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Unidade I

OFICINA DE REDAÇÃO

Prof. Adilson Oliveira


Oficina de Redação

 Noções de texto.

 Modalidade oral e modalidade escrita.

 Qualidades do texto escrito.


Noções de texto

 A palavra “texto” é empregada para


designar a comunicação escrita.

 A noção de texto, contudo, é bem mais


ampla do que essa ideia do senso comum.
De forma genérica, podemos dizer que
texto é a forma de expressar uma ideia, ou
seja, é como materializamos a ideia. Para
construir um texto e torná-lo uma unidade
de sentido, utilizamos a linguagem, seja
ela verbal ou não verbal.
Noções de texto

Exemplos de textos

 Não verbais: foto, quadro, gravura etc.

 Verbais: conversa de bar, conversa


telefônica, scrap, torpedo, carta,
romance etc.
Fala

 Possibilidade de reformulação a partir


das reações do interlocutor.
 Frases incompletas.
 Menor preocupação com a construção
sintática das orações.
 Menor preocupação com a escolha das
palavras.
 Menor preocupação com as regras da
norma padrão.
 A entonação dá o ritmo das frases.
 Complementação de sentido com
expressões faciais e gestos.
Escrita

 Sem acesso imediato às reações


do interlocutor.
 Preocupação com a organização
sintática das orações e períodos.
 Maior preocupação com a construção
sintática das orações.
 Preocupação com a precisão e a
adequação vocabular.
 Maior preocupação com as regras da
norma padrão.
 Necessidade da pontuação correta.
 O sentido é construído somente
pelas palavras escritas.
Fala

 A fala faz parte da história do homem.


Nem todas as sociedades têm ou
tiveram escrita, mas todas fazem
uso da língua oral.

 Desde pequenos, aprendemos a falar e


expressar nossas necessidades. Mesmo
sem uma educação formal, aprendemos
a “gramática natural” da língua,
conseguindo construir frases
com sentido.
Escrita

 Um texto escrito é composto por frases. A


frase é o elemento básico de um texto. Se
não apresentar verbo, é chamada de
nominal. Com verbo, torna-se uma oração.
Agrupando frases ou orações, formamos
períodos e parágrafos. Um período é um
conjunto de orações que se inicia com a
letra maiúscula e termina no ponto final. O
conjunto de períodos forma o parágrafo,
cuja construção é norteada pela ideia
central, chamada de tópico frasal.
Escrita

Observe a oração:
 Com sertesa, as peçoas têm intereces
variados.

Esse tipo de erro, normalmente, “choca”


o leitor. Contudo, as questões ortográficas
não são as únicas relevantes na passagem
da fala para a escrita e nem as mais
preocupantes. Há também os aspectos de
sintaxe, como concordância verbal e
nominal, regência, uso dos complementos
e adjuntos, entre outros.
Escrita

Observe o exemplo:
 Em relação do que fazem as crianças, os
professores entendem elas agem onde
sabem como evitar, o constrangimento.

Nesse caso, o texto não apresenta nenhum


problema ortográfico, o que pode dar a
falsa ilusão de que esteja bem escrito. Mas
percebemos que a mensagem não é clara,
pois o texto apresenta problemas de
construção e sua “correção” é mais
complexa.
Escrita

Correção:
 Os professores entendem o
comportamento das crianças e, por isso,
sabem como evitar as ações que causam
constrangimento.

A escrita requer maior cuidado e


preparação do que a fala, por isso muitos
falantes da língua sentem “dificuldade em
escrever”. Não basta dominar a ortografia
para produzir um bom texto.
Escrita

Um bom texto escrito é aquele que


consegue transmitir bem a sua mensagem.
Para isso, são necessárias algumas
qualidades básicas:

 adequação da linguagem;
 clareza;
 coesão;
 coerência;
 concisão;
 correção gramatical.
Interatividade

Observe a letra desta canção para escolher a alternativa correta:


“A gente quer calor no coração;/ a gente quer suar, mas de
prazer:/ a gente quer é ter muita saúde;/ a gente quer viver a
liberdade;/ a gente quer viver felicidade./ É, a gente não tem cara
de panaca,/ a gente não tem jeito de babaca...”
(Luiz Gonzaga Jr.)
a) Nessa letra, de Gonzaguinha, vimos o uso inadequado das
gírias "panaca" e "babaca", já que o texto escrito não permite
o uso de gírias.
b) Por ser a canção um registro escrito, o compositor deveria ter
empregado em vez de “babaca”, a sua variante culta
"basbaque".
c) O uso da gíria no texto está adequado, pois o registro da
canção é informal.
d) A gíria é um recurso linguístico saudável e pode ser
interessante e criativa, mas só pode ser empregada na língua
oral, nunca na escrita.
e) Nessa letra de música, o uso da expressão "a gente" em
substituição a "nós" está incorreto, pois contraria o registro
formal exigido em todo texto escrito.
Resposta

c) O uso da gíria no texto está adequado,


pois o registro da canção é informal.
Adequação de linguagem

 Para saber comunicar bem, temos que


saber escolher a linguagem mais
apropriada aos nossos objetivos, ao nosso
interlocutor e ao contexto de comunicação.

 Um bom comunicador tem amplo domínio


da linguagem de forma a sempre adequá-la
à situação de comunicação em que
se encontra.
Níveis de linguagem

 Consideram-se dois níveis de linguagem:


o formal e o informal. Costuma-se, ainda,
subdividir o nível informal em coloquial
e popular.
 No nível formal, há mais preocupação com
a forma, ou seja, há maior cuidado na
escolha das palavras, evitam-se as gírias,
por exemplo, e procura-se elaborar mais a
construção das orações e períodos,
prestando mais atenção às regras da
sintaxe da norma culta.
 No nível informal, há mais liberdade, ou
seja, maior espontaneidade.
Exemplo de formalidade

A importância do Tratado de Lisboa:


 “Nenhum sucesso da Presidência
portuguesa da União Europeia é tão
marcante como o Tratado de Lisboa.
Nenhum contribuiu tanto para reforçar o
prestígio internacional de Portugal. E
nenhum outro fez avançar mais o projeto
europeu. [...]
Portugal e a cidade de Lisboa ficarão para
sempre ligados a este virar de página. E é,
sem dúvida, um motivo de orgulho para o
Governo e para a nossa diplomacia, mas
também para todos os portugueses, que o
nosso País tenha sido capaz de liderar
esta difícil negociação política.”
Exemplo de informalidade

Pronominais
Oswald de Andrade
“Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.”
Variedades linguísticas
e norma culta ou padrão norma
culta ou
padrão

 Variedade linguística é cada um dos


sistemas em que a língua se diversifica,
alterando seus elementos (vocabulário,
pronúncia, morfologia ou sintaxe).

 A variação linguística é algo natural,


uma vez que a língua é um fenômeno
social dinâmico.
Variedades linguísticas
e norma culta ou padrão

 Deve-se ressaltar que existe uma norma


culta ou norma padrão que é, de certa
forma, “imposta” como a “correta”. É
formada por regras que determinam
como as pessoas devem se expressar.
Dominar a norma culta é importante, pois
muitas pessoas são discriminadas,
profissional ou socialmente, por não
terem o conhecimento da língua padrão.
Seleção lexical

 Entende-se por léxico o conjunto de


palavras usadas pelos falantes da língua.
Desta forma, a seleção lexical deve ser
entendida como a escolha das palavras.
Embora haja os sinônimos, a troca de
palavras, muitas vezes, altera o efeito
de sentido.

Exemplos:
 Os sem-terra invadiram mais terras.
 Os sem-terra ocuparam mais terras.
Seleção lexical

Estrangeirismos: introdução de palavras ietrangueiras

Samba do Approach
Zeca Baleiro
“Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do rush
Eu ando de ferryboat.”
palavras novas
 Neologismos: incorporada a nossa
lingua
“O mundo é dos nets.”
Seleção lexical

Regionalismos: palavras com o mesmo significados

 mandioca/ macaxeira/ aipim.


Gírias:
 É brasa, mora./ Beleza, brou.
Arcaísmos: palavras antigas que entraram em desuso
 Em novelas ou filmes de época, é
fundamental uma adaptação linguística.
Jargões:palavras ultilizadas em determinadas profissões
 Entre publicitários, fala-se em case,
layout, brainstorm etc.
Interatividade

Observe o termo destacado no enunciado. O estrangeirismo é


muito utilizado no gênero anúncio publicitário, por se
configurar um gênero que absorve mais rapidamente as
inovações linguísticas. De acordo com essa afirmação, aponte
a questão adequada:
“Não é só você que precisa de um check-up uma vez por ano.
Linha de inspeção, agora grátis também para quem não é
segurado.”
a) O termo check-up não é adequado, pois não é
compreensível no contexto em que foi utilizado.
b) Não há legitimidade no termo estrangeiro, devendo ser
substituído por um termo congênere na língua portuguesa.
c) O termo é largamente utilizado nas áreas metropolitanas e
completamente obsoleto nas regiões mais afastadas do
centros urbanos.
d) O termo check-up é utilizado somente na região sudeste,
portanto, desconhecido de outras regiões brasileiras.
e) O termo check-up é legitimado pelo uso frequente em
contextos socialmente estabelecidos.
Resposta

e) O termo check-up é legitimado pelo uso


frequente em contextos socialmente
estabelecidos.
Clareza

 A clareza é fundamental em qualquer


texto. Quando um texto não é claro, a
mensagem não é compreendida da forma
desejada e acontecem equívocos.

 Não existem fórmulas para se redigir um


texto claro, mas há algumas dicas que
ajudam, como construir períodos não
muito longos.
Clareza

Observe:
 No dia seguinte do pagamento o banco
envia um arquivo para o departamento
de recursos humanos, que verifica se
todos os pagamentos foram realizados
com sucesso, e caso haja algum
pagamento que não foi realizado verifica-
se se os dados estão corretos ou se há
problemas com a conta bancária e se for
um problema de numeração é corrigido e
reenviado ao banco no dia seguinte ou é
feito uma ordem de pagamento para
o funcionário.
Clareza

Observe:
 No dia seguinte ao pagamento, o banco
envia um arquivo para o departamento de
recursos humanos, que confere se todos
os pagamentos foram realizados com
sucesso. Caso haja algum pagamento não
realizado, é verificado se os dados estão
corretos ou se há problemas com a conta
bancária. Se for um problema de
numeração, os dados são corrigidos e
reenviados ao banco ou é feita uma ordem
de pagamento para o funcionário.
Ambiguidade duplo sentido

 A ambiguidade acontece quando


o enunciado apresenta mais de um
sentido, seja pela ordem de colocação das
palavras na frase, seja por polissemia do
termo, seja pela indeterminação do
referente, seja pela estrutura sintática.
Pode ser caracterizada como um problema
quando atrapalha a comunicação, ou
como um recurso quando enriquece
o conteúdo do texto.
Ambiguidade como problema

Exemplos:

 Campanha contra a violência do governo


do estado entra em nova fase.
 João foi preso acusado de matar um
empresário e estuprar a filha dele.
 Ele viu o assalto do ônibus.
Ambiguidade como recurso

Exemplos:

 Seja legal, não compre CD pirata.


 Brasil perde o tom.
 Cachorro faz mal à moça.
Coesão textual

 A coesão é uma qualidade essencial a


qualquer texto.

 Entende-se por coesão a articulação, ou


seja, a conexão adequada de ideias e
orações. Assim, para um texto ser coeso,
é necessário o bom uso da pontuação e
de relatores e conectivos, isto é, dos
pronomes, advérbios, conjunções.
Pontuação

 A pontuação interfere diretamente no


sentido do texto e não se trata de mero
“enfeite”. Por isso, há regras de
pontuação, que devem ser respeitadas.

 A principal regra de pontuação é: não se


empregam vírgulas quando se trata de
termos contíguos sintaticamente
(sujeito/verbo; verbo/complemento;
artigo/nome etc.). Essa regra vale
também quando os termos contíguos
são orações.
Pontuação

Exemplos de inadequações
quanto à pontuação:

 O menino, caiu.
 Ele falava sempre, de sua mãe.
 Pergunto-lhe, se deseja sair agora.
 É necessário, que sempre respeitemos
as regras.
Usos da vírgula

Termos intercalados:
 O menino, ontem à noite, estava
aparentemente amargurado.
 O menino, ontem à noite, estava,
aparentemente, amargurado.
Orações explicativas e restritivas:
 Os deputados, que são corruptos, serão
cassados.
 Os deputados que são corruptos serão
cassados.
Interatividade

O texto faz parte de uma propaganda de sapatos de


salto alto.
“Dois pequenos goles de vinho e um calçado certo
deixam qualquer mulher irresistivelmente alta.”
O efeito de sentido desse texto é criado, basicamente:
a) Pelo duplo sentido do adjetivo “alta”; um relacionado
ao poder inebriante do vinho; outro à estatura do
corpo.
b) Pela carga de sensualidade contida no adjetivo
“certo” e no advérbio de modo “irresistivelmente”.
c) Pela metaforização do substantivo “vinho”, que
confere à propaganda um clima de sensualidade e de
descontrole emocional.
d) Pela carga de vulgaridade contida no pronome
indefinido “qualquer”.
e) Pelo uso dos termos “certo” e “qualquer”
aplicados aos substantivos “calçado”
e “mulher”, respectivamente.
Resposta

a) Pelo duplo sentido do adjetivo “alta”; um


relacionado ao poder inebriante do
vinho; outro à estatura do corpo.
Coesão – pronomes relativos

 O pronome relativo (que, o qual, cujo,


quem, onde) substitui um termo anterior
na oração e cumpre na oração a que
pertence a mesma função sintática que
seria exercida pelo termo que substitui.
Coesão – pronomes relativos

Observe:
“O lixeiro foi morto com dois tiros nas
costas anteontem por ter posto a mão em
um doce em uma lanchonete que não ia
comprar.”
O pronome relativo destacado deveria se
referir a doce, mas entende-se que o lixeiro
não ia comprar a lanchonete. Na verdade, a
oração adjetiva deveria estar posta
imediatamente após o substantivo “doce”.
Coesão – pronomes relativos

Observe:

 Os alunos comentaram o tema que foi


proposto na aula de redação.
 O tema a que os alunos se referiram
propunha uma descrição.
 Havia dificuldades com que/ com as
quais ele não concordava.
Coesão – pronomes relativos

Cujo: sempre exerce a função de adjunto


adnominal e, por isso, sempre acompanha
um substantivo.
 O autor cujo livro será lançado hoje
perdeu o avião.
 Apaixonei-me por uma menina cujas
amigas me odeiam.
Onde: equivale a “em que” ou “no(a) qual”,
quando o termo antecedente indica lugar.
 São Paulo é a cidade onde moro.
 Não sei onde estão os meus livros.
e a repetição da mesma construção da
contrução sintatica do mesmo mesma ideia do
texto texto
Paralelismo sintático e semântico

 Trata-se de estruturas nominais ou


oracionais articuladas por um nexo
comum, o que exige construções
similares. É comum ocorrer quebras
desse paralelismo, o que se constitui,
muitas vezes, como defeito.

 A quebra do paralelismo semântico


ocorre quando se colocam, na frase,
termos que não têm relação de sentido.
Paralelismo sintático

Exemplos:
 Ele gostou das roupas da liquidação,
sapatos e acessórios.
Forma correta: Ele gostou das roupas da
liquidação, dos sapatos e dos acessórios.
 Era necessário que o Brasil assumisse
uma posição de liderança e vencendo o
sentimento de subdesenvolvimento.
Forma correta: Era necessário que o Brasil
assumisse uma posição de liderança e
vencesse o sentimento de
subdesenvolvimento.
Paralelismo semântico

Exemplos:

 “Marcela amou-me durante quinze meses


e onze contos de réis” (Machado de
Assis – “Memórias póstumas de Brás
Cubas”).

 Brasil perde o jogo e a cabeça (título


jornalístico após partida da seleção
brasileira de futebol).
Paralelismo semântico

É importante ressaltar que a quebra de


paralelismo semântico pode resultar em
sentidos politicamente incorretos, como
mostram os exemplos:

 Ela era pobre, mas honesta.


 Apesar de mal vestido, era inteligente.
Coerência textual

 Outra qualidade fundamental de


qualquer texto é a coerência. Entende-se
por coerência o respeito à lógica interna
do texto. Ou seja, não pode haver
contradições, sejam narrativas ou
dissertativas, em um texto.
Coerência textual

 Não se deve confundir coerência com


“verdade” ou com correspondência entre
o texto e a realidade. O fato de um super-
herói voar ou parar um trem com a mão,
por exemplo, não é incoerente, pois a
história pressupõe que o personagem
tenha poderes excepcionais. Mesmo não
sendo algo compatível com a realidade
externa, o fato está de acordo com a
lógica interna do texto.
Concisão

 Um bom texto é também conciso, isto é,


diz o máximo com o mínimo necessário
de palavras. Engana-se quem pensa que
“enrolar” é escrever bem. O mais difícil é
justamente passar a mensagem com
palavras precisas.
Concisão

Exemplo:
 Conto em Letras Garrafais
Marina Colasanti
“Todos os dias esvaziava
uma garrafa, colocava
dentro sua mensagem,
e a entregava ao mar.
Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.”
Interatividade

O uso de elementos de ligação inadequados


nas orações provoca um efeito de
incoerência. Assinale a alternativa em que
esse problema acontece:
a) Alice não estudou nada, entretanto foi mal
na prova.
b) Os alunos não puderam terminar a prova
de inglês porque dispunham de pouco
tempo.
c) Moramos no mesmo prédio, contudo, não
nos vemos com frequência.
d) Acordei às 7 horas apesar de ter ido deitar
às 2 horas. Dormi, portanto, 5 horas.
e) Estou cheio de dívidas, assim sendo, devo
economizar meu salário para pagá-las.
Resposta

a) Alice não estudou nada, entretanto foi


mal na prova.
ATÉ A PRÓXIMA!

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