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Variação linguística: conheça os tipos e exemplos

Tanto o Enem quanto outros vestibulares do país gostam de abordar a


diversidade de formas que uma língua pode assumir. Entenda esses diferentes
tipos e seus exemplos

O termo variação linguística refere-se às modificações que uma língua


apresenta segundo as condições sociais, situacionais, regionais e históricas em
que é utilizada. A língua portuguesa é dinâmica e é justamente esse
dinamismo que o Enem gosta de lembrar na prova de Linguagens.

No entanto, existe uma variação específica que o exame ama cobrar. Você
imagina qual é? Antes de saber a resposta, vamos entender melhor o que é
variação linguística, seus diferentes tipos e exemplos.

O que é variação linguística


A variação linguística é a diversidade de formas que uma língua pode assumir,
dependendo do contexto, do grupo social, da região geográfica ou da época
histórica. Em outras palavras, é a maneira como a língua se adapta e evolui de
acordo com diferentes fatores.

Vale ressaltar que nenhuma variante se sobrepõe à outra e toda forma de


linguagem é válida, especialmente quando atende seu principal objetivo: fazer-
se entender! Assim, a língua se molda a partir da necessidade do falante, e
podemos considerar alguns julgamentos como preconceito linguístico.

Tipos de variação linguística


Existem quatro tipos de variação linguística, são elas: regional, histórica, social
e situacional. Vamos conhecê-las:

Variação linguística regional (ou diatópica)

A variação linguística regional, que também podemos chamar de geográfica ou


diatópica, ocorre quando a língua apresenta diferenças entre as regiões
geográficas. Um exemplo clássico é o português falado no Brasil e em Portugal.
Identificamos variações de sotaque, vocabulário e até mesmo estruturas
gramaticais.

Além disso, há muitas variantes dentro do próprio país. Não é incomum


encontrar nomenclaturas diferentes para o mesmo elemento - por exemplo,
você diz aipim, macaxeira ou mandioca?
Imagem:
Reprodução
Variação linguística histórica (ou diacrônica)

A variação linguística histórica (temporal ou diacrônica) tem a ver com


as mudanças que uma língua sofre ao longo do tempo. Como exemplo,
podemos apontar as expressões que deixaram de existir, seja porque novas
surgiram ou porque elas se transformaram com a ação do tempo.

Na língua portuguesa, modificações aconteceram até chegarmos ao "você"


atual.

Vossa mercê > Vosmecê > Você

Inclusive, atualmente, é comum abreviarmos ainda mais, utilizando o “cê” no dia


a dia.

Variação linguística social (ou diastrática)

A variação linguística social, ou diastrática, resulta das diferenças entre


grupos sociais, que podem ter relação com a classe social ou a faixa etária
das pessoas. Essas diferenças são evidentes em vocabulários, pronúncias e até
mesmo gírias. Além disso, as profissões também influenciam bastante nas
variações linguísticas sociais por meio de termos técnicos (jargões), como na
tirinha abaixo:
Variação linguística situacional (ou diafásica)

A variação linguística situacional (estilística ou diafásica) tem a ver com


o contexto de uso da língua. Em diferentes situações de comunicação, a
linguagem pode ser mais formal ou informal, e isso afeta o vocabulário, a
estrutura das frases e até a entonação.

Por exemplo, em um ambiente acadêmico, é comum usar linguagem mais


formal, enquanto em uma conversa entre amigos, a fala tende a ser mais
informal. Observe no exemplo abaixo um emprego da norma culta em contexto
inadequado:

Qual a importância das variações linguísticas?


As variações linguísticas desempenham um papel importante tanto no contexto
social quanto na hora de realizar sua prova de vestibular ou Enem. No âmbito
social, elas enriquecem a diversidade cultural, promovendo o respeito pela
forma como diferentes grupos se expressam.

Na hora da prova, é necessário levar em consideração que os exames


reconhecem a variação linguística como um fenômeno natural da língua e
esperam que você faça o mesmo.

Mas atente-se à variação correta na hora de escrever a sua redação! Este é um


contexto em que você deve optar pela variante culta da língua, a norma padrão.

Como a variação linguística cai no Enem e nos vestibulares


Agora que você entende a importância das variações linguísticas, vamos
conferir como elas aparecem no Enem e outros vestibulares. Fique de olho nas
questões que envolvem a compreensão e a análise de diferentes formas de
expressão linguística, pois elas podem ser a chave para obter um bom
desempenho.
No Enem

Você sabia que existe uma competência inteira no Enem para abordar apenas a
variação linguística? Trata-se da competência 8, o que deixa bem claro o nível de
relevância do conteúdo para esta prova.

Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como


língua materna, geradora de significação e integradora da organização do
mundo e da própria identidade.
H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que
singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas
diferentes situações de comunicação.

No Enem, a variação regional ou geográfica é a que mais caiu na prova ao


longo dos anos (aqui está a resposta para a pergunta que fizemos lá no
início do artigo).

Provavelmente, o motivo seja a extensão territorial do Brasil, o que implica


diferentes formas de uso da língua. Além disso, é importante ter em mente que,
no exame, uma forma de comunicação nunca é melhor do que a outra, ela é
apenas diferente. Portanto, fique atento a alternativas que dizem o contrário.

Outra abordagem frequente é a importância das línguas das tribos indígenas


que antecederam a chegada dos portugueses. Há, então, o tratamento da nossa
língua como patrimônio cultural.
O que é variação linguística (tipos e exemplos)
As variações linguísticas são as diferenças que uma língua apresenta mediante fatores como a
região e as condições culturais ou sociais onde ela é usada. Por exemplo, existem variações
na língua portuguesa falada no Brasil e em Portugal.

Os tipos de variações linguísticas são:

1.geográficas, como os regionalismos


2.históricas, como o português medieval e o atual
3.sociais, como os termos técnicos usados por profissionais
4.situacionais, como as gírias

1. Variação geográfica ou diatópica

A variação geográfica ou diatópica está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal
como as variações entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.

Exemplos de regionalismos:

2. Variação histórica ou diacrônica

A variação histórica ou diacrônica ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o


português medieval e o atual.

Exemplo de português arcaico:


"Elípticos", "pega-la-emos" são formas que caíram em desuso
3. Variação social ou diastrática

A variação social ou diastrática é percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos,
tal como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua. Um exemplo desse tipo
de variação são os socioletos.

Exemplo de socioleto:

A linguagem técnica utilizada pelos médicos nem sempre é entendida pelos seus pacientes
4. Variação situacional ou diafásica

A variação situacional ou diafásica ocorre segundo o contexto, por exemplo, situações formais
e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.

Exemplos de gíria:

 Que mico! (Que vergonha!)


 Fui trollado. (Fui enganado)
 Minha apresentação flopou. (Minha apresentação foi um fracasso.)

Linguagem formal e informal


Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal
e informal.

Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou
seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa.

No entanto, de acordo com o contexto no qual estamos inseridos, devemos seguir as regras e
normas impostas pela gramática, seja quando elaboramos um texto (linguagem escrita) ou
organizamos nossa fala numa palestra (linguagem oral).

Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que está conforme as normas


gramaticais.

Observe que as variações linguísticas são expressas geralmente nos discursos orais. Quando
produzimos um texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as regras do mesmo
idioma: a língua portuguesa.

Preconceito linguístico

O preconceito linguístico está intimamente relacionado com as variações linguísticas, uma vez
que ele surge para julgar as manifestações linguísticas ditas "superiores".

Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em nosso país, embora o mesmo
idioma seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem
diversos aspectos históricos e culturais.

Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito diferente da falada no sul do país. Isso ocorre
porque nos atos comunicativos, os falantes da língua vão determinando expressões, sotaques
e entonações conforme as necessidades linguísticas.

De tal modo, o preconceito linguístico surge no tom de deboche, sendo a variação apontada de
maneira pejorativa e estigmatizada.

Quem comete esse tipo de preconceito, geralmente tem a ideia de que sua maneira de falar é
correta e, ainda, superior à outra.

Entretanto, devemos salientar que todas as variações são aceitas e nenhuma delas é superior,
ou considerada a mais correta.

Exercícios sobre variações linguísticas

1. (Enem/2014)

Em Bom Português

No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a
gente é apanhada (aliás, não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural:
tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do
léxico cai em desuso.

Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que
falam assim:

– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um filme que trabalha
muito bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de
biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de
comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez
de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora
em vez de apresentar sua mulher.

(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica


essa característica da língua, evidenciando que

a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.


b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.
d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o
falante.
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as
regiões.

Ver Resposta
Alternativa correta: b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de
gerações.

a) ERRADA. Em nenhum momento, o autor incentiva o uso das palavras novas. Ele
simplesmente identifica a variação histórica, quando menciona que "A própria linguagem
corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso.".

b) CORRETA. Vários exemplos de variação histórica ou diacrônica são dados ao longo do


texto, que compara as formas de falar de tempos diferentes: "pegarão um defluxo em vez de
um resfriado".

c) ERRADA. As palavras usadas não têm sentido diferente, mas sim, o mesmo sentido, em
épocas diferentes.

d) ERRADA. Não há qualquer referência feita à pronúncia, bem como o texto não apresenta
linguagem específica de uma classe social. Logo no início do texto, o autor deixa claro que
tratará do aspecto histórico da variação linguística: "No Brasil, as palavras envelhecem e caem
como folhas secas.".

e) ERRADA. A questão temporal abordada nesse texto não está relacionada com faixas
etárias, mas sim com o desenvolvimento histórico da língua. Além disso, em nenhum momento
é feita qualquer referência a aspectos regionais.
2. (Enem/2014)

Óia eu aqui de novo xaxando


Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em Acesso em 5 maio 2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do


Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é:

a) “Isso é um desaforo”
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”
e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”

Ver Resposta
Alternativa correta :c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.

a) ERRADA. "Desaforo" não é um exemplo de regionalismo, pois não é utilizada em um local


específico.

b) ERRADA. "Tou" é usado em situações informais, no lugar de "estou". Assim, estamos diante
de um exemplo de variação situacional ou diafásica, e não geográfica ou diatópica, como é o
caso dos regionalismos.

c) CORRETA. A frase “Vou mostrar pr’esses cabras” tem o mesmo sentido de “Vou mostrar
pr’esses sujeitos”. Em determinadas regiões do Brasil, a palavra "cabra" é utilizada para se
referir a alguém a quem se desconhece o nome, ou também a um capanga ou camponês.

d) ERRADA. Na frase “Vai, chama Maria, chama Luzia” não há qualquer vocábulo em que se
identifica a presença de regionalismo.

e) ERRADA.A frase “Vem cá, morena linda, vestida de chita” não é marcada por qualquer
variação regional ou geográficas.
Exercícios sobre variações linguísticas

Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras
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Variações linguísticas são o resultado das mudanças constantes da língua, que envolvem fatores
geográficos, sociais, profissionais e situacionais.

Confira abaixo questões sobre variações linguísticas com respostas comentadas.

Questão 1
(Enem)

De domingo

— Outrossim?
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
— É.
— O que que tem?
— Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é "óbice".
— “Ônus".
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente…
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa
“outrossim”.

(VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996)

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)

a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras
regionais.
d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados poucos
conhecidos.
e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos
interlocutores do diálogo.

Ver Resposta
Alternativa correta: b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos
formais.

O texto gira em torno de uma conversa informal, em que se discute o uso de palavras utilizadas em
contextos formais. O humor decorre justamente desse contraste das palavras que são usadas segundo o
campo de atuação — situações formais e informais, que em linguística é definida como Variação
situacional ou diafásica.

a) ERRADA. É certo que no texto são sugeridos dias da semana para utilizar certas palavras, mas essa
não é uma questão relevante no que respeita à variação linguística. Em termos temporais, o
desenvolvimento histórico da língua é o que importa para essa temática, cujo tipo de variação é
identificada como Variação histórica ou diacrônica — o português arcaico, por exemplo.

c) ERRADA. Não há no texto a presença de regionalismos, tipo de variação linguística caracterizada


como Variação geográfica ou diatópica — diferenças entre português do Brasil e de Portugal, por
exemplo.

d) ERRADA. A discussão do texto não evidencia distanciamento dos interlocutores, afinal, ao discutir em
que dia da semana devem usar certas palavras, ambos mostram aparentemente conhecê-las.

e) ERRADA. Ambos os interlocutores parecem conhecer as palavras, de tal modo que o texto se
desenvolve numa conversa acerca do dia da semana em que as mesmas devem ser utilizadas. Não há,
assim, inadequação vocabular, a não ser pelo fato de serem citadas palavras utilizadas em discursos
formais na conversa que ocorre informalmente, mas isso promove justamente o tom humorístico do texto,
motivo pelo qual a alternativa b) é a correta.

Questão 2
(Enem)

Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa
ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos
consideram bruxos os africanos que ali habitavam — é que eles davam indicações sobre a existência de
ouro na região. Em idioma nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando
sinônimo de feitiço, sortilégio.

(COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009. Fragmento)

No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um(a)

a) contexto sócio-histórico.
b) diversidade técnica.
c) descoberta geográfica.
d) apropriação religiosa.
e) contraste cultural.

Ver Resposta
Alternativa correta: a) contexto sócio-histórico.
O texto é marcado por um tipo de variação linguística identificado como Histórica ou Diacrônica.

Esse tipo de variação é marcado pelo desenvolvimento da língua ao longo do tempo, tal como o que
aconteceu com o português medieval até o português atual.

O texto mostra como a palavra "mandinga" era designada ("Era a denominação..."), como foi sendo
modificada ("A palavra se tornou (...) porque (...)") e como se tornou ("A palavra acabou virando...").

b) ERRADA. A variação linguística pode ser marcada por aspectos sociais, de acordo com os grupos
sociais envolvidos. Exemplo disso é a linguagem técnica utilizada entre profissionais, que muitas vezes
não é perceptível fora desse grupo. A palavra "mandinga", no entanto, não é uma palavra técnica utilizada
entre navegadores, mas foi criada e modificada ao longo do tempo, tal como o texto explica que pelo fato
de "(designar) terra de feiticeiros. (...) acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio.".

c) ERRADA. A palavra "mandinga" tinha um significado que foi modificado ao longo do tempo, motivo
pelo qual a sua construção não resulta da descoberta geográfica, mas sim do seu contexto sócio-histórico,
tal como consta no texto: "Em idioma nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou
virando sinônimo de feitiço, sortilégio.".

d) ERRADA. O fato de a palavra ter assumido o sinônimo de feitiçaria, não quer dizer que a palavra
"mandinga" tenha sido apropriada por aspectos religiosos. O texto indica que a construção da palavra
resulta de questão histórica, uma vez que menciona o que ela designava na altura e qual o seu significado
hoje.

e) ERRADA. Apesar de o texto indicar o contraste cultural entre lusitanos e africanos, não é essa a
questão que evidencia a construção da palavra "mandinga". O texto permite perceber que o significado da
palavra decorre de aspecto histórico, evidenciado pelo seguinte trecho: "Em idioma
nativo, mandinga designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço,
sortilégio.".

Questão 3
(Enem)

Palavras jogadas fora

Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá
esporadicamente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar
embora” (pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do
estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo, comumente
escuto respostas como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo é algo do
passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer.

As palavras são, em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá antes de
nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo
valores culturais). O rompimento da tradição de uma palavra equivale à sua extinção. A gramática
normativa muitas vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva os falantes a
extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente pela visão normativa,
a um grupo que julga não ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e
refinamento citadino, está fadado à extinção?

É louvável que nos preocupemos com a extinção das ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a
extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção de
insetos, a não ser dos extremamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção das palavras é
incentivada.

VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (adaptado)

A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e
seus usos, a partir da qual compreende-se que

a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o título.
b) o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preservação de palavras.
c) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais.
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua.
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas.

Ver Resposta
Alternativa correta: c) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos
socioculturais.

A questão do preconceito sociocultural está evidenciada no segundo parágrafo: "A gramática normativa
muitas vezes colabora criando preconceitos (...). O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca
escolaridade e refinamento citadino, está fadado à extinção?".

a) ERRADA. O autor entende que as palavras são "resultados de uma tradição" e que assim, não podem
deixar de ser transmitidas. Ele critica o fato de permitirmos que palavras sejam extintas, chamando o
leitor para a seguinte reflexão: "É louvável que nos preocupemos com a extinção das ararinhas-azuis ou
dos micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção (...). Pelo
contrário, muitas vezes a extinção das palavras é incentivada.".

b) ERRADA. O autor compara a extinção dos animais com o (des)uso das palavras, alertando o leitor
para a sua importância: "É louvável que nos preocupemos com a extinção das ararinhas-azuis ou dos
micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção (...). Pelo contrário,
muitas vezes a extinção das palavras é incentivada.".

d) ERRADA. O texto indica que as palavas, assim como as tradições, devem ser transmitidas, no entanto,
ambas podem extinguir-se em função do seu (des)uso, ou seja elas não duram para sempre. No que
respeita ao verbo "pinchar", o autor informa "Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo é algo do
passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer.".

e) ERRADA. De acordo com o autor não é o mundo contemporâneo que exige a inovação do vocabulário,
mas sim que a extinção das palavras decorre de preconceitos, cuja crítica é o tema central do texto: "O
pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado à
extinção?".

Questão 4
(Fuvest)

“A correção da língua é um artificialismo, continuei episcopalmente. O natural é a incorreção. Note que a


gramática só se atreve a meter o bico quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se para longe, de
orelhas murchas.”

LOBATO, Monteiro, Prefácios e entrevistas.


a) Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se concluir corretamente que a língua falada é
desprovida de regras? Explique sucintamente.
b) Entre a palavra “episcopalmente” e as expressões “meter o bico” e “de orelhas murchas”, dá-se um
contraste de variedades linguísticas. Substitua as expressões coloquiais, que aí aparecem, por outras
equivalentes, que pertençam à variedade padrão.

Ver Resposta
a) A língua é regida por regras. O que acontece é que a linguagem escrita exige um texto adequado ao seu
contexto e o mesmo acontece com a linguagem oral, muitas vezes mais informal.

Por isso, o fato de se adaptar aos seus contextos não deve ser visto como desprestígio. As variações
linguísticas existem e enriquecem culturalmente uma língua, de modo que não podem ser considerada
uma forma errada de expressão.

A escrita de Monteiro Lobato, por exemplo, valoriza a oralidade, uma vez que ele aproxima a sua
literatura do público infantil. Para ter o efeito que desejava, Lobato não deixou de escrever da forma
como as pessoas se expressam oralmente, acreditando no enriquecimento cultural inerente às variações
linguísticas.

b) “A correção da língua é um artificialismo, continuei episcopalmente. O natural é a incorreção. Note


que a gramática só se atreve a palpitar quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se para longe, de
forma oprimida.”

Questão 5
(UEFS)

A língua sem erros

Nossa tradição escolar sempre desprezou a língua viva, falada no dia a dia, como se fosse toda errada,
uma forma corrompida de falar “a língua de Camões”. Havia (e há) a crença forte de que é missão da
escola “consertar” a língua dos alunos, principalmente dos que frequentam a escola pública. Com isso,
abriu-se um abismo profundo entre a língua (e a cultura) própria dos alunos e a língua (e a cultura)
própria da escola, uma instituição comprometida com os valores e as ideologias dominantes. Felizmente,
nos últimos 20 e poucos anos, essa postura sofreu muitas críticas e cada vez mais se aceita que é preciso
levar em conta o saber prévio dos estudantes, sua língua familiar e sua cultura característica, para, a partir
daí, ampliar seu repertório linguístico e cultural.

BAGNO, Marcos. A língua sem erros. Disponível em: http://marcosbagno.files.wordpress.com. Acesso em: 5 nov. 2014.

De acordo com a leitura do texto, a língua ensinada na escola

a) ajuda a diminuir o abismo existente entre a cultura das classes consideradas hegemônicas e das
populares.
b) deve ser banida do ensino contemporâneo, que procura basear-se na cultura e nas experiências de vida
do aluno.
c) precisa enriquecer o repertório do aluno, valorizando o seu conhecimento prévio e respeitando a sua
cultura de origem.
d) tem como principal finalidade cercear as variações linguísticas que comprometem o bom uso da língua
portuguesa.
e) torna-se, na contemporaneidade, o grande referencial de aprendizagem do aluno, que deve valorizá-la
em detrimento de sua variação linguística de origem.

Ver Resposta
Alternativa correta: c) precisa enriquecer o repertório do aluno, valorizando o seu conhecimento prévio e
respeitando a sua cultura de origem.

Para Bagno, as variações linguísticas merecem ser prestigiadas, tal como o excerto mostra: "(...) é preciso
levar em conta o saber prévio dos estudantes, sua língua familiar e sua cultura característica, para, a partir
daí, ampliar seu repertório linguístico e cultural.".

a) ERRADA. Ainda que a postura esteja mudando relativamente às variações linguísticas, ainda existe
preconceito linguístico na escola no que respeita à linguagem das classes dominantes e a linguagem das
classes populares.

b) ERRADA. A norma-padrão é uma competência muito importante para a comunicação. O fato de a


escola ensinar dessa forma não pode limitar o entendimento de que a língua está em constante evolução e
que as variações linguísticas são culturalmente enriquecedoras e, por isso, têm o seu prestígio.

d) ERRADA. A afirmação que consta nesta alternativa é contrária às afirmações de Bagno relativamente
às variações linguísticas, que acredita na importância de abrir espaço para o repertório dos alunos e, a
partir dele, torná-lo mais amplo.

e) ERRADA. Para o linguista Marcos Bagno, valorizar o repertório linguístico dos alunos é a forma mais
adequada de ampliá-lo.

Questão 6
(Unicamp)

No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico literário, comentou que apontar um erro de
português no título do filme Que horas ela volta? “revela visão curta sobre como a língua funciona”. E
justifica:

“O título do filme, tirado da fala de um personagem, está em registro coloquial. Que ano você nasceu?
Que série você estuda? e frases do gênero são familiares a todos os brasileiros, mesmo com alto grau de
escolaridade. Será preciso reafirmar a esta altura do século 21 que obras de arte têm liberdade para
transgressões muito maiores?

Pretender que uma obra de ficção tenha o mesmo grau de formalidade de um editorial de jornal ou
relatório de firma revela um jeito autoritário de compreender o funcionamento não só da língua, mas da
arte também.”

(Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em http:// www melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-que-ano-estamos-mesmo/. Acessado em 08/06/2016.)

Entre os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a seguir, assinale aquele que corrobora os
comentários do post.

a) Numa sociedade estruturada de maneira complexa a linguagem de um dado grupo social reflete-o tão
bem como suas outras formas de comportamento. (Mattoso Câmara Jr., 1975, p. 10.)
b) A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua portuguesa, corresponde a um modelo próprio
das classes dominantes e das categorias sociais a elas vinculadas. (Camacho, 1985, p. 4.)
c) Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica ou científica para continuar condenando
como erros os usos linguísticos que estão firmados no português brasileiro. (Bagno, 2007, p. 161.)
d) Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem é capaz de compreender uma gramática – que nada
mais é do que o resultado de uma (longa) reflexão sobre a língua. (Geraldi, 1996, p. 64.)

Ver Resposta
Alternativa correta: c) Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica ou científica para
continuar condenando como erros os usos linguísticos que estão firmados no português brasileiro.
(Bagno, 2007, p. 161.)

O excerto de Bagno critica a visão limitada acerca da língua, em que as variações linguísticas são
desprestigiadas; donde surge o preconceito linguístico.

Tanto o comentário do enunciado acima como a citação de Bagno contemplam a Variação situacional ou
diafásica, a qual entende que a linguagem depende de contextos.

Isso acontece quando um falante muda o seu discurso diante de situações formais e informais.

a) ERRADA. O excerto de Mattoso Câmara trata de um dos tipos de variações linguísticas — a Variação
social ou diastrática, cujos falantes entendem-se em virtude do meio a que pertencem. Exemplo disso é a
linguagem técnica utilizada entre os médicos, cujo vocabulário muitas vezes é incompreensível entre os
pacientes.

b) ERRADA. O excerto de Camacho critica o fato de que nas aulas de língua portuguesa geralmente
apenas a língua normatizada seja considerada correta e, logo, superior, não havendo abertura para refletir
no enriquecimento cultural promovido por outras formas de linguagem.

d) ERRADA. O excerto de Geraldi é uma reflexão acerca da complexidade da língua. O estudo da


gramática vai além da memorização de regras, mas do entendimento da língua, que se encontra em
evolução constante.

Questão 7
“No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai;
ca ja moiro por vós, e ai!,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia?
Mao dia me levantei,
que vos entom nom vi feia!”

(Cantiga da Ribeirinha, Paio Soares de Taveirós)

No trecho do cantiga trovadoresca acima, temos um exemplo de:

a) variação geográfica
b) variação diatópica
c) variação histórica
d) variação social
e) variação situacional

Ver Resposta
Alternativa correta: c) variação histórica

A variação histórica, também chamada de diacrônica, é um tipo de variação linguística que ocorre com a
passagem do tempo. Por isso, o português utilizado na época medieval é muito diferente do português
moderno.

Além dela, temos mais 3 tipos de variações linguísticas:


 Variação geográfica ou diatópica: relacionada com o local que se desenvolve.
 Variação social ou diastrática: relacionada com os grupos sociais onde se desenvolve.
 Variação situacional ou diafásica: relacionada com o contexto que se desenvolve.

Questão 8
I. As variações linguísticas acontecem por meio da interação e comunicação dos seres humanos.
II. O regionalismo é um tipo de variação linguística que ocorre pela interação de pessoas de uma mesma
região.
III. O socioleto é um tipo de variação linguística geográfica que se desenvolve em determinado local.

Sobre as variações linguísticas é correto afirmar:

a) I
b) I e II
d) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Ver Resposta
Alternativa correta: b) I e II

As variações linguísticas são variantes da língua que ocorrem por meio da interação e da comunicação
das pessoas. Elas são classificadas em 4 tipos:

1. Variação geográfica ou diatópica, por exemplo, o regionalismo, que se desenvolve pelas


interações entre pessoas de um mesmo local.
2. Variação histórica ou diacrônica, por exemplo, as diferenças entre o português arcaico e o
moderno.
3. Variação social ou diastrática, por exemplo, os socioletos, os quais variam de uma classe ou grupo
social para outro.
4. Variação situacional ou diafásica, por exemplo, as gírias, ou seja, expressões populares criadas por
determinados grupos sociais.

Questão 9
“Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”

E essa história de dizer que “brasileiro não sabe português” e que “só em Portugal se fala bem
português”? Trata-se de uma grande bobagem, infelizmente transmitida de geração a geração pelo ensino
tradicional da gramática na escola.

O brasileiro sabe português, sim. O que acontece é que nosso português é diferente do português falado
em Portugal. Quando dizemos que no Brasil se fala português, usamos esse nome simplesmente por
comodidade e por uma razão histórica, justamente a de termos sido uma colônia de Portugal. Do ponto de
vista lingüístico, porém, a língua falada no Brasil já tem uma gramática — isto é, tem regras de
funcionamento — que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Por isso os
lingüistas (os cientistas da linguagem) preferem usar o termo português brasileiro, por ser mais claro e
marcar bem essa diferença.

Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil são tão grandes que
muitas vezes surgem dificuldades de compreensão: no vocabulário, nas construções sintáticas, no uso de
certas expressões, sem mencionar, é claro, as tremendas diferenças de pronúncia — no português de
Portugal existem vogais e consoantes que nossos ouvidos brasileiros custam a reconhecer, porque não
fazem parte de nosso sistema fonético. E muitos estudos têm mostrado que os sistemas pronominais do
português europeu e do português brasileiro são totalmente diferentes.

(Preconceito lingüístico: o que é, como se faz (1999), de Marcos Bagno)

Sobre o texto é correto afirmar:

a) As diferenças entre o português do Brasil e de Portugal são geradas pela variação histórica, a qual
influencia as diferenças gramaticais das línguas.
b) O português brasileiro é inferior ao português de Portugal, pois a língua portuguesa original foi
inserida no Brasil pelos portugueses.
c) A diferença linguística marcada pelos diferentes usos da língua portuguesa é fruto das variações sociais
existentes entre os dois países.
d) As variações linguísticas que existem entre Portugal e Brasil representam os diferentes dialetos criados
por cada nação.
e) O português do Brasil e de Portugal são fruto da variação geográfica chamada de regionalismo.

Ver Resposta
Alternativa correta: e) O português do Brasil e de Portugal são fruto da variação geográfica chamada de
regionalismo.

O regionalismo é um exemplo de variação geográfica ou diatópica que se desenvolve mediante o local em


que a língua é utilizada e, por isso, mesmo sendo a mesma, ela apresenta diferenças na oralidade e na
escrita.

Sobre as outras alternativas:

a) ERRADA. A variação histórica ou diacrônica acontece pelo desenvolvimento da história ao longo do


tempo. Como exemplo, podemos citar as diferenças existentes entre o português antigo e o moderno.

b) ERRADA. É errôneo dizer que uma língua é inferior à outra, uma vez que as variantes envolvem
diversos fatores: históricos, geográficos e sociais. Quando afirmamos isso, estamos cometendo o
preconceito linguístico.

c) ERRADA. A variação social ou diastrática é fruto da interação entre determinados grupos e classes
sociais, por exemplo, os socioletos.

d) ERRADA. Dialeto representa uma variante regional de uma língua que inclui maneiras próprias de
falar, por exemplo, o dialeto gaúcho. Portanto, trata-se de uma variante regional dentro da mesma língua.

Exercícios resolvidos sobre variações linguísticas

Questão 1 - (Enem)

“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” utilizado por gays e


travestis

Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a


comunidade
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu
puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se sim, é porque você
manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e travestis.

Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um


advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou
numa reunião, mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo de 'acué' o
tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de falar outras palavras
porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem até dicionário...”,
comenta.

O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada,


lançado no ano de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na
obra, há mais de 1300 verbetes revelando o significado das palavras do pajubá.

Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas sabe-se que há
claramente uma relação entre o pajubá e a cultura africana, numa costura
iniciada ainda na época do Brasil colonial.
Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado).

Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se


como elemento de patrimônio linguístico, especialmente por:

a) ter mais de mil palavras conhecidas.

b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.

c) ser consolidado por objetos formais de registro.

d) ser utilizado por advogados em situações formais.

e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho.

Resolução

Alternativa C. O que caracteriza qualquer dialeto é a consolidação de seu


registro por meio de objetos formais, como pesquisa e dicionarização.

Questão 2 - (Fuvest)

Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e


subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a
língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da
sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas
modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo,
embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais
prestigiosa, porque atuam como modelo, como norma, como ideal linguístico
de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre
as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à
variação.
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua


padrão comporta-se de modo

a) inovador.

b) restritivo.

c) transigente.

d) neutro.

e) aleatório.

Resolução

Alternativa B. Como modelo e norma, a língua padrão restringe as demais


variedades do idioma, sendo sempre o ideal linguístico.
Conteúdos
Este roteiro de estudos trata das variações linguísticas, trazendo informações sobre os tipos existentes e

outras questões referentes ao tema. Contando com exercícios de vestibular e uma lista de materiais

complementares sugeridos, busca auxiliar o aluno na consolidação dos conhecimentos relacionados ao

tema.

● Variações linguísticas: o que são?

● Tipos de variações linguísticas.

● Existe apenas uma forma correta de falar a língua portuguesa?

● A importância das variações linguísticas.

Objetivos
● Entender o que são e como se dão as variações linguísticas; e

● Compreender que não há uma única forma correta de falar a língua portuguesa.

Proposta de trabalho

Iniciaremos este roteiro de estudos verificando o que são e quais são os tipos de variações linguísticas. Na

sequência, trataremos de uma discussão acerca da existência de uma única forma correta de falar a língua

portuguesa, bem como da importância das variações linguísticas. Para finalizar, veremos alguns

exercícios sobre o tema.


1ª Etapa: Variações linguísticas: o que são?

Chico Bento e Zé Lelé: regionalismo (crédito: reprodução/Toda Matéria). Acesso em: 17/1/21.
Variações linguísticas são as diferentes maneiras de se expressar em uma mesma língua. Tais variações

podem dizer respeito à escolha de palavras, à forma de construir textos e, até mesmo, à entonação dada às

palavras.

Funcionando como forma de expressão básica de um povo, a língua pode sofrer variações decorrentes de

questões culturais, históricas, culturais, época e contexto, dentre outras.

Na próxima etapa, trataremos dos tipos de variações linguísticas, quais sejam:

 Variações geográficas (diatópicas);

 Variações históricas (diacrônicas);

 Variações sociais (diastráticas); e

 Variações situacionais (diafásicas).

2ª Etapa: Tipos de variações linguísticas


Variações linguísticas (crédito:
reprodução/Conhecimento Científico). Acesso em: 17/1/22
É possível classificar as variações linguísticas em quatro tipos:

a) Variações geográficas (diatópicas)

As variações geográficas dizem respeito às diferenças na língua que observamos de uma região para a

outra. Essas diferenças podem dizer respeito às palavras e aos fonemas (sotaques).

O exemplo mais evidente desse tipo de variação é comparar a língua portuguesa utilizada em Portugal

com aquela utilizada no Brasil. Embora se trate da mesma língua, há diferenças bastante expressivas,

tanto de palavras (por exemplo, que chamamos de trem no Brasil se chama comboio em Portugal) quanto

de sotaque.

É possível observar esse mesmo fenômeno comparando regiões do Brasil. Um mesmo alimento pode ter

diferentes nomes, dependendo da região: “aipim”, “mandioca” ou “macaxeira”, dentre outros.

b) Variações históricas (diacrônicas)

As variações históricas tratam das mudanças que acontecem na língua ao longo do tempo.
A depender da época, há palavras que são usadas e deixam de existir, assim como há palavras que se

transformam. Vejamos um exemplo:

Vossa mercê → Vosmecê → Você → Cê (abreviação informal)

c) Variações sociais (diastráticas)

As variações sociais são aquelas que dizem respeito às diferenças na língua de acordo com o grupo social

no qual o falante está inserido.

Essas diferenças podem dizer respeito à faixa etária ou até mesmo à ocupação do falante. Vejamos um

exemplo:

Variações sociais
(crédito: reprodução/Toda Matéria). Acesso em: 22/1/22.
d) Variações situacionais (diafásicas)

As variações situacionais dizem respeito ao contexto (situações formais e informais, por exemplo).

O vocabulário e a forma de falar em um almoço de família, por exemplo, são diferentes daqueles que

seriam utilizados em uma entrevista de emprego.

3ª Etapa: Existe apenas uma forma correta de falar a língua


portuguesa?
Depois de falarmos um pouco sobre os tipos de variações linguísticas, algumas dúvidas surgem:

 Será que existe apenas uma forma correta de falar a língua portuguesa?

 As variações que diferem da norma-padrão da língua portuguesa são formas erradas de falar?

A resposta a essas questões é que não existe uma única forma correta de se expressar. A língua tem

suas variações, que decorrem de uma série de fatores, e que dizem respeito, essencialmente, à principal

função da linguagem: cumprir seu papel de expressão. Para isso, a língua precisa ser compreendida pelos

falantes, estando adaptada aos seus contextos.

Por isso, é natural (e muito importante!) que variações linguísticas diversas surjam, com adaptações de

palavras, de sotaque e até mesmo de construções gramaticais, e o ponto central é que elas atendam às

necessidades de comunicação daquele determinado grupo, no contexto em que se encontra.

Não existe, portanto, variação bonita ou feia, certa ou errada, o que existe é a variação que mais se adequa

a cada contexto. Há momentos em que a norma-padrão se faz necessária (ao escrever uma redação, no

contexto de um processo seletivo, por exemplo), porém todas as variações têm igual valor e importância,

sob o ponto de vista de serem formas de expressão e comunicação efetiva entre os falantes da língua.

4ª Etapa: A importância das variações linguísticas


A língua é parte integrante da manifestação social e cultural de um povo e, portanto, suas variações

refletem a trajetória de um ou mais grupos desse povo.

As variações linguísticas podem retratar modos de vida, hábitos e experiências de grupos de falantes da

língua portuguesa, ao longo de sua história, constituindo importante objeto de estudo e observação.

É essencial, portanto, que tenhamos esse olhar para as variações linguísticas, vendo-as como algo rico,

natural e necessário para a formação da identidade de um povo.


5ª Etapa: Questões retiradas de vestibulares
Seguem abaixo alguns exemplos de como o tema usualmente aparece nas provas. O gabarito está

depois das questões.

1) (ENEM – 2014)

Em Bom Português

No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é

apanhada (aliás, não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A

própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso.

Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim:

– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.

Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um filme que trabalha muito bem.

E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando

guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um

defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de

ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.

(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa

característica da língua, evidenciando que

a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.


b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.

c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.

d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante.

e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões.

Disponível em: Toda Matéria.

Acesso em: 24 de janeiro de 2022.

2) (ENEM – 2014)

Óia eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo pra xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras

Que eu ainda dou no couro

Isso é um desaforo

Que eu não posso levar

Que eu aqui de novo cantando

Que eu aqui de novo xaxando


Óia eu aqui de novo mostrando

Como se deve xaxar.

Vem cá morena linda

Vestida de chita

Você é a mais bonita

Desse meu lugar

Vai, chama Maria, chama Luzia

Vai, chama Zabé, chama Raque

Diz que tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em Acesso em 5 maio 2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O

verso que singulariza uma forma do falar popular regional é:

a) “Isso é um desaforo”

b) “Diz que eu tou aqui com alegria”

c) “Vou mostrar pr’esses cabras”

d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”


e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”

Disponível em: Toda Matéria.

Acesso em: 24 de janeiro de 2022.

3) (ENEM)

“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” utilizado por gays e travestis

Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a comunidade

“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu picumã!” Entendeu

as palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays

e travestis.

Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um advogado afirma: “É claro que eu

não vou falar durante uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu

falo de ‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de falar outras palavras porque hoje

o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem até dicionário…”, comenta.

O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada, lançado no ano de 2006 e

escrito pelo jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na obra, há mais de 1300 verbetes revelando o

significado das palavras do pajubá.

Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas sabe-se que há claramente uma relação entre o

pajubá e a cultura africana, numa costura iniciada ainda na época do Brasil colonial.

Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado).


Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento de

patrimônio linguístico, especialmente por:

a) ter mais de mil palavras conhecidas.

b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.

c) ser consolidado por objetos formais de registro.

d) ser utilizado por advogados em situações formais.

e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho.

Disponível em: Mundo Educação.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

4) (Fuvest)

Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às

necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos

sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas

modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as

muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atuam como modelo, como norma,

como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as

outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.

Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.


De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua padrão comporta-se de modo

a) inovador.

b) restritivo.

c) transigente.

d) neutro.

e) aleatório.

Disponível em: Mundo Educação.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

5) (IFPE-2017/adaptada)

Leia o texto para responder à questão.


Bode
Gaiato (crédito: reprodução/Pididbar). Acesso em: 8/11/2016.
Sobre a linguagem dos personagens do TEXTO, da página do Facebook “Bode Gaiato”, avalie as

assertivas.

I. O texto verbal, embora escrito, revela aproximação com a oralidade. A grafia da palavra “nãm”

evidencia esse aspecto.

II. Os falantes utilizam-se de uma linguagem com fortes marcas regionais, como a escolha da palavra

“mainha”.

III. O diálogo entre mãe e filho revela o registro formal da linguagem, como podemos perceber pela

utilização das expressões “venha cá pra eu…” e “que nem…”.


IV. O vocábulo “boizin”, formado com base na palavra inglesa boy, é uma marca linguística típica de

grupos sociais de jovens e adolescentes.

V. Visto que todas as línguas naturais são heterogêneas, podemos afirmar que as falas de Júnio e sua mãe

revelam preconceito linguístico.

Estão CORRETAS apenas as afirmações contidas nas assertivas

a) I, II e IV.

b) I, III e V.

c) II, IV e V.

d) II, III e IV.

e) III, IV e V.

Disponível em: Brasil Escola.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

6) (ENEM – 2017)

A língua tupi no Brasil

Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar

língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o

governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que

soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII,

graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as

bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o

português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos

Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em

suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre),

Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.

“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e

antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que,

além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou

conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.

ANGELO, C. Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2012. Adaptado.

O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi na

formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena

a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares

designados.

b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a fala

de variadas etnias indígenas.

c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses vindos de Lisboa.

d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas

contra o Quilombo dos Palmares.


e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos

bandeirantes paulistas.

Disponível em: Brasil Escola.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

7) (ENEM – 2010)

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral

dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo

nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical.

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais

variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque

parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de

Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um

the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau,

Raqueu… Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz. R. O Estado de São Paulo. 09 maio de 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de

pessoas de diferentes regiões.

As características regionais exploradas no texto manifestam-se

a) na fonologia.

b) no uso do léxico.
c) no grau de formalidade.

d) na organização sintética.

e) na estruturação morfológica.

Disponível em: Prepara Enem.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

Gabarito

1) Alternativa correta: B.

a) ERRADA. Em nenhum momento, o autor incentiva o uso das palavras novas. Ele simplesmente

identifica a variação histórica, quando menciona que “A própria linguagem corrente vai-se renovando e a

cada dia uma parte do léxico cai em desuso.”.

b) CORRETA. Vários exemplos de variação histórica ou diacrônica são dados ao longo do texto, que

compara as formas de falar de tempos diferentes: “pegarão um defluxo em vez de um resfriado”.

c) ERRADA. As palavras usadas não têm sentido diferente, mas sim, o mesmo sentido, em épocas

diferentes.

d) ERRADA. Não há qualquer referência feita à pronúncia, bem como o texto não apresenta linguagem

específica de uma classe social. Logo no início do texto, o autor deixa claro que tratará do aspecto

histórico da variação linguística: “No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas.”.
e) ERRADA. A questão temporal abordada nesse texto não está relacionada com faixas etárias, mas sim

com o desenvolvimento histórico da língua. Além disso, em nenhum momento é feita qualquer referência

a aspectos regionais.

Disponível em: Toda Matéria.

Acesso em: 24 de janeiro de 2022.

2) Alternativa correta: C.

a) ERRADA. “Desaforo” não é um exemplo de regionalismo, pois não é utilizada em um local específico.

b) ERRADA. “Tou” é usado em situações informais, no lugar de “estou”. Assim, estamos diante de um

exemplo de variação situacional ou diafásica, e não geográfica ou diatópica, como é o caso dos

regionalismos.

c) CORRETA. A frase “Vou mostrar pr’esses cabras” tem o mesmo sentido de “Vou mostrar pr’esses

sujeitos”. Em determinadas regiões do Brasil, a palavra “cabra” é utilizada para se referir a alguém a

quem se desconhece o nome, ou também a um capanga ou camponês.

d) ERRADA. Na frase “Vai, chama Maria, chama Luzia” não há qualquer vocábulo em que se identifica

a presença de regionalismo.

e) ERRADA.A frase “Vem cá, morena linda, vestida de chita” não é marcada por qualquer variação

regional ou geográficas.

Disponível em: Toda Matéria.

Acesso em: 24 de janeiro de 2022.


3) Alternativa correta: C.

O que caracteriza qualquer dialeto é a consolidação de seu registro por meio de objetos formais, como

pesquisa e dicionarização.

Disponível em: Mundo Educação.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

4) Alternativa correta: B.

Como modelo e norma, a língua padrão restringe as demais variedades do idioma, sendo sempre o ideal

linguístico.

Disponível em: Mundo Educação.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

5) Alternativa correta: A.

O item III está incorreto, pois as palavras não estão grafadas de acordo com a modalidade padrão da

língua. O item V está incorreto, pois as duas personagens empregam uma linguagem semelhante e

encontram-se num mesmo nível socioeconômico, logo, não há alguém que possa estigmatizar o outro.

Disponível em: Brasil Escola.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

6) Alternativa correta: A.
Conforme o texto afirma, a língua indígena contribuiu para o léxico do português brasileiro,

principalmente no que toca à observância dos elementos característicos dos locais para nomeá-los, por

exemplo, Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol), Avanhandava (lugar onde o índio corre) e Itu

(cachoeira).

Disponível em: Brasil Escola.

Acesso em: 25 de janeiro de 2022.

7) Alternativa correta: A.

Observe que o texto motivador da questão mostra as diferenças regionais quanto à fonologia ou fonética,

por isso a resposta é letra A.

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