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Evanildo Bechara
Diversidade Linguística – Video 01
Níveis de Linguagem – Vídeo 02
Língua Portuguesa no IST
OBJETIVOS
O aluno deverá ser capaz de expor suas idéias de forma clara e objetiva;
entender a diferença entre a comunicação informativa e expressiva; elaborar
relatórios utilizando adequadamente a técnica e empregar com precisão o
vocabulário da Língua Portuguesa.
EMENTA
Exercício 1
A primeira coisa que devemos fazer ao pensar sobre a realidade da língua,
é separá-la em duas categorias básicas: língua falada e língua escrita. Na
verdade, a realidade primeira da língua é a fala, tanto na história da
immanidade como na nossa história pessoal Isto é, a escrita surgiu depois,
e fundamentada na realidade da fala. Por enquanto, consideremos apenas
a fala. Observe os exemplos seguintes (você pode lê-los em voz alta,
porque agora o que nos interessa é apenas o som; não se impressione com
os erros de grafia...)
1. Eu conheço ele dês que a gente era colega de colégio.
2. Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no colégio.
3.O sinhô vai armoçá gorinha memo? Não faiz mar, nóis vorta despois.
4. O senhor vai aumoçá nesse momento? Não faz mau, nós voutamos
depois.
5. Vós poderíeis dizer, excelência, que estou equivocado,
6. Você podia dizê, cara, que eu errei.
7. Comprei um pacótchi di lêitchi.
8. Comprei um pacote de leite.
9. Mas tu quiria u quê?
10. Porém, tu querias o quê?
diferenças sintáticas, aquelas que decorrem da ordem das palavras na fala (ele me disse
x ele disse-me) ou de diferentes modos de realizar a concordância verbal (tu querias x tu
queria ou nós estávamos x nós estava);
diferenças lexicais, isto é, diferentes nomes para o mesmo objeto (pandorga x pipa x raia
x papagaio);
c) A situação da fala, isto é, todo o conjunto das circunstâncias que cercam o momento do
enunciado. O mesmo falante empregará variedades diferentes da linguagem dependendo
de onde ele está (na sala de aula, no campo de futebol, em casa), da pessoa ou pessoas
com quem ele está falando (o chefe, a mãe, um assaltante, o vizinho, um desconhecido no
ponto de ônibus), a sua intenção ao falar (dar uma ordem, convencer alguém, fazer um
pedido, recusar um pedido, pedir alguém em casamento, mentir), a situação específica (um
incêndio, um entardecer à beira do mar, com pressa atravessando a rua) - e as possibili-
dades aqui são virtualmente infinitas.
Apesar dessa imensa variedade, parece que, de uma forma ou de outra, todos
(ou quase todos!) costumamos nos entender razoavelmente, pelo menos em
situações básicas de comunicação. Há, ainda, um outro fato bem interessante:
em geral, as variedades lingüísticas são capazes de intercomunicação, isto é,
grande parte das variedades conversam entre si. Em alguns casos, umas
comentam as outras, como ocorre quando brincamos com o sotaque de um
amigo ou nas festas juninas em que o falante urbano tenta imitar a fala caipira.
Por outro lado, é perceptível que o intenso contato nas nossas cidades entre
variedades rurais e urbanas do português brasileiro, decorrente da maciça
migração da população do campo para a cidade, está redundando na
substituição progressiva da pronúncia rural típica de palavras como véia, paia,
teia pela urbana típica (velha, palha, telha).
Variedade e valor
Mais ainda que isso, as variedades mantêm uma relação de valor umas com as
outras. Em bom português, a verdade é que todas as sociedades humanas
estabelecem uma hierarquia entre suas variedades, atribuindo valores a este ou
àquele traço da fala. Por motivos sociais e históricos, algumas variedades são
consideradas boas (a essas damos o nome técnico de variedades padrões ou
língua padrão) e outras más.
Quando alguém nos diz algo, nós não apenas interpretamos as informações que
nos são passadas pelas palavras em si, mas também o próprio falante, e
costumamos avaliar também rapidamente toda a situação em que a fala ocorre.
Em suma: as palavras nunca estão sozinhas. E qualquer discussão sobre a
linguagem, seu sentido e sua natureza deverá, obrigatoriamente, discutir também
as condições reais em que ela existe.
E, é claro, a relação entre as variedades sociais nem sempre é tranqüila. Há, de
certo modo, um conflito permanente entre algumas delas. Pense na sua
experiência pessoal: anos e anos sofrendo na escola para aprender uma
variedade que nos dizem ser a certa, mas sempre vivenciando uma certa
insegurança, certas incertezas no uso de algumas formas da língua. Como
resolver essa questão?
Exercício 2
1) Das frases acima, quais delas de fato ocorrem no dia-a-dia, e quais delas não ocorrem
nunca?
2) Considerando as frases que de fato ocorrem na vida real, qual delas seria a de uso mais
freqüente no meio em que você vive? Você tem certeza?
3) Como falante da língua, você se identifica com qual ocorrência? Só essa ou mais alguma?
4) Faça um rápido perfil do falante das frases que você assinalou como ocorrentes (isto é,
classe social, escolaridade, região...).
5) Assinale quais ocorrências você acha “corretas” e quais você acha “erradas”. Justifique.
Agora que você já investigou as frases acima, vamos desenvolver um pouco mais
a noção lingüística de gramática. É muito importante que tenhamos uma noção clara
do que significa essa palavra que o uso comum define apenas como “linguagem
certa”. O sentido mais usual da palavra você já conhece: gramática é o conjunto de
regras da língua, definidas num livro escolar, que decidem o que é certo e o que é
errado”. Mas de qual “língua”? Bem, da lista acima, a gramática escolar vai
reconhecer como “certa” apenas a ocorrência “a”, como você já deve ter notado.
E o que fazemos com as outras ocorrências? Bem, descartada a ocorrência “e”,
que, como tal não existe em português, as outras acabam por ser muito mais usadas
na vida real que a ocorrência “a”. Precisamos, então, entender melhor essa questão,
estudando a noção de língua padrão ou norma culta.
Por enquanto, vamos insistir um pouco mais na noção de gramática, agora não do
ponto de vista normativo ou escolar, mas do ponto de vista científico, isto é, do ponto
de vista da linguística, a ciência que estuda as línguas humanas. Para o cientista da
língua, não interessa, a princípio, se uma frase é julgada “certa” ou “errada”, mas se
ela ocorre ou não de fato na vida real. Do ponto de vista linguístico, é a ocorrência
que determina a gramaticidade. Assim, a expressão frase gramatical, para o
linguista, tem um sentido bastante diferente do sentido que terá para o professor de
português e para as gramáticas normativas, interessadas fundamentalmente na
língua padrão escrita.
O Princípio da Regularidade
Vejamos um exemplo:
Idéia Geral
Idéia Geral
Quem tem uma foto importada de 1000 cc, que custa US$ 20.000, não vai
expô-la ao trânsito de uma cidade como São Paulo.
Verrugas – procure um homem que nunca viu o próprio pai e peça para tocar no
seu casaco. Como profilaxia, nunca deixe seus filhos tocarem na água onde foram
cozidos ovos.
(GORDON, A assustadora história da medicina, p. 157.)
As meta-regras de coerência
Essa criança não come nada. Fica apenas brincando com os talheres, ou
seja: pega a colher, o garfo e não olha para o prato de comida. Ela não se
alimenta. Brinca apenas. Diverte-se com uma colher e um cargo e o prato fica
na mesa. O ato de brincar substitui o ato de alimentar-se.
O município de São José do Rio Preto abrange uma região imensa que é composta
por vários Estados limítrofes que ocupam uma área respeitável [...] Conta ainda com
uma superpopulação, com uma maioria de pessoas cultas e uma juventude com
grandes recursos educacionais, cursando as várias escolas e faculdades.
Isto posto, nossa cidade sente falta urgente de uma Capela Crematória. Para os leigos é
preciso esclarecer que, para um corpo ser exumado através de forno crematório, há
necessidade que ele registre esta vontade em duas testemunhas. Somente o
interessado poderá usar esta forma de suprir seu desejo, caso contrário, a exumação
seria da forma natural, ou seja: o sepultamento.
(Diário da Região,S.J. do Rio Preto,15 abr. 1998 (trecho de uma carta
escrita por um leitor)
Esse texto contraria de várias maneiras a meta-regra de relação, pois seu conteúdo
não está de acordo com o mundo real. Afinal, São José do Rio Preto não se limita com
vários Estados, não tem superpopulação, um corpo (uma pessoa morta) não pode mais
registrar vontade alguma, e, se pudesse, não seria em duas testemunhas, mas diante
de duas testemunhas. Há também o emprego inadequado do léxico. Afinal, exumar
não é o mesmo que cremar ou sepultar.
Exercícios
“É realmente apropriado que nos reunamos aqui hoje, para homenagear Abraham
Lincoln, o homem que nasceu numa cabana de troncos que ele construiu com suas
próprias mãos”. (Político, em um discurso, homenageando Lincoln)
“Eles vivem da mão para a boca, como as aves do céu”. (Sir Boyle, descrevendo a
pobreza dos agricultores irlandeses)
“Damos cem por cento na primeira parte do jogo e, se isso não for suficiente, na
segunda parte damos o resto”. (Yogi Berra, jogador norte-americano de beisebol,
famoso por suas declarações esdrúxulas)
“Nós não temos censura. O que temos é uma limitação do que os jornais podem
publicar”. (Louis Net, ex-vice-ministro da Informação da África do Sul).
“a) considerando etc. etc., este Conselho resolve: que uma nova cadeia seja
construída; b) que a nova cadeia seja construída com os materiais da velha cadeia;
c) que a velha cadeia seja usada até que a nova esteja pronta”. (Resolução da
Junta dos Conselheiros, Canto, Mississipi,1800).
“Por que deveriam os irlandeses ficar de braços cruzados e mãos nos bolsos
enquanto a Inglaterra pede ajuda?” (Sir Thomas Myles, falando em um comício em
Dublin, em 1902, sobre a guerra dos Boeres).
“Por que os judeus e árabes não podem se reunir e discutir a questão como bons
cristãos?” (Arthur Balfour, estadista britânico, primeiro-ministro e ministro do
Exterior).
“Acho que os senhores pensam que, em nossa diretoria, metade dos diretores
trabalha e a outra metade nada faz. Na verdade, cavalheiros, acontece justamente
o contrário”. (Diretor de empresa, defendendo membros do seu staff).
“Um homem não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, a menos que ele
seja uma ave”. (Sir Boy Roche, deputado representante de Tralee no Parlamento
Britânico).
“Eu não estava mentindo. Disse, sim, coisas que mais tarde se viu que eram
inverídicas” (Presidente Nixon, em depoimento durante as investigações do caso
Watergate).
“Cuidado! Tocar nesses fios provoca morte instantânea. Quem for flagrado fazendo
isso será processado”. (Tabuleta numa estação ferroviária).
“Referimo-nos àquele ano sangrento, 1793. Naqueles tempos conturbados, coube
aos empregados domésticos franceses dar um exemplo sem igual de dedicação.
Houve mesmo muitos que, em vez de trair seu amo, deixaram-se guilhotinar em
lugar deles e que, quando voltaram dias mais felizes, silenciosa e respeitosamente,
reassumiram seus empregos”. (Le Figaro, Paris, fevereiro de 1890, em um artigo
sobre a vida doméstica durante a Revolução Francesa).
“A Pepsi traz seu ancestrais de volta da cova”. (Tradução para chinês, do slogan “A
Pepsi faz a gente viver”).
O homem que tenta mostrar a todos que a corrida armamentista que se trava
entre as grandes potências é uma loucura.
1) o homem;
2) que tenta mostrar a todos: oração subordinada adjetiva;
3) que a corrida armamentista é uma loucura: oração subordinada substantiva
objetiva direta;
4) que se trava entre as grandes potências: oração subordinada adjetiva.
A segunda oração está subordinada àquela que seria a primeira, referindo-
se ao termo homem; a terceira é subordinada à segunda; a quarta à terceira. A
primeira oração está incompleta. Falta-lhe o predicado. O aluno colocou o
termo a que se refere a segunda oração, começou uma sucessão de inserções
e "esqueceu-se" de desenvolver a idéia principal.
No segundo período, só ocorrem orações subordinadas. Ora, todos
sabemos que uma oração subordinada pressupõe a presença de uma
principal.
A escrita não exige que os períodos sejam longos e complexos, mas que
sejam completos e que as partes estejam absolutamente conectadas entre si.
Para evitar deslizes como o apontado, graves porque o período fica
incompreensível, não é preciso analisar sintaticamente cada período que se
constrói. Basta usar a intuição lingüística que todos os falantes possuem e
reler o que se escreveu, preocupado com verificar se tem sentido aquilo que
acabou de ser redigido.
Ao escrever, devemos ter claro o que pretendemos dizer e, uma vez escrito
o enunciado, devemos avaliar se o que foi escrito corresponde àquilo que
queríamos dizer. A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele
que determina a direção que se pretende dar ao texto, é ele que manifesta as
diferentes relações entre os enunciados.
TEXTO COMENTADO
Um argumento cínico
(1) Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o
confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores
incompetentes e desonestos. (2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem mesmo a cor
e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, é cínica e
improcedente. (4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica, não é compensada
por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de recursos imanente a
todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados. (5) Ora, sem recursos obtidos da
comunidade não há policiamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais. (6) E sem
serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. (7)
Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à
prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que,
mesmo querendo, não têm como dela fugir — os que vivem de salário, por exemplo. (8)
Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às
denúncias de malversação. (9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma
hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros públicos para cuja formação não
tenhamos colaborado. (10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda.
Villela, João Baptista. Veja, 25 set. 1985.
O produtor desse texto procura desmontar o argumento dos sonegadores de
impostos que não os pagam sob a alegação de que os administradores do dinheiro
público são incompetentes e desonestos.
Por uma razão prática, vamos fazer o comentário dos vários argumentos
tomando por base cada um dos períodos que compõem o texto:
1º período:
Expõe o argumento que os sonegadores invocam para não pagar impostos: eles
alegam que não os pagam porque o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de
administradores desonestos e incompetentes. Observe-se que o produtor do texto
começa a desautorizar esse argumento ao considerá-lo um "confortável pretexto",
isto é, uma falsa justificativa usada em proveito próprio.
2º período:
O enunciador admite que, como pretexto (falsa razão), essa justificativa é
insuperável e tem aparência de elevado espírito cívico.
3º período:
O conectivo "no entanto" (de caráter adversativo) introduz uma argumentação
contrária ao que se admite no período anterior: a justificativa para sonegar
impostos, como argumento, é cínica e improcedente.
5º período:
O conectivo "ora" dá início a uma argumentação que se manifesta contrária à
idéia de que o Estado possa sobreviver sem arrecadar impostos e sem se prover de
recursos.
6º período:
O conectivo "e" introduz um segmento que adiciona um argumento ao que se
afirmou no período anterior.
7º período:
Depois de demonstrar que o argumento dos sonegadores é cínico, o enunciador
passa a demonstrar que é também improcedente, o que já foi afirmado no terceiro
período. O motivo da improcedência vem expresso por uma oração causal iniciada
pelo conectivo "porque": a justificativa para sonegar é improcedente porque a
sonegação, ao invés de contribuir para melhorar os maus governos, estimula-os à
prepotência e ao arbítrio. No mesmo período, o conectivo "além de" introduz um
argumento a mais a favor da improcedência da sonegação: ela agrava a carga
tributária dos que, como os assalariados, não têm como fugir dela.
8º período:
O conectivo "antes", que inicia o período, significa "ao contrário" e introduz um
argumento a favor da necessidade de pagar impostos. O conectivo "até mesmo" dá
início a um argumento que reforça essa necessidade.
9º período:
O conectivo "mas" (adversativo), que liga a oração "É muito cômodo" à oração
"não deixa de ser uma hipocrisia", estabelece uma relação de contradição entre as
duas passagens: de um lado, é cômodo reclamar contra o mau uso do dinheiro
público, de outro, isso não passa de hipocrisia quando não se colaborou com a
arrecadação desse dinheiro.
10º período:
O conectivo "ou" inicia uma passagem que contém uma alternativa que
caracteriza ainda a atitude hipócrita: é hipocrisia reclamar do mau uso de um
dinheiro para o qual nossa colaboração foi abaixo daquilo que devia ser.
Questão 1
O solo do Nordeste é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas,
imediatamente brota a vegetação.
Questão 2
Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento
e os preços vão disparar.
Questão 3
Inverta a posição dos segmentos contidos na questão 2 e use o conectivo apropriado:
Vai faltar alimento e os preços vão disparar. Uma seca desoladora assolou a região
sul, principal celeiro do país.
Questão 4
O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas.
Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
Questões de 5 a 8
Questão 5
Em São Paulo já não chove há mais de dois meses, apesar de que já se pense
em racionamento de água e energia elétrica.
Questão 6
As pessoas caminham pelas ruas, despreocupadas, como se não existisse
perigo algum, mas o policial continua folgadamente tomando o seu café no bar.
Questão 7
Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado
do Maracanã não é dos piores.
Questão 8
Uma boa parte das crianças mora muito longe, vai à escola com fome, onde
ocorre o grande número de desistências.
Questão 9
Leia o período que segue:
Chegaram instruções repletas de recomendações para que os participantes do
congresso, que, por sinal, acabou não se realizando por causa de fortes chuvas, que
inundaram a cidade e paralisaram todos os meios de comunicação.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Máximas de Confúcio. Apud Russell, Bertrand. Ensaios céticos. 2. ed. São Paulo, Nacional, 1957. p. 82.
Nesta lição, dando continuidade à anterior, vamos ainda tratar da coesão do texto
e do uso dos elementos lingüísticos adequados para estabelecer conexões entre
os vários enunciados do texto.
No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois segmentos ligados
existe uma contradição. Seria descabido permutar o porém pelo porque, que serve
para indicar causa. De fato, a exportação de produtos agrícolas não pode ser vista
como a causa de Israel ter um solo árido.
Esses elementos não são formas vazias que podem ser substituídas entre si,
sem nenhuma conseqüência. Pelo contrário, são formas lingüísticas portadoras de
significado e exatamente por isso não se prestam para ser usadas sem critério. A
coesão do texto é afetada quando se usa o elemento de coesão inadequado.
Vejamos, a título de exemplo, as relações que alguns elementos de coesão
estabelecem:
o e introduz um segmento que acrescenta uma informação nova. Por isso seu uso é
apropriado. Mas, ao dizer:
Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo inflacionário diminui
consideravelmente seu poder de compra. Além de tudo são considerados como
renda e taxados com impostos.
Muitos jornais fazem alarde de sua neutralidade em relação aos fatos, isto é, de
seu não comprometimento com nenhuma das forças em ação no interior da
sociedade.
f) mas, porém, contudo e outros conectivos adversativos: marcam oposição
entre dois enunciados ou dois segmentos do texto. Não se podem ligar, com
esses relatores, segmentos que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz
entre significados implícitos no texto.
g) embora, ainda que, mesmo que: são relatores que estabelecem ao mesmo
tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um
dado contrário para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um
expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as possíveis
objeções, afirma-se um ponto de vista contrário.
Observe-se o exemplo:
Ou
José e Renato, apesar de serem gêmeos, são muito diferentes. Por exemplo, este é
calmo, aquele é explosivo.
O termo este retoma o nome próprio "Renato", enquanto aquele faz a mesma coisa com a
palavra "José". "Este" e "aquele" são chamados anafóricos.
Anafórico, genericamente, pode ser definido como uma palavra ou expressão que serve
para retomar um termo já expresso no texto, ou também para antecipar termos que virão
depois. São anafóricos, por exemplo, os pronomes demonstrativos (este, esse, aquele), os
pronomes relativos (que, o qual, onde, cujo), advérbios e expressões adverbiais (então, dessa
feita, acima, atrás), etc.
Quando um elemento anafórico está empregado num contexto tal que pode referir-se a
dois termos antecedentes distintos, isso provoca ambigüidade e constitui uma ruptura de
coesão. Na escrita, é preciso tomar cuidado para que o leitor perceba claramente a que termo
se refere o elemento anafórico.
Eis alguns exemplos de ambigüidade por causa do uso dos anafóricos:
Via ao longe o sol e a floresta, que tingia a paisagem com suas variadas cores.
Santayana, Mauro —. Imprensa: Jornalismo e Comunicação, ano 1, 11 : 34, São Paulo, Feeling Editorial,
1988. Nota: Lead é palavra inglesa, usada no jornalismo para indicar um pequeno texto de
apresentação de um texto maior.
Questão 1
a) Qual é o antecedente a que se refere o pronome relativo que na linha 1?
b) Na frase "O grande perigo do jornalista que começa é o de cair na presunção
sociológica", o o em destaque é um pronome demonstrativo. A que elemento do texto
ele se refere?
Questão 2
Nas linhas 2 e 3, o autor afirma que "o jornalismo é também um pouco de
sociologia".
O uso da palavra também faz pressupor algum outro significado além do que
está explícito no texto?
Questão 3
Na linha 3 ocorre o conectivo mas, que manifesta uma relação de contradição
entre dois enunciados. Como se explica essa contradição?
Questão 4
Na linha 6, ao dizer que o texto apenas racional é frio, o que pretende dizer o
autor com o uso de apenas?
Questão 5
Na linha 10, a expressão quanto mais manifesta uma relação proporcional entre dois
termos. Quais são os dois termos dessa relação proporcional?
Questão 6
Na linha 13, a quem se refere o lhe que ocorre em "amarrou-lhe as mãos" e "fez-lhe
um sinal"?
Questão 7
Na linha 14, está dito: "e rachou o seu corpo"; na linha 15 afirma-se: "não era seu
filho".
A que termos se refere o pronome possessivo seu em cada caso?
Questão 8
Nas linhas 15 e 16, afirma-se: "F. descobriu isso poucos minutos antes..."
a) O pronome isso faz referência a que elemento do texto?
b) O advérbio antes reporta a que tempo?
Questão 9
Em "Leads como esse", linhas 16 e 17, o pronome esse a que se refere?
Questão 10
Na linha 18, o conectivo como, ao estabelecer uma relação de comparação entre tragédias e
cantores famosos, indica uma semelhança entre ambos. Em que consiste essa semelhança?
PROPOSTA DE REDAÇÃO