preenche correta- indicativo e voz ativa”. Também se encaixam em uma
mente as lacunas: das três conjugações verbais:
a) eu e ele, contigo.
b) eu e ele, consigo. 1ª conjugação: infinitivo terminado em -ar: ficar, estar,
c) mim e ele, com você. olhar, maltratar, quebrar;
d) mim e ele, consigo. 2ª conjugação: infinitivo terminado em -er ou -or: mor-
e) mim e ti, consigo. rer, haver, poder, pôr;
3ª conjugação: infinitivo terminado em -ir: ir, conseguir,
8. (IBGE) Assinale a opção em que houve erro no falir.

13
Flexões verbais
Número: o verbo pode estar no singular (ando, andas, Modo imperativo
anda) ou no plural (andamos, andais, andam). A primei- O imperativo afirmativo se forma da seguinte forma: a
ra forma se usa quando o sujeito é uma só pessoa ou segunda pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
coisa; e o plural, quando mais de uma. do plural (vós) derivam das pessoas correspondentes
do presente do indicativo, suprimindo-se o s do final; as
Pessoa: existem três pessoas verbais, são as mesmas demais pessoas (você, nós, vocês) vêm do presente do
apresentadas nos pronomes. subjuntivo sem alterações.
Obs: Atualmente, principalmente no Brasil, as formas tu O imperativo negativo não possui formas especiais.
e vós foram substituídas pelo pronome de tratamento Suas pessoas são idênticas às correspondentes do
você(s). Embora a função desse termo seja de 2ª pes- presente do subjuntivo.
soa, já que remete à pessoa a quem se fala, sua estru-
tura é idêntica aos pronomes de 3ª (tu andas; você/ele Pes- Indica- Imperativo Subjuntivo Imperati-
anda). soas tivo afirmativo vo nega-
tivo
Modo: categoria própria do verbo que exprime nossa tu dizes → Dize digas → não digas
atitude psíquica, perante o processo que enunciamos.
você Diga ← diga → não diga
Pode ser:
nós Digamos ← digamos não diga-
Indicativo − simplesmente narra um processo, expõe → mos
um acontecimento: certeza. (A chuva cai mansa). vós dizeis → Dizei digais → não digais
Subjuntivo − geralmente exprime um processo possível,
vocês Digam ← digam → não digam
condicionado: dúvida. (É possível que eu chegue an-
tes).
Imperativo − exprime comando, solicitação: ordem. Subclassificação do verbo
(Deixe tudo e faça a lição). Verbo Regular
suas terminações seguem o modelo geral da conjuga-
Obs.: tão importantes quanto essas definições de sen- ção a que pertence;
tido, as funções sintáticas de cada modo serão vistas seu radical se mantém inalterado em todas as formas
adiante. da conjugação.
Como exemplo, podemos citar o verbo partir, pertencen-
Tempo: indica o momento em que se dá o fato. Divide- te à 3ª conjugação.
-se basicamente em presente, pretérito (ou passado) e
futuro. O presente é indivisível, mas o pretérito pode ser Presente do indicativo Pretérito perfeito do
imperfeito, perfeito ou mais-que-perfeito, e o futuro pode indicativo
ser do presente ou do pretérito. As gramáticas trazem part o part i
as subdivisões e estudo detalhado de cada uma.
part es part iste
Além desses, existem ainda os tempos nominais do ver- part e part iu
bo: part imos part imos
Infinitivo: andar, fazer, partir; part is part istes
Gerúndio: andando, fazendo, partindo; part em part iram
Particípio: andado, feito, partido.
Radical Terminações Radical Terminações
(part): seguem o modelo (part): típicas da 3ª
Voz:
constante geral dos verbos constante conjugação
Ativa − o sujeito é executor da ação verbal. (Juliana es- da 3ª conjugação
tudou a matéria)
Reflexiva − o sujeito pratica e recebe a ação. (Marcos Obs,: Para saber se um verbo é regular, basta verificar
se sujou de giz) se a regularidade se revela no presente e no perfeito do
Passiva − o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação ver- indicativo.
bal. (O rato foi pego pelo gato). O estudo da voz passiva
se fará ainda quando se estudar a sintaxe. Verbo Irregular
o radical se altera em algumas das formas de conjuga-
ção, ou;
Importante: as terminações não seguem o modelo geral da conjuga-
* O tempo pretérito mais-que-perfeito (eu amara, tu ção a que pertence.
correras, ela partira) atualmente é mais usado na Como exemplo, podemos citar o verbo estar (1ª conju-
forma composta (eu tinha/havia amado, tu tinhas gação) e o verbo medir (3ª conjugação).
corrido, ele havia partido).
* Existem também as locuções verbais, isto é, mais est ou meç o
de um verbo para indicar apenas uma idéia: “está
est ás med es
fazendo”; “começou a andar”.

14
est a med e
Gerundismo
est amos med Imos
est ais med Is
est ão med Em O uso repetitivo do gerúndio chama-se endorréia ou
Radical Terminações: Radical: Terminações: gerundismo. Mas a vítima do gerundismo não é o ge-
(est): como se vê, as Na primeira no caso, as rúndio em si, mas a estrutura “vou estar + gerúndio”,
constante terminações pessoa, terminações uma locução. Em si, a locução “vou estar + gerúndio” é
não seguem houve seguem o correta quando comunica a idéia de uma ação que ocor-
(ao menos alteração modelo da 3ª re no momento de outra. A sentença “vou estar dormin-
integralmente) radical. conjugação: -o do na hora da novela” é adequada, assim como quando
o modelo da 1ª -es -e -imos -is há verbos que indiquem ação ou processo duradouros
conjugação: -o –em.
e contínuos: “amanhã vai estar chovendo” ou “amanhã
-as -a -amos
-ais -am.
vou estar trabalhando o dia todo”, por exemplo.
Gerundismo se dá quando nós não queremos comuni-
car essa idéia de eventos ou ações simultâneas, mas
Verbo Defectivo antes falar de uma ação específica, pontual, em que a
é aquele que apresenta deficiência ou falta de uma ou duração não é a preocupação dominante. A coisa pio-
mais formas de conjugação. ra mesmo quando a idéia de continuidade nem deveria
existir na frase. “Vou falar” narra algo que vai ocorrer
Como exemplo, podemos apontar o verbo reaver que, a partir de agora. “Vou estar falando” se refere a um
no presente do indicativo, só possui primeira e segunda futuro em andamento − “estar” dá idéia de permanência
pessoa do plural: no tempo.
Eu − Nós reavemos Trabalhando com Textos

Tu − Vós reaveis Texto 1


Ele − Eles −
Um dia ainda vou me vingar deste jeito!
Como usar o particípio Toca o celular:
Existem verbos, em português, que possuem dois par- − Alô?
ticípios: um regular – com as terminações -ado e -ido − Alô, Senhor Guilherme?
– e outro chamado irregular, porque se forma de modo − Sim.
contraído, sem as terminações, como solto, findo, salvo, − Sr. Guilherme, aqui é da Operadora X, estamos ligan-
seco etc. O particípio regular é usado com os auxiliares do para oferecer a promoção X 1382 minutos, com a
ter e haver, ou seja, na voz ativa: “tem prendido”, “havia qual o senhor tem direito...
soltado”, “tem entregado”. O particípio irregular é usado − Desculpe − interrompo − mas quem está falando?
na voz passiva, com ser, estar, ficar, e neste caso fle- − Aqui é Rosicleide Judite, da X, e estamos ligando...
xiona no feminino e no plural: “será preso”, “foi solta”, − Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança,
“foram entregues”. Obs.: quando o verbo só possui um esta conversa estará sendo gravada a partir de agora.
particípio, essa forma é usada em todos os casos: “foi/ Eu gostaria de estar conferindo alguns dados antes de
tem escrito”, “é/tinha chegado”. estar continuando a conversa, pode ser?
− Bem, pode...
Quando flexionar o infinitivo? − Você trabalha em que área, na X?
De regra geral, usa-se o infinitivo flexionado quando o − Telemarketing Pró Ativo.
sujeito do verbo no infinitivo for diferente do sujeito do − Você pode estar me passando o número de matrícula
verbo da outra oração. Por exemplo: “(eu) Mencionei a na X?
intenção de (nós) vendermos a casa”. Quando o sujeito − Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação
é o mesmo, a flexão do infinitivo não é necessária. Não seja necessária.
é, porém, proibida. Por exemplo: “Deveremos reunir-nos − Então terei de estar desligando, pois não posso ter
para discutir/discutirmos os problemas da empresa” segurança de que estarei falando com uma funcionária
Nunca se flexiona o verbo principal de uma locução: “os da X.
alunos querem sair”. − Mas posso garantir...
− Além do mais, sempre sou obrigado a estar fornecen-
Verbos TER e HAVER com sentido de existir, ocorrer, do meus dados a uma legião de atendentes sempre que
e verbo FAZER com idéia de tempo decorrido tento estar falando com a X.
Sempre na terceira pessoa do singular: “teve/houve − Minha matrícula é 39452964.
dias difíceis” (e não tiveram/houveram) “terá/haverá fes- − Só um momento, estarei verificando... (Dois minutos).
tas” (e não terão/haverão), “faz 10 anos que não volto” Só mais um momento... (Cinco minutos).
(e não fazem). Obs.: o uso do ter com sentido de existir − Senhor?
não é da norma culta. − Só mais um momento, por favor, nossos sistemas es-
tão lentos hoje.
− Mas senhor...
− Pronto, Rosicleide, obrigado por haver aguardado. Em

15
que posso estar ajudando? coma nos elevadores
− Aqui é da X, estamos ligando para oferecer a promo- em caso de incêndio coma nas escadas
ção X 1382 minutos, com a qual o senhor tem direito a coma no chão da rua, coma na grama, coma na cama
falar 1.300 minutos e ganha 82 minutos grátis, além de ame quem não te ama, não recuse balas oferecidas por
poder enviar 372 X Torpedos totalmente grátis. O se- estranhos
nhor está interessado, Sr. Guilherme? não dê esmola aos mendigos sem dizer obrigado
− Rosicleide, vou ter que estar transferindo você para a não chupe os animais,
minha esposa, porque é ela que estará decidindo sobre não desobedeça aos seus instintos carnais
alteração de planos de telefones celulares. Por favor, não dê na primeira noite na frente dos seus avós
não desligue, pois esta ligação é muito importante para não use o nome de Deus se não for comprar
mim. não coma a mulher do amigo sem antes verificar se o
Coloco o celular em frente ao aparelho de som, deixo mesmo encontra-se neste andar.
a música “Festa no Apê” do Latino tocando no repeat e
vou para o bar tomar uma cervejinha. Exercícios

Texto 2
1) Dê exemplos de gerundismos no Texto
Sorria ____________________________________________
(Gabriel o Pensador) ____________________________________________
____________________________________________
Não coma de boca aberta, não fale de boca cheia; não ____________________________________________
beba de barriga vazia ______________________
não fale da vida alheia, não julgue sem ter certeza e não
apóie os cotovelos sobre a mesa 2) Sem entrar na última parte da música, encontra-
não pare no acostamento, não passe pela direita, não mos apenas um verbo no imperativo afirmativo. Que
passe embaixo de escada que dá azar sentido se percebe nesse verbo e nos versos em
não cuspa no chão da rua, não cuspa pro alto, não deixe que aparece?
de dar descarga depois de usar ____________________________________________
não use o nome de Deus em vão, irmão ____________________________________________
não use remédios sem orientação. ____________________________________________
____________________________________________
*SORRIA! Você tá sendo filmado ______________________
SORRIA! Você tá sendo observado
SORRIA! Você tá sendo controlado 3) Todos os verbos no imperativo estão na:
cê tá sendo filmado! cê tá sendo filmado! (2x) a) Primeira pessoa do singular;
b) Primeira pessoa do plural;
Não coma de boca aberta, não fale de boca cheia, não c) Segunda pessoa do singular;
toque nos produtos se não for comprar d) Terceira pessoa do singular;
não pise na grama, não faça xixi na cama; não ame e) Terceira pessoa do plural.
quem não te ama; não ame quem não te ama
Não chame os elevadores em caso de incêndio 4) Podemos considerar gerundismo errôneo a frase:
não entre no elevador sem antes verificar se o mesmo “você está sendo filmado”? Por quê?
encontra-se neste andar ____________________________________________
não chupe balas oferecidas por estranhos ______________________ _____________________
não recuse um convite sem dizer obrigado ____________________________________________
não diga palavras chulas na frente dos seus avós _ __________________________________________
não fale com o motorista; apenas o necessário ________________________
não se deixe levar pelos instintos carnais
não desobedeça a seus pais 5) (UEPG) Na oração: “a passagem do cometa fizera
não dê esmola aos mendigos, não dê comida aos a vida mais bonita”. A forma verbal pode ser substi-
animais tuída, sem prejuízo do significado, por:
não dê comida aos animais, não dê esmola aos a) havia feito
mendigos b) fez
não coma de boca aberta, não fale de boca cheia, c) fazia
não dê na primeira noite, não coma a mulher do amigo. d) fizesse
e) faria
* repete
6) (UEL – 2008) Analise o período: “Antes de embre-
Não use o nome de Deus em vão, irmão nhar-se na terceira reforma ortográfica em menos
não use remédios sem orientação de um século (já houve outras em 1943 e 1971), é
não se deixe levar! (4x) preciso ao menos ter certeza de que Portugal irá se-
Coma de boca aberta, coma de boca fechada gui-la, (...).” Assinale a alternativa que substitui cor-

16
retamente a forma verbal sublinhada.
a) Existiu. Meias palavras não bastam.
b) Houveram. (meias = numeral fracionário: comporta-se como adje-
c) Existiram. tivo).
d) Haveriam.
e) Existiria. Preposição
Completam o sentido de alguma palavra, indicando pos-
7) Assinale a alternativa com uso adequado do par- se, conformidade, direção etc.
ticípio: Ligando palavras, estabelecem relação entre elas.
a) Você tem salvo os arquivos? São invariáveis.
b) A encomenda foi entregue ontem. Eis as principais preposições: A, ante, após, até com,
c) Já havíamos escrevido todo o texto. contra, de, desde, em, entre, para, per (por), sem, sob,
d) Tinha chego atrasada. sobre, trás.
e) Não têm mais solto balões?
A preposição classifica-se em:
Essencial: sempre funciona como preposição. Exem-
UNIDADE 5 plo: a, ante, de, por, com, em, etc.
Acidental: provém de outras classes morfológicas.
CLASSES DE PALAVRAS: Exemplos: consoante, segundo, mediante, etc.

ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CON- Locução Prepositiva:


Quando duas ou mais palavras funcionam com o valor
JUNÇÃO E INTERJEIÇÃO de uma única preposição, classificam-se como locução
prepositiva (por causa de, ao lado de, em virtude de,
Advérbio apesar de, etc). Exemplo: Apesar do atraso, a cerimônia
• Indicam circunstâncias, podendo ser lugar, tempo, foi elogiada por todos.
modo etc. Combinações:
• Sempre acompanham um verbo, um adjetivo ou um As preposições podem combinar-se com outras classes
outro advérbio. Nunca um substantivo. gramaticais:
• Como nunca acompanha um substantivo, não recebe do = de + artigo o;
deste as flexões, sendo, então, sempre inflexíveis. no = em + artigo o;
daqui = de + advérbio aqui;
Classificação dos advérbios:
• De dúvida: provavelmente, talvez.
• De lugar: perto, aqui, ali, lá. Conjunção
• De modo: apressadamente, calmamente, dissimula- • Estabelece relação de sentidos.
damente. • Juntam duas orações ou termos coordenados.
• De tempo: cedo, tarde, antes, agora, amanhã • São invariáveis.
• De intensidade: tão, muito, bastante, pouco.
• De afirmação: sim, certamente, realmente. Classificação da Conjunção
• De negação: não, nunca, jamais. Conjunção Coordenativa:
• Aditiva: estabelece relação de soma (e, nem, mas
também etc)
• Adversativa: relação de oposição, de adversidade
(mas, porém, contudo etc)
Locução Adverbial • Alternativa: relação de alternância (ou...ou, ora...ora
É uma expressão formada de preposição mais etc)
substantivo, ligada ao verbo com função equivalente à • Conclusiva: relação de conclusão (logo, portanto etc)
do advérbio. Trata-se de um sintagma nominal. Exemplo: • Explicativa: relação de confirmação ou de justificação
(pois, porque, que etc)
Olhou-nos com desconfiança.
Numa sequência de advérbios terminados em -mente, Conjunção Subordinativa:
só o último ganha o sufixo: Falou sábia e calmamente. • Integrante: introduz oração subordinada substantiva
(que, se)
Há palavras que podem assumir tanto valor adverbial • Causal: estabelece relação de causa (porque, visto
quanto valor adjetivo, dependendo do contexto em que que etc)
ocorrem. Quando funcionam como advérbios, ficam in- • Comparativa: relação de comparação (como, assim
variáveis; como adjetivos, concordam com a palavra a como, que etc)
que se referem. Exemplos: • Condicional: relação de condição (se, caso etc)
• Conformativa: relação de conformidade, adequação
Elas estão meio atrapalhadas. (segundo, conforme etc)
(meio = advérbio). • Consecutiva: relação de consequência (que precedi-

17
do de tal, tanto, tão etc) a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu mete
• Final: relação de finalidade (a fim de que, para que, ela direto em ti. Às vezes, ela parece que vem limpona,
que etc) e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto
• Proporcional: relação de proporcionalidade (à medida na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que
que, à proporção que, quanto mais etc) diz que num pode aguentá a tranca sem pico, se cuida.
• Temporal: relação de tempo (quando, enquanto, logo Quem gosta de tu é tu mesmo. E a farinha que tu chei-
que etc) ra, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa
tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro
Às vezes não é simples diferenciar as preposições Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que
das conjunções. Adiante, na análise sintática, as está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é
discrepâncias serão mais visíveis. tu mesmo. A saúde é como a liberdade. A gente dá valor
pra ela quando já era!
(Extraído de um vídeo exibido na casa de Detenção de
Interjeição São Paulo)
São palavras que se aproximam aos sons emitidos
quando exprimimos sentimentos ou emoções súbitas. Texto 2
Encontram-se sempre isoladas por sinais de pontua-
ção (Excetua-se a intejeição ó, utilizada em poesias: Ó,
mundo cruel!)
São invariáveis.
As interjeições, além de outras funções, podem ser de:
alegria: ah!, oh!, oba!, Viva!;
alívio: ufa!, arre!;
chamamento: Ô!, Olá!, Ei!, E aí!, Oi!;
dor: ai!, ui!;
advertência: cuidado!, atenção!;
despedida: Thau!, Até!, Falou!.

Se a emoção é expressa por um grupo de palavras, es-


tas recebem o nome de LOCUÇÃO INTERJETIVA: Cruz
credo! Puxa vida! Se Deus quiser! Minha Virgem Santís-
sima Consoladora dos Desamparados!
Última observação quanto às classes de palavras
Como foi dito na introdução deste assunto, as dez clas-
ses de palavras abrangem quase todas as palavras do
léxico. Alguns vocábulos fogem a qualquer classifica- Exercícios
ção, aparecendo, porém, como advérbios em alguns 1) Comente a linguagem utilizada pelo enunciador
autores. Eis alguns casos: Eu também quero/ Só a Érica do Texto 1. Qual foi o objetivo em usar essa lingua-
me agrada gem?
____________________________________________
Trabalhando com Textos ____________________________________________
Texto 1 ____________________________________________
____________________________________________
Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! __________________________________
Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids
é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagari- 2) Some as alternativas corretas:
nho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem (01) as duas últimas frases do Texto 1 usam da com-
pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de paração como argumentação. Ao fazer a comparação, o
primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem dotô que valor da liberdade se estende ao da saúde;
dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem “ai, (02) O uso do pronome “tu” distancia dos presidiá-
Jesus”. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma rios o autor, o que enfraquece o objetivo do texto.
da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, (04) No Texto 2, a argumentação é construída por
entendeu? pelo esperma e pelo sangue! uma afirmação, que enaltece as pessoas que usam pre-
Eu num tô te dando esse alô pra te assombrá, então servativo.
se toca! Não é porque tu ta na tranca que virou anjo. (08) Na embalagem do preservativo está escrito
Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas “Vista-se”. Trata-se de uma figura de linguagem cha-
é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra mada metonímia, que neste caso está representando a
ninguém nesse negócio de aids. Então, já viu: transá, só parte pelo todo.
de acordo com o parceiro, e de camisinha! (16) Ao ler a pergunta do anúncio, pode-se inferir
Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu to sabendo que que o uso da camisinha previne contra a AIDS.
ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escu-
ta bem, vago mestre, num qué nem sabê que, às vezes, 3) Assinale o trecho que não apresenta linguagem

18
conotativa: b) a troca do “que” pelo “se” enfraquece o poder argu-
a) “Aids é uma praga que rói até os mais fortes”. mentativo da mensagem publicitária;
b) “Quem pegá essa praga está ralado de verde e ama- c) ao permutar o “que” pelo “se”, o sentido se altera
relo”. levemente, mas não afeta o efeito argumentativo da
c) “Pegou Aids, foi pro brejo”; mensagem;
d) “cana dura deixa o cara ruim!”; d) o “que” produz um efeito persuasivo mais forte,
e) “Quem gosta de tu é tu mesmo”; pois o “se”, no caso, introduz uma oração de conteú-
do falso;
4) No primeiro parágrafo, aparecem dois advérbios e) tanto o “que” quanto o “se” estão introduzindo ora-
(um de lugar e um de tempo) que fogem à sua fun- ções substantivas com o mesmo sentido.
ção original e adquirem outras. Apresente esses ad-
vérbios e indique a função deles. 10) Assinale a frase em que o que aparece como
____________________________________________ interjeição:
______________________ _____________________ a) Tenho que sair mais cedo hoje.
____________________________________________ b) O quê!? Ainda não está pronta? Não acredito!
_ __________________________________________ c) Este é o caminho que eu sugeri a ele.
________________________ d) Venha logo que já estamos atrasados.
e) Você saiu. Por quê?
5) “Que não pedes um diálogo de amor, é claro, des-
de que impões a cláusula da meia idade”. 11.(UFG-MG) Em todas as alternativas há dois ad-
O segmento em destaque poderia ser substituído, vérbios, exceto em:
sem alteração do sentido da frase, por: a) Ele permaneceu muito calado.
a) desde que imponhas. b)Amanhã, não iremos ao cinema.
b) se bem que impões. c)O menino, ontem, cantou desafinadamente.
c) contanto que imponhas. d)Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo
d) contanto imponhas. e) Ela falou calma e sabiamente.
e) porquanto impões.
12. (UFC-CE- adapt.) A opção em que há um advér-
6) Explique a repetição da conjunção nem (1º pará- bio exprimindo circunstância de tempo é:
grafo) e (3º parágrafo). a) Possivelmente viajarei para São Paulo.
____________________________________________ b)Maria tinha aproximadamente quinze anos.
______________________ c)As tarefas foram executadas concomitantemente.
____________________________________________ d)Os resultados chegaram demasiadamente atrasa-
______________________ dos.
e)Jamais trabalharei nessa empresa.
7) Some as alternativas corretas:
(01) A palavra “alô” é originalmente interjeição, mas 13.(Unicamp) “De todas as garotas da classe,
na frase aparece como um substantivo. Pode-se com- Paula foi a que mais me impressionou. Gostaria
provar esse fato pela presença do artigo “um”, pois só de ter ido a sua festa com ela. Eu a convidei, mas
os substantivos podem vir acompanhados de artigo. ela não aceitou. ”As palavras destacadas são res-
(02) Em “Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô!”, pectivamente:
poderíamos acrescentar a conjunção “mas” logo após a a) pronome oblíquo – artigo – preposição.
vírgula, sem alterar o sentido do texto. b) pronome demonstrativo – preposição – pronome
(04) Se o texto fosse uma reportagem sobre a Aids, oblíquo.
as interjeições não apareceriam, pois elas são típicas c) pronome oblíquo – preposição – pronome oblíquo.
da linguagem oral e não são usadas em textos científi- d) pronome demonstrativo – preposição – artigo.
cos. e) preposição – artigo – pronome demonstrativo.
(08) Em “Deixa o corpo sem defesa contra a doen-
ça”, há as preposições “sem” e “contra”. A primeira indi- 14. (Fuvest-SP) Ao ligar dois termos de uma oora-
ca oposição, e a segunda, ausência. ção, a preposição pode expressar, entre ooutros
aspectos, uma relação temporal, espacial oou no-
8) Além de “alô”, no primeiro parágrafo existe outra cional. Nos versos:
interjeição. Qual?
________________________________ “Amor total e falho... Puro e impuro...Amor de velho
adolescente...”
9) (Anglo − 2004) “Comprove que Dove é realmente
tudo o que dizem. Faça o teste Dove dos 5 dias.” A preposição “de” estabelece uma relação nocional.
Suponha esta outra redação para o anúncio: “Com- Essa mesma relação ocorre em:
prove se Dove é realmente tudo o que dizem”. Con- a)”este fundo de hotel é um fim de mundo”.
frontando os dois textos, é correto afirmar: b)”A quem sonha de dia e sonha de noite, sabendo
a) a troca do “que” pelo “se” não altera em nada o sen- todo sonho vão”.
tido do texto; c)”Depois fui pirata mouro, flagelo da Tripolitânia”

19
d)”Chegarei de madrugada, quando cantar a seriema”. Frase, Oração e Período
e)”Só os roçados da morte compensam aqui cultivar”. Frase
Chamamos frase a cada uma das unidades da fala que
15. (FGV-SP) “Foi um técnico de sucesso, mas nun- expressam uma ideia, uma emoção, uma ordem, um
ca conseguiu uma reputação no campo à altura de apelo, enfim, um enunciado de sentido completo que
sua reputação de vestiário”. estabelece comunicação, podendo apresentar verbo ou
não. Ex.: “Bom dia!”, “No fundo do mato-virgem nasceu
Começando a frase por “Nunca conseguiu uma reputa- Macunaíma, herói de nossa gente”.
ção no campo à altura de sua reputação de “vestiário.”
Para manter a mesma relação lógica expressa na frase
inicialmente deve-se continuar com: Oração
a) Enquanto foi... Sempre que a frase, ou membro da frase, apresentar
b) Na medida em que era. verbo (ou locução verbal) teremos uma oração. Não po-
c) Ainda que tenha sido. demos ter dois verbos (ou duas locuções verbais) numa
d) Desde que fosse. única oração, pois cada verbo (ou locução verbal) é
e) Porquanto era. uma oração. Ex.:
“Fogo!” – é uma frase e não é uma oração.
16. (Mack-SP) No período “Minha mãe hesitou um “O homem pediu fogo”. – é uma frase constituída de
pouco, mas acabou cedendo, depois que o padre uma oração.
Cabral, tendo consultado o bispo, voltou a dizer-lhe “É necessário que você acenda o fogo”. – é uma frase
que sim, que poderia ser.” constituída de duas orações.
A expressão depois que, morfologicamente, é”
Locução verbal
Advérbio de tempo. Período
Locução conjuntiva Chamamos período à frase constituída de uma ou mais
Advérbio de modo orações, formando um todo, com sentido completo. O
Explicativo. período pode ser simples ou composto.
O período simples é constituído por apenas uma ora-
17. (PUC-SP) “...ouviram-se amplos bocejos, fortes ção: “O galo cantou.”.
como o marulhar das ondas...”, a partícula como ex- O período composto é constituído por duas ou mais ora-
pressa uma ideia de: ções: “O galo cantou quando o leiteiro chegou.”.
a) causa
b)explicação A oração apresenta, em geral, dois elementos essen-
c)conclusão ciais: sujeito e predicado:
d)proporção
e) comparação
Sujeito
18. (Unimep-SP) “Havendo tempo, irei à sua casa”. É o tema do que se vai falar; o ser de quem se declara
Comece com: Irei à sua casa, ... algo, ou quem pratica a ação determinada pelo verbo no
a) se houvesse período. O verbo concorda com o sujeito em número e
b) embora haja pessoa. Exemplo:
c) exceto se houver “Eu tinha onze anos”.
d) desde que houvesse (sujeito) (predicado)
e) caso haja Tipos de Sujeito
Sujeito Simples: apresenta um único núcleo, isto é, um
único vocábulo diretamente relacionado com o verbo.
Ex.: “A menina sorriu”; “O amar faz bem”; “Os dois cho-
UNIDADE 6 raram”.

Sujeito Composto: apresenta mais de um núcleo. Ex.:


PERÍODO SIMPLES: “Romeu e Julieta morreram do mal de amor”; “Os mo-
rangos e as uvas estavam deliciosos”; “Ela e eu somos
SUJEITO E PREDICADO muito parecidos”.

Sintaxe Sujeito Oculto, Elíptico ou Desinencial: quando o nú-


O estudo das classes de palavras buscou apresentar cleo do sujeito está implícito, mas pode ser reconhecido
qual a característica intrínseca de cada termo, incluindo- pela desinência verbal ou pelo contexto. Ex.: “Abolimos
-o em um grupo. Agora, passaremos a estudar a sintaxe todas as regras” (nós); “Vivi naquela cidade por muito
(lê-se “sintásse”), ou seja, veremos qual a relação das tempo” (eu).
palavras em um conjunto e a função que elas exercem.
Sujeito Indeterminado: como o próprio nome já diz, ocor-
re quando não é possível determinar a quem se refere o

20
predicado. Isso pode aparecer em duas situações: Antônimos: são palavras de significados opostos:
com o verbo na terceira pessoa do plural, desde que o ocidental, oriental; ou grosso, fino; ou preto, branco.
sujeito não tenha sido identificado anteriormente. Ex.:
“Desviaram muitos recursos da assistência social”; Imagine um texto assim: “O Brasil é muito grande e por
com o verbo na terceira pessoa do singular, acompa- isso a população do Brasil é muito grande. O Brasil já foi
nhado do pronome SE, desde que o verbo não tenha colônia de Portugal, mas hoje o Brasil é independente
objeto direto. Ex.: “Come-se bem aqui”; “Precisa-se de de Portugal”. Em vez de repetir, poderíamos usar sinôni-
homens criativos”. mos, como país, nação, pátria, ou termos que se refiram
ao Brasil, como aqui. Vejamos outro recurso:
Oração sem Sujeito: a oração toda é um predicado, for- Hipônimo: termo mais específico.
mado por um verbo impessoal. Ocorre com: Hiperônimo: termo mais abrangente.
verbos que indicam fenômenos da natureza. Ex.: “Cho-
veu muito neste verão”; “Amanheceu”; Como exemplo, veja uma lista de termos que vai do
os verbos SER, ESTAR, FAZER e HAVER usados para mais específico ao mais abrangente: “Londrina – Para-
indicar fenômenos meteorológicos ou relativos ao tem- ná – Brasil – América – Terra – Sistema Solar”. Pode-
po em geral. Ex.: “Faz frio nas serras da região Sul”; “Há mos dizer que Londrina é hipônimo de todos os outros
muitos anos esperamos mudanças significativas”; “São vocábulos, assim como Sistema Solar é hiperônimo de
três horas, preciso partir”; “Está tarde”; todos os outros, e, ainda, que Brasil é hipônimo de Amé-
o verbo haver no sentido de existir, acontecer. Ex.: “Ha- rica e hiperônimo de Paraná. Em um texto, podemos
via pouca gente no parque público”; “Houve poucas ma- notar que geralmente aparece primeiro o hipônimo (es-
trículas para o vestibular deste ano”. pecífico), que vai se abrangendo ao decorrer do texto,
com hiperônimos. Exemplo: “O Danilo, do Palmeiras,
No estudo de verbos, vimos que o verbo haver com sen- levou cartão vermelho em um jogo por tomar atitudes
tido de existir não se flexiona em número nem pessoa. racistas. O palmeirense se defendeu dizendo que havia
Isso acontece por este motivo: ele é impessoal, não sido insultando antes pelo adversário. O árbitro, contu-
possui sujeito. O complemento é um objeto direto! do, indeferiu a súplica do jogador”. Perceba a sequência
de usos: “Danilo – palmeirense – jogador”, o primeiro é
mais específico e o último, o mais abrangente.
Predicado
É a declaração que se refere ao tema (sujeito), ou seja, Texto 1
tudo o que se atribui ao sujeito. Ex.:
A vida é curta. Um apólogo
O lavrador trabalha no campo. (Machado de Assis)

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de


Tipos de Predicado linha:
Predicado Nominal: ocorre quando o núcleo do predi- − Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda
cado é um nome. Ex: “Ele está um pouco doente hoje”. enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mun-
(núcleo = doente) do?
− Deixe-me, senhora.
Predicado Verbal: o núcleo do predicado é um verbo − Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo
significativo nestes casos: Ex: “Os políticos roubaram a que está com um ar insuportável? Repito que sim, e fa-
população outra vez”. (núcleo = roubaram) larei sempre que me der na cabeça.
− Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é
Predicado Verbo-Nominal: há dois núcleos no predicado, agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu
sendo um verbo e um nome. Ex: “Os automóveis passa- ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se
vam rápidos”. (núcleos – passavam; rápidos) com a sua vida e deixe a dos outros.
− Mas você é orgulhosa.
Trabalhando com Textos − Decerto que sou.
− Mas por quê?
− É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
Léxico nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
Ao redigir um texto, devemos atentar para a elegância. − Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você
Geralmente a repetição, por não haver significado, tor- ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
na-se um vício de linguagem, demonstrando pobreza no − Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo
vocabulário do autor. um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
Por isso, é importante ter um léxico (vocabulário) amplo, − Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
para utilizarmos dos recursos de retomada de um termo adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo
já dito. Podemos utilizar: ao que eu faço e mando...
Sinônimos: são palavras com significados parecidos: − Também os batedores vão adiante do imperador.
calmo, tranquilo, sereno, sossegado; ou idoso, velho, − Você é imperador?
ancião. − Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel

21
subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, pedra e tojo, somos beirões, não nos chamem ratinhos,
vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que pren- que é ofensa. Dizem os do sul, São ratinhos, são ratos,
do, ligo, ajunto... vem aqui para roer o nosso pão. Dizem os do norte, Te-
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da mos fome. Dizem os do sul, Também nós, mas não que-
baronesa. Não sei se disse que isto se passava em remos sujeitar-nos a esta miséria, se aceitarem traba-
casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de lhar por esse jornal, ficamos nós sem ganhar. Dizem os
si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pe- do norte, A culpa é vossa, não sejais soberbos, aceitai o
gou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a que o patrão oferece, antes menos que coisa nenhuma,
linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam an- e haverá trabalho para todos, porque sois poucos e nós
dando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor vimos ajudar. Dizem os do sul, É um engano, querem
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como enganar-nos a todos, nós não temos que consentir nes-
os galgos de Diana − para dar a isto uma cor poética. E te salário, juntem-se, a nós e o patrão terá de pagar me-
dizia a agulha: lhor jorna a toda a gente. Dizem os do norte, Cada um
− Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há sabe de si e Deus de todos, não queremos alianças, vie-
pouco? Não repara que esta distinta costureira só se mos de longe, não podemos ficar aqui em guerras com
importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, o patrão, queremos trabalhar. Dizem os do sul, Aqui não
unidinha a eles, furando abaixo e acima. trabalham. Dizem os do norte, Trabalhamos. Dizem os
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto do sul, Esta terra é nossa. Dizem os do norte, Mas não
pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ati- a querem fabricar. Dizem os do sul, Por este salário,
va como quem sabe o que faz, e não está para ouvir não. Dizem os do norte, Nós aceitamos o salário. Diz o
palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava feitor, Pronto, temos conversado, arredem lá para trás e
resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo deixem os homens pegar ao trabalho. Dizem os do sul,
silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que Não enregam. Diz o feitor, Enregam, que mando eu, ou
o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a chamo a guarda. Dizem os do sul, Antes que a guarda
costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; conti- chegue, correrá aqui sangue. Diz o feitor, Se a guarda
nuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou vier, ainda mais sangue correrá, depois não se queixem.
a obra, e ficou esperando o baile. Dizem os do sul, Irmãos, deem ouvidos ao que dizemos,
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costu- juntem-se a nós, por alma de quem lá tem. Dizem os do
reira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espe- norte, Já foi dito, queremos trabalhar.
tada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E Então o primeiro do norte avançou para o trigo com a
quando compunha o vestido da bela dama, e puxava foice, e o primeiro do sul deitou-lhe a mão ao braço,
a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, empurraram-se sem agilidade, rijos, rudes, brutos, fome
abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agu- contra fome, miséria sobre miséria, pão que tanto nos
lha, perguntou-lhe: custa. Veio a guarda e separou a briga, bateu para um
− Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo lado só, empurrou à sabrada os do sul, amalhou-os
da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? como animais.
Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, en-
quanto você volta para a caixinha da costureira, antes
de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Exercícios
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete,
de cabeça grande e não menor experiência, murmurou 1. Retire de cada um dos textos duas orações e se-
à pobre agulha: pare o sujeito e predicado de cada uma delas. De-
− Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para pois, classifique os sujeitos das orações.
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na ____________________________________________
caixinha de costura. Faze como eu, que não abro cami- ____________________________________________
nho para ninguém. Onde me espetam, fico. ___________________________________________
Contei esta história a um professor de melancolia, que ____________________________________________
me disse, abanando a cabeça: − Também eu tenho ser- ____________________________________________
vido de agulha a muita linha ordinária! ____________________________________________

Texto 2
2. Leia esse trecho: “Estão agora dois grupos de tra-
balhadores frente a frente”. Como podemos classifi-
Levantado do chão (fragmento) car o sujeito da oração, retirada do Texto 2?
(José Saramago) ____________________________________________
____________________________________________
Estão agora dois grupos de trabalhadores frente a fren- ___________________________________________
te, dez passos cortados os separam. Dizem os do norte, ____________________________________________
Há leis, fomos contratados e queremos trabalhar. ____________________________________________
Dizem os do sul, Sujeitam-se a ganhar menos, vem aqui ____________________________________________
fazer-nos mal, voltem para a vossa terra, ratinhos. Di-
zem os do norte, Na nossa terra não há trabalho, tudo é

22
3. No Texto 1, encontramos alguns objetos que pos- b) Embora com atraso, haviam chegado.
suem características tipicamente humanas. Qual é c) Existem flores devorando insetos.
a figura de linguagem que concede características d) Alguns de nós ainda tinham esperança de encontra-
humanas a animais ou objetos? -lo.
a) Prosopopeia; e) Há de haver recursos desta sentença.
b) Pleonasmo;
c) Comparação; 10. Leia este texto.
d) Ironia;
e) Hipérbole.

4. Também no texto de Machado de Assis, encontra-


mos “plic-plic plic-plic”, o qual também é uma figura
de linguagem, que, por meio de palavras, tenta imi-
tar os sons da natureza. Essa figura é:
a) Metonímia;
b) Onomatopéia;
c) Hipérbole;
d) Aliteração;
e) Elipse.

5. Identifique e classifique o sujeito dos verbos des-


tacados nestes trechos abaixo:
a) “Veio a noite do baile”.
b) “A linha não respondia nada”.
c) “Sujeitam-se a ganhar menos”. Disponível em: http://fisofolando.blogspot.com
d) “Então o primeiro do norte avançou para o trigo com Acesso em 04 jan. 2015
a foice”.
e) “Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano a) Considerando a resposta do menino, observa-se que
adiante [...]”. a palavra “sujeito” ganhou outro sentido. Qual é ele?
f) “Estavam mandando ajuda, mas os presentes não ____________________________________________
sabiam”. ____________________________________________
____________________________________________
6. Sobre a frase “Anda, aprende, tola”, é correto afir- ____________________________________________
mar que: ____________________________________________
a) todas as palavras explícitas da primeira oração per- ____________________________________________
tencem ao predicado.
b) as duas orações não possuem sujeito. b) Qual é a resposta esperada pela professora?
c) o sujeito é tola para os dois verbos. ____________________________________________
d) as duas orações possuem sujeito indeterminado. ____________________________________________
e) “anda” é o sujeito de “aprende“. ____________________________________________
____________________________________________
7. (UNIRIO) Assinale a frase cujo sujeito se classifi- ____________________________________________
ca do mesmo modo que o da frase “Faz muito calor ___________________________________________
no Rio o ano inteiro”.
a) Devia haver mais interesse pela boa formação pro- c) A frase dita pela professora é um período simples
fissional. ou composto? Explique.
b) Falaram muito mal dos estimuladores de conflitos. ________________________________________
c) Vive-se bem no clima de montanha. ________________________________________
d) Almejamos dias melhores. ________________________________________
e) Haviam chegado cedo todos a candidatos. ________________________________________
________________________________________
8. Destaque e classifique todos os sujeitos presen- ________________________________________
tes em cada um dos seguintes períodos:
a) “Decerto que sou”.
b) “Dizem os do norte, A culpa é vossa, não sejais so- 11. Podemos utilizar como sinônimos para “muca-
berbos”. ma” e “jornal”, respectivamente:
c) “A linha não respondia nada; ia andando”. a) costureira e revista;
d) “Também eu tenho servido de agulha a muita linha b) escrava e remuneração;
ordinária!”. c) donzela e salário;
d) faxineira e riqueza;
9. Assinale a alternativa que tem oração sem sujeito: e) escrava e gorjeta.
a) Existe um povo que a bandeira empresta.

23
um objeto: “Julgaram culpada a mulher”. (sujeito: inde-
terminado; objeto direto: a mulher).

UNIDADE 7 -> Complemento nominal – Assim como existem ver-


bos que exigem complemento para integrar seu senti-
do, também há nomes que possuem essa necessidade.
PERÍODO SIMPLES: TER- O Complemento nominal é o termo que completa o
sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio)
MOS INTEGRANTES e apresenta-se sempre antecedido de preposição. Ex.:
“Ele votou contrariamente aos interesses populares.”
Repare que o advérbio contrariamente pede um com-
A FORMAÇÃO DO PREDICADO plemento (contrariamente a quê?). Outro ex.: “A água é
necessária à vida”. O adjetivo necessário está comple-
Como vimos, o predicado é a informação que tado por “à vida”. Outro ex.: “Cancelaremos nossa ida
se apresenta sobre o sujeito. Todo predicado possui um à Bahia”. Aqui é o substantivo que pede complemento.
verbo o qual possui características de um dos três gru-
pos: -> Agente da passiva – é o termo que indica o ser que
1. Verbo de ligação – não indica ação. Serve mais para pratica a ação, quando o verbo está na voz passiva, mas
ligar o sujeito ao seu atributo. É possível entender a ele pode ser ocultado em alguns casos. Ex: “A janela foi
oração mesmo se ele for omitido: “Maria é bonita” → quebrada pelo moleque”; “Todas as provas do ENEM
“Maria, bonita”. Ex.: ser, estar, permanecer, continuar, foram anuladas”. Perceba que o Agente da passiva está
parecer, ficar (como em “ficou doente”), andar (como em expresso no primeiro exemplo, mas não no segundo.
“ele anda triste ultimamente”) etc. Nunca será núcleo do
predicado. ● Como se viu, é o verbo que exige a preposição (gostar
2. Verbo transitivo – exige um complemento verbal para sempre pede a palavra “de”). Portanto, se aparecer uma
completar seu significado. A frase “Pedro pegou” pre- preposição, sem que ela seja exigida pelo verbo, o obje-
cisa ser completada, pois a ação precisa recair sobre to ainda é DIRETO, chamado de Objeto Direto Prepo-
alguém ou alguma coisa, ou seja, “Pedro pegou o livro”. sicionado. Geralmente ocorre para dar ênfase: “Jesus
Ex.: amar, comer, ter, precisar, explicar, dar etc. pegou da taça”; para evitar ambiguidade: “Ao pai o filho
3. Verbo intransitivo – tendo significação completa, não olhou”; ou quando se usa um pronome pessoal tônico
exige complemento (mas, assim como todos os outros, como complemento (veja aula 3): “enganou a mim”.
pode vir acompanhado de informações acessórias,
como lugar, tempo, modo, instrumento, companhia etc). ► Pronomes
Em “Frank anda sempre na calçada”, percebemos que Na norma culta, os pronomes átonos o, a, os e as são
o verbo andar (intransitivo) não precisa de complemen- sempre objetos diretos, e o pronome átono lhe é sempre
to para completar seu sentido, pois conseguimos com- objeto indireto: Eu o vi. (não “eu lhe vi”, pois ver é tran-
preender a oração normalmente dizendo apenas “Pedro sitivo direto. Também não pode ser “eu vi ele”, pois ele
anda”. Os acessórios sempre e na calçada não foram é pronome tônico, e exige preposição; neste caso, seria
exigidos pelo verbo, por isso não são complementos. “eu vi a ele”, um caso de obj. dir. preposicionado. Releia
a parte de pronome pessoal na aula 3). Outro exemplo:
Termos integrantes da oração “Eu lhe dei o livro”. Aqui, o verbo exige um obj. direto,
que é o livro (o é artigo, não pronome!), e um obj. indi-
De acordo com o tipo de verbo, a oração pode reto, que é lhe.
apresentar termos que integrem o sentido do verbo ou
não. Além disso, os termos integrantes são diferencia- ► Isso é para mim/eu fazer
dos de acordo com a sua função. Como se viu na aula 3, os pronomes retos são sempre
sujeitos. Na frase “Isso é para eu fazer”, o eu é sujeito
-> Complementos verbais – como vimos, os verbos in- de fazer. Por isso que é inadequado à norma culta o uso
transitivos não possuem complementos. Os transitivos do mim nesse caso.
é que possuirão complementos verbais, que podem ser:
1. OBJETO DIRETO – se o verbo não exigir uma pre- trabalhando com textos
posição entre ele e seu objeto, a ligação entre eles é
direta: “Pedro ama Paula” (Objeto sem preposição). Contra-argumentação
2. OBJETO INDIRETO – aqui, o verbo exige uma pre-
posição, sendo indireta a ligação entre verbo e objeto: Como já se viu, a argumentação é uma ferra-
“Pedro gosta DE Paula” (Objeto com preposição). menta importante quando o objetivo é convencer. Esse
processo se desenrola como um julgamento de tribunal,
-> Predicativo – não completa o sentido de nenhum onde cada parte expõe seus argumentos e, ao mesmo
verbo, apenas exprime atributo a algum termo. tempo, tenta negar os argumentos alheios. Não basta
1. PREDICATIVO DO SUJEITO – atribui informações a os debatedores afirmarem, repetidamente, seus pontos
um sujeito: “A vida é curta”. (sujeito: a vida) de vista. É preciso que argumentem, não só para con-
2. PREDICATIVO DO OBJETO – atribui informações a firmar sua tese, como também para negar as teses con-

24
trárias, chamadas de contra-argumentos. tiveram com ele atrito
O modo mais simples de contra-argumentar é devido ao preço da venda.
buscar contradições nos argumentos do debatedor. O preço do ano passado
Pensamos que quem se contradiz está errado ou men- já era baixo e no entanto
tindo. Quando não se trata de um debate, mas, sim, de o coronel não quis dar
uma exposição de ideias, como uma produção de texto o novo preço ajustado.
para um vestibular, é imprescindível que o autor preve- João e seus companheiros
ja quais seriam os contra-argumentos possíveis. Assim, não gostaram da proeza:
ele pode incluir em seu texto argumentos mais fortes e se o novo preço não dava
menos questionáveis. para garantir a mesa,
aceitar preço mais baixo
TEXTO 1 já era muita fraqueza.
“Não vamos voltar atrás.
Precisamos de dinheiro.
O lobo e o cordeiro Se o coronel não quer dar mais,
(La Fontaine) vendemos nosso produto
para outro fazendeiro.”
Certo dia, um cordeiro estava bebendo água próximo a Com o coronel foram ter.
um córrego. A água jorrava entre as rochas. De repente, Mas quando comunicaram
observou que do outro lado havia um lobo que também que a outro iam vender
bebia água, mas vorazmente. o cereal que plantaram,
O lobo olhou para o cordeiro e disse: o coronel respondeu:
− Como é que você tem coragem de sujar a água que “Ainda está pra nascer
eu estou bebendo? um cabra pra fazer isso.
O cordeiro, com um ar de espanto, disse: Aquele que se atrever
− Mas eu não estou sujando a sua água, senhor lobo; pode rezar, vai morrer,
estou muito longe para que isso aconteça. vai tomar chá de sumiço”.
O lobo com ar de superioridade respondeu:
− Você agita a água, cordeiro. Ah, fiquei sabendo que
você andou falando mal de mim o ano passado, não é Exercícios
mesmo, cordeiro?
− Ano passado? Mas no ano passado eu nem tinha nas- 1. Leia as duas frases a seguir:
cido. Portanto, isso é impossível. I - “Camila andava muito triste”
O lobo, pensativo, disse: II - “Camila andava sem pressa”.
− Se não foi você, foi seu irmão. Classifique o verbo “andava” em cada uma das orações
O cordeiro: e justifique sua resposta, explicando a diferença.
− Eu não tenho irmão, senhor lobo. ____________________________________________
O lobo então esbravejou: ____________________________________________
− Se não foi você, nem seu irmão, só pode ter sido al- ____________________________________________
guém que você conhece. ____________________________________________
O lobo então agarrou o cordeiro, levou-o para o fundo ___________________
da floresta e o devorou.
MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor – ou 2. Classifique os predicados de cada período abai-
talvez – mais convincente. xo:
a) “ João e seus companheiros / não gostaram da proe-
TEXTO 2 za”.
b) “O preço do ano passado / já era baixo”.
João Boa Morte Cabra Mar- c) “O lobo com ar de superioridade respondeu”
d) “A água jorrava entre as rochas”
cado para Morrer e) “vai tomar chá de sumiço”.
(Ferreira Gullar)
3. Após reler os textos desta unidade, aponte em
Essa guerra do Nordeste quais alternativas há Verbo Transitivo:
não mata quem é doutor. a) “do outro lado havia um lobo”.
Não mata dono de engenho, b) “vira logo senador”.
só mata cabra da peste, c) “A razão do mais forte é sempre a melhor – ou talvez
só mata o trabalhador. – mais convincente”.
O dono de engenho engorda, d) “O modo mais simples de contra-argumentar é bus-
vira logo senador. car contradições nos argumentos do debatedor”
Não faz um ano que os homens e) “vendemos nosso produto / para outro fazendeiro”
que trabalham na fazenda
do Coronel Benedito 4. Faça análise sintática dos termos sublinhados

25
conforme o modelo:
“O lobo olhou para o cordeiro”
Sujeito VTD OD preposicionado
(VTD – verbo transitivo direto; OD – Objeto direto)

a) “A água jorrava entre as rochas”


____________________________________________ Disponível em: https://www.facebook.com/zerohora/photos/a.284218
____________________________________________ 549955.33211.46452974955/10150560997139956/?type=1&theater
____________________________________________
Classifique os seguintes termos:
b) “Você agita a água” ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
________________________________________
c) “Isso é impossível”
____________________________________________ 8. Leia o fragmento a seguir e responda a alternativa
____________________________________________ correta:
____________________________________________ “Sorvete Kibon decora sua cozinha. E dá nome às la-
tas.” Os termos em destaque são respectivamente:
d) “O lobo então agarrou o cordeiro, levou-o para o a) sujeito, objeto direto, objeto indireto.
fundo da floresta” b) objeto direto, sujeito, objeto direto.
____________________________________________ c) sujeito, objeto indireto, objeto direto.
____________________________________________ d) sujeito, sujeito, objeto direto.
____________________________________________ e) objeto direto, sujeito, objeto indireto.

e) “Você andou falando mal de mim”


____________________________________________ 9. (UE-BA) Assinale a alternativa correspondente ao
____________________________________________ período onde há predicativo do sujeito:
____________________________________________ a) Como o povo anda tristonho!
b) Agradou ao chefe o novo funcionário.
f) “O dono de engenho engorda” c) Ele nos garantiu sua vinda.
____________________________________________ d) No Rio, não faltam diversões.
____________________________________________ e) O aluno ficou sabendo de sua aprovação.
____________________________________________
10. Assinale o item em que houve erro no emprego
g) “Vendemos nosso produto/ para outro fazendei- do pronome de 1ª pessoa, pois se usou a forma oblí-
ro” qua no lugar da reta:
____________________________________________ a) Vieram até mim rapidamente
____________________________________________ b) É cedo para mim dar uma resposta
____________________________________________ c) Para mim ele é o maior
d) Ela chegou antes de mim
5. Sublinhe o complemento nominal na seguinte fra- e) Se eu não chegar, vão sem mim.
se: “um cordeiro estava bebendo água próximo a
um córrego”. O complemento que você sublinhou
complementa um termo de qual classe de palavra?
____________________________________________ UNIDADE 8
____________________________________________
____________________________________________
PERÍODO SIMPLES: TER-
6. Na música “Daniel na Cova dos Leões”, da ban-
da Legião Urbana, há um verso que diz: “E o seu MOS ACESSÓRIOS
medo de ter medo de ter medo”. Essa construção,
que pode ir ao infinito, é explicável gramaticalmen- Os termos acessórios da oração, como o nome já diz,
te. Discorra sobre essa informação. tem valor de acréscimo à construção sintática. Isso não
______________________________________ quer dizer que sirvam apenas de adornos ou que sua
______________________________________ presença é dispensável, mas que não são exigidos por
_____________________________________ nenhum termo na oração. A palavra “não”, por exemplo,
_____________________________________ faz toda a diferença em uma frase, mas nenhum termo
______________________________ exige esse vocábulo para completar o sentido.

7. Leia a tirinha.

26
APOSTO 3. O adjunto adnominal pode indicar posse (Filho da
Maria). O complemento nominal nunca indica posse
É o termo da oração que se refere a um substantivo, (“Saudade de Maria”).
a um pronome ou a uma oração, para explicá-los, am-
pliá-los, resumi-los ou identificá-los. Mais comumente o
aposto é marcado por uma pausa entre o termo que se ADJUNTO ADVERBIAL
refere, mas não é regra geral.
Ex.: “Terra Vermelha, romance de D. Pellegrini, fala da É o termo que modifica a oração estando ligado
colonização de Londrina”. diretamente ao verbo, a um adjetivo, a outro advérbio
“A avenida Brasil estava intransitável”. ou sem estar ligado a nada (Mas NUNCA substantivo).
“O resto, isto é, as louças e os cristais, irá nas caixas Quando estudamos classes de palavras, vimos os
menores”. advérbios, palavras que indicam circunstâncias (Aula
“Este advogado, como representante da comunida- 5). A função do advérbio na oração é quase sempre de
de, é imprescindível”. adjunto adverbial. Os principais tipos são:
Repare que os apostos (em negrito) são referências al-
ternativas para os termos a que se referem (sublinha- Afirmação: Estou realmente preocupado.
dos). Assunto: Falaram sobre política.
Causa: Os homens morrem de fome.
Dúvida: Talvez ela volte para mim.
VOCATIVO Finalidade: Saí a passeio.
Instrumento: Cortou-se com a faca.
Termo independente que serve para chamar por al- Intensidade: Ela está muito só.
guém, para interpelar ou para invocar um ouvinte real Lugar: Estive na praia.
ou imaginário. Ex.: “Marcela, dê-me um beijo!”. Modo: Correu desesperadamente.
Negação: Não saí.
Tempo: Você chegou agora?
ADJUNTO ADNOMINAL

TRABALHANDO COM TEXTOS


É o termo da oração que modifica um substantivo,
qualquer que seja sua função sintática, qualificando-o, O ponto de vista
especificando-o, determinando-o ou indeterminando-o.
Pode ser um artigo, pronomes, adjetivos, locuções Quando se relatam dados da realidade, é equi-
adjetivas e numerais, como em: vocado pensar que isso se faz com objetividade, isto é,
neutralidade, sem interferência das ideias do autor ou
Um homem feliz narrador. Sempre que alguém vai se pronunciar, a pri-
meira subjetividade que ocorre é a escolha do que falar.
artigo substantivo adjetivo Por exemplo, um candidato à presidência da república
Adj. Adnom. Núcleo Adj. Adnom. sempre focará os problemas que ao país tem passado
sob governo de outrem, e a mesma pessoa, depois que
Ex.: “No desfile, duas garotas vestiam calças e camise- toma posse, passa a falar apenas das coisas boas do
tas brancas”. país, mesmo que na realidade quase nada tenha muda-
“Pode levar também este jornal; meu filho caçula já leu do. Lembremos as propagandas antigas de cigarro, que
o caderno de esportes”. em momento algum abordavam os malefícios da droga.
Aliás, as propagandas são as campeãs em distorcer e
► Para não confundir com predicativo, substituir o nú- enviesar a realidade.
cleo por pronome. Se o adjetivo sumir, então era adjun- Para não cair na ingenuidade e para não se
to: deixar levar pela malícia do produtor do texto, o leitor
- Ele chamou um bom goleiro. -> Ele o chamou. (um e atento deve procurar reconhecer o viés utilizado.
bom é adjunto adnominal)
- Ele considera bom o goleiro. -> Ele o considera bom. TEXTO 1
(bom é predicativo do objeto)
O Rei dos Animais
► Para não confundir com complemento nominal: (Millôr Fernandes)
1. O adjunto adnominal só se refere a substantivos, tan-
to concretos como abstratos (“Cobertura do sorvete”). O Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística,
complemento nominal refere-se a substantivos (só abs- para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos
tratos), a adjetivos e a advérbios (“Vontade de sorvete”) tinham mudado muito, as condições do progresso alte-
2. O adjunto adnominal pratica a ação expressa pelo rado a psicologia e os métodos de combate das feras,
nome a que se refere (“Amor dos pais”). as relações de respeito entre os animais já não eram
O complemento nominal recebe a ação expressa pelo as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que
nome a que se refere (“Amor aos pais”). restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua reale-

27
za. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos
humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da das reservas sentem-se no direito de aumentar ou dimi-
boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o nuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso
deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e pergun- patrimônio da Humanidade.
tou: “Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?” Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos
O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma
salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser
alto galho da mais alta árvore da floresta: “Claro que é queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
você, Leão, claro que é você!”. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao provocado pelas decisões arbitrárias dos especulado-
papagaio: “Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu res globais. Não podemos deixar que as reservas finan-
conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?” E como ceiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da
aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas especulação.
apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: “Currupaco... Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a inter-
não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?”. nacionalização de todos os grandes museus do mundo.
Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada
em busca de novas afirmações de sua personalidade. museu do mundo é guardião das mais belas peças pro-
Encontrou a coruja e perguntou: “Coruja, não sou eu o duzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse
maioral da mata?” “Sim, és tu”, disse a coruja. Mas dis- patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazô-
se de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme nico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um
no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. “Tigre, proprietário ou de um país. Não faz muito, um milioná-
- disse em voz de estentor - eu sou o rei da floresta. Cer- rio japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um
to?” O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter
sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, sido internacionalizado.
rugindo contrafeito: “Sim”. E rugiu ainda mais mal-hu- Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Na-
morado e já arrependido, quando o leão se afastou. ções Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns
Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão presidentes de países tiveram dificuldades em compa-
encontrou o elefante. Perguntou: “Elefante, quem man- recer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por
da na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações
República, dono e senhor de árvores e de seres, den- Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Ma-
tro da mata?” O elefante pegou-o pela tromba, deu três nhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim
voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro,
árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifi-
chão, tonto e ensanguentado, levantou-se lambendo ca, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo
uma das patas, e murmurou: “Que diabo, só porque não inteiro.
sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado”. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo
risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacio-
TEXTO 2 nalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até
porque eles já demonstraram que são capazes de usar
A Internacionalização do Mundo essas armas, provocando uma destruição milhares de
(Cristovam Buarque – publicado no Globo em 2000) vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas
nas florestas do Brasil.
Durante debate em uma Universidade, nos Estados Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência
Unidos, fui questionado sobre o que pensava da inter- dos EUA tem defendido a ideia de internacionalizar as
nacionalização da Amazônia. O jovem americano intro- reservas florestais do mundo em troca da dívida. Co-
duziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de mecemos usando essa dívida para garantir que cada
um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. In-
que um debatedor determinou a ótica humanista como ternacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas,
o ponto de partida para uma resposta minha. não importando o país onde nasceram, como patrimô-
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra nio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais
a internacionalização da Amazônia. Por mais que nos- do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes trata-
sos governos não tenham o devido cuidado com esse rem as crianças pobres do mundo como um patrimônio
patrimônio, ele é nosso. da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da de- quando deveriam estudar; que morram quando deve-
gradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imagi- riam viver.
nar a sua internacionalização, como também de tudo o Como humanista, aceito defender a internacionaliza-
mais que tem importância para a Humanidade. ção do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como
Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só
internacionalizada, internacionalizemos também as re- nossa.
servas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão
importante para o bem-estar da humanidade quanto a TEXTO 3

28
5. (UEL – 2007) Em “Ó mar salgado, quanto do teu
sal / São lágrimas de Portugal”. A expressão Ó mar
salgado classifica-se, sintaticamente, como:
a) Sujeito, pois expressa o ser de quem se diz algo.
b) Objeto, pois completa o sentido do verbo transitivo
direto.
c) Vocativo, pois expressa o ser a quem se dirige a men-
sagem do narrador.
d) Complemento nominal, pois completa a idéia expres-
Jornal de Londrina, 08 de dezembro de 2001. sa por um nome.
e) Aposto, pois explica e identifica o termo a que se re-
fere o narrador.
EXERCÍCIOS
6. (FGV) Leia atentamente: “Vi o acidente da esta-
1. Retire dos textos 1 e 2 três termos acessórios e ção.” Na frase ao lado, a expressão sublinhada é
classifique-os. ambígua, pois pode ser interpretada como:
____________________________________________ a) objeto indireto ou adjunto adnominal
____________________________________________ b) adjunto adverbial de modo ou predicativo do sujeito
____________________________________________ c) predicativo do sujeito ou predicativo do objeto direto
____________________________________________ d) adjunto adnominal ou adjunto adverbial
____________________________________________ e) adjunto adverbial de tempo ou objeto indireto
____________________________________________
7. Em uma faixa na UEL havia a seguinte frase: “Sex-
2. No segundo quadrinho da tira, a fala do senhor ta é dia de Forró Papo-Cabeça”. Essa faixa poderia
que analisa o cartum apresenta o seu ponto de vis- ter sido escrita da seguinte forma: “Sexta é dia de
ta. Classifique os termos da frase dentro do contex- Forró no Papo-Cabeça”. Comparando as duas cons-
to e explique a afirmação deste enunciado. truções, é possível concluir:
____________________________________________ a) a faixa verdadeira e a hipotética têm exatamente o
____________________________________________ mesmo sentido.
____________________________________________ b) A faixa verdadeira é mais criativa que a hipotética, ao
____________________________________________ atribuir características peculiares ao seu forró.
____________________________________________ c) a segunda faixa é enriquecida pela palavra (no), pois
____________________________________________ apenas essa construção indica o lugar onde há forró.
d) A ausência da palavra “no” na primeira faixa a torna
incompreensível.
3. Sublinhe o aposto nas orações que seguem, e e) A presença da palavra “no” na segunda faixa a torna
diga por qual motivo ele foi usado. incompreensível.
a) “Hei, você aí, macaco – quem é o rei dos ani-
mais?” 8. “as condições do progresso alterado”; “Ouvir da
____________________________________________ boca dos outros”; “sentindo o risco da degradação
____________________________________________ ambiental”; “tem defendido a ideia de internaciona-
____________________________________________ lizar”. Relendo os textos, podemos classificar os
____________________________________________ termos destacados como:
____________________ a) Complemento Nominal; Objeto Direto preposiciona-
do; Complemento Nominal; Objeto Indireto.
b) “Como humanista, aceito defender a internacio- b) Complemento Nominal; Adjunto Adnominal; Comple-
nalização do mundo” mento Nominal; Objeto Indireto.
____________________________________________ c) Complemento Nominal; Objeto Indireto; Complemen-
____________________________________________ to Nominal; Complemento Nominal.
____________________________________________ d) Complemento Nominal; Adjunto Adnominal; Comple-
____________________________________________ mento Nominal; Complemento Nominal.
_____________________ e) Objeto Indireto; Complemento Nominal; Adjunto Ad-
nominal; Objeto Indireto.
4. Qual a relação entre as ocorrências de vocativos
no texto 1 e o discurso direto? Cite vocativos do tex- 9. Observe, na frase seguinte, que o termo grifado
to. pode causar uma duplicidade de sentido.
____________________________________________
____________________________________________ Meu amigo, José, saiu rapidinho da confusão no pátio.
____________________________________________
____________________________________________ a) Por que ele tanto pode ser um aposto quanto um
______________________ vocativo?
____________________________________________

29
____________________________________________ Regência de alguns verbos:
____________________________________________
____________________________________________ Chegar/ ir – a (e não em). Ex.: Vou ao dentista./ Che-
______________________ guei a Belo Horizonte.
Namorar – É mais culto não usar preposição. Ex.: Joa-
b) Fazendo alterações necessárias, reescreva a fra- na namora Antônio.
se de modo que José seja apenas um aposto. Obedecer/desobedecer – a. Ex.: As crianças obede-
____________________________________________ cem aos pais./ O aluno desobedeceu ao professor.
____________________________________________ Simpatizar/antipatizar – com (sem pronome pessoal
____________________________________________ me, te ou se). Ex.: Simpatizo com Lúcio (e não “eu ME
____________________________________________ simpatizo”)./ Antipatizo com meu professor de História.
______________________ Preferir – a (sem advérbios de intensidade). Ex.: Prefiro
dançar a cantar. (e não “prefiro MAIS”).
c) Fazendo alterações necessárias, reescreva a fra-
se de modo que José seja apenas um vocativo. Verbos com mais de uma regência:
____________________________________________
____________________________________________ Aspirar
____________________________________________ a) no sentido de cheirar, sorver: sem preposição. Ex.:
____________________________________________ Aspirou o ar puro da manhã.
______________________ b) no sentido de almejar, pretender: preposição a. Ex.:
Esta era a vida a que aspirava.
Assistir
10. (FAAP-SP/Modificado) A expressão em destaque a) no sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer:
em “... podes partir de novo, Ó nômade formosa!” sem preposição. Ex.: O técnico assistia os jogadores
exerce a função sintática de: novatos.
a) Vocativo. b) no sentido de ver, presenciar: preposição a. Ex.: Não
b) Aposto. assistimos ao show.
c) Sujeito. c) no sentido de caber, pertencer: preposição a. Ex.: As-
d) Predicativo. siste ao homem tal direito.
e) Objeto direto. d) no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a
preposição em. Ex.: Assistiu em Maceió por muito tem-
po.
11. Assinale o termo em destaque: “Uniu-se à melhor Esquecer/lembrar
das noivas, a Igreja, e oxalá vocês se amem tanto”. a) Sem pronome me, te ou se: sem preposição. Ex.: Es-
a) aposto. queci o nome dela.
b) adjunto adnominal. b) Se usado com pronome: preposição de. Ex.: Lem-
c) adjunto adverbial. brei-me do nome de todos.
d) pleonasmo. Visar
e) vocativo. a) no sentido de mirar: sem preposição. Ex.: Disparou o
tiro visando o alvo.
b) no sentido de dar visto: sem preposição. Ex.: Visa-
ram os documentos.
UNIDADE 9 c) no sentido de ter em vista, objetivar: preposição a.
Ex.: Viso a uma situação melhor.
Informar
REGÊNCIA – CRASE no sentido de comunicar, avisar, dar informa-
ção: admite duas construções:
● objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas
REGÊNCIA VERBAL preposições de ou sobre). Ex.: Informou todos do ocorrido.
● objeto indireto de pessoa (regido pela preposição a) e
Muitos verbos exigem uma preposição entre si direto de coisa. Ex.: Informou a todos o ocorrido.
e seu complemento. Exemplo: o verbo amar não exige Custar
preposição (por isso é chamado de DIRETO): “amo do- a) no sentido de ser custoso, ser difícil: preposição a.
ces”. Já o verbo gostar pede a preposição de: “gosto DE Ex.: Custou ao aluno entender o problema.
doces”. Um verbo pode reger mais de uma preposição, b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de:
de acordo com o sentido. A regência verbal estuda se o sem preposição. Ex.: O carro custou-me todas as eco-
verbo pede preposição e qual será ela. Nomes (subs- nomias.
tantivos, adjetivos e alguns advérbios) podem também c) no sentido de ter valor de, ter o preço: sem preposi-
reger preposições, como o substantivo referência: “fiz ção. Ex.: Imóveis custam caro.
referência A ele”. Nestes casos, o estudo é chamado de
regência nominal.

30
REGÊNCIA NOMINAL Não ocorre crase:
● Antes de palavras masculinas. Ex.: Andávamos a ca-
A regência nominal padrão geralmente não di- valo. Vamos a pé. Fizemos compras a prazo. Temos fo-
fere da coloquial. Dessa forma, pode-se confiar na in- gão a gás.
tuição. Ex.: “Ele está apto a/para dirigir”. “Sou devoto ► Parece exceção o último item de ocorrência da cra-
de Nossa Senhora”. “Isso foi um desrespeito contra a se: “gol à Pelé”. Mas nesse caso há subentendia uma
sociedade”. palavra feminina.

CRASE ● Antes de verbos. Ex.: Não tenho nada a declarar. Pôs-


-se a andar. A partir de amanhã.
A palavra crase significa “fusão”. Na língua portuguesa,
crase é o nome que se dá à fusão escrita e oral de duas ● Antes da maioria dos pronomes. Ex.: Diga a ela. Veio
vogais idênticas. Essa fusão é assinalada na escrita por a mim. Pretendo falar a todos / a poucos / a alguns.
um acento grave ( ` ). ► Os poucos casos de pronomes que admitem artigo
podem ser facilmente detectados pela substituição. Es-
Ocorre crase: tou-me referindo à mesma pessoa. (ao mesmo homem).
● a (preposição) + a (artigo). Ex.: Refiro-me à nova pro- Comunique o ocorrido à Senhora Garcia. (ao Senhor
fessora. José)

Refiro-me A + A nova profes- ● Antes de expressões com palavras repetidas. Ex.:


Cara a cara. Gota a gota. Passo a passo. Frente a fren-
sora
te.
(preposição regida do (artigo)
verbo preferir)
TRABALHANDO COM TEXTOS
● a (preposição) + aquele(s), aquela(s), aquilo
Refiro-me àquela professora.
Prefiro este quadro àquele. Intertextualidade

● a (preposição) + a qual (as quais) A intertextualidade é, basicamente, um diálogo entre


A pessoa à qual devo satisfações está longe. textos. Geralmente, quando um texto de caráter científi-
Estas são as provas às quais me referi. co cita outros textos, isto é feito de maneira explícita. O
texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor
● Para verbo ir + nome de lugar, usa-se o macete: “Vou e o livro donde se extraiu a citação. Num texto literário,
a, volto da -> crase há. Vou a, volto de -> crase pra a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta
quê?” Ex.: ou romancista não indica o autor e a obra donde retira
Vou à Paraíba. – Vim da Paraíba. as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor com-
Vou à Itália. – Vim da Itália. partilhe com ele um mesmo conjunto de informações.
Vou a Recife. – Vim de Recife. Eis aí a importância de ler sempre e de possuir
Vou à Recife dos grandes poetas. – Vim da Recife dos conhecimento de mundo. Certa vez, uma revista pu-
grandes poetas. blicou uma reportagem sobre o programa nuclear bra-
► Merece destaque o comportamento das palavras sileiro, chamada “Yes, nós temos urânio!”. Eis aí uma
casa e terra nessas expressões: referência a uma música da cantora Carmem Miranda.
Cheguei a casa. – Venho de casa. Quem nunca tinha ouvido a expressão “Yes, nós temos
Cheguei à casa de meus pais. – Venho da casa dos banana!”, não entenderia corretamente a mensagem.
meus pais.
A tripulação do cargueiro desceu a terra. – A tripulação TEXTO 1
do cargueiro está em terra. (terra se opõe à noção de
“estar embarcado”) Recado ao senhor 903
A moça chegou à terra de seus pais. – A moça está na (Rubem Braga)
terra de seus pais.
Vizinho –
● Com expressões FEMININAS como adjunto adver- Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia,
bial, locução prepositiva ou conjuntiva. Ex.: Ele sai à consternado, a visita do zelador, que me mostrou a car-
tarde. À proporção que cresce, fica mais violento. Trou- ta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu
xe-a à força. Estou à toa. Saí à procura de João. Virar apartamento. Recebi depois sua própria visita pessoal
à esquerda. – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclama-
ção verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo
● Nas expressões à moda de, à maneira de (mesmo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio
se estiverem subentendidas). Ex.: Vestiu-se à moda de é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao
Elvis. Pedimos arroz à grega. Fez um gol à Pelé. seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro
tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar

31
no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. EXERCÍCIOS
Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003
se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor 1. Analise sintaticamente o primeiro verso do sone-
sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, to de Vinicius de Moraes e explique a necessidade
dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, das preposições nele presente.
1003, me limito, a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ____________________________________________
ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao ____________________________________________
alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. ____________________________________________
Todos esses números são comportados e silenciosos: ____________________________________________
apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído ______________________
e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas
nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos 2. Substitua os verbos ou nomes grifados, obede-
e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 cendo a regência do novo termo:
horas, de hoje em diante, um comportamento de manso a) “mostrou a carta em que o senhor reclamava con-
lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; tra o barulho” (opor-se)
ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, ____________________________________________
e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às ____________________________________________
8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ____________________________________________
até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. ____________________________________________
Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço ______________________
que ela só pode ser tolerável quando um número não
incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro b) “Mas que me seja permitido sonhar com outra
dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e vida” (idealizar)
prometo silêncio. ____________________________________________
... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e ____________________________________________
outro mundo, em que um homem batesse à porta do ____________________________________________
outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ____________________________________________
ouvi música em tua casa. Aqui estou.” E o outro respon- ______________________
desse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de
meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois 3. Quanto ao uso de preposições em “Entra, vizinho,
descobrimos que a vida é curta e a lua é bela.”. e come de meu pão e bebe de meu vinho”, é incor-
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem reto afirmar:
entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções a) os verbos comer e beber são transitivos diretos, isto
para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmú- é, não regem preposição.
rio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade b) o autor introduziu as preposições para aproximar o
entre os humanos, e o amor e a paz. texto à linguagem bíblica.
c) com as preposições, reforça-se a ideia de partição.
TEXTO 2 Não se come o pão inteiro, mas parte dele.
d) Os complementos dos verbos comer e beber são ob-
Soneto de Fidelidade jetos indiretos.
(Vinicius de Moraes)
4. O adjetivo “junto” pode reger três preposições
De tudo ao meu amor serei atento sem alterar o sentido. A frase “A criança preferiu
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto ficar junto com a mãe”, apresenta uma das possi-
Que mesmo em face do maior encanto bilidades. Quais são as outras duas preposições
Dele se encante mais meu pensamento. cabíveis?
____________________________________________
Quero vivê-lo em cada vão momento ____________________________________________
E em seu louvor hei de espalhar meu canto ____________________________________________
E rir meu riso e derramar meu pranto ____________________________________________
Ao seu pesar ou seu contentamento ____________________________________________
____________________________________________
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 5. “Quem vier à minha casa (perdão; ao meu nú-
Quem sabe a solidão, fim de quem ama mero)”. Nesta passagem, o próprio texto apresenta
uma prova concreta que justifica a crase no a grifa-
Eu possa me dizer do amor (que tive): do. Comprove.
Que não seja imortal, posto que é chama ____________________________________________
Mas que seja infinito enquanto dure. ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
______________________

32
UNIDADE 10
6. (UEL – 2007) De acordo com a norma culta, em
relação a “Cheguei na beira do porto”, é correto afir-
mar que se trata de uma utilização: PONTUAÇÃO
a) Adequada, pois o verbo chegar é regido pela prepo-
sição em. Dizemos que os termos de uma oração estão em
b) Inadequada, pois o verbo chegar é regido pela pre- ordem direta quando eles se dispõem na seguinte pro-
posição a. gressão:
c) Inadequada, pois o verbo chegar é regido pela pre-
posição para. Sujeito  verbo  complemento do verbo  adjunto
d) Específica de uma figura de linguagem nomeada adverbial
anacoluto.
e) Compatível com os registros dos grandes escritores Eles Visita- o salão ontem.
nacionais.
ram
7. Assinale a opção incorreta com relação ao empre- Sujeito Verbo complemento adjunto
go do acento indicativo de crase: do verbo adverbial
a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos
privilegiada. Dizemos que há ordem indireta ou inversa sempre
b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual- que a progressão acima for alterada. Veja:
quer população carente.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à en- Ontem, eles visitaram o salão.
trevista. Eles, ontem, visitaram o salão.
d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade
sertaneja. Como se pode ver pelos exemplos acima, nem
e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade. sempre os termos da oração ocorrem dispostos em or-
dem direta. Pode haver inversões ou intercalações de
8. (UF-RS) Entregue a carta ..... homem ..... que você termos que ficam ocultos na cadeia da frase.
se referiu ..... tempos. Na linguagem escrita, esses fenômenos são co-
a) aquele - à - á d) àquele - à - à mumente marcados por vírgulas.
b) àquele - à - há e) àquele - a - há É enganoso pensar que toda a pausa na língua
c) aquele - a - a oral corresponde a uma vírgula na escrita. A língua oral
é mais livre de convenções e mais sujeita à individuali-
9. (CESCEM – adaptada) Coloque corretamente o dade do falante; e a língua escrita é mais conservadora
“a” ou o “à” nas lacunas abaixo. e mais apegada a usos adquiridos ao longo de uma tra-
Sentou-se ___ máquina e pôs-se ___ reescrever uma dição.
___ uma as páginas do relatório.
USO DA VÍRGULA ENTRE OS TERMOS DA ORAÇÃO
10. O uso correto da crase pode ser visto na seguin-
te frase: Casos em que não se usa a vírgula
a) Maria gosta de andar à cavalo.
b) O suspeito não estava disposto à colaborar com as 1. Entre sujeito e predicado (o mesmo vale se o su-
investigações. jeito for uma oração). Ex.: “Todos os componentes da
c) Os dois times estavam frente à frente novamente mesa recusaram a proposta”.
para disputar o prêmio.
d) Os estudantes foram à São Paulo para assistir ao 2. Entre o verbo e seus complementos (o mesmo
show. para orações servindo de complemento). Ex.: “O traba-
e) Nenhuma frase aplica corretamente a crase. lho custou sacrifício aos realizadores”.

11) Analisando as sentenças: Obs.: A oração subordinada substantiva apositiva é ex-


I) A vista disso, devemos tomar sérias medidas. ceção, pois vem entre vírgulas ou depois de dois-pon-
II) Não fale tal coisas as outras. tos.
III) Dia a dia a empresa foi crescendo.
IV) Não digo aquilo que me disse. Casos em que se usa a vírgula
Deduzimos que:
a) apenas a sentença III não tem crase. 1. Para marcar intercalação:
b) as sentenças III e IV não tem crase. do adjunto adverbial. Ex.: “Ele, com razão, sustenta
c) todas as sentenças têm crase. opinião contrária”.
d) nenhuma sentença tem crase. da conjunção. Ex.: “Não há, portanto, nenhum risco no
e) apenas a sentença IV não tem crase. negócio”.
expressões explicativas ou corretivas. Ex.: “Todos se
omitiram, isto é, colaboraram com os adversários”.

33
2. Para marcar inversão: Obs.: Em geral, o ponto e vírgula pode ser substituído
do adjunto adverbial (no início da oração). Ex.: “Por pelo ponto. Também é usado para substituir tópicos.
cautela, deixamos um depósito”. Quando o adjunto ad-
verbial é composto por apenas uma palavra, a vírgula é Dois-pontos
dispensável.
A função básica dos dois-pontos é indicar que
3. Para separar: tudo o que vem à sua direita serve para detalhar ou ex-
termos coordenados (em enumeração). plicar melhor o que ficou à esquerda. Dentro desse prin-
Ex.: “O livro estava sujo, rasgado, imprestável”. cípio, são usados:

4. Para marcar elipse ou apagamento do verbo: ● Para introduzir uma citação alheia. Ex.: “Disse ele: —
“Nós trabalhamos com fatos; vocês, com hipóteses”. Não quero!”
● Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou
5. Para isolar: expressão anterior. Ex.: “Crise em Angola: guerrilheiros
o vocativo. Ex.: “Não demores, meu filho”. do MPLA não aceitam o resultado das eleições”.
o aposto. Ex.: “Carlos, nosso inimigo, fugiu”.
Reticências
USO DA VÍRGULA ENTRE AS ORAÇÕES DO PERÍO- As reticências servem, basicamente, para indi-
DO car interrupções ou quebras no interior de uma frase.
São várias as razões pelas quais ocorre essa ruptura:
1. Subordinadas Adjetivas. Na Unidade 13, veremos a
importância das vírgulas ao distinguir os subtipos deste ● Para deixar que o leitor complete na sua imaginação
tipo de oração. aquilo que está, de certa forma, implícito no enunciado.
Ex.: “— Você quer, Bentinho? — Mamãe querendo...”
2. Subordinadas Adverbiais. Sempre é corre- ● Para indicar hesitação, surpresa, gagueira etc. da
to o uso da vírgula entre as subordinadas adver- pessoa que fala; “Mãe... é que... eu quebrei.”
biais e a oração principal. Quando a oração adver-
bial vem depois da principal, a vírgula é facultativa. Aspas
Ex.: Se você vier aqui, vai ganhar um doce. As aspas assumem a função básica de isolar
qualquer parte do texto que seja alheia ao autor que o
3. Orações Coordenadas escreve. Dentro desse princípio, usam-se as aspas:
A s s i n d é t i c a s .
Separam-se por vírgula. ● Para indicar citações textuais de outra autoria. “Se-
Ex.: “Leu o papel, jogou-o, fugiu logo”. gundo Silva, ‘o Brasil é um grande país.’”.
● Para indicar estrangeirismos, gírias, arcaísmos, for-
Sindéticas. Separam-se por vírgula, exceto as aditivas mas populares. Ex.: “Rejeitou tio Cosme; era um ‘boa-
iniciadas por e. Ex.: “Penso, logo existo”. -vida’; se não aprovava...”
Obs.: As coordenadas sindéticas introduzidas pela con- ● Para enfatizar palavras ou expressões. Ex.: “Ela nun-
junção e pode separar-se por vírgula se os sujeitos das ca tinha visto aquela ‘coisa’”.
orações interligadas forem diferentes (Ex.: “Eles fizeram ● Para ironizar. Ex.: “Um desses ‘oficiais’ era o Capitão
errado, e nós levamos bronca”) ou se o e vier repetido Virgulino Ferreira, o Lampião”.
várias vezes (Ex.: “E falou, e pediu, e insistiu”).

4. Orações Intercaladas. Separam-se por vírgulas. Ex.: Travessão


“Não posso, dizia ele, dizer nada”. Esse tipo de oração ● Para marcar mudança de interlocutor nos diálogos.
pode vir isolada por duplo travesão ou parênteses. Ex.: “— Será este ano, replicou José Dias. — Daqui a
três meses. — Ou seis”.
USO DE OUTROS SINAIS DE PONTUAÇÃO ● Para isolar explicações, informações a mais. Ex.: “O
xale — aquele horroroso — era a relíquia da família”.
Ponto e vírgula
Parênteses
● Para separar orações coordenadas de certa extensão ou Os parênteses são usados para isolar informa-
que mantêm alguma simetria entre si, ou quando se quer ções que não se encaixam na sequência lógica do enun-
estabelecer uma marcação mais forte do que a da vírgula. ciado. Dentro desse princípio, servem para circunscre-
Ex.: “Ontem, eram os problemas políticos; hoje, os eco- ver, num período, uma reflexão, um comentário, uma
nômicos; amanhã, o que será?”. explicação paralela inserida no enunciado para marcar
interpretações do enunciador. Ex.: “Creio que seria ca-
● Para separar orações coordenadas já marcadas por paz (talvez seja presunção) de aguentar com relativa
vírgula no seu interior. Ex.: “Eu, apressadamente, queria indiferença uma hecatombe”.
chamar socorro; o motorista, porém, mais calmo, resol-
veu o problema sozinho”.

34
EXERCÍCIOS: 6 ) Em relação aos sinais de pontuação, assinale a
alternativa que não está correta:
1)Assinale a frase em que pode ser usa- a) Bem diz o ditado: “Vento ou ventura, pouco dura.”
da a vírgula antes do conectivo E: b) “... a mim?! Que ideia!”
c) D. Pedro II imperador do Brasil foi um monarca sábio.
a) Romney busca votos na Flórida e diz que EUA são o d) A terra, o mar, o céu, tudo apregoa a glória de Deus.
‘melhor país da Terra’. e) “... Aonde? Perguntou Dona Plácida.”
b) Com o ‘boom’ imobiliário e sem mais tan¬tos terre-
nos disponíveis, as construtoras têm erguido prédios 7) Se quisermos que o trecho “Transportar uma pe-
em áreas contamina¬das de S. Paulo. dra de Curitiba a Roma uma andorinha não faz ve-
c) Mercado volta a elevar estimativa de infla¬ção e rão” fique correto, devemos:
reduz projeção do PIB a) colocar vírgula após andorinha.
d) Falha em freio causa fumaça e trem do metrô é de b) pôr vírgula depois de não.
novo esvaziado em SP c) acrescentar vírgula depois de Roma.
e) Entre os estudantes do ensino superior, 38% não d) colocar ponto e vírgula depois de uma.
dominam habilidades básicas de leitura eescrita, c) acrescentar ponto e vírgula após faz.
segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf).

2) Assinale a opção em que está corretamente 8) Tendo em vista que o uso da vírgula também se
indicada a ordem dos sinais de pontuação que relaciona a fatores de ordem sintática, corroboran-
devem preencher as lacunas da frase abaixo: do assim para uma perfeita estruturação do pensa-
mento, justifique o emprego do referido sinal me-
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas diante os enunciados subsequentes:
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teó- a) Parabéns, querido!
rica que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático ____________________________________________
que possa ter. ____________________________________________
___________________________________________
a) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula.
b) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; b) Naquela tarde, todos haviam saído.
c) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; ____________________________________________
d) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; ____________________________________________
e) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. ___________________________________________

3) Assinale o exemplo em que há emprego incorreto c) O Rio de Janeiro, que é considerada a cidade mara-
da vírgula: vilhosa, irá sediar um dos grandes eventos esportivos.
a) como está chovendo, transferi o passeio; ____________________________________________
b) não sabia, por que todos lhe viravam o rosto; ____________________________________________
c) ele, caso queira, poderá vir hoje; ___________________________________________
d) não sabia, porque não estudou;
e) o livro, comprei-o por conselho do professor.. d) Viajarei nestas férias, isto é, se houver possibilidade.
____________________________________________
4) Assinale as frases em que as vírgulas estão in- ____________________________________________
corretas: ___________________________________________
a) ora ríamos, ora chorávamos;
b) amigos sinceros, já não os tinha; e) Hoje o clima está ameno, pois choveu durante a noi-
c) a parede da casa, era branquinha branquinha; te.
d) Paulo, diga-me o que sabe a respeito do caso; ____________________________________________
e) João, o advogado, comprou, ontem, uma casa. ____________________________________________
e pouco confiável”. ___________________________________________

5) (F.E. Bauru) Assinale a alternativa em que há erro Texto 1


de pontuação:
a) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas,
alguns se atrasaram. Inteligência é manter portas abertas
b) A hora da prova era do conhecimento de todos; al- (Suzana Herculano-Houzel - Folha de S.Paulo)
guns se atrasaram, porém.  
c) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, 1 Uma das primeiras coisas que aprendemos em ciên-
pois. cia é que, para abordar um problema, é primeiro preciso
d) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se defini-lo. Encontrar as origens cerebrais da inteligência
atrasem. ou entender como ela se compara entre pessoas ou es-
e) N.D.A pécies animais diferentes, portanto, exige primeiro defi-
nir o que é inteligência.

35
2 O problema é antigo, mas ainda elusivo. O psicólogo UNIDADE 11
Francis Galton foi supostamente o primeiro a propor, no
século 19, medir a inteligência de indivíduos para es-
tudar sua hereditariedade (e usá-la para fins de euge- PERÍODO COMPOSTO POR
nia, termo, aliás, cunhado por ele). Mas uma medida
útil foi criada somente em 1904, pelo estatístico Charles COORDENAÇÃO
Spearman, e chamada de “fator g” em referência a inte-
ligência “geral”: algo que influencia o desempenho em No período composto por subordinação uma
habilidades mentais diversas. oração está subordinada à outra, ou seja, uma depende
3 Mas o que é a capacidade que o fator g mede? Por da outra, exercendo um papel sintático para a sua ora-
muito tempo me atraiu a definição abrangente de que ção principal. No período composto por coordenação,
inteligência é a capacidade de usar informações para não existe oração principal, pois uma não está contida
resolver problemas. Mas recentemente um físico e ma- na outra, elas estão simplesmente justapostas, coorde-
temático fez uma descoberta potencialmente transfor- nadas. Poderiam, inclusive, constituir frases diferentes
madora. por serem independentes entre si em relação ao senti-
4 Alex Wissner-Gross, pesquisador de Harvard e do do. Ex.:
MIT, resolveu fazer aquela coisa que físicos gostam de
fazer: buscar uma equação única que explicasse a in- O cão latiu.
teligência. E conseguiu. Sua palestra no site ted.com
explicando a descoberta pode não ser a mais impressio- Oração independente
nante ou polida – mas faz pensar, e muito. e
5 A equação geral para a inteligência, que ele trata como O cão correu.
uma força dinâmica, consiste em apenas seis letras ou
símbolos que se traduzem em uma frase simples: inte- Oração independente
ligência é a capacidade de maximizar opções futuras. Se pusermos as duas em uma só oração:
Decisões inteligentes, portanto, são aquelas que, ao
contrário de fechar portas, mantêm portas abertas para O cão latiu E correu.
outras decisões no futuro.
6 As implicações são gigantescas. Por um lado, a equa- Orações coordenadas
ção produz comportamento inteligente até mesmo nos Segundo a forma como as orações se unem,
programas mais simples. Por outro, ela prediz que podem ser divididas em sindéticas (são introduzidas
animais inteligentes são aqueles capazes de formular por conjunção) e assindéticas (não são introduzidas
mentalmente estados futuros possíveis e então decidir por conjunção).
pelo caminho que mantém mais opções abertas. Um As orações coordenadas sindéticas podem ser
hipocampo, que permite usar memórias recentes para subdivididas em cinco tipos, que geralmente vêm intro-
projetar estados futuros, talvez seja assim fundamental duzidos pelas conjunções:
para a inteligência – além do mais óbvio, algo que atue
como um córtex pré-frontal que represente objetivos e Aditivas: Ocorrem quando as orações estão simples-
selecione entre alternativas. mente em sequência, com acréscimo de outra ideia: e,
7 Se decisões inteligentes são aquelas que maximizam nem, não só... mas também, tanto... como, etc.
alternativas, para mim é inevitável pensar então no que Ex.: “Não foi à escola nem copiou a lição”.
é ciência inteligente: não aquela que resolve detalhes e
fecha portas, mas a que abre novas questões e possi- Adversativas: Exprimem contraste, oposição, compen-
bilidades. sação ou ressalva em relação à anterior: mas, porém,
todavia, contudo, entretanto, no entanto, etc.
9) No último parágrafo, os dois-pontos têm a função Ex.: “Não foi à escola, mas copiou a lição”.
de
  Alternativas: Exprimem pensamentos que se alteram
a)    contestar o conceito de ciência inteligente apresen- ou se excluem. Apresentam conjunção ou na última ora-
tado pelos físicos. ção ou nas duas orações: ou, ou... ou, ora... ora, já... já,
b)    maximizar o conceito de inteligência para resolução quer... quer, seja... seja, etc.
de detalhes. Ex.: “Ou você vai à escola ou vai copiar a lição três ve-
c)    apresentar o posicionamento da Francis Galton zes!”.
diante de sua proposta de medir a inteligência.
d)    esclarecer o conceito de inteligência, proposto por Conclusivas: A segunda exprime a conclusão de um
Alex Wissner-Gross. raciocínio: logo, portanto, por conseguinte, então, por
e)    anunciar o que a autora entende por ciência inteli- isso, pois (após o verbo), de modo que, etc.
gente. Ex.: “João foi à escola; logo, não estava doente”.

Explicativas: A segunda oração explica a declaração


contida na primeira: pois (antes do verbo), porque, por-
quanto, que (=porque), etc.

36
Ex.: “João, vá à escola que é bom estudar”. ____________________________________________
____________________________________________
A conjunção e geralmente é aditiva; no entanto, pode
assumir outros valores: “Deitei-me, e não pude adorme- d) Liguei várias vezes para você. Não atendeu.
cer.” (valor de adversativa: mas). ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIOS
e) Não pude ir à escola hoje. Jamais me encontraria lá.
1) “Eu andava satisfeito com o mundo e comigo ____________________________________________
mesmo”, o período é: ____________________________________________
a) simples; ____________________________________________
b) composto por coordenação;
c) composto por subordinação; 4) (FUVEST) Assinalar a alternativa que apresenta
d) composto por coordenação e subordinação; orações de mesma classificação que as deste pe-
e) composto de duas orações. ríodo:

2) (UEL 2012 - adaptado) “O gordo é o novo fumante Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estri-
Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto bos.
preconceito contra gordos.
De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão Parte superior do formulário
sobre saúde. Por outro, algo de podre: o nascimento de a) Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os
uma nova eugenia.” (Adaptado de: Super Interessante. bichos de Fabiano.
Editora Abril. 306.ed. jul. 2012. p.21.) b) Foi até a esquina, parou, tomou fôlego.
Analise o período “Nunca houve tanta gente acima c) Depois que acontecera aquela miséria, temia passar
do peso – nem tanto preconceito contra gordos” e ali.
assinale a alternativa correta. d) Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inven-
tavam juro.
a) A segunda oração apresenta a elipse do termo “peso”, e) Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto,
portanto a ideia expressa em relação à primeira oração mas era.
é de oposição.
b) Há um período composto no qual a segunda oração 5) Por definição, oração coordenada que seja des-
apresenta a ideia de adição em relação à primeira. provida de conectivo é denominada assindética.
c) O período apresenta uso inadequado dos elementos Observando-se os períodos seguintes:
coordenados “nunca” e “nem” presentes nas duas ora- I. Não caía um galho, não balançava uma folha.
ções. II. O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
d) Os termos “nunca” e “nem”, apesar de estarem em III. O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a pro-
orações diferentes, possuem o mesmo valor semântico va. Acabara o exame.
indicativo de tempo.
e) Para expressar valor aditivo, na segunda oração, é Nota-se que existe coordenação assindética em:
necessário o emprego da conjunção “e” junto à conjun- a) I apenas.
ção “nem”. b) II apenas.
c) III apenas.
3) Observe a relação semântica existente entre as d) nenhum deles.
orações de cada item seguinte e una-as numa úni- e) I, II e III.
ca frase. Utilize conjunções coordenativas como e,
nem, mas, porém, porque, pois, logo, portanto. 6) (FUVEST-SP) – Reescreva as orações abaixo,
a) É um bom funcionário. É um pouco distraído. substituindo em cada uma o pronome de 1ª pessoa
____________________________________________ pelo de 3ª.
______________________ _____________________ a) “... às vezes me repreendia...”
____________________________________________ b) “... porque me negara uma colher de doce...”
_ a)__________________________________________
____________________________________________
b) Pense bem. Aja moderadamente. ____________________________________________
____________________________________________
______________________ _____________________ b)__________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
_ ____________________________________________

c) Aquele aluno não estudou de forma correta. Foi re- 7) A conjunção E tem valor adversativo na frase:
provado. a) Cheguei, vi e venci.
____________________________________________ b) Arrumou as malas e despediu-se.

37
c) Deitei-me exausto e não consegui dormir. e) coordenada assindética
d) Siga o meu conselho e não se arrependerá.
e) Choveu durante toda a noite e não pudemos sair. I – ( ) “De outras ovelhas cuidarei, que não de vós.”
II – ( ) “ José entendeu os testes, portanto pode fazer
8) “Estava direito aquilo? Trabalhar como as provas.”
negro e nunca arranjar carta de alforria!” III – ( ) “Você não pode desanimar, pois, afinal de
Neste trecho temos: contas, tudo anda muito bem.”

a) uma oração coordenada sindética adversativa 12) No seguinte período: “Choveu durante a noite,
b) uma oração coordenada sindética aditiva porque as ruas estão molhadas”.
c) uma oração coordenada assindética e uma coorde- A oração destacada é:
nada aditiva a) oração subordinada adverbial consecutiva
d) uma oração coordenada e uma subordinada b) coordenada sindética explicativa
e) uma oração subordinada c) subordinada adverbial causal
d) coordenada sindética conclusiva
9) “Não quis ouvir o teu agouro. e) subordinada adverbial concessiva
Colhi todas as rosas que nasceram
Nos caminhos por onde me levaste
E as rosas não morreram.” UNIDADE 12
(Álvaro Moreyra)

Considerando-se o último verso, ele se classifica PERÍODO COMPOSTO POR


como uma oração:
a) aditiva SUBORDINAÇÃO
b) explicativa
c) conclusiva
d) alternativa ORAÇÕES SUBSTANTIVAS
e) adversativa

10) (UEL – 2013) Analise a imagem, leia o texto a se- Vimos que existem termos que se subordinam a um ver-
guir e responda às questões. bo, isto é, trabalham em função do verbo, dentro do pre-
O gordo é o novo fumante dicado. São eles: objeto direto, um objeto indireto ou um
Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto predicativo. Nas frases em que aparecem esses termos,
preconceito contra gordos. eles são constituídos por substantivos ou palavras com
De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão função de substantivo.
sobre saúde. Por outro, algo de podre: o nascimento de Veja o exemplo: “O gato comilão quer leite”. Aqui, nós
uma nova eugenia. temos o sujeito “o gato comilão” e o objeto direto “o lei-
  te”; essa análise foi sobre a função desses termos na
Analise o período “Nunca houve tanta gente acima frase (análise sintática). Contudo, sabemos também
do peso – nem tanto preconceito contra gordos” e que as palavras gato e leite são chamadas, na análise
assinale a alternativa correta. morfológica (e não na análise sintática), de substanti-
a) A segunda oração apresenta a elipse do termo “peso”, vos, uma vez que são nomes de seres. Neste caso, o
portanto a ideia expressa em relação à primeira oração substantivo do sujeito (gato) está acompanhado de um
é de oposição. artigo (o) e de um adjetivo (comilão).
b) Há um período composto no qual a segunda oração Mas e se em vez de um substantivo (e das pa-
apresenta a ideia de adição em relação à primeira. lavras que o acompanham) aparecer uma oração inteira
c) O período apresenta uso inadequado dos elementos dentro de outra? (lembramos que oração é tudo aquilo
coordenados “nunca” e “nem” presentes nas duas ora- que possui um e apenas um verbo). Veja o exemplo:
ções. “O gato quer que lhe deem leite”. Perceba que em vez
d) Os termos “nunca” e “nem”, apesar de estarem em de um substantivo ocupando a função de objeto direto,
orações diferentes, possuem o mesmo valor semântico tem-se uma oração inteira. Inclusive, pode-se até fazer
indicativo de tempo. análise sintática dela:
e) Para expressar valor aditivo, na segunda oração, é O gato quer que lhe deem leite.
necessário o emprego da conjunção “e” junto à conjun-
ção “nem”. Sujeito VTD (OD)
Que lhe deem Leite.
11) Classifique as orações em destaque de acordo
com o código abaixo: Conjunção integrante SI OI VTDI OD
a) coordenada sindética aditiva
b) coordenada sindética adversativa VTD: verbo transitivo direto
c) coordenada sindética explicativa VTDI: verbo transitivo direto e indireto
d) coordenada sindética conclusiva SI: sujeito indeterminado

38
OD: objeto direto
Tenho vontade de que me elogiem.
OI: objeto indireto Oração Oração subordinada subs-
Princi- tantiva completiva nominal
Como classificar, então, o complemento do pal
verbo “querer” neste caso? Chamaremos de oração,
já que possui um verbo (dar); chamaremos de subor- E, por fim, um caso de aposto:
dinada, já que é complemento de um verbo (querer);
chamaremos de substantiva, já que ocupa um lugar de Desejo -lhe isto: uma bolada.
substantivo; e chamaremos de objetiva direta, já que
tem função de objeto direto. Veja agora a classificação VTDI OD Aposto
das orações: OI
Desejo -lhe isto: que você leve uma bo-
O gato quer que lhe deem leite. lada.
Oração Oração subordinada substan- Oração Oração subordinada
princi- tiva objetiva direta Princi- substantiva apositiva.
pal pal
Outro caso, agora com objeto indireto:
As orações subordinadas são comuns quando
Eu gostei da festa se deseja expor um juízo de valor a respeito de algo. É
comum encontrar em dissertações e anúncios constru-
Sujeito OI ções como: “É reprovável que...”, “É importante que...”,
VTI “Sabe-se que...”, etc.
Eu gostei (de)* que você
veio
Oração principal Oração subordi- EXERCÍCIOS
nada substantiva
objetiva indireta 1) “Estou seguro de que a sabedoria dos legislado-
res saberá encontrar meios para realizar semelhan-
* É comum e lícito a preposição ser suprimida. te medida”. A oração em destaque é substantiva:
a) Objetiva indireta
O mesmo vale para sujeito: b) Completiva nominal
c) Objetiva direta
É importante amar mais d) Subjetiva
e) Apositiva
Verbo de ligação Sujeito
Predicativo do sujeito 2) (Colégio Naval) No trecho: “Todos diziam que ela
era orgulhosa, mas afinal descobri que não”, a ora-
É impor- que amemos mais
ção sublinhada se classifica como:
tante a) coordenada sindética adversativa;
Oração Oração subordinada b) principal;
principal substantiva subjetiva c) subordinada substantiva objetiva direta;
d) subordinada adverbial comparativa;
Predicativo: e) subordinada substantiva subjetiva.
Nossa esperança é sua vitória
3) Dê a função sintática da oração subordinada
Sujeito Predicativo do sujeito substantiva em destaque:
VL “Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu
não era Deus...”
Nossa esper- é que você vença
___________________________________
ança
Oração Oração subordinada Referiam-se a que não havia mais vagas.
Principal substantiva predicativa ___________________________________

Complemento nominal: Nunca duvidei de que estivessem certos.

Tenho vontade de sorvete Sou contrário a que se conceda tal regalia.


___________________________________
VTD Complemento nominal
OD Sabemos de uma coisa: que podemos esquecer sua
ajuda.

39
___________________________________
9) Assinale a alternativa cuja oração subordinada é
Acontece que meu coração ficou frio. substantiva predicativa:
___________________________________ a) Espero que você venha hoje.
b) O aluno que trabalha é bom.
4) (FCMSCSP) A palavra se é conjunção subordinativa c) Meu desejo é que te formes logo.
integrante (por introduzir oração subordinada subs- d) És tão inteligente como teu pai.
tantiva objetiva direta) em qual dedas orações se-
guintes? 10) Assim nos encontrou nesta contemplação de Zé
a) Ele se morria de ciúmes pelo patrão. Brás, com o doce aviso de que estava na mesa a
b)A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. ceiazinha.” A oração em destaque é:
c) O aluno fez-se passar por doutor. a) objetiva direta.
d) Precisa-se de pedreiros. b) objetiva indireta.
e) Não sei se o vinho está bom c) completiva nominal.
d) subjetiva.
5) “Tal era a fúria dos ventos, que as copas das e) predicativa.
árvores beijavam o chão.” Neste período, a oração
subordinada é adverbial: 11) Quatro alternativas a seguir contêm orações em
a) concessiva; destaque que desempenham a mesma função. As-
b) condicional; sinale a alternativa que contém a oração que NÃO
c) consecutiva; exerce a mesma função que as demais.
d) proporcional; a) É conveniente que você estude mais.
e) final. b) Sua mãe quer que você vá ao mercado.
c) Fazer a prova tranquilo é importante.
6) “Hoje, a dependência operacional está reduzi- d) Bastava que você telefonasse ontem.
da, uma vez que o Brasil adquiriu auto-suficiência e) Seria necessário a inflação parar de subir.
na produção de bens como papel-imprensa (...)” A
oração grifada no período acima tem valor: 12) Assinale o período em que a oração em desta-
a) condicional; que é substantiva apositiva:
b) conclusivo; a) Não me disseram onde moravas.
c) concessivo; b) A rua onde moras é muito movimentada.
d) conformativo; c) Só me interessa saber uma coisa: onde moras.
e) causal. d) Morarei onde moras.
e) n.d.a
7) Em:
“Considerei, por fim, que assim é o amor...” a ora- 13) No período “Não me parece bonito que o nosso
ção em destaque tem, em relação à oração não des- Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tar-
tacada. taruga...”
a) valor de adjetivo e função sintática de predicativo do a) subordinada substantiva objetiva indireta.
sujeito. b) subordinada substantiva objetiva direta.
b) valor de advérbio e função sintática de adjunto adver- c) subordinada substantiva subjetiva.
bial de modo. d) subordinada substantiva completiva nominal.
c) valor de substantivo e função sintática de objeto di- e) subordinada substantiva predicativa.
reto.
d) valor de substantivo e função sintática de sujeito. 14) A palavra se é conjunção subordinativa integran-
e) valor de adjetivo e função sintática de adjunto adno- te (introduzindo oração substantiva objetiva direta) em
minal. qual das frases seguintes?
a) Ela se morria de ciúmes pelo patrão.
8) Em relação ao trecho: b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
“... e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você c) O aluno fez-se passar por doutor.
me esquecesse”, as orações sublinhadas são respecti- d) Precisa-se de pedreiros.
vamente. e) Não sei se o vinho está bom.
a) subordinada substantiva objetiva direta, subordinada
substantiva objetiva direta.
b) subordinada substantiva predicativa, subordinada
substantiva objetiva direta.
c) subordinada substantiva objetiva direta, subordinada
substantiva completiva nominal.
d) subordinada substantiva objetiva direta, subordinada
substantiva objetiva indireta.
e) subordinada substantiva subjetiva, subordinada
substantiva predicativa.

40
UNIDADE 13 grupo dos homens, isto é, “apenas os homens cruéis
com animais são também cruéis com outros homens”.
● No segundo, temos uma explicação que caracteriza o
PERÍODO COMPOSTO POR grupo homem, sem exceção, isto é, “o SER HUMANO
é cruel com os animais e É cruel com outros seres hu-
SUBORDINAÇÃO: manos”.

Diferença entre que pronome relativo e que conjun-


ORAÇÕES ADJETIVAS ção integrante
A conjunção serve apenas para ligar orações, não exer-
Vimos que os substantivos podem vir acompanhados ce função sintática:
de adjetivos, que são os adjuntos adnominais. Veremos
agora que os adjuntos também podem ser substituídos Papai disse QUE ele morreu
por orações e, por isso, elas são chamadas de orações
subordinadas adjetivas. sujeito VTD --- suj. VI
oração OSSOD*
Veja o exemplo: principal
O HOMEM pensante
*Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta. Fun-
artigo ciona como objeto direto exigido pelo verbo dizer. O que
SUBSTANTIVO não exerce nenhuma função sintática.
adjetivo
Substituindo o adjetivo por uma oração inteira, temos: O pronome relativo sempre exerce uma função sintática
na oração em que está.
O HOMEM que pensa
artigo SUBSTANTIVO oração adjetiva Eu comi o bolo que você fez
sujeito VTD OD OD sujeito VTD
As orações adjetivas são introduzidas pelos pronomes oração principal or. sub. adj.
relativos. São eles: que, o qual, cujo, quem, onde e restrit.
quanto.
O verbo fazer exige um sujeito e um objeto. O sujeiro é
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas você e o objeto é que.

● Explicativas: acrescentam uma informação em rela- Função sintática dos pronomes


ção ao termo antecedente; são sempre marcadas por Os pronomes relativos exercem função sintática dentro
uma pausa anunciada; aparecem isoladas por vírgulas. da oração.
Ex.: ● O pronome CUJO funciona sempre como adjunto ad-
“João, que era bom aluno, está desempregado”. nominal, e indica posse.
“O pátio, que se desdobrava diante do copiar, era imen- Ex.: somando-se “O pai está aqui.” com “O filho do pai
so”. havia se perdido.”, substituímos o adjunto adnominal
“Perto da mesa havia uma esteira, onde as mulheres pelo pronome: “O pai cujo filho havia se perdido está
cosiam”. aqui.”
Neste caso, o cujo significa “do pai”. Observe que NUN-
● Restritivas: limitam, especificam, restringem (daí o CA se usa artigo depois do cujo (nunca: cujo o filho). O
nome) o significado do termo antecedente, introduzin- pronome concorda em gênero e número com o termo a
do uma informação essencial para a compreensão do que se liga (no caso, filho).
enunciado. Ex.: Ex.: “Encontrei o anel cuja pedra é preciosa”. “Moro na
“O homem que trabalha é útil à sociedade”. casa cujos muros são altos”.
“O livro que eu te dei é muito interessante”. Embora na norma coloquial se use mais “O
“O país cuja distribuição de renda é indecente não tem rapaz que eu esqueci o nome dele me ligou”, a norma
perspectiva de civilizar-se”. culta só admite a forma “O rapaz cujo nome esqueci me
ligou”.
A importância das vírgulas

Observe atentamente a diferença de sentido que as vír- ● Os pronomes QUE, O QUAL e QUEM (este apenas
gulas podem provocar: para pessoas) possuem como principais funções:
“O homem que é cruel para com os animais é cruel tam- Sujeito: “Amo o filho que mora comigo.”
bém com outros seres humanos.” (restritiva) “No Brasil, há muitas favelas, as quais nunca param de
“O homem, que é cruel para com os animais, é cruel crescer.”
também com outros seres humanos.” (explicativa) “Aquele é o presidente, quem cuida de tudo”
● No primeiro caso, temos uma oração que restringe o Objeto Direto: “Este é o livro que/o qual eu comprei.”

41
“Neusa é a mulher a quem nós cumprimentamos” f) Meus vizinhos cultivam árvores que dão frutos deli-
Objeto Indireto: “A afeição de que/da qual preciso é ciosos.
maior.” ____________________________________________
“Não sei de quem gosto mais” ______________________

● O pronome ONDE funciona como Adjunto Adverbial 2) (Colégio Naval) Marque a alternativa em que a
de Lugar: oração destacada NÃO se encontra corretamente
“Entraram na casa onde morei.” classificada.

a) “Parece que eu não acreditava na história” - oração


Regência e pronomes subordinada substantiva subjetiva;
b) “(...) torcíamos para ele subir mais” - oração subordi-
Perceba que a regência verbal deve ser obedecida, nada adverbial final;
mesmo se o complemento for um pronome relativo. O c) “Lembro-me (...) desse jardim que não existe mais.” -
verbo gostar, como se sabe, exige a preposição de: oração subordinada adjetiva restritiva;
“Gosto de chocolate”. Então, o de aparece também na d) “Lá fora, uma galinha cacareja, como fazia antiga-
seguinte frase: “Gentileza é a palavra de que mais gos- mente.” - oração subordinada adverbial
to.” Veja outros exemplos: comparativa;
“Aquele é o bandido a quem me referi.” “Marcos é o e) “Diziam que São Pedro estava arrastando os móveis”
professor com quem simpatizei.” - oração subordinada substantiva subjetiva.
“A aula a que assisti foi divertida” (se necessário for,
reveja a Aula 9, sobre regência) 3) Ponha (R) para as orações restritivas e (E) para as
explicativas.
Tome cuidado para não ocorrer ambiguidade em
relação ao pronome relativo! ( ) A mãe, que era surda, estava na sala com ela.
“Gabriela pegou o estojo vazio da aliança que estava ( ) É preciso gozarmos a vida, que é breve.
sobre a cama.” O que estava sobre a cama: o estojo ( ) Esse professor de que falo era um homem magro e
vazio ou a aliança? Como os termos antecedentes ao triste.
pronome são de gêneros diferentes, fica fácil eliminar a ( ) O vulcão, que parecia extinto, voltou a dar sinal de
ambiguidade: “Gabriela pegou o estojo vazio da aliança vida.
a qual estava sobre a cama.” ou ”Gabriela pegou o es- ( ) A dor que se dissimula dói mais.
tojo vazio da aliança o qual estava sobre a cama.”. Se
fossem gêneros iguais, haveria necessidade de reestru-
turar a frase. 4) Distinga que, pronome relativo, de que, conjun-
ção subordinativa integrante:
EXERCÍCIOS (1) pronome relativo: oração adjetiva
(2) conjunção integrante: oração substantiva
1) Classifique as orações destacadas: (   ) Este é um mal que não tem cura.
( ) Não sabem tudo o que querem.
a) Os bois da minha fazenda, que contraíram febre af- (   ) Confesso que errei.
tosa, serão examinados. (   ) Não é justo que o magoes.
____________________________________________
______________________ Preenchem corretamente as classificações:
a) 1-2-2-1
b) Os homens, que são seres racionais, exploram os b) 1-1-2-2
animais. c) 2-2-1-1
_________________________________ d) 2-1-1-2
_________________________________ e) 1-2-1-2

c) O livro que comprei é bom. 5) (FUVEST-SP) – Segundo a ONU, os subsídios dos


____________________________________________ ricos prejudicam o Terceiro Mundo de várias formas:
______________________ 1. mantêm baixos os preços internacionais, desvalori-
zando as exportações dos países pobres; 2. Excluem os
d) Deve-se investir em soluções que resolvam definiti- pobres de vender para os mercados ricos;
vamente os problemas. 3. expõem os produtores pobres à concorrência de pro-
____________________________________________ dutos mais baratos em seus próprios países. (Folha de
______________________ S. Paulo, 02/11/97, E-12)
Neste texto, as palavras destacadas rico e pobre per-
e) A neve, que é fria, provocou a morte da vegetação. tencem a diferentes classes de palavras, conforme o
____________________________________________ grupo sintático em que estão inseridas.
______________________ a) Obedecendo à ordem em que aparecem no texto,
identifique a classe a que pertencem, em cada ocorrên-

42
cia destacada, as palavras rico e pobre. UNIDADE 14
b) Escreva duas frases com a palavra brasileiro, empre-
gando-a cada vez em uma dessas classes.
a)__________________________________________ PERÍODO COMPOSTO POR SUBOR-
____________________________________________
______________ DINAÇÃO: ORAÇÃO ADVERBIAL
b)__________________________________________
____________________________________________ Já vimos a função sintática chamada adjunto
______________ adverbial, a qual indica uma circunstância. Vejamos
agora como classificamos um adjunto adverbial quando
6) Leia o seguinte texto: ele é uma oração.
“Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-corta-
das”. Sem argumentos, ele Fez silêncio
Com a tola inocência do que é grande e leve e sem
culpa. Adj. Adv. de causa sujeito VTD OD
A mulher do casaco marrom desviou os olhos, doente, VTD – verbo transitivo direto
doente. Sem conseguir – diante da aérea girafa pousa- OD – objeto direto
da, diante daquele silencioso pássaro sem asas – sem
conseguir encontrar dentro de si ponto pior de sua doen- Se em vez do adjunto adverbial houvesse uma
ça, o ponto mais doente, o ponto de ódio, ela que fora oração inteira:
ao Jardim Zoológico para adoecer. Mas não diante da
girafa, que era mais paisagem do que ente. Não dian- Já que não tinha ele Fez silên-
te daquela carne que se distraíra em altura e distância,
argumentos, cio
a girafa quase verde. Procurou outros animais, tentava
aprender com eles a odiar. O hipopótamo, o hipopótamo Oração Subordinada Oração
úmido. O rolo roliço de carne, carne redonda e muda Adverbial causal principal
esperando outra carne roliça e muda. Não. Pois “havia
tal amor humilde em se manter apenas carne, tal doce As orações subordinadas adverbiais recebem a
martírio em não saber pensar.” (Clarice mesma classificação das conjunções que as iniciam.
Lispector) Mas vale ressaltar que não adianta apenas ficar
Destaque do texto dois adjetivos diferentes que, refe- decorando as conjunções, pois o sentido completo da
rindo-se respectivamente à girafa e ao hipopótamo, ex- oração é o que realmente importa para a interpretação
pressem a mesma ideia? do texto.
Qual é essa ideia?
____________________________________________ ● Causal: (indica causa): porque, pois, porquanto,
____________________________________________ como [=porque], pois que, por isso que, já que, uma vez
___________________________________________ que, visto que, na medida em que etc. Ex.:
____________________________________________ “Como ia morrer, fazia tudo que lhe viesse à cabeça”
7. (FUVEST-SP) — Explique a diferença de sentido “Ele saiu porque passou mal”
entre: “Já que você veio, vamos conversar”
a) Os homens, que têm seu preço, são facilmente cor-
rompidos. ● Concessiva: (indica oposição): embora, conquanto,
b) Os homens que têm seu preço são facilmente cor- ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem
rompidos. que, por mais que, apesar de que etc. Ex.:
a)__________________________________________ “Embora não apreciasse doces, comeu o bolo”
____________________________________________ “Embora a economia tenha crescido, muita gente conti-
____________________________________________ nua à margem do consumo”
“Ele morreria, ainda que o levassem ao hospital”
b)__________________________________________
____________________________________________ ● Condicional: se, caso, contanto que, salvo se, sem
____________________________________________ que [=se não], dado que, a menos que, a não ser que
etc. Ex.:
“Se sair, não volte mais”
“Caso ele se forme, ganhará emprego”
“Não entre em casa sem que limpe os pés”

● Conformativa: conforme, como [=conforme], segun-


do, consoante etc. Ex.:
“Conforme disse ele, a Gramática é como a vida”
“Segundo/ consoante Maltus, faltaria alimento à popu-
lação”
“Todos dos funcionários agiram como o diretor”

43
vras que ligam as ideias num texto geralmente são:
● Comparativa: que, do que (depois de mais, menos, ● preposições: falar com Paulo; falar de Paulo.
maior, menor, melhor ou pior), qual (depois de tal), quan- ● conjunções: Quando o vir, baterei nele; se o vir, bate-
to (depois de tanto), como, assim como, bem como. Ex.: rei nele.
“Ele é mais alto (do) que eu (sou alto)” ● pronomes: Isto é uma casa; aquilo é uma casa.
“Ele faz as tarefas tal qual a mãe” ● advérbios: Aqui está frio; lá está frio.
“Morreu assim como um inseto” É muito importante que esses elementos sejam
utilizados no texto de forma correta, garantindo a coe-
● Consecutiva (indica conseqüência): que (depois de são.
tal, tanto, tão ou tamanho), de forma que, de maneira
que, de modo que, de sorte que etc. Ex.: TEXTO 1
“Comeu tanto que engordou”
“Choveu tanto que as ruas ficaram alagadas.” Da Timidez
“Estudou muito, de maneira que passasse em qualquer (Luiz Fernando Verissimo)
vestibular”
Ser um tímido notório é uma contradição. O tí-
● Final (indica finalidade): para que, a fim de que. Ex.: mido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório.
“Lutou para salvar a pátria” Se ficou notório por ser tímido, então tem que se ex-
“Fez o bolo a fim de que a elogiassem” plicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai
“O velho submerge para que o novo possa emergir” tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido,
talvez estivesse se enganando junto com os outros e
● Temporal (indica tempo): quando, antes que, depois sua timidez seja apenas um estratagema para ser nota-
que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde do. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo
que, todas as vezes que, cada vez que, mal, que [=des- psicanalítico, só alguém que se acha muito superior pro-
de que] etc. Ex.: cura o analista para tratar um complexo de inferioridade,
“Quando terminar, venha cá” porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
“Antes que chova, irei embora” Todo mundo é tímido, os que parecem mais tí-
“Mal entrou em casa, veio a chuva” midos são apenas os mais salientes. Defendo a tese
de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O
● Proporcional: À medida que, ao passo que, à extrovertido faz questão de chamar atenção para sua
proporção que, enquanto, quanto mais... mais, quanto extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já
menos... mais etc. Ex.: no notoriamente tímido, a timidez que usa para disfarçar
“O dia clareia à medida que o Sol nasce” sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico.
“Aproximou-se, enquanto eu me distanciava” Daqueles que sempre quebram na concentração. Se-
“Quanto mais reza, mais teme assombrações”. gundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe
um tímido tentando se esconder e dentro de cada tími-
► IMPORTANTE: Quando a oração adverbial vier antes do existe um exibido gritando “Não me olhem! Não me
da principal, a vírgula é obrigatória. Quando vier depois, olhem!” só para chamar a atenção.
a vírgula é facultativa: O tímido nunca tem a menor dúvida de que,
quando entra numa sala, todas as atenções se voltam
O. Subordinada O. Principal. para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham,
é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido
Quando sair, avise-me. nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que
O. Principal. O. Subordinada chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para
o tímido, não pensa em outra coisa a não ser nele e no
Avise-me, quando sair. que pode fazer para embaraçá-lo.
Avise-me quando sair. O tímido vive acossado pela catástrofe possí-
vel. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser
acusado do que não fez, vai descobrir que estava com
TRABALHANDO COM TEXTOS a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que
cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o
que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai
Coesão lhe passar a palavra.
O tímido tenta se convencer de que só tem pro-
Dizemos que um texto é coeso quando as par- blemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para
tes que o compõem estão adequadamente interligadas. o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não
Veja um exemplo: “Vivo bem, mas sou feliz”. Nesta frase consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o tími-
falta coesão, pois o “mas” só pode ligar ideias contrá- do não pensa nos membros da plateia como indivíduos.
rias, orações que aparentemente não se ligariam, como: Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois
“Vivo bem, mas sou infeliz”. Esta possui coesão, pois se olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para rece-
espera que quem viva bem seja feliz. Essa quebra de ber suas gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar
expectativa deve ser introduzida pelo “mas”. As pala- os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o

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desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tí- ( ) em “Quando não consegue escapar e se vê
mido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o diante de uma plateia”, podemos concluir que o tímido
centro do Universo, e que seu vexame ainda será lem- está sempre diante de plateias.
brado quando as estrelas virarem pó.
4. Ligue as duas orações utilizando uma conjunção coe-
rente ao que se pede. Faça as alterações necessárias
EXERCÍCIOS nas frases:
1. Classifique as orações subordinadas a seguir: - Muitas pessoas não conseguem falar em público
a) Se ficou notório por ser tímido, então tem que se ex- - Muitas pessoas são muito tímidas
plicar. a) porque (causa)
____________________________________________ ____________________________________________
______________________ ______________________

b) Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse b) como (causa)


se enganando. ____________________________________________
____________________________________________ ______________________
______________________
c) na medida em que (causa)
c) Tão secreto que nem ele sabe. ____________________________________________
____________________________________________ ______________________
______________________
d) tão... que (conseqüência)
d) Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha ____________________________________________
existe um tímido. ______________________
____________________________________________
______________________ 5. Leia os dois períodos e explique a relação entre
sucesso e dedicação em cada caso.
e) Quando entra numa sala, todas as atenções se vol- “Se você não se dedicar, não obterá sucesso”
tam para ele. “Embora você se dedique, não obterá sucesso”
____________________________________________ ____________________________________________
______________________ ____________________________________________
____________________________________________
2. Reescrevemos abaixo a frase do texto “Tão secre- ____________________________________________
to que nem ele sabe”, mesmo mudando o sentido. ______________________
Indique a alternativa que apresente problema e ex-
plique abaixo. 6. (MACK) “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude
a) “Porque é tão secreto, nem ele sabe” inventada. Há reconstituição de uma cena como ela
b) “Se é tão secreto, nem ele sabe” devia ter sido na realidade.” A oração “como ela de-
c) “Tão secreto, embora nem ele saiba” via ter sido na realidade” é (1,0):
d) “Tão secreto, a fim de que nem ele saiba” a) subordinada adverbial proporcional.
____________________________________________ b) subordinada adverbial conformativa.
____________________________________________ c) subordinada adverbial final.
___________________________________________ d) subordinada adverbial causal.
____________________________________________ e) subordinada adverbial consecutiva.

3. Assinale V para as alternativas Verdadeiras e F 7. (FUVEST) No período: “Era tal a serenidade da tar-
para as falsas. Use o texto como fonte de análise. de, que se percebia o sino de uma freguesia distan-
( ) no começo aparece a palavra “contradição”. te, dobrando a finados”, a segunda oração é (1,0):
Essa ideia vai perpassar todo o desenrolar da teoria do a) subordinada adverbial consecutiva.
enunciador. b) subordinada adverbial causal.
( ) as palavras “notado” e “notório” são sinônimas c) subordinada adverbial concessiva.
nesse contexto. d) subordinada adverbial comparativa.
( ) em “se ficou notório por ser tímido”, o fato de e) subordinada adverbial conformativa.
ser tímido é causa de se tornar notório. E em “se ficou
notório apesar de ser tímido”, o fato de ser tímido não 8. (UFE-PA) No trecho “Cecília... viu do lado oposto
impediu que se tornasse notório. do rochedo Peri, que a olhava com uma admiração
( ) a timidez é uma forma de passar despercebi- ardente”, a oração grifada expressa uma (1,0):
do. a) causa.
( ) as pessoas extrovertidas não são tímidas. b) consequência.
( ) Elke Maravilha é um exemplo de extroversão. c) proporção.
( ) de certa forma, a timidez é uma manifestação d) explicação.
do egocentrismo de algumas pessoas. e) condição.

45
9. Assinale a opção em que a troca do termo extraí- pas)
do do trecho abaixo pela forma colocada entre pa- Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
rênteses implicaria sensível alteração de sentido:
Depois de tocar foco no mato, escondeu-se da polícia
“Uma observação mais cuidadosa revela, porém (A), florestal. (Depois que tocou fogo no mato)
que Ciência e Tecnologia não se comportam como (B) Oração Subordinada Adverbial Temporal.
mercadorias, mas (C) como bens culturais: é por isso,
talvez, que toda tentativa de transferência de tecnologia Oração reduzida de Gerúndio:
fracassa e resulta no (D) que não passa de alguma (E) - podem ser adjetiva ou adverbial.
forma efêmera de prestação de serviço.”
Ex:
a) “porém” / (portanto); Ouvimos vizinhos reclamando do barulho. (que recla-
b) “como” / (do mesmo modo que); mavam do barulho)
c) “mas” / (e sim); Oração Subordinada Adverbial Restritiva
d) “no” / (naquilo);
e) “alguma” / (uma). Reclamando do barulho, acabou arranjando briga com
o vizinho. (Porque reclamou do barulho)
10. Numa das frases abaixo, não se encontra exem- Oração Subordinada Adverbial Causal.
plo da conjunção anunciada. Assinale-a:
a) subordinativa concessiva -” Conquanto estivesse Oração reduzida de Particípio:
cansado, concordou em prosseguir”; - podem ser adjetiva ou adverbial.
b) subordinativa condicional - “Digam o que quiserem
contanto que não me ofendam”; Ex:
c) subordinativa temporal - “mal anoiteceu, iniciou-se a O mosquito pousou na roupa estendida no varal. (que
festa com grande entusiasmo” ; estava estendida no varal)
d) subordinativa final - “saiu sem que ninguém perce- Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
besse”;
e) subordinativa causal - “como estou doente, não com- Mesmo aborrecido com aquilo tudo, decidiu perma-
parecerei”. necer no projeto. (Mesmo que estivesse aborrecido com
aquilo tudo)
Oração Subordinada Adverbial Concessiva.

UNIDADE 15 EXERCÍCIOS

PERÍODO COMPOSTO: 1. (ITA-SP) “Derreado, não pode sustentar-se em


pé.”
ORAÇÕES REDUZIDAS Na frase acima, o adjetivo estabelece com a oração
uma relação de:
Vimos até agora as orações subordinadas que são in- a) causa e efeito.
troduzidas por conetivos (conjunção ou pronome relati- b) consequência e inclusão.
vo), tendo o verbo no indicativo, imperativo ou subjun- c) efeito e concessão.
tivo. Essas orações são chamadas de desenvolvidas. d) concessão e oposição.
Às vezes, as orações subordinadas não se iniciam por e) condição e proporção.
conjunção subordinativa nem por pronome relativo e
têm o verbo numa faz formas nominais: infinitivo (ter- 2. (Univ. Est. Ceará) “Ao me deitar, eu tinha posto
minação –r), gerúndio (terminação -ndo) ou particípio uma caixa de fósforos num tamborete...”, a oração
(terminação -ado/-ido). Essas orações são chamadas destacada é reduzida:
de reduzidas. a) causal.
As Orações Reduzidas podem ser substantiva, adjetiva b) final.
ou adverbial, como veremos nos exemplos abaixo. Além c) temporal.
disso, quase todas as orações reduzidas poder ser des- d) concessiva.
dobradas, e assim, tornarem-se desenvolvidas, nome
que se dá às orações iniciadas por conetivo. 3. Transforme o segmento grifado numa oração su-
bordinada substantiva, de acordo com o modelo:
Oração reduzida de Infinitivo: Modelo: Não me agradou sua saída. – Não me agradou
- podem ser substantiva, adjetiva ou adverbial. que você saísse.
a) Cremos na tua honestidade.
Ex: ____________________________________________
Declarou não saber de nada. (que não sabia de nada) ____________________________________________
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta ____________________________________________
Comprei uma máquina de lavar roupas. (que leva rou-

46
b) Desagradou-nos a visita de Manuela. ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 11. Já pedi dinheiro para comprar mais selos.
____________________________________________
c) Eu desejava teu auxílio. ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
12. A velhinha, arrastando a cesta pesada, agradeceu
d) Suportamos seu canto. a caridade...
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
Desenvolva e classificar as seguintes orações redu-
zidas: 13. Descoberto o perigo, procurou-se evitá-lo.
____________________________________________
4. Construída a estrada, tornar-se-á fácil ir ao Norte. ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 14. As crianças, brincando pelas ruas, alegravam os
____________________________________________ transeuntes.
5. Insisto em seres leal. ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________

6. Sabemos estar você muito triste. 15. Estas são as entradas obtidas no clube.
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________

7. Terminado o recital, o artista foi aplaudido.


____________________________________________ UNIDADE 16
____________________________________________
____________________________________________ VOZ PASSIVA
____________________________________________
Até aqui estudamos a voz ativa, isto é, casos em que o
sujeito executa a ação do verbo (Ex.: “Os meninos mal-
8. Preparando-se para o jogo, os meninos não irão sair. trataram Alice” – os meninos é o sujeito, quem executou
____________________________________________ a ação de maltratar; Alice é objeto, que sofreu a ação de
____________________________________________ ser maltratada).
____________________________________________ Na voz passiva, o sujeito é quem sofre a ação verbal.
____________________________________________ Ex.: “Alice foi maltratada pelos meninos”. (Alice é o su-
jeito, pois é dela que o verbo trata, mas é sujeito pa-
ciente, porque recebeu a ação praticada pelo agente da
9. Todos fizeram o firme propósito de não mais falar da ação verbal que, no caso, são os meninos) Perceba que
vida alheia. o verbo está no singular, concordando com Alice.
____________________________________________
____________________________________________ De voz ativa para voz passiva
____________________________________________
____________________________________________
Maria Fez uma boa prova

10. Era preciso rezarmos àquela hora. Sujeito VTD Obj. Dir.
____________________________________________
Uma boa prova foi feita por Maria
____________________________________________
____________________________________________ Sujeito paciente Locução verbal Agente da passiva

47
-O que era sujeito ativo transformou-se em agente da 2 - Sobre a oração “No fim, fez-se verdadeira justi-
passiva; ça”, é possível afirmar:
-O verbo que era simples passou a composto (acres- a) Trata-se de voz passiva analítica e o “se” desempe-
centa-se ser, estar, ficar etc.) nha a função de índice de indeterminação do sujeito
-O objeto direto do verbo transformou-se em sujeito pa- b) Trata-se de voz ativa e o “se” desempenha a função
ciente; de partícula apassivadora
-O agente da passiva é sempre iniciado pela preposição c) Trata-se de voz passiva sintética e o verbo “fez” per-
por. manece no singular para concordar com o objeto direto
-Apenas verbos que admitem objeto direto (VTD e VTDI) “verdadeira justiça”
podem passar para a voz passiva: “João comeu (VTD) o d) Trata-se de sujeito indeterminado. Em razão disso, o
bolo” -> “o bolo foi comido por João”. “Ele mora (VI) em verbo “fez” permanece na 3ª pessoa do singular
um apartamento” -> ???. Isso porque apenas o objeto e) Trata-se de voz passiva sintética e o verbo “fez” per-
direto pode transformar-se em sujeito paciente. manece no singular para concordar com sujeito

3 - Observe a oração “Os fumantes são detidos pe-


Agente da passiva las campanhas antitabagistas hoje”. Reescrevendo-
-a na voz passiva pronominal, tem-se:
O agente da passiva é quem executa a ação verbal na a) Hoje, as campanhas antitabagistas detêm os fuman-
voz passiva. Tem exatamente a função que o sujeito da tes
voz ativa tem. Então por que o agente da passiva não é b) Hoje se detêm os fumantes
simplesmente chamado de sujeito? Simples: porque o c) Detém-se os fumantes hoje
verbo sempre concorda com o sujeito, e na voz passiva d) Hoje detêm-se os fumantes
o verbo escolhe o paciente (isto é, aquele que sofre a e) Os fumantes detêm-se hoje
ação) para fazer a concordância. Veja exemplos a se-
guir. 4 - Em todos os itens o verbo HAVER apresenta su-
jeito, EXCETO em:
A voz passiva é indicada de duas maneiras: a) Os juízes houveram como natural aquele burburinho
b) Havia chegado ao Brasil o navio esperado
a- Passiva Analítica - Mediante o uso dos verbos au- c) Há uma semana encontramos um camundongo no
xiliares ser, estar, ficar etc. e o particípio do verbo: ser sótão
visto (sou visto, és visto, é visto....); estar abatido (estou d) Houve-se muito bem na piscina o jovem nadador
abatido, estava abatido....). e) Há de existir uma pessoa capaz neste recinto

b- Passiva sintética - É formada mediante o uso do


pronome SE (pronome apassivador). Neste caso, ao se UNIDADE 17
admite o agente da passiva. Ex.: “Vendem-se joias” -
joias não praticam a ação de venderem, e, sim, sofrem a COLOCAÇÃO PRONOMINAL
ação de serem vendidas. Portanto, joias não é o agente
da ação verbal, mas o sujeito paciente, e o verbo é pas- Este estudo trata da colocação dos pronomes oblíquos
sivo, sendo essa passividade indicada pelo pronome átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos) na frase. Embora
SE. Essa mesma oração pode ser expressa por “Joias na linguagem falada brasileira a colocação dos prono-
são vendidas” (passiva analítica). mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas, sobretudo na linguagem escrita.
► O verbo sempre concorda com o sujeito! Mas vale observar que mesmo a norma culta brasileira
já está aceitando usos inadmissíveis em Portugal.
Logo, se joias é sujeito do verbo vender, então o verbo As possibilidades de colocação são três:
vai para o plural. Outro ex.: “Casas são vendidas” -> Próclise:  É a colocação pronominal antes do verbo (me
“Alugam-se casas”. ama, o ama);
Mesóclise: É a colocação pronominal no meio do verbo
(amar-me-á, amá-lo-á) e
EXERCÍCIOS: Ênclise: É a colocação pronominal depois do verbo
(ama-me, ama-o).

1 - Passando-se para a voz passiva sintética a ora- ► Nunca esquecer!


ção “Pesquisadores são detidos pelo governo”, Pela norma culta, NUNCA se usa pronome átono em iní-
tem-se: cio de oração! Preferencialmente, também não se usa
a) Detém-se pesquisadores depois de pausas de pontuação.
b) Detiveram-se pesquisadores
c) Deter-se-ão pesquisadores
d) Detêm-se pesquisadores PRÓCLISE
e) O governo detém pesquisadores Algumas palavras que possam vir antes do ver-

48
bo têm ação de atrair o pronome para perto de si, ou Ex.: Prendam aqueles homens. -> Prendam-nos (e não
seja, atrai a próclise. É o que ocorre em: “Ela não me prendam-os).
ama”; nesse exemplo, a palavra não atrai o pronome Eles dão roupas. -> Eles dão-nas (e não dão-as)
me, obrigando ocorrência de próclise. Atraem o prono- Obs.: no primeiro caso, percebe-se que a construção
me: fica ambígua. Em “prendam-nos”, não se sabe se se
- advérbios: “agora se negam a depor” deve prender a eles ou a nós.
- palavras negativas: “ninguém nos chamou”
- pronomes relativos: “Elas são as que o beijaram”
- pronomes indefinidos: “poucos te odeiam” EXERCÍCIOS
- conjunções subordinativas: “Não sei se se vive bem
aqui.” 1) Leia as frases a seguir:
- palavras interrogativas: “quem me deu um beliscão?” ‘Essa’ é a etimologia da palavra.
- palavras exclamativas: “quanto se ofendem!” A pedagogia é o processo através ‘do qual’ o homem
- orações que exprimem desejo: “que Deus o ajude”. ‘se’ torna plenamente humano.
Como torná-’lo’ assimilável pelas novas gerações...”
As palavras entre aspas são, respectivamente, no plano
MESÓCLISE morfológico:
Forma arcaica; só deve ser usada quando ne- a) pronome relativo, pronome demonstrativo, conjunção
cessária: se a oração começa com verbo (o que impos- integrante, pronome oblíquo átono.
sibilita a próclise, pois o pronome não pode ser a primei- b) pronome indefinido, pronome demonstrativo, conjun-
ra palavra) e o verbo está no futuro do presente (amarei, ção condicional, pronome oblíquo tônico.
pegarás, comeremos) ou futuro do pretérito (amaria, pe- c) pronome demonstrativo, pronome relativo, pronome
garias, comeríamos). oblíquo átono, pronome oblíquo átono.
Ex.: “Tratar-se-á, neste capítulo...”, “realizar-se-á uma d) pronome demonstrativo, pronome indefinido, prono-
cerimônia”, “Trar-me-ia um bom livro se possível?”. me oblíquo tônico, pronome oblíquo tônico.
e) pronome indefinido, pronome relativo, conjunção in-
ÊNCLISE tegrante, pronome oblíquo átono.
Quando as outras duas formas não forem pos-
síveis: “Prendam-no”, “Vou-me embora”. 2) (FateC) - Assinale a alternativa em que a substitui-
ção do(s) termo(s) em destaque(s), na frase I, pelo
► Não existe ênclise com verbos no particípio (erra- pronome da frase II está correta.
dos: “ela tinha esquecido-se”; “tem desmatado-se a a) I - Deixe A MOÇA decidir com calma.
Amazônia”). II - Deixe ela decidir com calma.
b) I - Entende que não há nada entre FULANO e os en-
► Conselho Amigo volvidos no escândalo dos precatórios.
Para facilitar, é suficiente saber que não se deve iniciar II - Entende que não há nada entre eu e os envolvidos
frase com pronome átono nem se deve pô-los depois de no escândalo dos precatórios.
verbos no particípio, no futuro do presente ou futuro do c) I - Espero, até que façam O CANDIDATO entrar na
pretérito. Fora esses casos, prefira sempre a próclise, sala.
mesmo isso contrariando a gramática portuguesa. II - Espero, até que façam ele entrar na sala.
d) I - O homem, igual A SI mesmo.
II - Eu, igual a mim mesmo.
FORMAS ESPECIAIS DO PRONOME e) I - Poderá escolher outros dois técnicos para asses-
sorar A DEPUTADA.
Os pronomes oblíquos o, a, os, as podem ad- II - Poderá escolher outros dois técnicos para lhe as-
quirir formas especiais conforme a posição que ocupam sessorar.
na sentença. Quando o pronome oblíquo estiver depois
do verbo (ênclise), podem acontecer os seguintes fenô- 3) (UdesC)- Assinale a alternativa gramaticalmente
menos: INCORRETA em relação à colocação do pronome
● verbos terminados em -r, -s ou –z: elimina-se essa oblíquo nas locuções verbais e tempos compostos.
terminação e acrescenta-se “l” antes da forma do prono- a) Quero-lhe explicar porque não cumpri o prazo com-
me (-lo, -la, -los, -las). binado.
Ex.: Todos podiam fazer o exercício em casa. -> Todos b) Eles foram se acalmando na medida em que a tem-
podiam fazê-lo (e não fazer-o) pestade passava.
Tu comes o biscoito. -> Tu come-lo (e não comes-o) c) Eu não lembrava se você tinha solicitado-me um ou
Faz o almoço. -> Fá-lo. (e não faz-o) dois convites para o espetáculo.
►atente para a acentuação! “Comê-lo” é “comer + o”, d) O casal estava encontrando-se diariamente `as 19h.
ao passo que “come-lo” é “comes + o”. e) Será que ela tinha se sentado na primeira fila por não
enxergar bem?
● Verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em,
-ão e -õe): apenas acrescenta-se “n” antes da forma do 4) (Fuvest)- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo
pronome (-no, -na, -nos, -nas). não?

49
- Esquece. a) A reunião foi à tarde, mas não lhe pude assistir.
- Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o b) Ao poeta, enviei-lhe meus originais.
certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Mo diga. c) Informei-lhe que sua obra seria publicada.
Ensines-lo-me, vamos. d) Perguntei-lhe onde estava Eleonora.
- Depende. e) Júlia, o poeta escreveu-lhe belo poema.
- Depende. Perfeito. Não o sabes.
Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem. Está bem. Desculpe. Fale como quiser.
(L.F. Veríssimo, Jornal do Brasil, 30/12/94) UNIDADE 18
“ENSINAR-ME-LO-IAS, se o SOUBESSES, mas não
SABES-O.”
A frase estaria de acordo com a norma gramatical, CONCORDÂNCIA VERBAL
usando-se, onde estão as formas em maiúsculo:
a) Ensinar-mo-ias - o soubesses - o sabes Na frase “Os meninos foi” existe uma inadequa-
b) Ensinarias-mo - soubesse-lo - sabe-lo ção gramatical: o verbo deveria ser conjugado: foram.
c) Ensinarias-mo - soubesses-o - o sabes Isso não quer dizer que a palavra foi não existe, mas
d) Ensinar-mo-ias - soubesses-o - sabe-lo que, nesse caso, ela deveria possuir outra terminação.
e) Ensinarias-mo - soubesse-lo - o sabes A concordância é o mecanismo pelo qual algumas pala-
vras alteram suas terminações para se acomodarem à
5) (Fei) - Assinalar a alternativa correta quanto a co- terminação de outras palavras. Existe o estudo da con-
locação do pronome pessoal oblíquo: cordância verbal e da nominal.
a) O lugar para onde nos mudamos é aprazível.
b) Embora falassem-me, não acreditei. CONCORDÂNCIA VERBAL
c) Sempre lembrar-se-á de ti.
d) Darei-te o remédio conforme o prescrito. Regra básica: o verbo concorda com o núcleo do sujei-
e) Isto abalou-me profundamente. to em número e pessoa.

6) (Puccamp) - Selecione a alternativa que preenche Eu estive doente


corretamente as lacunas. Os meninos vivem bem.
........ deseducadamente caso não ........ a mim com res- Ninguém veio à festa.
peito. Já cheguei a ........ disso. Algum de vocês fez isso?
a) Responderei a ele - dirija-se - o avisar
b) Eu lhe responderei - se dirija - avisá-lo ● O sujeito composto equivale a um sujeito plural:
c) Responder-lhe-ei - dirija-se - avisá-lo
d) Lhe responderei - se dirija - avisá-lo Pai e filho devem conversar.
e) Responderei-lhe - se dirija - o avisar Um amigo e um tio vieram aqui.
Você e eu somos namorados.
7) (Cesgranrio) - Texto: “As Sem -Razões do Amor”
Eu te amo porque te amo. ● Se o sujeito composto vier depois do verbo, pode-se
Não precisas ser amante, concordar com ambos os núcleos, com o verbo no plu-
e nem sempre sabes sê-lo. ral, ou com o núcleo mais próximo:
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça Veio aqui um amigo e um tio.
e com amor não se paga. Bastou um dia e uma noite.
Amor é dado de graça, (quando se usa no plural, o foco é a concordância em
é semeado no vento, si. Quando se concorda com o mais próximo, temos a
na cachoeira, no eclipse. impressão de que o processo indicado pelo verbo se
Amor foge a dicionários aplica separadamente a cada núcleo).
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo Casos especiais de sujeito simples
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, ● Expressões partitivas (parte de..., uma porção
não se conjuga nem se ama. de..., metade de..., a maioria de..., grande número
Porque amor é amor a nada, de... etc.) ou “um dos que”: pode ser singular (ênfase
feliz e forte em si mesmo. no conjunto) ou no plural (ênfase nos elementos).
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor, A maior parte dos homens é/são infiel/infiéis.
por mais que o matem (e matam) Ele é um dos que vieram ontem. (para “um dos que”, o
a cada instante de amor. singular é mais raro)
Carlos Drummond de Andrade
Assinale o item em que há o emprego do pronome ● Expressões de quantidade aproximada (cerca
LHE de forma inaceitável na língua culta. de..., mais de..., menos de..., perto de...): verbo con-

50
corda com o substantivo. pronome pessoal, este é o preferido.

Cerca de trinta pessoas passeavam ali. Tudo eram alegrias para ela.
Sua paixão eram os filmes.
● Quais de nós/ quais de vós: pode ficar na terceira Garrincha foi as maravilhas do drible.
pessoa ou concordar com o pronome. Seus amigos sou eu.

Alguns de nós irão/iremos reprovar? ● Para quantidades, é invariável.


Vários dentre vós fizeram/fizestes bem.
Dois quilos é pouco.
● Nomes próprios: se o nome levar artigo, concorda; Dez minutos é muito para mim.
se não, o verbo fica no singular.
● Para indicar tempo, concorda com a expressão que
Os estados Unidos são uma potência. acompanha.
Os Lusíadas foram um marco literário.
Poços de Caldas continua agradável. É meio-dia.
É uma e meia.
● Porcentagens: concorda ou não com o substantivo. São cinco e cinco.
São vinte pra uma.
25% das pessoas gosta/gostam daqui.
8% do lucro foi/foram mal gastos. Nomes locativos plurais: o artigo determina a concor-
1% da classe faltou hoje. dância.
Os EUA invadiram o Iraque.
● Quem/Que: quando se usa o “que”, o verbo concorda EUA invadiu o Iraque.
com o antecedente; quando se usa o “quem”, o verbo Minas Gerais desenvolve...
pode ficar na terceira do singular. As Minas Gerais desenvolveram...
* Fica no singular quando não houver artigo e fica no
Fui eu que fiz isso. plural quando houver.
Fui eu quem fiz/fez isso. * A silepse é permitida em obras literárias, ou seja, a
concordância é livre (pode-se concordar com a palavra
Casos especiais do sujeito composto em si ou com a ideia que ela representa).

● Núcleos de sentido parecido ou indicando grada-


ção: o verbo pode concordar ou ficar no singular. EXERCÍCIOS

Dor e sofrimento a derruba/derrubam. 1. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à


Um beijo, um abraço, um oi, um olhar me faria/fariam concordância verbal, de acordo com a norma culta:
bem. a)Haviam muitos candidatos esperando a hora da pro-
va.
● Ou/nem: depende do sentido. Se for inclusivo, con- b)Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
corda; se for exclusivo, não. c)Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem
aqui.
O tempo ou a bebida o consolará/ consolarão. (pode d)Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
ser os dois) e)Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
Pedro ou José casará com Maria. (só um)
2. (IBGE) Assinale a frase em que há erro de concor-
● Não só... mas também; tanto... quanto, etc.: de prefe- dância verbal:
rência no plural. a)Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
b)Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da
Tanto pai quanto filho gostam de jogo. imigração.
c)Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada.
● Sujeito resumido por tudo, nada, ninguém, todos, d)Deve existir problemas nos seus documentos.
etc: singular. e)Choveram papéis picados nos comícios.

Luxo, riqueza, dinheiro, nada o tentava. 3.(IBGE) Assinale a opção em que há concordância
inadequada:
Verbo Ser: nem sempre concorda com o sujeito, pode a)A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução
concordar com o predicativo. para o problema.
b)A maioria dos conflitos foram resolvidos.
● entre uma palavra no singular e outra no plural, o ver- c)Deve haver bons motivos para a sua recusa.
bo ser “prefere” o plural, mas se um houver um subs- d)De casa à escola é três quilômetros.
tantivo próprio, o verbo ser prefere o próprio; se há um e)Nem uma nem outra questão é difícil.

51
mais um adjetivo, formando expressões do tipo é bom,
4.(CESGRANRIO) Há erro de concordância em: é claro, é evidente, etc., há duas construções:
a)atos e coisas más 1 - Se o sujeito não vem precedido de nenhum modifi-
b)dificuldades e obstáculo intransponível cador, tanto o verbo quanto o adjetivo ficam invariáveis.
c)cercas e trilhos abandonados Ex.: “Cerveja é bom”. “É proibido entrada”.
d)fazendas e engenho prósperas 2 - Se o sujeito vem precedido de modificador, tanto o
verbo quando o predicativo concordam regularmente.
5. (MACK) Indique a alternativa em que há erro: Ex.: “A cerveja é boa”. “É proibida a entrada”.
a)Os fatos falam por si sós.
b)A casa estava meio desleixada. Expressões anexo / obrigado
c)Os livros estão custando cada vez mais caro.
d)Seus apartes eram sempre o mais pertinentes pos- Anexo e obrigado são palavras adjetivas e, como tais,
síveis. devem concordar com o nome a que se referem. Ex.:
e)Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça. Seguem anexas as listas de preços.
Seguem anexos os planos de aula.
Muito obrigado, disse ele.
Muito obrigada, disse ela.
UNIDADE 19 Podemos colocar sob a mesma regra palavras como in-
cluso, quite, leso, mesmo e próprio.

CONCORDÂNCIA NOMINAL Alerta e menos são sempre invariáveis.


Estamos alerta.
O adjetivo e as palavras adjetivas (artigo, Há situações menos complicadas.
numeral, pronome adjetivo) concordam em gênero Há menos pessoas no local.
e número com o nome a que se referem. Ex.:
Em anexo é sempre invariável.
Estas observações curtas procedem. Seguem, em anexo, as fotografias.

pronome A expressão a sós é invariável.


adjetivo substantivo adjetivo Gostaria de ficar a sós por uns momentos.
fem fem fem
plural plural plural
EXERCÍCIOS
Um só adjetivo qualificando mais de um substantivo
1. (OBJETIVO) Assinale a alternativa incorreta quan-
1. Adjetivo posposto: Quando um mesmo adjetivo to à concordância nominal:
qualifica dois ou mais substantivos e vem depois des- a) Os torcedores traziam em cada mão bandeira e
tes, pode concordar com os dois ou com o mais próxi- flâmula amarela.
mo. Ex.: b) Um e outro aplicador indecisos.
Agia com entusiasmo e calma britânicos. c) Tinha as mãos e o rosto coloridos de púrpura.
Agia com entusiasmo e calma britânica. d) Escolheste ótima ocasião e lugar para o churrasco.
Sempre que se optar pelo plural é preciso notar o se- e) Ele estava com o braço e a cabeça quebradas.
guinte: se entre os substantivos houver ao menos um
no masculino, o adjetivo assumirá a terminação do mas- 2. (OBJETIVO) Assinale a alternativa incorreta quan-
culino. to à concordância nominal:
Quando o adjetivo exprime uma qualidade tal que só a) Vieira enriqueceu a literatura com sermões e cartas
cabe ao último substantivo é óbvio que a concordância magníficas.
obrigatoriamente se efetuará com este último. “Alimen- b) Mulheres nenhumas são santas.
tavam-se de arroz e carne bovina”. c) Analisamos as literaturas portuguesa e brasileira.
d) Um e outro aluno estudioso compareceu. e) Belas
2. Adjetivo anteposto: Quando um adjetivo qualifica poesias e discursos marcaram as comemorações.
dois ou mais substantivos e vem antes destes, por re-
gra, concorda com o substantivo mais próximo. Ex.: “Es- 3.(TRE-MG) Leia com atenção os itens a seguir:
colhestes má ocasião e lugar”. 1. A multidão, mesmo com a nova ordem econômica,
Quando o adjetivo anteposto aos substantivos funcionar exigiam uma realidade social mais justa.
como predicativo, pode concordar com o mais próximo 2. Sua excelência sempre se mostrou interessado em
ou ir para o plural. Ex.: Estava quieta/quietos a casa, a encaminhar projetos ao Congresso.
vila e o campo. 3. Os mineiros com frequência nos preocupamos com a
organização política do País.
Verbo Ser + Adjetivo Ocorre concordância ideológica ou silepse em:
a) I e II apenas
Nos predicados nominais em que ocorre o verbo ser d) I, II e III

52
c) I e III apenas b) meio - menos - bastantes
b) I e II apenas c) meia - menos - bastante
e) III apenas d) meio - menas - bastantes
e) meio - menos – bastante
4. (UEM-MARINGÁ) Assinale a alternativa em que a
concordância nominal está correta: 11. (CARLOS CHAGAS)) Água às refeições é ............
a) Seguem anexas as certidões solicitadas. para a saúde. Essa é uma das minhas precauções
b) As portas estavam meias abertas. que ............ tomar, se se quer conservar a silhueta.
c) Os tratados lusos-brasileiros foram assinados. a) mau - é preciso
d) Todos estavam presentes, menas as pessoas que b) má - são precisas
deveriam estar. c) mau - são precisas
e) Vossa Excelência deve estar preocupado, Senhor d) má - é preciso
Ministro, pois não conseguiu a aprovação dos tratados e) mal - é precisa
financeiros-comerciais.

5. (FURG-RS) Nós ............ providenciamos os pa- UNIDADE 20


péis, que enviamos ............ às procurações, como
instrumentos ............ para fins desejados. A alterna- AS REDAÇÕES DE SEN-
tiva que preenche corretamente as lacunas é:
a) mesmas, anexas, bastante TIDO NOS TEXTOS I
b) mesmos, anexos, bastantes
c) mesmos, anexo, bastante
d) mesmos, anexos, bastante Que nossa vida é cercada de leitura e todos os gestos
e)mesmas, anexo, bastantes pra- ticados por nós, tais como assistir a um filme, fazer
a leitura de uma placa e ouvir uma música, necessitam
6. (UNISINOS) O item em que ocorre concordância de interpretações já vimos nos capítulos anteriores. O
nominal inaceitável é: problema é que muitas vezes essa leitura não acontece
a) Era uma árvore cujas folhas e frutos bem diziam de de modo eficiente. Quem é que nun- ca viveu a expe-
sua utilidade. riência de ser mal interpretado pelo que disse? Quem é
b) Vinha com bolsos e mãos cheios de dinheiro. que já não se viu em uma saia justa por não compreen-
c) Ela sempre anda meia assustada. der o outro, o que ele desejava ou ainda não conseguir
d) Envio-lhe anexa as declarações de bens. dizer o que pretendia, ou pior, não ser entendido?
e) Elas próprias assim o queriam. Tudo isto acontece, pois a comunicação que estabelece-
mos com as pessoas e com os próprios textos são mo-
7. (FCC) Assinale a frase que possua a mesma sinta- tivadas por in- terações que só ocorrem do modo espe-
xe de concordância de “É proibido entrada.”: rado, se considerarmos que existem diferentes modos
a) É proibido a entrada. de ler. Ou seja, as informações podem estar postas de
b) Proibi-se a entrada de cães. modo explícito no texto e, portanto, são mais facilmente
c) Não se permite entrada de cães. interpretadas por quem as lê; nas entrelinhas ou ainda
d) É um homem de verdade. que se possa estabelecer uma relação de sentidos en-
e) No calor, cerveja é bom. tre as palavras no interior de um texto, estes últimos que
exigem uma maior habilidade e conhecimento do leitor.
8. (MED-CATANDUVA) Assinale a alternativa corre- Assim, a leitura:
ta: Deixa de ser entendida como simples “captação” de
a) É preciso coragem. uma representação mental ou como a decodificação da
b) Hoje são trinta de junho. mensagem resultante de uma codificação de um emis-
c) Antônio ou João será o presidente. sor. Ela é, isto sim, uma atividade interativa altamen-
d) Todas estão corretas. te complexa de produção de sentidos, que se realiza,
e) E isso eram trevas da noite. evidentemente, com base nos elemen- tos lingüísticos
presentes na superfície textual e na sua forma de or-
9. (PUC) Há muitas pessoas que ............ a própria ganização, mas que requer a mobilização de um vasto
personalidade, tornando- se............ de objetos. conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução
a) renega, escrava deste no interior do evento comunicativo.
b) renegam, escravo (Koch, 2002, p. 17)
c) renegam, escravas Existe, portanto, um ponto comum a ser considerado
d) renega, escravas em tudo isso: sempre que interpretamos os textos, nos
e) renega, escravos valemos de conhecimentos que estão para além dos
significados das expressões de uma frase e que só se-
10. (CARLOS CHAGAS)) Ainda .......... furiosa, mas rão plenamente compre- endidos se ultrapassarmos os
com ............ violência, proferia injúrias ............ para significados imediatos das pa- lavras, quando desven-
escandalizar os mais arrojados. darmos os desejos, objetivos e também as frustrações
a) meia - menas - bastantes de quem escreve, quando formos capazes de transfor-

53
mar e atribuir sentidos a um texto. Para tanto, o leitor se
apropria das pistas deixadas no texto pelo autor, mas a
quem lê cabe a tarefa dê construir e reconstruir os sen-
tidos. Além dis- so, também considera o gênero textual,
a relação estabelecida com o autor, bem como as con-
dições sócio-históricas e, conse- quentemente, ideológi-
cas em que o texto foi elaborado. Assim, para conhecer
um texto, é necessário mergulhar no texto e em sua ex-
terioridade; de sua complexidade, poderemos verificar
o que de mais simples ele gera, isto é, sua essência.
Como afirma Déon,
“Uma história não é mais que um grão de trigo. É ao
ouvinte, ao leitor que compete fazê-lo germinar. Se não
germina, é ques- tão de falta de ar, de sol, de liberdade,
de solidão”
(Michel Déon. In: O livro, o leitor e a leitura, 1966)

Veremos neste capítulo e no próximo alguns modos efi-


cien- tes de se interpretar e construir um texto, é claro,
conhecimen- tos de alguns recursos que nos ajudarão
a sermos leitores mais críticos, que de fato compreen-
dem, por meio de alguns meca- nismos línguísticos e (Miguel Paiva. Gatão de meia idade. http://blo-
extralinguísticos, os objetivos do escritor e os efeitos de glog.globo.com/miguelpaiva/)
sentido da mensagem, esta, inúmeras vezes, ocultada
pelos recursos de sentidos empregados: explícitos e No cartum, a ideia de amor e de interesse afetivo é com-
implícitos (pressupostos e subentendidos), ambi- pa- rada a um interesse carnal e estético somente. Está
guidade, si- nônimos e antônimos, hiponímia e hipe- implícita a opinião, por meio da figura do Gatão de meia
ronímia e polissemia. idade, de que a sociedade moderna valoriza nas rela-
Informações implícitas: quando dizer uma coisa é sig- ções amorosas somente o que é externo ao ser huma-
nifi- car outra. no, portanto, não se interessando pela essência, isto é,
Quando afirmamos que um conteúdo, uma ideia ou uma mais especificamente que os homens se interessam pe-
opi- nião está implícita em um texto, seja qual for sua las mulheres quando elas correspondem aos pa- drões
natureza, es- tamos dizendo que algo está nas entre- estéticos determinados, tanto que o personagem do tex-
linhas, nos pressupostos e subentendidos de um texto. to não é capaz de realmente escutar e dar atenção à
Ou seja, o sentido não pode ser compreendido somente Martinha. Todas estas informações são mais facilmente
pela interpretação da superfície textual, fato que muitas interpretadas, contudo, se já conhecermos previamente
vezes, dificulta e torna incompreensível o enten- dimento quem é Miguel Paiva, quais são as características de
ou, pior, gera equivocada ou inadequada uma interpre- seus cartuns e a crítica social que fazem, bem como as
tação, atribuímos um sentido diferente ao proposto pelo características do personagem e o momento sócio-his-
autor. tórico em que o texto foi produzido. Como posto, pode-
Podemos fazer, então, uma comparação entre o que no- mos depreender que Gatão conheceu uma nova pessoa
mea- mos de sentido literal e sentido não-literal. Como que conversava muito e que também era bonita.
sentido literal, entendemos justamente o que está pos- A escolha das palavras e os implícitos
to no texto, o significado de uma palavra, expressão ou
frase pode ser depreendido so- mente pelas formas ex- Um importante fator para o entendimento de um implíci-
pressas e marcadas no texto, o sentido não está além to é a escolha das palavras utilizadas. Ainda que utili-
das palavras e do conjunto contido no texto. O sentido zemos sinô- nimos, a preferência por uma palavra no lu-
não-literal que indicamos como implícitos é aquele que, gar de outra indica que a seleção feita não foi aleatória,
além do significado presente na superfície textual, tem mas resulta de um objetivo na produção do texto, entre
tam- bém um significado para além dela, que leva em eles, convencer, persuadir, vender, transmitir um valor
consideração o contexto, a situação do que está implí- social e ideológico ou transmitir uma infor- mação. Mui-
cito, assim como das condições em que este texto foi tas vezes, estas escolhas indicam um julgamento de va-
produzido. Vejamos como este processo ocorre dentro lor (maldoso, preconceituoso ou amável), uma vez que
de um texto: as palavras não gozam de um mesmo prestígio social.
Por isso, em situações em que o autor teme uma repres-
são ou exclusão por expressar sua ideia, ele se utiliza
de pressuposto, como vere- mos no próximo texto:
Sabe a Josefina?
Não. Acho que não conheço.
É aquela menina do colégio que fala de mais.

Suponhamos que esta situação se refira a uma conversa

54
en- tre duas amigas que estão comentando sobre os co- tará ao cargo, aos 45 anos, no Ministério da Indústria
legas da escola. Em determinado momento, uma delas e Comércio. Ela abriu caminho para cinco sucessoras
se refere aos co- legas com quem não simpatiza. Neste – na área econômica, por exem- plo, ninguém mais se
contexto, a escolha pela expressão “fala de mais” ao chocou quando Zélia Cardoso de Mello ou Yeda Crusius
definir Josefina, poderia carregar o implícito de que ela foram escolhidas. Zélia dividiu opiniões. Yeda foi logo
é fofoqueira. esquecida. Dorothéa manteve-se presente no noticiário,
Os pressupostos e os subentendidos Pressupostos mesmo nos curtos períodos em que ficou sem cargo no
Para estudar o que são pressupostos, vejamos o que governo e partiu para a iniciativa privada (...)
diz o dicionário da Língua Portuguesa Michaeles sobre Mesmo, com cuidado e seriedade no trato com a mi-
este recurso de sentido: nistra, empresários e sindicalistas – dos quais ela se
“pressuposto pres.su.pos.to aproximou em busca de um pacto antiinflacionário –
adj (part de pressupor) Que se pressupôs. sm nunca esqueceram que ela era uma mulher. Seu sexo
Pressuposição, suposição, conjetura. foi lembrado sempre, como defei- to ou qualidade. Mário
Plano, projeto. Amato, então presidente da Fiesp, tentou traduzir esse
Desígnio, propósito, tensão. sentimento e foi muito infeliz. Declarou, na frente de jor-
Pretexto. conj Na hipótese de.” nalistas: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher”.
O empresário, com isso, ganhou a antipatia da popula-
Como pudemos observar na definição, o pressuposto ção femini- na e de um Brasil que se rendia ao carisma
tra- ta-se de um conteúdo implícito que decorre neces- de Doró.
sariamente de uma frase, expressão ou palavra do texto. (PINHEIRO, Liliana. O Estado de S. Paulo, 25 dez 1994,
Resumindo, po- demos entender como pressuposto, um B1)
implícito ligado a um recurso linguístico (por exemplo,
uma palavra, uma expressão de uma classe de palavras Podemos perceber por meio da interpretação deste
específica ou uma pontuação) ins- crito em um texto. texto que o conhecimento da língua é insuficiente para
Para que este recurso seja compreendido por quem compreender o texto acima. Nele, há um pressuposto,
o inter- preta, é necessário que o leitor mobilize, além expresso pela fala de Mário Amato (ao se referir à minis-
de seu conhe- cimento da língua, o conhecimento de tra Dorothéa Werneck), de que mulheres não são inteli-
mundo, conhecimento partilhado (que falante e ouvinte gentes. Há duas informações explícitas relevantes para
compartilham), o contexto e os valores sociais. Assim, o o entendimento do implícito, são elas:
pressuposto diz respeito aos sentidos das palavras ma- Werneck era mulher e
nifestados (ou de uma palavra apenas) no texto, como ela era inteligente do elemento linguístico
também a conhecimentos extralinguísticos.
Na leitura, as informações pressupostas devem ser Por meio da ligação dessas informações com o uso de
enten- didas como verdadeiras pelo leitor (ou admitida ape- sar de, Amato deixou pressuposto o preconceito
como tal) para que os conteúdos explícitos sejam coe- contra as mu- lheres, dizendo, nas entrelinhas, que elas
rentes. não são inteligentes, mesmo que Werneck seja.
Vejamos, no texto, como este implícito é empregado: Subentendido

Muitos alunos estavam presentes na aula de Interpre- De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa Mi-
tação de textos do Curso Especial Pré-Vestibular da chaelis, podemos entender que este tipo de implícito é
Universidade Es- tadual de Londrina. Até Joana com- responsável pelo “que se subentende ou subentendeu;
pareceu à aula. implícito; aquilo que se subentende; aquilo que se pode
Neste enunciado, podemos verificar a presença de con- inferir do dito ou escrito, sem ser expresso por palavras.”
teú- dos explícitos e implícitos responsáveis pelo sentido Por meio desta definição, podemos compreender que
do texto. Podemos verificar três informações explícitas: su- bentendido é uma espécie de “insinuação” que não
a Universidade Estadual de Londrina é responsável pelo está de- marcada por uma palavra, expressão, frase ou
Curso Especial Pré-Vestibular da Universidade Estadual oração, isto é, seu sentido não está no próprio texto,
de Lon- drina; mas na interpretação, nas hipóteses que o leitor ou ou-
há aulas de interpretação de textos no Curso Especial vinte formula a partir de seu conhecimento de mundo,
Pré- de seu conhecimento compartilhado (aquele que ele e
-Vestibular da Universidade Estadual de Londrina; o outro compartilham), no contexto e no co- nhecimento
muitos alunos frequentaram estas aulas e das visões de mundo de outros grupos sociais e do seu.
Joana estava na aula. Portanto, a forma implícita de dizer faz a responsabilida-
de recair sobre quem interpreta.
Ao ligar duas informações com a conjunção até, o autor Com o subentendido, um falante pode expressar uma
atri- bui o sentido ao texto por meio de um pressuposto: opi- nião ou um julgamento de valor sem que por ele
Joana nun- ca comparece às aulas de interpretação tex- seja responsa- bilizado ou para não parecer ou tentar
tual, mas desta vez estava presente na aula. não ser avaliado como preconceituoso ou maldoso, por
Observemos como ocorre também um implícito que exemplo.
está pressuposto na notícia: Assim, a responsabi- lidade passa a ser de quem lê, de
Festejada por ter sido a segunda mulher a ser nomea- quem interpreta o texto.
da mi- nistra no Brasil, em 1989, Dorothéa Wernec vol- Para compreender melhor o que é um subentendido,

55
obser- ve o exemplo: mor, que funciona com base na ambiguidade e da polis-
Diante de uma pergunta a um amigo: semia da palavra, nos dois sentidos que parecem possí-
Você pode consertar meu carro? veis a este texto. Para que o sentido seja depreendido, é
O primeiro obtém a seguinte resposta: necessário que consideremos os seguintes sentidos de
Minha mãe está doente! perua: a mulher que quer ser elegante, mas se veste de
modo extremamente chamativo e exagerado e o tipo de
Nesta situação, podemos subentender uma respos- automóvel. Veja que a ambiguidade inicial no tex- to se
ta que não está claramente dita, isto é, a resposta do desfaz com a imagem de uma mulher ao volante, o que
segundo falante não está explícita no texto, nem pres- sugere que o sentido de “perua” esteja atrelado a ela e
suposta em algum elemen- to gramatical, ela está sim não ao automóvel.
subentendida: Neste caso, a ambiguidade, juntamente com a polisse-
não posso te ajudar, pois minha mãe está doente mia, foi empregada para construir o efeito de humor no
não quero te ajudar, estou utilizando uma desculpa para texto. Mas, com uma interpretação adequada do texto, o
isso, isto é, uma suposta doença. recurso semântico desaparece, pois somente uma das
De acordo com o contexto em que este texto foi pro- combinações possíveis faz sentido neste contexto.
duzido, da personalidade e relação de amizade entre Na frase “A gatinha da minha vizinha anda doente”,
os amigos, um subentendido será mais adequado que esta ambiguidade não pode ser desfeita pela
outro, por isso, é tão im- portante conhecermos as con- contextualização da oração, pois não é possível
dições de produção de um texto, sem ela, muitas vezes estabelecer se o autor se refere à doença da vizinha
um subentendido não pode ser interpre- tado ou pode que é muito bonita (gatinha) ou à doença do animal
ser mal compreendido por quem o lê. de estimação de sua vizinha (uma gata). Não há neste
pequeno texto nenhuma frase que nos auxilie a dar pre-
ferência a uma das duas versões possíveis.
A ambiguidade A análise desta tira nos permitiu concluir que o autor
Podemos definir ambiguidade como um recurso de sen- da tira é homem. Se uma mulher fosse fazer uma tira
tido que possibilita mais de uma interpretação, mais de semelhante (identificando os problemas do casamento),
um sentido a um texto, o que chamamos de duplo sen- o que ela provavel- mente adotaria como pressuposto
tido. sobre os homens?
A ambiguidade pode ser entendida:
como um recurso de estilo, utilizado intencionalmente;
como um vício de linguagem que designa equívocos de EXERCÍCIOS
sentidos decorrentes da produção inadequada de um 1. O humor da tira abaixo foi construído a partir de
texto, de uma má colocação ou uso de uma palavra na um implícito sobre as mulheres.
frase.
Estas duas compreensões dependem do gênero tex-
tual apresentado e do efeito de sentido que este recurso
causa no texto. Ou seja, enquanto recurso de estilo, a
ambiguidade é frequentemente empregada em propa-
gandas e texto de humor para gerar o sentido desejado,
assim, é possível que a ambigui- dade (com a contex-
tualização do texto) desapareça ou os dois sentidos pro-
postos tornam-se válidos. Como vício de lingua- gem, a
ambiguidade ocorre por falta de clareza e não é possível
estabelecer qual dos sentidos é válido no texto.

Observe o exemplo

a) Explicite o implícito de que partiu o autor da tira.


____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________

b) A análise desta tira nos permitiu concluir que o autor


da tira é homem. Se uma mulher fosse fazer uma tira
(O Brasil das placas: viagem por um país ao PE da le- semelhante (identificando os problemas do casamento),
tra. Editora Abril/ Superinteressante, 2003) o que ela provavel- mente adotaria como pressuposto
sobre os homens?
Na interpretação do texto, observamos que os sentidos ____________________________________________
da palavra “perua” são empregados para produzir o hu- ____________________________________________

56
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ b) Explique a relação de sentido existente entre as formas
verbais empregadas e seus respectivos adjuntos adverbiais.
Texto para a questão 2 Como esta interrelação é responsável pela quebra de expecta-
ti- vas provocadas pelo eu-lírico?
A questão toma por base uma tragédia em um ato, assi- ____________________________________________
nada pelo escritor, tradutor e desenhista Millôr Fernan- ____________________________________________
des. ____________________________________________
____________________________________________
O Capitalismo mais reacionário ____________________________________________
____________________________________________
Empregado: Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há
quarenta anos que trabalho na empresa e até agora só c) Explique a ambiguidade da palavra norte no contexto
cometi um erro. da segunda estrofe.
____________________________________________
Patrão: Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora ____________________________________________
em diante tome mais cuidado. ____________________________________________
____________________________________________
2. O texto de Millôr mobiliza o campo da sugestivi- ____________________________________________
dade e, num clima aparente humorismo, libera todo ____________________________________________
um universo de conceitos, situações e costumes
subentendidos. Releia o texto apresentado e , na 4. Na terceira estrofe passo a passo, ligada ao verbo con-
sua interpretação, responda: tar, pode assumir duplo sentido e dupla função sintáti-
ca. Quais sentidos podem ter essa expressão? Explique
a) O que está subentendido no discurso direto do pa- como eles são importantes para o sentido do poema.
trão? ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
5. Você observou que, tanto do ponto de vista tem-
b) Por que esse texto pode ser entendido como crítica poral quanto do ponto de vista espacial, o eu-lírico
de costumes? quebra as ex- pectativas, provocando rupturas ló-
____________________________________________ gicas. Das afirmativas a seguir, indique as que são
____________________________________________ corretas:
____________________________________________ a) Ser poeta é ser contrário a toda ordem existente, é
____________________________________________ que- brar a lógica e as expectativas. A poesia deve nas-
____________________________________________ cer livre.
____________________________________________ b) A poesia, como toda atividade humana, está sujeita
às limitações de tempo e de espaço.
Leia este poema de Vinícius de Morais e responda c) As contradições entre o eu-lírico e as dimensões de
às questões propostas: tem- po e espaço decorrem do fato de que, para o poe-
Poética (I) ta, não se pode definir o que é indefinível: a poesia.
De manhã escureço De dia tardo Tempo e espaço são elementos condutores que guiam
De noite anoiteço De noite ardo. e orientam a criação artística.
A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo TEXTO PARA QUESTÃO 06:
O este é meu norte.
Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem. Só os roçados da morte compensam aqui cultivar e cul-
tivá-los é fácil:
3. A partir da análise do poema, explique: simples questão de plantar; não se precisa de limpa,
a) Qual o objetivo do poeta ao utilizar adjuntos adver- de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fa-
biais em praticamente todos os versos e quais são as zem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato;
duas noções essenciais colocadas por meio de adjuntos pela colheita:recebe-se
adverbiais? na mesma hora de semear
____________________________________________ (João Cabral de Melo, Morte e vida severina)
____________________________________________
____________________________________________ 6. Nos versos acima, a personagem “rezadora”fala
____________________________________________ das vantagens da sua profissão e de outras seme-

57
lhantes. A se- quência de imagens neles presente uma palavra facilmente subentendida, verificare- mos
tem como pressuposto imediato a ideia de: uma construção mais adequada do texto. Vejamos:
a) Sepultamento dos mortos
b) Dificuldade de plantio na seca “A vaca foi para o brejo, comeu capim e ração. Mais tar-
c) Escassez de mão-de-obra no sertão de, o
d) Necessidade de melhores contratos de trabalho. mamífero bebeu água, e, por fim, pastou.”
e) Técnicas agrícolas adequadas ao sertão.
Lembre-se de que não há sinônimos perfeitos, ou seja,
Texto para questão 07 ERRO DE PORTUGUÊS si- nônimos que quando substituídos por uma palavra
de valor aproximado tenha exatamente o mesmo sig-
Quando o português chegou debaixo de uma bruta chu- nificado da primei- ra. O que ocorre é que muitos sinô-
va Vestiu o índio nimos se aplicam a alguns contextos e a outros não ou
Que pena! ainda a escolha por um sinônimo serve para expressar
Fosse uma manhã de sol uma opinião que nem sempre pode ser visualizada cla-
O índio tinha despido o português (Oswald de Andrade) ramente no texto. Observe o próximo exemplo, imagi-
Assinale a alternativa correta. nado que cada uma das orações foi proferida por duas
pessoas diferentes:
a)Considerando que a oposição VESTIR vs. DESPIR
repre- senta a oposição COLONIZADOR vs. COLONI- “O brasileiro tem receio de desafios.”
ZADO, ve- mos, no primeiro pólo, a impotência diante “O brasileiro tem medo de desafios.”
do poder.
b)O título apresenta clara e exclusivamente a denúncia Nestas duas orações, podemos observar que os dois
da decadência da língua portuguesa, devido a um cres- si- nônimos empregados constituem visões de mun-
cente descuido dos falantes. do distintas a respeito dos brasileiros. Ainda que o que
c)A ambiguidade do título ajuda a construir o significado as diferencie é um termo sinônimo que possui significa-
de desestabilização de tudo o que é sério, respeitável e do próximo, isto é, a noção de apreensão, incerteza ou
cristal- izado. hesitação quanto aos desafios en- frentados, os termos
As ações do colonizador e do colonizado relacionam-se “receio” e “medo”, expressam, respectiva- mente, uma
a ideias de cerceamento da liberdade; naquelas, a ale- ideia de suavização da característica dos brasileiros e
gria do sol; nestas, a tristeza da chuva. uma opinião pejorativa a este respeito, em que expres-
e)O tom predominante de lamento triste propõe uma sa uma forte e negativa crítica.
recu- peração positiva da figura do colonizador portu- No cartum, gênero seguinte, temos outro exemplo de
guês, mal assimilada pelos índios. sinô- nimo.

UNIDADE 21
AS REDAÇÕES DE SENTI-
DO NOS TEXTOS II

OS SINÔNIMOS E ANTÔ-
NIMOS SINÔNIMOS

Podemos denominar como sinônimos, palavras dife-


rentes que possuem significados próximos, mas nunca
exatamente o mesmo.
Este recurso de sentido é muito utilizado em textos
como elemento de coesão, ou seja, como um compo-
nente que utiliza- mos para ligar e retomar termos sem
que seja preciso repetir inú- meras vezes uma mesma
palavra. Se dissermos, por exemplo, “A vaca foi para
o brejo, a vaca comeu capim e a vaca comeu ração.
Mais tarde, a vaca bebeu água, e, por fim, a vaca pas-
tou” (descrição de algumas atividades da vaca em uma (PAIVA, Miguel. Radical Chic. Nova. São Pau-
fazenda), ob- servaremos que a excessiva repetição do lo, v.25, n.6, p.194, jun.1997)
termo “vaca”, tornou o texto pouco atraente e cansativo
para aquele que o lê. Porém, se substituirmos o termo Este cartum aborda os problemas masculinos, claro,
por alguns sinônimos e por elipse, é a supressão de sob a ótica feminina. O personagem explica na conver-

58
sa com Radi- cal Chic (aparentemente os personagens marcado no texto por antônimos, como em doer X sem
estão se conhecendo) que é cheio de problemas e ao doer, doe X não se sente, contentamento X desconten-
listá-los faz uso da sinonímia como em autoritário e te, ganha X perder e não contentamento X contente.
dono da verdade, egocêntrico e egoísta, por exemplo.
Em seguida, a personagem Radical Chic ironiza os pro-
ble- mas apresentados com o questionamento “... E os A hiperonímia e a hiponímia
problemas?” que deixa implícita a ideia de que estes
defeitos são naturais e característicos de todos os ho- Sabe aquelas palavras que podem ser relacionadas por
mens, isto é, todos eles possuem o que não os carac- per- tencerem a um mesmo campo de sentido, mas que
terizam como problemas como acredita o outro perso- não tem a mesma forma escrita ou a pronúncia? Elas
nagem, por isso, ela pede que ele revele os seus reais têm um nome es- pecífico e são muito utilizadas na pro-
problemas, aqueles que ela desconhece. dução e interpretação de textos.

Hiperônimos e hipônimos são recursos de sentido


Antônimos empre- gados para relacionar este dentro de um con-
junto. Hipônimos tem o sentido mais específico em re-
Podemos entender por antônimos, palavras que apre- lação à outra palavra com significado mais amplo, esta
sentam uma oposição a outra palavra apresentada no chamamos de hiperônimo. Se pensarmos em palavras
texto. Isto é, o significado de uma palavra, por exemplo, como bola, balão, boneca, carrinho, quebra-cabeças e
é contrário ao de ou- tra, como: ordem X anarquia, so- peão (hipônimos) veremos que todas elas estão liga-
berba X humildade, censura X liberdade e simpático X das a uma palavra e a um sentido mais amplo que as
antipático. classifica, tratam-se de brinquedos, portanto, este seria
Este recurso de sentido é muito utilizado em texto de hu- o hiperônimo.
mor como charges, tiras e cartum, em textos literários, Observe o esquema, nele há uma exem-
mas também em textos que privilegiam uma maior ob- plificação destes conceitos:
jetividade, tais como a maioria dos textos jornalísticos.
Vejamos um exemplo em que algumas antonímias estão
pre- sentes:

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e


não se sente;
tÉ um contentamento descontente, É dor que desatina
sem doer.
É um não querer mais que bem querer; É um andar so-
litário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade; É servir a quem ven- Este recurso é muito utilizado e muito útil para a reto-
ce, o vencedor; mada textual, para que se mantenha a coesão de um
É ter com quem nos mata, lealdade. texto e se evi- te a cansativa repetição de termos. Em “O
menino gostava de andar de carro por todo o conforto
Mas como causar pode seu favor Nos corações huma- e velocidade que oferece. Mas, principalmente, porque
nos amizade, neste veículo se lembrava da mãe que acabara de par-
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? tir”, veículo é hiperônimo de carro e carro, consequen-
temente, é hipônimo de veículo.
(Luiz Vaz de Camões. Amor é fogo que arde sem se ver. No próximo exemplo, o sentido do texto é construído
In: com base em um hiperônimo e em alguns hipônimos.
Sonetos. Martin Claret: 2003). Vejamos como “O açúcar” é constituído por Ferreira
Gullar:
O soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luís
Vaz de Camões, trata do amor em todo seu dualismo, O açúcar
um amor que é carnal, mas que também é espiritual e,
portanto, quem o sente está vivenciando um sentimento O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã
superior ao humano, ideal, e que, por isso, o ser humano de Ipanema
como ser imperfeito que é, torna-se incapaz de alcançar não foi produzido por mim
este amor. Para ressaltar as contradições que o amor nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
provoca, o autor conceitua sua natureza paradoxal, isto
é, as contradições que o amor traz e provoca, e que em Vejo-o puro
algum momento podem ser aproximadas, tudo isso é e afável ao paladar

59
como beijo de moça, água na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito
por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado
do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana


e veio dos canaviais extensos que não nascem por aca-
so no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27
anos
plantaram e colheram a cana que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
produziram este açúcar branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

(GULLAR, Ferreira. Dentro da noite veloz & Poema


sujo. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, pp.51-2.)
Enquanto hiperônimo, temos a palavra açúcar e hipô-
nimos termos como cana, usina de açúcar, canaviais,
branco e puro, todas estas que se relacionam e podem
ser classificadas como características ou aspectos do
açúcar ou de sua produção.
EXERCÏCIOS

Polissemia Com base no texto, responda às questões.

O que é polissemia? O que faz e qual é a função deste


recur- so de sentido diferente dos já vistos nesta unida- Cor de rosa choque.
de?
Composição: Rita Lee / Ro-
Polissemia é a possibilidade de uma mesma palavra as- berto de Carvalho
sumir diferentes significados, em que o sentido é obtido
pelo contexto, assim, em geral, evita-se ambiguidades. Nas duas faces de Eva
Como o sig- nificado das palavras é formado por um A bela e a fera
conjunto de traços de significado, uma mesma palavra Um certo sorriso de quem nada quer
pode assumir vários significa- dos, o que a diferencia de Sexo frágil, não foge à luta
palavras monossêmicas, isto é, pala- vras que possuem E nem só de cama vive a mulher
apenas uma significação. Por isso não provoque
É cor de rosa-choque
Embora se caracterize pela capacidade de uma palavra Mulher é bicho esquisito
assumir dois ou mais significados diferentes, estes qua- Todo mês sangra
se sempre possuem alguma relação, algum traço se- Um sexto sentido maior que a razão
mântico, de sentido, que acaba por aproximá-los. O vo- Gata borralheira, você é princesa
cábulo “estrela”, por exemplo, pode ter pelo menos três Dondoca é uma espécie em extinção
significados, astro que tem luz própria, artista talentosa
(a) e asterisco; todos eles in- dicam um traço comum: Por isso não provoque
algo que se destaca em relação a outras coisas. É cor de rosa-choque
Vejamos como a polissemia é empregada no exemplo
do tópico “A ambiguidade”, no capítulo anterior. (Rita Lee. Cor de rosa choque. In:Rita Lee e Ro-
No texto, pudemos perceber que a palavra perua gera o berto Carva- lho. Som Livre, 1982)
riso e o sentido do texto. Observemos o que diz o dicio-
nário Micha- eles a respeito deste vocábulo:

60
61
4. O riso do cartum só pode ser construído se con-
siderar- mos duas relações de sentido. A partir da
interpretação do texto e destas informações, res-
ponda:

(PAIVA, Miguel. Radical Chic. Nova. São Pau-


lo, v.25, n.11, p.226, nov.1997)
a) Quais são as relações de sentido que possibilitam o
riso? Explique.
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____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________

b) Qual a opinião de Radical Chic e de sua amiga so-


bre os relacionamentos e sobre os homens, no primeiro
quadro? No segundo quadro, as amigas continuam ex-
pressando a mesma opinião?
____________________________________________
____________________________________________
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c) Quais oposições de sentido estão implícitas no texto?

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____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
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62
possui um objetivo prático, isto é, o de prescrever como
tomar o medicamento, quais são as contraindicações, a
com- posição do produto, entre outros. Se pensarmos,
contudo, em textos que objetivam a apreciação artística
e literária, a emoção estética e o aflorar da subjetividade
5- ou mesmo uma reflexão mais profunda, a intencionali-
dade muda. Temos, no segundo caso, textos expressos
pela linguagem figurada, resultantes de combinações
incomuns de palavras que já se diferenciam do uso co-
tidiano da língua e significam de forma expressiva e es-
tética os sentimentos e desejos humanos. Compare os
textos abaixo:
A noite continua e o dia demora a chegar, mas o leiteiro
está morto ao relento.
A noite geral prossegue, a manhã custa a chegar, mas
o leiteiro estatelado, ao relento, perdeu a pressa que ti-
nha. (Carlos Drummond de Andrade. A morte do leiteiro.
In: A Rosa do povo, p.195).
Em a, temos uma descrição em que se contata a mor-
te de um cidadão comum, um leiteiro, que é marginali-
zado, morto e abandonado até mesmo na situação de
sua morte (“ao relento”). O texto b estabelece a mesma
crítica, entretanto busca afastar-
-se do uso da linguagem comum. O poeta intensifica a
situa- ção de morte sem mesmo dizer literalmente que
ela ocorreu, ou seja, a morte é representada pelo leiteiro
estatelado ao relento e pela perda da pressa e não pelo
uso da palavra morte. Assim, constrói a imagem da mar-
ginalização do individuo comum e da desvalorização da
vida humana por meio da emoção e pela fuga da lingua-
gem convencional. A figura de linguagem é, portan- to,
um recurso de linguagem significado pelo distanciamen-
to da objetividade. Consiste na combinação incomum
de palavras que dão um sentido para além das conven-
ções sociais e o “real” estabelecido.
As figuras de linguagem são divididas em figuras de
som, de pensamento ou palavras e de construção ou
sintaxe e são de suma importância para um bom en-
O efeito humorístico da tirinha foi produzido: tendimento dos mais di- versos gêneros, tais como a
poesia, a música e o texto propa- gandístico.
a) Pela pergunta que Hagar fez a Dirk.
b) Pela resposta de Dirk a Hagar.
c) Pelo efeito sonoro provocado pela onomatopeia FIGURAS DE SOM
“POW”.
d) Pelo jogo de sentidos provocados pelo uso da pala- → Aliteração: repetição de mesmos sons consonantais.
vra “sujo”, fazendo com que a palavra assumisse um Ex.: “Vozes veladas veludosas vozes/Volúpias dos vio-
efeito polissêmico. lões, vo- zes veladas” (Cruz e Souza)
e) Pela displicência de Hagar ao fazer o questionamen- → Assonância: é representada pela repetição de sons
to ao amigo. vo- cálicos. Ex.: “Na messe, que enlourece, estremece
a quermes- se.” (Eugênio de Castro)
→ Paronomásia: aproximação de palavras de sons pa-
UNIDADE 22 reci- dos, mas de significados distintos. Ex.: Quem teme
treme.
FIGURAS DE LINGUAGEM → Onomatopéia: consiste em passar para a escrita um
de- terminado som. Ex.: “Splish splash/ Fez o beijo que
Ao interagirmos, seja por meio da palavra escrita, fala- eu dei/ Nela dentro do cinema (...)” (Erasmo Carlos)
da ou da imagem, empregamos diversificados recursos → Comparação: consiste em identificar dois elemen-
para atingir o objetivo pretendido. Por meio dos textos, tos a partir de uma característica comum. Geralmente
percebemos a finali- dade do autor e nos deparamos aparece a conjunção “como”. Ex.: “Eu faço versos como
com inúmeras formas de comu- nicação até mesmo de quem chora De desalento... de desencanto...” (Manuel
mensagens com conteúdos parecidos. Em um texto do Bandeira).
cotidiano, como bula de remédio, por exemplo, o autor → Metáfora: realiza-se na utilização uma palavra, ou

63
ex- pressão, em lugar de outra, por haver entre elas uma pala- vras no início de frases ou versos. Ex.: “Amor é
relação de semelhança. É uma comparação mental. fogo que ardesem se ver/ É ferida que dói e não se sen-
Ex.: “Meu coração é um balde despejado.” (Fernando te/ É um contentamen- to descontente.” (Camões).
Pessoa). → Anacoluto: é um fenômeno muito comum na
→ Metonímia: é a substituição de um termo por outro, oralidade, consiste na quebra da ordem lógica da frase.
ba- seando-se em uma estreita relação de sentido. Ex.: Ex.: Eu, não tem um dia que meu time não dá “show”
Minha pro- fessora leu Camões para nós. de bola.
→ Antítese: caracteriza-se pela aproximação de ter- → Pleonasmo: é a repetição de uma palavra ou de uma
mos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido. no- ção já implicada no texto. Ex.: Não percam o sensa-
Ex.: Os jar- dins têm vida e morte. cional cam- peonato de natação aquática.
→ Paradoxo: o contraste se faz pela aproximação de → Gradação: é representada por uma sequência de
ideias absurdas. Ex.: “Amo-te assim: meio odiosamente” idéias expostas em ordem crescente ou decrescente de
(Augusto dos Anjos) intensidade. Ex.: “Tudo na casa era cinza, nebuloso, as-
→ Catacrese: consiste no emprego de um termo figura- sustador.” (Pedro Nava)
do pela falta de outro mais próprio, sendo que este caiu → Apóstrofe: consiste na evocação ou interpelação
no uso popular. Ex.: A perna da mesa quebrou. enfáti- ca de pessoas ou seres. Ex.: “Santa Virgem Ma-
→ Eufemismo: é o emprego de uma expressão suave ria, vós que sois mãe do/ canto e do dia, dai-nos a luz do
e po- lida no lugar de outra considerada grosseira ou luar.” (Gilberto Gil).
chocante. Ex.: Fulano é cosmeticamente prejudicado → Silepse: ocorre quando a concordância é feita pelo
(no lugar de Fulano é feio). senti- do e não pela forma gramatical. Podemos ter si-
→ Perífrase: designa um ser por meio de uma caracte- lepse de pessoa (Ex.: Os que não sabem alemão temos
rística que o tenha celebrizado. Ex.: A cidade Luz (Pa- o maior respeito por essa língua), de número (Ex.: A
ris). gente somos inútil) e de gênero (Ex.: A belíssima Recife
→ Autonomásia: é o mesmo que a perífrase, mas de Manuel Bandeira).
quando se trata de pessoas. Ex.: O poeta dos escravos
(Castro Alves).
→ Hipérbole: Consiste em realçar o pensamento por EXERCÍCIOS
meio do emprego de uma expressão intencionalmente
exagerada. Ex.: Eles morreram de rir.
→ Ironia: caracteriza-se pela expressão o contrário do 1. Identifique qual das alternativas trata-se de metáfora:
que se pensa. Diz-se uma coisa para significar outra. a) Eles morreram de rir daquela cena.
Ex.: “A ex- celente Dona Inácia era mestra na arte de b) Aqueles olhos eram como dois faróis.
judiar de crianças.” (Monteiro Lobato) c) Ah! O doce sabor da vitória.
→ Prosopopéia/ personificação: é representada pela d) Aquele velho é uma raposa!
atri- buição de vida, ação, voz e movimento a seres
inanimados, ir- racionais ou abstratos. Ex.: “Sinto o 2. “Muito bom aquele encanador. Colocou em nossa
canto da noite na boca do vento”. casa vários canos furados”. Esta frase trate de qual
→ Sinestesia: reúne sensações originárias de diferen- tipo de figura de linguagem?
tes órgãos dos sentidos. Ex: “O sol do outono caía com e) Metonímia
uma luz pálida e macia”. f) b) Ironia
c) Indireta
d) Antítese
FIGURAS DE CONSTRU-
3. Quais figuras de linguagem temos neste texto:
ÇÃO OU SINTAXE “Às sete horas da manhã, a rua acordava. Era pos-
→ Hipérbato/Inversão: é a inversão da ordem usual sível ouvir gritos irritantes daquelas lindas crianças
dos termos de uma oração ou das orações de um perío- que choravam rios de lagrimas enquanto suas mães
do. Ex.: “Ou- viram do Ipiranga as margens plácidas/ de terminavam de preparar o café da manhã. O brilho
um povo heróico um brado retumbante.”. (As margens do sol naquele dia ensolarado não era suficiente
plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um para animar os adultos, que acordavam com o trim
povo heróico). do despertador para trabalhar”?
→ Elipse: é a omissão de termos que podem ser g) Personificação – Ironia – Hipérbole – Pleonasmo –
facilmente depreendidos. Ex.: Na sala, apenas quatro ou Ono- matopeia.
cinco convidados. h) Metáfora – Sarcasmo – Sinestesia – Hipérbole –
→ Zeugma: trata-se da omissão de um termo que já Pleonas- mo – Zeugma.
apare- ceu antes. Ex.: Ele prefere cinema; eu, teatro. i) Metonímia – Indireta – Sinestesia – Hipérbole – Pleo-
→ Polissíndeto: repetição da mesma conjunção entre nasmo– Zeugma.
ora- ções ou palavras dispostas em sequência. Ex.: “E j) Personificação – Indireta – Sinestesia – Hipérbole –
teima, e lima, e sofre e sua.” (Olavo Bilac). Pleo- nasmo – Zeugma.
→ Assíndeto: consiste na omissão de conjunções en-
tre as orações. Ex.: “Vim, vi, venci” (Júlio César) 4. Se o polissíndeto e a anáfora tem em comum a
→ Anáfora: repetição da mesma palavra ou grupo de repetição, qual a diferença entre essas figuras de

64
linguagem? c) Já não são tão frequentes os passeios noturnos na vio-
a) A anáfora tem uma repetição, mas não das conjun- lenta Rio de Janeiro. (silepse de número).
ções. Elas são omitidas nesta figura de linguagem. d) “E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua…” (aliteração).
b) A repetição da anáfora é somente de sons, como e) “Oh sonora audição colorida do aroma.” (sinestesia).
“três tigres comem três pratos de trigo”, onde o som re-
petitivo do R é evidente. 8. (ENEM-2004)
c) A afirmação está incorreta. A anáfora não tem repeti-
ção e é completamente oposta ao polissíndeto, porque
omite as conjunções.
d) A anáfora é uma figura de linguagem que tem repetição de
palavras e expressões. Ela não se prende só às conjunções.

5. “É como mergulhar num rio e não se molhar”


(Skank); “Tristeza não tem fim, felicidade sim” (Viní-
cius de Moraes). As frases acima são exemplos de:
a) Antítese e Zeugma
b) Paradoxo e Paradoxo
c) Paradoxo e Antítese As figuras de linguagem são comumente encontra-
d) Antítese e Antítese das nos textos literários, bem como em charges e
e) Zeugma e Paradoxo tirinhas. Nessa tirinha,a personagem faz referência
a uma das mais conhecidas figuras de linguagem
6. Leia a tirinha de “Calvin e Haroldo”, de Bill Wat- para:
terson: a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

9. Relacione as definições abaixo com as figuras de


linguagem:
( ) Figura de linguagem em que se emprega um sentido
inco- mum para uma palavra a partir de uma relação de
semelhança entre dois termos.
( ) Figura de linguagem que consiste em expressar uma
ideia com exagero, a fim de enfatizá-la ou destacá-la.
( ) Figura de linguagem que consiste no emprego de
uma palavra por outra, com a qual tem uma relação de
interdepen- dência, proximidade.
( ) Figura de linguagem que consiste em atribuir carac-
terísti- cas humanas a seres inanimados ou irracionais.
( ) Figura de linguagem que consiste no emprego de pa-
lavra ou expressão agradável para amenizar uma ideia
desagradável ou grosseira.
( ) Figura de linguagem que consiste em aproximar dois
ter- mos a partir de uma característica comum. Faz uso
As figuras de linguagem são importantes recursos de conecti- vos: como, tal qual, que nem etc.
expres- sivos da linguagem oral e escrita. Calvin e
Haroldo de Bill Wat- terso 1- Eufemismo.
Qual figura de linguagem está presente na fala do 2- Metáfora.
garoto? 3- Comparação.
a) Antítese. 4- Prosopopeia ou personificação.
b) Prosopopeia. 5- Hipérbole.
c) Pleonasmo. 6- Metonímia
d) Anacoluto.
e) Ironia. a) 6 – 4 – 2 – 1 – 3 – 5
b) 5 – 6 – 1 – 2 – 3 – 4
7. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação c) 2 – 5 – 6 – 4 – 1 – 3
das fi- guras? d) 2 – 6 – 5 – 4 – 1 – 3
a) “Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro e) 1 – 2 – 6 – 5 – 4 – 3
sono.” (eufemismo).
b) “A neblina, roçando o chão, cicia, em prece”. (prosopo-
peia).

65
GABARITO 7. B

UNIDADE 1 UNIDADE 5
Exercícios: A linguagem é carregada de gírias e marcas de oralida-
Pleonasmo -  é uma redundância (proposital ou não) de. Tem o objetivo de se aproximar dos detentos.
numa expressão, enfatizando-a. 01 +04 + 16= 21
Podemos construir textos mesmo sem os verbos, pro- E
nomes, conjunções, adjetivos e etc, e tais substantivos Aqui, lugar – indicador de quem fala; agora, tempo –
concretos têm sentido completo, podendo fazer parte de chama atenção
uma história apresentada ao leitor. E
A diferença está na evolução temporal. Ela escova Adição – reforça a ideia; insistência/frustração
os dentes, toma café, almoça, janta e, na cama, com o 01+02+04+=7
amante, sente pavor da solidão. “Ai Jesus”
A B
C B
B 11.A
E 12.C
D 13.B
UNIDADE 2 14.E
Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligan- 15.C
do termos da oração ou elementos do período 16.C
A 17.E
Porque indica que o substantivo já é conhecido do leitor 18.E
ou do ouvinte. E a sua ausência generaliza o substan-
tivo. UNIDADE 6
Indiferença. 1. “Era uma vez uma agulha”
1. Adjetivo; 2. Substantivo pela colocação do artigo. Sujeito (simples): uma agulha // Predicado: Era uma vez
Dados concretos que revelam a frieza dos fatos
D “Mas você é orgulhosa”
a) Todo homem é livre. Sujeito (simples): você // Predicado: Mas... é orgulhosa
b) Só alguns são livres.
“Na nossa terra não há trabalho”
UNIDADE 3 Sujeito (inexistente) // Predicado: Na nossa terra não há
1. D trabalho
2. C
3. B “Veio a guarda”
4. Gosto de meninos e meninas; verbo achar; mostra Sujeito (simples): a guarda // Predicado: Veio.
religiosidade ao falar dos santos.
5.E 2. Sujeito simples: dois grupos de trabalhadores // Pre-
6.C dicado: Estão agora... frente a frente.
7.C
8.A 3. a) Prosopopéia;
9.B
10.D 4. b) Onomatopéia;
11. E
5. a) Sujeito simples: a noite do baile
UNIDADE 4 b) Sujeito simples: a linha
Exercícios: c) Sujeito desinencial: Eles / Vocês
1. Estar continuando a conversa; estar me passando; d) Sujeito simples: o primeiro do norte
estar desligando; estar falando com a ....: estar ajudan- e) Sujeito composto: uma e outra
do. f) Sujeito indeterminado // Sujeito simples: os presentes.
2. O verbo é “sorria”. Totalmente irônico, pois a única
coisa que não se proíbe fazer é sorrir, sendo que, pela 6. a) todas as palavras explícitas da primeira oração
construção da música, não notamos sentido algum em pertencem ao predicado.
achar graça de alguma coisa. Além disso, nas plaquetas
das lojas, a última coisa que se espera dos clientes é 7. a) Devia haver mais interesse pela boa formação pro-
que eles riam para a câmera. fissional.
3. D
4. Não, pois é um verbo que está indicando o desenrolar 8. a) Sujeito desinencial: eu
de um processo. É o uso normal do gerúndio. b) Sujeito simples: os do norte // Sujeito simples: a culpa
5. A // Sujeito desinencial: vós
6. C c) Sujeito simples: a linha // Sujeito desinencial: ela

66
d) Período simples, pois só possui uma oração. complemento nominal, se for posto outro substantivo
abstrato como complemento, continuará sendo neces-
9. E sário o complemento.
b) O eleitor;
c) Sujeito simples. 7. Classifique os seguintes termos (1,0):
“uma doença muito perigosa” (1º quadrinho)
10. b) escrava e remuneração; Predicativo do sujeito.
“por animais contaminados” (2º quadrinho)
UNIDADE 7 Agente da passiva.
1. Na oração I, há Verbo de ligação, pois “muito triste”
é predicativo do sujeito “Camila”; enquanto na oração 8. A
II, trata-se de um Verbo Intransitivo, pois “andava” é a
ação de Camila e “sem pressa” é o modo como ela agia. 9. a) Como o povo anda tristonho!

2. a) Predicado verbal – núcleo: gostaram 10. b) É cedo para mim dar uma resposta
b) Predicado nominal – núcleo: baixo
c) Predicado verbal – núcleo: respondeu UNIDADE 8
d) Predicado verbal – núcleo: jorrava 1. “Rei das Selvas” - Complemento nominal.
e) Predicado verbal – núcleo: vai tomar “os métodos de combate” – Complemento nominal.
“as relações de respeito” – Complemento nominal.
3. a) “do outro lado havia um lobo”. “Durante debate” – Adjunto adverbial de tempo.
e) “vendemos nosso produto / para outro fazendeiro” O jovem americano” – Adjunto adnominal.
“Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência
4. a) “A água jorrava entre as rochas” dos EUA” – Adjunto Adverbial de lugar.
A água: Sujeito simples // jorrava: Verbo Intransitivo //
entre as rochas: adjunto adverbial de lugar 2. Todos os termos são Predicativos de “cartum”. Ao
expor a característica de um termo, a personagem já
b) “Você agita a água” expressa junto o seu ponto de vista, pois está classifi-
Você: Sujeito simples // agita: Verbo Transitivo direto // a cando o cartum.
água: Objeto direto
3. a) “Hei, você aí, macaco – quem é o rei dos animais?”
c) “Isso é impossível” – Para identificar o animal com quem o Leão está fa-
Isso: Sujeito simples // é: Verbo de ligação // impossível: lando.
Predicativo do sujeito b) “Como humanista, aceito defender a internacionaliza-
ção do mundo” – Explica o ponto de vista humanista e
d) “O lobo então agarrou o cordeiro, levou-o para o fun- exclui o brasileiro.
do da floresta”
PERÍODO COMPOSTO 4. Ao iniciar um diálogo, o leão faz uso de vocativos
O lobo: Sujeito simples // então: Adjunto adverbial de como “Coruja” e “Elefante”. Ele os usa para chamar a
tempo // agarrou: Verbo transitivo direto // o cordeiro: atenção dos seus respectivos ouvintes.
Objeto direto – (ele): Sujeito desinencial // levou: Verbo
transitivo direto // o: Objeto direto // para o fundo da flo- 5. c) Vocativo, pois expressa o ser a quem se dirige a
resta: Objeto indireto mensagem do narrador.

e) “Você andou falando mal de mim” 6. d) Adjunto adnominal ou adjunto adverbial


Você: Sujeito simples // andou falando: Verbo transitivo
direto // mal: Adjunto adverbial de modo // de mim: Obje- 7. c) A segunda faixa é enriquecida pela palavra (no),
to direto preposicionado pois apenas essa construção indica o lugar onde há for-
ró.
f) “O dono de engenho engorda”
O dono de engenho: Sujeito simples // engorda: Verbo 8. d) Complemento Nominal; Adjunto Adnominal; Com-
Intransitivo plemento Nominal; Complemento Nominal.

g) “Vendemos nosso produto/ para outro fazendeiro” 9. a) Por que ele tanto pode ser um aposto quanto um
(nós): Sujeito desinencial // Vendemos: Verbo transitivo vocativo?
direto e indireto // nosso produto: Objeto direto // para Porque o termo se localiza numa posição que gera am-
outro fazendeiro: Objeto indireto biguidade, podendo tanto ser aposto explicativo, quanto
vocativo.
5. “um cordeiro estava bebendo água próximo a um cór-
rego” // Completa o sentido de “próximo”, um adjetivo. b) Fazendo alterações necessárias, reescreva a frase
de modo que José seja apenas um aposto.
6. Medo é um substantivo abstrato, portanto exige um Meu amigo, o José, saiu rapidinho da confusão no pátio.

67
/ Meu amigo José saiu rapidinho da confusão no pátio. d) Uma expressão corretiva “isto é”;
e) Oração coordenada explicativa.
c) Fazendo alterações necessárias, reescreva a frase 9–E
de modo que José seja apenas um vocativo.
José, meu amigo saiu rapidinho da confusão no pátio. UNIDADE 11
1-A
10. a) Vocativo. 2-
3- a) mas / porém
11. A b) e
c) logo / portanto
UNIDADE 9 d) mas / porém
1. “De tudo ao meu amor serei atento” e) portanto.
Sujeito desinencial: (eu) // Verbo de Ligação: serei // 4-D
Predicativo do sujeito: atento // Complemento nominal: 5-E
ao meu amor // Adjunto adverbial de modo: De tudo. 6 a)... às vezes o repreendia...
Usa-se a preposição a porque se trata de um comple- b) ... porque lhe negara uma colher de doce...
mento nominal. 7-C
8–B
2. a) “mostrou a carta em que o senhor reclamava con- 9 –E
tra o barulho” (opor-se) 10 – B
Mostrou a carta em que o senhor se opunha ao barulho. 11 – C; D; D
12 - C
b) “Mas que me seja permitido sonhar com outra vida”
(idealizar) UNIDADE 12
Mas que me seja permitido idealizar outra vida. 1-B
2-C
3. d) Os complementos dos verbos comer e beber são 3- Objetiva Direta/ Objetiva indireta / Objetiva Indireta/
objetos indiretos. Completiva Nominal/ Apositiva/ Objetiva direta
4–E
4. I - A criança preferiu ficar junto da mãe 5–C
II - A criança preferiu ficar junto à mãe 6–E
7–C
5. A substituição de um termo feminino “casa” por um 8–C
masculino “número” não excluiu a necessidade do uso 9–C
da preposição a. 10 – C
11 – B
6. b) Inadequada, pois o verbo chegar é regido pela pre- 12 – C
posição a. 13 – D
14 – E
7. b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual-
quer população carente. UNIDADE 13
1- a) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
8. há e) àquele - a – há b) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
c) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
9. Sentou-se à máquina e pôs-se a reescrever uma a d) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
uma as páginas do relatório. e) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
f) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
10. B 2-E
3-E-E-R-E-R
UNIDADE 10 4-B
1-E 5. a) Ricos é substantivo em “ricos prejudicam”; pobres
2-C é adjetivo em “países pobres”; pobres é substantivo em
3-B “os pobres”; ricos é adjetivo em “mercados ricos”.
4-C b)Há inúmeras possibilidades de construção de fra-
5-A ses. O importante é que a palavra seja usada ora como
6–C substantivo, ora como adjetivo.
7-A 6)R.: Os adjetivos são silencioso em “silencioso pássa-
8-O emprego da vírgula manifesta-se de forma adequa- ro” e muda em “carne redonda e muda”. Esses adjetivos
da, tendo em vista que se trata de: sugerem ideia de recolhimento e, ao mesmo tempo, de
a) Vocativo paz interior.
b) Adjunto adverbial de tempo;
c) Oração subordinada adjetiva explicativa; 7) Em a, todos os homens têm seu preço e todos são

68
facilmente corrompidos. Em b, somente uma parte dos 8. Preparando-se para o jogo, os meninos não irão sair.
homens têm seu preço e somente tais homens são fa- Subordinada adverbial causal reduzida de gerúndio.
cilmente corrompidos. Porque estão se preparando para o jogo, os meninos
não irão sair.
UNIDADE 14 9. Todos fizeram o firme propósito de não mais falar da
1. vida alheia.
a) CAUSAL Subordinada substantiva completiva nominal, reduzida
c) CONDICIONAL de particípio.
d) CONSECUTIVA Todos fizeram o firme propósito de que não mais fala-
e) CONFORMATIVA riam da vida alheia.
f) TEMPORAL 10. Era preciso rezarmos àquela hora.
Subordinada substantiva subjetiva reduzida de particí-
2. C – Embora ligue ideias contrárias, aqui as ideias têm pio.
relação. Era preciso que rezássemos àquela hora.
11. Já pedi dinheiro para comprar mais selos.
3. V – F – V – F – V – F – V – V – F – V – V – V – F Já pedi dinheiro a fim de que comprasse mais selos.
12. A velhinha, arrastando a cesta pesada, agradeceu
4. a) Muitas pessoa não conseguem falar em público a caridade...
porque são tímidas. Oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de ge-
b) Como são tímidas, muitas pessoas não conseguem rúndio
falar em público. A velhinha, que arrastava a cesta pesada, agradeceu a
c) Na medida em que são tímidas muitas pessoas não caridade.
conseguem falar em público. 13. Descoberto o perigo, procurou-se evitá-lo.
d) Muitas pessoas de tão tímidas não conseguem falar Oração subordinada adverbial temporal reduzida de
em público. particípio.
Quando se descobriu o perigo, procurou-se evitá-lo.
5. Na primeira frase é uma condição. – a dedicação leva 14. As crianças, brincando pelas ruas, alegravam os
ao sucesso. transeuntes.
Na segunda frase é uma verdade. – a dedicação não Subordinada adjetiva explicativa, reduzida de gerúndio.
leva ao sucesso. As crianças, que brincavam pelas ruas, alegravam os
transeuntes.
6. B 15. Estas são as entradas obtidas no clube.
7. A Subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio
8. D Estas são as entradas que foram obtidas no clube
9. A
10. D UNIDADE 16
1. d)
UNIDADE 15 2. e)
1. A 3. b)
2. C 4. c)
3. a) Cremos que você seja honesto.
b) Não agradou a nós que Manoela nos visitasse. UNIDADE 17
c) Eu desejava que você nos auxiliasse. 1. a)
d) Tivermos que suportar o seu canto. 2. b)
3. c)
Desenvolva e classifique as seguintes orações reduzi- 4. a)
das: 5. a)
4. Construída a estrada, tornar-se-á fácil ir ao Norte. 6. b)
Subordinada adverbial temporal reduzida de particípio. 7. a)
Assim que construírem a estrada, tornar-se-á fácil ir ao
Norte UNIDADE 18
5. Insisto em seres leal. 1. c)
Subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de 2. d)
infinitivo 3. d)
Insisto em que sejas leal. 4. d)
6. Sabemos estar você muito triste. 5. d)
Subordinada substantiva objetiva direta reduzida de in-
finitivo UNIDADE 19
Sabemos que você está muito triste. 1. e)
7. Terminado o recital, o artista foi aplaudido. 2. d)
Subordinada adverbial temporal reduzida de particípio. 3. d)
Quando terminou o recital, o artista foi aplaudido. 4. a)

69
5. d) lugar estabelece um ponto de intersecção com o com-
6. c) porta- mento do pai. O sentido metafórico re- side aí,
7. c) pois o menino estabeleceu uma analogia entre a bici-
8. e) cleta e o pai, que se esforça, mas parece não conseguir
9. b) atingir seus objetivos.
10. d) C
11. a)

UNIDADE 20
(a) O implícito representado no tex- to é o de que a mu-
lher fala demais. Isso pode ser comprovado pela ima-
gem da mulher, associado a ideia de passagem do tem-
po por não parar de conversar.
(b) Caso a charge tivesse sido repre- sentada por uma
mulher, possivelmente o pressuposto apresentado se-
ria de que o homem, por exemplo, só fala de futebol
ou ainda que os homens não escutam verdadeiramente
as mulheres e não gostam de discutir os problemas de
uma relação.
Resposta Pessoal.
Resposta Pessoal.
Resposta Pessoal.
Resposta Pessoal.
A
C

UNIDADE 21

Resposta pessoal.
Resposta esperada:
A graça foi gerada pela palavra afinar. Apurar (sentido
usado pelo afinador). Tornar fino (sentido usado pelo
contratan- te).
O afinador apresenta-se ao contratante empunhando
o diapasão, objeto usado para afinação das notas do
piano. Posteriormente, ao saber que o contra- tante não
pretendia apurar as notas, mas, sim, ocupar menos es-
paço na sala, há um desentendimento entre os perso-
nagens.
Resposta esperada:
De que os jovens tendem a adotar o estilo dos seus
cantores ou grupos fa- voritos. Isso pode ser comprova-
do pela imagem, quando boa parte dos garotos deixou
a cueca à vista porque o vocalista da banda deixou a
bermuda escorregar.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
D

UNIDADE 22
D
B
A
D
C
E – podemos observar que Calvin está sendo irônico
em sua declaração, pois afirma o contrário daquilo que
ele sabe ser o correto, ou seja, ele sabe que a participa-
ção na política é importante para que o cidadão possa
reclamar seus direito.
C
E – para a personagem, a bicicle- ta que nunca sai do

70
UNIDADE 1 trabalho acadêmico.
VARIAÇÕES CULTURAIS: uma pessoa sem alfabeti-
NOÇÃO DE LINGUAGEM, zação tal- vez se expresse de forma diferente de uma
pessoa com pós-graduação.
TEXTO E LEITURA
Estrangeirismo: é a introdução de palavras de outras
LINGUAGEM: é qualquer e todo sistema de signos que línguas em nosso vocabulário, podendo sofrer ou não
serve de meio de comunicação de ideias ou sentimen- modificação em sua grafia. Ex: mouse, laser, jeans, pi-
tos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, zza, xampu (do inglês shampoo), estresse (do inglês
gestuais etc. Podendo ser percebida pelos diversos ór- stress), abajur, ateliê, batom.
gãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias
espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil etc. Neologismo: é uma nova palavra criada na língua que
A linguagem é uma faculdade muito antiga. É através geralmente surge quando o indivíduo quer se expressar,
dela que o ser humano adquire o conhecimento e o utili- mas não encontra a palavra ideal. Ex: deletar, escanear,
za para dominar o mundo e os outros seres. internetês, petista.
É também a aptidão comunicativa que têm os seres hu- **ATENÇÃO**: quando você for escrever um texto e
manos de usar qualquer sistema de sinais significativos, utilizar neologismos e estrangeirismos não totalmente
é a capacidade de recriar e manipular sistemas de co- incorporados ao nosso vocabulário, eles deverão ser
municação, expressando seus pensamentos, sentimen- escritos entre aspas (“ ”). Ex: Juliana teve um “insight”
tos e experiências, transmitindo assim mensagens. Ela durante a reunião. / Nosso mundo está cada vez mais
pode ser dividida em: “celularizado”.

• Linguagem Verbal: composta por palavras, seja na TEXTO: o texto (do latim textum: tecido) é compreendido
forma escrita, seja na forma oral. como uma unidade básica de organização e transmis-
Exemplo: e-mail, livros, jornais, discursos políticos ou são de ideias, conceitos e informações que os usuários
religiosos etc. da língua produzem a partir da união de suas diversas
• Linguagem Não Verbal: não se utiliza do vocábulo, partes, de um todo harmônico, ou seja, uma unidade de
mas é constituída por outros elementos da comunica- sentido. Só assim poderá ser entendido em sua totali-
ção. dade.
Exemplo: gestos, postura corporal, desenhos, bandei- Para concretizar-se, o texto deverá emitir uma intenção
ras, luzes, cores, isto é, símbolos visuais. comunicativa, independentemente da sua extensão,
• Linguagem Verbal E Não Verbal (Linguagem Mis- sendo considerados textos, as imagens, as fotografias,
ta): é o misto das duas formas de linguagem anteriores, os quadros, os símbolos, os sinais de trânsito, as re-
ou seja, é composta por palavras e símbolos visuais. presentações corporais e teatrais, desde que em uma
Exemplo: placas, reportagens, tirinhas etc. situação de interação comunicativa. Desse modo, o tex-
to é entendido como processo e não como produto aca-
LÍNGUA: é o conjunto organizado de elementos (sons bado no momento da escritura. O leitor não é simples
e gestos) que possibilitam a comunicação. É um siste- decodificador de signos, símbolos ou imagens em- pre-
ma formado por regras e valores presentes na mente gadas; ele arquiteta sentidos, estes somente construí-
dos falantes de uma comunidade linguística e aprendi- dos na interação entre texto - contexto e leitor. O texto
do graças aos inúmeros atos de fala com que eles têm é, portanto, uma representação do mundo, da visão de
contato. mundo de quem escreve e/ ou fala e de quem lê / ouve.
Por fim, podemos considerar o texto como um conjunto
Idioma: refere-se à língua usada para identificar uma de partes solidárias, no qual o sentido de suas frases
nação em relação às demais e está relacionado à exis- depende do significado das demais com as quais se re-
tência de um Estado político. laciona. O sentido de qualquer uma das suas partes é
dado pelo todo, ou seja, pelo contexto.
Dialeto: refere-se às variedades linguísticas dentro de
uma mesma língua, sejam elas por regionalismo ou di- Contexto: é a leitura de um texto que se dá
ferenças sociais e ocupacionais. primeiramente a partir do processo de decodificação,
quando temos contato com o “conteúdo” e buscamos
Variação Linguística: refere-se aos vários “falares” compreendê-lo. Existem elementos que nos ajudam a
(dia- letos) dentro de uma mesma língua, já que todas interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para
línguas têm suas variações. Estas variações podem ser: que se possa compreender bem um texto é necessário
identificar o contexto (histórico, social, cultural, político)
HISTÓRICA: vossa mercê → você. no qual ele está inserido. Essa identificação vai depen-
REGIONAIS: mandioca é o mesmo que macaxeira e ai- der do conhecimento sobre o que está sendo abordado
pim no nordeste. e as conclusões referentes ao texto. Em determinados
VARIAÇÕES CONTEXTUAIS: a linguagem torna-se di- textos a informação sobre acontecimentos passados
ferente dependendo da situação em que estamos inse- contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais
ridos. Ex: a linguagem utilizada em uma roda de amigos variado o campo de conhecimento, mais facilidade en-
é diferente daquela utilizada na apresentação de um contrará o leitor para ler e interpretar textos.

71
transformador da realidade.
Intencionalidade: segundo Platão e Fiorin nenhum
texto é uma peça isolada, nem a manifestação da indi- Para se obter sucesso na leitura faz-se necessário se-
vidualidade de quem o produziu. De uma forma ou de guir três etapas:
outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar 1) ANTES: predições iniciais sobre o texto e objetivos
uma posição ou participar de um debate de escala mais de leitura;
ampla que está sendo travado na sociedade. Até mes- 2) DURANTE: levantamento de questões e controle da
mo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de compreensão e;
neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás. 3) DEPOIS: construção da ideia principal e resumo tex-
Então, um texto revela a perspectiva, a “visão de mun- tual.
do” a qual o autor tem da realidade, já que é produzido
por um sujeito num determinado tempo e espaço. Esse Ler significa aproximar-se de algo que acaba de ga-
indivíduo, por pertencer a um grupo social, expõe em nhar existência. (Ítalo Calvino)
seus textos, ideias, anseios, temores, expectativas de
seu tempo e de seu grupo social.

LEITURA: A prática da leitura se faz presente em EXERCÍCIOS


nossas vidas desde o momento em que começamos a
«compreender» o mundo à nossa volta. No constante 1 Leia a música e, com as suas palavras, explique o que
desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas foi possível compreender.
que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas
perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a HISTÓRIA DE UMA GATA
que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos Chico Buarque, História de uma gata. In: Musical Infan-
estes casos estamos, de certa forma, lendo, embora, til – Os Saltimbancos. São Paulo: Editora Musical Ltda,
muitas vezes, não nos demos conta. 1977.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples
decodificação de símbolos, mas significa, de fato, inter- Me alimentaram
pretar e compreender o que se lê. Me acariciaram
Assim, o termo “leitura” alargou-se: inicialmente há a Me aliciaram
chamada “decifração e reconhecimento elementar, se- Me acostumaram
guidamente uma apreensão informada e, só depois,
uma apreensão analítica (que se faz por meio de análi- O meu mundo era o apartamento
se) e crítica”. Detefon, almofada e trato
Formar um leitor competente é formar alguém que tenha Todo dia filé-mignon
iniciativa própria, capaz de selecionar, que compreen- Ou mesmo um bom filé... de gato
da o que lê, que possa aprender a ler o que não está Me diziam todo momento
escrito, identificando elementos, para que realmente o Fique em casa não tome vento
indivíduo assuma um papel crítico dentro da sociedade. Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
A criança em fase de alfabetização lê vagarosamente, Tantos gatos pela rua
mas o que ela está fazendo é decodificar, um processo Toda a noite vão cantando assim
diferente da leitura, embora as habilidades necessárias
para a decodificação (conhecimento da correspondên- Nós, gatos, já nascemos pobres
cia entre sons e letra) sejam necessárias para a leitura. Porém, já nascemos livres
O leitor adulto não decodifica; ele percebe as palavras Senhor, senhora senhorio
globalmente e adivinha muitas outras, guiadas pelo seu Felino, não reconhecerás (2x)
conhecimento prévio e suas hipóteses de leitura. (KLEI-
MAN, 2002, p.13) De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Por meio desse processo chegará à construção de uma Sem filé e sem almofada
visão de mundo crítico, embasada, capaz de levar o ci- Por causa da cantoria
dadão a agir por si só, sem resquícios de uma socieda- Mas agora o meu dia a dia
de dominadora e castradora de ideais. É no meio da gataria
Nos dias atuais, ler e escrever são práticas sociais bá- Pela rua virando lata
sicas, independentes da importância a elas atribuídas, Eu sou mais eu, mais gata
pois o mundo pode ser visto como um grande texto que Numa louca serenata
está pronto para várias leituras. Que de noite vai cantando assim
Desta forma, o indivíduo que pode diferenciar os vários
tipos de texto, que reflete sobre o grau de persuasão do Nós, gatos, já nascemos pobres
texto apresentado, será um cidadão melhor preparado Porém, já nascemos livres
para os novos de- safios de um mundo em constante Senhor, senhora senhorio
evolução, podendo assumir seu verdadeiro papel de Felino, não reconhecerás (3x)

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________________________________________ 3 (UNICAMP – adaptada)
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_______________________________________ Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a ex-
________________________________________ pressão “bom pra burro” tem mais de um senti-
________________________________________ do, e remete a uma representação de dicionário.
_______________________________________
________________________________________ a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou
________________________________________ inadequada? Justifique.
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________
________________________________________
2 Identifique na charge abaixo o tipo de linguagem ________________________________________
presente e explique qual o significado implícito: ________________________________________
________________________________________
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________________________________________
________________________________________

b) Explique como o uso da expressão “bom pra


burro” produz humor nessa propaganda.
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________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________
________________________________________ c) Quais elementos configuram esta propaganda
________________________________________ como um texto?
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
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4 (Adaptada de Intensivo 2012) Observe o car- cie deste texto, podemos chegar à compreensão de sig-
taz para responder à questão: nificados mais abstratos.
CONTO DE FADAS DO SÉCULO XXI
Era uma vez... numa terra muito distante... uma princesa
linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a na-
tureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu
castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda prince-
sa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má
lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asque-
rosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de
novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir
um lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir mo-
rar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as
minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes
para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée,
Da leitura de todos os elementos que compõem acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de
o cartaz, é correto afirmar que o texto princi- um finís- simo vinho branco, a princesa sorria, pensando
pal denuncia que a violência doméstica contra consigo mesma:
a mulher: - Eu, hein?... nem morta!
(Veríssimo, Luís Fernando. Conto de fadas do sé-
a) atinge principalmente a mãe, e a ilustração apre- culo XXI)
senta uma imagem negativa do agressor, sob o ponto
de vista da mulher. NUM PRIMEIRO NÍVEL DE LEITURA, PODEMOS
b) atinge todos os membros da família, e a ilustração DE- PREENDER OS SEGUINTES SIGNIFICA-
apresenta uma imagem negativa do agressor, sob o DOS:
ponto de vista de um dos filhos. • uma rã, consciente de sua condição e de que
c) atinge principalmente os filhos, e a ilustração apre- poderia distanciar-se dela somente com o beijo da
senta uma imagem negativa do agressor, sob o ponto mulher amada, procura persuadir a princesa a bei-
de vista da mulher. já-lo;
d) atinge todos os membros da família, e a ilustração • a rã tenta convencer a jovem de que o beijo
apresenta uma imagem negativa do agressor, sob o possibilitará vantagens como o casamento e um fi-
ponto de vista do próprio agressor. nal “feliz para sempre”;
e) desestabiliza a família, e a ilustração apresenta • a manipulação não pode ser efetivada, uma vez
uma imagem negativa do agressor, sob o ponto de que a princesa não concretiza o beijo;
vista dos dois filhos. • a jovem, sem concretizar o contrato, saboreia a
rã e mostra-se satisfeita com a “escolha” realizada.

EM UM SEGUNDO NÍVEL, PODEMOS ORGANI-


UNIDADE 2 ZAR ES- SES DADOS CONCRETOS NUM PLA-
NO MAIS ABSTRATO:
• um dos personagens do texto (a rã) dá mostras de
NÍVEIS DE LEITURA DE UM TEXTO ter consciência da necessidade do outro (princesa)
para sair da condição em que se encontra;
• outro personagem (a princesa) dá mostra de
NÍVEIS DE LEITURA DE UM TEXTO sua insatisfação diante da condição (dependência
Ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais amorosa e submissão) oferecida pela personagem
simples que ele pareça, normalmente o leitor se defron- primeira (a rã);
ta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de • no nível da aparência, a personagem primeira
tantos significados que ocorrem na sua superfície. Mas (rã) procura entrar em acordo, mas, no nível da
quando se trata de um bom texto, por trás do aparente realidade, isto é, da essência, os dois continuam
caos, há ordem. Quando, após várias leituras, encontra- em desacordo devido aos valores distintos que
-se o fio condutor, a primeira impressão de desorganiza- possuem quanto aos relacionamentos amorosos.
ção cede lugar à percepção de que o texto tem harmonia
e coerência. NUM TERCEIRO NÍVEL, PODEMOS IMAGINAR
Para exemplificar, vejamos uma pequena fábula de Mon- UMA LEITURA AINDA MAIS ABSTRATA, QUE RE-
teiro Lobato. SUME TODO O TEXTO:
A partir da observação dos dados concretos da superfí- • afirmação da emancipação (feminina) – negação

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da subordinação, da submissão; ____________________________________________
• afirmação da independência e negação da dependên- ____________________________________________
cia. ____________________________________________
• afirmação da felicidade. ____________________________________________
____________________________________________
Os três níveis de leitura, como se pode notar, distin- ____________________________________________
guem-se um do outro pelo grau de abstração: o primeiro ____________________________________________
nível depreende os significados mais concretos e diver- ____________________________________________
sificados; o segundo corresponde aos valores com que
os diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo; B) Qual o sentido da frase “Você é o que come” nesses
terceiro nível depreende os significados mais abstratos textos?
e simples. ____________________________________________
____________________________________________
Assim, podemos imaginar que o texto admite três pla- ____________________________________________
nos distintos na sua estrutura: ____________________________________________
____________________________________________
na estrutura superficial, em que afloram os significa- ____________________________________________
dos mais concretos e diversificados. É nesse nível que ____________________________________________
se instalam o narrador, os personagens, os cenários, o ____________________________________________
tempo etc; ____________________________________________
uma estrutura intermediária, em que se definem os valo- ____________________________________________
res com que os diferentes sujeitos entram em acordo ou ____________________________________________
desacordo;
uma estrutura profunda, em que ocorrem os significa-
dos mais abstratos e mais simples.
UNIDADE 3

EXERCÍCIO COESÃO E COERÊNCIA


1 Com base nos níveis de leitura, analise os textos Leia o texto que segue:
a seguir:

É Deus no céu e ele na terra.

A relação entre o termo Bombril – Papa e ele é estabele-


cida por meio do princípio de textualidade denominado
coesão.

COESÃO: os falantes da língua são capazes de distin-


guir um texto de um aglomerado de frases. Isso aconte-
ce, pois no interior do texto existem elementos respon-
sáveis pela relação entre as diferentes partes que os
constituem, ou seja, pela coesão textual.
Portanto, a coesão textual é a ligação, a relação, a co-
nexão entre as palavras, expressões ou frases do texto,
esse recurso refere-se às relações de encadeamento
A) Compare os textos. A finalidade desses textos é a semântico (significado) e sintático (relações entre pala-
mesma? Explique: vras, frases e orações). Esse mecanismo de retomada
____________________________________________ textual é formado por elementos formais (gramaticais),
____________________________________________ chamados de conectivos.
____________________________________________ Função: assinalar o vínculo entre os componentes do

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texto. (a parte pelo conjunto: jacaré no lugar de animal) são
exemplos de sinonímia.Exemplo: “Fernandinho Beira-
COESÃO TEXTUAL: preocupa-se com a parte visível -Mar está preso, a mídia já não dá mais destaque ao pe-
do texto. rigoso bandido.”
Exemplos: “Sempre que se precisava, Mãitina era a Coesão Por Elipse: a elipse marca a omissão de um
pessoa para a qualquer hora falar no Dito e por ele co- termo já citado, porém é necessário que o leitor perceba
meçar a chorar, junto com Minguilim.” (Guimarães Rosa) qual é o sujeito elíptico, caso contrário causará ambigui-
dade. Exemplo: “A maior empresa do ramo no Brasil.
Texto Comentado: Autopsicografia Aliás, é a maior da América do Sul”. (Anúncio em Carta
Capital).
O poeta é um fingidor Coesão por conectivo: palavras que estabelecem co-
Finge tão completamente nexão com outras palavras ou orações. Podendo ser
Que chega a fingir que é dor conjunções, os pronomes relativos, os advérbios e as
A dor que deveras sente. preposições estabelecem conexão entre as partes do
texto. Exemplo: Não passou no vestibular, pois não es-
E os que leem o que escreve tudou.
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve Exemplos de conectivos: então, portanto, já que,
Mas só a que eles não têm com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, dessa forma,
isto é etc. Cada um desses elementos, além de ligar as
E assim nas calhas de roda partes do texto, estabelece certa relação, algumas delas
Gira, a entreter a razão são: causa, finalidade, conclusão e contradição.
Esse comboio de corda
Que se chama coração. COERÊNCIA: um texto coerente é aquele cujo conjunto
é harmônico, em que todas as partes se encaixam de
(PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: maneira complementar, de modo que não haja nada
Aguiar, 1965). ilógico, contraditório ou desconexo. É um princípio
de interpretabilidade do texto, uma sequência de frases
No texto acima, o vocábulo poeta é retomado diversas com relações entre si. A sequência é percebida como
vezes. Na primeira estrofe, temos a retomada da pala- texto, quando aquele que recebe é capaz de percebê-la
vra por meio de elipse (omissão do termo) em “Finge” e como unidade significativa global, a base da coerência
em “deveras”. Assim, quando Fernando Pessoa diz “o textual é a continuidade de sentidos do texto. Assim,
que escreve” e “ele teve” indica que é o mesmo poeta já texto coerente é o que “faz sentido” para seus usuários.
mencionado no texto literário. É possível ainda pressu- Função: preocupar-se com o que se deduz do todo,
por que existe no texto a presença de um leitor (dito im- busca a unidade de sentido.
plicitamente) recuperável em “os que leem” e “eles não
têm”. Essa é uma das propriedades que distingue um Coerência tem a ver com:
texto de um amontoado de frases. Este recurso textual é encadeamento de figuras ou ideias compatíveis entre si;
denominado coesão, ou seja, é a ligação, relação cone- não contradição de sentidos;
xão entre frases ou expressões de um texto. combinatória de termos compatíveis; e
não contradição de argumentos, combinatória de atos
Desta forma, percebe-se que há vários marcadores de de fala adequados.
coesão textual. São eles: coesão referencial (catafóri-
cos e anafóricos); lexical (sinonímia); conectivos e elip- É importante saber que o estabelecimento do sentido de
se. Vejamos cada um desses mecanismos abaixo: um texto depende em grande parte do conhecimento de
mundo dos seus usuários, para isso emissor e receptor
Coesão referencial: palavras que fazem referência a tem de ter conhecimento enciclopédico com certo grau
outras palavras ou a partes de um texto. de familiaridade.
Coesão Anafórica: os anafóricos são representados Desta forma, a coerência pode ser dividida em externa
por pronome, advérbios e numeral. São responsáveis e in- terna, vejamos as distinções abaixo:
por recuperar um termo (palavra, frase, parágrafo).
Exemplos: Havia negros e brancos. Estes ajudam Coerência externa: apresentação de informações
aqueles no resgate dos corpos. compatíveis com a realidade, ou seja, não contraditório
Coesão Catafórica: trata-se de pronomes, advérbios, ao nosso conhecimento de mundo. Exemplo: O homem
numerais que têm a função de realizar a projeção de um não voa.
elemento gramatical que ainda aparecerá. Exemplo: “O Coerência interna: aquela que diz respeito à adequa-
problema do Brasil é justamente este: a falta de ética do ção e não contradição entre os enunciados do texto.
brasileiro”. Exemplo: Júlia estudou, porém não passou na prova.
Coesão Lexical: Sinonímia - a coesão por sinonímia
ocorre pelo emprego de palavras e/ ou expressões si- O QUE É UM TEXTO INCOERENTE?
nônimas. A hiperonímia (substituição lexical do conjun- É aquele que o receptor (leitor ou ouvinte) não consegue
to pela parte: animal no lugar de jacaré) e a hiponímia descobrir qualquer continuidade de sentido.

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gundo moradores o ____ já estava morto quando
Exemplo de texto com sequências coesivas, mas sem encalhou, mas foi levada pelas ondas de volta ao mar. A
coerência: defesa civil disse que só poderá recolher o
__se ________ for trazido para areia pela maré.
“Não gosto de ir ao cinema, lá passam muitos filmes d) Hoje, quem abre crediário para adquirir uma televi-
divertidos”. são, leva um ____, mas acaba desembolsando o
“A televisão é em parte responsável pela chamada ‘crise equivalente a dois.
na linguagem’. Além de proporcionar, sem dúvida, horas
de lazer, leva os telespectadores a uma atitude passiva, 3 (UFMT-2006) Leia o texto abaixo:
excluindo o diálogo e a interação.”

A incoerência do último texto reside no conectivo “além


de”, pois ele soma ideia; o correto seria, neste caso,
“apesar de”, porque traz ideia de oposição.
Quando falamos em elementos coesivos, percebemos
que sua função não se limita a ligar as partes do texto.
Eles são responsáveis inclusive pela coerência que se
estabelece em relação ao sentido produzido. Isso quer
dizer que coesão e coerência são qualidades irmãs em
uma redação.

EXERCÍCIOS

1 Utilizando a coesão, relacione as três ideias abai-


xo em um só período:

a) O Rio de Janeiro é o paraíso das confecções.


b) Nem todas as confecções do Rio de Janeiro são im-
portantes.
c) Algumas confecções do Rio de Janeiro são clandes-
tinas.

____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ A) Que leitura o texto possibilita a respeito da ação do
____________________________________________ ser humano?
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________ ____________________________________________
____________________________________________
2 Muitos são os processos utilizados para evitar a ____________________________________________
repetição de palavras idênticas num texto. Um dos ____________________________________________
mais comuns é a substituição da segunda ocorrên- ____________________________________________
cia por um vocábulo equivalente, de conteúdo geral, ____________________________________________
como mostra o modelo. ____________
Faça o mesmo com as frases a seguir.
Modelo: O motorista do carro que atropelou o cachorro B) Em termos de Ecologia, compare o quadro 2 com o 9.
não socorreu o animal. ____________________________________________
____________________________________________
a) Ontem esteve tensa a situação no Iraque. A popula- ____________________________________________
ção do _ está preocupada. ____________________________________________
b) A polícia apreendeu a cocaína, mas não conseguiu ____________________________________________
pren- der os traficantes que trouxeram a ____________________________________________
_________. ____________________________________________
c) Uma baleia apareceu morta na praia de Niterói, se- ____________________________________________

77
UNIDADE 4 PARÁFRASE
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre
INTERTEXTUALIDADE para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos
do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se dito. O uso desse recurso costuma demonstrar maior
transforma” (Lavoisier) compreensão do assunto apresentando e, consequen-
temente, uma habilidade maior de articulação, pois exi-
A Intertextualidade ocorre quando, em um texto, está ge toda uma reconstrução da ideia.
inserido outro texto anteriormente produzido, que faz Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’An-
parte da memória social de uma coletividade ou da me- na em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
mória discursiva dos interlocutores. É divindade em ex-
plícita ou implícita e pode ocorrer com outras formas,
tais como: música, pintura, filme, novela, entrou outros. Texto Original
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a Minha terra tem palmeiras
intertextualidade. Onde canta o sabiá,
Então quando falamos que há uma intertextualida- As aves que aqui gorjeiam
de explícita verificamos no próprio texto a menção de Não gorjeiam como lá.
outro texto, como acontece nas citações, referências, (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
menções, resumos, resenhas, traduções, na argumen-
tação por recurso de autoridade, bem como, em se tra- Paráfrase
tando de situações de interação face a face. Já na forma Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
implícita, a indicação é oculta. Por isso, é muito impor- Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
tante para o leitor o conhecimento de mundo, um sa- Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
ber prévio, para reconhecer e identificar quando há um Eu tão esquecido de minha terra… Ai terra que tem pal-
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer meiras
afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contes- Onde canta o sabiá!
tando-as. Há duas formas: a paráfrase e a paródia. (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bah-
Vejamos o esquema que segue: ia”).

Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é


muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paró-
dia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma
o texto primitivo conservando suas ideias, não há mu-
dança do sentido principal do texto que é a saudade da
terra natal.

Exemplo 2

OBS: O texto e suas possíveis paráfrases devem ser


lidos com máxima atenção. Havendo mudança de senti-
do, a reescrita não pode ser considerada uma paráfrase.

Observe:
TEXTO
“A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser aces-
sada por qualquer um, no mundo todo”.
(Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)

Reescrevendo:
No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de
Deus e a internet. (PARÁFRASE)
Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser
acessadas, no mundo todo, por qualquer um. (PARÁ-
FRASE)
A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no
mundo todo, a internet. (NÃO É PARÁFRASE)

PARÓDIA
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar ou-
tros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas.

78
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto
original é retomada para transformar seu sentido, leva
o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incon-
testadas anteriormente, com esse processo há uma in-
dagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da
crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo
dessa arte, frequentemente os discursos de políticos
são abor- dados de maneira cômica e contestadora,
provocando risos e também reflexão a respeito da de-
magogia praticada pela classe dominante. Com o mes-
mo texto utilizado anteriormente, tere- mos, agora, uma
paródia.

Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paródia
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui Como vimos a intertextualidade se faz presente nos
a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e mais variados textos e saber reconhecê-la implica em
racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por realizar uma leitura satisfatória em que você consiga
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sen- identificar os outros textos presentes no texto em aná-
tido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à lise, pois se faz necessário ativar o conhecimento de
escravidão existente no Brasil. mundo, identificar os implícitos e explícitos, seguir as
estratégias de leitura, enfim, o produtor do texto ao se
utilizar da intertextualidade espera que o leitor/ouvinte
seja capaz de reconhecer a presença dos outros textos,
pois se não ocorrer esta relação a construção de sentido
estará prejudicada.

EXERCÍCIOS

1 Leia a música abaixo e responda ao que se pede:

BOM CONSELHO - CHICO BUARQUE


Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe

79
Eu semeio o vento
Na minha cidade A relação intertextual é estabelecida, no texto de Oswald
Vou pra rua e bebo a tempestade de Andrade, escrito no século XX, “Meus oito anos”,
(Fonte: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/85939/) quando este cita o poema, do século XIX, de Casimiro
de Abreu, de mesmo nome. Com base nisto, responda
A) Na canção “Bom conselho” Chico Buarque apropria- as próximas questões:
-se de diversos ditados populares. Identifique-os e expli-
que a maneira como ocorre a intertextualidade discutin- A) Explique de que maneira podemos identificar no
do se ela é da ordem da paráfrase ou da paródia. texto a voz do outro texto? Para isso se utilize de
____________________________________________ trecho das obras para exemplificar.
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ______________________
____________________________________________
______________________ B) Há mudança de sentido na reconstrução do poe-
ma? Justifique.
B) A sabedoria dos provérbios populares no «Bom ____________________________________________
conselho” de Chico Buarque seria uma subversão ____________________________________________
do bom senso? Por quê? ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
UNIDADE 5
2 Leia os poemas que seguem:
TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS
“MEUS OITO ANOS”
Oh! Que saudade que tenho “Quando dominamos um gênero textual, não domi-
Da aurora da minha vida, namos uma forma linguística e sim uma forma de
Da minha infância querida realizar linguisticamente objetivos específicos em
Que os anos não trazem mais situações sociais particulares” (Marcuschi 1946)
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras TIPOS TEXTUAIS
À sombra das bananeiras A expressão tipo textual é usada para designar uma
Debaixo dos laranjais! espécie de sequência teoricamente definida pela na-
(Casimiro de Abreu) tureza linguística de sua composição, ou seja, conferir
“Meus oito anos” uma ordem característica aos textos a qual abrange as-
Oh! Que saudade que tenho pectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógi-
Da aurora da minha vida, cas e estilo. (Douglas Biber - 1988, Jean Paul Bronckart
Da minha infância querida - 1999).
Que os anos não trazem mais Os tipos textuais abrangem seis categorias conhecidas
Naquele quintal de terra como: narração, descrição, argumentação, exposição,
Da rua São Antonio predição e injunção.
Debaixo da bananeira Os tipos textuais são caracterizados pelas suas estru-
Sem nenhum laranjais! turas formais, responsáveis pelo agrupamento teorica-
(Oswald de Andrade) mente definido pela sua composição.

80
Tipo Narrativo Tipo Preditivo
Relata fatos e acontecimentos, reais ou imaginários, si- Os textos preditivos são sempre descrições, disserta-
tua- dos no tempo, apelando à imaginação do leitor. ções ou narrações futuras em que o locutor está fazendo
Características: uma antecipação no seu dizer, está predizendo.
Emprego frequente dos tempos verbais do pretérito Daí as formas verbais terem sempre o valor prospecti-
(passado); vo, de futuro, embora nem sempre o futuro seja a marca
Insistência nas indicações temporais (antes disso, de- de predição.
pois, entre outras); A predição pode ser feita:
Indicação de lugar. Por meio de uma programação;
Exemplo: “No dia em que o matariam, Santiago Nasar Por meio de um cálculo científico, como nos boletins
levantou-se às 5h30 da manhã para esperar o navio em meteorológicos (choverá amanhã em todo o Brasil), as-
que chegava o bispo”. tronômicos (em 25/12 ocorrerá um eclipse lunar) e ou-
tros;
Tipo Descritivo Por meio de espécie de adivinhação ou revelação, como
Representa e atribui características a objetos, persona- nas profecias e predições de cartomantes, ledores de
gens e lugares por meio de imagens que o leitor não vê; sorte, jogadores de búzios etc.;
permitindo-lhe imaginar. Através de outros meios (como a imaginação) que pos-
Características: sibilitam antecipação.
Predomínio de verbos no pretérito imperfeito do indicati- Exemplo: Minha filha terá olhos verdes como o pai, será
vo (falava) ou do presente do indicativo (falo); calma como o avô, terá cabelos como os meus, estu-
Indicação de lugar, insistência sobre as localizações; e dará muito, será muito culta, ajudará muito as pessoas,
Abundância de adjetivos. porque eu a educa- rei dentro dos princípios do Evan-
Exemplo: “Sobre a mesa havia milhares de vidros esti- gelho.
lhaçados em infinitos cacos coloridos”.
Tipo Injuntivo (instrutivo)
Tipo Argumentativo A palavra injunção significa ordem formal, imposição,
Procura convencer, propondo ou impondo ao receptor exigência. Os textos injuntivos exemplificam o uso da
uma reflexão, análise, conceito ou avaliação de ideias linguagem em sua função apelativa, pois, se incita a
por meio da interpretação particular de quem o produz. realização de uma situação (exigir uma ação, para levar
Em geral, o desenvolvimento de uma argumentação à realização de uma situ- ação).
comporta três etapas: Características:
uma tese (ou ideia diretriz) que enuncia o ponto de vista Emprego do imperativo (fale), do futuro do indicativo (fa-
que será objeto de demonstração; lará) e, às vezes, do infinitivo (falar);
os argumentos, elementos abstratos geralmente apre- Uso da 2ª pessoa do singular (ou do pronome vocês
sentados em ordem crescente de importância e que jus- com o verbo na 3ºpessoa) ou da 1ª pessoa do plural.
tificam a tese; Exemplo: “Pare, seja razoável”.
as provas (ou exemplos) que sustentamos argumentos
e que se devem se elementos concretos, frutos de uma → ATENÇÃO: Os tipos textuais dificilmente são puros,
experiência precisa (fatos, depoimento sou citações de constituem-se da intersecção de diferentes tipos. Entre-
intelectuais reconhecidos, fatos históricos etc.); e uma tanto, há sempre uma tipologia que predomina sobre as
síntese que retoma o que já foi exposto firmando o posi- demais.
cionamento defendido na tese.
Características: GÊNEROS TEXTUAIS
Predomínio dos verbos no presente do indicativo e/ou preté- A expressão gênero textual é usada como uma noção
rito; propositalmente vaga para referir os textos materializa-
Uso de oposições, antíteses; dos que encontramos em nossa vida diária e que apre-
Desenvolve ideias ou argumentos. sentam característica sócio-comunicativas definidas por
Exemplo: “A obsessão com a durabilidade nas Artes é conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição
per- manente”. próprias. (Douglas Biber - 1988, Jean Paul Bronckart -
1999).
Tipo Informativo ou Expositivo Os gêneros textuais variam desde um simples diálogo até
Esse tipo de texto deve ter uma linguagem mais objeti- uma tese científica, e por serem frutos de uma sociedade,
va, apresenta fatos históricos, econômicos, geográficos são carregados de elementos que caracterizam o contexto
e culturais a fim de transmitir conhecimentos ou analisar em que são empregados. São eventos textuais altamen-
uma teoria, portanto o texto científico é informativo. te maleáveis, dinâmicos e plásticos. São incontáveis
Características: e, o tempo todo, escolhemos diversos deles para as
Verbos no presente e/ou pretérito; práticas sociais, seguindo sempre a necessidade te-
Uso de abreviações, indicações numéricas, gráficos, ci- mática, a relação entre os interlocutores e a vontade
fras; enunciativa. Enquadram-se nesse rol de práticas co-
Uso de expressões impessoais. municativas: diálogo face-a-face, bilhete, carta, receita
Exemplo: “Uma parte do cérebro é o córtex”. culinária, horóscopo, artigo, romance, conto, novela,
cardápio de restaurante, lista de compras, aula virtual,

81
piada, resenha, inquérito policial, ofício, requerimento, leitura decorrente da concepção de sujeito, de língua,
ata, relatório etc. Hoje, com a cultura eletrônica surgem de texto e de sentido que se adote. (KOCH, 2006)
novos gêneros textuais e novas formas de comunicação
(oral ou escrita) como bate-papo online, blog, twitter, fa- RECONHECIMENTO DOS GÊNEROS TEXTUAIS
cebook, entre outros. O que nos permite identificá-los?
( ) O formato
Exemplos de Gêneros Textuais: ( ) Os recursos tipográficos (negrito, itálico, etc.)
( ) As palavras características de cada tipo de texto
Horóscopo ( ) O tipo de letra (fonte)
Câncer: (21/06 a 21/07). A Lua começa um novo ciclo, ( ) As figuras
agora no signo de Libra. O momento é ótimo para rea-
ver laços fa- miliares perdidos, ou deixar para trás mal Gêneros textuais são tipos de texto cuja função comu-
entendidos no setor. Uma reforma em sua casa pode nicativa é reconhecida social e culturalmente por deter-
surtir um ótimo efeito e sua vida emocional. Pense nisso. minada comunidade. Reconhecer o gênero de um texto
significa ter conhecimento de seu formato, das caracte-
RECEITA rísticas próprias a ele, as quais o distinguem de outros
Bolo de Chocolate Fácil gêneros. Por exemplo, o gênero receita culinária contém
Ingredientes: uma lista de ingredientes e um modo de fazer. A familia-
Massa: ridade com o gênero textual possibilita ao leitor efetuar
1 xícara de Leite morno leituras mais eficientes e direcionadas.
3 ovos
4 colheres (sopa) de margarina derretida O CONTEXTO DE PRODUÇÃO
2 xícaras de açúcar Todo texto que a gente escreve ou lê possui um contex-
2 xícaras de farinha de trigo to. Os textos não existem no “vazio”, mas em um deter-
1 xícara de chocolate em pó minado contexto de produção. Eles são sempre escri-
1 colher (sopa) de fermento Cobertura: tos por alguém, para alguém, com certa intenção, em
1 lata (ou caixa) de leite condensado determinado tempo e lugar, divulgados em certo veículo,
3 colheres de chocolate em pó etc., e todos esses elementos interferem no sentido dos
1 lata (ou caixa) de creme de leite textos. Portanto, na leitura é fundamental levar em con-
Modo de Preparo: Massa ta esses aspectos, para que seja possível compreender
Bata tudo no Liquidificador até ficar homogêneo. Não se mais efetivamente o que se leu.
esqueça bata primeiros os líquidos e depois os sólidos. Para isso o leitor pode fazer uso dos seguintes questio-
Coloque em forma média retangular, untada com mar- namentos: Quem é o escritor? Qual seu papel social?
garina e farinha de trigo. Asse por 40 minutos em forno Quem é o leitor? Em que papel se encontra o leitor?
médio (180°) pré-aquecido. Onde é produzido? Em qual suporte? Com qual objeti-
Cobertura vo? Em que tipo de linguagem?
Coloque em uma panela o leite condensado e o choco-
late em pó, mexendo sem parar até atingir o ponto de ACIONANDO CONHECIMENTOS PRÉVIOS
brigadeiro. A compreensão de um texto depende em grande par-
Desligue o fogo e misture o creme de leite. Após o bolo te do conhecimento que o leitor já possui e que se en-
estar assado, despeje a cobertura em cima. contra armazenado em sua memória – ou seja, de seu
conhecimento prévio. Esse conhecimento resulta da
aprendizagem acumulada com base nas experiências
vivenciadas pelo indivíduo ao longo do tempo e pode
UNIDADE 6 ser acessado para auxiliar na assimilação de informa-
ções novas. Para isso, no momento da interpretação,
além de tudo que foi colocado até agora, é também
ESTRATÉGIAS DE LEITURA muito importante observar o título do texto, bem como
as referências bibliográficas e as imagens gráficas, em
CONCEITO: LER = IV + INV alguns casos.

Legenda: IV – informação verbal InV – informação não- O PLANO TEXTUAL GLOBAL


-verbal O plano textual global refere-se às características pro-
totípicas e estruturais do gênero. Cada gênero textual
Frequentemente ouvimos falar sobre a importância da possui uma estrutura/silhueta. Assim, o leitor ao conhe-
leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cul- cer melhor sobre determinado gênero acaba tendo mais
tivar o hábito entre crianças, jovens, sobre o papel da facilidade com a leitura.
escola na formação de leitores competentes, e concor- Ao se deparar, por exemplo, com o gênero artigo de
damos com tudo isso rapidamente. Nesta discussão se opinião, no vestibular, o candidato procura encontrar os
destacam questões, como: O que é ler? Para que ler? seguintes elementos: título; subtítulo; assinatura do jor-
Como ler? As perguntas poderão ser respondidas de nalista e um texto em que o autor defende uma tese e
diferentes modos, os quais revelarão uma concepção de faz uso de argumentos para isso.

82
nar os pronomes empregados pelo autor às palavras a
OS TIPOS DE SEQUÊNCIAS que se referem, para assim não se distanciar das ideias
Embora haja em todos os textos a heterogeneidade que estão sendo lidas.
compo-sicional e discursiva, pois,os textos são resul-
tados de combinações de diferentes tipos de sequência Vejamos a imagem a seguir:
(narrativa, argumentativa, descritiva, explicativa, injun-
tiva, etc), cada gênero possui uma sequência que pre-
domina. No gênero editorial, por exemplo, o aluno ao
saber que nele predomina a sequência argumentativa,
procura prestar atenção: na premissa, argumentos,
contra-argumentos e na conclusão. Ao passo que ao se
deparar com o gênero conto, tende a prestar atenção
na sequência narrativa e nas seguintes fases: situação
inicial, complicação, ações e resolução.

ANÁLISE LINGUÍSTICA
Na interpretação de um texto é sempre importante levar
em conta os marcadores discursivos, que são fre-
quentemente representados por conjunções. Eles são
usados para ligar orações e ideias, indicando como elas
se relacionam, constituindo, portanto, em um importante
recurso de coesão textual.
Os marcadores discursivos podem expressar ideias de O pronome ele refere-se à palavra elevador.
adição (e, nem, também, etc); contraste (mas, embora, No momento da leitura, é fundamental reconhecer os
apesar de, ainda assim); causa e conseqüência (assim, mecanismos de coesão nominal responsáveis pela re-
consequentemente, porque, portanto, etc.); exemplifica- missão a ele- mentos do texto. Para isso procure ob-
ção (por exemplo, como, etc.); conclusão (finalmente, servar as palavras que se repetem, seus sinônimos e a
em resumo, etc.), entre outros. nominalização (uso de nome próprio para designar algo
A título de exemplificação, vejamos a importância do co- ou alguém).
nhecimento linguístico para a compreensão do texto a
seguir: CONHECIMENTO ENCICLOPÉDICO OU CONHECI-
MENTO DE MUNDO
Refere-se a conhecimentos gerais sobre o mundo – uma es-
pécie de thesaurus mental – bem como a conhecimentos alu-
sivos à vivências pessoais e eventos espaço-temporalmente
situados, permitindo a produção de sentidos.

OUTRAS DICAS PARA A LEITURA


Priorize, de maneira geral, o primeiro e o último parágrafo (a
introdução e a conclusão), bem como a primeira frase de cada
parágrafo, tais “locais”, em geral, concentram grande número
de informações importante.

Habitue-se a identificar e até circular as palavras chaves de


cada parágrafo, isto é, aquelas que têm maior peso na cons-
trução do significado. Elas, em geral, aparecem repetidas no
texto, na forma de substantivos ou verbos. Desenvolver o há-
bito de localizar as palavras chaves contribui para facilitar a
apreensão das ideias principais abordadas no texto.

Para a compreensão desta imagem, é necessário consi- Se como vimos, a leitura é uma atividade de construção de
derar a ligação entre a ideia 1 Mão única e a ideia 2 não sentido que pressupõe a interação autor-texto-leitor, é preciso
neces- sariamente a certa estabelecida pelo elemen- considerar que, nessa atividade, além das pistas e sinaliza-
to coesivo – mas -, conjunção que expressa oposição ções que o texto oferece, entram em jogo os conhecimentos
em relação ao esperado, ao pressuposto. No caso, se do leitor.
é mão única, espera-se que seja a certa. O uso do “mas”
expresso, no exemplo, é justamente a oposição entre
à ideia pressuposta. Certamente, poderemos realizar
leituras e leituras em relação à imagem acima, porém,
nessa atividade de produção do sentido, o “mas” é ele-
mento relevante.
Durante a leitura, é importante também sempre relacio-

83
EXERCÍCIOS 20 jan. 2011)

1 (MUNDOEDUCAÇÃO) Sobre as charges e tirinhas, a) Qual o nome do gênero textual acima? O que per-
é incorreto afirmar: mite identificá-lo?
____________________________________________
A) As charges são poderosos veículos de comunicação, ____________________________________________
constituindo um gênero que alia a força das palavras a ____________________________________________
imagens e muito bom humor. ____________________________________________
B) No Brasil, a charge é comumente utilizada com a in- ____________________________________________
tenção de tecer críticas políticas e sociais, sempre pre- ____________________________________________
servando como traço predominante o humor. ____________________________________________
C) Assim como nas charges, as tirinhas apresentam ____________________________________________
uma linguagem permeada pelo bom humor, aliando as ____________________________________________
linguagens verbal e não verbal para a construção de ____________________________________________
sentidos do texto. ____________________________________________
D) As charges e as tirinhas não podem ser consideradas ____________________________________________
como gêneros textuais, visto que a linguagem não verbal ____________________________________________
é a linguagem predominante.
b) No que se refere ao contexto de produção, na sua
2 Leia o texto abaixo e responda ao que se pede: opinião, este gênero foi retirado de qual suporte (jor-
nal ou revista)? Quem é o produtor que assina o tex-
E VIVA A MISCIGENAÇÃO! to? Qual é o papel social que ele representa?
Claudia Vanessa Bergamini - professora de Literatura ____________________________________________
da Unifil e do Colégio Londrinense ____________________________________________
____________________________________________
Vivemos em um país, cuja história se fez a partir da ____________________________________________
mistura de povos. Por muitos anos, brancos (sobretudo, ____________________________________________
portugueses) e índios conviveram dando forma à uma ____________________________________________
nova raça. Tempos depois, vieram os negros, infeliz- ____________________________________________
mente trazidos como escravos, sendo sua cultura quase ____________________________________________
sufocada pela do branco. Mas forte, sobreviveu! Índios, ____________________________________________
negros e brancos deram origem ao que podemos cha- ____________________________________________
mar hoje de “nação brasileira”. ____________________________________________
Quando nos olhamos, identificamos em nossos andar ____________________________________________
o do negro, o cabelo com cor que se assemelha a do ____________________________________________
cabelo do índio e a nossa pele, ao ser observada tem ____________________________________________
um pouco de cada cor. Assim, somos parte do branco, ____________________________________________
do índio e do negro. Nossos gostos musicais, nossa ale-
gria, nossa comida e vestimenta são heranças fieis de c) Qual é a intenção do produtor? Em que contexto
nossos ancestrais e representam de que somos feitos. sócio--histórico se deu a produção?
Diante dessa realidade, como há lugar neste país para o ____________________________________________
preconceito racial? Como ainda há pessoas que se as- ____________________________________________
sociam a ou- tras com ideais de eugenia, acreditando ____________________________________________
ser possível existir uma raça pura em um país como o ____________________________________________
Brasil? Já não bastou o holocaus- to provocado por Hi- ____________________________________________
tler? É com tristeza que o país, por meio de noticiários, ____________________________________________
tomou conhecimento de jovens, os quais deixaram suas ____________________________________________
origens de lado e, no lugar, proferiram palavras amargas ____________________________________________
a nordestinos e a pessoas de uma classe social menos ____________________________________________
elevada. ____________________________________________
Precisamos, definitivamente, entender que somos par- ____________________________________________
te de cada ser humano deste país. Em nós, habitam ____________________________________________
italianos, japo- neses, alemães, africanos, indígenas e ____________________________________________
é justamente por sermos feitos dessa mistura é que so- ____________________________________________
mos brasileiros, sendo nos individualiza como nação. É ____________________________________________
tempo de assumir-se, é tempo de entender que o Brasil
é rico culturalmente, porque herdou de africanos, indí- 3 (UNICAMP – 2010)
genas e outros povos traços culturais e, por isso, neces-
sitamos de dar viva à miscigenação! A propaganda abaixo explora a expressão idiomática
“não leve gato por lebre” para construir a imagem de
(Claudia Vanessa Bergamini. E viva a miscigenação. In: seu produto:
Jornal de Londrina, Opinião da Folha - Espaço aberto.

84
NÃO LEVE GATO POR LEBRE parte e discordando em parte). Essa resposta é o seu ponto
SÓ BOM BRIL É BOM BRIL de vista.
Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta. Uma cau-
a) Explique a expressão idiomática por meio de duas sa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí es-
paráfrases. tará o seu argumento principal.
____________________________________________ Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defen-
____________________________________________ der o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes
____________________________________________ serão argumentos auxiliares.
____________________________________________ Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para
____________________________________________ reforçar a sua posição. Este “fato-exemplo” pode vir de sua
____________________________________________ memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu.
____________________________________________ Pode ser um fato da vida política, econômica, social, um fato
____________________________________________ histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com
____________________________________________ o seu ponto de vista. O “fato-exemplo”, geralmente, dá for-
____________________________________________ ça e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opi-
____________________________________________ nião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza
____________________________________________ o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da
____________________________________________ experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à dissertação.
A partir desses elementos, procure juntá-los em um texto, que
b) Mostre como a dupla ocorrência de BOM BRIL no slo- é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agru-
gan “SÓ BOM BRIL É BOM BRIL”, aliada à expressão pá-los na sequência que foi sugerida:
idiomática, constrói a imagem do produto anunciado.
____________________________________________ OS PASSOS:
____________________________________________ Interrogar o tema;
____________________________________________ Responder, com a opinião;
____________________________________________ Apresentar argumento básico;
____________________________________________ Apresentar argumentos auxiliares;
____________________________________________ Apresentar “fato- exemplo”,
____________________________________________ Concluir.
____________________________________________
____________________________________________ INTRODUÇÃO
____________________________________________ A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser
____________________________________________ discutido além de, muitas vezes, trazer sob qual ângulo
____________________________________________ a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem pro-
____________________________________________ voca no leitor o primeiro impacto, é ela a apresentação
de seu texto e, portanto deve ser muito bem trabalhada.
O que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de
começar uma dissertação. As formas abaixo são algu-
UNIDADE 7 mas possíveis, mas certamente não são as únicas.

TIPOS DE INTRODUÇÃO
COMO ESTRUTURAR E IN-
Roteiro: como em toda introdução, o tema deve estar
TRODUZIR UM TEXTO presente. Além disso, neste tipo de introdução, é apre-
sentado ao leitor o roteiro de discussão que será se-
ESTRUTURAÇÃO DAS IDEIAS guido durante o desenvolvimento. Para exemplificação,
suponhamos o tema:

Antes de escrever qualquer coisa, é importante estruturar as “A QUESTÃO DO MENOR NO BRASIL”.


ideias de acordo com o tema.
Vamos supor que o tema proposto seja: Nenhum homem é Uma possível introdução seria: para se analisar a ques-
uma ilha. tão da violência contra o menor no Brasil é essencial
que se discutam suas causas e suas consequências.
Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente,
está em sentido figurado, significando solidão, isolamento. Va- O principal defeito em uma redação que utiliza este tipo
mos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de de introdução é seguir outro roteiro que não seja o nela
sua redação. citado.

Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem é uma Hipótese: este tipo de introdução traz o ponto de vista
ilha? a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende provar
Procure responder essa pergunta, de um modo simples e cla- durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será
ro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em retomada – e não copiada na conclusão. Vejamos um

85
exemplo para o mesmo tema: a questão da violência do que usá-los.
contra o menor tem origem na miséria a principal res-
ponsável pela desagregação familiar. Estatística: consiste em se apresentar dados estatísticos
relativos à questão a ser tratada. Ex: quarenta mil crianças
O principal risco desse tipo de introdução é não ser ca- morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns combi-
paz de realmente comprovar a tese apresentada. nadas com a desnutrição. Para cada criança que morreu hoje,
muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobrevi-
Perguntas: esta introdução constitui-se de uma série ventes, metade nunca colocará os pés em uma sala de aula.
de perguntas sobre o tema. Exemplo: é possível imagi- Isso não é uma catástrofe futura. Isso aconteceu ontem, está
nar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça acontecendo hoje. E irá acontecer amanhã, exceto se o mun-
social enquanto existir tanta violência contra o menor? do decidir proteger suas crianças.
O principal problema neste tipo de introdução é não res-
ponder, ou responder de forma ineficaz, as perguntas Veja que o dado estatístico, muitas vezes, não diz nada por
feitas. Além disso, por ser uma forma bastante simples si só. É necessário que ele apareça acompanhado de uma
de começar um texto, às vezes não consegue atrair su- análise criteriosa.
ficientemente a atenção do leitor.
Mista: procura fundir várias formas de introdução. Veja como
Histórica: esta introdução traça um rápido panorama o exemplo dado em contestação traz também a introdução
histórico da questão, servindo muitas vezes de contra- com perguntas: crianças mortas em frente à Igreja da Can-
ponto ao presente. Por exemplo: para crianças nunca delária. Denúncias de meninas se prostituindo nas cidades e
foi dada a importância devida. Em Canudos e em Pal- nos campos. Garotos vendendo balas nas esquinas. Não é
mares não foram poupadas. Na Candelária ou na Praça possível imaginar o Brasil um país desenvolvido e com justiça
da Sé continuam não sendo. social enquanto perdurar tão triste quadro.

Deve-se tomar o cuidado de se escolher fatos históricos


conhecidos e significativos para o desenvolvimento que UNIDADE 8
se pretende dar ao texto.

Comparação - por semelhança ou oposição: procu- COMO DESENVOLVER UM TEXTO


ra-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou
aspectos dele, se assemelham - ou se opõem - a outros. Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva
Ex: é comum encontrar crianças de dez anos de idade e a dissertação argumentativa. A primeira tem como objeti-
vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, vo expor, explicar ou interpretar ideias. Já a segunda procura
nos EUA ou na Inglaterra (países desenvolvidos) nessa persuadir, ou seja, convencê-lo, o leitor ou ouvinte de que de-
idade as crianças estão na escola e não submetidas à terminada tese deve ser acatada. Na dissertação argumenta-
violência das ruas. tiva, além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do
leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está
É bastante importante que a comparação seja adequada conosco.
e sirva a algum propósito bem claro, no caso, mostrar Vejamos as diferenças abaixo:
o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.

Definição: parte da definição do significado do tema,


ou de uma parte dele. Observe: menor: o mais peque-
no, de segundo plano, inferior, aquele que não atingiu a
maioridade. O uso da palavra “menor” para se referir às
crianças no Brasil já demonstra como são tratadas: em
segundo plano.

Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma manei-


ra de se definir algo e, portanto, a escolha da definição
mais adequada dependerá do ponto de vista a ser de-
fendido.

Contestação: contesta uma ideia ou uma citação conhecida.


Exemplo: o Brasil é o país do futuro. A criança é o futuro do
país. Ora, se a criança no Brasil passa fome, é submetida às
mais diversas formas de violência física, não tem escola, nem
saúde, como pode ser esse o país do futuro? Ou será que a
criança não é o futuro do país?

Repare como esse tipo de introdução pode ser bastante


atraente, uma vez que desfazer clichês atrai mais a atenção ASPECTOS DA DISSERTAÇÃO

86
Quanto aos aspectos formais, a dissertação dispensa o primeiro lugar, a refutação do contra-argumento mais
uso abusivo de figuras de linguagem, bem como do valor forte e por último, do mais fraco, com o propósito de
conotativo das palavras (veja bem: estamos falando que se depreciarem as ideias contrárias e ir-se, aos pontos,
não se deve abusar). Por suas características, o texto refutando a tese adversa, ao mesmo tempo em que se
dissertativo requer uma linguagem mais sóbria, denota- afasta o leitor ou ouvinte dos contra-argumentos mais
tiva, sem rodeios (afinal, convence-se o leitor pela força poderosos.
dos argumentos, não pelo cansaço); daí o uso da pri- Na última parte, faz-se uma SÍNTESE (Conclusão).
meira pessoa do plural ou terceira pessoa do singular. Além de fazer uma síntese das ideias discutidas, po-
Também são muito importantes no texto dissertativo, a de-se propor uma solução para o problema discutido ou
coerência das ideias e a utilização de elementos coesi- uma forma de amenizá-lo.
vos, em especial das conjunções que explicitam as rela-
ções entre as ideias expostas. Esquema de uma dissertação com antítese:
Ao contrário da narração, a dissertação não apresenta Tema: Vestibular, um mal necessário.
uma progressão temporal; os conceitos são genéricos, Tese: O vestibular privilegia os candidatos pertencentes
abstratos e em geral, não se prendem a uma situação às classes mais favorecidas economicamente.
de tempo e espaço, por isso, o emprego de verbos no Prova: Os candidatos que estudaram em escolas com
presente. A dissertação quase sempre trabalha com o infraestrutura deficiente, como as escolas públicas do
período composto (normalmente, por subordinação), Brasil, por mais que se esforcem, não têm condições de
com o encadeamento de ideias; nesse tipo de constru- concorrer com aqueles que frequentaram bons colégios.
ção, o correto emprego dos conectivos é fundamental Antítese: Mesmo que o acesso à universidade fosse fa-
para se obter um texto claro, coeso, elegante. cilita- do para candidatos de condição econômica infe-
rior, o problema não seria resolvido, pois a falta de um
ELEMENTOS DE COESÃO: aprendizado sólido, no primeiro e segundo grau, com-
Abaixo, alguns elementos de ligação (coesão) para ini- prometeria o ritmo do curso superior.
ciar os parágrafos do desenvolvimento ou expressão Síntese (Conclusão): As diferenças entre as escolas
inicial. públicas e privadas são as verdadeiras responsáveis
Há algum tempo/ Há alguns dias/ Em primeiro lugar/ De- pela seleção dos candidatos mais ricos.
ve-se levar em conta/ Deve-se considerar/ É necessá-
rio frisar/ É preciso considerar/ Por outro lado/ Além do DESENVOLVIMENTO COM RELAÇÃO ENTRE CAU-
mais/ Atualmente/ É certo que/ É verdade que/ É pre- SA E CONSEQUÊNCIA:
ciso, em primeiro lugar/ nota-se por outro lado/ Ainda Trata-se do desenvolvimento de um tema dado. Vamos
convém lembrar/ Nestas últimas décadas. à prática com o seguinte tema:

LEITOR UNIVERSAL: Tema: Constatamos que no Brasil existe um grande nú-


O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, mero de correntes migratórias que se deslocam do cam-
universal. Diferente da carta argumentativa que pressu- po para as médias ou grandes cidades.
põe um interlocutor específico para quem a argumenta- Para encontrarmos uma causa, perguntamos: Por quê?
ção deverá estar orientada. Em relação ao tema acima. Dentre as respostas possí-
Deve apresentar: veis, poderíamos citar o seguinte fato:
Linguagem clara; Causa: A zona rural apresenta inúmeros problemas que
Valores: priorizando os valores humanos; dificultam a permanência do homem no campo.
Repertório cultural: visão crítica da realidade. No sentido de encontrar uma consequência para o pro-
blema enfocado no tema acima, cabe a seguinte per-
TIPOS DE DESENVOLVIMENTO gunta: O que acontece em razão disso?
A dissertação argumentativa começa com a proposi- Uma das possíveis respostas seria:
ção clara e sucinta da ideia que irá ser comprovada, a Consequência: As cidades encontram-se desprepara-
TESE. A essa primeira parte do texto dissertativo cha- das para absorver esses migrantes e oferecer-lhes con-
mamos de Introdução. dições de subsistência e de trabalho.
A segunda parte, chamada Desenvolvimento, visa à Veja que a causa e a consequência citadas neste exem-
apresentação dos argumentos que comprovem a tese, plo, podem ser perfeitamente substituídas por outras
ou seja, a PROVA. É costume estruturar a argumenta- encontradas por você, desde que tenham relação direta
ção em ordem crescente de importância, como foi ex- com o assunto. As sugestões apresentadas de maneira
plicado no início desta lição, a fim de prender cada vez nenhuma são as únicas possíveis.
mais a atenção do leitor às razões apresentadas. Essas
razões baseiam-se em provas demonstráveis através Esquema De Redação Com Causa - Consequência:
dos “fatos-exemplo”, dados estatísticos e testemunhos. Título
DESENVOLVIMENTO COM ANTÍTESE: Introdução (o problema):
Na dissertação argumentativa mais formal, o desen- 1º parágrafo: Apresentação do tema (com ligeira ampliação).
volvimento apresenta uma subdivisão, a ANTÍTESE, Desenvolvimento:
na qual se refutam possíveis contra-argumentos que 2º parágrafo - Causa (explicações adicionais)
possam contrariar a tese ou as provas. Nessa parte, 3º parágrafo - Consequência (com explicações adicionais).
a ordem de importância inverte-se, colocando-se, em Conclusão (a solução):

87
4º parágrafo - Expressão inicial + reafirmação do tema + ob-
servação final. Título: A criança e a televisão
Tema: Psicólogos do mundo todo têm se preocupado
com a influência que determinados programas de televi-
são exercem sobre as crianças.
UNIDADE 9
Com relação ao título e ao tema há algumas regras im-
portantes:
COMO CONCLUIR UM TEXTO O título deve ser colocado no centro da folha, logo no
início de sua dissertação, com inicial maiúscula.
Uma boa conclusão é aquela que passa a impressão de que o Uma linha é suficiente para separar o título do corpo de
enunciador já disse tudo o que era necessário, ou seja, não há sua redação (Algumas instituições destinam uma linha
mais nada a discutir sobre o tema posto em debate. O fim do específica e apropriada para o título). Nada mais deve
texto deve ficar explícito ao leitor. ser acrescentado, principalmente algo que seja óbvio,
do tipo “Título:”.
A CONCLUSÃO EM SENTIDO ESTRITO
É entendida como decorrência natural de um raciocínio ante- DICAS:
riormente apresentado; ela não nasce do nada, mas sim de PLANO TEXTUAL (PT)
tudo aquilo que se afirmou na introdução e no desenvolvimen- Anote todas as ideias, frases, palavras, sensações que
to. surgirem sobre o tema. Não se deixe “travar”. Não cen-
A conclusão apenas explica uma informação já contida nas sure nada, essa livre associação de ideias é bastante
premissas iniciais. Não há nenhum dado novo. utilizada na redação dos jornais e nas propagandas.
Enxergar o mundo de uma maneira madura e crítica. Faça uma seleção das ideias que surgiram. O espírito
crítico só entra em ação neste segundo momento.
TRÊS TIPOS DE CONCLUSÃO Pense num plano para o seu texto: escolha a introdu-
ção, o desenvolvimento e a conclusão.
Conclusão por síntese: é a mais comum entre as usa-
das, como o próprio nome sugere, sintetiza as ideias do RASCUNHO E VERSÃO FINAL
percurso dissertativo, confirmando a tese do texto (co- Redija o texto.
mum na introdução). Dê-lhe um título.
Conclusão por solução: apresenta sugestão para so- Releia várias vezes, observando a coerência, a fluência
lucionar ou amenizar o problema suscitados pela pro- da linguagem e a adequação do vocabulário.
posta de redação. Faça a correção gramatical: principalmente ortografia,
Conclusão surpresa: é o tipo de conclusão que exi- concordância e pontuação.
ge mais trabalho e talento do autor, pois nela pode-se Passe a limpo sua dissertação.
apresentar uma citação, um fato pitoresco, uma ironia,
um final poético ou qualquer outro que cause estranha-
mento no leitor, deixando-o surpreso.
UNIDADE 10
ELEMENTOS DE COESÃO:
Aqui, assim como no desenvolvimento, se faz necessá-
rio o uso de elementos conectores para iniciar o pará- A ARGUMENTAÇÃO
grafo. Alguns exemplos:
Enfim/ Portanto/ Finalmente/ Em suma/ Dessa forma/ “A argumentação está na língua” (Oswald Ducrot)
Sendo assim/ Em vista dos argumentos apresentados/
Assim/ Em virtude do que foi mencionado/ Levando-se O QUE É ARGUMENTAR?
em conta o que foi mencionado/ Por todas essas ideias A argumentação surgiu na Grécia Antiga. Do ponto de
mencionadas/ Tendo em vista os aspectos menciona- vista da organização clássica das disciplinas, a argu-
dos/ Dado o exposto/ Por tudo isso/ Por isso tudo. mentação está vinculada à lógica, “a arte de pensar cor-
retamente”, à retórica, “a arte de bem falar”, e à dialéti-
TÍTULO: ca, “a arte de bem dialogar”.
O título deve ser escrito somente depois que o rascunho (PLATIN, C. A argumentação: histórias, teorias, perspec-
es- tiver pronto. Assim, o estudante não se torna escra- tivas. Parábola, 2008).
vo do título.
Cuidado: não confunda “tema” com ”título”! A argumentação é um recurso que tem como propósito
O tema é o assunto, já delimitado, a ser abordado. A convencer alguém para que este tenha a opinião ou o
ideia que será por você defendida e que deverá aparecer comporta- mento alterado. Sempre que argumentamos,
logo no primeiro parágrafo. temos o intuito de convencer alguém a pensar como
Já o título é uma expressão, ou até mesmo uma só nós.
palavra, centrada no início do trabalho. Ele é uma vaga No momento da construção textual, os argumentos são
referência ao assunto (tema). essenciais, esses serão as provas que apresentaremos,
Observe a diferença entre os dois nos exemplos abaixo: com o propósito de defender nossa ideia e convencer o

88
leitor de que essa é a correta. Carne declarou que a carne bovina brasileira é uma das
Há diferentes tipos de argumentos, a escolha certa con- melhores do mundo”.
solida o texto como veremos nesta unidade.
O argumento, portanto, pode ser definido como qual- Argumentos baseado no consenso: são aqueles em
quer recurso que torna uma coisa mais desejável que que certas “verdades” aceitas por todos são utilizadas.
outra, mesmo sendo ambas iguais. Isso explica o poder São afirmações que não dependem de comprovação.
da mídia em nossa cultura, uma vez que nela se faz Exemplo: “A poluição diminui a qualidade de vida”. “A
largo uso dos mais diversos recursos argumentativos educação é a base do desenvolvimento”.
para convencer o consumidor, ou o expectador, a preferir → ATENÇÃO: Segundo Platão e Fiorin (2002) não se
determinado produto ou ideologia. deve confundir argumento baseado em consenso com
lugares-comuns carentes de base científica. É preciso
CONSTRUINDO ARGUMENTOS muito cuidado para distinguir o que é uma ideia que não
De maneira geral, todo argumento tem a função de con- necessita mais de demonstração e a enunciação de pre-
vencer alguém (interlocutor) de alguma coisa (tema) conceitos do tipo: “A Aids é um castigo de Deus, só o
por alguma razão (objetivo). amor constrói”.
Esses são de fato os três principais fatores que deve-se
ter em mente ao escolher ou elaborar uma linha de ar- Argumentos baseados em provas concretas/ por
gumentação. Para tanto veja a explicação abaixo destes comprovação: São baseados em fatos. Consistem na
fatores. apresentação de da- dos estatísticos, de resultados de
enquetes, de cifras relativas a investimentos, despesas
Interlocutor: A plateia, quem se pretende convencer: é e lucros, renda per capita, valores da dívida externa, ín-
importante considerá-la, uma vez que as premissas, va- dices de mortalidade infantil, aumento ou diminuição de
lores e tendências variam de uma pessoa para outra. Um doenças etc.
operário certamente tem valores diferentes de um patrão. Exemplo: Uma pesquisa inédita realizada pelo Ministé-
Um cientista de um religioso, entre outros. Assim, é neces- rio da Saúde em parceria com o Instituto Nacional do
sário conhecer o público alvo na escolha do argumento Câncer (Inca), em quinze capitais brasileiras mais o Dis-
mais eficaz. Por exemplo, é mais fácil convencer um eco- trito Federal, coloca o Rio em primeiro lugar no número
nomista a tornar-se vegetariano apresentando as desvan- de ocorrências de casos de sobrepeso e obesidade –
tagens econômicas do consumo de carne – com gráficos, 48,1% da população com mais de 18 anos pesa mais do
cifras e tabelas que tratando do aspecto ético ou emocional que deveria. Em segundo lugar vem Porto Alegre, com
dos maus tratos aos animais. Outro exemplo, argumentar 45,1%, seguida de Curitiba (43%) e São Paulo (42,8%).
sobre religião com um ateu. A cortesia é muito importante (Veja, nº 1860)
na argumentação. Para o vestibular, mesmo em uma re-
clamação ou crítica, não se deve usar tom severo, áspe- Argumentos com base no raciocínio lógico/ causa e
ro, na condução dos argumentos. A ideia é convencer. consequência: Determinam relações de causa (os mo-
Ater-se à variante linguística mais apropriada para o tivos, os porquês) e de consequência (os efeitos).
interlocutor do texto é também fundamental. Em vestibu- Exemplo: Ao se deparar em um engarrafamento em São
lares escreve-se para o leitor universal, que se configura Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem
no corretor das redações, portanto é essencial manter a quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que,
norma culta do idioma. Em uma carta, entretanto, pode- por trás de tal episódio há uma monumental ignorância
-se optar por outra variante de acordo com o interlocutor histórica. São Paulo só chegou a esse caos porque um
imaginário oferecido na proposta de redação. grupo de dirigentes decidiu no início do século, que não
deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número
Tema: Determinados temas funcionam melhor quando de veículos, a tendência é piorar ainda mais o conges-
apresentados com certos tipos de argumentos mais ca- tionamento.
racterísticos. (Adaptado de Folha de S. Paulo 01 out. 2000)

Objetivo: Não existe, por maior esforço que haja texto Argumentos de exemplificação/ ilustração: Consiste
imparcial. Como exposto em capítulo, todo texto vem em enumerar fatos ou no relato de um acontecimento
carregado de um valor histórico e exprime valores de (real ou fictício - mas carregado de verdade). Esse re-
seu tempo e origem. Todo texto pretende influenciar al- curso argumentativo é amplamente usado quando a tese
guém. Assim, é importante ter em mente o que se quer defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos.
convencer e porquê. Exemplos: As mulheres antigamente se casavam mui-
to cedo. Julieta, em Romeu e Julieta, de Shakespeare,
TIPOS DE ARGUMENTOS não tinha nem 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a
idade para o casamento das judias. E, no Império Ro-
Argumentos de autoridade/ referência/citação: Apre- mano, muitas se casavam com 13 anos ou menos.
sentam o ponto de vista ou sugerem a imitação das Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas mos-
ações de uma autoridade ou uma pessoa reconhecida tra como a corrupção está presente em nossa socieda-
na área do assunto em discussão. Consiste na citação de. Por exemplo, um policial que entra na padaria do
de pessoas ou órgãos renomados. bairro em que faz ronda e toma de graça um café e uma
Exemplo: “A associação Europeia de Exportadores de coxinha. Em troca, garante proteção estra de estabe-

89
lecimentos comerciais, o que inclui, eventualmente, a ____________________________________________
liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo. ____________________________________________
____________________________________________
Argumento por analogia/comparação: Estabelecem ____________________________________________
comparação entre duas situações – se uma coisa é vá- ____________________________________________
lida numa, então o é na outra, desde que lhe seja com- ____________________________________________
parável. ____________________________________________
Exemplo: “As pessoas pagam de boa vontade a manu- ____________________________________________
tenção periódica de seus carros. Por que não teriam o
mesmo cuidado com o próprio corpo?”.
c) Tema: As doenças infectocontagiosas atingem parti-
Argumentos de retorção/refutação: O autor utiliza os cularmente as camadas mais carentes da população.
próprios argumentos do interlocutor para destruí-los.
Exemplo: agradeço à coluna e à CET pela atenção, pois CAUSA: _____________________________________
jamais fiquei sem resposta. Tudo o que está na resposta ____________________________________________
é muito bonito: a velocidade máxima permitida deve ser ____________________________________________
realmente 60km/h, há rotatórias e valetas – mas pena ____________________________________________
que só no discurso. Na avenida Ceci não há sinalização ____________________________________________
de velocidade máxima permitida e os veículos nunca ____________________________________________
passam a 60 km/h. Rotatórias há, mas em mau esta- ____________________________________________
do de conservação, e é comum ver motoristas passarem ____________________________________________
nelas pelo centro, agravando a possibilidade de aciden- ____________________________________________
tes. Estou certo de que providências serão tomadas,
mas resta saber quando. Que não seja preciso morrer
mais alguém. CONSEQUÊNCIA
(Alan R. Berti. O Estado de S. Paulo, 1 jun. 2004) ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIOS ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
1 Encontre para os temas a seguir uma causa e conse- ___________________________________________
quência coerente para cada um deles. Escreva-as, seguin- ____________________________________________
do o modelo apresentado:
2 Abaixo há uma série de argumentos. Redija uma tese
A) Tema: A maior parte da classe política não goza de adequada ao conjunto.
muito prestígio e confiabilidade por parte da população. Os restaurantes a quilo são mais baratos que os restau-
Causa: A maioria dos parlamentares preocupa-se muito rantes à la carte.
mais com a discussão dos mecanismos que os fazem Os restaurantes a quilo oferecem maior variedade de
chegar ao poder do que com os problemas reais da po- comida que os à la carte.
pulação. Os restaurantes a quilo oferecem maior rapidez no aten-
Consequência: Os grandes problemas que afligem o dimento que os à la carte.
povo brasileiro deixam de ser convenientemente discu-
tidos. Tese:
____________________________________________
B) Tema: As linhas de ônibus que percorrem os bairros ____________________________________________
das grandes metrópoles não têm demonstrado muita ____________________________________________
eficiência no atendimento a seus usuários. ____________________________________________
____________________________________________
CAUSA: ____________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________

CONSEQUÊNCIA

90
UNIDADE 11 provam que o nível de “stress” dos adolescentes, nos
meses de junho e novembro aumenta 50%. Portanto,
deixar o Léo faltar à aula hoje contribuirá sensivelmente
DISSERTAÇÃO ESCOLAR para diminuir seu nível de “stress”.

“Nenhum homem realmente produtivo pensa como DICAS PARA A HORA DE DISSERTAR
se es- tivesse escrevendo uma dissertação” (Albert Respire fundo
Einsten) Leia o tema da redação: Entenda-o. Pense em tudo o
que sabe sobre o tema. Nesse momento, não se limi-
MAS O QUE É DISSERTAR? te querendo escrever a dissertação, apenas pense nas
A dissertação trata-se de um texto onde há análise, in- possibilidades e as anote em tópicos mesmo, no rascu-
terpretação, explicação e avaliação dos dados da rea- nho.
lidade. Ela caracterize-se por defender uma ideia, um Planeje o texto: Delimite o tema, defina o objetivo, se-
ponto de vista; ou então pelo questionamento acerca de lecione as ideias capazes de sustentar sua tese. De-
um determinado assunto. pois, faça um plano como o proposto no esqueminha:

Passos para escrever o texto Dissertativo Tema: assunto geral do texto.


O texto deve ser produzido de forma a satisfazer os ob- Delimitação do tema: aspecto do tema que vai ser tra-
jetivos que o escritor se propôs a alcançar. tado.
Há uma estrutura consagrada para a organização desse Objetivo: aonde você quer chegar com seu texto?
tipo de texto. Consiste em organizar o material obtido Ideias do desenvolvimento: argumentos, exemplos,
em três partes: comparações, confrontos e tudo que ajudar na sustenta-
Introdução: Deve apresentar a ideia ou ponto de vista ção do ponto de vista que você quer defender.
que será defendido de maneira clara. Neste momento Fechamento: frase ou palavra que represente a conclu-
pode-se formular uma tese, que deverá ser discutida e são a ser dada.
provada no texto, propor uma pergunta, cuja resposta
deverá constar no desenvolvimento e estar explícita na Exemplo: Tema: Londrina.
conclusão. Delimitação do tema: Turismo em Londrina.
Desenvolvimento: É a parte do texto em que as ideias, Objetivo: Demonstrar as opções de turismo em Lon-
pontos de vista, conceitos, informações de que dispõe drina.
serão desenvolvidas; desenroladas e avaliadas de forma Ideias do desenvolvimento: Londrina status: 3ª cidade
organizada e progressiva. Para convencer o leitor, você do Sul do país; Londrina monumental: catedral, museu,
deverá usar de sólida argumentação, citar exemplos, rodoviária; Londrina ecológica: parques, cachoeiras, la-
recorrer a opiniões de especialistas, fornecer dados etc. gos; Londrina eventos: Exposição, Filo, Imim.
Conclusão: É uma avaliação final do assunto, em que Fechamento: Londrina possui muitas opções para o tu-
se dá um fecha- mento coerente com o desenvolvimen- rismo.
to e integrado com os argumentos apresentados.
Redija: Comece pelo início. Escolha uma frase bem
TIPOS DE DISSERTAÇÃO atraente. Pode ser uma afirmação, uma pergunta, uma
citação. Depois, desenvolva a sua tese. Cada ideia num
A dissertação expositiva: Apresenta e discute um parágrafo. Por fim, conclua. Com um desfecho elegante.
assunto de forma impessoal, explicando-a da maneira Seja natural: Imagine que o leitor esteja à sua frente ou
mais clara e objetiva possível. Este tipo de dissertação ao telefone com você. Fique à vontade. Espaceje suas
tem como propósito discorrer um assunto em um senti- frases com pausas. Sempre que couber, introduza uma
do meramente informativo. pergunta direta. Confira a seu texto um toque humano.
Exemplo: “O estudo do meio é muito importante para a Você está escrevendo para gente igual a você.
for- mação dos jovens”. “A viagem promovida pela turma Dê preferência a frases curtas: Com elas, você trope-
vai proporcionar o conhecimento de piscinas, quadras ça menos nas vírgulas e nos pontos. ‘‘Uma frase longa’’,
de esportes, discotecas e salão de jogos, sendo assim ensinou Vinicius de Moraes, ‘‘não é nada mais que duas
Pedrinho não poderia perder essa oportunidade”. curtas’’.
Use as sentenças na forma positive: Diga o que é,
A dissertação argumentativa: Diz respeito à reflexão nunca o que não é. Em vez de ‘ele não assiste regular-
que fazemos sobre o tema. O ponto de vista do autor é mente às aulas’, escreva ‘ele falta com frequência às
declarado e se interage com os fatos abordados, a fim aulas’.
e esclarecê-los e também de convencer o leitor sobre a Prefira palavras curtas e simples: Os vocábulos lon-
opinião expressa. Portanto, o escritor tende a usar da gos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor.
persuasão para apresentar a visão crítica dele. Contu- Fuja deles. Seja simples. Entre duas palavras, prefira a
do, a linguagem não deve deixar de ser objetiva e o pon- mais curta. Entre duas curtas, a mais expressiva. Casa,
to de vista deve ser baseado em evidências concretas e residência ou domicílio? Casa.
reais dos acontecimentos. Seja conciso: Respeite a paciência do leitor. A frase
Exemplo: Estudar constantemente sem descanso não deve ter palavras desnecessárias. Por quê? Pela
pode ser perigoso para a saúde do estudante. Estudos mesma razão que o desenho não deve ter linhas desne-

91
cessárias ou a máquina peças desnecessárias. 2016: Intolerância religiosa no Brasil
Revise: Sua redação tem começo, meio e fim? Você 2017: Desafios para a formação educacional de surdos no
defendeu seu ponto de vista? Escreveu parágrafos com Brasil
tópico frasal e desenvolvimento? Respeitou a correção
gramatical (redobre os cuidados com a pontuação, a re-
gência, a ortografia, a concordância).
Avalie: As frases soam bem? Sem cacófatos (por cada, UNIDADE 12
por tão, boca dela)? Sem rimas (rigor do calor)? Você
começou bem? Terminou melhor?
RESPOSTA ARGUMENTATIVA E
A DISSERTAÇÃO DO ENEM - COMPETÊNCIAS
RESPOSTA INTERPRETATIVA
I - Demonstrar domínio da norma padrão da língua es-
crita;
II - Compreender a proposta de redação e aplicar concei- RESPOSTA ARGUMENTATIVA:
tos das várias áreas de conhecimento para desenvolver É um gênero textual o qual tem como local de circulação a
o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertati- sala de aula, é base para outros gêneros como o artigo de
vo-argumentativo; opinião e a carta do leitor. A argumentação é um requisito es-
III - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar infor- sencial nesse gênero.
mações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um Este gênero de texto é bem parecido com uma dissertação.
ponto de vista; Sua opinião é requerida, porém, sem utilização da 1ª pessoa.
IV - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguís- Com base nos textos de apoio, o aluno deve fundamentar sua
ticos necessários para a construção da argumentação; resposta com base em seu conhecimento, procurando argu-
V - Elaborar proposta de solução para o problema abor- mentos que fundamentem sua resposta. Neste caso, não se
dado, respeitando os direitos humanos. deve ficar preso aos textos de apoio.

O QUE ZERA A REDAÇÃO? Dicas:


Fuga total ao tema; Procure deixar subentendido o enunciado da questão
Não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa; ao eleitor, fazendo com que haja a compreensão da per-
Texto com até 7 (sete) linhas; gunta original, mesmo sem tê-la lido.
Impropérios, desenhos ou outras formas propositais de Deixe claro a sua posição quanto ao tema.
anulação; Você deve seguir uma sequência simples: resposta, jus-
Desrespeito aos direitos humanos; (Competência V); tificativa (argumento), explicação comprovação e suges-
Folha de redação em branco, mesmo que tenha sido es- tão (se for possível). Isso, dentro do número estabeleci-
crita no rascunho. do de linhas.
Não coloque título
TEMAS DO ENEM 2000-2017 Use a norma padrão da língua portuguesa.
2000: Direitos da criança e do adolescente: como en-
frentar esse desafio nacional?
2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como RESPOSTA INTERPRETATIVA:
conciliar os interesses em conflito? Trata-se de um gênero criado justamente para a circu-
2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista lação em sala de aula; uma resposta escrita em terceira
um meio para promover as transformações sociais de pessoa, que relaciona as informações dos textos desig-
que o Brasil necessita? nados no referencial de apoio com a pergunta proposta,
2003: A violência na sociedade brasileira: como mudar os textos de apoio (verbais e não-verbais) devem ser
as regras desse jogo? interpretados de forma coerente a fim de responder à
2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar questão. O objetivo deste gênero é averiguar a capa-
os abusos nos meios de comunicação? cidade do aluno de ler e interpretar textos e questões e
2005: O trabalho infantil na realidade brasileira sua habilidade de resolver as questões propostas. Im-
2006: O poder de transformação da leitura portante ressaltar que nesse gênero é necessário rea-
2007: O desafio de se conviver com a diferença lizar citação para ilustrar ou comprovar interpretações
2008: Máquina de chuva da Amazônia feitas.
2009: Qual é o efeito em nós do “eles são todos corruptos”? / Neste tipo de texto o autor deverá, antes de tudo, enten-
Valorização do idoso (cancelada). der a essência da proposta. É comum a banca fornecer
2010: O trabalho na construção da dignidade humana um ou mais textos de apoio. É sobre estes textos que o
2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público autor deverá basear sua resposta. Aqui, a interpretação
e o privado do conteúdo é o fundamento, portanto, quando inter-
2012: O movimento migratório para o Brasil no século XXI pretamos procuramos reproduzir esse conteúdo asso-
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil ciando-o ao contexto dado pelo enunciado.
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil O autor não deverá manifestar sua opinião, mas expor a
2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade interpretação dos textos de apoio.
brasileira. Observe que é comum a proposta vir carregada de per-

92
guntas. ____________________________________________
______________________
Dicas:
Não deve ter título. Texto 2:
Obedeça absolutamente a tudo que é solicitado no co-
mando. Importância da reforma da Previdência – O caminho
Organize seu texto colocando as ideias em ordem lógi- da agenda positiva.
ca, de tal forma que as ideias estejam concatenadas e
forme um todo coerente. Os cientistas políticos Luis Felipe D’Ávila e Marco André
Melo falam sobre a importância da reforma da Previdên-
DIFERENÇA ENTRE RESPOSTA ARGUMENTATIVA E cia para acerto das contas públicas e retomada do cres-
INTERPRETATIVA cimento econômico, em evento do Instituto Millenium.
A grande diferença entre os dois gêneros é que na res- No seminário “Agenda Positiva – reformas e ajustes que
posta interpretativa o autor não emite sua opinião. Inter- vão mudar o Brasil em 2017”, realizado pelo Instituto
preta os textos de apoio e redige a resposta com base Millenium, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila afirmou
neles, uma citação do texto de apoio é recomendável que uma das principais mudanças discutidas hoje – a
para defender sua resposta. Ao contrário, na resposta reforma da Previdência – é urgente e precisa ser resol-
argumentativa, o autor utiliza argumentos próprios para vida o quanto antes. “Caso contrário, uma conta muito
defender sua opinião, assim como numa dissertação. maior terá de ser paga pelas gerações posteriores”, res-
saltou D’Ávila. (...)
D’Ávila também manifestou preocupação com o que
EXERCÍCIO chamou de “demonização” da classe política. “Os po-
líticos são instrumentos da democracia e devem tocar
Texto 1: as mudanças. Precisamos trocar aqueles que não são
bons, mas é através do Congresso e do Executivo que
as reformas devem ser implementadas. Para isso, pre-
cisamos dos políticos”, apontou. (...)
Por fim, o empresário Salim Mattar, conselheiro do Ins-
tituto Millenium, comentou que a idade mínima de 65
anos para que o trabalhador requeira a aposentadoria
não deveria ser encarado como um tabu pela popula-
ção. “A expectativa de vida das pessoas está aumentan-
do”, disse Mattar. “Hoje, é possível manter-se na ativa
após os 70 anos. Precisamos mudar esta mentalidade
de que as pessoas devem se aposentar cedo”.
Mattar ponderou que esta tarefa não é fácil. “Margaret
Thatcher, que é um dos símbolos da presença reduzida
Fonte: http://rocacontabil.com.br/proposta- do Estado na economia, não conseguiu fazer uma refor-
-da-reforma-da-previdencia-social/ ma previdenciária na Inglaterra”, lembrou. “Por isso, sa-
bemos que é uma tarefa difícil. Mas as contas públicas
A charge é um gênero textual que, geralmente, faz uso de precisam ser preservadas. Houve um tempo em que
linguagem mista, ou seja, verbal e não verbal para expressar muitas pessoas na ativa pagavam a aposentadoria de
um conteúdo crítico. Sendo assim, sintetize, entre 5 e 8 linhas, poucas. Agora, fatalmente poucas pessoas na ativa vão
o que o autor quis mostrar com o texto 1. pagar pela aposentadoria de muitas. Trata-se de uma
____________________________________________ matemática que não fecha”.
____________________________________________ (http://blogs.
____________________________________________ correiobraziliense.com.br/servidor/importancia-da-refor-
____________________________________________ ma-da-previdencia/)
____________________________________________
____________________________________________ Texto 3:
____________________________________________
____________________________________________ A reforma da Previdência é mais grave do que pa-
____________________________________________ rece.
____________________________________________ Seminário em Brasília coloca em perspectiva as propos-
____________________________________________ tas pelo governo de Michel Temer.
____________________________________________
____________________________________________ Na sexta-feira 27, foi a vez da Federação Nacional das
____________________________________________ Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal
____________________________________________ (Fenae) e da Associação Nacional dos Participantes
____________________________________________ dos Fundos de Pensão (Anapar). As duas entidades
____________________________________________ uniram-se para promover, em Brasília, um seminário
____________________________________________ bastante esclarecedor sob o título “Em defesa do direito

93
à aposentadoria para todos”. (...) _________________________________________________
Para Antônio Bráulio de Carvalho, presidente da Anapar, _________________________________________________
os trabalhadores não têm noção das mudanças e como _________________________________________________
vão afetar a vida de todos. E diz por qual motivo os tra- _________________________________________________
balhadores começam a reagir: “A gente não aceita a su- _________________________________________________
pressão dos nossos direitos”. (...) _________________________________________________
No debate que abriu o evento em Brasília, Denise Lo- _________________________________________________
bato Gentil, professora de Economia da Universidade _________________________________________________
Federal do Rio de Janeiro, dissecou as mudanças pro- _________________________________________________
postas pelo governo e suas consequências para os ci- _________________________________________________
dadãos. _________________________________________
“Os brasileiros não têm ideia da gravidade dessa refor-
ma”, resumiu. As reformas previstas pela PEC 287, afir-
ma Denise Lobato, dificultam o acesso aos benefícios, UNIDADE 13
exigem mais tempo de contribuição e reduzem drastica-
mente os valores a serem recebidos por meio de apo-
sentadorias e pensões. (...) CHARGE, TIRA E GRÁFICO
Caso cumpra todas as exigências, o aposentado terá
direito a apenas 76% do valor integral da aposentadoria. “O humor, numa concepção mais exigente, não é
Cada ano a mais trabalhado dá direito a 1% de aumento apenas a arte de fazer rir. Isso é comicidade, ou qual-
no valor. Para chegar aos 100%, o trabalhador deverá quer outro nome que se escolha. Na verdade, humor
trabalhar 24 anos a mais. Obter uma aposentadoria in- é uma análise crítica do homem e da vida. Uma aná-
tegral aos 65 anos tornou-se impossível, esclarece De- lise não obrigatoriamente comprometida com o riso,
nise Lobato. uma análise desmistificadora, reveladora, cáustica.
O cidadão só conseguiria se começasse a trabalhar aos Humor é uma forma de tirar a roupa da mentira, e o
16 anos (idade mínima permitida) e mantivesse de forma seu êxito está na alegria que ele provoca pela desco-
ininterrupta um emprego formal pelos 49 anos seguin- berta inesperada da verdade” (Ziraldo)
tes, sem deixar de contribuir um único mês. Situação
impossível num País afetado, volta e meia, por crises O texto de humor não deixa explícito todos os sentidos
econômicas que aumentam as taxas de desemprego ou e suas intenções, ele apenas deixa-se entrever elegan-
deixam como única alternativa empregos precários sem temente. Cabe ao leitor desvendar e interpretar.
carteira assinada.
Mais: o novo sistema desestimula o aprimoramento CHARGE
profissional, pois torna mais difícil para um trabalhador Palavra de origem francesa que significa carga, ou seja,
cumprir um período sabático de estudos. algo que exagera traços do caráter de alguém ou de algo
(https://www.cartacapital.com.br/revista/938/a-reforma- para torna-lo burlesco ou ridículo. Trata-se de uma ilus-
-da-previdencia-e-mais-grave-do-que-parece) tração ou desenho humorístico, com ou sem legenda ou
balão, veiculado pela imprensa, que tem por finalidade
satirizar e criticar algum acontecimento do momento.
A partir da leitura dos textos 2 e 3 e, com base nos conhe- Focaliza, por meio de caricatura gráfica, com bastan-
cimentos construídos ao longo de sua formação, responda, te humor, uma ou mais personagens envolvidas no fato
de forma crítica, o seguinte questionamento: “Quais serão as político-social que lhe serve de tema.
verdadeiras consequências da Reforma da Previdência para
a nossa sociedade? ”. O seu texto deve conter entre 12 a 15 Opinião
linhas e precisa ser escrito na modalidade formal da língua
portuguesa.
_________________________________________________
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_________________________________________________
_________________________________________________ GLAUCO. Fome Zero / Fome Fashion (charge). Fo-
_________________________________________________ lha de S. Paulo, Caderno A2, 01 fev. 2003
_________________________________________________
_________________________________________________ Geralmente é um texto de opinião, expresso em dimen-

94
são verbal e não verbal, e no caso específico dessa crítica contundente, o cartum retrata situações mais cor-
charge, ela vem acompanhada do título opinião, assim riqueiras do dia a dia da sociedade.
como todos os textos da segunda página do 1º Cader- Até aqui você deve ter tido uma noção de como se deve
no da Folha de S. Paulo. O fato político que serviu de fazer a leitura de uma charge, do quanto este texto é
base foi a campanha “Fome Zero”, princípio norteador rico, e que todos os detalhes são importantes para a
do primeiro mandato do Governo Lula e tão destacada sua compreensão. Passemos agora para outro gênero
durante a posse em janeiro de 2003. Simultaneamente textual também muitos explorados nos vestibulares e
acontecia em São Paulo, capital, a “São Paulo Fashion demais concursos.
Week”, fato social que serve de contraponto semântico
(referente ao sentido) ao fato político, contribuindo para TIRA
a criação do enunciado “inventado” por Glauco, “Fome Segmento ou fragmento de uma História em Quadrinhos
Fashion”. (HQs), usualmente constituído de uma faixa horizontal,
Glauco montou a charge na forma de Quadrinho, embo- geralmente contendo três ou quatro quadros. Apresenta
ra seja um texto opinativo e não narrativo, como é quase um texto sincrético que alia o verbal e o visual no mes-
a totalidade das HQS. Ele divide em dois quadrinhos mo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em
ou vinhetas, separados por uma tarja branca vertical, jornais ou revistas, em geral, na seção “quadrinhos” do
chamada elipse, que dá uma ideia de continuidade en- caderno de diversão, amenidades ou também conheci-
tre as vinhetas, a elipse seria o espaço “vazio” que o do como recreativo.
leitor deve preencher com seus conhecimentos prévios,
transformando as imagens em uma ideia.
Quanto ao discurso verbal, o quadro da esquerda traz
o título FOME ZERO, e o da direita, FOME FASHION,
ambos em caixa alta, uma espécie de discurso em off
do autor. A conversação oralizada, em ambos os qua-
dros, constitui o discurso das personagens, apresentan-
do em balões arredondados, com a fala graficamente
também em caixa alta. Esses discursos, o do autor e o
das personagens, acrescidos das expressões gestuais,
corporais e faciais, e aliados a outros recursos para- Combinando a linguagem verbal (narrativa escrita e
verbais iconizados (roupas típicas, ambientes próprios a falada, colocadas em balões e legendas) e a visual
etc.), dão o efeito de sentido crítico e satírico da charge. (imagem gráfica) torna a comunicação rápida, na práti-
Portanto, palavras e imagens integram a composição ca a palavra e a imagem possuem o mesmo peso, com
visual do todo de modo redundante e dinâmico, numa linguagem coerente, a qual seus elementos se ligam de
transgressão discursiva do uso tradicional da linguagem maneira indissociável.
textual. A mensagem verbal iconiza-se, o desenho torna Se comparada com a construção formal da escrita nar-
visualmente dinâmico o significado do código linguísti- rativa tradicional, as tirinhas usam de alguns recursos
co (forma das letras, logogramas, pontuações codifica- icônicos verbais próprios ou muito recorrentes, com
das) e do espaço (as formas das vinhetas e dos balões uma morfossintaxe e sintaxe discursivas específicas: o
têm um valor expressivo). desenho, o requadro (contorno do quadrinho ou vinhe-
Há uma quebra da articulação aparentemente linear ta), o balão, a figura, o uso de onomatopeias e de legen-
das ações/fatos por uma articulação de duas ações das, a elipse, a página ou prancha, conjugando discurso
em paralelo que produzem o efeito de sentido deseja- verbal e pictogramas.
do, hiperbolicamente caricaturizado. Seja nas palavras É importante perceber que as tiras são um excelente
que sintetizam o “supérfluo” da Fome Zero e o “proibi- veículo de mensagens ideológicas e de crítica social ex-
do” da Fome Fashion, seja nas imagens grotescas (de plícita ou implícita. (Costa, S. R. Dicionário de Gêneros
uma lado, mulher pobre, mal vestida, em frente a seu Textuais. B.H., Autêntica, 2009).
casebre, assessor/ representante do governo de terno,
pasta executiva e cartão magnético na mão, emoldura- GRÁFICO
dos pelo sertão nordestino de sol escaldante e terra ra- O gráfico é um elemento sempre presente no vestibu-
chada; de outro, mulheres magérrimas, porte e postura lares e em algumas redações. Geralmente traz dados
impecáveis, e; assessor, aparentemente efeminado, to- estatísticos sobre elementos relacionados à proposta.
dos elegantemente bem vestidos, emoldurados por um O gráfico pode ter diferentes formatos:
ambiente interior que remete ao mundo da moda.
Em síntese, nas ações da escrita da charge, o discurso
em off do autor presente nos títulos FOME ZERO e
FOME FASHION, o discurso das personagens, a con-
versação oralizada/ escrita em ambos quadros e os re-
cursos paraverbais exemplificam bem o discurso crítico/
satírico da charge.
Apesar de ser confundido com o cartum, palavra de ori-
gem inglesa (cartoon), são dois gêneros textuais dife-
rentes, pois, ao contrário da charge, que sempre é uma

95
COLUNAS

LINHAS

BARRAS

INFOGRÁFICO
→ O infográfico pode apresentar qualquer um dos for-
matos anteriores. Ele traz as informações de uma forma
menos convencional, mais dinâmica.

PIZZA

EXERCÍCIOS

1 (UFRJ) Assinale a única alternativa cujo teor é in-


compatível com a proposta da tira

a) Pelas frases proferidas, é possível constatar que os


personagens têm opiniões opostas acerca da manchete
registrada no jornal.
b) Na construção de sentido, empregaram-se diferentes
recursos de linguagem para a expressão de ironia.
c) O pronome isso, utilizado por um dos personagens,
além da referência que estabelece com a manchete, evi-
dencia um posicionamento crítico.

96
d) A verbalização do pensamento dos personagens é tramas sociais vivenciadas todos os dias. Quando ainda
registrada através de um discurso direto. não existiam esses veículos de comunicação, eram as
e) Num tom bem – humorado, a tira focaliza a falta de lendas, fábulas que assumiam essa função.
ética como uma questão recorrente na política. Assim, a história age como alimento da imaginação hu-
mana, das fantasias e dos desejos: na vida real, os fa-
2 Com base no texto humorístico abaixo, responda: tos se sucedem rotineiramente; na história ao contrário,
tudo é possível. Inexistem barreiras entre a fantasia e a
realidade.

Narrar: É expor o mundo e as coisas que nele existe de


maneira real ou fictícia; é tentar dominar, criar e recriar
destinos por meio de personagens e transformações
que dão vida à história e a todas as ações (positivas ou
negativas) envolvidas.
Na atualidade, passou-se a chamar gênero narrativo o
a) Qual o texto com humor apresentado acima? Jus- conjunto de obras em que há narrador, personagens e
tifique. uma sequência de fatos e que segue a seguinte estru-
____________________________________________ tura:
____________________________________________
____________________________________________ Situação inicial ou apresentação: É o momento da
____________________________________________ narrativa em que são apresentados os personagens, o
____________________________________________ lugar e o momento em que a ação acontecerá, portanto,
____________________________________________ é a apresentação da própria história.
____________________________________________ Conflito ou complicação: É a parte do texto em que
____________________________________________ se inicia propriamente a ação: por algum motivo, as
____________________________________________ personagens saem de seu estado inicial e desenca-
____________________________________________ deiam uma série de ações.
______________________ Clímax: A condição criada pelo narrador vai progressi-
vamente aumentando sua dramaticidade até que chega
b) Qual a mensagem expressa pelo texto? ao ponto máximo.
____________________________________________ Desfecho ou conclusão: Momento no qual a história
____________________________________________ é finalizada, desta forma, cada personagem se encami-
____________________________________________ nha para seu “destino”.
____________________________________________
____________________________________________ Tessitura Narrativa
____________________________________________ Ao criar um texto narrativo, deve-se ter em mente seis
____________________________________________ questões a serem respondidas, ou seja, a tessitura nar-
____________________________________________ rativa - A narrativa deve elucidar os acontecimentos res-
____________________________________________ pondendo às seguintes perguntas essenciais:
____________________________________________
____________________________________________ O quê? (Trata-se do assunto, do episódio central, tam-
____________________________________________ bém conhecido como enredo).
Quem? (Os personagens envolvidos).
Quando? (É preciso especificar o tempo, a época do
UNIDADE 14 ocorrido; isto não significa necessariamente a data es-
pecífica, e sim qual a sequência das ações).
Onde? (O lugar ou os lugares em que se passa a histó-
TIPO NARRATIVO ria, ou ainda o espaço).
Como? (Aqui, pode-se entender de dois modos: de que
modo ocorreu a história, de que modo enredaram-se as
“Narrar é lembrar-se do que nun- situações; ou ainda, como a história foi/é contada, pri-
meira ou terceira pessoa).
ca existiu” (Clarice Lispector) Por quê? (Explicam-se as causas do ocorrido).
Por isso? (As consequências, o desfecho da história).
O homem sempre manifestou interesse pelo narrar, ocupou-
-se em registrar fatos sob a forma de imagens ou palavras, Em uma narrativa tradicional, existem também os ele-
criar um uni- verso além do seu, onde nada era impossível, mentos que a compõem. Vejamos abaixo quais são
tudo podia ser criado ou reinventado; foi assim que nasce- eles:
ram as chamadas narrativas.
As pessoas apreciam filmes, novelas de televisão ou ro- Foco Narrativo: Assim como o autor cria as persona-
mances, porque fundamentalmente contam uma história gens, cria também um narrador para contar a história. O
que, muitas vezes, se assemelham a vida e às inúmeras leitor menos acostumado à literatura tende a confundir

97
autor e narrador, pensando que são a mesma pessoa. dominar essas estruturas e conhecer as relações en-
Contudo, às vezes o autor dá a palavra ao narrador, tre elas. Vejamos alguns aspectos dessas relações: O
como se fosse um porta-voz, para transmitir a sua visão discurso direto apresenta-se em 1ª pessoa; o discurso
de mundo. O autor pode, porém, dar suas opiniões tam- indireto, em 3ª pessoa (a fala da personagem - ele - é
bém por meio de uma ou mais personagens, uma vez reproduzida com palavras do narrador).
que tudo é invenção, ficção. O enfoque escolhido, isto
é, o ângulo de visão por meio do qual o autor vai contar Discurso direto: Ela respondeu: - Comprei um lindo
a história, determina o ponto de vista ou foco narrativo. vestido.
Discurso indireto: Ela respondeu que comprara um
Narrador: O narrador é o dono da voz ou, em outras lindo vestido.
palavras, a voz que nos conta os fatos e seu desenvol-
vimento. Existem três tipos de narrador, são eles: Você deve ter observado que o discurso direto requer uma
pontuação específica; o mesmo não ocorre com o discur-
em primeira pessoa, personagem principal: Há um “eu” so indireto.
participante que conta a história é um dos personagens; Outra observação é o tempo verbal. No discurso indireto,
em primeira pessoa, mero observador dos fatos: É será sempre passado em relação ao tempo verbal do dis-
um recurso escolhido pelo autor para dar mais veros- curso direto.
similhança à narrativa. É como se dissesse: É verdade,
pode acreditar, eu estava lá e vi. Esse tipo pode ser con- Enredo: É a sequência de fatos, podendo ser linear, ou
fundido com narrador em 3ª pessoa, porque às vezes, a seja, aquele que segue a ordem cronológica em que os
1ª pessoa que observa e conta os fatos demora a usar acontecimentos se passam ou a ordem psicológica, por-
algum índice de um “eu” narrador; tanto alinear.
em terceira pessoa, narrador onisciente: penetra na in-
timidade das personagens, não revela somente os fatos, Espaço: O local em que os acontecimentos são narrados
mas todo o mundo interior das personagens. e onde se desenrolam. Pode haver 1 ou mais, espaço prin-
cipal e secundários.
Personagem: Seres criados pelo autor com característi-
cas físicas e psicológicas determinadas. Podem ser: Tempo: É o elemento que decide tudo. Se for exterior, é
chamado de cronológico: obedece ao relógio e determina
protagonista: personagem principal da trama; que a ação e o espaço também sejam exteriores. Se for
antagonista: aquele (a) que pretende destruir os planos interior, se passar no consciente ou subconsciente de
e o próprio personagem principal; uma ou mais personagens, é chamado psicológico.
secundários: personagem com menor importância.

Discurso: Maneira como a fala dos personagens é trans-


crita pelo narrador. Existem três tipos de discurso:
UNIDADE 15
direto: são as falas das personagens apresentadas
diretamente ao leitor, sem a interferência do narrador.
Pode ser diálogo - entre duas ou mais personagens - NOTÍCIA E REPORTAGEM
ou monólogo uma personagem fala ou pensa sozinha,
ou seja, o narrador dá voz aos personagens;
indireto: há um narrador que conta a história, que in- NOTÍCIA
termedeia, nos dá fatos e reconta os diálogos. As falas, “Notícia é toda informação corrente dos acontecimentos
quando existem, são apresentadas indiretamente por do dia posto ao alcance do público” (Charnley).
ele. Seu ângulo de visão determinará o ponto de vista Para um texto ser definido como notícia ele deve consi-
ou foco narrativo, pois o narrador é quem reproduz as derar as seguintes características:
falas das personagens;
indireto livre: é um recurso recente . Surgiu com ro- Texto Informativo: este tipo de texto tem a intenção de,
mancistas inovadores do século XX. O discurso indireto somente, relatar fatos. O jornalista limita-se a descrever
livre é um tipo híbrido, misto dos dois anteriores. Há um o que viu e o que apurou, sem analisar significados.
narrador que conta a história, sem dar diretamente a Atualidade: um fator determinante para a circulação
palavra a uma personagem, ele entremeia o que conta de uma notícia é o tempo, o fato deve ser recente e o
com parte da fala, a ponto de não se saber até onde o anúncio dos fatos deve ser imediato. Só é notícia um
narrador está presente e onde começa a personagem, acontecimento que contém elementos de atualidade e
já que ela se insere sutilmente no discurso do narrador. intensidade.
Imparcialidade e Objetividade: pelo menos na teoria,
Como transformar um discurso direto em indireto e a notícia deve ser objetiva e imparcial, ou seja, quem a
vice-versa escreve não pode fazer juízo de valor ou colocar opi-
Ao fazer uma narração, podemos reconstituir as falas niões no texto, por isso, há o predomínio da 3ª pessoa.
dos personagens, utilizando a estrutura de um discurso Breve, Sumária: o texto dos jornais diários deve ser
direto ou de um discurso indireto. Portanto, é importante direto, pois está ligada a um acontecimento recente e de

98
repercussão social. Além disso, o texto deve ser claro, O que levar
de forma que, ao ser lido, é imediatamente apreendido. Além dos documentos pessoais, é necessário apresentar
Interesse do público: quem escreve a notícia deve le- o Cartão de Inscrição da 2ª fase, disponível para impres-
var em conta o público alvo do veículo de comunicação. são no site da UEL.
Seu conteúdo, além de seguir os critérios já citados, Os candidatos deverão imprimir o documento e afixar
deve estimular o interesse do público. uma fotografia 3X4 recente e a cópia da Carteira de
Identidade.
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA NOTÍCIA Este cartão deverá ser apresentado juntamente com a
Para que uma notícia seja clara e relate os fatos essen- Carteira de Identidade original.
ciais de um acontecimento, ela deve conter os seguin-
tes elementos: Presos
Manchete ou título: o título é a publicidade da notícia, é Entre os presos estão 24 candidatos apenados fazem
ele que anuncia ao leitor o assunto que será abordado. as provas na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL
Lead/Lide: o lead é a primeira parte de uma notícia. I) e mais 10 na PEL II. Outros 10 candidatos em regime
Sua intenção é fornecer ao leitor a informação básica semiaberto fazem as provas no Centro de Reintegração
sobre o tema a ser abordado. Geralmente aparece no Social de Londrina (CRESLON).
1º parágrafo e tem em média 4 linhas.
(Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/educacao/vesti-
Toda notícia deve responder as seguintes questões: ba/2017/noticia/mais-de-8-mil-candidatos-devem-fazer-a-
Quem? (quem são os indivíduos envolvidos); -2-fase-do-vestibular-da-uel-neste-domingo-3.ghtml)
O quê? (o que fez, o que aconteceu, qual foi a ação);
Quando? (o tempo: dia e horário); REPORTAGEM
Onde? (o lugar); “Gênero jornalístico que consiste no levantamento de
Como? (o modo como os fatos se desenrolaram); assuntos para contar uma história verdadeira, expor
Por quê? (o motivo). uma situação ou interpretar fatos”. (LAJE, 1993, p.16).
Caracteriza-se por poder resumir o assunto, destacar “Uma boa reportagem se faz com precisão, rigor e cor-
o fato principal ou criar um ambiente para despertar a reção, mas também e, sobretudo com emoção”. (Zuenir
curiosidade do leitor sobre a matéria jornalística. Ventura).
A reportagem difere da notícia pelo conteúdo, extensão
e profundidade. A notícia, de modo geral, descreve o
→ LEMBRAR: fato e, no máximo, seus efeitos e consequências. A re-
portagem busca mais: partindo da própria notícia, de-
senvolve uma sequência investigativa que não cabe na
N = 3Q + O + C + P notícia. Assim, apura não somente a origem do fato, mas
suas razões e efeitos. Abre o debate sobre o aconteci-
Corpo mento, desdobra-o em seus aspectos mais importantes
Parte da notícia que desenvolve o assunto, apresentan- e divide-o, quando se justifica, em retrancas (sub- títu-
do detalhes do fato principal. Traz informações comple- los) diferentes que poderão ser agrupadas em uma ou
mentares; pode ter citações. duas páginas. A notícia não esgota o fato; a reportagem
Exemplo: pretende fazê-lo. Na maior parte dos casos, a reporta-
Mais de 8 mil candidatos devem fazer a 2ª fase do gem decorre de uma pauta (traz um resumo sobre o as-
vestibular da UEL neste domingo (3) sunto, um roteiro a seguir, as fontes, enfim, direciona,
encaminha o repórter para a produção da matéria).
Mais de oito mil candidatos começam neste domingo (3) a se-
gunda fase do vestibular da Universidade Estadual de Londri- Principais características de uma reportagem:
na (UEL). As provas serão aplicadas em 14 locais – os portões Extensa completa e mais rica;
abrem às 13h20 e fecham às 14h. Geralmente parte de um “gancho jornalístico” e vai a
Neste ano, a UEL tem 2.482 vagas distribuídas em 53 cursos fundo discutir o assunto;
de graduação, sendo que outras 598 são oferecidas por meio Levanta hipóteses para dissertar sobre o tema;
do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Procura não só as consequências, mas averigua as raí-
A segunda fase do vestibular ocorre em três dias. Neste do- zes do caso;
mingo, os candidatos respondem questões de Língua Portu- Mistura de informação (dados) e observação (sensibili-
guesa e Literaturas em Língua Portuguesa, Língua Estrangei- dade do repórter);
ra e Redação. É baseada na investigação e interpretação dos fatos;
Na segunda-feira (4), das 14h às 18h, serão aplicadas as pro- Abre debate sobre o acontecimento, desdobra-o em
vas de conhecimentos específicos, conforme o curso escolhi- seus aspectos mais importantes e divide- o, quando se
do pelo candidato. justifica em vários tópicos (retrancas);
Na terça-feira (5) candidatos aos cursos de arquitetura e urba- Tem maior liberdade poética; é mais subjetiva e pode ter
nismo, artes visuais, design de moda e design gráfico fazem um enfoque com mais sentimentos e sensações;
as provas de habilidades específicas. Detém um estilo mais livre, rompendo a rigidez da técni-
Serão dois horários de aplicação da prova das 8h às 11h e das ca jornalística e podendo ser mais pessoal;
14h às 18h. Pretende esgotar o assunto;

99
Deve seduzir o leitor. do o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os
tempos e as pessoas, com ajuda do vocabulário de cada um.
A reportagem contém quatro elementos estruturais É, assim, apresentar um raciocínio objetivamente, escolher o
básicos: a manchete, a linha fina, a abertura e o corpo essencial dos dados de um problema, as características de
do texto. uma situação, as conclusões de uma análise, sem nenhum
Título ou Manchete: Grupo de palavras dispostas em comentário.
destaque em cima do texto para orientar o leitor, tem O resumo é uma técnica que encara o texto como um todo,
a finalidade de resumir o assunto que será abordado. não é uma sequência de frases autônomas; pelo contrário, é
Tem extrema importância tanto na notícia como na re- um conjunto de ideias ordenadas, numa totalidade, formal e
portagem, é como o anúncio do texto. Deve ser claro, significativa.
resumir o assunto. Evitar dois pontos e ponto de inter- Trata-se de um exercício de inteligência, exigindo a redação
rogação (as pessoas não querem ser questionadas e de um novo texto, com base no texto-fonte.
sim, informadas). Só usar nome próprio no título quando
conhecer bem a pessoa ou em nota fúnebre. Não usar RESUMO: CARACTERÍSTICAS
abreviações Ex: BN pleiteia prefeitura de LD (Barbosa Em primeiro lugar devemos lembrar que resumir não é recriar
Neto pleiteia prefeitura de Londrina). o texto, não é colocar nossa opinião ou posição sobre o que foi
Linha fina: Texto que aparece abaixo do título. É um lido. Resumir é compreender o texto e reescrever seus tópicos
pouco maior que a manchete (geralmente tem 1 ou 2 principais sem adulterar a ideia primordial passada pelo texto
linhas), traz algumas informações sobre o texto. original.
Abertura: A abertura da reportagem deve trazer o novo, Breve e conciso: Menor que o texto original, entretanto
buscando a originalidade. Basicamente chamar a aten- suas palavras são mais carregadas de sentido;
ção do leitor e conquistá-lo para a leitura do texto. Cos- O resumo deve ser escrito com seu próprio vocabulário,
tuma-se usar palavras concretas, frases curtas, incisi- entretanto, cabe lembrar que o mesmo deve se adequar
vas e afirmativas, estilo direto. ao padrão formal-culto;
Corpo do texto: Traz as informações sobre o assunto, O resumo precisa ser organizado de forma lógico-racio-
dados e sensações do repórter. É o desenvolvimento do nal e deve manter a ordem das ideias apresentadas no
assunto. texto matriz.

DIFERENÇAS ENTRE REPORTAGEM E NOTÍCIA: PASSOS PARA SE FAZER UM BOM RESUMO:


Notícia Leia atentamente!
É o relato de um acontecimento atual, de interesse público Tenha certeza que leu atentamente!
geral, ou de determinado segmento da sociedade, veiculado Verifica a temática central do texto a ser resumido, ana-
em jornal, rádio ou televisão. lisando-o de forma geral;
Reportagem Analise cada um dos parágrafos do texto de forma indi-
É a atividade jornalística que geralmente compreende a co- vidual, e isole os principais termos/palavras de cada um
bertura de um acontecimento, a análise e a preparação do deles;
texto final a ser entregue à redação, diferente da notícia a re- Retire os argumentos/dados e informações cruciais de
portagem pretende esgotar o acontecimento, suas causas e cada parágrafo;
consequências e estimular o debate sobre o mesmo. Escreva um texto com as suas palavras, utilizando as
informações coletadas;
Não esqueça jamais de mencionar a fonte (no mínimo,
UNIDADE 16 título e autor);
Lembre-se que, no resumo, o autor do texto original apa-
rece como se estivesse realizando vários tipos de atos,
RESUMO E RESENHA que frequentemente, não estão explicitados no texto
original. Evidencie esses atos utilizando os verbos
adequados (inicia, aborda, define, afirma, incita etc.)
O QUE SIGNIFICA RESUMO? Verifique se o texto escrito está na linguagem indicada
na proposta, se ultrapassa em número e palavras/linhas
o texto original, se foge da temática do texto matriz; e
Um resumo é um texto sobre outro texto, de outro autor, e isso Caso tenha encontrado um dos erros apontados no item
deve ficar sempre claro, mencionando-se frequentemente o acima, elimine-os!
seu criador.
É a redução de um texto qualquer, mantendo-se seu conteúdo O QUE SIGNIFICA RESENHAR?
de forma concisa e coerente, sem utilização de marcas pes- Resenhar significa fazer uma relação das propriedades
soais, informações extras nem julgamentos de valor. de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspec-
O resumo é um exercício que combina a capacidade de sín- tos relevantes, descrever as circunstâncias que o en-
tese e a objetividade. O resumo é um texto que apresenta as volvem.
ideias ou fatos essenciais desenvolvidos num outro texto, ex- A resenha, como qualquer modalidade de discurso des-
pondo-os de um modo abreviado e respeitando a ordem pela critivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são
qual surgem. infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem
Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitan- o objeto descrito. O resenhador deve proceder seleti-

100
vamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do Tem intencionalidade persuasiva, que estimula ou não o
objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de público a “consumir” o objeto em questão;
uma intenção previamente definida. Estrutura relativamente livre, normalmente é introduzi-
Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo da por um pequeno histórico da obra, seguindo de uma
objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mun- descrição de suas partes e de uma avaliação de seus
dial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de aspectos mais significativos; geralmente são feitas com-
uma coluna esportiva de um jornal; outra, ao departa- parações com outras obras do mesmo autor, ou com
mento médico que integra a comissão de treinamento. obras de outros autores e comentários sobre a impor-
O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo tância da obra no contexto atual;
atleta marcou, durante o treino, um gol olímpico, fez Verbos predominantemente no presente do indicativo;
duas coloridas jogadas de calcanhar, encantou a plateia Linguagem clara e objetiva; nível de linguagem e grau
presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na re- de pessoalidade/impessoalidade, que varia de acordo
senha destinada ao departamento médico, são simples- com o veículo e com o público a que se destina.
mente desprezíveis. Defesa de um ponto de vista e apresentação de argu-
Com efeito, a importância do que se vai relatar numa mentos concisos, sendo que estes devem apoiar-se em
resenha depende da finalidade a que ela se presta. fatos e provas;
Numa resenha de livros para o grande público, leitor de
jornal, não tem o menor sentido descrever com porme- PASSOS PARA CONSTRUIR UMA RESENHA:
nores os custos de cada etapa de produção do livro, o Apresente o autor, o texto e seu contexto.
percentual de direito autoral que caberá ao escritor e Descreva sucintamente o conteúdo da obra.
coisas desse tipo. Descreva o posicionamento do autor sobre a obra.
A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem Avalie pontos positivos e negativos.
nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou Dê seu posicionamento mediante ao assunto.
crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações Conclua.
estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.

A Resenha Descritiva UNIDADE 17


A resenha descritiva consta de:
uma parte descritiva em que se dão informações sobre o tex-
to: CARTA ARGUMENTATIVA
nome do autor (ou dos autores);
título completo e exato da obra (ou do artigo);
nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz ASPECTOS GERAIS:
parte a obra; Expressa a opinião do leitor sobre textos publicados em
lugar e data da publicação; jornal ou revista;
número de volumes e páginas. Tem intencionalidade persuasiva;
Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da Sua estrutura assemelha-se à da carta pessoal: data,
estrutura da obra (divisão em capítulos, assunto dos ca- vocativo, corpo do texto (assunto), expressão cordial de
pítulos, índices etc.). No caso de uma obra estrangeira, despedida e assinatura;
é útil informar também a língua da versão original e o A linguagem ajusta-se ao perfil do autor, da revista ou jor-
nome do tradutor (se tratar de tradução). nal a que se destina, com predomínio do padrão culto
uma parte com o resumo do conteúdo da obra: formal;
indicação sucinta do assunto global da obra (assunto A intenção do autor vai gerar maior ou menor pessoali-
trata- do) e do ponto de vista adotado pelo autor (pers- dade.
pectiva teórica, gênero, método, tom etc.);
resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e Estrutura dissertativa: Costuma-se enquadrar a carta
seu plano geral. na tipologia dissertativa, uma vez que, como a disserta-
ção tradicional, apresenta a tríade introdução, desenvol-
A Resenha Crítica vimento e conclusão.
Além dos elementos já mencionados, entram também Logo, no primeiro parágrafo, deve ser apresentado ao
comentários e julgamentos do resenhador sobre as leitor o ponto de vista a ser defendido; nos dois ou três
ideias do autor, o valor da obra etc. subsequentes, (considerando-se uma carta de 20 a 30
Observação: Neste tipo de resenha existe a presença linhas), serão encadeados os argumentos que o susten-
do ponto de vista, ou seja, o autor deixa claro sua opi- tarão; e, no último, será reforçada a tese (ponto de vista)
nião e este é quesito fundamental e parte da estrutura e/ou será apresentada uma ou mais propostas.
deste tipo de resenha; portanto a presença da opinião
do autor é importantíssima! Argumentação: Como a carta não deixa de ser uma
espécie de dissertação argumentativa, você deverá se-
Características da resenha crítica: lecionar com bastante cuidado e capricho os argumen-
Informa sobre o lançamento de um objeto cultural: dis- tos que sustentarão a sua tese. É importante convencer
co, livro, show, concerto, exposição, peça teatral etc. o leitor de algo.
Avalia seus aspectos positivos e negativos; É importante, nesse momento, que o aluno saiba criar o

101
ambiente de argumentação, de modo a se aproximar, de ESTRUTURA DA CARTA
maneira consistente, do seu público alvo.

Principais diferenças entre a Dissertação e a Carta


argumentativa
Cabeçalho: Na primeira linha da carta, na margem do
parágrafo, apare- cem o nome da cidade e a data na
qual se escreve.
Exemplo: Londrina, 03 de julho de 2017.

Vocativo inicial: Na linha de baixo, também na mar-


gem do parágrafo, há o termo por meio do qual deverá
se dirigir ao leitor (geralmente marcado por vírgula). A
escolha desse vocativo dependerá muito do leitor e da
relação social com ele estabelecida.
Exemplos: Prezado senhor Fulano, Excelentíssimo se-
nhor presidente Luís Inácio Lula da Silva, Senhor presi-
dente Luís Iná- cio Lula da Silva, Caro deputado Sicrano
etc.

Interlocutor definido: A principal diferença entre a dis-


sertação tradicional e a carta: na carta, estabelece-se
uma comunicação particular entre um eu definido e
um você definido. Assim, é necessário adaptar a lin- Pronomes de tratamento
guagem e a argumentação à realidade desse leitor e ao Vossa Excelência: deputado, governador, prefeito, minis-
grau de intimidade estabelecido entre os dois. Os argu- tro, senador, vereador, presidente da República, embai-
mentos e informações deverão ser compreensíveis ao xador, juiz, bispo, arcebispo e general.
leitor, próximos da realidade dele. Utilize bom senso e Vossa Senhoria: funcionário público (abaixo de ministro)
equilíbrio para selecionar os argumentos e/ou informa- em chefia, militares entre soldado e general.
ções que não sejam óbvios ou incompreensíveis àquele Vossa Magnificência: reitor.
que lerá a carta. Vossa Santidade: papa.
Vossa Eminência: cardeais.
Necessidade de dirigir-se ao leitor: Na dissertação Vossa Reverendíssima: sacerdotes.
tradicional, recomenda-se que você evite dirigir-se di- Vossa Majestade: rei, rainha.
retamente ao leitor por meio de verbos no imperativo Vossa Alteza: príncipe, rei.
(“pense”, “veja”, “imagine” etc.). Ao escrever uma carta,
essa prescrição “cai por terra”. É necessário fazer o lei- Observe que utilizando qualquer dos pronomes de tra-
tor “aparecer” nas linhas. Então, verbos no imperativo tamento o verbo deverá ficar na 3ª pessoa do singular,
– que fazem o leitor perceber que é ele o interlocutor – e assim como os demais pronomes. Ex. Vossa Excelên-
vocativos, são bem-vindos. cia poderá ocupar o gabinete, tão logo seu pedido seja
deferido.
Expressão que introduz a assinatura: Terminada a
carta, é de praxe produzir, na linha de baixo (margem Exemplo de carta argumentativa:
do parágrafo), uma expressão que precede a assinatura Londrina, 10 de setembro de 2002.
do autor, expressão de cordialidade. A mais comum é Prezado editor,
“Atenciosamente”; mas, dependendo da sua criativida-
de e das intenções do enunciador para com o interlocu- O senhor e eu podemos afirmar com segurança que a
tor, será possível gerar várias outras expressões, como violência em Londrina atingiu proporções caóticas. Para
“De um amigo”, “De um cidadão que votou no senhor”, chegar a tal conclusão, não é necessário recorrer a
de alguém que deseja ser atendido”. estatísticas. Basta sairmos às ruas (a pé ou de carro)
num dia de “sorte” para constatarmos pessoalmente a
Assinatura: Um texto pessoal, como é a carta, deve ser gravidade da situação. Mas não acredito que esse qua-
assinado pelo autor. Nos vestibulares, costuma-se, po- dro seja irremediável. Se as nossas autoridades segui-
rém, solicitar ao aluno que não escreva o próprio nome rem alguns exemplos nacionais e internacionais, tenho
por extenso. Na Unicamp, por exemplo, ele deve escre- a certeza de que poderemos ter mais tranquilidade na
ver a inicial do nome e dos sobrenomes (R. A. R. para terceira cidade mais importante do Sul do país.
Rafael Alves Riemma, por exemplo). Um bom modelo de ação a ser considerado é o adotado
em Vigário Geral, no Rio de Janeiro, onde foi criado, no
início de 1993, o Grupo cultural Afro Reggae. A iniciativa,
cujos principais alvos são o tráfico de drogas e o subem-
prego, tem beneficiado cerca de 750 jovens. Além de Vi-
gário Geral, são atendidas pelo grupo as comunidades

102
de Cidade de Deus, Cantagalo e Parada de Lucas. sores, cientistas, empresários, políticos etc.
Mas combater somente o narcotráfico e o problema do
desemprego não basta, como nos demonstra um para- Características:
digma do exterior. Foi muito divulgado pela mídia - inclu- • Geralmente, o tema contém julgamentos provisórios,
sive pelo seu jornal, a Folha de Londrina - o projeto de pois são escritos enquanto os fatos estão ainda acon-
Tolerância Zero, adotado pela prefeitura nova-iorquina tecendo;
há cerca de dez anos. • Há o uso dos pronomes na primeira pessoa, segunda
Por meio desse plano, foi descoberto que, além de re- pessoa do singular/plural e terceira pessoa;
primir os homicídios relacionados ao narcotráfico (inten- • Possui a assinatura do autor;
ção inicial), seria mister combater outros crimes, não tão • O artigo de opinião se encaixa num mundo ordiná-
graves, mas que também tinham relação direta com a rio, isto é, num mundo real, em que há referências a
incidência de assassinatos. A diminuição do número de locutores e interlocutores (uso de pronomes na primeira
casos de furtos de veículos, por exemplo, teve repercus- pessoa do singular e plural), aos lugares imediatos (uso
são positiva na redução de homicídios. de dêiticos temporal, por exemplo, em 2007, em 1997)
Convenhamos, senhor editor: faltam vontade e ação e ao momento definido pelo momento da enunciação
políticas. Já não é tempo de as nossas autoridades se (hoje, data do texto, entre outros.);
espelharem em bons modelos? As iniciativas menciona- • Com relação ao tempo verbal presente, nota-se uma
das foram somente duas de várias outras, em nosso e presença maior do presente do indicativo, seguido do
em outros países, que pode- riam sanar ou, pelo menos, pretérito perfeito simples.
mitigar o problema da violência em Londrina, que tem • No que se refere às sequências (unidades que ser-
assustado a todos. vem para organizar um texto), há uma predominância da
Espero que o senhor publique esta carta como forma sequência argumentativa, por expor um tema contestá-
de exteriorizar o protesto e as propostas deste leitor, que, vel, polêmico, segui- do da sequência narrativa, em que
como todos os londrinenses, deseja viver tranquilamen- o produtor faz uso de fatos ocorridos, a fim de dar mais
te em nossa cidade. sustentação à opinião. Apresenta, ainda, a sequência
explicativa e a descritiva com o objetivo de esclarecer
Atenciosamente, melhor o que pretende dizer e clarear o que parece pro-
M. blemático ao leitor.

Estrutura:
UNIDADE 18 Título;
Assinatura;
ARTIGO DE OPINIÃO Introdução: se houver posicionamento - em relação a
um assunto - este deve ser apresentado e seguido de
É comum encontrarmos circulando no rádio, na TV, nas revis- argumentação. Caso queira se posicionar em relação
tas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição às ideias de uma determinada pessoa, cite seu nome,
por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso o au- suas ideias e, em seguida, posicione-se favorável ou
tor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema em contrariamente;
questão através do artigo de opinião. Discussão/argumentação: desenvolva com argumen-
tos claros e objetivos seu posicionamento, utilize-se dos
O QUE É ARTIGO DE OPINIÃO? mesmos recursos de uma dissertação; e
“O artigo de opinião é um gênero que trabalha principalmente a Conclusão: nesta, deve-se fortalecer o posicionamento
argumentatividade. Através dele, o autor tenta convencer o lei- de forma definitiva. Pode usar os mesmos recursos da
tor de uma determinada ideia, influenciá-lo, transformar seus dissertação. Esboço do artigo de opinião, conforme ele
valores por meio da argumentação a favor de uma posição costuma aparecer em muitos jornais do país:
as- sumida e da refutação de possíveis opiniões divergentes.
É um processo que prevê uma operação constante de susten-
tação das afirmações realizadas, por meio da apresentação
de dados consistentes, que possam convencer o interlocutor”.
(ROJO, 2000:226).

A palavra “artigo” aparece no jornalismo brasileiro, com


duas definições, de acordo com Beltrão (jornalista):
qualquer matéria publicada em jornais e revistas ou um
gênero específico em que alguém desenvolve uma ideia
e apresenta sua opinião. RESUMO DO GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO
Quanto ao artigo de opinião, ele se encaixa perfeita- Gênero de intenção persuasiva, seu objetivo é defender
mente nesta última definição. um ponto de vista sobre determinado assunto e conven-
O artigo opinativo, diferentemente de muitos outros gê- cer o interlocutor;
neros que aparecem no jornal, possibilita o seu acesso Exposição das ideias, com base em argumentos con-
à sociedade, o que implica dizer que ele pode ser escri- sistentes;
to não apenas por jornalistas, mas também por profes- Estrutura básica: título, introdução, desenvolvimento

103
(argumentação e, se possível, a contra-argumentação); um trabalho. Causo ódio quando digo que não há possibilida-
e se solicitado, a presença da assinatura; de. E peço para procurarem o Departamento Artístico. O ódio
Linguagem normalmente de acordo com o padrão culto aumenta quando não dou os e-mails do Departamento. Bem,
formal da língua; uma vez dei, ingenuamente, de uma produtora de elenco. A
O autor pode colocar-se de modo pessoal (primeira pes- internet da Globo ficou congestionada. Caiu o sistema. Pedi-
soa) ou de modo impessoal (terceira pessoa). ram-me para não repetir a façanha.
Há quem me deseja apresentar uma sinopse. Da minha parte,
Exemplo: acho indelicado o pedido. Não sou diretor da emissora. Sou
A vantagem de ser antipático um escritor, tenho minhas próprias ideias. Sei que a pessoa
Eu me libertei das amarras dos adjetivos. Descobri que não tem má intenção. Só que me recuso a ler ou ouvir. Por um
é ótimo saber dizer não. E isso vale para todo mundo motivo: as estruturas narrativas se repetem. Há teses segun-
do as quais não existem mais que 20 e poucas tramas no ima-
WALCYR CARRASCO ginário humano, que se entrelaçam infinitamente. Mais que
05/05/2015 - 08h00 - Atualizado 27/10/2016 12h15 isso, grandes autores fazem também releituras de clássicos
Crescemos com a noção de que algumas palavras são do passado e de mitos. Alguém que não está imerso na pro-
bonitas, outras feias. Algumas qualidades desejáveis, fissão tem o que supõe ser uma ideia única: dois irmãos que
outras não. Sempre me orgulhei de ter o sorriso fácil, amam a mesma mulher, por exemplo. Se eu leio a sinopse e
de fazer amigos com facilidade. Hoje eu me libertei das daqui a alguns anos escrevo algo com um tema parecido, vão
amarras dos adjetivos. Aceito ser chamado de antipá- achar que roubei. Aprendi a dizer não: jamais estabeleço con-
tico, numa boa. Até gosto. Antes imaginava que quem tatos profissionais pela internet. Ou dou endereços. Fujo de
chegou lá tem de fazer uma espécie de justiça social. festas e ocasiões sociais onde sou abordado por alguém que
Ou seja, ajudar quem não tem, seja na carreira, seja tem uma filhinha de 6 anos com muito talento, atores e atrizes
com a grana. em busca de testes, futuros escritores que desfiam histórias
Só que não é bem assim, em todas as profissões. Eu no meu ouvido e até, pasmem, senhoras de mais de 70 anos
tenho um amigo, médico dermatologista. Se entra numa que ainda sonham com uma oportunidade de aparecer na TV.
festa, sempre há alguém que se dependura. Mostra a Quando não tem jeito, respondo:
pele. – Agora não é o momento para falar disso.
– Que creme devo usar? Sorrio e me afasto.
– Ah, estou com os pés tão secos! Deixa eu tirar o sa- Pronto, sou antipático! Mas descobri que é ótimo saber dizer
pato para mostrar. não. Vale para mim, vale para todo mundo.
Pobres médicos, são chamados para consultas até den- A crise trouxe uma leva de amigos pedindo dinheiro empresta-
tro do metrô! É óbvio, os médicos adquirem uma auto- do. É a velha questão da justiça social: “Ele tem, eu não, por-
defesa. Dão cartões e dizem que é melhor marcarem tanto ele empresta, eu não pago”. Depois de vários calotes,
uma consulta. Paga. Da mesma forma, designs de inte- resolvi não emprestar mais, por regra. A cada ano fica mais
riores sofrem: fácil dizer não. Mas também diminuem os amigos. Em com-
– Você acha que eu devia pintar a parede de verde? pensação, os que sobram são os verdadeiros.
Escritores, vocês não imaginam. Não vou a festas de sobri-
nhos, fujo de ocasiões sociais. Há dois tipos de pessoa que se
aproximam. Uma, quer saber fofocas dos bastidores.
– É verdade que fulana separou de fulano porque está de caso EXERCÍCIO
com sicrano?
Justo para mim, que trabalho em casa e estou a quilômetros Leia o texto abaixo e responda:
de distância de um set de gravação. Como vou saber? Outras,
atiram-se sobre uma possível oportunidade no mundo da TV. Por Cassildo Souza
– Sabe, meu sonho é fazer o BBB. PREVENIR OU REMEDIAR?
Quando eu digo que não tenho nada a ver com a escolha dos
BBBs, e que a Globo é uma empresa enorme, onde as pro- Entre os debates mais intensos que permeiam a socie-
duções são separadas, me encaram com desconfiança. Eu dade atual, uma questão que não pode ser colocada
sei exatamente o que está na cabeça de quem pergunta: “Ele em segundo plano certamente é a descriminalização do
está mentindo, se quisesse me punha lá dentro”. Pois o bra- aborto. Os que defendem tal legalidade afirmam que,
sileiro é assim, acha que sempre há um jeitinho. A avalanche uma vez aprovada, a lei priorizaria o acesso a méto-
de pedidos vem pela internet, na vida social, dos amigos dos dos seguros de extração, em caso de gravidez inde-
amigos. Eu citei os médicos, primeiramente, porque a saúde sejada, com a justificativa se preservar a vida da mãe.
é um item fundamental para as pessoas. Descobri que a fama Porém, o caminho mais coerente seria incentivar a pre-
também, para quem a deseja. Pedem: venção, ao invés de se alimentar a prática de um crime
– Eu só quero a oportunidade de fazer um teste. na mais aceitável significação da palavra. Vivemos em
Como explicar que a televisão não é uma instituição sempre um mundo rodeado de informações, e as campanhas
aberta para testes? Que estes são feitos em função de per- promovidas pelos órgãos de saúde competentes, se
sonagens de cada novela, contando com tipo físico, idade? E não são ideais, também não permitem alegar-se a falta
que às vezes nem isso, porque já existe um elenco conheci- de conhecimento a respeito do assunto. Por ano, são
do? Testes são um investimento financeiro, onde se gasta com distribuídos milhões de camisinhas e outros mecanis-
luz, estúdio, hora dos profissionais. Ocorrem em função de mos capazes de evitar que o indesejado (quase sempre

104
inesperado) aconteça. Se, mesmo assim, o índice de ____________________________________________
adolescentes que dão a luz cresce assustadora- mente ____________________________________________
a cada ano, com a possibilidade de o aborto tornar-se le- ____________________________________________
gal, isso aumentaria numa velocidade ainda maior. Não ____________________________________________
sendo bem-sucedidas como deveriam, as estratégias ____________________________________________
de conscientização para se prevenir a gravidez, como ____________________________________________
em qualquer outra campanha, devem evoluir; outros ______________________
meios devem ser criados. Podemos citar que algumas
doenças foram erradicadas no passado, por terem sido O que você entende pelo título: Prevenir ou Remediar?
combatidas veementemente. Descriminalizar o aborto, ____________________________________________
além de constituir uma motivação para o descompro- ____________________________________________
misso com a vida, atesta a incapacidade do Estado para ____________________________________________
resolver questões sérias e urgentes. ____________________________________________
A atitude mais sensata é sempre eliminar o problema ____________________________________________
em sua origem, em qualquer que seja a situação. Não ____________________________________________
podemos mais conceber, a essa altura, a recorrência a ____________________________________________
mecanismos imediatistas para sanar algo que poderia ____________________________________________
ter sido suprimido no passado. Os exemplos do insu- ____________________________________________
cesso estão em toda a parte: por não investirmos em ____________________________________________
educação é que corremos atrás de bandido, vivemos ______________________
inúmeras epidemias e, para completar, ainda queremos
permitir a castração de uma vida, antes mesmo de ser
concretizada.
Responsabilidade sobre o lugar que habitamos e ponha- UNIDADE 19
mos em prática o que na teoria parece funcionar.
TEXTO INSTRUCIONAL
*Redação produzida por aluno da CENTRAL DE CUR-
SOS –CURRAIS NOVOS/RN, dentro do Projeto de In- Orientação, explicação, regra, prescrição de como usar algo,
centivo à Leitura/2008. de como agir, de como executar uma tarefa, de como jogar,
etc. Embalagens, manuais de instrução, bula, folhetos infor-
Qual a tese principal defendida no texto? mativos são geralmente portadores desses textos instrucio-
____________________________________________ nais. Ações objetivas para atingir determinado objetivo.
____________________________________________
____________________________________________ CARACTERÍSTICAS
____________________________________________ • Título simples e objetivo (Ex. Como fazer arroz);
____________________________________________ • Linguagem denotative acessível;
____________________________________________ • Preferência por verbos no modo imperative ou infiniti-
____________________________________________ ve, estabelecendo contato com o leitor;
____________________________________________ Exemplo
____________________________________________
____________________________________________ Como sobreviver numa república
______________________
Há três anos faço faculdade e tenho morado em repú-
Localize no texto os argumentos e os contra-argumen- blica. Para alunos que vão enfrentar, fora de casa e por
tos usados pelo enunciador? economia, a mesma situação, escrevo três dicas valio-
____________________________________________ sas. Primeiramente, enfrente este desafio: concilie lazer
____________________________________________ e estudo, porque longe da
____________________________________________ cobrança dos pais, a responsabilidade será toda sua.
____________________________________________ Por isso ache o seu equilíbrio entre as “festas”, para
____________________________________________ combater o estresse, e os estudos, a fim de chegar aos
____________________________________________ resultados pretendidos por você.
____________________________________________ Em segundo lugar, aprenda a respeitar os colegas com
____________________________________________ quem estiver dividindo o mesmo espaço. Para isso, te-
____________________________________________ nha cuidado com a maneira de solicitar algo deles, pen-
____________________________________________ se antes de falar e procure sempre cumprir o que vocês
______________________ tenham combinado sobre a rotina da casa. Agindo com
essa postura, haverá um respeito mútuo e isso facilitará
Qual a finalidade principal deste artigo opinativo? a convivência.
____________________________________________ Por fim, divida as tarefas domésticas e os gastos com
____________________________________________ seus colegas de maneira coerente, através do diálogo;
____________________________________________ porque, se houver um consenso sobre essa divisão e
____________________________________________ ninguém se sentir lesado, pode existir mais comprome-

105
timento de todos com tarefas e gastos. Dessa forma, por um verbo declarativo (dizer, afirmar, ponderar, con-
colega estudante, aprenda a sobreviver em república e fessar, responder, etc), as falas dos personagens se
faça dessa experiência algo mais instrutivo do que des- contêm, no entanto, numa oração subordinada substan-
gastante. tiva, de regra dissolvida;
Não há pontuação específica.
Fonte: http://professorcarneiro2014.blogspot.
com.br/2015/06/texto-instrucional.html Exemplos:
Ao ver Maria, disse-lhe que precisava falar urgentemen-
te. A menina respondeu-lhe que estava trabalhando e,
por isso, ligaria mais tarde.
UNIDADE 20
Engrosso a voz e afirmo que sou estudante. (Graciliano
Ramos).
DISCURSO DIRETO E DIS-
Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acor-
CURSO INDIRETO dou o marido e disse que havia sonhado que iria faltar
feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria.
As falas - ou discursos - podem ser estruturadas de duas for- (Carlos Eduardo Novaes. O sonho do feijão.)
mas básicas, dependendo de como o narrador as reproduz: o
discurso direto e o discurso indireto. DISCURSO INDIRETO LIVRE
CARACTERÍSTICAS
DISCURSO DIRETO Forma de expressão que, ao invés de apresentar o per-
Características sonagem em sua voz própria (discurso direto), ou de
Ocorre quando as personagens são as que falam; informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria dito
O narrador, interrompendo a narrativa, as coloca em (discurso indireto), aproxima narrador e personagem,
cena e cede-lhes a palavra; dando-nos a impressão de que passam a falar em unís-
Caracteriza-se pela reprodução fiel da fala do persona- sono.
gem;
No plano formal, um enunciado em discurso direto é Exemplos:
marcado, geralmente, pela presença de verbos do tipo Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez
dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar, indagar ou ex- com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava
pressões sinônimas, que podem introduzi-lo, arrematá- desanimado. Que pena! Houve um momento em que
-lo ou nele se inserir; esteve quase... quase! Retirou as asas e estraçalhou-a.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são Só tinham beleza. Entretanto, qual- quer urubu... que
muito comuns durante a reprodução das falas. raiva... (Ana Maria Machado)

Exemplos: D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para


Maurício saudou, com silenciosa admiração, esta minha que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos.
avisada malícia. E imediatamente, para meu príncipe: Irmãos. (Graciliano Ramos)
- Há três anos que não te vejo Jacinto. Como tem sido
possível, neste Paris que é um aldeola, e que tu atra- Como transformar um discurso em outro?
vancas? DISCURSO DIRETO
(Eça de Queirós, A Cidade e as Serras) - Bom dia. Estou procurando um vestido para minha mu-
lher.
- O senhor sabe o número dela?
-Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que - Ela é meio gordinha.
apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa. - O maior tamanho que temos é 44.
-Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive - Acho que é esse o número dela. Ou 44 ou 88.
arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, con- - Vou apanhar uns modelos para o senhor ver.
tinuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
-Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar DISCURSO INDIRETO
de censura. O homem entrou na loja, saudou o vendedor e lhe disse
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV) que estava procurando um vestido para sua mulher. O
vendedor lhe perguntou o número e ele apenas disse
DISCURSO INDIRETO que sua mulher era um pouco gorda, ao que o vendedor
Características respondeu que o maior número que tinham na loja era o
Não há diálogo, o narrador não põe os personagens 44. O homem afirmou que esse era o número dela, mas
a falar diretamente, mas faz-se o intérprete delas, que também podia ser o 88. O vendedor saiu e foi bus-
transmitindo ao leitor o que disseram ou pensaram; car alguns modelos para que o homem pudesse vê-los.
O narrador utiliza suas próprias palavras para reprodu-
zir a fala de um personagem;
No plano formal verifica-se que, introduzidas também

106
EXERCÍCIOS UNIDADE 21
1 Transforme os discursos diretos abaixo em indiretos e
vice-versa HORA DE PRATICAR:
A) “- Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir mais”. PROPOSTAS DE PRO-
(Machado de Assis)
_________________________________________________ DUÇÃO DE TEXTO
_________________________________________________
_________________________________________________ Proposta 1
_________________________________________________
_________________________________________________ (UEL 2011) Leia o texto a seguir.
_________________________________________________
_________________________________________________ O jogo é duríssimo. Embalado por uma série de conquis-
_________________________________________________ tas nos últimos anos, o time da casa quer mostrar aos
_________________________________________________ torcedores sua força emergente. O adversário é um gi-
_________________________________________________ gante acostumado a vencer embates por goleada e que
_________________________________________________ não reluta em usar artifícios – mesmo se forem polêmi-
_________________________________________________ cos – para alcançar seus objetivos. Mais do que apenas
B) “Isto vai depressa, disse Lopo Alves”. (Machado de Assis) uma competição esportiva, a Copa do Mundo pode se
_________________________________________________ transformar em um confronto encarniçado entre o país
_________________________________________________ sede, como o Brasil em 2014, e a Fifa, organizadora
_________________________________________________ do evento. A Fifa fez ao governo brasileiro uma série
_________________________________________________ de exigências que, se forem rigorosamente cumpridas,
_________________________________________________ criam uma espécie de Esta- do paralelo: mudanças em
_________________________________________________ leis federais, estaduais e municipais, imposição quanto
_________________________________________________ à contratação de fornecedores, exigências de produtos
_________________________________________________ específicos, controle de toda publicidade relacionada
_________________________________________________ ao evento, cancelamento das regras de concessão de
_________________________________________________ meia-en- trada para estudantes, liberação da venda de
_________________________________________________ bebida alcoólica nos estádios, entre outras.
_________________________________________________ Para os defensores da Fifa, nada mais justo do que ceder aos
apelos de quem trouxe o maior evento esportivo do pla- neta
C) “Disse ele com malícia que o major era um filósofo”. (Lima para o território brasileiro. Para os críticos, as imposições co-
Barreto) locam em risco a soberania nacional. Quem vai vencer essa
_________________________________________________ guerra?
_________________________________________________ (Adaptado de: SEGALLA, Amauri; RODRIGUES, Alan;
_________________________________________________ MOU- RA, Pedro Marcondes de. O Brasil encara a Fifa.
_________________________________________________ Istoé, n.2187, ano 35, p.38-39, 12 out. 2011.)
_________________________________________________
_________________________________________________ Redija um texto de, no mínimo, 10 linhas e, no máximo,
_________________________________________________ 16 linhas, no qual você se posicione favoravelmente a
_________________________________________________ um dos lados do confronto citado na reportagem. Seu
_________________________________________________ texto de- verá:
_________________________________________________ Ser escrito com letra legível, cursiva ou de fôrma, dife-
_________________________________________________ renciadas as maiúsculas das minúsculas.
_________________________________________________ Utilizar linguagem formal.
Ter 2 parágrafos.
Estar escrito na primeira pessoa do singular ou do plural.
Conter argumentos que sustentem sua posição.
Incorporar argumentos contrários que você deverá con-
testar.

Proposta 2

(UEL 2013)
Brasil passa dos 200 milhões de habitantes
No dia 2 de dezembro do ano passado, o Brasil che-
gou aos 200 milhões em ação, tendo dobrado sua po-
pulação em 40 anos. Mas isso nunca se repetirá. Novas
projeções para a população brasileira, divulgadas pelo
IBGE, apontam que, por causa das taxas cada vez me-

107
nores de fecundidade, ou seja, graças à queda no nú- imaginar os incrédulos. O II Fórum Mundial de Contatos
mero de filhos por mulher, o país crescerá em ritmo cada 2014 juntou pessoas que dizem ter tido contatos visuais,
vez menor até que, em 2042, chegaremos ao ápice de físicos e até sexuais com ETs. E, caso único no mundo,
228,4 milhões. A partir daí, seremos uma população uma família brasileira teria sido levada aos céus, a bor-
cada vez menor e proporcionalmente mais idosa. Espe- do de um fusca. Engana-se quem pensa que encontros
cialistas afirmam que essas mudanças trazem riscos e assim reúnem malucos que acreditam em discos voa-
oportunidades. dores e defendem a existência dos ETs com base no
cinema, nos vídeos do YouTube e em visões bizarras. O
(Adaptado de: DUARTE, A.; CASTRO, J. Brasil passa dos 200 avalista do empreendimento, por exemplo, foi o profes-
milhões de habitantes. O Globo. Rio de Janeiro. 30 ago. 2013. p.11.) sor Wilson Picler, de Curitiba, dono do segundo maior
complexo de ensino a distância do Brasil. E entre os
palestrantes havia dois cientistas de idoneidade e capa-
cidade reconhecidas internacionalmente: o psiquiatra
chileno Mário Dussel Jurado e o professor aposentado
do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmos-
féricas da Universidade de São Paulo (USP) Rubens
Junqueira Villela, pioneiro brasileiro na Antártida.
(Adaptado de: MOSQUERA, J. E. F. IstoÉ. n.2322. 28
maio 2014. p.70.)

Redija um texto em que você responda à pergunta-


título do texto. Apresente argumentos que susten-
tem sua posição.
Para a elaboração de seu texto, utilize de 8 a 10 li-
nhas.

PROPOSTA 4
(UFPR 2012) Leia a seguinte notícia:

Para apagar o incêndio


Com o ensino médio estagnado, o governo propõe um
redesenho curricular a fim de sair do impasse

Após a divulgação dos vexatórios resultados do ensino


médio na última edição do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), o Ministério da Educação
planeja uma ampla modernização do currículo, com a
integração das diversas disciplinas em grandes áreas
do conhecimento. Na terça-feira (21), o ministro Aloízio
Mercadante reuniu-se com os secretários estaduais da
área e propôs um grupo de trabalho para estudar a pro-
posta, inspirada no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), que organiza as matrizes curriculares em qua-
tro grupos: linguagens, matemática, ciências humanas
Com base na leitura da notícia e do infográfico, redija e da natureza e suas tecnologias[...]
um texto sobre os riscos e as oportunidades que as mu- (CartaCapital, 29 ago. 2012, p. 28.)
danças divulgadas pelo IBGE trarão para o crescimento
econômico brasileiro. Considerando a decisão do Ministério da Educação de
reformular o ensino médio e sua experiência como alu-
Para a elaboração de seu texto, utilize de 10 a 15 linhas no, responda:

PROPOSTA 3 Segundo seu ponto de vista, quais seriam as duas


(UEL 2014) mudanças mais importantes para uma melhoria
Existe vida fora da Terra? desse nível de ensino?
Cerca de 500 pessoas de todo o país trancaram-se em Responda essa questão em um texto de 8 a 10 li-
um salão de um hotel do centro de Curitiba, de sexta- nhas, atendendo às seguintes recomendações:
feira 16 a domingo 18, para ouvir depoimentos que au- Proponha exatamente duas mudanças, que devem
tenticam sua discreta crença: sim, existe vida inteligente ser diferentes das apresentadas na notícia;
fora da Terra e ela está bem mais perto do que podem Justifique cada uma das mudanças propostas;

108
buísse com um beijo na testa. Mas se o agredido esper-
PROPOSTA 5 neia, tenho de admitir a lógica do seu comportamento.
(UFPR 2012) Há, também, o caso do juiz. A meu lado, um confrade
esperneava: “Inconcebível! ”. E, de fato, o árbitro fez o
TEXTO 1: Relato do historiador romano Tácito (XIV, diabo. Só faltou subir pelas paredes e se pendurar no
17) de um incidente ocorrido em 59 d.C. lustre de cabeça para baixo. Está certo: S. Sª errou. Mas
Um incidente sem importância provocou uma horrí- pergunto: por que cargas d’água só o juiz há deser o in-
vel matança entre os colonos de Nucéria e Pompeia. corrupto, o infalível, se nada disso pertence à condição
Aconteceu durante um combate de gladiadores ofe- humana?
recido por Livônio Régulo. Como ocorre comumente Se reis, príncipes, barões cometeram as maiores iniqui-
em pequenas cidades, trocaram-se insultos, em se- dades, por que um juiz de futebol há de ser irrepreen-
guida, pedras, chegando-se, por fim, às espadas. A sível? Se Maria Antonieta fez uma piada sobre a fome;
plebe de Pompeia, onde se realizava o espetáculo, e se pagou essa piada com a cabeça – o árbitro de an-
levou a melhor. Muitos nucerianos, feridos e mutila- teontem podemarcar um pênalti errado. Amigos, a disci-
dos, eram levados para sua cidade. Muitos choravam plina é uma convenção. E qualquer convenção nasce e
a morte de um filho ou um pai. O príncipe (Nero) ins- existe para ser violada.
truiu o Senado para investigar o caso. O Senado
deixou-o a cargo dos cônsules. Quando recebeu as Casos de violência no esporte e brigas entre torci-
informações, o Senado proibiu, por dez anos, a rea- das, como os relatados nos textos 1 e 2, são notícias
lização, por parte de Pompeia, de reuniões daquele recorrentes na atualidade. Diante dessas ocorrên-
tipo (jogos de gladiadores), e as associações legais cias, você concorda com a opinião de Nelson Ro-
(torcidas organizadas) foram dissolvidas. Livônio e drigues? Apresente seu ponto de vista em um texto,
seus cúmplices na desordem foram exilados. atendendo às seguintes recomendações:
mencionar fatos atuais;
TEXTO 2: Crônica de Nelson Rodrigues. apresentar argumentos para sustentar sua opinião;
Nós, os mortais ter de 8 a 10 linhas.
Amigos, é certo que houve o diabo, anteontem, no Ma-
racanã. Poucas vezes, desde que me conheço, tenho PROPOSTA 6
visto uma partida tão truculenta. Foi pé na cara de fio (UFPR 2014)
a pavio do jogo. E quando soou o apito final, só uma
coisa admirou: é que ninguém tivesse saído de maca
ou rabecão.
Mas o futebol é muito divertido. À saída do estádio,
só vi gente vociferando contra a indisciplina. Um sujeito
fazia uma espécie de comício. Dizia, de olho rútilo e
lábio trêmulo: “Isso é uma vergonha! ” Fazia o suspense
de uma pausa e reforçava: “Uma pouca-vergonha! ”. Só
eu no meio de tantos, de todos, não estava nada irado,
nada ultrajado. Sempreque vejo dois times baixarem o
pau, concluo, de mim para mim: “Eis o homem”.
Pode ser lamentável e acredito que seja lamentável.
Mas, que fazer se é esta, exatamente esta, a condição
humana? A rigor, ninguém tem o direito de se espantar
com o alheio pecado. O homem sempre foi assim, des-
de o Paraíso e antes do Paraíso. E nenhum jogador vai
para o inferno só porque meteuo pé na cara de outro
jogador. A placa acima reflete a existência de uma prática
Todos nós temos o fanatismo da disciplina, mas creiam: atual muito comum. Escreva um texto argumentati-
é um fanatismo suspeito ou, como dizia outro, de ara- vo, de até 10 linhas, pondo em confronto as informa-
que. A disciplina foi feita para o soldadinho de chumbo ções contidas na placa e a referida prática vigente.
e não para o homem. E o futebol tem de ser passional, O seu texto deve:
porque é jogado pelo pobre ser humano. A grandeza de Explicitar que prática é essa;
um clássico ou de uma pelada está em que fornece uma Assumir uma posição em relação a ela;
imagem fidedigna do homem. Assim somos todos nós. Apresentar argumentos que sustentem o seu posi-
Quando a multidão vaia um jogador feroz, está agindo e cionamento, seja ele qual for.
reagindo como um Narciso às avessas que cuspisse na
própria imagem. Ninguém é melhor do que ninguém. Se PROPOSTA 7
a multidão estivesse no lugar do jogador faria a mesma (UEL 2012)
coisa e, se o jogador estivesse no lugar da multidão,
vaiaria do mesmo jeito. Portanto, eu não consigo me Leia o texto a seguir e complete o terceiro parágrafo
escandalizar com abaderna de anteontem. de forma a concluir, entre 8 e 10 linhas, o que foi
Eu me espantaria, sim, se, ao ser agredida, a vítima retri- exposto. Observe que a sua intervenção deverá arti-

109
cular as ideias colocadas no texto. A partir do diálogo entre as personagens Mafalda e
Liberdade, explicite a crítica e o efeito de humor da
Recente pesquisa comandada pelo professor Christian tirinha.
Pfeifer, da Universidade de Lüneburg (Alemanha), en- Seu texto deve ter entre 8 e 10 linhas.
volveu três mil pessoas e revelou aspectos surpreen-
dentes do mundo dos negócios. Constatou, por exem-
plo, que beleza física é importante e significará muitos
pontos na entrevista de emprego. E ainda, ao contrário
do que muitos pensam, a aparência física conta tam-
bém para os funcionários homens e não apenas para as
mulheres. O estudo, publicado na revista Applied Eco-
nomics Letters, deixa claro que a primeira impressão é
a mais importante.

A especialista em treinamentos de imagem e estilo, Va-


nessa Versiani, com mais de vinte anos de experiên-
cia em imagem e moda, concorda apenas em parte
com os resultados da pesquisa de Pfeifer. “Acredito que
também no Brasil a beleza seja tão importante quanto
a inteligência, quando se trata de sucesso profissional.
Neste caso, considero como beleza o cuidado com a
própria imagem, que é fundamental para expressar sua
competência, seu comprometimento”.
(Adaptado de: MENDES, T. O peso da beleza. Revista
Brasileira de Administração. Brasília, n.88, p.64, maio/
jun.
2012.)

Ao contrário do que diz a velha máxima que beleza e


competência não podem conviver,

PROPOSTA 8
(UFPR 2013)

110
GABARITO mente, de modo que o primeiro expressa uma relação
UNIDADE 1 mais harmônica entre ser humano e natureza, enquanto
que o segundo permite compreender que este homem,
Resposta pessoal após esgotar os recursos naturais disponíveis no plane-
É presente a linguagem não verbal e a leitura dos ele- ta e protagonizar diversos avanços tecnológicos, parte
mentos permite compreender uma contradição entre o para o espaço numa perspectiva exploratória.
ideal de paz representado pela pomba e a constante
ocorrência de conflitos e guerras representados pelos UNIDADE 4
míceis e cercas. Resposta pessoal
a) Trata-se da representação de dicionário contida a) Identificamos a voz de um texto em outro texto através
na expressão “pai dos burros”.A representação pode da referência, tanto pela repetição de elementos, quan-
ser considerada inadequada, pois dicionários auxiliam to pela retomada dos mesmos atribuindo complementos
quem deseja ou precisa conhecer o sentido e significa- e novos sentidos do contexto. Como observamos na
do das palavras, não quem carece de inteligência, ou repetição de “Oh! Que saudade que tenho\ Da aurora
seja, quem é “burro”. da minha vida” e na retomada de elementos como em:
“Naquelas tardes fagueiras” x “Naquele quintal de terra”.
b) O humor nasce da ambiguidade de “pra burro”, que b) Sim, há mudança de sentido. O texto de Oswald de
pode ser adjunto adverbial de intensidade (bom pra bur- Andrade é uma paródia que expressa crítica ao texto
ro: “muito bom”) ou complemento nominal de bom, re- original de Cassimiro de Abreu à medida que ridiculari-
metendo, então à expressão “pai dos burros” (bom pra za o romantismo e idealização presentes nesse poema,
burro: “bom para quem precisa de dicionário”). como se observa em expressões como “Naquele quintal
de terra\ Sem nenhum laranjais
c) Os elementos que configuram a propagando como
um texto são tanto os elementos verbais (palavras con- UNIDADE 5 - Não tem
tidas na mesma) quanto os não verbais (imagem do di-
cionário) visto que todos eles expressam algum, produ- UNIDADE 6
zem um sentido. D
B a) O gênero é um artigo de opinião. O artigo de opi-
nião apresenta seu ponto de vista, por isso rece-
UNIDADE 2 be assinatura. Além disso, fala-se sobre uma te-
mática, de forma bem próxima ao leitor – como
a) A finalidade dos dois textos não é a mesma. O primei- estivesse direcionada, quase uma conversa.
ro tem caráter instrutivo e procura trazer o tema da ali- Principais características: uso da argumentação, primei-
mentação voltado para a saúde e informação, enquanto ra/terceira pessoa, texto assinado pelo autor, texto vin-
o segundo texto, parte da mesma temática com o intuito culado a um veículo de comunicação, linguagem sim-
de fazer propaganda, promover o consumo de um gê- ples/objetiva, temais atuais e assuntos polêmicos,
nero alimentício.
b) O texto foi retirado de um jornal, como afirma a refe-
b) No primeiro texto, o sentido da frase é que o alimento rência – Jornal de Londrina. O autor do texto é Claudia
ingerido reflete diretamente na saúde, por isso a pessoa Vanessa Bergamini, também de acordo com a referên-
é aquilo de que se alimenta, no sentido de ser ou não cia dada ao texto. Como não menciona sua profissão,
saudável de acordo com seus hábitos alimentares. No podemos pensar na Claudia como cidadão falando so-
segundo texto, a frase tem um sentido mais emocional, bre ocorrências sociais, querendo alertar a sociedade
à medida que expressa que o consumo dos alimentos para algum acontecimento, tanto que seu texto está na
promovidos pela propaganda é associado ao sentimen- coluna opinião.
to de bem-estar, satisfação, felicidade e leveza pelo pra-
zer atrelado à ingestão. c) De acordo com a referência, o texto foi escrito no
ano de 2011, apesar de já ter passado algum tempo ele
UNIDADE 3 aborda uma temática ainda muito frequente em nossa
sociedade – a questão da diferença, do racismo, do pre-
O Rio de Janeiro é o paraíso das confecções, entretan- conceito – e a necessidade de fazer com que isso aca-
to, nem todas elas são importantes e além disso, algu- be, pois vivemos em um país de misturas.
mas são clandestinas.
a) país a) “Não aceite um produto inferior em lugar do superior”.
b) substância “Não se deixe enganar por produtos falsificados”. A res-
c) mamífero posta admite várias possibilidades de redação.
d) aparelho b) A expressão “Só Bom Bril é Bom Bril” corresponde à
atribuição de uma qualidade única a um produto único.
3) a) O texto permite uma leitura de que a ação do ser Todos os demais, ainda que aparentemente similares,
humano transforma a natureza e interfere nela de acor- seriam meros “gatos” querendo passar por “lebres”.
do com os próprios interesses.
b) Os quadros dois e nove são discrepantes ecologica- UNIDADE 7 - não tem

111
UNIDADE 8 - não tem
UNIDADE 9 - não tem

UNIDADE 10

Resposta pessoal
Expectativa de resposta:
Os restaurantes a quilo podem ser considera-
dos uma opção mais favorável que os restaurantes à la
carte, uma vez que são mais baratos, oferecem maior
variedade de comida além de um atendimento mais rá-
pido do que os restaurantes à la carte, e portanto, ao
levar em consideração os critérios de rentabilidade, va-
riedade e velocidade de atendimento, os primeiros ocu-
pam uma posição mais vantajosa.
·
UNIDADE 11 - não tem

UNIDADE 12
Expectativa de resposta:
A charge retrata uma crítica à reforma da pre-
vidência no país, que atingirá sobretudo a população
trabalhadora mais simples, retratada na charge pelo
personagem “Zé”, apelido extremamente comum, ex-
pressão de uma pessoa também comum. A leitura dos
elementos verbais que apontam a comunicação do di-
reito à aposentadoria por carta e não verbais que apre-
sentam um túmulo com teias de aranha ilustrando longa
passagem de tempo expressam a incompatibilidade en-
tre o tempo de contribuição necessário para se aposen-
tar e a expectativa de vida do brasileiro.

2) Resposta pessoal

UNIDADE 13
A
a) O texto acima se trata de uma tirinha.
b) O texto expressa, de forma bem-humorada e
explorando o sentido conotativo, a ideia de que as tra-
ças que estão corroendo os livros o fazem por interesse
no conteúdo deles, o que faz com que o personagem
infira que são analfabetas, por roerem somente as ima-
gens, sem considerar que o que faz com que roam os
livros é a celulose do papel que as alimenta.

UNIDADE 14 - não tem


UNIDADE 15 - não tem
UNIDADE 16 - não tem
UNIDADE 17 - não tem
UNIDADE 18

Resposta pessoal

UNIDADE 19 - não tem


UNIDADE 20

A) Ela disse que devia bastar, que não se atreveria mais


B) Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.
C) “O major é um filósofo”, disse ele com malí-
cia.

UNIDADE 21 - propostas.

112
Literatura

LITERATURA
Unidade 1 Unidade 11
109 122
LITERATURA MEDIEVAL PORTUGUESA REALISMO / NATURALISMO

Unidade 2 Unidade 12
110 124
HUMANISMO PARNASIANISMO E SIMBOLISMO

Unidade 3 Unidade 13
111 126
CLASSICISMO (RENASCIMENTO) MODERNISMO EM PORTUGAL

Unidade 4 Unidade 14
112 127
QUINHENTISMO PRÉ-MODERNISMO

Unidade 5 Unidade 15
113 128
BARROCO MODERNISMO

Unidade 6 Unidade 16
115 129
BARROCO NO BRASIL MODERNISMO - 1ª FASE

Unidade 7 Unidade 17
116 130
ARCADISMO MODERNISMO - 2ª FASE

Unidade 8 Unidade 18
118 132
ROMANTISMO MODERNISMO - 3ª FASE

Unidade 9 Unidade 19
119 133
ROMANTISMO NO BRASIL TENDÊNCIAS DA LITERATURA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA

Unidade 10 Unidade 20
121 136
ROMANTISMO: POESIA EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

107
Literatura

Unidade 1 O século XII legou-nos uma poesia de intenso lirismo, que


concebia o amor como um culto, quase como uma religião, e
servia para endeusar a mulher e idealizá-la. A literatura desse
LITERATURA MEDIEVAL PORTUGUESA período dividia-se em cantigas: de amor, de amigo, de maldi-
zer e de escárnio.

A literatura medieval portuguesa costuma ser dividida em Cantigas de amor: se manifesta o amor cortês, o amor ele-
dois períodos: vado, direcionadas do homem (seu sentimento amoroso) para
a mulher (inatingível, tratada pelo trovador como “mia dona” ou
1189 ou 1198, ano pre- “mia senhor”).
sumível da cantiga da
1189 (ou 1198)
TROVADORISMO Ribeirinha, marco histó- CANTIGA DA RIBEIRINHA
a 1418
rico da poesia escrita em
língua portuguesa. No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Em 1418, Fernão Lopes é
Queredes que vos retraia
nomeado guarda-mor da
Quando vos eu vi em saia!
Torre do Tombo (chefe
Mau dia me levantei,
dos arquivos do estado)
Que vos enton non vi fea!
incumbido de registrar
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
em crônicas as histórias
Me foi a mi mui mal,
dos reis de Portugal.
E vós, filha de don Paai
HUMANISMO 1418 a 1527 Em 1527, o poeta Sá de
Moniz, e bem vos semelha
Miranda retorna da Itália
d’haver eu por vós guarvaia,
e introduz o soneto,
Pois eu, mia senhor, d’alfaia
novidade que aprendera
Nunca de vós houve nen hei
com os renascentistas
Valia d’ua corea.
italianos inaugurando
(Paio Soares de Taveirós)
assim a Era Clássica em
Portugal.
Cantigas de amigo: mais espontâneas, sentimentos mais
declarados, na qual o trovador assume o eu poético feminino
– uma mulher apaixonada, do povo, que lamenta e chora a au-
CONTEXTO HISTÓRICO sência do seu amado, que abandonou para lutar como cava-
leiro ou até mesmo por outra mulher. Nela encontramos refrão
1420 – Início da expansão marítima. Descoberta da Ilha da com os seguintes assuntos: pastorela (relacionados a assuntos
Madeira. campestres, diálogo com a natureza); romarias (assuntos de
1453 – Os turcos conquistam Constantinopla. Fim da Idade festas religiosas); barcarolas (referente ao mar, rios ou lagos); e
Média. as bailias (ligadas à dança).
1492 – Colombo descobre a América.
1498 – Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para ONDAS DO MAR DE VIGO
as Índias.
Se vistes meu amigo!
ORIGENS DA LITERATURA PORTUGUESA E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
2.1 A LITERATURA TROVADORESCA – TROVADORISMO Se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
No período entre os séculos XII e XV, que corresponde à Se vistes meu amigo,
Idade Média, vigorava em Portugal, o feudalismo. Esse sistema O por que eu suspiro!
social se caracterizava por estruturar a sociedade em três gru- E ai Deus, se verrá cedo!
pos distintos e bastante fechados entre si: a nobreza, o clero Se vistes meu amado
e o povo. Por que ei gran cuidado!
Portugal era essencialmente uma região agrária e as terras, E ai Deus, se verrá cedo!
que eram a base do poder, pertenciam à classe dirigente, for- (Martim Codax)
mada pela realeza, pela alta nobreza e pelo clero. Nessas terras
trabalhava a maior parte do povo, único responsável pela pro- Cantigas Satíricas: são as de escárnio e de maldizer, pos-
dução. suem uma maior riqueza de vocabulário e fogem às normas das
Os trabalhadores dependiam de seus senhores, eram seus cantigas de amor. Sempre zombam de alguém, a diferença é
vassalos; os senhores por sua vez, prestavam vassalagem ao que na de escárnio o poeta utiliza-se de linguagem ambígua,
rei. E este, e todos, eram vassalos de Deus. Assim, em termos para que as críticas sejam entendidas indiretamente; já na de
de ideologia religiosa, predominava o teocentrismo: Deus maldizer, o poeta ataca explicitamente, diretamente quem ele
como senhor Absoluto, e o homem, sua criatura, um ser fraco, quer atingir.
pecador, que dele dependia.

109
Literatura
AI DONA FEA! FOSTE-VOS QUEIXAR Unidade 2
Porque vos nunca louv’em meu trobar
Mais ora quero fazer um cantar HUMANISMO
Em que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia! No final da Idade Média, a Europa passa por profundas
Ai dona fea! Se Deus me mi perdon! transformações. A economia de subsistência cede lugar ao
E pois havedes tan gran coraçon mercantilismo. Nas pequenas cidades, chamadas burgos, surge
Que vos eu loe em esta razon, uma nova classe social, a burguesia, composta por mercado-
Vos quero já loar toda via; res, comerciantes e artesãos, que passa a desafiar o poder dos
E vedes qual será a laçon: nobres.
Dona fea, velha sandia! O espírito medieval baseado na hierarquia nobreza,clero e
Dona fea, nunca vos loei povo começa a desestruturar-se. Diante do progresso, o ho-
En meu trobar, pero muito trobei; mem percebe-se como força criadora capaz de influir nos desti-
Mais ora Já um bom cantar farei nos da humanidade. O homem passa a crer que pode construir
Em que vos loarei toda via; o próprio futuro. O misticismo medieval perde força, e o teocen-
E direi-vos como vos loarei: trismo dá lugar ao antropocentrismo.
Dona fea velha e sandia! Na produção literária do Humanismo encontramos o teatro,
(Garcia Guilhade) a crônica, a prosa e a poesia.

O TEATRO POPULAR

O teatro do Humanismo é chamado de vicentino, por causa


de seu maior representante: Gil Vicente. É basicamente carac-
terizado pela sátira criticando o comportamento de todas as ca-
madas sociais: a nobreza, o clero e o povo. Apesar de sua pro-
funda religiosidade, o tipo mais comumente satirizado por Gil
Vicente é o frade que se entrega a amores proibidos (chegando
a enlouquecer de amor), à ganância na venda de indulgências,
ao exagerado misticismo, ao mundanismo, à depravação dos
costumes. Criticou desde o frade da aldeia até o alto clero, não
poupando bispos, cardeais e até mesmo o papa. Criticou tam-
bém aqueles que rezavam mecanicamente, os que invocando a
Deus, solicitavam favores pessoais; e os que assistiam a missa
por obrigação social.
A baixa nobreza, representada pelo fidalgo decadente pelo
escudeiro, é outra classe social insistentemente criticada pelo
autor. O teatro vicentino satiriza o povo que abandona o campo
em direção à cidade ou mesmo aqueles que sempre viveram na
cidade, mas que, como os provenientes do campo se deixam
corromper pela perspectiva do lucro fácil. Isso explica a defesa
e o carinho de Gil Vicente para com um tipo: o Lavrador, talvez o
verdadeiro povo, vítima da exploração de toda estrutura social.
No Auto da Barca do Purgatório, o Lavrador assim se manifesta:

“Sempre é morto quem do arado


há de viver.
Nós somos vida das gentes,
E morte de nossas vidas;
(...)
o lavrador
não tem tempo nem lugar
nem somente d’alimpar
as gotas do seu suor.”

Este Auto pertence à obra Trilogia das Barcas que se com-


põe de três peças: Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do
Purgatório e Auto da Barca da Glória, sendo a primeira a mais
conhecida e encenada até os nossos dias.

110
Literatura
A CRÔNICA HISTÓRICA Unidade 3
Os cronistas eram encarregados de organizar os documen-
tos e as narrativas sobre a história do Reino em ordem crono- CLASSICISMO (RENASCIMENTO)
lógica. Em 1418, o rei D. Duarte nomeou Fernão Lopes para o
cargo de guarda-mor da Torre do Tombo, atribuindo-lhe a tarefa
da analisar e preservar os documentos da história de Portugal, CONTEXTO HISTÓRICO
guardados na torre.
Fernão Lopes procurava incluir em seus relatos não só as O teocentrismo medieval cede lugar ao antropocentris-
ações dos reis, como as dos nobres e dos indivíduos que se mo e à exaltação da natureza humana, pois o homem adquire
destacavam na massa popular. Também percebeu a importân- consciência de sua capacidade realizadora: conquista, inventa,
cia dos fatores econômicos para o destino das personagens. cria, descobre, produz. O homem do Renascimento identifica
Seu texto, formalmente bem cuidado e criativo, reproduzia com na cultura greco-latina os valores da época e passa a cultuá-la.
vivacidade os fatos históricos. Por essa razão, a crônica históri- Integra a seu universo artístico os deuses da mitologia grega,
ca aproxima-se do texto literário. com os quais mais se identifica em razão das características
Outros cronistas: Gomes Eanes Zurara e Rui de Pina. humanas de que são dotados. Procura compreender o mundo
sob o prisma da razão, e associa ao equilíbrio, entre emoção e
POESIA PALACIANA razão, as noções de Beleza, Bem e Verdade.
O Classicismo estendeu-se aos séculos XVII e XVIII, o que
Desvinculados da música, os poemas passaram a ter rit- determinou aos historiadores criarem a denominação “Época
mo próprio e a ser recitados em reuniões e festas na corte. As Clássica” que abrangia não apenas o Renascimento, mas tam-
composições tornavam-se mais estilizadas, distanciando-se da bém o Barroco e o Arcadismo (este último conhecido como Ne-
antiga simplicidade das trovas ou cantigas. A poesia da época oclassicismo).
trabalha temas épicos, religiosos, satíricos e amorosos. Sen- É no Classicismo que temos a ruptura definitiva de padrões
do recolhida por Garcia de Resende no Cancioneiro Geral que da Idade Média. A Igreja Católica sofre um grande impacto com
foi publicado em 1516. Principais poetas: Sá de Miranda, Garcia a Reforma Protestante de Martin Lutero no início do século
de Resende e Bernardim Ribeiro. XVI e os avanços científicos iniciados na Itália logo se espalham
pelo mundo todo. Há, ainda, as Grandes Navegações que pro-
PROSA DOUTRINÁRIA porcionou ao europeu, principalmente e primeiramente ao por-
tuguês, descobrir e colonizar novas terras.
Com o aumento do interesse pela leitura, houve um rápido
crescimento da cultura. Esse envolvimento com o saber atingiu CARACTERÍSTICAS DO ESTILO CLÁSSICO
também a nobreza, a ponto de as crônicas históricas passa-
rem a ser escritas pelos próprios reis. Essa produção recebeu O estilo clássico vai apresentar algumas características que
o nome de doutrinária, porque as obras incluíam a atitude de o distinguirão substancialmente do estilo medieval conhecido
transmitir ensinamentos sobre certas práticas diárias e sobre a como Trovadorismo. Vejamos quais são essas características:
vida. Principais autores: D. Duarte e D. João I.
O racionalismo: a compreensão mais racional do universo,
supondo-se as explicações religiosas (Escolásticas) ou popu-
lares, reflete-se na Literatura. A razão predomina sobre a emo-
ção, controlando-a em suas expansões, dando-lhes equilíbrio
expressional;
Clareza e objetividade: em função do racionalismo, o escri-
tor clássico procura usar uma linguagem mais clara e objetiva;
Universalismo: a arte tem que ser não tanto a expressão
da subjetividade individual, mas a representação daquilo que é
comum (universal) a todos;
Imitação dos escritores greco-latinos: valorizava-se em
extremo a produção de autores da Grécia e de Roma, tomados
como verdadeiros modelos de perfeição estética;
Idealismo: o autor não se preocupa tanto em representar a
realidade tal como ela é, mas como imagina que deveria ser, na
sua forma ideal;
Antropocentrismo: na poesia clássica há a valorização do
ser humano.
Perfeição formal: a beleza resulta do equilíbrio das partes
que compõem a obra. Daí o autor clássico se preocupar com a
perfeição técnica na elaboração de seus textos.
O principal representante deste movimento em língua portu-
guesa foi Luis Vaz de Camões (Lisboa, 1524? – 1580). Escreveu
poesia lírica e épica, além de peças teatrais. Suas obras de-
monstram que possuía grande cultura, pois conhecia astrono-
mia, geografia e navegação.

111
Literatura
2.1 CAMÕES ÉPICO Unidade 4
Consagrado internacionalmente com uma das maiores epo-
peias da literatura universal, Camões escreveu Os Lusíadas, que
conta a história de Vasco da Gama e das grandes conquistas do QUINHENTISMO
povo português. Obedecendo rigorosamente as regras da Anti-
guidade clássica, Camões compôs Os Lusíadas como um longo
poema narrativo em versos decassílabos, seguindo as normas O Quinhentismo é a denominação para todas as manifesta-
de composição da epopeia, apresentando cinco partes: propo- ções literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, não há,
sição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. porém, uma literatura no Brasil, ou seja, há uma literatura que
reflete a cosmovisão, as ambições e as intenções do homem
As armas e os barões assinalados europeu. Dessa forma, espelhando o momento histórico vivido
Que, da ocidental praia Lusitana, pela Península Ibérica, temos literatura informativa e litera-
Por mares nunca dantes navegados tura dos jesuítas, como principais manifestações literárias do
Passaram ainda além da Taprobana, século XVI.
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana, CONTEXTO HISTÓRICO
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram. A Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, o ca-
pitalismo mercantil e o abandono do campo, o que leva a um
2.2 CAMÕES LÍRICO surto de urbanização. Dentro dessa nova realidade econômica
A visão que os clássicos tinham do amor fundamentava-se, e social, há também uma ruptura da Igreja: de um lado o mo-
basicamente, em três aspectos: o racionalismo, a idealização vimento da Reforma Protestante, com os burgueses rompendo
e o espiritualismo. com o Medievalismo Católico, e de outro a Contrarreforma, com
No soneto seguinte temos um retrato feminino de acordo as forças tradicionais ligadas à cultura medieval, dos dogmas
com os procedimentos estéticos vigentes no Classicismo: católicos.

Soneto A LITERATURA INFORMATIVA

Alma minha gentil, que te partiste A literatura informativa, também conhecida como literatura
Tão cedo desta vida descontente, dos viajantes ou dos cronistas, é reflexo das grandes navega-
Repousa lá no Céu eternamente, ções. Com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro,
E viva eu cá na terra sempre triste. prata, madeira, etc.) havia um empenho em fazer levantamento
da “terra nova”, sua flora, sua fauna, sua gente. Por isso, trata-
Se lá no assento etéreo, onde subiste, -se de uma literatura meramente descritiva, e, como tal, sem
Memória desta vida se consente, grande valor literário. Sua principal característica é a exaltação
Não te esqueças daquele amor ardente da terra. Na linguagem, isso transparece com o uso exagerado
Que já nos olhos meus tão puro viste. de adjetivos.
O texto de maior destaque é a Carta do descobrimento, de
E se vires que pode merecer-te Pero Vaz de Caminha. Há, ainda, escritores como Fernão Car-
Alguma cousa a dor que me ficou dim e Gabriel Soares de Souza que também fizeram relatos e
Da mágoa, sem remédio, de perder-te; crônicas sobre o Brasil.

Roga a Deus que teus anos encurtou, 2.1 PERO VAZ DE CAMINHA
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, nasceu
Quão cedo de meus olhos te levou. na cidade do Porto, em 1437. Teve um trágico fim na Índia, sen-
do assassinado pelos mouros. Sua Carta a El Rei Dom Manoel
PROSA sobre o achamento do Brasil, além de grande valor histórico, é
um texto de bom nível literário. Observa-se claramente o du-
A prosa no Classicismo ficou restrita a poucas produções. A plo objetivo que impulsionava os portugueses: conquistas dos
mais conhecida é a novela Menina e Moça, de Bernardim Ribei- bens materiais e dilatação da fé cristã. Veja este fragmento:
ro que apresenta sentimentalismo, bucolismo e interesse pela
natureza. “Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, prata
nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem lho vimos. A
terra, porém em si, é de muitos bons ares.
(...)
Mas o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que
será salvar essa gente. E esta deve ser a principal semente que
Vossa Alteza em ela deve lançar. E que aí não houvesse mais
que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute,
gastaria, quanto mais disposição para nela cumprir o que Vossa
Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando de nossa santa fé.”

112
Literatura
A LITERATURA DOS JESUÍTAS Unidade 5
Consequência da Contrarreforma, a principal preocupação
dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determi- BARROCO
nou toda a sua produção, tanto na poesia como no teatro. Além
da poesia de devoção, os jesuítas cultivavam o teatro pedagó-
gico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam CONTEXTO HISTÓRICO
seus supervisores na Europa sobre os trabalhos na Colônia.
O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partin-
3.1 JOSÉ DE ANCHIETA do das artes plásticas, teve seu apogeu literário no século XVII,
José de Anchieta nasceu nas Ilhas Canárias, em 1534. Veio prolongando-se até meados do século XVIII.
para o Brasil em 1553, no ano seguinte fundou um colégio em Devido a razões essencialmente didáticas, costuma-se deli-
pleno planalto paulista, embrião da cidade de São Paulo. Fale- mitar este movimento, no Brasil, entre 1601 e 1768:
ceu no Espírito Santo, na atual cidade de Anchieta, em 1597. 1601: publicação de Prosopopeia, de Bento Teixeira;
Anchieta escreveu a primeira gramática do tupi-guarani, 1768: publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da
várias poesias (destaque para “Poema à Virgem”) e vários au- Costa, que assinala o início do Arcadismo no Brasil.
tos, segundo o modelo de Gil Vicente. Neles, o padre mistura
a moral religiosa católica aos costumes dos indígenas, sempre E em Portugal entre 1580 e 1756:
preocupado em caracterizar os extremos como o Bem e o Mal,
Anjo e o Diabo. A seguir, tem-se um trecho do poema “A Santa 1580: morte de Camões e anexação de Portugal ao reino da
Inês” em que observamos algumas características da obra de Espanha.
Anchieta: 1756: fundação da Arcádia Lusitana.

A Santa Inês 1.1 A REFORMA


Da Idade Média até o Renascimento, a Igreja exerceu des-
“Cordeirinha Linda, tacada ação política, social e econômica. Isto fez com que al-
Como folga o povo guns dos seus elementos – ou que nela se infiltraram não por
Porque vossa vinda motivos puramente religiosos, mas pelo desejo de participar do
Lhe dá um lume novo status alcançado através da atuação clerical – vivessem como
senhores nobres ou como pecadores contumazes, contrariando
Cordeirinha santa os ideais de humildade e simplicidade da doutrina cristã. Esta
De lesu querida situação proporcionou uma cisão no seio da Igreja, concretiza-
Vossa santa vinda da pela Reforma Protestante de Martinho Lutero, iniciada em
O diabo espanta 1517, seguida da adesão de João Calvino, em 1532.
(José de Anchieta) Os reformadores, Lutero na Alemanha e Calvino na França,
reivindicavam a reaproximação da Igreja do espírito do cristia-
nismo primitivo. Calvino difunde a ideia de que todos os fiéis
podem ter acesso ao sacerdócio, inclusive as mulheres. Abole a
hierarquia e institui os pastores como ministros das igrejas, aos
quais é permitido o casamento.
Calvino prega a teoria da predestinação, afirmando que
Deus concede a salvação a poucos eleitos e que o homem deve
buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada, identifi-
cando a ética protestante com o incipiente capitalismo e tornan-
do-a atraente para a burguesia.

1.2 A CONTRARREFORMA
Com o objetivo de eliminar os abusos que haviam afastado
tantos fiéis e permitido o êxito dos reformistas em alguns pa-
íses, a Igreja organizou a Contrarreforma. Para tanto, foi con-
vocado o Concílio de Trento (1545-1563), que deveria objetivar
o restabelecimento da disciplina do clero e a reafirmação dos
dogmas e crenças católicos.
A partir do Concílio de Trento, cria-se a Congregação do Ín-
dex, para censurar livros contrários à doutrina católica (Index
Librorum Prohibitorum), e a Inquisição é reorganizada para o
julgamento de cristãos, hereges e de judeus acusados de não
seguirem a doutrina da Igreja, estabelecendo-se a tortura e a
pena de morte.
A tentativa de conciliar o espiritualismo medieval e o huma-
nismo renascentista resultou numa tensão entre forças opostas:
o teocentrismo e o antropocentrismo. A procura da conci-
liação ou do equilíbrio entre ambas equivale à procura de uma
síntese que, em resumo, é o próprio estilo Barroco.

113
Literatura
CARACTERÍSTICAS DA 2.2 CONCEPTISMO
LITERATURA BARROCA É o jogo de ideias ou conceitos, de conformidade com a
técnica de argumentação. É comum o uso de antíteses, para-
CULTO DO CONTRASTE: doxos ou juízos contrários ao senso comum. Enquanto os cul-
O dualismo barroco coloca em contraste a matéria e o espí- tistas dirigiam-se aos sentidos, os conceptistas dirigiam-se à
rito, o bem e o mal, Deus e o Diabo, o céu e a terra, a pureza e inteligência:
o pecado, a alegria e a tristeza, a vida e a morte, a juventude e Que Demócrito não risse, eu o provo; Demócrito ria sempre.
a velhice, a claridade e a escuridão etc. Logo, nunca ria. A conseqüência parece difícil e é evidente. O
riso, como dizem os filósofos, nasce da novidade ou da admi-
O alegre do dia entristecido, ração e cessando a novidade ou admiração, cessa também o
o silêncio da noite perturbado, riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do
o resplendor do sol todo eclipsado, mundo, e o que é ordinário se vê sempre não pode causar nem
o luzente da lua desmentido! admiração nem novidade, segue-se que nunca ria, rindo sem-
(Gregório de Matos) pre, pois não havia matéria que motivasse o riso.
(Antônio Vieira)
Observe nos versos as antíteses (dia/noite, resplendor/eclip-
sado) e os paradoxos (alegre/entristecido, silêncio/perturbado).

Consciência da transitoriedade da vida:


A ideia de que o tempo tudo consome, tudo leva consigo,
conduzindo irrevogavelmente à morte, reafirma os ideais de hu-
mildade e desvalorização dos bens materiais.

Nasce o Sol, e não dura mais que


[um dia;
Depois da Luz se segue à noite escura;
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegrias.
(Gregório de Matos)
Gosto pela grandiosidade:
Característica comumente expressa com o auxílio de hipér-
boles, figura que consiste em engrandecer exageradamente
algo a que estamos nos referindo:

Suspende o curso, ò Rio (...)


pois já meu pranto inunda teus
[escolhos*
(Gregório de Mattos)

*escolhos: Rochedo à flor da água, recife.

Frases interrogativas

Que refletem dúvidas e incertezas:


Que amor sigo? Que busco? Que
[desejo?
Que enleio é este vão da fantasia?
(Francisco Rodrigues Lobo)

Dentro do Barroco existe uma divisão de estilos. Assim, te-


mos o cultismo e o conceptismo.

2.1 CULTISMO
É o jogo de palavras, o estilo trabalhado. Predominam hi-
pérboles, hipérbatos e metáforas, como: diamantes significan-
do dentes ou olhos; cristal significando água, orvalho; cravo ou
rubi significando boca etc.

Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade,


É verdade, Senhor, que hei delinqüido*,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
(Gregório de Matos)
*delinquir: Cometer falta, crime, delito.

114
Literatura

Unidade 6 Ilustre e reverendo Frei Lourenço,


quem vos disse que um burro tão
[imenso,
BARROCO NO BRASIL siso em agraz, miolos de pateta
pode meter-se em réstia de poeta?

CONTEXTO HISTÓRICO agraz: Acre, azedo.


Réstia: Corda entrelaçada (aqui o sentido é coletivo: agru-
Ao longo do século XVII, os portugueses não demonstravam pamento, conjunto).
amor a terra e exerciam uma exploração predatória; os jesuítas
cuidavam da educação e dominavam a mentalidade; a imprensa 2.2 PADRE ANTÔNIO VIEIRA
estava proibida e grandes latifundiários mantinham as rédeas Vieira nasceu em Lisboa, em 1608. Com sete anos vem para
do poder. A atividade agrícola mais importante era o cultivo da a Bahia e entra na Companhia de Jesus. Politicamente, tinha
cana-de-açúcar e nada se podia fabricar por aqui; os portugue- contra ele uma pequena burguesia cristã, pois defendia o capi-
ses mantinham o monopólio do comércio, e os jesuítas manti- talismo judaico, os administradores e colonos, além de defender
nham o monopólio da cultura. os índios. Por isso, foi condenado à Inquisição, ficou preso e
A pouca atividade cultural concentrava-se em Salvador faleceu em 1697, no colégio da Bahia.
(Bahia) e em Recife (Pernambuco), alcançando Vila Rica (hoje Sua obra está dividida entre Profecias, Cartas e Sermões.
Ouro Preto) no século XVIII. São quase 200 sermões, o melhor de sua obra. Vieira joga com
ideias e conceitos, segundo os dogmas religiosos. Um de seus
PRODUÇÃO LITERÁRIA principais sermões é o Sermão da Sexagésima, no qual analisa
“porque não frutificava a Palavra de Deus na terra”.
O Barroco brasileiro teve como principais representantes “Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pre-
Gregório de Matos Guerra com o estilo cultista; e Padre Antônio gação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e
Vieira com o estilo conceptista. do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte
do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?”
2.1 GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos e Guerra nasceu em 1633, e morreu em
1695, é o mais importante poeta brasileiro do Barroco e um
dos exemplos mais expressivos do comportamento da época.
Cursou leis em Coimbra, época de suas leituras de Gôngora e
Quevedo, poetas barrocos espanhóis dos quais revela nítidas
influências, além de Camões.
Graças à linguagem maliciosa e ferina com que criticava
pessoas e instituições da época (não dispensando palavras de
baixo calão), recebeu o apelido de Boca do Inferno, tendo de
exilar-se por algum tempo em Angola, perseguido pelo filho do
governador Antônio da Câmara Coutinho (vítima de suas sáti-
ras).
Não publicou em vida nenhuma edição de sua obra, o que
deixa dúvidas sobre a autenticidade de muitos textos a ele atri-
buídos.
Sua obra costuma ser dividida em:

Poesia lírica: A poesia lírica de Gregório de Matos ora ce-


lebra o sensualismo, ora o erotismo nativista, ora vincula-se à
tradição renascentista.

Ontem quando te vi, meu doce emprego


tão perdido fiquei por ti, meu bem,
que parece este amor nasce, de quem
por amar-te já vive sem sossego.

Poesia religiosa: Seus poemas religiosos refletem a inquie-


tação do homem diante da divindade e a consciência da fragili-
dade e da pequenez dos mortais.

Estou, Senhor, da vossa mão tocado,


e este toque em flagelo desmentido
era à vossa justiça tão devido,
quão merecido foi o meu pecado.

Poesia satírica: seus poemas satíricos voltam-se contra a


sociedade de seu tempo, às instituições e autoridades em geral.

115
Literatura

Unidade 7 deres e o direito de propriedade. Era a ideologia da burguesia


em ascensão, que resultou na Revolução Francesa, na Inde-
pendência dos Estados Unidos e, no cenário brasileiro, na In-
ARCADISMO confidência Mineira.
Nesse panorama sociocultural já não havia lugar para as
ideias religiosas do Barroco. O homem readquire seu equilíbrio,
O arcadismo representa, na literatura, uma reação contra os abandonando as antíteses e os conflitos existenciais. Razão e
excessos do Barroco – seu estilo rebuscado, pleno de antíteses Fé constituem a síntese que caracteriza a produção artística do
e frases tortuosas. Como se propunha na época um retorno aos Arcadismo.
modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, considerados
fonte de equilíbrio e de simplicidade, este movimento também é CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO
denominado Neoclassicismo.
São as seguintes datas que delimitam didaticamente esse Imitação- Os árcades propunham um retorno aos modelos
movimento no Brasil: clássicos renascentistas porque neles encontravam o ideal de
1768: publicação de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da simplicidade e a imaginação equilibrada pela razão, o que seria o
Costa; freio moderador das emoções, impedindo os excessos. Resultam
1836: publicação de Suspiros poéticos e Saudades, de Gon- disso a presença da mitologia e a linguagem simples, de voca-
çalves de Magalhães, que assinala o início do Romantismo no bulário fácil e períodos curtos, em que a comparação predomina
Brasil. sobre a metáfora, o que revela a reação à retórica barroca.
Em Portugal temos as seguintes datas:
Bucolismo- Segundo os árcades, a pureza, a beleza e a
1756: fundação da Arcádia Lusitana. espiritualidade residem na natureza. O crescimento das cida-
1825: publicação de Camões, de Almeida Garrett. des conduz à valorização do campo e do preceito horaciano do
O nome Arcadismo provém do romance pastoral de San- fugere urbem (“fugir da cidade”). Daí a preferência por temas
nazzaro, intitulado Arcádia (1504), que tem como tema a vida pastoris e pelas cenas de vida campestre.
campestre, ideal de felicidade.
A expressão “Arcádia” evoca uma lendária região da Gré- Racionalismo- Preocupação com a Verdade e o Real. Se-
cia, dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que se gundo os árcades, só é belo o que é racional. Pregava-se, por-
dedicavam à poesia e à vida rústica. Daí o fato de os poetas tanto, o equilíbrio entre a razão e o sentimento.
chamarem-se “pastores” e adotarem nomes gregos ou latinos:
Glauceste (Cláudio Manuel da Costa), Dirceu (Tomás Antônio Não cedas, coração, pois nesta
Gonzaga), por exemplo. [empresa
o brio só domina; o cego mando
CONTEXTO HISTÓRICO do ingrato Amor seguir não deves ...
(Alvarenga Peixoto)
O século XVIII é conhecido como o Século das luzes, gra-
ças às novas ideias de cientistas e filósofos que provocaram Convencionalismo- Repetição de temas muito explorados
uma verdadeira revolução na história do pensamento moderno. e utilização de lugares comuns como: “ovelhas”, “pastores”,
As sementes desta revolução já haviam sido lançadas no “estrela-d’alva”, “montes”, “claras fontes” etc.
Renascimento: a crença no homem, o racionalismo. O mercan-
tilismo propiciou a formação de capitais e o surgimento de uma Idealização do amor e da mulher- O amor é fonte de pra-
nova classe, a burguesia, que se afirma como força política e zer, tranquilo.
econômica no século XVIII.
A ciência é impulsionada, James Watt aperfeiçoa a máqui- Irás a divertir-te na floresta,
na à vapor e o trabalho artesanal começa a ser substituído por sustentada, Marília, no meu braço;
máquinas. aqui descansarei a quente sesta,
A Inglaterra vive a Revolução Industrial e a ascensão do dormindo um leve sono em teu regaço;
capitalismo, que aos poucos estende-se a outros países da Eu- (Tomás Antônio Gonzaga)
ropa e aos Estados Unidos.
O processo industrial atrai os camponeses, ocasionando o O arcadismo não apresenta um estilo homogêneo. No final
crescimento das cidades, o abandono do campo e o aumento do século XVIII, seus dois pilares, Razão e Verdade, começam a
das tensões sociais. ruir, cedendo lugar ao sentimento e à imaginação. Muitos auto-
Acreditando que, para tirar os homens das trevas da igno- res passam a fazer uma poesia de caráter pessoal e sentimen-
rância e das superstições, seria necessário dar-lhes as “luzes” tal, sendo por isso chamados de pré-românticos.
da ciência, procurou-se reunir todo o conhecimento científico e
filosófico e divulgá-lo para a maior quantidade possível de indi- PRODUÇÃO LITERÁRIA BRASILEIRA
víduos. Nesse contexto, o filósofo francês Diderot, auxiliado por
D’Alembert, organiza a grande Enciclopédia, em 35 volumes. 3.1 CLÁUDIO MANOEL DA COSTA (GLAUCESTE SATÚRNIO)
Entra em cena o Iluminismo, sustentado ideologicamente Cláudio Manoel da Costa nasceu em Mariana, Minas Gerais,
pelos iluministas, filósofos, cientistas, economistas e escritores no ano de 1729. Depois de estudar com os jesuítas, vai para
que o difundem. Entre eles Rousseau, Montesquieu e Voltaire. Coimbra e forma-se em Direito. Em 1768, já em Vila Rica, lança
Os iluministas acreditavam que a ciência, o progresso e a seu livro de poesias, Obras, e funda a Arcádia Ultramarina. Par-
liberdade eram os meios de trazer a felicidade aos homens. Não ticipante da Inconfidência é preso e encontrado enforcado na
aceitavam o Estado absolutista, pregavam a igualdade de po- cadeia, em 1789.

116
Literatura
Sua obra inicial é formada por poesias no estilo gongórico, 3.4 BASÍLIO DA GAMA
mas desde aquela época trabalhava de acordo com o pensa- José Basílio da Gama nasceu no interior de Minas Gerais, no
mento árcade. Cultivou a poesia bucólica, pastoral, na qual a ano de 1741. Estudou no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Ja-
natureza está sempre presente. neiro. Depois vai para Roma, onde ingressa na arcádia Romana.
Em 1768, já em Lisboa, é preso por jesuitismo e condenado ao
“Sou pastor, não te nego, os meus degredo em Angola. Em 1769, pública O Uraguai, criticando os
[montados. jesuítas e defendendo a política pombalina. Faleceu em 1795.
São esses, que aí vês,vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente O URAGUAI
A doce companhia dos meus gados.” Canto IV (fragmento)
(Cláudio Manoel da Costa) [...]
Coa chata frente de urucu tingida,
Em sua obra há também o poema épico Vila Rica, no qual Vinha o índio Cobé disforme, e feio,
exalta os bandeirantes e narra a história da atual Ouro Preto Que sustenta nas mãos pesada maça,
desde sua fundação. Com que abate no campo os inimigos,
Como abate a seara o rijo vento. [...]
3.2 TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (DIRCEU)
3.5 BOCAGE – POETA DA LITERATURA PORTUGUESA
Nascido em Portugal, no ano de 1744, Gonzaga passou par- Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em 1765 e morreu
te de sua infância no Brasil e formou-se em Direito, na cidade de em 1805 em Portugal. A produção de Bocage é divida em dois
Coimbra. De volta ao Brasil, instala-se em Vila Rica com os car- momentos. No primeiro, encontramos poemas dentro dos mol-
gos de ouvidor e juiz. No período da Inconfidência estava pres- des do Arcadismo. No segundo, encontramos os que são pre-
tes a se casar com Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília. cursores do Romantismo, pois estão repletos de sentimentalis-
Quando vai preso, é condenado ao degredo em Moçambique. mos. A seguir, temos um poema que mostra um Bocage árcade:
Morre em 1810. Sua principal obra é Marília de Dirceu, inspirada
em Maria Dorotéia. Completando as obras de Gonzaga, temos [...]
As Cartas Chilenas. Trata-se de poemas satíricos que circula- A serena, amorosa Primavera,
vam em Vila Rica pouco antes da Inconfidência. O doce autor das glórias que consigo,
A deusa das paixões, e de Citera:
MARÍLIA DE DIRCEU [...]
(lira XIX, 1ª parte)

“Enquanto pasta alegre o manso gado,


Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quando vive, nos descobre
A sábia natureza”.
(Tomás Antônio Gonzaga)

3.3 SANTA RITA DURÃO


José de Santa Rita Durão nasceu nas proximidades de Ma-
riana, Minas Gerais, no ano de 1722. Estuda com jesuítas, no
Rio de Janeiro, e depois segue para Portugal, onde prega ser-
mão contra os padres da Companhia de Jesus. Peregrina pela
Espanha, Itália e França. Em 1781 publica o seu poema épico
Caramuru. Morre em Portugal, no ano de 1784.

CARAMURU (FRAGMENTO)

XLII

Perde o leme dos olhos, pasma e treme,


Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao
[fundo:
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
“Ah! Diogo cruel!” disse com mágoa,
E sem mais vista ser, sorveu-se n’água.

117
Literatura

Unidade 8 vam o recente passado revolucionário, e a afirmação das nacio-


nalidades.
No Brasil, o Romantismo reveste-se de um marcante con-
ROMANTISMO teúdo nacionalista e de exaltação dos elementos nacionais,
pois corresponde ao nosso momento de luta pela emancipação
política e de afirmação da nossa nacionalidade. A literatura é
utilizada como arma de ação política e social, através da poesia
revolucionária e abolicionista.
Didaticamente temos as seguintes datas para o início e o
término do Romantismo em Portugal:
1825: publicação de Camões, de Almeida Garrett.
1865: Questão Coimbrã.

CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO

De modo geral, o Romantismo tem como características:


O individualismo e o subjetivismo: em oposição ao uni-
versalismo e objetivismo dos clássicos, o que faz com que os
românticos vejam o mundo unicamente por meio do seu mundo
interior. A 1ª pessoa (eu) é constante.

O nacionalismo: ao qual se relacionam:


* O culto da Idade Média: pelos europeus, na qual se en-
contravam os elementos formadores da nacionalidade de cada
povo: os heróis das cruzadas, as damas, os monges, as lendas,
as crenças e tradições;
* O indianismo: que, no Brasil, devido à ausência de um
passado medieval, foi um dos elementos de sustentação do
sentimento nacionalista, acentuado com a proximidade da In-
dependência;

O culto da natureza: que, supervalorizada, não só constitui


Retrato de Josefina, por Pierre-Paul Prud’hon, 1805, um refúgio não contaminado pela sociedade, como também é
uma forma de exaltação da terra brasileira. Ao contrário do Ar-
cadismo, que a natureza é apenas decorativa, para os românti-
CONTEXTO HISTÓRICO cos ela é fonte de inspiração e está intimamente vinculada aos
sentimentos do poeta.
Sempre houve temperamento e sensibilidade romântica. O
estado de alma romântico pode ser encontrado em qualquer A evasão ou escapismo: resultante do conflito do eu com
época, caracterizando-se pelo amor à natureza, à personalida- a realidade, o que leva o romântico a evadir-se na aspiração por
de sonhadora, à fé, à liberdade, ao saudosismo e à emoção. outro mundo – situado no tempo e no espaço (paisagens novas,
No século XIX, esse temperamento e essa sensibilidade se primitivas ou exóticas) –, onde ele não encontre as dificuldades
manifestaram com tanto vigor que chegaram a caracterizar um da realidade a que está vinculado. Resultam daí:
estilo de época: o Romantismo. * O saudosismo da infância, do passado, da pátria, dos en-
A palavra-chave em fins do século XVIII e no início do século tes queridos;
XIX era liberdade. O Romantismo rompe com a tradição clássi- * O sonho que permite a criação de um mundo pessoal e
ca e abre caminho para a modernidade. idealizado;
Os burgueses pregavam o liberalismo econômico e a de- * A consciência da solidão resultante de uma inadaptação
mocracia no terreno preparado pelos filósofos iluministas da ao mundo e da crença de que é um incompreendido;
primeira metade do século XVIII. Décadas depois, a revolução * O exagero, isto é, o apelo aos extremos.
toma conta da Europa. Os ideais de liberdade, igualdade e fra- O exagero, somado à instabilidade e à ânsia de evasão, pro-
ternidade contagiaram os setores populares – o campesinato e vocou o chamado mal do século, expressão que caracteriza
os trabalhadores urbanos, arregimentando-os para a derrubada o estado de espírito de vários românticos que se entregaram a
dos regimes absolutistas. uma excessiva melancolia e solidão e a um grande pessimismo
O Arcadismo não deixara de ser em essência a continuação que os conduziu à exaltação da morte.
do Classicismo, com seus modelos e regras, enquanto os ro- O sobrenatural, o mórbido, a noite e o mistério da existên-
mânticos, num clima de liberdade e transformação, puderam, cia estão presentes nos textos dos poetas da geração do mal
de fato, propor uma ruptura com os modelos preestabelecidos do século.
e a absoluta liberdade de criação. A idealização da mulher e do amor: somando espiritua-
O novo público consumidor, de origem burguesa, não mais lismo e temperamento sonhador, o romântico reveste a mulher
aceitando os padrões clássicos que indicavam uma concepção de uma aura angelical, retratando-a como figura poderosa e
estática do mundo, dita novos valores: o apego às tradições inacessível. Porém, apesar do espiritualismo, a produção ro-
nacionais, o gosto pelas lendas e narrativas de origem medieval mântica reflete muitas vezes um sensualismo bem material na
e pelo heroísmo; o sacrifício e o sangue derramado, que evoca- descrição feminina.

118
Literatura
A LINGUAGEM ROMÂNTICA Unidade 9
A linguagem romântica caracteriza-se pelo transbordamento
de expressão: poemas extensos, repetições inúteis e recursos ROMANTISMO NO BRASIL
que revelam o estado emotivo do artista: exclamações, reticên-
cias, antíteses, metáforas e hipérboles.
São palavras frequentes no universo romântico: luar, amor, O Romantismo brasileiro revestiu-se de um expressivo
noite, saudade, verde, ilusão, pranto, dor, suspiro, virgem, rosa, cunho nacionalista. A Independência, conquistada em 1822, re-
coração, sonhos, noite, lágrima etc. forçou a busca de elementos caracterizadores e diferenciadores
Os românticos defendiam uma linguagem simples, mas co- de nossa nacionalidade. Daí o forte sentimento de fidelidade à
loquial e livre dos grilhões da sintaxe clássica, e alguns român- pátria e às suas tradições e a criação de símbolos que pudes-
ticos brasileiros procuraram imprimir à língua portuguesa um sem ser incorporados à consciência nacional e passassem a
estilo próprio, que pudesse refletir a realidade do nosso país. representar o país. Entre eles, o índio, a natureza e a linguagem.
São as seguintes obras que delimitam, para efeitos didáti-
ROMANTISMO EM PORTUGAL cos, o Romantismo no Brasil:
1836 – Publicação de Suspiros poéticos e Saudades, de
Como no Brasil (como veremos na próxima unidade), a lite- Gonçalves de Magalhães, em cujo prefácio encontram-se algu-
ratura portuguesa também teve três momentos: mas das diretrizes da nova estética.
Primeiro momento: Autores que guardam ainda caracterís- 1881 – Publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas,
ticas neoclássicas. São dessa época: romance realista de Machado de Assis, e de O mulato, romance
naturalista de Aluísio Azevedo.
* Almeida Garret (1799 – 1854): Camões, Viagens na minha
terra, Folhas caídas. CONTEXTO HISTÓRICO
* Alexandre Herculano (1810 – 1877): Eurico, o presbítero, O
monge de Cister. 1808 – Chegada da família real
* Antônio Feliciano de Castilho (1800 – 1875): A noite do cas- 1822 – Independência do Brasil
telo, Os ciúmes do bardo. 1888 – Lei Áurea
1889 – Proclamação da República
Segundo momento: Autores plenamente românticos: A vinda da família real para o Rio de Janeiro, em 1808, pro-
vocou uma série de mudanças no país: os portos são abertos ao
* Soares de Passos (1826 – 1860): Poesias. comércio internacional, funda-se o Banco do Brasil, criam-se os
* Camilo Castelo Branco (1825 – 1890): Amor de perdição, tribunais das Finanças e da Justiça, permite-se o funcionamen-
Amor de salvação, A doida do Candal. to de toda espécie de indústria, fundam-se a Academia Militar e
a Academia de Cirurgia, cria-se o curso de Direito, inaugura-se a
Terceiro momento: Romantismo moderado ou pré-realis- Biblioteca Real e a imprensa é definitivamente implantada.
tas: O militar, o comerciante, o artesão, o funcionário público, o
homem de imprensa e os empregados das firmas comerciais
* João de Deus (1830 – 1896): Campo de flores. passam a compor de forma significativa a sociedade da época.
* Júlio Dinis (1839 – 1871): As pupilas do senhor reitor, A O convívio social é dinamizado pela vida dos salões e as ruas
morgadinha dos canaviais, Uma família inglesa, Os fidalgos da ganham uma agitação nova. A literatura conta com a avidez do
casa mourisca. público feminino e o Romantismo difunde-se com relativa faci-
lidade.
O desenvolvimento da nação foi acompanhado por um cres-
cente sentimento anticolonialista, do qual resultou a nossa Inde-
pendência, em 1822.

ROMANTISMO BRASILEIRO

Como não tínhamos um passado medieval, fomos buscar


no índio o símbolo da raça brasileira – as virtudes do homem
nacional.
Inspirando-se nos procedimentos do cavaleiro medieval eu-
ropeu, os escritores caracterizaram o índio como um nobre, e
não é difícil fazer certa analogia entre o castelo medieval e a
propriedade rural, bem como entre o heroísmo dos cavaleiros
da Idade Média e a bravura e o destemor dos colonizadores que
adentravam a selva brasileira em busca de riqueza do nosso
solo.
A opulência tropical da natureza brasileira era mais um dos
símbolos românticos, ao que se somava o mito da cordialida-
de brasileira, além do espírito pacífico do nosso povo, apesar
da guerra do Paraguai e de inúmeras revoltas e revoluções que
perturbaram o Império e, posteriormente, os primeiros anos da
República.

119
Literatura
Outro elemento de identificação nacional foi a linguagem. Romance indianista: valorização das origens brasileiras
Nos períodos anteriores, os escritores brasileiros mantiveram-se através da figura idealizada do índio. Principal autor: José de
presos aos modelos portugueses. No Romantismo e, sobretudo Alencar.
com José de Alencar, a linguagem procura o elemento nacional:
incorporam-se regionalismos, termos indígenas, expressões e 3.1 JOSÉ DE ALENCAR
construções do feitio nacional. José de Alencar é, sem dúvida, o principal ficcionista român-
Entretanto o nacionalismo romântico e a busca do passado tico brasileiro. Construiu uma obra de inspiração nacionalista,
impediram muitas vezes uma visão objetiva da realidade brasi- traçando um variado painel da nossa realidade. Explorou a len-
leira, e permitiram uma fuga aos problemas do país e do povo. da, a história, os costumes da sociedade, a política e a vida
A exaltação do índio, por exemplo, desviava a atenção de uma colonial. Seus assuntos eram o homem e a terra brasileira, o
avaliação crítica da escravatura. Brasil do campo e o das cidades. É também o maior expoente
Foi apenas a partir de 1860, com Castro Alves, que a litera- do indianismo.
tura voltou-se para a realidade política e social, ligando-se às Sua obra separa definitivamente a literatura brasileira da por-
lutas pelo abolicionismo e denunciando o choque entre os sím- tuguesa, pois, se o conteúdo era nacional, a forma de expressá-
bolos e a realidade social. -lo também o era: procurava uma sintaxe brasileira, introduzindo
construções tipicamente nacionais e palavras indígenas.
PRODUÇÃO LITERÁRIA DO Por ser vasta, costuma-se dividir a sua obra de ficção em
ROMANTISMO BRASILEIRO quatro grupos: romance indianista; romance histórico; ro-
mance urbano e romance regionalista.
É rica e variada a produção literária do Romantismo brasilei-
ro. Os principais gêneros cultivados foram o teatro, o romance Romance indianista: Em textos de forte conteúdo lírico e
e a poesia. fundamentação mais lendária do que histórica, Alencar faz con-
Teatro trastar a ganância e a falsidade do civilizado europeu com o
No teatro, destacam-se Martins Pena e França Júnior. mito do “bom selvagem”, a quem dá características de fidalgo.
Romance (prosa) A incorporação do vocabulário tupi e a atenção aos costumes
Entre os romancistas, destacam-se Joaquim Manuel de Ma- indígenas também marcam a sua prosa indianista, da qual fa-
cedo, Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar, Bernardo zem parte os romances O guarani (1857), Iracema (1865) e Ubi-
Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e Machado de rajara (1874).
Assis (em sua primeira fase).
O aparecimento e o desenvolvimento do romance no Brasil Romance histórico: Mais baseados na imaginação do que
são explicados por alguns fatores, entre eles: a urbanização do nos fatos, referem-se à conquista definitiva da terra brasileira e à
Rio de Janeiro, em que surge um público consumidor formado ambição de imigrantes e aventureiros interessados nas riquezas
por aristocratas, profissionais liberais e jovens estudantes, to- da nova terra. Alencar procurou também representar as nossas
dos em busca de “entretenimento”; a importação ou simples origens e formação como povo. As minas de prata (1865) e A
tradução de romances europeus será substituída com histórias guerra dos mascates (1873) são as obras que representam essa
de enredos com “cor local”, pois o espírito nacionalista contami- vertente.
na o período posterior à independência e o jornalismo também
se desenvolve bem com a divulgação em massa de folhetins. Romance urbano: Trata da vida carioca de então; apresen-
O primeiro romance brasileiro foi cronologicamente O Filho ta-nos dramas morais e tipos femininos complicados. O amor, o
do Pescador, de Teixeira e Souza, publicado em 1843. Porém, casamento por interesse, a sociedade patriarcal e a importância
por apresentar uma trama confusa e sentimentalóide não serve do dinheiro estão presentes nos enredos que teceu. Pertencem
de referência para os romances românticos brasileiros. ao romance urbano de Alencar as obras Cinco minutos (1856),
Assim, por ter moldado o gosto do público, correspondido A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gaze-
às expectativas e pela aceitação obtida, convencionou-se ado- la (1870), Sonhos d´ouro (1872), Senhora (1875) e Encarnação
tar o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, (1893).
publicado em 1844, o primeiro romance brasileiro.
O romance romântico, de acordo com o tema que aborda, Romance regionalista: Traça um painel das principais re-
pode ser classificado em urbano, regionalista, histórico e in- giões do país: o extremo sul, o interior fluminense, o planalto
dianista. paulista e o Nordeste, fazendo uma descrição de hábitos e
costumes dessas regiões em O gaúcho (1870), O tronco do ipê
Romance urbano: ambientado na corte, esse romance é (1871), Til (1872), O sertanejo (1875).
também conhecido como romance de costumes, pois retrata a
vida social da época e a pequena burguesia. Principais autores:
Joaquim Manuel de Macedo e José de Alencar.

Romance regionalista: aqui, o ambiente rústico ganha des-


taque, bem como personagens que vivem fora do ambiente da
cidade. Principais autores: José de Alencar, Bernardo Guima-
rães e Visconde de Taunay.

Romance histórico: há uma volta ao passado, bem como


sua valorização. Principais autores: Visconde de Taunay e José
de Alencar.

120
Literatura

Unidade 10 Durante certo período de sua vida tem verdadeira fixação pela
ideia da morte, o que está claro em cartas à mãe, irmã e amigos.
Morre, em 1852, vítima da tuberculose.
ROMANTISMO: POESIA Álvares de Azevedo consolidou definitivamente o “mal do
século” em nossa literatura. Sua maior influencia é o poeta in-
glês Lord Byron, de quem foi leitor e tradutor. Suas poesias fa-
POESIA lam de morte e de amor, que sempre é idealizado e irreal.
A morte esteve sempre presente em sua vida e obra. Per-
A poesia romântica divide-se em três gerações. Embora deu o irmão prematuramente, colegas de faculdade, e a “dor
cada uma delas possua características próprias, é bastante no peito” que o levaria cedo. No entanto, na sua poesia à morte
acentuada a interpenetração e a transferência de características também assume conotação de fuga, como resultado de uma
de uma geração à outra. sensação de impotência diante do mundo conturbado.
Álvares de Azevedo também escreveu contos e teatro. Seu
1.1 AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS livro Noite na Taverna é um exemplo de “mal do século” em
Há no Romantismo brasileiro nítidas mudanças na produção contos fantásticos. Para os palcos escreveu a peça Macário.
dos vários poetas. Por isso, é possível reconhecer nesta poesia
três gerações distintas: Se eu morresse amanhã!
“Se eu morresse amanhã, viria ao
1.1.1 Primeira geração: Indianista [menos
Suas características são: a exaltação da natureza, a volta Fechar meus olhos minha triste irmã;
ao passado histórico, medievalismo, criação do herói nacional Minha mãe de saudades morreria
na figura do índio, daí o nome geração indianista. Há também Se eu morresse amanhã!
o sentimentalismo e a religiosidade. Entre os principais autores Quanta glória pressinto em meu futuro!
merecem destaque Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. Que aurora de porvir e que amanhã!
Na obra de Gonçalves Dias destaca-se o poema épico ina- Eu pendera chorando essas coroas
cabado Os Imbiras; entre os poemas indianistas destacam-se: Se eu morresse amanhã!”
I-Juca Pirama, Marabá e Canção do Tamoio. Formalmente se (Álvares de Azevedo)
caracterizam pela utilização dos vários recursos de métrica, mu-
sicalidade e ritmo.

1.1.3 Terceira Geração: Condoreira


CANÇÃO DO EXÍLIO Trata-se de poesia social e libertária, reflete as lutas inter-
nas brasileiras, como a libertação dos escravos. Essa poesia
“Minha terra tem palmeiras, sofre influência de Victor Hugo e sua poesia Político-social, daí
Ode canta o Sabiá; ser conhecido como Geração Hugoana. O termo condoeirismo
As aves que aqui gorjeiam, é consequência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens
Não gorjeiam como lá. românticos: o condor, águia das cordilheiras dos Andes. Seu
Nosso céu tem mais estrelas, principal poeta foi Castro Alves.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida, Castro Alves
Nossa vida mais amores. Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 1847, na
Em cismar, sozinho à noite, Bahia. Após os primeiros estudos na Bahia, vai para Recife junto
Mais prazer encontro eu lá; com o seu irmão. Neste período inicia um romance com a atriz
Minha terra tem palmeiras portuguesa Eugênica Câmara e urgem os primeiros sintomas
Onde canta o Sabiá.” da doença pulmonar. Depois de retomar à Bahia e se consagrar
(Gonçalves Dias) como dramaturgo, vai para São Paulo estudar Direito. Fere-se
acidentalmente no pé e precisa amputá-lo. De volta à Bahia se
1.1.2 Segunda Geração: Mal do século agrava a doença pulmonar. O poeta faleceu em 1871.
Esta geração é demasiada influenciada por Lord Byron, ex- Castro Alves como bom romântico cultivou o egocentrismo,
poente do romantismo inglês. Inclusive é por isso que é chama- porém o que marca sua obra é sua poesia mais realista. Influen-
da Geração byroniana. ciado pela literatura de Victor Hugo, ampliou seus horizontes
Suas características principais são: o egocentrismo, o ne- discutindo a realidade que o rodeava, cantou a República, o
gativismo, pessimismo, tédio constante – característicos do abolicionismo, a igualdade, a luta de classes, enfim, os oprimi-
ultrarromantismo, o verdadeiro “mal do século”. O tema pre- dos. Sua constante temática foi a liberdade.
ferido nestas obras é a fuga da realidade, que se manifesta na
idealização da infância, nas virgens sonhadas e na exaltação da “A praça! A praça é do povo
morte. Os principais poetas foram Álvares de Azevedo, Casimiro Como o céu é do condor.”
de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
Este condor voando nos picos andinos é o símbolo da liber-
Álvares de Azevedo dade, que vai marcar sua poesia social denunciadora de desi-
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 1831, na ca- gualdades.
pital paulista. Em 1848, matricula-se na Faculdade de Direito e O que tornou célebre sua obra foi a temática da escravidão.
inicia um período de intensa produção poética. Também nes- Foi com seus versos acerca dos escravos que alcançou maior
ta época se manifestam os primeiros sintomas de tuberculose. sucesso, pois fundem-se brilhantemente toda a sua efusão lírica

121
Literatura
e a eloquência condoreira, como provam seus poemas Vozes Unidade 11
d’África e Navio Negreiro. Algumas de suas principais obras
são: Espumas flutuantes e Os Escravos.
REALISMO / NATURALISMO
NAVIO NEGREIRO
“E existe um povo que a bandeira
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... Assim como o Romantismo denotava uma atitude, antes de
E deixa-a transformar-se nessa festa denominar um estilo de época, também a atitude realista pode
Em manto impuro de bacante fria!... ser observada em qualquer época, sempre que deixamos de
Meu Deus! Meu Deus! Mas que lado a fantasia e a imaginação e encaramos objetivamente a
[bandeira esta realidade.
Que imprudente na gávea tripudia?!... A arte da segunda metade do século XIX deixou de lado a
Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto emoção e a subjetividade românticas, valorizando a razão e a
Que o pavilhão se lave no teu pranto... objetividade, caracterizando um estilo denominado Realismo.
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança, CONTEXTO HISTÓRICO
Estandar-te que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da esperança... A segunda metade do século XIX caracterizou-se pela con-
Tu, que da liberdade após a guerra, solidação do poder da burguesia e o crescimento do proleta-
Foste hasteado dos heróis na lança, riado.
Antes te houvessem roto na batalha, Se por um lado havia o progresso, representado pelo cres-
Que servires a um povo de mortalha!... cimento das cidades, pela instalação de novas fábricas, pela
Fatalidade atroz que a mente esmaga! utilização de novas fontes de energia, como o vapor, o petróleo,
Extingue nesta hora o brigue imundo o gás e a eletricidade, por outro lado havia o crescimento dos
O trilho que Colombo abriu na vaga, bairros pobres onde residiam os operários e suas famílias.
Como um íris no pélago profundo Enquanto a burguesia lutava pelo dinheiro e pelo poder atra-
... Mas é infância demais... Da etérea vés da expansão capitalista, o operariado, vivendo em condi-
[plaga ções miseráveis, manifestava a sua insatisfação, promovia as
Levantai-vos, heróis do Novo mundo... primeiras greves e criava associações que dariam origem aos
Andrada! Arranca esse pendão dos sindicatos.
[ares!... A ciência, devendo servir ao progresso industrial e a objeti-
Colombo! Fecha a porta dos teus vos práticos, necessitava de novos métodos e, principalmente,
[mares!... de organização.
(Castro Alves) São alguns avanços desse período: a energia elétrica, a in-
dústria do frio e com ela a conservação de alimentos, a utiliza-
RESUMINDO ção do éter como anestésico, o descobrimento dos microorga-
nismos responsáveis pela sífilis, pela malária e pela tuberculose
etc. Somado a isso há o incremento do transporte ferroviário e
GERAÇÃO CARACTERÍSTICAS AUTORES
marítimo e a expansão da comunicação telegráfica.
O desenvolvimento científico fez com que o idealismo e o
tradicionalismo fossem substituídos pelo materialismo e pelo
Nacionalismo, aversão racionalismo. O método científico passou a ser o meio de análi-
à influência portuguesa Gonçalves de se e compreensão da realidade.
Primeira (lusofobia), religiosidade Magalhães, Algumas teorias, surgidas em decorrência das solicitações
Nacionalista e misticismo, indianismo. Gonçalves materiais da época, deram fundamento ideológico à literatura
Temas: o índio, a saudade, Dias do Realismo-Naturalismo. São elas:
o amor impossível. Teoria determinista – (Hippolyte Taine, 1825-1893). Apre-
goa que o comportamento humano é determinado pela heredi-
tariedade, pelo meio e pelo momento (circunstância).
Individualismo, pessimis- Junqueira Evolucionismo – (Charles Darwin, 1809-1882). Defende a
mo, escapismo, mal do Freire, tese de que o homem descende dos animais inferiores e que
Segunda na vida animal há uma luta contínua pela existência, da qual
século, morbidez. Temas: Casimiro de
Ultra-român- resultaria a sobrevivência dos mais aptos, por um processo de
a dúvida, o tédio, a orgia, a Abreu,
tica seleção natural.
infância, o medo de amar, Fagundes
o sofrimento. Varela Filosofia positivista – (Augusto Comte, 1789-1857). Apli-
cando o conceito de “evolução” ao pensamento humano, de-
fende a tese de que a humanidade estaria entrando no terceiro
ciclo de sua evolução, o ciclo “positivo” da era cientifica, depois
Aprofundamento do
de ter passado pelo teológico (que produzira o pensamento mí-
espírito nacionalista, do
Terceira tico) e pelo metafísico (no qual se entregara às abstrações). De-
liberalismo, da poesia so- Castro Alves
Social, liberal fende ainda que os únicos meios de se atingir o conhecimento
cial e da política. Temas: a
Ou condoreira válido são a observação, a experimentação e a comparação.
escravidão, a república, o
Como se verá a seguir, a literatura realista/naturalista refletiu
amor erótico.
a nova maneira de pensar e expressar o mundo.

122
Literatura
REALISMO E NATURALISMO: DISTINÇÕES CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO

O Naturalismo não é independente do Realismo. Ambos têm O Naturalismo acentuou as características do Realismo e
como objeto de observação a realidade exterior; ambos são destacou-se pela incorporação dos seguintes elementos:
postos em relevo pela literatura no mesmo período. O Natura- Visão determinista e mecanicista do homem: O homem é
lismo incorporou ao Realismo o cientificismo da época, o deter- considerado como um animal sujeito a forças que determinam
minismo e a crença de que os homens estariam condicionados o seu comportamento: o meio, o instinto, a hereditariedade e o
pela hereditariedade, pelo meio e pelas circunstâncias, criando momento.
daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais
o artista cria situações de causa e efeito para melhor descrever Cientificismo: Os naturalistas procuravam observar o ho-
atitudes e personalidades, evidenciando preocupações patoló- mem objetivamente, considerando-o como um “caso” a ser
gicas. analisado cientificamente.

CARACTERÍSTICAS DO REALISMO Personagens patológicas: Procurando comprovar suas te-


ses deterministas, os naturalistas preferiam personagens mór-
Veracidade: Desprezando a imaginação romântica, o rea- bidas, adúlteras, psiquicamente desequilibradas, como assassi-
lista procura narrar fatos que tenham seus correspondentes na nos, bêbados, miseráveis, doentes, prostitutas etc.
realidade exterior, evitando, portanto, situações que possam
parecer artificiais ou improváveis. Crítica social e reformismo: Denunciando o drama da exis-
tência, os naturalistas visavam a modificações que alterassem o
Contemporaneidade: Ao contrário dos românticos, que se quadro negativo da realidade social.
evadiam para um mundo situado no passado ou no futuro, o
realista procura a realidade que lhe é contemporânea. Incorporação de termos científicos e profissionais: É co-
mum o vocabulário ligado à medicina, à biologia, à psicologia e
Retrato fiel das personagens: Na busca da verdade, o re- às atividades profissionais, sobretudo as exercidas pelas cama-
alista prefere retratar tipos concretos, vivos, não idealizados. das menos favorecidas.
Por coincidir com o desenvolvimento da psicologia, o Realismo,
além de retratar, procura interpretar o caráter da personagem e O Realismo já se anunciava na poesia e na prosa Romântica.
os motivos de suas ações. É comum a caracterização de indiví- Na poesia, Castro Alves e outros autores já faziam uma poesia
duos que representem aspectos negativos da natureza humana: romântica voltada para a realidade social. Na prosa, Manuel An-
o avarento, o covarde, o ambicioso, o fraco, o mesquinho, a tônio de Almeida e outros regionalistas do romance romântico já
adúltera, a prostituta etc. criavam histórias pré-realistas.
Gosto pelos detalhes específicos: Objetivando precisão e Em 1857, na França, é publicado Madame Bovary, de Gus-
fidelidade, o realista não abre mão dos detalhes e minúcias na tave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da lite-
caracterização das personagens e ambientes, na observação ratura universal. Em 1867, Émile Zola publica Therese Raquin,
de atitudes e sentimentos. Isto também contribui para certa len- inaugurando o romance naturalista.
tidão da narrativa. No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Rea-
lismo e do Naturalismo. A partir da publicação de dois roman-
Materialização do amor: Ao contrário do romântico, que ces: O Mulato, de Aluísio Azevedo, primeiro romance Naturalis-
tem uma visão espiritual e sentimental do amor, o realista volta- ta e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis,
-se para o aspecto físico. O homem passa a ver a mulher como primeiro romance Realista brasileiro.
objeto de prazer e é comum a temática do adultério e dos cri- Na história da literatura brasileira, o ano considerado final
mes passionais. do Realismo é 1893, com a publicação de Missal e Broqueis,
ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do Simbolismo. No
Denúncia das injustiças sociais: Acreditando numa função entanto, é importante salientar que o início do Simbolismo não
social da arte, os realistas fazem dela uma arma de combate e registra o término da prosa Realista e Naturalista, nem da poe-
denúncia das diferenças sociais, mostrando os preconceitos, a sia Parnasiana. O que aconteceu na verdade, nos últimos vinte
hipocrisia, a ambição dos homens e a exploração das classes anos do século XIX e nos primeiros vinte anos do século XX,
menos favorecidas. é que três estéticas se desenvolvem paralelas: o Realismo, o
Simbolismo e o Pré-Modernismo. O golpe fatal para estas es-
Determinismo e relação entre causa e efeito: O realis- téticas é a Semana de Arte Moderna, em 1822.
ta procura uma explicação lógica para as atitudes das perso-
nagens, considerando a soma de fatores que justificam suas
ações. Na literatura naturalista, dá-se ênfase ao instinto, ao
meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes
do comportamento dos indivíduos.

Linguagem próxima à realidade e preocupação formal:


O universo semântico do realista retrata a realidade cotidiana.
Enquanto o romântico usa palavras como: “estrela”, “sonhos”,
“ave”, “lua”, “sentimento”, “mar” , o realista utiliza-se de palavras
menos “nobres” e até mesmo vulgares: “peixaria”, “tuberculose”,
“moléstia”, moedas”, “cebolas”, “carne”, “podridão”. A lingua-
gem realista é simples, natural, correta, clara e equilibrada.

123
Literatura

Unidade 12 Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado
PARNASIANISMO E SIMBOLISMO Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura — Quem o sabe?


PARNASIANISMO [— de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
O Parnasianismo, que teve início com a publicação de Fan-
farras, de Teófilo Dias em 1882 e término com a publicação de Que arte em pintá-la! A genta acaso
Missal e Broqueis, de Cruz em Souza em 1893, é a manifestação [vendo-a
poética do Realismo, porém ideologicamente não mantinha afi- Sentia um não sei quê com aquele chim
nidades com romances realistas e naturalistas. É uma estética De olhos cortados à feição de amêndoa.
preocupada com a “arte pela arte” ou a “arte sobre a arte”, na (Alberto de Oliveira)
qual os poetas estão à margem das grandes transformações do
seu tempo. Sua influência é basicamente francesa, aliás sua de- SIMBOLISMO
nominação faz alusão às antologias publicadas na França com
o título de Parnasse Contemporain. 2.1 CONTEXTO HISTÓRICO
A poética parnasiana é de um modo geral a negação do A decadência econômica europeia nas últimas décadas do sé-
Romantismo. O sentimentalismo, por exemplo, dos românticos culo XIX põe por terra as esperanças positivistas e materialistas.
é substituído pela objetividade temática, numa tentativa de se Uma nova forma de encarar o mundo faz com que se retomem os
atingir a impessoalidade. O racionalismo e as formas perfeitas valores até então adormecidos: o idealismo e o misticismo são revi-
da Antiguidade Clássica são retomados. talizados. Surge o Simbolismo, opondo-se ao objetivismo realista.
Mas o traço mais característico da poesia parnasiana é o Na França, berço do Simbolismo, falava-se em decadência, au-
culto da forma. Isso ocorre através da forma fixa representa- mentavam as rivalidades entre monarquistas e republicanos e sen-
da pelos sonetos, a métrica dos versos alexandrinos e as ri- tia-se a perda da guerra de 1870 contra a Alemanha. A Europa vivia
mas. Principais autores: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia em estado de alerta, cada país procurava aumentar os seus contin-
e Olavo Bilac. Vale ressaltar que a poesia parnasiana não teve gentes militares e aperfeiçoar os seus armamentos. Era o fantasma
propagação em Portugal. Segue-se uma das poesias mais reve- da guerra.
ladoras das pretensões dos poetas Parnasianos: As consequências desse clima se farão sentir mais profunda-
mente logo no início do século XX. As últimas manifestações simbo-
PROFISSÃO DE FÉ listas e as primeiras produções modernistas serão contemporâneas
(fragmentos) da Primeira Guerra Mundial, em 1914, e da Revolução Russa,
em 1917.
“Invejo o ouvires quando escrevo: O Simbolismo, refletindo esse momento histórico, percebe a
Com que ele, em ouro, o alto-relevo falência do racionalismo, do materialismo e do positivismo, insufi-
Faz de uma flor. cientes para a compreensão do mundo exterior, e retorna às ten-
dências espiritualistas. O sonho, o inconsciente, a metafísica e a
Imito-o. E, pois, nem de Carrara religiosidade renascem na procura de um mundo ideal situado ora
A pedra firo: no interior do indivíduo, ora no sobrenatural. Fugindo ao racionalis-
O alvo cristal, a pedra rara, mo, o artista mergulha então no irracional, cuja expressão exigia
O ônix prefiro. uma linguagem nova, metafórica e sugestiva.

Por isso, corre, por servir-me, 2.2 OS PRECURSORES


Sobre o papel As primeiras manifestações simbolistas já estavam presen-
A pena como em prata firme tes na coletânea Parnasse contemporain, com poemas de Bau-
Corre o cinzel.” delaire, Mallarmé e Verlaine. Mas é no livro As flores do mal, de
(Olavo Bilac) Charles Baudelaire, publicado em 1857, que vamos encontrar as
diretrizes da poética simbolista e de praticamente toda a moder-
O poema parnasiano tem por objetivo evocar a beleza por na poesia europeia.
sua própria construção, pela escolha e combinação que o poeta Ainda que o símbolo tenha sempre existido em literatura, é
faz no emprego das palavras. Esse ideal de beleza só pode ser no final do século XIX que se intensifica o seu uso, libertando a
cultivado em textos que colocam em segundo plano a realidade palavra de sua carga lógica para expressar sentimentos profun-
evocada, seja ela individual ou social. É o princípio da “arte pela damente subjetivos.
arte”.
2.3 CARACTERÍSTICAS DO SIMBOLISMO
VASO CHINÊS Expressão indireta de idéias e emoções: Para os simbolis-
tas, a realidade deveria ser expressa de maneira vaga, nebulosa,
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o imprecisa, ilógica.
Casualmente, uma vez, de um
[perfumado “Nomear um objeto é suprimir três quartos do prazer do poe-
Contador sobre o mármor luzidio ma, que é feito da felicidade em adivinhar pouco a pouco; sugeri-
Entre um leque e o começo de um -lo, eis o sonho... deve haver sempre enigma em poesia, e é o ob-
[bordado. jeto da literatura – e não há outro – evocar os objetos.” (Mallarmé)

124
Literatura
Associadas a essa característica temos: Brilhos errantes, mádidas frescuras
A utilização de palavras ambíguas; E dolências de lírios e de rosas...
A fuga da lógica discursiva;
O amplo uso de metáforas e sinestesias; Indefiníveis músicas supremas,
O hermetismo. Harmonias da Cor e do Perfume...
Expressividade sonora: “A música antes de qualquer coisa” Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
era o postulado de Verlaine. Dotando o poema de expressivida- Réquiem do Sol que a Dor da Luz
de sonora e valorizando o ritmo; a musicalidade, as aliterações, [resume
as assonâncias e os ecos, os simbolistas procuravam aproximar
a poesia da música, afastando o poema das referências concre-
tas e instaurando uma atmosfera vaga, misteriosa e indefinida. Visões, salmos e cânticos serenos,
Subjetivismo profundo: Desinteressado pela realidade ob- Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
jetiva, o simbolista voltava-se para o seu próprio eu, mas não o Dormências de volúpicos venenos
eu superficial do Romantismo. Tratava-se de buscar a essência Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
do ser humano, o inconsciente, o subconsciente e os estados
de alma. Infinitos espíritos dispersos,
Misticismo e espiritualismo: O desejo de um mundo ideal, Inefáveis, edênicos, aéreos,
do qual o mundo real é apenas uma representação imperfeita, Fecundai o Mistério destes versos
conduz o simbolista a procurar alcançá-lo por meio da poesia, Com a chama ideal de todos os
vendo na arte uma forma de religião. Em alguns autores esse [mistérios.
desejo de evasão associa-se a uma visão cristã. São comuns a Cruz e Sousa
oposição entre matéria e espírito, a procura da purificação e a
referência a regiões etéreas e ao espaço infinito. SIMBOLISMO EM PORTUGAL
No plano sintático-vocabular observam-se:
Uso de vocábulos ligados ao místico e ao litúrgico: alma, O marco inicial do Simbolismo em Portugal é a publicação
infinito, desconhecido, essência, missal, breviário, hinos, sal- de Oaristos (em 1890), coletânea de poemas de Eugênio de
mos, ângelus etc.; Castro, e o término se dá em 1915, com a publicação da Revista
O emprego de iniciais maiúsculas no interior do verso, Orpheu. Contudo, os mais importantes poetas do Simbolismo
enfatizando o aspecto simbólico e alegorizante dos vocábulos. em Portugal são Antônio Nobre e Camilo Pessanha.
Abstração e preocupação formal. Nascido no seio do Par- Antônio Nobre(1867–1900) - Publicou um único livro, intitu-
nasianismo e com ele convivendo até o nosso século, o Simbo- lado Só (1892), cheio de nostalgia, saudosismo e sentimentalis-
lismo herdou a preocupação formal e o descompromisso com mo, com ênfase na musicalidade e criação de imagens e asso-
a realidade mundana, o que afastou os poetas dos problemas ciações inesperadas e incomuns que descrevem muitas vezes
sociais, deixando-os envoltos em seu próprio universo. um mundo em decomposição.
Camilo Pessanha(1867–1926) - Autor de apenas um livro de
SIMBOLISMO NO BRASIL poemas, Clepsidra (1920), nome que significa “relógio de água”
e antecipa o conteúdo das imagens dos seus poemas, ligadas a
Didaticamente, considera-se o ano de 1893 como o mar- naufrágios, à água e ao tempo corrosivo. Dotado de linguagem
co definitivo do Simbolismo no Brasil, ainda que antes dessa moderna e precisa, é o maior poeta do Simbolismo em Portugal,
data se possam registrar várias manifestações poéticas ligadas tendo exercido grande influência em Fernando Pessoa e Mário
à nova estética. Entre elas, destaca-se a publicação de Canções de Sá-Carneiro, poetas do Modernismo português.
da decadência, de Medeiros e Albuquerque, em 1887. No ano
de 1891, temos o primeiro manifesto simbolista brasileiro, de
Emiliano Perneta, Cruz e Sousa, Bernardino Lopes e Oscar Ro-
sas, publicado na Folha Popular do Rio de Janeiro. Porém, já se
consagraram as seguintes datas, que compreendem o período
de esplendor do Simbolismo no Brasil:
1893 – publicação de Missal (poemas em prosa) e Broquéis
(poemas em verso), de Cruz e Sousa.
1902 – publicação de Os sertões, de Euclides da cunha.
Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens são os maiores
poetas do movimento, seguidos de Pedro KilKerry, Mário Peder-
neiras, Da Costa e Silva e Emiliano Perneta.

ANTÍFONA
(fragmento)

Ó!Formas alvas, brancas, Formas claras


De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras,


De Virgens e de Santas vaporosas...

125
Literatura

Unidade 13 MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

O egocentrismo transparece na obra de Mário de Sá-Carnei-


MODERNISMO EM PORTUGAL ro com tal intensidade, que o poeta acabou por se fragmentar
num ”eu” cada vez mais neurótico e desintegrado. Sua poesia,
emocional, intuitiva e muitas vezes idealizante, expressa as exal-
CONTEXTO HISTÓRICO tações e derrocadas de sua vida interior. As formas tradicionais
conservam-se em muitos de seus poemas, apesar do contato
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é um marco his- que manteve com as inovações das vanguardas em suas longas
tórico importante para a configuração dos novos tempos. Nos estadas em Paris. Sua prosa tem como destaque A confissão
anos que a precederam, os povos da Europa puderam usufruir o de Lúcio, narrativa em 1ª pessoa em que o protagonista expõe
bem-estar proporcionado pelas inovações tecnológicas, sem se suas paixões e obsessões sexuais, sua angústia e solidão.
dar conta de que o pessimismo e a inquietação já prenunciavam Como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro também teve
o grande conflito. As primeiras décadas do século XX constituí- a obsessão do “outro”, isto é, o desejo de ultrapassar a condi-
ram um período difícil da história de Portugal. Economicamente, ção de indivíduo limitado. Este poema em uma única quadra
o país estava empobrecido e estagnado, com a maior parte de ilustra bem sua angústia:
sua população ainda no campo, submissa ao domínio do clero.
A insatisfação com a monarquia já havia atingido índices Eu não sou eu nem sou o outro,
alarmantes em 1910, quando foi proclamada a República. Dois Sou qualquer coisa de intermédio:
anos antes, o rei D. Carlos I fora morto em um atentado, junta- Pilar da ponte de tédio
mente com o príncipe herdeiro, seu filho. Que vai de mim para o Outro.
(Mário de Sá-Carneiro)
PRIMEIRO MOMENTO – ORFISMO
SEGUNDO MOMENTO – PRESENCISMO
2.1 CARACTERÍSTICAS
A ebulição dos movimentos da vanguarda europeia atingiu 3.1 CARACTERÍSTICAS
Portugal em 1915, quando o grupo liderado por Mário de Sá- Em 1927, na cidade de Coimbra, um grupo de jovens inte-
-Carneiro e Fernando Pessoa lançou a revista Orfeu (ou Orpheu, lectuais fundou a revista Presença, com o objetivo de criar uma
como se escrevia na época). Esse grupo tinha em mira a reno- literatura desvinculada de qualquer corrente política, social
vação literária e cultural do país; pretendia, além disso, escan- ou religiosa. Entre esse jovens destacaram-se José Régio e
dalizar a burguesia. Marco inicial do Modernismo português, a João Gaspar Simões, cuja nova maneira de escrever, voltada
revista Orfeu teve apenas dois números, interrompendo-se sua para o mundo interior, tornou-se conhecida por psicologismo. A
publicação com a morte de Mário de Sá-Carneiro. “imaginação psicológica” trouxe uma revalorização da intuição,
O período caracterizava-se pela renovação das formas po- criando um clima intimista na poesia e na prosa.
éticas, com a disseminação do verso livre, relegando as formas
tradicionais, regularmente metrificados e com rimas, para um TERCEIRO MOMENTO – NEO-REALISMO
segundo plano. Temas prosaicos invadem a poesia: a eletricida-
de, a velocidade, o cotidiano. Paralelamente a esse prosaísmo, 4.1 CARACTERÍSTICAS
entretanto, um sentimento de angústia e pessimismo reflete a O advento do Neo-Realismo ocorreu ao mesmo tempo que,
inquietação reinante na Europa com a Primeira Guerra Mundial. em alguns países, surgia uma literatura comprometida com as
desigualdade sociais características do sistema capitalista.
2.2 FERNANDO PESSOA Subjulgado por um governo ditatorial que reprimia com vio-
Fernando Pessoa é um caso único da literatura. Além dos lência as manifestações progressivas, Portugal teve entre seus
poemas que assinou com seu nome, escreveu também uma escritores as vozes críticas contra esse estado de coisas. Uma
quantidade imensa de poemas que atribui a personagens fictí- das maneiras de resistir consistia em engajar-se artisticamente,
cias, conhecidas como seus heterônimos. São três os heterô- isto é, criar obras artísticas ou literárias comprometidas com as
nimos mais importantes: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro causas progressistas que abordassem as questões socioeco-
de Campos. Para cada heterônimo, Pessoa criou uma biografia nômicas e as diferenças ideológicas. Os principais escritores
e estruturou uma obra com características bem definidas. desse período são Ferreira de Castro, Vergílio Ferreira e Fernan-
Ao morrer, Fernando Pessoa havia lançado apenas um livro, do Namora.
Mensagem. Publicou poemas e outros textos em revistas, mas
a quase totalidade de sua obra permaneceu manuscrita e guar- TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
dada em um baú, que ficou aos cuidados de sua irmã. EM PORTUGAL
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal! 5.1 CARACTERÍSTICAS
Por te cruzarmos, quantas mães Na segunda metade do século XX, a literatura portuguesa
[choraram, apresenta um panorama bastante diversificado. A poesia adqui-
Quantos filhos em vão rezaram! riu novo vigor na década de 1950, com o surgimento de várias
Quantas noivas ficaram por casar revistas literárias. Nos últimos anos vem ganhando destaque a
Para que fosses nosso, ó mar! prosa do maior escritor português contemporâneo, José Sara-
(Fernando Pessoa) mago.

126
Literatura

Unidade 14 PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


PRÉ-MODERNISMO Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
CONTEXTO HISTÓRICO
Profundissimamente hipocondríaco,
Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governa- Este ambiente me causa repugnância...
do por presidentes militares – era a chamada República da Sobe-me à boca uma ânsia análoga à
espada (1889 a 1894). A ela seguiu-se um período caracte- [ânsia
rizado por presidentes ligados às oligarquias rurais (a cha- Que se escapa da boca de um cardíaco.
mada “nobreza fundiária”) constituídas por cafeicultores de
São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais – a República do Já o verme – este operário das ruínas
café-com-leite (1894 a 1930). Que o sangue podre das carnificinas
1896-1897 – Guerra de Canudos, na Bahia. Come e à vida em geral declara guerra,
1903 – Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro.
1910 – Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. Anda espreitar meus olhos para roê-los,
1912-1916 – Guerra do Contestado, em Santa Catarina. E há de deixar-me apenas os cabelos,
1917 – São Paulo é palco de inúmeras greves operárias. Na frialdade inorgânica da terra!
Os antigos escravos eram marginalizados e os imigran-
tes europeus que chegavam para trabalhar nas lavouras ou ANJOS, Augusto dos. “Psicologia de um vencido.”
nas indústrias recém-criadas eram submetidos a condições In: Poesia e prosa. São Paulo, Ática, 1977. p.64
de trabalho aviltantes. O Nordeste vivia a estagnação eco-
nômica e bandos de cangaceiros assaltavam propriedades.
As secas levavam à morte milhares de sertanejos e outros
tantos eram facilmente arregimentados na formação de
seitas místicas, lideradas por beatos ou conselheiros, tor-
nado-se fanáticos, pela desesperança e pela crença numa
solução divina para males que, na verdade, tinham origem
econômica.
Este período, compreendido entre 1900 e 1922 caracte-
riza-se pela convivência de várias correntes e estilos, com
predominância ainda do Parnasianismo.
Ao lado do mundo “cor-de-rosa” das elites, estava a
miséria do povo, e pouquíssimos foram os escritores que
voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasi-
leira. Os literatos “oficiais”, parnasianos, estavam, na ver-
dade, preocupados com o prestígio social que a literatura
lhes pudesse dar. Frequentavam cafés, saraus, apreciavam
palavras eruditas, os modismos europeus e o tom retórico,
produzindo uma literatura que convencionou chamar sorri-
so da sociedade.
O Pré-Modernismo, que não é propriamente uma escola
literária, designa genericamente esse período, no qual pou-
cos escritores procuraram interpretar a realidade brasileira,
revelar suas tensões e os problemas sóciopolíticos da épo-
ca.
Algumas datas podem servir de balizamento para esse
período:
1902 – publicação de Canaã, de Graça Aranha, e de Os
sertões, de Euclides da Cunha;
1922 – realização da Semana de Arte Moderna, no Teatro
Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.
Lima Barreto, Euclides da Cunha e Monteiro Lobato, fu-
gindo à regra, foram escritores que viram com olhos críticos
a realidade nacional, construindo uma obra renovadora. Na
poesia, destacou-se Augusto dos Anjos.
Outros escritores importantes no período foram Graça
Aranha, Valdomiro Silveira e Simões Lopes Neto. Os dois
últimos são considerados precursores do moderno regiona-
lismo brasileiro. Graça Aranha notabilizou-se pelo romance
Canaã e por ter renunciado à Academia Brasileira de Letras
em apoio aos modernistas.

127
Literatura

Unidade 15 “– Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mun-


do –, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anar-
quistas, as belas ideias que matam, e o menosprezo da mulher”.
MODERNISMO
Em 1912, aparece o manifesto técnico da literatura futurista,
que propunha a “destruição da sintaxe, o uso de símbolos ma-
O Modernismo tem seu início com a realização da Semana temáticos e musicais e o menosprezo pelo adjetivo, advérbio e
de Arte Moderna em São Paulo, no Teatro Municipal, nos dias pontuação”
13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Organizada por um grupo de Marinetti, seu líder, acabou se tornando sinônimo de Futu-
artistas, esta Semana pretendia igualar a cultura brasileira junto rismo. O problema é que Marinetti é seguidor do fascismo de
às correntes de vanguarda europeia e ao mesmo tempo difundia Mussolini. Isso possibilitou a associação entre Futurismo e
a tomada de consciência da realidade brasileira. Fascismo, por isso muitos modernistas o repudiavam.
Mas a Semana de Arte Moderna não deve ser analisada ape-
nas como um movimento artístico, pois também apresenta uma 3.2 O EXPRESSIONISMO
nova visão política e social. Segundo Mário de Andrade, em sua O movimento surgiu na Alemanha, em 1910. A preocupação
famosa conferência “O Movimento Modernista”, promovida pela era com uma forma de expressar as manifestações do mundo
Casa do Estudante, no Rio de Janeiro, em 1942: “Manifestado interior. Daí a importância da expressão, ou seja, da materializa-
especialmente pela arte, mas manchando também com violên- ção, numa tela ou no papel, de imagens nascidas no mundo in-
cia os costumes sociais e políticos, o movimento modernista foi terior. O Expressionismo não se importava com os conceitos de
o prenunciador, o preparador e por muitas partes o criador de belo e feio na arte. Essa estética se manifestou mais na pintura,
um estado de espírito nacional”. transformando o que iniciava Van Gogh e Cézanne.
Dada a sua base social, é necessária uma análise da situa- No Brasil, a paulista Anita Malfatti, após seus estudos na
ção socioeconômica brasileira para uma melhor compreensão Alemanha, expõe suas obras expressionistas em São Paulo.
do movimento.
3.3 CUBISMO
CONTEXTO HISTÓRICO A pintura cubista surgiu em 1907, a partir das experiências
de Pablo Picasso. Ela valoriza as formas geométricas (cones,
Depois dos governos militares no início da república, agora esferas, cilindros etc.).
os senhores rurais voltam para o poder. Os presidentes são elei- Já a literatura cubista busca aproximar ao máximo as várias
tos ora por São Paulo, ora por Minas Gerais. Essa é a famigera- manifestações artísticas (pintura, literatura, música, escultura),
da “política do café com leite”, que seguirá até 1930. preocupa-se com a organização estrutural do texto e ressalta a
As cidades brasileiras, sobretudo São Paulo, vivem um pro- utilização do espaço em branco da página. Essas característi-
cesso de industrialização e consequente urbanização. Essa mu- cas influenciaram a poesia concreta, no Brasil, na década de 50.
dança ocorreu devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O primeiro manifesto do movimento foi assinado por Guillaume
Desta forma, São Paulo misturava “barão do café”, operá- Apollinaire. Entre muitos postulados, destaca-se a utilização do
rio anarquista, padre, burguês, advogado, negro, entre outros. verso livre e a consequente negação da estrofe, da rima e da
Como observou Mário de Andrade: uma verdadeira “pauliceia harmonia.
desvairada”.
3.4 DADAÍSMO
SEMANA DE ARTE MODERNA Este movimento surgiu em 1916, no meio da guerra, na Suí-
ça. O radicalismo do grupo está logo na escolha do nome, pois
“Nós não sabíamos o que queríamos, mas sabíamos o que a palavra dadá não significa nada. O manifesto dadaísta foi es-
não queríamos (...) o nosso sentido era especificamente destrui- crito por Tristan Tzara. O movimento nega o presente, o pas-
dor”. sado e o futuro. Ele representa a total ausência de perspectiva
diante da guerra, por isso é contra as ordenações lógicas.
VANGUARDAS EUROPEIAS O importante era valorizar as palavras pela sonoridade. Exal-
tação do grito, o urro contra o mundo em guerra e o capitalismo
No início do século XX, o homem vive uma euforia exagera- burguês.
da diante do progresso. No entanto, as consequências destes
avanços são as lutas por mercados fornecedores e consumido- 3.5 SURREALISMO
res, estopim da Primeira Guerra Mundial. O movimento surgiu em 1924, a partir do manifesto escrito
Neste período surgem várias tentativas de interpretação da por André Breton, ex-dadaísta. O Surrealismo está bem próxi-
realidade através da arte. As muitas tendências constituem o mo do Expressionismo e da sondagem do mundo interior. Sua
que se convencionou chamar vanguarda europeia, são elas: idéia principal era a liberação do inconsciente da valorização
Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo e Surrea- do sonho.
lismo. As correntes artísticas aparecem através de seus mani- A grande influência destes artistas são os escritos de Sig-
festos. mund Freud. De acordo em eles, enquanto acordados nossos
pensamentos são entorpecidos, mas durante o sono liberamos
3.1 O FUTURISMO a criança e o selvagem existente em nós. Para os surrealistas só
O primeiro manifesto do movimento foi publicado em 1909, a ausência da razão poderia nos dar a arte.
assinado por Filippo Tommaso Marinetti. O Futurismo apresenta
como pontos fundamentais a exaltação da vida moderna, da
máquina, da eletricidade, do automóvel, da velocidade.
Leia um trecho do manifesto:

128
Literatura

Unidade 16 TEMÁTICA DO PRESENTE


O poeta retratou o mundo que o cercava, repleto de novidades:
a máquina, a civilização industrial, a política, os tipos urbanos, a bur-
MODERNISMO - 1ª FASE guesia e os problemas regionais.

MENINOS CARVOEIROS
Após a Semana de Arte Moderna, inicia-se a primeira fase mo- Os meninos carvoeiros
dernista, que se estende de 1922 a 1930. O principal objetivo dos Passam a caminho da cidade.
seus autores era tentar definir e marcar posições. - É, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho
CONTEXTO HISTÓRICO [enorme.

Nessa década a economia mundial avança para um colapso Os burros são magrinhos e velhos.
que culminou na quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em Cada um leva seis sacos de carvão e de
1929. [lenha.
No Brasil, inicia-se a decadência do domínio político das oligar- A aniagem é toda remendada
quias dos grandes proprietários rurais. O quadro político se esquen- Os carvões caem (...)
ta com as eleições de 1922. Trata-se de uma disputa de interesses (Manuel Bandeira)
pessoais e locais. Essa situação eleitoral desencadeia a revolta de
um importante setor da sociedade: a classe média, sobretudo os Oposição ao academicismo
jovens oficiais militares. A subversão das regras gramaticais também foi marcante.
A revolta da população desencadeou um processo revolu- Observam-se trechos sem pontuação, versos descontínuos, elíp-
cionário que se iniciou com a revolta dos militares do Forte de ticos.
Copacabana. Em São Paulo, os militares exigem o fim da corrup- A paródia serviu de criatividade linguística do primeiro Moder-
ção, maior representatividade política, voto secreto e justiça. Este nismo. Foi recurso para os escritores incorporarem criticamente o
movimento dos tenentes termina com a retirada dos revoltosos passado e darem início ao processo artístico modernista.
para o interior do estado. Eles se juntam com os revolucionários
liderados por Luís Carlos Prestes e correm o Brasil com a Coluna Minha terra tem palmares
Prestes. Onde gorjeia o mar (...)
No ano de 1922 é fundado o Partido Comunista, que entre seus
fundadores continha vários egressos das lutas anarquistas. 2.1 MÁRIO DE ANDRADE
O fim deste período conturbado só acontece com a Revolução Mário de Andrade (1893-1945) foi um dos responsáveis di-
de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder. retos pela Semana de Arte Moderna. Prosador, poeta e crítico
literário, teve destacada atuação como músico e folclorista.
CARACTERÍSTICAS A poesia de Mário de Andrade causou muita estranheza,
principalmente por seu caráter aparentemente denotativo e pela
A primeira fase do movimento modernista é a mais radical, por- linguagem, à primeira vista, pouco metafórica. No intuito de
que rompe com todas as estruturas do passado. O objetivo maior transpor para a poesia a linguagem cotidiana, falada popular-
dos seus autores era destruir, daí o aspecto anárquico desta fase. mente no Brasil, Mário de Andrade emprega termos e expres-
Segundo Mário de Andrade: sões usuais, intercalando-os com neologismos, que constituem
verdadeira marca registrada de sua geração.
“O que caracteriza esta realidade que o movimento modernista Na prosa, Mário de Andrade revelou-se inicialmente como
impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios fundamentais: o direito autor de contos, escritos em uma linguagem marcada por um li-
permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística rismo que não impede o tom coloquial e que proporciona, quase
brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional”. sempre, uma visão pessimista e desencantada da vida.

Nacionalismo na linguagem e nos temas 2.2 OSWALD DE ANDRADE


O nacionalismo se manifesta de diversas maneiras, como atra- Oswald de Andrade participou ativamente da Semana de Arte
vés de uma volta às origens, (principalmente ao Quinhentismo); Moderna. Publicou o Manifesto Pau Brasil e o Manifesto Antro-
através da procura de uma “língua brasileira” (a fala na rua pelo pofágico. Na poesia, Oswald de Andrade encarna a perfeição do
povo); através das paródias (repensando a história e a literatura bra- estilo irreverente e anárquico da primeira fase do Modernismo.
sileira). Recorrendo ao poema-piada e à paródia. Oswald criticou as for-
Os temas versaram sobre a cultura brasileira, o folclore, o ho- mas tradicionais de fazer poesia, empreendendo, ao mesmo tem-
mem brasileiro, valendo a paródia, a paráfrase e até a antropofagia. po, uma revisão crítica da história do Brasil que demoliu velhos
mitos. Sua linguagem poética, extremamente simples, caracteri-
Vício na fala za-se pelo humor e pelos efeitos inesperados.
Na prosa, Oswald usa de uma técnica bastante inovadora,
Para dizerem milho dizem mio tentando reproduzir no texto a descontinuidade própria da lin-
Pra melhor dizem mio guagem cinematográfica. Os capítulos podem se constituir de
Para pior pio apenas dois os três parágrafos, em que ocorrem estrangeirismo,
Para telha dizem teia neologismos, flexões verbais e construções sintáticas ousadas,
Para telhado dizem teiado com efeitos surpreendentes. Inovador também no teatro, Oswald
E vão fazendo telhados. não chegou a ver suas peças encenadas. O homem e o cavalo,
(Oswald de Andrade) A morta e O rei da Vela não são peças fáceis de ser encenadas.

129
Literatura
PRONOMINAIS Unidade 17
Dê-me um cigarro
Diz a gramática MODERNISMO - 2ª FASE
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco A segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de
Da nação brasileira 1930 a 1945. Esta produção literária é consequência das con-
Dizem todos os dias quistas da geração de 22. Trata-se de um período de intensa
Deixa disso camarada produção em poesia e em prosa.
Me dá um cigarro
(Oswald de Andrade) CONTEXTO HISTÓRICO

2.3 MANUEL BANDEIRA Os anos 30 se iniciam sob o impacto da quebra da Bolsa


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, de Valores de Nova Iorque e sua consequente crise: o colapso
em 1886, quando jovem vai para o Rio de Janeiro e depois São no sistema financeiro mundial, as falências, o desemprego e a
Paulo. Porém, vítima da tuberculose volta ao Rio. Vive um pe- miséria. Assim, o estado procura intervir na economia.
ríodo de peregrinação por casas de saúde no Brasil e Europa. No Brasil, merece destaque a Revolução de 30, que levou
Em 1917 estreia com o volume de poesias A cinza das horas, Getúlio Vargas ao poder com um governo provisório.
no qual há influências parnasianas e simbolistas. Participa da Mais tarde, o chamado Estado Novo é iniciado por Getúlio e
Semana de Arte Moderna à distância, mandando o poema “Os os integralistas. Será um longo período antidemocrático, antico-
Sapos”, porque não concordava com a intensidade dos ataques munista, em um nacionalismo conservador e centrado em um úni-
feitos aos parnasianos e simbolistas. co chefe: Getúlio Vargas. Isso se segue até sua renúncia em 1945.
Aos poucos o poeta vai se engajando na estética modernis-
ta. Com a publicação do livro Libertinagem (1930) dá o seu defi- POESIA
nitivo salto para o Modernismo. Essa é uma das mais importan-
tes obras de toda a literatura brasileira, porque nela amadurece 2.1 CARACTERÍSTICAS
a idéia da liberdade na forma e no conteúdo. A principal ideia desta poesia está no amadurecimento e
Seus principais temas são: família, a morte, o Recife, o rio aprofundamento das conquistas da geração de 1922. A influ-
Capiberibe. Todos falando o português do Brasil. Na sua poesia ência de Mário e Oswald de Andrade é muito significativa nos
são patentes o humor negro, o ceticismo e a ironia. Leia um dos novos autores, como Drummond e Murilo Mendes.
seus poemas mais famosos do livro Libertinagem: Esta relação com seus antecessores se dá principalmente
no aspecto formal, pois eles continuam explorando o verso e
PNEUMOTÓRAX livre e a poesia sintética.
Febre, hemoptise, dispnéia e suores Os temas desta poesia abordam a realidade com maior ên-
[noturnos fase. Há uma tentativa de explorar e interpretar o estar no mun-
A vida inteira que podia ter sido e que do. Trata-se de uma literatura mais politizada, portanto.
[não foi
Tosse, tosse, tosse. 2.2 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Mandou chamar o médico A poesia de Drummond evolui dos temas do cotidiano, dos
- Diga trinta e três motivos não poéticos, para as manifestações da sensação de
Trinta e três... trinta e três... trinta e não estar perfeitamente ajustado ao mundo, a inquietação com
[três... a guerra, o enigma da existência humana. Tudo pontilhado de
Respire fina ironia e do “sentimento do mundo”.

O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o direi- CIDADEZINHA QUALQUER


to infiltrado.
Então, doutor, não é possível tentar o Casas entre bananeiras
[pneumotórax? mulheres entre laranjeiras
Não. A única coisa a fazer é tocar um pomar amor cantar.
[tango argentino.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.


Êta vida besta, meu Deus

(Carlos Drummond de Andrade)

2.3 CECÍLIA MEIRELES


Fatos de sua vida, paisagens e viagens são temas de inspi-
ração para a poetisa que, entretanto, expressam mais a emoção
e os seus sentimentos interiores. Quanto aos aspectos formais,

130
Literatura
destacam-se em Cecília o domínio de diversas formas poéticas 3.2 CARACTERÍSTICAS
– a canção, a redondilha, o soneto, etc. – e um excepcional sen- As consequências da Revolução de 30, os efeitos da crise
so de leveza e sonoridade. A musicalidade, o dom de descobrir econômica mundial, e os choques ideológicos são elementos
o potencial sonoro para a expressividade das palavras caracte- que contribuem para uma literatura mais engajada. Surge um
rizam sua poesia lírica. romance marcado pela denúncia social. São narrativas que re-
gistram a realidade brasileira.
A DOCE CANÇÃO Segundo José Lins do Rego, uma das características do
Pus-me a cantar minha pena moderno romance brasileiro é o encontro do escritor com o seu
com uma palavra tão doce, povo.
de maneira tão serena, Na pista do homem brasileiro esparramado por este vasto
que até Deus pensou que fosse país, surge um regionalismo inédito em nossa literatura. Assim,
felicidade – e não pena. surgem histórias sobre as regiões da cana e seus engenhos, as
secas, as músicas, entre outros.
Anjos de lira dourada A primeira obra deste romance regionalista nordestino foi A
debruçaram-se da altura. Bagaceira, de José Américo de Almeida, publicada em 1928.
Não houve, no chão, criatura Neste período também é importante lembrarmos o Manifesto
de que eu não fosse invejada, Regionalista de 1926.
pela minha voz tão pura. A Bagaceira representa um marco na história da literatura
(Cecília Meireles) brasileira, pois apresenta o engajamento social desta fase com
os retirantes, a seca e o engenho; embora seus valores estéti-
2.4 VINICIUS DE MORAES cos sejam questionáveis.
A trajetória poética de Vinicius de Moraes tem dois momen-
tos distintos, que correspondem a sua trajetória pessoal. Ini-
cialmente, Vinicius é um poeta transcendental e místico, com
acentuada religiosidade cristã. Na fase seguinte ocorre sua
aproximação com o mundo material, em que se revela o inte-
resse pelo cotidiano, pela figura feminina, o desejo de usufruir
os prazeres da vida. Vinicius exaltou em verso e prosa a beleza
da mulher, o gosto de viver, a paixão pelo Rio de Janeiro e pelo
Brasil.

2.5 MURILO MENDES


Sua poesia se caracteriza pela adoção do poema-piada e
por uma combinação insólita entre palavras, meio surrealista,
misturando o real e o irreal. Escreveu também paródias.

A mulher do fim do mundo


Dá de comer às roseiras,
Dá de beber às estátuas,
Dá de sonhar aos poetas.

A mulher do fim do mundo


Chama a luz com um assobio.
Faz a virgem virar pedra,
Cura a tempestade,
Desvia o curso dos sonhos.
Escreve cartas ao rio,
Me puxa do sono eterno
Para os seus braços que cantam.

MENDES, Murilo. “Metade pássaro.”


In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1994. p. 223-4.

MODERNISMO - 2ª FASE

3.1 PROSA
A prosa da segunda fase modernista reflete o mesmo mo-
mento histórico (período de 1930 a 1945) e apresenta as mes-
mas preocupações dos poetas desta fase.
Assim, apresentando uma prosa inovadora, que aprovei-
ta as conquistas da geração de 1922, surgiram autores como
José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge
Amado e Érico Veríssimo.

131
Literatura

Unidade 18 POESIA

Na poesia, surge uma geração de poetas que se opõem às


MODERNISMO - 3ª FASE (1945-1960) conquistas e inovações dos modernistas de 22. A nova propos-
ta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu (1947). Assim,
negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brin-
CONTEXTO HISTÓRICO cadeiras” modernistas, os poetas de 45 buscam uma poesia
mais “equilibrada e séria”. Os modelos voltam a ser os Parna-
1945 = fim da 2ª Guerra Mundial, início da Era Atômica sianos e Simbolistas. Principais autores: Ledo Ivo, Péricles Eu-
(Hiroxima e Nagasaki), ONU, Declaração dos Direitos do Ho- gênio da Silva Ramos, Geir de Campos e Darcy Damasceno. No
mem, Guerra Fria. No Brasil, fim da ditadura Vargas, rede- fim dos anos 40, surge um poeta singular, pois não está filiado
mocratização brasileira, retomada de perseguições políticas, esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
ilegalidades e exílios.
3.1 JOÃO CABRAL DE MELO NETO
PROSA Estreando em 1942, e escrevendo poesia ao longo de cinco
décadas seguintes, João Cabral criou uma vasta obra em que
A literatura brasileira, assim como o cenário social, passa tenta “despoetizar os poemas”, construindo-os de forma estu-
por transformações. dada e rigorosa. Busca sempre o “verso nítido/e preciso”. Em
A prosa, tanto no romance quanto nos contos, busca uma sua fase inicial, há poemas quase surrealistas, como “Noturno”:
literatura intimista, de sondagem psicológica, introspecti-
va, com destaque para Clarice Lispector. Ao mesmo tempo, O mar soprava os sinos
o regionalismo adquire uma nova dimensão com Guimarães o sinos secavam as flores
Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, pe- as flores eram cabeças de santos
netrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central.
Um traço característico comum a Clarice e a Guimarães Rosa
é a pesquisa da linguagem, por isso são chamados instru-
mentalistas. Enquanto Guimarães Rosa preocupa-se com a
manutenção do enredo com o suspense, Clarice abandona
quase que completamente a noção de trama e detém-se no
registro de incidentes do cotidiano ou no mergulho para den-
tro dos personagens.

2.1 GUIMARÃES ROSA


A linguagem original de Guimarães Rosa renovou radical-
mente a literatura regionalista, permitindo-lhe superar seus
limites tradicionais – como prender-se a aspectos apenas fol-
clóricos ou tentar fazer reportagem. Retratando as persona-
gens de um ambiente rural, que vivem em vilarejos e fazendas
no norte de Minas Gerais, num tempo indefinido e distante da
civilização.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS


“Diadorim a vir - do topo da rua, punhal em mão, avançar -
correndo amouco... Aí, eles se vinham, cometer. Os trezentos
passos. Como eu estava depravado a vivo, quedando. Eles
todos, na fúria, tão animosamente. Menos eu! Arrepele que
não prestava para tramandar uma ordem, gritar um conse-
lho. Nem cochichar comigo pude. Boca se encheu de cuspes.
Babei... Mas eles vinham, se avinham, num pé-de-vento, no
desadoro, bramavam, se investiram... Ao que - fechou o fim
e se fizeram.”

2.2 CLARICE LISPECTOR


Clarice Lispector é considerada uma autora intimista, pois
tem como tema principal a vivência interior, o que se passa
no íntimo do narrador ou das personagens. As impressões e
sensações do “eu” são mais importantes do que os fatos que
as desencadeiam. Os fatos são em geral banais, situações
do cotidiano das grandes cidades, quase sempre com uma
mulher como protagonista, representando pouco mais que o
pretexto para o narrador expor as inquietações de suas per-
sonagens. Reduz-se o enredo ao mínimo necessário, como
elemento detonador das situações vivenciadas no mundo in-
terior das personagens.

132
Literatura

Unidade 19 poetas: Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Cam-


pos. Duas revistas ajudaram a divulgar as ideias concretistas:
TENDÊNCIAS DA LITERATURA Noigandres (criada pelos poetas citados acima) e a revista Ino-
vação.
BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Os poetas concretos pregavam: o fim da poesia intimista
e o desaparecimento do eu lírico (acreditavam que a poesia
é fruto de um trabalho mental e de esforço que implica em re-
Se eu não vejo a mulher fazer o texto várias vezes até que ele atinja a sua forma mais
que eu mais desejo adequada; e não, fruto de sentimentos e emoções), a linguagem
nada que eu veja geométrica e visual, pregavam o fim do verso e da sintaxe tra-
vale o que eu não vejo dicional.
(Augusto de Campos) Brincavam com as formas, cores, decomposição e monta-
gem das palavras. Para conseguir tais efeitos, recorreram ao Fu-
Façam a festa turismo (destruição da sintaxe, verbos no infinitivo, abolição de
Cantem e dancem adjetivos e advérbios, abolição dos sinais de pontuação, estes
que eu faço o poema duro seriam substituídos pelos sinais matemáticos e musicais, etc.) e
o poema-muro ao Cubismo (ilogismo, humor, linguagem nominal, etc.) e deram
sujo continuidade a certas experiências formais usadas por Murilo
como a miséria brasileira. Mendes, Drummond e João Cabral de Melo Neto. Abaixo temos
(Ferreira Gullar) um exemplo de um dos textos concretos mais conhecidos.
A poesia da Geração de 22 (Mário de Andrade, Manuel
Bandeira) rompeu com o academicismo, concretizou a liberda-
de temática, o verso livre e branco e gritou pela brasilidade; já a COCA-COLA
poesia da Geração de 30 (Drummond, Cecília Meireles) herdou
o verso livre e branco, revitalizou a linguagem mais formal e bus-
cou uma temática universal. B E B A     C O C A     C O L A
A poesia da geração seguinte, denominada Geração de 45,
fez com que alguns elementos da formalidade parnasiana re-
tornassem, recuperando o soneto, mas também houve poetas B A B E                       C O L A
que, segundo Alfredo Bosi, professor e crítico de Literatura dos
mais respeitados no Brasil, redigissem poemas com as seguin-
tes características:
O subdesenvolvimento brasileiro com a incorporação de B E B A     C O C A
elementos de cultura estrangeira sendo reinterpretados segun-
do a visão expressa por Oswald de Andrade no Manifesto An-
tropófago – é o Tropicalismo de Gilberto Gil, Caetano Veloso, B A B E     C O L A     C A C O
Torquato Neto, Tom Zé e outros músicos, poetas e intelectuais;
Testemunho crítico da realidade social, política e moral
em poesia frequentemente feita por poetas compositores, como CACO
Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Arrigo
Barnabé, Arnaldo Antunes e outros;
Rejeição ao verso tradicional, transformando o poema em
um objeto de constante pesquisa e de propostas poéticas di- COLA
ferentes;
Busca do verso sintético, rápido, essencial;
A metalinguagem (fazer poético) como tema constante; CLOACA
Experiências inovadoras no trato com a linguagem por
meio do Concretismo, da Poesia-práxis e do Poema-processo; (Décio Pignatari)
A poesia engajada de Ferreira Gullar e os versos musicais
de Paulo Leminski; Partindo do Slogan “Beba Coca-Cola” o autor desmontou as pala-
Inovações interessantes, mas não bem localizadas porque vras, mudou fonemas e formou novas palavras.
pouco estudadas, da poesia marginal (ou literatura de mimeó-
grafo) feita por estudantes e, ainda, a poesia intrigante e rápida Beba - Babe
dos grafiteiros urbanos.

ALGUMAS DAS TENDÊNCIAS DA Coca – Caco


POESIA CONTEMPORÂNEA SÃO:

1.1 CONCRETISMO
Foi a mais importante corrente de vanguarda (movimentos Beba Coca – babe cola; babe cola caco
de caráter agressivo e experimental que rompiam os padrões da
arte tradicional) da nossa literatura e influenciou poetas, artistas A partir dos fonemas que existem em coca- cola o autor
plásticos e músicos. termina o seu poema com a palavra “cloaca” que significa “es-
Esse movimento começou em 1956 e foi liderado por três goto”.

133
Literatura
No Concretismo, podemos ler o poema de várias formas: 1.3 A POESIA MARGINAL DOS ANOS 70
vertical ou horizontalmente, como no exemplo abaixo: Os anos da ditadura (1964-1985) foram pouco favoráveis
à produção literária, prejudicada continuamente pela ação da
VVVVVVVVVV censura. Nesse contexto houve maior prejuízo para a poesia,
gênero menos importante para os novos interesses da indústria
VVVVVVVVVE
cultural. Um grupo de poetas disposto a divulgar seu trabalho
VVVVVVVVEL foram às ruas e a eventos culturais vender seus livros. Surgiam
os autores da “poesia marginal dos anos 70”, que tinham o de-
VVVVVVVELO
sejo de contestar, concebendo a poesia como forma de resis-
VVVVVVELOC tência cultural contra a repressão imposta pela censura durante
o período ditatorial. Os principais autores deste período são
VVVVVELOCI Paulo Leminski, Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chico Alvim.
VVVVELOCID
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
VVVELOCIDA PROSA
VVELOCIDAD
Uma das características marcantes do Pós-Modernismo é
VELOCIDADE o pluralismo de estilo (ecletismo). No caso da prosa (romance,
conto, crônica) essa diversidade de tendências pode ser assim
(Ronaldo Azeredo) esquematizada:

1.2 POESIA-PRÁXIS 2.1 PROSA REGIONALISTA


Em 1961, o poeta Mário Chamie, que fazia parte do grupo Seguindo a trilha de Guimarães Rosa, muitos autores esco-
da Poesia Concreta, rompeu com o Concretismo e formou o lhem como cenário o universo regional habitado por nosso ser-
seu próprio grupo de poetas experimentais, partindo para o que tanejo. É o caso de Mário Palmério (Vila dos confins, Chapadão
denominou poesia-práxis. do Bugre); Bernardo Elis (O tronco), Ariano Suassuna (A pedra
O manifesto didático da poesia-práxis foi publicado em do reino)
1962, no livro de Mário Chamie, Lavra Lavra, em que estavam
algumas premissas básicas do grupo. Os praxistas, abertamen- 2.2 PROSA POLÍTICA
te contra o Concretismo, repudiavam a “estrutura matemática” A ação da censura sobre os meios de comunicação de mas-
do poema e afirmavam que o espaço em branco da página não sa – em especial a televisão e o jornal – favoreceu o surgimento
era tão importante. de uma fértil tendência da literatura contemporânea no Brasil.
A poesia-práxis redescobre o verso como estrutura básica Como a informação jornalística era controlada, a literatura foi o
do poema, mas não da maneira tradicional. Sempre há uma veículo escolhido “para dizer o que a censura impedia o jornal
palavra básica (ou palavras básicas) que funciona como vetor de dizer”, como se o romance estivesse suprindo um dos obje-
(orientação) das outras. O poeta busca, na prática, no dia a dia, tivos do jornal: registrar o dia a dia da história.
o objeto do seu poema de tal forma que autor/objeto/leitor são Surge daí as duas tendências principais da prosa política:
os escritores da obra.
2.2.1 Romance-reportagem
Leia, a seguir, um poema de Mário Chamie. São obras que empregam linguagem jornalística, criando
enredos baseados em fatos fictícios ou reais, em que se de-
nuncia a violência social e política a que o país ficou submetido
durante longo tempo.
Destacam-se Ignácio de Loyola Brandão, Antonio Callado,
Roberto Drummond e José Louzeiro. Essa literatura é também
povo: um cardume sem dono conhecida como “literatura verdade”.
um ardume nos olhos Muitas vezes, o autor exagera propositalmente os traços
um friúme nos ossos. narrativos e descritivos: é o hiper-realismo, como ocorre em
uma frebe alguns contos de Rubem Fonseca, um dos mais importantes
uma peste. prosadores da atualidade.
um fio de fumo
nos olhos do homem. 2.2.2 Realismo fantástico
um fio de gume Outros escritores, com o mesmo objetivo de denúncia, criam
no lombo de couro do pobre. situações irreais, absurdas, que funcionam como metáfora para
um corte sem rumo. situação do país.
X O pioneiro dessa tendência é Murilo Rubião. Destacam-se
o cardume dos peixes do lucro: ainda José J.Veiga e Moacyr Scliar.
o azedume.
o ofício pro domo do dono 2.3 PROSA URBANA
do couro no cume do custo do ouro. Trata dos grandes centros urbanos em seus problemas es-
pecíficos: progresso, violência, solidão, marginalização. Des-
tacam-se Luiz Vilela, Ricardo Ramos, e, principalmente Dalton
Trvisan e Rubem Fonseca.

134
Literatura
2.4 PROSA INTIMISTA
Na mesma linha de sondagem psicológica de Clarice Lis-
pector, esse tipo de narrativa apresenta personagens angustia-
das, cujo interior o escritor vasculha.
Enquadram-se nesta tendência: Lygia Fagundes Telles – em
grande parte de sua obra -, Autran Dourado, Osman Lins, Lya
Luft.

2.5 PROSA MEMORIALISTA OU AUTOBIOGRÁFICA


Gênero raro até então na literatura brasileira, ganhou nova
força nesse período. Destacam-se Pedro Nava e o veterano Éri-
co Veríssimo.

2.6 O CONTO E A CRÔNICA


A crônica, que geralmente se prende ao registro do cotidia-
no, tornou-se um dos gêneros mais cultivados contemporane-
amente, com lugar reservado nos grandes jornais do país. O
mesmo acontece com o conto.

135
Literatura

Unidade 20 Na estrofe acima, de Gregório de Matos, a principal caracte-


rística do Barroco é:

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO a) O culto da natureza.


b) A utilização de rimas alternadas.
c) A forte presença de antíteses.
01. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadoris- d) O culto do amor cortês.
mo em Portugal. e) O uso de aliterações.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poe-
sia e a música. 06. Das afirmações abaixo, em torno do Barroco e do Arca-
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros dismo no Brasil:
ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros. I – O cultismo (jogo de palavras) e o conceptismo (jogo de
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento ideias) são típicos do Arcadismo brasileiro, preso a uma con-
entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e cepção neoclássica da arte.
extrema submissão. II – Gosto pelo paradoxo e pelas antíteses, desequilíbrio,
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do culto do contraste são algumas das características do estilo
ponto de vista feminino. barroco.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas canti- III – O estilo barroco procura a síntese entre o teocentrismo
gas de amor galego-portuguesas. e o antropocentrismo.
IV – Os poetas Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga
02. Marque a alternativa INCORRETA a respeito do Huma- e Basílio da Gama são representantes típicos do Arcadismo no
nismo: Brasil.
a) época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. São corretas, apenas:
b) o teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo. a) I e II b) II e III
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época. c) III e IV d) I, II e III
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, publica- e) II, III e IV
das em 1516 com o nome de Cancioneiro Geral.
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo assun- 07. Assinale a alternativa que apresenta eventos que marca-
to é religioso, desprovido de crítica social. ram e favoreceram o Romantismo.

03. Em Os Lusíadas, Luís de Camões: I. Valorização dos próprios sentimentos, desejo de igualda-
I. Narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. de, liberdade e reformas sociais.
II. Tem por objetivo criticar a ambição dos navegantes por- II. Desenvolvimento do sentimento nacionalista e o desejo
tugueses que abandonam a pátria à mercê dos inimigos para de autonomia política que o momento histórico favorecia.
buscar ouro e glória em terras distantes. III. Valorização do aspecto material da vida, afeita aos pro-
III. Exalta sublimemente os feitos heróicos dos lusitanos, se- blemas sociais retratados detalhadamente.
guindo os modelos da Antiguidade Clássica IV. Desenvolvimento da ciência experimental e surgimento
IV. Lamenta que, apesar de ter domado os mares e desco- da algumas correntes filosóficas como o positivismo, o determi-
berto novas terras, Portugal acabe subjugado pela Espanha. nismo e o evolucionismo.
V. Tem como objetivo elogiar a bravura dos portugueses e o a) I e IIb) I e IV
faz através da narração dos episódios mais valorosos da colo- c) II e III
nização brasileira. d) III e IV
Estão corretas: e) Nenhumas das alternativas
a) I, II e III b) Apenas I
c) IV e V d) I e III 08. Uma das características do Naturalismo é o determinis-
e) Apenas V mo. Assinale a alternativa que contém o exemplo correto para
essa característica.
04. As primeiras manifestações literárias que se registram na
Literatura Brasileira referem-se a: a) Determinismo é apresentar a vida como ela é.
b) Determinismo é a tendência de imitar a realidade.
a) Literatura informativa sobre o Brasil e literatura didática, c) O destino das personagens está subordinado às condi-
catequética (obra dos jesuítas). ções de raça, meio e momento histórico.
b) Romances e contos dos primeiros colonizadores. d) O narrador determina qual é o conflito que viverão as per-
c) Poesia épica e prosa de ficção. sonagens.
d) Obras de estilo clássico, renascentista. e) A paisagem e as personagens obedecem a uma ordem
e) Poemas românticos indianistas. científica.

05. Leia o poema que segue e responda a questão. 09. Baseando-se no trecho abaixo do poeta modernista Ma-
nuel Bandeira, responda:
Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura, Trem de ferro
Em tristes sombras morre a formosura, Café com pão
Em contínuas tristezas a alegria. Café com pão
Café com pão

136
Literatura
Virge Maria que foi isto maquinista...
(Manuel Bandeira)

I - A significação do trecho provém da sugestão sonora.


II - O poeta utiliza expressões da fala popular brasileira
III - A temática e a estrutura do poema contrariam o progra-
ma poético do Modernismo.

a) se I, II e III forem corretas


b) se I e II forem corretas e III incorreta
c) se I,II e III forem incorreta
d) se I e II forem incorretas e apenas III correta
e) se III for correta e I for incorreta

10. Sobre a linguagem literária e estilos literários, indique a


alternativa INCORRETA:

a) A linguagem da poesia simbolista tende a ser mais vaga e


imprecisa, e vem cercada por musicalidade, a exemplo do ver-
so: “Véus neblinosos, longos véus de viúvas”.

b) Os poetas românticos fizeram uso de uma linguagem ex-


cessivamente adjetivada, cujo objetivo era a expressão dos es-
tados de alma do poeta, como no verso: “A tarde está tão bela,
e tão serena”.

c) A poesia parnasiana ficou marcada por uma linguagem


espontânea, cujas palavras ornamentais ampliavam o significa-
do, como no verso: “Purpúreas velas de real trirreme”.

d) A partir do modernismo a poesia passou a se expressar


em uma linguagem menos clássica e mais voltada para o coti-
diano, como no verso: “Estes cães da roça parecem homens de
negócio”.

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