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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Variações Linguísticas
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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

A linguagem é um código de comunicação que pode ser verbal e não verbal. Há muitas
possibilidades de linguagem e de junção de linguagens para que se estabeleça a comunica-
ção através do texto. Então, o texto é o resultado de um processo enorme, e um dos elemen-
tos desse processo é o uso da linguagem.
A linguagem verbal tem muitas variações. Não se usa o mesmo tipo de linguagem para,
por exemplo, conversar com os amigos em uma roda de conversa informal e com um entrevis-
tador durante uma entrevista de emprego. Usa-se linguagens diferentes em contextos diferen-
tes. A língua é múltipla, por isso há diferentes níveis de linguagem, dependendo do contexto
em que o falante está inserido. A língua varia dependendo da circunstância, época, região.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Diacrônicas: cronos é tempo, por isso são as variações ao longo do tempo. Ex: Vossa
Mercê -> Vosmecê -> Você. A língua muda, ao longo do tempo, em termos de vocabulário e
de estrutura sintática
Diatópicas: topos é lugar, portanto, as variações diatópicas são as variações ao longo
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do lugar, os regionalismos. Mineiro -> Ocê. Não é só o sotaque, são as expressões, o voca-
bulário. Exemplos: português de Portugal e do Brasil, diferentes sotaques e vocabulários das
regiões do Brasil.
Diastráticas: jargões, a linguagem de um grupo social (ideologia, profissão, etc. Exemplo:
juridiquês.
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Diafásicas: momento da situação comunicativa, o contexto. Linguagem culta ou coloquial. A
gramática normativa que estabelece a variação culta, usadas em algumas situações comunicativas.

NÍVEIS DE LINGUAGEM

1. Formal, Culta: norma padrão, sobre a qual a gramática incide com todas as suas regras.
2. Informal Coloquial: mais flexível.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Leia o texto para responder aos itens de 1 a 4.
A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são várias. Tanto que
um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo Bechara, disse a respeito: “Todos
15m temos de ser poliglotas em nossa própria língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar
em uma reunião de trabalho como se falaria em uma mesa de bar. A língua varia com, no

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mínimo, quatro parâmetros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista,


do século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano, brasileiro
e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a escolaridade do
falante (que resulta em duas variedades de língua: a escolarizada e a não escolarizada)
e finalmente varia segundo a situação de comunicação, isto é, o local em que estamos, a
pessoa com quem falamos e o motivo da nossa comunicação ― e, nesse caso, há, pelo
menos, duas variedades de fala: formal e informal.
A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há situações em
que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é o casual, sem falar nas
situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando se toma banho. Trata-se de nor-
mas indumentárias que pressupõem um uso “normal”. Não é proibido ir à praia de terno,
mas não é normal, pois causa estranheza.
A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de emprego, audiên-
cias judiciais; e outra para a comunicação em compras no supermercado. A norma culta é
o padrão de linguagem que se deve usar em situações formais.
A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas as situações? Evidentemente
que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer “nós fôramos” em vez de “a gente tinha
ido” em uma conversa de botequim é como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala
errado? É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o pro-
fessor deve corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos
cobra “dois real” pelo cafezinho? Língua Portuguesa. Internet: (com adaptações).
De acordo com o texto acima, julgue os seguintes itens.
1. Conforme o texto, a escola deve ensinar aos alunos a norma-padrão da língua portugue-
sa, mas é preciso, também, refletir se seria adequado corrigir outras pessoas, como, por
exemplo, um porteiro que diz O elevador tá cum pobrema.
2. Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque, a depen-
der da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor formalidade.
3. Segundo o texto, ‘temos de ser poliglotas em nossa própria língua’ significa que a língua
assume variantes adequadas aos contextos em que são produzidas.
4. O pronome “outra” (3º parágrafo) está empregado em referência ao termo “A língua”.
ANOTAÇÕES

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COMENTÁRIO
O texto fala sobre os níveis de linguagem, mas também toca no preconceito linguístico.
Segundo o texto, a língua não é uma, mas várias, e é preciso ter discernimento na hora de
escolher o que usar, principalmente a variação situacional. Nem sempre ir de terno à praia é
correto, logo nem sempre a língua culta é adequada a todos os contextos. O texto também
questiona a correção, indicando que a escola deve corrigir, mas não ao balconista que usa
20m a variedade coloquial. As pessoas que não têm acesso à escolarização, não têm acesso à
linguagem culta, logo o texto responde a pergunta retórica de forma implícita.
1. Quando fala em corrigir o aluno, é ensinar a norma padrão. E a pergunta final mostra a
inadequação em corrigir pessoas que não foram escolarizadas.
2. É a situação comunicativa que vai induzir ao tipo de linguagem que se vai usar.
25m 3. Como não se vive em um único contexto comunicativo, é preciso dominar as variantes e
fazer escolhas.
4. O pronome outra faz referência à norma.

2. A frase do texto que traz somente marcas de linguagem formal é:


(A) “sempre dá para separar um dinheirinho”;
(B) “para saber onde está indo seu dinheiro”;
(C) “sempre pesquise preços e pechinche”;
(D) “a internet é um prato cheio para compradores”;
(E) “pesquise pacotes econômicos para celular”

COMENTÁRIO
Havia um texto na prova, mas que não era necessário para resolver a questão.

a. “dá para separar” e “dinheirinho” é uma linguagem informal.


b. Seu dinheiro está indo para algum lugar, então a norma seria “aonde”.
c. A formalidade ou informalidade tem relação com a seleção vocabular e com as normas
gramaticais. Pechinchar é uma escolha vocabular informal.
d. Prato cheio é uma escolha vocabular informal.
ANOTAÇÕES

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e. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação as normas gramaticais


de concordância, regência, pontuação.

3. Uma construção considerada própria da linguagem coloquial é


a. É claro que a maternidade interfere em atividades fora do ambiente doméstico. (linha 5)
b. Criaram normas rígidas para impedir o movimento das mulheres, com discursos de que
seriam perigosas. (linhas 13 e 14)
c. Agnodice se vestiu de homem para assistir conferências médicas, num templo de Ate-
nas...(linhas 28 e 29)
d. Foi morta pelos monges e pela plebe, que foram fanatizados pelo patriarca Cirilo. (li-
nhas 30 e 31)

COMENTÁRIO
Havia um texto na prova, mas que não era necessário para resolver a questão.

a. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais


de concordância, regência, pontuação.
b. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais
de concordância, regência, pontuação.
c. Há um erro gramatical que caracteriza a linguagem informal. A inadequação está na re-
30m
gência do verbo assistir, que necessita da preposição “a”, no sentido de ver e presenciar.
d. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais
de concordância, de regência, de pontuação.

As mariposas
Adoniran Barbosa
As mariposa quando chega o frio
Fica dando volta em volta da lâmpida
pra se esquentar
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansar

Eu sou a lâmpida
E as muié é as mariposa
Que fica dando volta em volta de mim
Toda noite só pra me beijar
4. Sobre a composição de Adoniran Barbosa, é correto afirmar:

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a. Trata-se de uma representação de uma variação coloquial do português falado no Brasil.


b. Os desvios da norma-padrão existentes na letra da música impedem a compreensão de
seu sentido por parte do leitor / ouvinte.
c. Percebe-se a utilização do registro formal da língua portuguesa, com desvios da norma-
-padrão comuns a esse registro.
d. A variação linguística utilizada por Adoniran Barbosa é inadequada para a situação lin-
guística em questão.

COMENTÁRIO
O músico tem várias canções com seleção vocabular e gramatical informal ou coloquial.
As escolhas eram feitas para representar uma variação coloquial do português falado no
Brasil. Não é questão de erro, mas de adequação.

5. Julgue as afirmações e marque a sequência correta.


 (  ) A linguagem utilizada pelos falantes impediu uma comunicação eficiente entre os
dois personagens.

(  ) A linguagem utilizada pelos personagens é influenciada por fatores sociais e regionais.
 (  ) Esse modo de falar, considerado “matuto”, é inaceitável em qualquer situação, por-
que prejudica a comunicação.
 (  ) Esse modo de falar, mesmo sendo considerado “matuto”, pode ser usada em algu-
mas situações, desde que mesmo cumpra sua intenção comunicativa.
(  )  Existem diversos modos de falar, e todos eles têm uma explicação para o seu uso.
Por isso não se deve ter nenhum tipo de preconceito em relação aos “modos de falar”.
O preenchimento CORRETO dos parênteses está na alternativa:
a. V, F, V, F e V.
b. V, V, F, F e V.
ANOTAÇÕES

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c. F, F, V, V e V.
d. F, V, F, V e V.
e. V, V, F, F e F.

COMENTÁRIO
(F) A linguagem foi eficiente e permitiu a comunicação eficiente.
(V) Fatores sociais com pessoas que provavelmente não tiveram acesso a escolarização
35m e regionais com a escolha vocabular.
(F) Não é inaceitável em qualquer situação e muito menos prejudica a comunicação.
(V) Esse modo de falar pode ser usado em algumas situações, mantendo a comunicação.
(V) É um juízo de valor trazido pela banca, mas que é considerado correto para a questão.

GABARITO
1. 1–C; 2–C; 3–C; 4–E;
2. e
3. c
4. a
5. d

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Tereza Cavalcanti.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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