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Variação linguística

A variação linguística é um fenômeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua em
relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Ela
existe porque as línguas possuem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a fatores como a região
geográfica, o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de formalidade do contexto da comunicação.
É importante observar que toda variação linguística é adequada para atender às necessidades comunicativas
e cognitivas do falante. Assim, quando julgamos errada determinada variedade, estamos emitindo um juízo
de valor sobre os seus falantes e, portanto, agindo com preconceito linguístico.

Tipos de variação linguística


Variações históricas
As variações históricas tratam das mudanças ocorridas na língua com o decorrer do tempo. Algumas
expressões deixaram de existir, outras novas surgiram e outras se transformaram com a ação do tempo.
Um clássico exemplo da língua portuguesa é o termo “você”: no português arcaico, a forma usual desse
pronome de tratamento era “vossa mercê”, que, devido a variações inicialmente sociais, passou a ser mais
usado frequentemente como “vosmecê”. Com o passar dos séculos, essa expressão reduziu-se ao que hoje
falamos como “você”, que é a forma incorporada pela norma-padrão (visto que a língua adapta-se ao uso
de seus falantes) e aceita pelas regras gramaticais. Em contextos informais, é comum ainda o uso da
abreviação “cê” ou, na escrita informal, “vc” (lembrando que estas últimas formas não foram incorporadas
pela norma-padrão, então não são utilizadas na linguagem formal).
Vossa mercê → Vosmecê → Você → Cê

Variação regional
São aquelas que demonstram a diferença entre as falas dos habitantes de diferentes regiões do país,
diferentes estado e cidades. Por exemplo, os falantes do Estado de Minas Gerais possuem uma forma
diferente em relação à fala dos falantes do Rio de Janeiro.
Observe a abordagem de variação regional em um poema de Oswald de Andrade:
Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Variação social
São variedades que possuem diferenças em nível fonológico ou morfossintático. Veja:

Fonológicos - “prantar” em vez de “plantar”; “bão” em vez de “bom”; “pobrema” em vez de “problema”;
“bicicreta” em vez de “bicicleta”.

Morfossintáticos - “dez real” em vez de “dez reais”; “eu vi ela” em vez de “eu a vi”; “eu truci” em vez de
“eu trouxe”; “a gente fumo” em vez de “nós fomos”.

Variação estilística
São as mudanças da língua de acordo com o grau de formalidade, ou seja, a língua pode variar entre uma
linguagem formal ou uma linguagem informal.
 Linguagem formal: é usada em situações comunicativas formais, como uma palestra, um congresso, uma
reunião empresarial, etc.
 Linguagem Informal: é usada em situações comunicativas informais, como reuniões familiares, encontro
com amigos, etc. Nesses casos, há o uso da linguagem coloquial.
 Gíria ou Jargão
É um tipo de linguagem utilizada por um determinado grupo social, fazendo com que se diferencie dos
demais falantes da língua. A gíria é normalmente relacionada à linguagem de grupos de jovens (skatistas,
surfistas, rappers, etc.). O jargão é, em geral, relacionado à linguagem de grupos profissionais (professores,
médicos, advogados, etc.)

Preconceito Linguístico
O Preconceito Linguístico é aquele gerado pelas diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo
idioma.
De tal maneira, está associado as diferenças regionais desde dialetos, regionalismo, gírias e sotaques, os
quais são desenvolvidos ao longo do tempo e que envolvem os aspectos históricos, sociais e culturais de
determinado grupo.
O preconceito linguístico é um dos tipos de preconceito mais empregados na atualidade e pode ser um
importante propulsor da exclusão social.
Não existe uma forma “certa” ou “errada” dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado pela
ideia de que existe uma única língua correta, colabora com a prática da exclusão social.
O preconceito linguístico no Brasil é algo muito notório, visto que muitos indivíduos consideram sua
maneira de falar superior ao de outros grupos.
Isso ocorre sobretudo entre as regiões do país, por exemplo, um sulista que considera sua maneira de falar
superior aos que vivem no norte do país.
Antes de mais nada, devemos salientar que nosso país possui dimensões continentais e embora todos
falamos a língua portuguesa, ela apresenta diversas variações e particularidade regionais.
Vale lembrar que todas as variações linguísticas são aceitas e devem ser consideradas um valor cultural e
não um problema.

Linguagem formal e informal 


A linguagem formal e informal são duas variantes linguísticas que possuem o intuito de comunicar. No
entanto, elas são utilizadas em contextos distintos.
Sendo assim, é muito importante saber diferenciar essas duas variantes para compreender seus usos em
determinadas situações.
Quando falamos com amigos e familiares utilizamos a linguagem informal. Entretanto, se estamos numa
reunião na empresa, numa entrevista de emprego ou escrevendo um texto, devemos utilizar a linguagem
formal.
A linguagem formal, também chamada de "culta" está pautada no uso correto das normas gramaticais bem
como na boa pronúncia das palavras.
Já a linguagem informal ou coloquial representa a linguagem cotidiana, ou seja, trata-se de uma linguagem
espontânea, regionalista e despreocupada com as normas gramaticais.
No âmbito da linguagem escrita, podemos cometer erros graves entre as linguagens formal e informal.
Dessa forma, quando os estudantes produzem um texto, pode haver dificuldade de se distanciar da
linguagem mais espontânea e coloquial.

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